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NATAL /// RIO GRANDE DO NORTE /// JULHO DE 2018 transformando o RN pequenas empresas: FRUTOS DO BOM NEGÓCIO O Sebrae aposta em soluções e novas tecnologias do cultivo ao beneficiamento de frutas no RN. Atividade é crescente, diversificada e está transformando a realidade de pequenos produtores em todo o Estado. #FRUTICULTURA RN É O 2º MAIOR PRODUTOR DE FRUTAS DO PAÍS. PEQUENOS INVESTEM

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NATAL /// RIO GRANDE DO NORTE /// JULHO DE 2018

transformando o RN

pequenasempresas:

FRUTOS DO BOM

NEGÓCIOO Sebrae aposta em soluções e novas tecnologias do cultivo ao beneficiamento de frutas

no RN. Atividade é crescente,diversificada e está

transformando a realidade depequenos produtores em

todo o Estado.

#FRUTICULTURARN É O 2º MAIOR PRODUTOR DE

FRUTAS DO PAÍS. PEQUENOS INVESTEM

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PRODUZINDO FRUTAS E RIQUEZA

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transformando o rnpequenas empresas:

Avenida Lima e Silva 76 - Lagoa Nova59075-710 Natal - RN - (0800-570-0800)

Amaro Sales de AraújoPresidente em exercício do Conselho Deliberativo do SEBRAE-RNJosé Ferreira de Melo NetoDiretor Superintendente do SEBRAE-RNJoão Helio Costa da Cunha Cavalcanti JuniorDiretor Técnico do SEBRAE-RNJosé Eduardo Ribeiro VianaDiretor de Operações do SEBRAE-RNEdwin Aldrin Januário da SilvaGerente da Unidade de Comunicação e Marketing

ENTIDADES DO CONSELHO DELIBERATIVO ESTADUALAssociação Norte-Rio-Grandense de Criadores - ANORCAgência de Fomento do Estado do RN - AGNAssociação Comercial e Industrial de Mossoró - ACIMBanco do Brasil S/A - BBBanco do Nordeste do Brasil - BNBCaixa Econômica Federal - CEFFederação da Agricultura, Pecuária e Pesca do RN - FAERNFederação das Associações Comerciais do RN - FACERNFederação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do RN - FCDLFederação das Indústrias do RN - FIERNFederação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do RNFundação de Apoio à Pesquisa do RN - FAPERNServiço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE

Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado do RN - SEDECServiço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI - DR- RN

ESCRITÓRIOS REGIONAIS* Apodi - Rua Joaquim Teixeira de Moura, 1315 - Portal da Chapada - 59700-000 –(84) 3333-3940* Assu - Rua Bernardo Vieira, 104 - Centro – 59.650-000 – (84) 3331-8304* Caicó - Rua General Dantas, 215 -Centro -59.300-000 - (84) 3417-7400* Currais Novos - Rua Lula Gomes, 112 - Centro - 59380-000 - (84) 3405-7500* Joao Câmara - Rua Antônio Proença, 721- Centro - 59.550-000 - (84) 3262-2115* Mossoró - Rua Rui Barbosa, 630 - Centro - 59.600-230 - (84) 3317-8800* Nova Cruz - Rua 15 de Novembro, 174 - Centro - 59.215-000 - (84)3281-6100* Pau dos Ferros - Rua Quintino Bocaiuva, 295 - Centro – 59.900-000 - (84) 33516300* Santa Cruz - Rua Lourenço da Rocha, 103 - Centro - 59.000.00 - (84) 3291-7300

No Rio Grande do Norte, afruticultura irrigada há muitoderrubou o antigo e por vezespersistente estereótipo desemiárido pobre e improdutivo.Com tecnologia e arrojo,pequenas empresas produzemfrutos de primeira qualidade emsolo potiguar, com sabor, forma,textura e cor inigualáveis, que osfazem alvos de desejos deconsumidores dispersos portodo o mundo, com demandaem expansão.

Mossoró, a primeira cidadedo Nordeste a enfrentar e vencerLampião,há 91 anos, também foipioneira no uso do gotejamentopara o plantio de frutas. Lá aMaísa, antes uma extensapropriedade rural dedicada àcriação de gado e à cajucultura,iniciou o cultivo do melão, pelosidos de 1980, inspirada emexperiência israelense. Dois anosdepois já exportava para aInglaterra e a Holanda. Essagrande empresa, que incluíafábrica de polpas, chegou aempregar 6.000 funcionários e afaturar US$ 60 milhões.Dificuldades, mudançaseconômicas e talvez essegigantismo, tudo conspirou paraseu fechamento, em 2001. Asterras terminaram sendodivididas em porções menores,algumas destinadas aassentamentos ou a

cooperativas de produtoresrurais. Idêntica situação viveu afazenda São João, mas oinsucesso desses grandesempreendimentos não foi emvão. Essas terras, que continuama ser ideais para a fruticultura,juntaram-se a outras glebas efazem hoje da Região OestePotiguar o grande e produtivopolo da fruticultura irrigada,composto por inúmerospequenos negócios dessaextensa cadeia produtiva,espalhada por diferentesmunicípios. Nessa época deglobalização, conta com elosdispersos pelo mundo.

O SEBRAE/RN tem umhistórico de intensa parceriacom os pequenos negócios. Noagronegócio a aproximação maisefetiva se deu a partir de 1995,ano em que iniciamos nossaininterrupta participação anualna Festa do Boi, mas quatro anosantes já havíamos ajudado àCooperativa dos BeneficiáriosArtesanais de Castanha de Caju –COOPERCAJU, em Serra do Mel.Formalizada, essa cooperativarealizou sua primeira exportaçãoem 1992.

A conquista do mercadointernacional pelo pequenoprodutor de frutas tropicaissempre foi importante foco donosso trabalho. Certificações doporte da EUREPGAP, Produção

Integrada, Fair Traide ouGlogalGap, conquistadas porcooperativas, associações ouassentamentos da agriculturafamiliar, nos deram a certeza deque estávamos reduzindo asdisparidades de renda no Brasil,e, principalmente,democratizando asoportunidades de empreender evender para o mundo. Com essaintenção também trouxemosnegociadores estrangeiros paraas diversas edições daEXPOFRUIT, que organizamoscom a ajuda de parceiros. Poroutro lado, pequenosprodutores e empresáriosparticiparam, em Berlim, naAlemanha, da Fruit Logística, amaior e mais importante feirado setor na Europa. Nesses mais

de vinte anos, junto com oSEBRAE, a fruticultura potiguarse modernizou e cresceu.

Já em 2003, através deProjeto Setorial Integrado (PSI),em parceria com a APEX Brasil,iniciamos o atendimento adiversas agroindústrias deprocessamento de frutas, deforma a promover a agregaçãode valor ao produto. Nos últimosseis anos apoiamos 64 empresasde processamento, entreassociações, cooperativas eempresas privadas, semprebuscando a excelência doprocesso e satisfazendo os maiscriteriosos consumidores.

