PARTILHA - SNS

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Edição n.º 3 março de 2016 Boletim informativo da Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados Pinhal Litoral Até sempre… O tempo passa num ápice!… 3 anos … Em três anos nutricionistas conheceram fisioterapeutas, higienistas orais trocaram ideias com técnicos de radiologia e ortoptis- tas, psicólogos partilharam opiniões com assistentes sociais, e no meio disto tudo criou-se uma equipa com uma identidade: somos URAP Pinhal Litoral. Partilhamos recursos, damos horas da nossa atividade a esta e a aquela Unidade Funcio- nal. Damos mais às UCCs do que às outras, mas somos poucos, cerca de 18, e não che- gamos para todas as “encomendas”. Mas ainda conseguimos o milagre de publicar o “PARTILHA”! Compreendemos agora os desafios e as dificuldades das diferentes profissões, e aproximámo-nos. Sim, acredito que agora, passados três anos a proximidade e o co- nhecimento que temos uns dos outros per- mite-nos apoiarmo-nos e claro, também, tecer críticas. Com lealdade, com respeito, porque, acima de tudo, queremo-nos bem. E não falta nem a maçã, nem o café. O chá e um biscoito ou uma torradinha estão ali quando nos juntamos. Já sabemos onde nos sentar se queremos que a reunião avance com mais celeridade, e sim, tomamos deci- sões participadas. E mais, confiamos que o coordenador irá defendê-las onde e junto de quem de direito. É olhando um pouco para isto que se criou que me sinto tranquilo e satisfeito. Cada um teve o seu espaço, e foi dada a oportunidade aos colegas para me acompa- nharem nas reuniões com as lideranças da instituição. Foi preciso experienciar a coor- denação de uma Unidade Funcional e vários colegas acompanharam-me neste processo. Sei que a minha substituição causará mudan- ça, é por essa razão que deixo o cargo, mas também sei que a minha saída não irá causar muito sobressalto. A URAP Pinhal Litoral está mais madura, e acredito que esta evolu- ção será benéfica e trará mais oportunidades de desenvolvimento. Senti-me, nestes três anos, rodeado por colegas que confiavam em mim. Procurei sempre, dentro das minhas capacidades, devolver essa confiança com trabalho e dedi- cação. Quero deixar apenas mais duas palavras: Muito Obrigado! Emanuel Vital Coordenador da URAPPL Nota editorial Nesta edição: Nota Editorial 1 A Multiculturalidade 2 Atividades Relevantes 15 Notícias 22 Crónica 29 A Equipa 30 Ficha Técnica 31 PARTILHA

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Page 1: PARTILHA - SNS

Edição n.º 3 março de 2016

Boletim informativo da Unidade de Recursos

Assistenciais Partilhados Pinhal Litoral

Até sempre…

O tempo passa num ápice!… 3 anos …

Em três anos nutricionistas conheceram

fisioterapeutas, higienistas orais trocaram

ideias com técnicos de radiologia e ortoptis-

tas, psicólogos partilharam opiniões com

assistentes sociais, e no meio disto tudo

criou-se uma equipa com uma identidade:

somos URAP Pinhal Litoral.

Partilhamos recursos, damos horas da nossa

atividade a esta e a aquela Unidade Funcio-

nal. Damos mais às UCCs do que às outras,

mas somos poucos, cerca de 18, e não che-

gamos para todas as “encomendas”. Mas

ainda conseguimos o milagre de publicar o

“PARTILHA”!

Compreendemos agora os desafios e as

dificuldades das diferentes profissões, e

aproximámo-nos. Sim, acredito que agora,

passados três anos a proximidade e o co-

nhecimento que temos uns dos outros per-

mite-nos apoiarmo-nos e claro, também,

tecer críticas. Com lealdade, com respeito,

porque, acima de tudo, queremo-nos bem.

E não falta nem a maçã, nem o café. O chá e

um biscoito ou uma torradinha estão ali

quando nos juntamos. Já sabemos onde nos

sentar se queremos que a reunião avance

com mais celeridade, e sim, tomamos deci-

sões participadas. E mais, confiamos que o

coordenador irá defendê-las onde e junto de

quem de direito.

É olhando um pouco para isto que se criou

que me sinto tranquilo e satisfeito.

Cada um teve o seu espaço, e foi dada a

oportunidade aos colegas para me acompa-

nharem nas reuniões com as lideranças da

instituição. Foi preciso experienciar a coor-

denação de uma Unidade Funcional e vários

colegas acompanharam-me neste processo.

Sei que a minha substituição causará mudan-

ça, é por essa razão que deixo o cargo, mas

também sei que a minha saída não irá causar

muito sobressalto. A URAP Pinhal Litoral

está mais madura, e acredito que esta evolu-

ção será benéfica e trará mais oportunidades

de desenvolvimento.

