entre crença e ilusão no método jurídico silogístico da decisão judicial
pedaços da ilusão
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pe da ços da ilusão – bruno nobru
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pe da ços da ilusão – bruno nobru
pe da ços da ilusão
bruno nobru
arte é risco
2002
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pe da ços da ilusão – bruno nobru
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pe da ços da ilusão – bruno nobru
Alienação = Acomodação ? acomodação à ideologias – modos de pensar, ser, agir, sentir, falar, sorrir, ........... se apodera de mim e me alheia: me faz ser, sentir, agir e ver as coisas de um modo já previamente estabelecido e mantido por padrões e regras sociais, econômicas e culturais. ocorrem os “efeitos paradigmas”, onde não sei por quê não consigo pensar de maneira diferente em certas situações: deixo de ser criativo, deixo de refletir por outros pontos de vista...
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<a maioria dos meios que me acomodam eu os desconheço>
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decido me acomodar a mudança
a mudança (parece ser), uma tentativa para a “não-acomodação”, pois, se aceitar a mudança e impermanência, não se aceita a manutenção de um ser “alheio” dentro do que sinto que sou, do que penso e do que faço. com essa postura, resisto a crença de que o que sou é o momento, e não algo pronto, mas em processo.
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“sou o que faço”
se não faço, não sou se não sei o que faço ou por quê
ou as forças que regem o fazer sou coisa:
sujeito de outros
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(outra opção:)
posso me alienar ao meu modo!
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sabendo que todo o tempo, ou maior parte dele, sou movido por forças alheias a mim mesmo,
posso pensar em criar crenças para a minha existência
com a consciência de que a realidade é inexistente
posso então
construir o que preciso e quero no momento,
para não ser fruto de uma publicidade de massa,
mas de mim mesmo:
de minha própria criação aí posso me acomodar
da maneira que bem entender, a me ajustar
à minha própria necessidade e desejo
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então:
não preciso fruto dos outros não preciso ser o que os outros querem
e não quero ser algo que não sei o que é
e nem por quê
não quero ser mais um número
uma coisa
não quero esperar “a morte chegar”
quero viver!
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quando me alieno, distorço meus modos de compreender a “realidade” --------> o quanto mais intensifico essa alienação, mais mantenho a ilusão, até o momento que não consigo disntinguir uma coisa da outra. aí vejo as coisas ao meu redor somente à partir do que foi condicionado a rotina, julgando o que vejo a partir de algo que me toma o poder sem que eu saiba o pôr... (quê) tudo se torna preparado, não há nada mais o que se ver, descobrir, pensar, mudar, tentar, ... tudo está pronto, acomodado e simplificado: o que penso ser a “realidade” parece muito claro e verdadeiro – enquanto que os meios que me condicionam são invisíveis, o processo de penetração, de acomodação e distorção é silencioso e constante.
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“Deve-se ser desinteressado, aceitar que um som é um som
e um homem é um homem, abandonar ilusões sôbre idéias de ordem,
expressões de sentimentos, e todo o resto de conversa fiada da nossa
herança estética.”
(John Cage)
o problema da própria aceitação... dificilmente alguém se aceita como é (e tenta modificar)
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não raramente escuto a frase:
aconteceu com o outro, mas não vai acontecer comigo! a alienação chega a tal modo que não se aceita a compreensão de sua existência, o que a torna mais difícil de compreender. quando acho que sei, que tenho alguma verdade, empurro isso à outros, estou tentando adaptar as pessoas ao meu modo não seria mais interessante debater os pontos de vista, dialogando os diferentes pontos de vista, sem a necessidade de empurrar uma coisa ao outro? ou é difícil receber opiniões diversas e mudar de opinião?
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o que sou mais que minha ACOMODAÇÃO
apesar de se ter um “nome” que mantêm a ilusão de permanência:
todos dizem:
sou Paulo! Sou Maria! Sou João!
Sou Pedro!
-mas qual desses é ?
todos são, foram e estão sendo
muitas coisas e talvez nem percebam isso
assim é a acomodação:
ela repete, repete, repete, repete, repete, ...
até que pega, fica na moda,
comum, “natural”
!
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.
<ponto de reflexão>
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e...
h o j e
, não sou mais quem (ou o que) eu fui ontem... (apesar de ainda carregar
algumas coisas do passado)
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descobri algo, descobri que:
não sei o que sou!
não sei quem sou não sei o que é saber
e, se conheço algo,
esse algo pode não ser o que parece..
e como saber? para quê saber?
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talvez a mudança
seja necessária
para manter a existência pensante e instigante a mudança que parte de uma escolha própria,
mas como saber se minha escolha é minha ou alheia?
escolho por mim?
para mim? para meu benefício e prazer?
para os outros? porque alguém me disse?
porque a tv falou que é bom?