Nenhuma conquista, porém,é definitiva. Nem para a empresaque obteve a certificação ou oprêmio de qualidade, muitomenos para este SEBRAE. Assimcomo foi preciso à Maísa estudaro sistema de gotejamento eadaptá-lo ao semiáridonordestino, para àquela épocater sucesso na produção demelão, o produtor de hoje devesempre buscar novas culturas ediferentes cultivares. O mercadoimpõe a diversificação; oconsumidor é exigente, aconcorrência, feroz.

Para que o SEBRAE/RNpossa continuar ao lado desseempreendedor, temos planosgrandiosos. Em parceria compesquisadores dos centros depesquisa e ensino (EMBRAPA,UFERSA, EMPARN e IFRN)colaboramos para quevariedades de uva semsementes, maçã, pera e caquilogo estejam no campo,produzindo frutas e riqueza.Mais oportunidades àdisposição dos heroicosempreendedores do campo.

Áreas de Apodi, Baraúna, Alto doRodrigues e Mossoró estão seintegrando ao esforço dediversificação e aumento daprodutividade das frutaspotiguares. Elas se expandemtambém em outros municípios,como o maracujá, na Serra deSantana, cultivado por 60pequenos produtores, com ouso de inovações tecnológicas emodernos princípios de gestão,sempre sob orientação dosnossos consultores. O sucessomotivou empresários de outrossetores, na região do MatoGrande, a fortes investimentosna fruticultura.

Sei que ainda enfrentamosmuitos desafios, como a baixacultura associativa, sucessãonos empreendimentos rurais,consolidação dos selos deindicação geográficas e,principalmente, implantação degestão profissional e eficiente.Mas sei também que essesdesafios são encarados comooportunidades de trabalho peloSEBRAE/RN.

Talvez levado pelo meurenitente otimismo, arrisco adizer até que há um clima deeuforia na fruticultura desteEstado. Seja pelas efetivasconquistas ou pelo porvir. Pelasoportunidades de inserir opequeno produtor no tãoalmejado mercadointernacional, pela chance deimplementar uma fruticulturade precisão, com tecnologiasinovadoras, pela possibilidadede contribuir para arevitalização da cajucultura e,um desafio maior, trazer paranosso Estado novas opçõesfrutíferas. São assuntos a serempensados .

OPINIÃOJOSÉ FERREIRA DE MELO NETO

DIRETOR SUPERINTENDENTE

DO SEBRAE/RN

@sebraernwww.rn.sebrae.com.br www.facebook.com/sebraern @sebraern (84) 99911.0160

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/// Produção anual: 937 miltoneladas/// Área de produção: 280,1mil hectares /// Principais frutascultivadas: abacaxi, banana,castanha de caju, coco,goiaba, mamão, maracujá,manga, melancia e melão./// Destino das frutaspotiguares: Holanda, ReinoUnido, Espanha, Itália,Portugal, Alemanha, França,Bélgica, Canada, EstadosUnidos e México. /// 62% do volume deexportações potiguares sãofrutas/// Exportações (2017):227,4 mil toneladas/// Volume comercializados(2017): US$ 178 milhões/// Empregos: 16 milpessoas somente no cultivodo melão

/// RANKING DOSPRODUTORES DE FRUTAS1º - Bahia 2º - Rio Grande do Norte3º - Pernambuco 4º - Ceará 5º - Amazonas

Produção de frutas ultrapassa 937 mil toneladas no RN

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Localização geográfica,terras férteis, água, energiae sol praticamente o anointeiro dão ao Rio Grandedo Norte as condiçõesideais para odesenvolvimento dafruticultura irrigada. Oestado já é o segundo maiorprodutor de frutas do país,ficando atrás apenas daBahia, segundoinformações do ComitêExecutivo de Fruticulturado Rio Grande do Norte(Coex), chegando aproduzir mais 937 miltoneladas de frutas todo

ano. São pomares de fruteiras

tradicionais, como abacaxi,banana, castanha de caju,coco, goiaba, mamão,maracujá, manga, melanciae melão, mas tambémnovas espécies de climatemperado, que, até então,mal figuravam na escalacomercial do estado, comoa uva. Não é à toa que cercade 62% do volume total deexportações do estado sãoitens da fruticulturairrigada, que chegamprincipalmente a paíseseuropeus (52%), Canadá,

Estados Unidos e México. Somente no ano

passado, o envio de frutaspotiguares para o mercadointernacional atingiu opatamar de 227,4 miltoneladas, o querepresentou um volumecomercializado de US$ 178milhões. Não há dadosoficiais do número total defruticultores no estado nemda mão de obra que essesetor absorve. Mas, deacordo com informações doBanco do Nordeste doBrasil, a cadeia produtivaemprega 43.534 pessoas em

todo o Nordeste, partedesse contingente está noRio Grande do Norte. Aomenos, 16 mil potiguaresestão diretamente ligadossomente ao cultivo domelão para exportação, oque já denota a relevânciada atividade para aeconomia do estado.

Pela importânciaeconômica e social dessacadeia produtiva, o Sebraetem desenvolvido ações decapacitação e consultoria,voltadas para odesenvolvimento do setor,procurando levar inovação

e a sustentabilidade àspropriedades de pequenosfruticultores, atendendoprodutoresindividualmente ouagrupados em associaçõese cooperativas,agroindústria deprocessamento de frutas ecastanha de caju.

São oferecidascapacitações gerenciais etecnológicas, através desoluções educacionais paraos produtores rurais. Alémdisso, o Sebrae realizapalestras, seminários,oficinas, workshops,consultoria de gestão etecnológicas, assim comoleva os agricultores amissões de acesso amercados, feiras e rodadasde negócios, tantonacionais quantointernacionais.

Um dos principaisresultados desse trabalhofeito pelo Sebrae foi oprimeiro melão certificadoem fair trade (comérciojusto) do mundo para asfrutas que são cultivadas naregião de Mossoró. Outraestratégia é conquistar oselo de indicação geográficapara os melões produzidosnessa mesma, região queatualmente é livre dasmoscas das cucurbitáceas.

Essa região é estratégicae emblemática, assim comotoda a Chapada do Apodi,por ser um grande celeirofrutícola do estado, e, porisso, importante para aatuação do Sebrae, que seinstalou na região Oeste nofinal dos anos 70.

“Os principais eventosda fruticultura começarampor volta dos anos 90. Apartir daí o Sebrae tentoude inserir os pequenosprodutores nesses eventos,como a Expofruit. E essesfruticultores seconsolidam a cada dia seconsolidam em função detodo um apoio”, diz ogerente do EscritórioRegional do Sebrae noOeste, João Vidal.

O RN já considerado o segundo maior produtor de frutas tropicais do Brasil. Os países europeus consomem mais da metade das frutas que o Estado exporta

/// TODAS AS REGIÕES DO RIO GRANDE DO NORTE PRODUZEM FRUTAS

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Novos frutos garantem lucro, e atendem mercado local

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supermercado. Mas essasituação está mudando.Produtores já perceberama importância de cultivarfrutas que não requeremgrandes extensões deterras, mas que trazemretorno financeiro porserem demandas pelomercado consumidor. Eestão dando conta. Pelo

menos, é o que acontececom o maracujá, a pinha ea graviola.

