pedaços da ilusão

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livreto "pe da ços da ilusão", escrito por bruno nobru em maio de 2002, revisado e publicado por "arte é risco" em maio de 2012.

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bruno nobru

arte é risco

2002

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Alienação = Acomodação ? acomodação à ideologias – modos de pensar, ser, agir, sentir, falar, sorrir, ........... se apodera de mim e me alheia: me faz ser, sentir, agir e ver as coisas de um modo já previamente estabelecido e mantido por padrões e regras sociais, econômicas e culturais. ocorrem os “efeitos paradigmas”, onde não sei por quê não consigo pensar de maneira diferente em certas situações: deixo de ser criativo, deixo de refletir por outros pontos de vista...

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<a maioria dos meios que me acomodam eu os desconheço>

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decido me acomodar a mudança

a mudança (parece ser), uma tentativa para a “não-acomodação”, pois, se aceitar a mudança e impermanência, não se aceita a manutenção de um ser “alheio” dentro do que sinto que sou, do que penso e do que faço. com essa postura, resisto a crença de que o que sou é o momento, e não algo pronto, mas em processo.

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“sou o que faço”

se não faço, não sou se não sei o que faço ou por quê

ou as forças que regem o fazer sou coisa:

sujeito de outros

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(outra opção:)

posso me alienar ao meu modo!

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sabendo que todo o tempo, ou maior parte dele, sou movido por forças alheias a mim mesmo,

posso pensar em criar crenças para a minha existência

com a consciência de que a realidade é inexistente

posso então

construir o que preciso e quero no momento,

para não ser fruto de uma publicidade de massa,

mas de mim mesmo:

de minha própria criação aí posso me acomodar

da maneira que bem entender, a me ajustar

à minha própria necessidade e desejo

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então:

não preciso fruto dos outros não preciso ser o que os outros querem

e não quero ser algo que não sei o que é

e nem por quê

não quero ser mais um número

uma coisa

não quero esperar “a morte chegar”

quero viver!

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quando me alieno, distorço meus modos de compreender a “realidade” --------> o quanto mais intensifico essa alienação, mais mantenho a ilusão, até o momento que não consigo disntinguir uma coisa da outra. aí vejo as coisas ao meu redor somente à partir do que foi condicionado a rotina, julgando o que vejo a partir de algo que me toma o poder sem que eu saiba o pôr... (quê) tudo se torna preparado, não há nada mais o que se ver, descobrir, pensar, mudar, tentar, ... tudo está pronto, acomodado e simplificado: o que penso ser a “realidade” parece muito claro e verdadeiro – enquanto que os meios que me condicionam são invisíveis, o processo de penetração, de acomodação e distorção é silencioso e constante.

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“Deve-se ser desinteressado, aceitar que um som é um som

e um homem é um homem, abandonar ilusões sôbre idéias de ordem,

expressões de sentimentos, e todo o resto de conversa fiada da nossa

herança estética.”

(John Cage)

o problema da própria aceitação... dificilmente alguém se aceita como é (e tenta modificar)

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não raramente escuto a frase:

aconteceu com o outro, mas não vai acontecer comigo! a alienação chega a tal modo que não se aceita a compreensão de sua existência, o que a torna mais difícil de compreender. quando acho que sei, que tenho alguma verdade, empurro isso à outros, estou tentando adaptar as pessoas ao meu modo não seria mais interessante debater os pontos de vista, dialogando os diferentes pontos de vista, sem a necessidade de empurrar uma coisa ao outro? ou é difícil receber opiniões diversas e mudar de opinião?

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o que sou mais que minha ACOMODAÇÃO

apesar de se ter um “nome” que mantêm a ilusão de permanência:

todos dizem:

sou Paulo! Sou Maria! Sou João!

Sou Pedro!

-mas qual desses é ?

todos são, foram e estão sendo

muitas coisas e talvez nem percebam isso

assim é a acomodação:

ela repete, repete, repete, repete, repete, ...

até que pega, fica na moda,

comum, “natural”

!

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.

<ponto de reflexão>

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e...

h o j e

, não sou mais quem (ou o que) eu fui ontem... (apesar de ainda carregar

algumas coisas do passado)

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descobri algo, descobri que:

não sei o que sou!

não sei quem sou não sei o que é saber

e, se conheço algo,

esse algo pode não ser o que parece..

e como saber? para quê saber?

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talvez a mudança

seja necessária

para manter a existência pensante e instigante a mudança que parte de uma escolha própria,

mas como saber se minha escolha é minha ou alheia?

escolho por mim?

para mim? para meu benefício e prazer?

para os outros? porque alguém me disse?

porque a tv falou que é bom?