(agora estou ouvindo satie, ontem escutei cage,
amanhã não sei o que ouvir)
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Recomendação:
faça suas recomendações e
não fique na dependência
dos outros,
reflita você contigo, o que
conferir ser certo para você
é pra você, e para mais
ninguém
se alguém encontrar outro
alguém parecido em uma
coisa, é parecido nesta
coisa, o restante pode ser
diferente
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o(s) outro(s)
sou parte do(s) meio(s) onde convivo e mantenho relações com os outros quando os outros mudam, eu também mudo ou, ao menos a maneira de recebê-los e quando eu mudo, os outros que convivem comigo também mudam, ou ao menos, me recebem diferente o que faço acarreta algo aos outros e ao(s) meio(s) onde convivo tudo que os outros fazem acarreta algo em mim e ao(s) meio(s) também
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a(s) atitude(s) do(s) outro(s) me contagiam com seu(s) modo(s) de ser e agir. para McLuhan, eles nos massageiam. através dos outros, sou ensinado a como sentir e agir em certas situações. e esses padrões muitas vezes me tornam como eles, sem questionar se é bom ou ruim para mim. mas, não quero repetir modos de ser, sentir, sentir e pensar dos outros. posso modificar essa estrutura. e reproduzir somente as coisas que realmente forem boas para mim, das que receber dos outros, desenvolver o que prefiro para mim. enquanto não me questiono sobre os modos de ser, pensar e agir que os outros 'massageiam', não sou eu propriedade de mim, não sou resultante de mim mesmo. penso que sou eu quando escolho e faço por mim
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e, fazendo isso,
posso me mudar! e, quando mudo a mim mesmo, acabo mudando o outro também. e este transformado altera a mim mesmo novamente.
aprendo assim em múltiplos processos
nas trocas com os outros sobre mim
e sobre o(s) meio(s) que convivemos
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é conversando que a gente se entende
NÃO há que IMPOR
CONDUTAS E MODOS
DE SER E AGIR
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NÃO há CERTEZA, um único certo
tudo se apresenta de modo muito relativo, múltiplo, difuso e por vezes vago,
muitas vezes preencho coisas de preconceitos e sentimentos alheios dos quais eu mesmo
não identifico. de nada se tem certeza, pois tudo pode ser uma ilusão de meus falsos conceitos, ou de minha alienação inconsciente; isso faz
com que eu tenha certeza de que somente o que tenho são incertezas.
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pre- -conceitos
“Abordamos o novo com o condicionamento psicológico
e as reações sensoriais antigas. Êsse choque sempre se produz
em períodos de transição”
(Marshall McLuhan)
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sou constituído, ao nascer, por conceitos que foram estabelecidos antes da minha existência. e estes criaram bases para meu conhecimento do mundo exterior e, acabo por experimentar as coisas (externas à mim) distorcidamente, por estes primeiros conceitos – a tal base previamente estabelecida –continuo a observar distorcidamente enquanto não modifico ou não reformulo a base das maneiras de perceber o existir.
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tem conceitos que, após repetidos algumas vezes,
deixam de ser apenas conceitos se tornam vícios,
se apoderam de meu ser biológico, minha estrutura física, meu organismo,
meus sentimentos. e quando reproduzo sem consciência
me adapto a eles
os conceitos criam paradigmas, e os paradigmas
me impossibilitam de ver as coisas pois distorcem
minha visão e percepção
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“A cultura modifica profundamente as disposições inatas do homem e, agindo assim, ela proporciona, não somente benefícios, mas também impõe obrigações, exigindo a entrega de uma grande
quantidade de liberdades pessoais ao bem estar comum. O indivíduo tem que submeter-se à ordem e à lei;
tem que aprender a seguir a tradição; tem que torcer sua língua e ajustar sua laringe de sons
e de adaptar seu sistema nervoso a uma variedade de hábitos.”
(Bronislaw Malinowski)
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que tal
reformular conceitos
constantemente
?
“Olhe, Senhor, não tenho certeza não, mas o que eu lhe digo para o senhor,
é pelo o que eu tenho visto por aí”
(fala de um Senhor no Ponto de Ônibus)
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e... agora.... ..........., parto do pressuposto de que:
tudo o que eu recebo do exterior não é da mesma maneira que represento no interior a necessidade de eliminar os pré-conceitos e estar sempre reavaliando os conceitos para não impedir a vista do novo que já previamente condicionadas por conceitos que foram colados em mim. a troca de idéias para re-pensar meus conceitos faz com que eu re-analise eles e busque comparações e pontos de vista externos.
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phármacon – para os gregos, o termo
Pharmakon significa simultaneamente
veneno, remédio ou poção mágica...
a ética se foi para um
nôvo contexto e conceito
humano. com um ser
individualista, há uma ética
para cada ser individual.
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todo esse vazio, de uma existência tendenciada pelos meios de sedução e consumo necessitam de uma grande força anti-alienizante para incomodar e esclarecer a cegueira massificada das coisas, tentando proporcionar a capacidade de pensar e agir por si
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pe da ços da ilusão – bruno nobru
pe da ços da ilusão
escritos por bruno nobru
em maio de 2002
são paulo, sp
brasil
capa e edição por
bruno nobru
maio de 2012
pouso alegre, mg
contato
www.brunonobru.net
arte é risco
www.arteriscada.blogspot.com
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