O agricultor Franciscode Assis Souza, maisconhecido como Neto,não pensou duas vezes emsubstituir toda aplantação de melão nolote de 15 hectares quepossui no assentamento

São Romão, em Mossoró,por uma cultura queocupa menos espaço etem compra garantida:maracujá. “Era mestre deobras, mas meu sonho eraagricultura. Então, em2008, iniciei a produçãocom melão, porém oscustos só aumentavam e afruta se desvalorizava.

Tive que trocar tudo”,lembra Neto.

Depois de buscar oSebrae e receberorientação técnica, eleinvestiu no plantio demaracujá. Em apenasmeio hectare, o agricultortem 260 pés da planta,capazes de render umacolheita de 10 mil quilosde maracujá por mês. Apropriedade é referênciana região para quemdeseja apostar nessacultura. E mais, eletambém reservou outrasáreas para plantar 160 pésde acerola e 400 degraviola, que também sãorentáveis.

“Passava quase um anopara receber o dinheiro domelão. Com o maracujá,meu lucro cresceu pertode 50%. No ano passado,cheguei a ter um lucro deR$ 20 mil. Nunca que teriaisso com o melão”, avalia. Ésimples entender oporquê. Enquanto o quilode maracujá écomercializado a R$ 3,00, oquilo de melão não passade R$ 0,60.

A cultura do maracujáfez atrair novos olharespara a região da Serra deSantana, que tem umpotencial para outrasculturas além do caju. É ocaso da pinha - tambémconhecida como fruta doconde - maracujá e dagraviola. Por safra, aregião já produz 500, 250e 20 toneladas,respectivamente, dessasfrutas. Para organizar essacadeia produtiva na áreae criar modelos denegócios sustentáveis, oSebrae estruturou no fimde 2017 o ArranjoProdutivo Local (APL) deFruticultura na Serra deSantana, inicialmente emtrês dos sete municípiosda região: Bodó, CerroCorá e Lagoa Nova.

Parte das frutasconsumidas pelospotiguares não é cultivadano Rio Grande do Norte.Os revendedores precisambuscar em outros estadosessas frutas para não gerardesabastecimento nasindústrias debeneficiamento e nasgôndolas do

FRANCISCO DE ASSIS, AGRICULTOR

Fruticultores provam que, com apoio e suporte técnico, é possívelampliar a produção de frutas para abastecer o mercado local, como é o caso do maracujá, que era adquirido em estados vizinhos

“Passava quase umano para receber odinheiro do melão.Com o maracujá,meu lucro cresceuperto de 50%. Noano passado,cheguei a ter umlucro de R$ 20 mil”

FRANCISCO DE ASSIS SOUZA •AGRICULTOR

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Diretamente, as ações atendemcerca de 120 pequenos agricultores,principalmente agricultores familiares,como o casal de agricultores Marilene eJosé Ferreira. Depois das capacitaçõesoferecidas pelo Sebrae, o casal destinouuma área de dois hectares para cultivode maracujá no assentamento SantaClara II, zona rural do município deCerro Corá (distante 190 quilômetros deNatal). No assentamento, vivem 160famílias. Do total, 96 estão cultivando ocítrico.

Entre as ações do APL, foiimplantada uma Central deComercialização, que começoucomercializando 20 toneladas demaracujá em dezembro do anopassado. Em maio deste ano, essevolume subiu para 120 toneladas dessafruta, que o RN importava de outrosestados. No mês passado, acomercialização atingiu o pico de 180toneladas de maracujá. A meta é dobraressa produção. Isso apenas na Serra deSantana, sem contabilizar as duasprincipais áreas produtoras do estado,

as cidades de Jaçanã eCoronel Ezequiel, onde oSebrae atende 12plantadores demaracujazeiros.

A central deu um fôlegoao escoamento, pois antesos produtores repassavama fruta a atravessadores,que nivelam o preço porbaixo. A organização dacadeia produtiva estáminimizando esseproblema.

“À medida que seorganiza sobre a forma deArranjo Produtivo Local,os diversos atores quecompõem a cadeiaprodutiva da fruticulturapassam atuar emconjunto. E isso fortalecea atividade como umtodo. O produtor sentesegurança em aumentar aárea plantada oudiversificar a produção,pois tem a garantia davenda por um preço justoatravés dos canais decomercialização”, analisao gerente do EscritórioRegional do Sebrae noSeridó Oriental, CélioVieira.

A região produz mais de 5,7 miltoneladas de frutas por safra emovimenta R$ 7,5 milhões por ano. Aproposta do arranjo é alavancar essevolume, escoando a produção sematravessadores. A ideia é organizar acadeia de valor, melhorar o manejo eotimizar a comercialização,sobretudo para os pequenosagricultores, para desenvolver afruticultura e agroindústria deprocessamento de forma inovadora esustentável.

“O Sebrae tem oferecidoconsultorias para organização daprodução e a suporte técnico paramanejo correto e combate às doençasque afetavam as plantações. Aspatologias eram um problema. Há pelomenos 34 tipos de doenças diferentesque atacam as frutas na região. O APLveio para trabalhar toda a cadeia,desde os insumos e o manejo corretoaté a parte de acesso a mercado.Atendemos a toda a cadeia”, ratificaAngelo Baeta, gerente da Unidade deAgronegócios do Sebrae RN.

“O APL veio paratrabalhar toda acadeia, desde osinsumos e omanejo correto atéa parte de acesso amercado.Atendemos a toda acadeia”

ANGELO BAETA - GERENTE DAUNIDADE DE AGRONEGÓCIOS DOSEBRAE RN

5,7 miltoneladas de frutas aregião produz por safra

R$ 7,5 milhões sãomovimentados por ano

20 toneladas de maracujá foicomercializada quandoda implantação daCentral deComercialização, emdezembro do ano passado

180toneladas de maracujá foicomercializada no mêspassado. A meta é dobraressa produção

Venda direta ajuda produtores

Arranjo produtivo

MARILENE E JOSÉ FERREIRA, AGRICULTORES

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Novas culturas, mais oportunidades

Até o fim do ano, pequenas fazendas do Rio Grande doNorte - sobretudo da região de Mossoró e Apodi - estarãocultivando frutas, cujo plantio há pouco tempo seria poucoprovável: pera, maçã, caqui e até mirtilo (a versão brasileira doblueberry) e amoras pretas. O Sebrae em parceria com aEmbrapa de Petrolina (PE) estão desenvolvendo um projetopara implantar essas culturas de forma experimental empequenas propriedades do estado.

A ideia é oferecer uma nova possibilidade de produção

de frutas que tenha altovalor agregado em áreasnão tão extensas paraampliar a renda dosprodutores. “Estamostrazendo para o RioGrande do Norte essesnovos cultivos comooportunidade para quemdeseja apostar. Mas ointeresse terá de partir doprodutor. Estamosapresentando novasopções de negócios”,explica o gerente doEscritório Regional doSebrae no Médio Oeste,

Franco Marinho, quetambém é gestor doprojeto Crescer no Campo– Fruticultura Potiguar.