Senti-me, nestes três anos, rodeado por

colegas que confiavam em mim. Procurei

sempre, dentro das minhas capacidades,

devolver essa confiança com trabalho e dedi-

cação.

Quero deixar apenas mais duas palavras:

Muito Obrigado!

Emanuel Vital

Coordenador da URAPPL

Nota editorial

Nesta edição:

Nota Editorial 1

A Multiculturalidade 2

Atividades Relevantes 15

Notícias 22

Crónica 29

A Equipa 30

Ficha Técnica 31

PARTILHA

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A multiculturalidade é um tema com contor-

nos… múltiplos.

As características étnicas, sociais, económi-

cas, religiosas e mesmo as características

ambientais de um determinado grupo popu-

lacional conjugam-se de variadas formas para

a criação de um conjunto de valores, cren-

ças e comportamentos que condicionarão o

modus vivendi de uma sociedade e, em última

instância, a saúde das pessoas.

Esta riqueza de manifestação das organiza-

ções sociais humanas é reconhecida desde

sempre. A época dos descobrimentos deu a

conhecer ao mundo europeu a realidade de

África, da Ásia e das Américas. As trocas

comerciais, acima de tudo, constituíram o

principal meio pelo qual se conheceram

realidades sociais bem diferentes que habi-

tam este planeta.

No mesmo sentido, o movimento expansio-

nista de vários países do mundo, a maior

parte das vezes através da sua componente

bélica, ultrapassou fronteiras e cruzou civili-

zações.

Os processos migratórios que se lhe foram

seguindo contribuíram com especial relevân-

cia para o contato direto e para o entendi-

mento das várias formas de viver e de ver a

vida.

Viram-se pés enfaixados que retratavam a

beleza e estatuto social da menina chinesa

mas que condicionava também a sua mobili-

dade e a sua saúde.

Viram-se ritos de iniciação na entrada da

puberdade que apresentam várias manifesta-

ções consoante as culturas, observando-se

práticas de mutilação e outras que podem

ser consideradas como ofensas corporais

segundo o padrão ocidental.

Cicatrizes hipertróficas da pele são provoca-

das com o objetivo de alcançar a beleza em

algumas tribos de África; na Ásia adornam-se

com anéis as raparigas provocando o alonga-

mento do pescoço com o mesmo propósito

de beleza.

O estudo de cariz antropológico de Roseiro

(2013), enriquece o conhecimento que já

tínhamos da prática da mutilação dentária

praticada em Moçambique pelos Makonde,

que, com certeza, causa alterações da estru-

tura orofacial e das funções da fala e da mas-

tigação.

Até para comportamentos universais como

sentar e andar, o que é normal ou típico

numa cultura pode não o ser noutra. Papalia

e Olds (1992) trazem vários exemplos de

como o contexto cultural pode ter alguma

influência no desenvolvimento motor. Por

exemplo, os bebés negros africanos são mais

precoces na motricidade global que os bebés

europeus e estes mais precoces que os asiá-

ticos. Estas diferenças podem estar relacio-

nadas com cuidados distintos. Os bebés

Arapesh na Nova Guiné conseguem ficar de

pé, segurando-se em algo, antes mesmo de

conseguirem sentar-se sozinhos. Aos três

meses, os bebés da península do Yucatan no

México estão mais avançados que os bebés

americanos no domínio da manipulação; no

entanto, aos 11 meses estes encontram-se

mais atrasados na área da locomoção, tão

atrasados que segundo o padrão de desen-

IMAGEM

brasilnamao.co.uk

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volvimento, este atraso poderia ser conside-

rado como patológico. Esta situação prova-

velmente está relacionada com o facto des-

tes bebés serem enfaixados nos seus berços,

e mais tarde serem restringidos de várias

maneiras.

Esta diversidade cultural reflecte-se de mo-

do mais visível nos hábitos e comportamen-

tos alimentares, que se assume como carac-

terística identitária das diversas comunidades

e países. Aqui também, as modas e a força

do mercado, vão criando pressões de consu-

mo com repercussões na saúde, sendo um

exemplo estudado, o padrão alimentar base-

ado no “fast food” (Martins, 2009), ou a

facilidade de acesso a alimentos de alta den-

sidade calórica (Barreto, 2005).

A cultura tem, definitivamente, uma impor-

tância decisiva na formação de crenças e

valores que influenciam o comportamento

humano e isto constitui uma determinante

da saúde, quer seja pela adopção de com-

portamentos de risco sobre as mais diversas

manifestações – actividades radicais, consu-

mos, violência -, quer seja, até mesmo, pelo

evitamento dos serviços de saúde ou recusa

a determinados procedimentos técnicos, que

em algumas circunstâncias poderiam salvar

vidas.

Neste sentido, a multiculturalidade apresen-

ta-se como um tema que não deve ser negli-

genciado, e cada vez mais tem um papel de

destaque na área da saúde.

A globalização acelerou todo este processo.