(agora estou ouvindo satie, ontem escutei cage,

amanhã não sei o que ouvir)

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Recomendação:

faça suas recomendações e

não fique na dependência

dos outros,

reflita você contigo, o que

conferir ser certo para você

é pra você, e para mais

ninguém

se alguém encontrar outro

alguém parecido em uma

coisa, é parecido nesta

coisa, o restante pode ser

diferente

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o(s) outro(s)

sou parte do(s) meio(s) onde convivo e mantenho relações com os outros quando os outros mudam, eu também mudo ou, ao menos a maneira de recebê-los e quando eu mudo, os outros que convivem comigo também mudam, ou ao menos, me recebem diferente o que faço acarreta algo aos outros e ao(s) meio(s) onde convivo tudo que os outros fazem acarreta algo em mim e ao(s) meio(s) também

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a(s) atitude(s) do(s) outro(s) me contagiam com seu(s) modo(s) de ser e agir. para McLuhan, eles nos massageiam. através dos outros, sou ensinado a como sentir e agir em certas situações. e esses padrões muitas vezes me tornam como eles, sem questionar se é bom ou ruim para mim. mas, não quero repetir modos de ser, sentir, sentir e pensar dos outros. posso modificar essa estrutura. e reproduzir somente as coisas que realmente forem boas para mim, das que receber dos outros, desenvolver o que prefiro para mim. enquanto não me questiono sobre os modos de ser, pensar e agir que os outros 'massageiam', não sou eu propriedade de mim, não sou resultante de mim mesmo. penso que sou eu quando escolho e faço por mim

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e, fazendo isso,

posso me mudar! e, quando mudo a mim mesmo, acabo mudando o outro também. e este transformado altera a mim mesmo novamente.

aprendo assim em múltiplos processos

nas trocas com os outros sobre mim

e sobre o(s) meio(s) que convivemos

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é conversando que a gente se entende

NÃO há que IMPOR

CONDUTAS E MODOS

DE SER E AGIR

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NÃO há CERTEZA, um único certo

tudo se apresenta de modo muito relativo, múltiplo, difuso e por vezes vago,

muitas vezes preencho coisas de preconceitos e sentimentos alheios dos quais eu mesmo

não identifico. de nada se tem certeza, pois tudo pode ser uma ilusão de meus falsos conceitos, ou de minha alienação inconsciente; isso faz

com que eu tenha certeza de que somente o que tenho são incertezas.

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pre- -conceitos

“Abordamos o novo com o condicionamento psicológico

e as reações sensoriais antigas. Êsse choque sempre se produz

em períodos de transição”

(Marshall McLuhan)

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sou constituído, ao nascer, por conceitos que foram estabelecidos antes da minha existência. e estes criaram bases para meu conhecimento do mundo exterior e, acabo por experimentar as coisas (externas à mim) distorcidamente, por estes primeiros conceitos – a tal base previamente estabelecida –continuo a observar distorcidamente enquanto não modifico ou não reformulo a base das maneiras de perceber o existir.

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tem conceitos que, após repetidos algumas vezes,

deixam de ser apenas conceitos se tornam vícios,

se apoderam de meu ser biológico, minha estrutura física, meu organismo,

meus sentimentos. e quando reproduzo sem consciência

me adapto a eles

os conceitos criam paradigmas, e os paradigmas

me impossibilitam de ver as coisas pois distorcem

minha visão e percepção

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“A cultura modifica profundamente as disposições inatas do homem e, agindo assim, ela proporciona, não somente benefícios, mas também impõe obrigações, exigindo a entrega de uma grande

quantidade de liberdades pessoais ao bem estar comum. O indivíduo tem que submeter-se à ordem e à lei;

tem que aprender a seguir a tradição; tem que torcer sua língua e ajustar sua laringe de sons

e de adaptar seu sistema nervoso a uma variedade de hábitos.”

(Bronislaw Malinowski)

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que tal

reformular conceitos

constantemente

?

“Olhe, Senhor, não tenho certeza não, mas o que eu lhe digo para o senhor,

é pelo o que eu tenho visto por aí”

(fala de um Senhor no Ponto de Ônibus)

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e... agora.... ..........., parto do pressuposto de que:

tudo o que eu recebo do exterior não é da mesma maneira que represento no interior a necessidade de eliminar os pré-conceitos e estar sempre reavaliando os conceitos para não impedir a vista do novo que já previamente condicionadas por conceitos que foram colados em mim. a troca de idéias para re-pensar meus conceitos faz com que eu re-analise eles e busque comparações e pontos de vista externos.

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phármacon – para os gregos, o termo

Pharmakon significa simultaneamente

veneno, remédio ou poção mágica...

a ética se foi para um

nôvo contexto e conceito

humano. com um ser

individualista, há uma ética

para cada ser individual.

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todo esse vazio, de uma existência tendenciada pelos meios de sedução e consumo necessitam de uma grande força anti-alienizante para incomodar e esclarecer a cegueira massificada das coisas, tentando proporcionar a capacidade de pensar e agir por si

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pe da ços da ilusão

escritos por bruno nobru

em maio de 2002

são paulo, sp

brasil

capa e edição por

bruno nobru

maio de 2012

pouso alegre, mg

contato

www.brunonobru.net

arte é risco

www.arteriscada.blogspot.com

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