Inicialmente, o Sebraeestará trazendo 500 mudas

de peras de Petrolina, ondea fruta deu bons resultados,para serem plantadas emfazendas potiguares.“Vamos cultivar empequenas áreas deobservação, analisando ascondições agronômicas,como doenças, resistênciaa pragas e qualidade dosfrutos, e tambémeconômicas”, explica oengenheiro agronônomo epesquisador da Embrapa, odoutor Paulo RobertoCoelho, que é o responsáveltécnico pelo programa.

Segundo ele, a proposta éampliar as áreas de cultura dealta rentabilidade e de valoragregado. Além do RioGrande do Norte, aexperiência também estásendo estendida a estadoscomo Bahia, que é o maiorprodutor de frutas, Ceará,Sergipe e outras áreas dePernambuco. “Aqui, emPetrolina, plantamos essasfrutas e o resultado foi muitobom tanto quanto nasregiões produtoras do sul doBrasil”, diz o especialista.

APL vai alavancar produção de frutas na Serrade Santana.O plantio de maçã,pera,amora,uva,caqui,pitaya e até blueberry está sendotestado como opção para pequenaspropriedades aumentarem a lucratividade

“Estamos trazendopara o Rio Grandedo Norte essesnovos cultivoscomooportunidade paraquem desejaapostar. Mas ointeresse terá departir do produtor.Estamosapresentandonovas opções denegócios”

FRANCO MARINHOgerente do Escritório Regional doSebrae no Médio Oeste

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Diversificar eagregar valorNos últimos dois anos,o Sebrae passou a mostrar a fruticultores a viabilidade de variar o cultivo com frutas de alta demanda e valor agregado

/// A UVA NO RN

03safras colhidas

05produtores

60toneladas é aProdução até agora

10hectares é a área decultivo

/// MUNICÍPIOSPRODUTORESApodi, Parazinho,Martins e Touros

/// INÍCIO2016

“Estamos trazendopara o RN essesnovos cultivoscomooportunidade paraquem desejaapostar"

FRANCO MARINHO • O GERENTE DOESCRITÓRIO REGIONAL DO SEBRAENO MÉDIO OESTE

O projeto é apenas umadas estratégias do Sebrae dediversificar a produção defrutas no Rio Grande doNorte, que figura na segundaposição dos estadosprodutores de frutas doBrasil. Nos últimos doisanos, a instituição passou amostrar a fruticultores aviabilidade de variar ocultivo com frutas de altademanda e valor agregado. Éo caso das cactáceas, como apitaya, e das de climatemperado, como a uva. E osresultados são animadores.Atualmente, o estado somacerca de 10 hectares decultivo de uvas de diferentestipos, inclusive variedadessem sementes.

Quem chega em Apodi,de pronto, não entende uma

e fazendo visitas técnicascom o apoio do Sebrae”,conta o produtor.

Em 14 meses, ele deveráter a primeira colheita dafruta, que deve chegar a umvolume deaproximadamente 40toneladas. Para absorver amão de obra dos parreirais,ele aproveitou o restante daterra para alternarplantações de melancia,cuja proposta é ter frutos daordem de 50 toneladas porsemana já nos próximos 30dias. “Todo esse projeto jáidealizado para serampliado conforme odesenvolvimento dasculturas”.

Além de Apodi, onde háduas áreas de plantio deuvas, produtores de outros

plantação verde suspensa empleno semiárido. Para oempresário e produtorMárcio Valdevino Brilhante, oparreiral representa umanova oportunidade denegócio. Empreendedor doramo da construção civil, eleestá destinando dois hectaresda Agrícola Cruzeiro da Serra,uma propriedade de 25hectares que fica na zonarural de Apodi, para o cultivode uvas do tipo vitória semsementes e núbia comsementes.

“Há três anos, decidiinvestir no agronegócio. Vique minha terra era pequenae precisa de cultura que desserendimento. Foi assim quesurgiu a ideia de plantar uvas.Passei dois anos e meioparticipando de capacitações

municípios também têmapostado no cultivo irrigadoda uva: Parazinho [aprimeira cidade potiguar aproduzir uvas em escalacomercial no fim de 2016],Touros e Martins.

De acordo com oconsultor Django JesusDantas, que é especializadoem uvas, estão sendoplantadas uvas de mesa,como as variedades daEmbrapa BRS Vitória e BRSNúbia, para sucos (uvasisabel precoce) e tambémdestinadas à produção devinhos (merlot e cabernetsauvignon). Essas últimasestão sendo a aposta doprodutor Salismar Correia,que está implantando umavinícola na serra de Martins.

“A questão da uva não éapenas plantar e produzir,pois já provamos serpossível. O desafio é entrarno mercado. Por isso,escolhemos espécies deuvas comerciais para osprodutores potiguares. Omercado exige umaconstância, regularidade”,explica o consultor.

MÁRCIO VALDEVINO BRILHANTE, PRODUTOR

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Manejo e tecnologia para recuperação da cajucultura

reter a umidade e manejodos pomares com técnicasde enxerto, na qual asárvores de cajueirosgigante recebem mudasenxertadas de variedades

do cajueiro anão precoce,que além produzir maisem tempo menor (seismeses), dá um melhorcaju para mesa em funçãodo baixo teor de tanino e

castanhas mais aceitáveispara o mercado.

Esse trabalho tem sidodesenvolvido nas regiõesprodutoras, como omunicípio de Serra de

Mel, considerado omaior polo produtor. Sãoquase 300 agricultoresque sobrevivemdiretamente dacajucultura. Cerca de95% da área da cidade édestinada ao plantio decajueiros, cultivadosainda na década de 70durante a colonização,que agora estão sendosubstituídos pelos clonesCCP76 do cajueiroprecoce desenvolvidopela Embrapa e frutificadurante oito meses .Com essa renovação,cada hectare chega aproduzir até 1.150 quilosde caju.

Enxerto com clonesJoão Ferreira de

Medeiros possui um lotena Vila São Paulo em viu aprodução de caju desabarde 15 toneladas por mêspara apenas trêstoneladas. Ele teve deaprender novastecnologias paramelhorar a produtividade

da propriedados primeirofazer enxertovariedades, trepassa paracajucultorestambém a filEle exemplifdependênciade pequenosda retomadacajucultura.

Depois dados pastos dpelo bicudo,Medeiros padedicar todacultivo do carepassar praprodução antambém geraproduzindo partir do caju

Odileia CSantos é outde resistêncicajucultura eMel. Ela tempropriedaderecebendo opara substitucajueiros an

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O Rio Grande do Nortejá foi um dos maioresprodutores brasileiros decaju e dos maioresexportadores decastanhas. No entanto,nos últimos anos, acujucultura sofreu umgrave declínio devido àfalta de incentivos, baixautilização de tecnologiase, principalmente, efeitosda estiagem prolongada.Mas o cenário vemmudandogradativamente, já que osetor passa por umprocesso de recuperação.É um processo lento eregado ao repasse detécnicas e manejo pararenovação dos pomares,substituindo os cajueirosantigos por variedadesmais produtivas.

O Sebrae no RioGrande do Norte temdado uma fortecontribuição para essarevitalização, oferecendoconsultoria técnicas parapequenos produtores, quealmejam ampliar aprodutividade, e assimretomar os tempos áureosda cajucultura potiguar.Esse trabalho éimportante uma vez que aprevisão é que a produçãode cajus tenha uma quedade 33,3% nesta safra,reduzindo de 4,5 miltoneladas obtidas na safrapassada para 3 miltoneladas. Com acastanha, a diminuiçãodeverá ainda maior,55,4%, com a redução de480 toneladas daamêndoa para 214toneladas.

A principal ação é osuporte para gestão dapropriedade, análise dosolo, uso de hidrogel para

Novas técnicas de manejo são repassadas a cajucultoresdas regiões produtoras para recuperação dos cajueiros eretomada da produção, em declínio devido à estiagem

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A atuação do Sebrae não serestringe à Serra do Mel.Cajucultores de municípiossituados na Serra de Santana, osegundo maior polo cajucultordo estado também sãobeneficiados com as mesmasações.

Com auxílio técnico econsultorias, oferecidos peloSebrae, produtores estãopercebendo que é possívelreverter o quadro negativo,minimizar esse prognóstico eter uma produção satisfatória,que passa necessariamente pelarenovação dos pomares. Foi oque aconteceu com o cajucultorMarcelino Berico, que, naúltima década, começou oprocesso de renovação dopomar. Passou a adotar novastécnicas, fez controle do solo epodas para melhorar aprodutividade da plantação.Além disso, aos poucos, foitrocando o cajueiro gigante por variedades,como o anão precoce, que é de fácil manejopor ser uma árvore baixa e com altaprodutividade. Um enxerto do cajueiroanão começa a florar em até 60 dias eproduz o triplo do cajueiro nativo. Hoje,mesmo com a estiagem, a produção gira emtorno de 7 toneladas de castanhas e 40toneladas de caju.

Na região, que engloba sete cidades,

existem cerca de 700 produtoresde caju, cujo foco principal docultivo é a obtenção dacastanha. Parte deles estáreunida no Núcleo deProdutores Cooperados do SítioChã de Divisão, que tem 32associados beneficiando acastanha na unidade deprocessamento montada nacomunidade, uma das três queestão instaladas na Serra deSantana. Por ano, essesprodutores chegam a processar120 toneladas da amêndoa. Ovolume de beneficiamento, noentanto, poderia ser maior se aprodução não estivesse emdeclínio.

“Além do envelhecimentodos cajueiros, a falta de manejoadequado, isto é, a baixautilização de tecnologias, comoo plantio de cajueirosenxertados, adubação ecalagem. Estamos levando essas

soluções para os cajucultores”, diz o gestordo projeto Crescer no Campo – FruticulturaPotiguar do Sebrae, Franco Marinho.

Segundo o gestor, mesmo com aescassez de água, é possível aumentar aprodução com a adoção das tecnologias,incluindo a mudança de copa, plantio declones mais produtivos e, adubação,calagem do solo, formação de grupos paraprocessamento e a comercialização.

da propriedade e foi umdos primeiros a aprenderfazer enxerto de novasvariedades, técnica querepassa para demaiscajucultores da região etambém a filhos e neto.Ele exemplifica bem adependência e esperançade pequenos produtoresda retomada dacajucultura.

Depois da devastaçãodos pastos de algodãopelo bicudo, JoãoMedeiros passou adedicar toda uma vida aocultivo do caju. Além derepassar praticamente aprodução anual, eletambém gera rendaproduzindo doces apartir do caju.

Odileia Celestino dosSantos é outro símbolode resistência dacajucultura em Serra doMel. Ela tem umapropriedade e estárecebendo o suportepara substituir oscajueiros antigos por

novos mais produtivos. Todas as mudasforam cultivadas pela produtora na VilaSanta Catarina, com a seleção das plantasdentro da propriedade que eram maisprodutivas.

“Cada vez que via um caminhão saindodaqui cheio de lenha de cajueiro, sinto umador. É como se estivesse indo o meu ganhapão”, diz em relação ao que a estiagem temprovocado na área. Cerca de 80% doscaujueiros das 23 agrovilas do municípioforam dizimado por causa da seca. Mas aesperança se renova. Todo o lote de OdileiaSantos, que está à frente da associação demulheres produtoras da cidade, foireplantado com as novas mudas e aexpectativa é superar neste ano a produçãoda safra passada, quando chegou a produzir10 toneladas de castanhas.

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ODILEIA SANTOS - PRODUTORA

Seridó fortaleceprodução de Caju

/// O CAJÚ NA SERRA DE SANTANA

700produtores de caju na região, que engloba sete cidades

32associados beneficiando a castanha na unidade de processamento.Parte deles está reunida no Núcleo de ProdutoresCooperados do Sítio Chã de Divisão

120toneladas da amêndoaesses produtoreschegam a processar

/// NÚMEROS DA CAJUCULTURA

3 miltoneladas é estimativa de produçãode caju na safra 2018

214toneladas é estimativa de produçãode castanhas na safra atual

300é número de famílias que atuam nacajucultura da Serra do Mel

700é número de produtores de caju naSerra de Santana

/// EXPORTAÇÕES DE CASTANHA2017 US$ 21,8 milhões2016 US$ 25,1 milhões2015 US$ 17,3 milhões2014 US$ 20 milhões2013 US$ 23,8 milhões2012 US$ 36,5 milhões2011 US$ 50,1 milhões2010 US$ 45,9 milhões

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reduzindo o desperdíciode frutas nos pomares.Nos últimos seis anos, oSebrae tem dado suporte,por meio de consultoriastecnológicas eorientações técnicas, a64 empresas, associaçõese cooperativas quedesidratam outransformam frutas empolpas, doces, sucos egeleias. Essas unidadesde beneficiamento têm afunção primordial deescoamento da produçãode frutas.

A indústria deprocessamento ebeneficiamento de frutasé decisiva paraconsolidar a cadeiaprodutiva dafruticultura. De polpas adoces e geleias,empreendedoresmostram comominimizar desperdício,absorver a produçãolocal e leva-la aoconsumidor.Natal - Se o cultivo defrutas é tão importantepara a economia doestado, a indústria deprocessamento éfundamental para

fechar o ciclo dessacadeia produtiva. Sem obeneficiamento defrutas, principalmente assazonais – aquelas que sódão em determinadoperíodo do ano -,centenas de toneladasseriam desperdiçada acada ano. Com essaindústria funcionandojunto aos polosprodutores, osfruticultores ficamassegurados de que asafra será adquirida porum valor compatível,

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Todo ano era a mesma coisa. Parte da safra decaju, cajarana, manga e tamarindo eradesperdiçada e se estragava abaixo das árvores emmunicípios da Chapada do Apodi. O quadro só foirevertido com a entrada em operação, emApodi,de uma unidade de processamento defrutas da Cooperativa de Produtores daAgricultura Familiar (Coopapi), que que reúne 270agricultores das cidades de Apodi, SeverianoMelo, Caraúbas, Itaú, Umarizal, Pau dos Ferros eGovernador Dix-Sept Rosado. Com o auxílio do Sebrae, a cooperativa surgiu em2007 inicialmente para atender os apicultores quenecessitavam escoar produção de mel sematravessadores, entretanto, acabou atendendoprincipalmente os demais gêneros da agriculturafamiliar, sobretudo frutas. A entrada emfuncionamento da unidade evitou que, porexemplo, 20 toneladas de cajarana fossemdesperdiçadas a cada ano. "O beneficiamento foi uma estratégia queadotamos para gerar renda aos cooperados ediminuir o desperdício de frutas sazonais queem período de safra se estragam em três dias",diz o presidente da Coopapi, Marto Torres.Atualmente, a planta processa mensalmente emtorno de cinco toneladas de frutas, que sãotransformadas em polpas e fornecidas paraescolas da rede pública, prefeituras e forçasarmadas.

/// COOPERATIVA DE PRODUTORES DA AGRICULTURA FAMILIAR (COOPAPI) – INSTALADA EM APODI

Do campo para a mesaBeneficiamento

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abastecem o mercadonordestino. “Quando aindústria localfunciona, qualqueratravessador de foraterá de pagar nomínimo o preço que osprodutores járepassam. Issorepresenta uma maiorlucratividade”, explicaum dos proprietáriosda AgroindústriaSeridoense, FranciscoCanindé.

Em operação desde2011, a unidade comprapraticamente todo ocaju obtido pelaCooperativa deDesenvolvimento RuralSustentável de

Produtores de Frutas doRN (Frutcoop). Instaladana comunidade Baixa doSítio, município de SãoVicente, a cooperativamantém 54 fruticultorescooperados e

comercializa castanha esuco integral de caju.Além do caju, aAgroindústriaSeridoense processa 150toneladas de polpas decajá, manga, maracujá,

graviola, acerola egoiaba. O suco a granelabastece grandesindústrias nacionais dosetor, que levam rótuloscomo Maguari, DaFrutae Palmeron.

AgroindústriaSeridoense é umaunidade deprocessamento defrutas que tambémconta com o apoio doSebrae. Funciona nasantigas instalações doVinho São Braz, já naregião divisa dascidades de São Vicente eTenente LaurentinoCruz.

A unidade éresponsável porprocessar 3,5 miltoneladas de caju querepresenta 85% de todoo processamento daindústria.

Os produtos, entrepolpas e sucos,

/// AGROINDÚSTRIA SERIDOENSE INSTALADA EM SÃO VICENTE

toneladas de frutas acada mês para produzir16 tipos distintos depolpas. Um dosdestaques é adistribuição dosprodutos. Osempresários criaramuma logística de vendadas polpas que contacom carros que fazemrotas regulares nasprincipais cidades daRegião Metropolitana,comercializado as polpasde porta em porta eanunciando o produtoem megafone. Alémdisso, a Toda Boatambém é vendida em

seis pontos fixos decomercialização. Umnegócio que temmovimentado em tornode R$ 800 mil e cresce emmédia 40% ao ano.

“Infelizmente, nossomaior desafio é obtercom regularidade todasas frutas queprocessamos deprodutores da região.

Hoje, boa parte, temosque buscar em outrosestados. Seria mais viávelprocessar o que temosaqui”, revela LidianeAlves.

Depois de um ano decapacitação e auxíliotécnico do Sebrae paraimplantação, oempresário LucimárioFerreira, juntamentecom os filhos LidianeAlves e LindembergueAlves, entraram para oramo de processamentode frutas com ainauguração da indústriade polpas Toda Boa. Afábrica fica instalada nacomunidade de Cobé,que fica a 7 quilômetrosdo Centro de Vera Cruz.

A unidade deu certo ehoje processa 25

/// POLPA TODA BOA INSTALADA EM VERA CRUZ

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pequenas empresas:transformando o rn

beneficiar e agregar valora frutas nativas doNordeste, como umbu,cajá, caju, ubaia,jabuticaba, mangaba,araçá, que se estragavamfacilmente napropriedade Vivenda doVale, em Ceará-Mirim (a50 quilômetros de Natal),se não fossemcomercializadas. Assim,em 2011, surgiu empresaSabores da Vivenda, quefabrica doces e geleiasdessas frutas. Algunsprodutos chegam a serexclusivos, como asgeleias de araçá, ubaia epitanga.

Boa parte das frutasutilizadas naagroindústria é cultivadana própria fazenda. Aoutra é oriunda deagricultores familiares,geralmente deassentamentos rurais.“Não adquirimos frutasde grandes proprietáriosde terra. Nosso intuito évalorização daagricultura familiar”,destaca Gustavo Furtado.Os produtos sãopraticamente todosenviados para outrosestados do Brasil ou emlojas turísticas de artigosregionais, já que, segundo

Porque o Sebrae temdado uma atenção especialpara a fruticultura?

O RN se destaca nocenário nacional como omaior produtor eexportador de melão. Napauta de exportações doRN o melão, a melancia e acastanha de caju sedestacam, assim comooutras culturas que vemganhando força. Afruticultura, tanto desequeiro como a irrigada, éuma das principaisatividades econômicas doestado, que tem a vocaçãoagrícola como umimportante diferencialcompetitivo. Através doprojeto da Fruticulturapelo SEBRAE/RNatendemos produtores detodas as regiões do estado,mais de 1.200 produtoresforam atendidos em2017/18, de forma diretaou através dos gruposorganizados emassociações e cooperativas.

No próximo mês,serárealizada mais uma ediçãoda Expofruit,que o Sebraeapoia ativamente desde oinício.O que se espera comum evento?

A Expofruit é um eventoestratégico para o nordestecomo um todo, umaimportante ferramenta deposicionamento demercado. É o principalevento de fruticulturatropical do país, além de seruma oportunidade deintegração da cadeiaprodutiva e de geração denegócios. Uma grandevitrine para os paísescompradores. Com essaedição esperamospotencializar não só acomercialização, masfomentar toda a cadeia deserviços e produtosassociados à fruticultura.Um evento desse portefortalece a economia local,regional e garante avisibilidade da qualidadede nossos produtos.

A implantação do APLde Fruticultura da Serra deSantana começa a dar osprimeiros resultados.Oque se esperar dessearranjo?

Espera-se umaorganização melhor dosetor nessa região e umarevitalização da produçãorural como um todo. Omaracujá tem sido umaalternativa viável elucrativas para muitospequenos produtores daSerra de Santana. Com aimplantação do APL daFruticultura, tivemos umaumento significativo daprodução, através dautilização de novastécnicas de cultivo e

implementação de boaspráticas de manejo. ACentral deComercialização, além degarantir um preço justopago ao produtor,possibilita a aproximaçãocomercial com outroscanais para escoamento daprodução. Temos umaexpectativa de produção,na Serra de Santana, emquase 2.000 toneladasainda em 2018. Com essasações novos produtores seinseriram no APL, o que játotaliza em torno de 500produtores locais. Astecnologiasimplementadasmelhoraram aprodutividade por área

produzida, que antes doprojeto era de 5 à 12 ton/ha eque agora é de 20 à 40ton/ha. Esperamos levaressa estratégia para outrasregiões do estado.

O Sebrae tem apoiado eincentivado muito adiversificação do cultivo defrutas,algumas de climatemperado como a uva eagora a pera.Esse é ocaminho para ajudarpequenos produtores teremmais lucratividade napropriedade?

Através de parcerias cominstituições de ensino e depesquisa, como a UFERSA,EMBRAPA e IFRN buscamosalternativas de composiçãode um melhor mix deprodução, como as frutas declima temperado. É mais umaopção de investimento emfruticultura, para produtoresque desejam diversificar seusplantios e/ou melhorar sualucratividade na produção.Estamos trabalhando parafacilitar o caminho deconhecimento de mercadodessas novas culturas paraque os pequenos produtorespossam buscar garantir asustentabilidade de suaspropriedades rurais.

o casal, o potiguarprefere as geleias defrutas de climatemperado, comomorango.

Por mês, a Sabores daVivenda chega a produzir6 mil potes de doces egeleias, em função dobeneficiamento de 10toneladas de frutas innatura. Mas isso é apenas10% da capacidade deoperação da empresa. OSebrae tem capacitado epreparado oempreendimento paraexportar esses produtos eampliar o mercado paraesses empreendedores.

/// SABORES DA VIVENDA INSTALADA EM CEARÁ-MIRIM

Cansado de ficar nas mãos dos atravessadores, o casalde produtores Gustavo Furtado e Fernanda Oliveiraresolveu montar um empreendimento rural para

EDUARDO VIANADIRETOR DE OPERAÇÕES DO SEBRAE-RN

“BUSCAMOS ALTERNATIVAS DE COMPOSIÇÃO DE UM MELHOR MIX DE PRODUÇÃO”

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Comercialização Soluções para escoar produção dos pequenos

/// FUNDAÇÃOA instituição foiidealizada há 15 anospara atender a cadeiaprodutiva dafruticultura,notadamente acajucultura.

600produtores tem a central,que foi decisiva paraviabilizar o escoamentode pequenosfruticultores

R$ 130mil por mêsa Coafarnmovimenta por mês.

Um dos maiores desafiosde pequenos fruticultores éfazer chegar ao consumidorfinal o produto de seutrabalho a um preço justo.Atravessadores, quebuscam sempre baixar ovalor das frutas, custos comtransporte e logística, alémde um local para acomercialização de todas asmercadorias. Esses são osprincipais entraves que amaioria dos agricultoresenfrenta ano a ano paracontinuar produzindo. Paradriblar esses problemas, umgrupo de 30 de agricultoresde Apodi uniu forças edecidiu sanar essa questão.Com o suporte do Sebrae,eles fundaram aCooperativa Central daAgricultura Familiar do Rio

Grande do Norte(Coafarn), que, como onome já indica, funcionaabrigando dez outrascooperativas.

A instituição foiidealizada há 15 anosjustamente para atender acadeia produtiva dafruticultura, notadamentea cajucultura. A união veiopara ganhar volume ecomercializar a castanhaproduzida peloscooperados. Mas, emseguida, passou a vender aamêndoa de cajucultoresde outros municípios eassim os diretoresperceberam que seria maisviável constituir umacooperativa central capazde absorver as demandasde cooperativas de todas as

vender diretamente asfrutas, o valor seráproporcional ao volumedos produtos pelo custo detransporte no caminhão.“De uma forma ou deoutra, é bem mais emconta do que contrataruma empresa de frete”,garante Fátima Torres.

Por semana, a Cooafarnescoa em média trêstoneladas de gênerosalimentícios – 90% delessão frutas – para a Centralde Comercialização daAgricultura Familiar eEconomia Solidária(Cecafe), em Natal. Sãopolpas e frutas, comoabacaxi, melão, melancia,limão, goiaba, manga,pinha, graviola e maracujá.A regra, no entanto, éabastecer a cidade onde afruta foi produzida eatender as demandaslocais com gêneros quenão são cultivados naregião. “Tudo o que não écomercializado pelascooperativas associadas,transformamos em polpaque tem uma durabilidademaior”. Com isso, aCoafarn chega amovimentar R$ 130 milpor mês.

regiões do estado. “A formação da central

em 2010 surgiu danecessidade de fazer volume,independente da área ondeas frutas eram produzidas.Viramos uma rede decooperativas. Na prática, foiuma forma de sobrevivênciapara os cajucultores, queviram a produção decastanha despencar devido àseca. Passamos de 100toneladas comercializadaspara apenas dez toneladas.Sozinhos, não tínhamosprodução”, defende apresidente da Coafarn,Fátima Torres.

A central foi decisiva paraviabilizar o escoamento depequenos fruticultores,principalmente aquelesinstalados emassentamentos, que hojesoma 600 produtores. “Ogrande desafio da agriculturafamiliar era a parte logística ea Coafarn veio para resolveressa parte”, diz. Doiscaminhões recolhem aprodução dos membros dasdez cooperativas ligadas àcentral em diversas regiõesdo estado. Se a produção forvendida à Coafarn, acooperativa cobre o custo dofrete. Caso o produtor deseje

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Produtoresencontram nocooperativismo assaídas parareduzir os custoscom frete eotimizar as vendasde frutas oriundasdas áreasprodutivas doestado.

FÁTIMA TORRES, COAFARN

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pequenas empresas:transformando o rn

A fruticulturairrigada doBaixo-Açu

Muitas vezes oincentivo à fruticulturanão está diretamente atécnicas de cultivo, masindiretamente. Foi o queo Sebrae fez no Distritode irrigação do Baixo-Açu (Diba), uma áreafértil que é consideradaum principais celeirosde frutas do Rio Grandedo Norte e está dentrodo perímetro irrigadopelo rio Açu eabrangendo osmunicípios de

Ipanguaçu, Alto doRodrigues e AfonsoBezerra. Devido àescassez de chuvas, oSebrae forneceu a partirde 2013 consultoriaspara produtores da áreamelhorarem a eficiênciada irrigação e redução dodesperdício de águaantes mesmo do períodode racionamento.

A ação foi importanteporque a região éresponsável, porexemplo, pela produção

de 4 mil toneladas debananas 6 milhões decoco por ano, entreoutras frutas, manga,limão, melancia e melão,movimentando cerca deR$ 20 milhões por anosomente com o cultivo defrutas. A partir de 2013, aestiagem promoveu umaredução de 40% nas áreasde produção. “Essaintervenção do Sebrae foiextremamenteimportante para quefizéssemos bom uso daágua que tínhamosdisponível, pois haviaáreas abundância deágua e outras comdeficiência”, explica dopresidente do Diba,Nuilson Medeiros. Elepossui um lote de 168hectares no distrito, ondeplanta coco, limão egraviola.

“O Vale do Açu é aregião mais fértil do RNdepois da Chapada doApodi devido àscondições de clima, solo eoferta de água, garantidapela barragem ArmandoRibeiro Gonçalves. Vejocom bons olhos o futurodessa região”.

O início daimplantação do DistritoIrrigado do Baixo Açuocorreu no ano de 1989,mas passou a funcionarde fato cinco anosdepois, em 1994. Trata-sede uma área com 6 milhectares que foi divididaem lotes entre 75irrigantes. A principalideia era a difusão e trocade tecnologias agrícolas.Uma área é todaabastecida por um canalde 20 quilômetros deextensão que capta aságuas da barragemArmando RibeiroGonçalves e leva, pormeio de bombeamento,até os oito setores doperímetro.

Cada setor tem aomenos 24 lotes, cadaum com 100 hectares,no caso dosempresariais. Há ainda187 lotes familiares de8,16 hectares ocupadospor agricultoresfamiliares, além de lotestécnicos.

Na prática, a primeiraetapa do projeto só tem1,5 mil hectares emprodução. Contudo, éresponsável por 30% daprodução agrícola doVale do Açu. Por questõesfundiárias, a segundaetapa do Diba ainda nãofoi implantada.

NUILSON MEDEIROS - PRESIDENTE DA DIBA

O Sebrae fornece consultorias paraprodutores do Baixo-Açu desde 2003.Agora,todos colhem os frutos dessa parceria

O que é o DIBA

?O Vale do Açué a região maisfértil do RNdepois daChapada doApodi devidoàs condiçõesde clima, soloe oferta deágua,garantida pelabarragemArmandoRibeiroGonçalves.Vejo com bonsolhos o futurodessa região”.

NUILSON MEDEIROSpresidente do Diba

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China é um grandeconsumidor de fruta, apesar deser um grande produtortambém. Mas consome muitode melão e melancia, quase que40 quilos per capita ao ano demelancia. É um consumomuito grande e eles não têmprodução no inverno e quasenão importam de ninguém. Agente está trabalhando parafinalizar a abertura dessemercado. Se realmente dercerto, a gente está acreditandonesse novo mercado asiático.Hoje estamos muitoconcentrados na Europa -praticamente 90% da nossaprodução vai para o continente

europeu – e se a gente abrir esse mercado vai daroportunidade de aumentar as áreas de plantio,aumentar a geração de emprego no setor, queestá estagnado, sem crescer nos últimos três,quatro anos. A China tem uma vocação deconsumo de melão e melancia muito grande e,com a expansão do Canal do Panamá, a gentepode ter uma logística muito boa saindodiretamente daí navios fretados inteiros com omelão e melancia indo direto para China entre 25e 30 dias. Estamos brigando muito. Precisamosde apoio político, porque não é só técnico, paraque esse mercado nos seja aberto.

Que gargalos o senhor vê hoje para o setoralcançar o patamar que é necessário,em termosde importância para a economia potiguar?Faltam políticas públicas?

A gente tem hoje uma limitação no espaço doporto, que está dentro da cidade de Natal.Caminhões têm de atravessar todo o município.Precisam cortar toda a cidade para poder acessaro porto, tanto para chegar com a fruta quantopara sair com os contêineres vazios. Então, isso éum problema. Temos também problemas deespaço, de retroárea dentro do porto, o que limitaa armazenagem de contêineres vazios. Temosalgumas restrições de calado, de profundidade -em torno de 12 ou 13 metros -, o que limita otamanho do navio. E agora a entrada, as guardasdebaixo da ponte não possuem proteção. É outrofator que limita o acesso. Em termos de logística,esses são os gargalos. É preciso ter segurançahídrica e isso passa por política pública. O RN atétem bastante água no subsolo, mas essa água érecarregada com chuva. Assim, fica dependendoda chuva para ter recarga desse aquíferosubterrâneo.

Como o pequeno fruticultor pode se inserirna cadeia produtiva da exportação?

Um pequeno produtor para se engajar nessacadeia exportadora precisa ter uma boacapacitação. São muito exigidas as certificaçõesde boas práticas agrícolas. Respeito ao meio

Luiz RobertoBarcelos‘O RN já é um grande exportador de frutas do Brasil’

As limitações do Porto de Natal e,principalmente, o sistema de recarga doaquífero subterrâneo potiguar, quedepende da chuva para ser reabastecido,são apontados como gargalos paraexpansão dos envios de frutas do RioGrande do Norte para o mundo. É o queanalisa o presidente do Comitê Executivode Fruticultura do Rio Grande do Norte(Coex), Luiz Roberto Barcelos. Ele acreditaque a abertura do mercado chinês trariaganhos significativos para a fruticultura doestado, já que se trata de um grandemercado consumidor de melão e melancia.Luiz Roberto trata desse e de outrosassuntos nessa entrevista.

O que falta para o RN se transformarem um grande exportador de frutas doNordeste?

Na verdade, o Rio Grande do Norte já éum grande exportador de frutas. E não é sódo Nordeste não. É do Brasil. O RN está indo

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transformando o rnpequenas empresas:

junto com Bahia ePernambuco como maiorexportador de frutas. Comocresceu no ano passado, oestado já deve ser o segundono ranking de exportações. OPorto de Natal, que recebefrutas de outros estados, foi oporto que mais importoufrutas no Brasil todo. Então,de certa forma, o Rio Grandedo Norte já tem uma grandeimportância, mas, claro, dápara crescer mais.

Se relação comercialentre Brasil e China seconsolidar,quais serão osganhos para a fruticulturapotiguar,sobretudo no quese refere ao melão emelancia?

É importante porque a

ambiente meio ambiente,responsabilidade social esegurança alimentar. Essessão os três principais itensnecessários para certificar apropriedade. Se ele secapacitar, tem condições deentrar. Mas se não tiver escala,volume, não vale a penaexportar. Mas, se eles seunirem em associação econseguirem fazer umvolume maior, podem teracesso a esse mercado.

Hoje nossa exportaçãoestá muito baseada no melão.Ampliar as áreas produtivasde outras frutas,comomaracujá e manga,seria umasaída para equilibrar essaconcentração?

É. Realmente a gente temuma concentração muitogrande no melão e namelancia, muito mais melão.Uma das saídas é essa mesma,buscar produtos que possamser produzidos nas condiçõesdo Rio Grande do Norte e quetenham aceitação lá fora.Frutas mais exóticas, mas quetêm mercado para crescer. É ocaso da manga, da uva,maracujá, aspargos, mamão,banana, abacaxi... São frutastropicais que a Europa vemconsumindo cada vez mais e oRio Grande do Norte temcondições de produzir. Então,essa diversificação éimportante para não ficardependendo só de um únicoproduto. Porém, novamentetem a questão da água. Épreciso muita água para regaressas outras frutas .

O senhor acredita que atecnologia e as novasbiotécnicas de cultivo emanejo podem ser aliadaspara aumentar produtividadede quem tem pequenas áreasde cultivo?

A biotecnologia é muitoimportante. Mais tecnologiaque pode vir em favor de todomundo. Ganham pequenos,médios e grandes produtoresporque você tem controlebiológico de pragas e toda essaparte de genética. Tudo isso éimportante sim.

PRESIDENTE DO COEX

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