Assiste-se hoje a uma marcada multicultura-

lidade em cada país, em cada cidade, em

cada freguesia. No mesmo bairro e no mes-

mo edifício pessoas com heranças culturais

distintas constroem novas realidades.

É um pouco das implicações que este fenó-

meno pode ter no comportamento e na

saúde das pessoas que este número do

“PARTILHA” trata. A questão da comunica-

ção entre grupos sociais com culturas dife-

rentes, e o acolhimento de pessoas refugia-

das também irá merecer a necessária aten-

ção.

Votos de uma boa leitura. E.V.

REFERENCIAS:

- Papalia, D. E. e Olds S. W. (1992). Human

Development. 5th edition. McGraw-Hill.

New York.

- ROSEIRO, A. H. R. (2013). Símbolos e

práticas culturais dos Makonde. Coimbra :

[s.n.]. Tese de doutoramento.

- Martins, M. J. R. L. (2009). Hábitos alimen-

tares de estudantes universitários: Trabalho

de Investigação. Edição de autor. Porto.

- Barreto S. M. e colaboradores (2005).

Análise da Estratégia Global para Alimenta-

ção, Atividade Física e Saúde, da Organiza-

ção Mundial da Saúde. Epidemiologia e Servi-

ços de Saúde. Vol. 14 (1): 41-68.

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MARCHAS DOS HORRORES

No inicio do século XXI, ainda se assiste

de forma vergonhosa para a humanidade

a “fileiras” de pessoas que fogem à vio-

lência das guerras e em vez de acolhi-

mento, encontram desconfiança e o re-

chaçar deste tipo de vizinhança, de gen-

tes diferentes, por essa Europa fora, e às

nossas portas, e de forma diferente, aco-

lhemos refugiados na Marinha Grande,

embora com acolhimento à nossa manei-

ra, em Português suave. Atente-se.

Tendo em conta que esta edição do boletim

da URAP PL, “Partilha” é dedicado à multi-

culturalidade, parece-nos pertinente que a

área funcional da Psicologia não deixe de

fazer uma referência a um dos maiores e

atuais flagelos que a Europa tem a braços, as

migrações de refugiados e as implicações nas

multiculturalidades. Isto inclusive, numa

altura em que, na redistribuição destes mi-

grantes pelo continente europeu, tenha

levado a que alguns tenham mesmo chegado

à área de abrangência do ACES PL, mais

especificamente à Marinha Grande. Isto, não

invalidando que outros mais migrantes pos-

sam chegar a Portugal, não sabendo da pos-

sibilidade de que mais alguns possam ter que

vir a ser abrangidos pelos nossos serviços de

saúde no Pinhal Litoral.

A propósito deste tema, na revista E do

jornal Expresso de 13 de Fevereiro de 2016,

o jornalista Daniel Ribeiro através de uma

excelente reportagem, descrevendo um

exemplo deste terrível flagelo num dos cam-

pos de refugiados a partir de Calais em Fran-

ça, às portas da ilha da Grã-Bretanha, faz um

sucinto relato que não deveria escapar àque-

les que pelos valores humanos se interessam

e preocupam e que poderão vir ter às nos-

sas portas.

Na “Selva de Calais” como lhe chama Daniel

Ribeiro, pode ler-se «(…) os rapazes passam

o dia em pequenos grupos ao longo das

“avenidas” e no labirinto de ruelas e de ca-

minhos sinuosos que compõem o bairro de

lata.”. Apenas homens, não se vêem mulhe-

res, não há misturas. Cada tasquita tem a sua

marca étnica, não se misturando os que têm

religiões distintas. E, referindo-se ao drama

das crianças, refere existirem crianças sozi-

nhas, que perderam o contacto com os seus

progenitores ou familiares e que durante a

travessia pelo mar, tiveram de beber água

salgada, enquanto outros refugiados se de-

gladiavam pela água potável. Crianças perdi-

das, carentes de afecto e que apesar do

drama ainda conseguem sorrir, como refere

na sua descrição. Os jovens adolescentes,

também muitos deles sem família, terão sido

identificados como cerca de 300 menores

sozinhos na “Selva” de Calais.

Sem nos esquecermos da violência original,

gerada pela forçada partida dos seus lares,

das suas terras, dos seus países de origem,

fugindo á violência das balas e às atrocidades

das guerras, estas pessoas desalojadas e

deslocalizadas, em condições sub-humanas,

com formas de fuga onde arriscam a vida e

confrontando-se com a perda da mesma,

por alguém mesmo ao seu lado.

Perante o horror desta descrição, podemos

tomar contacto, ainda que de forma distan-

te, com a violência a que qualquer ser huma-

no nestas condições está sujeito e é con-

frontado com tais terríveis experiências. Do

enorme esforço que leva a que alguém se

mova para a frente, nestas circunstâncias,

tentando preservar a vida, valor primordial,

enfrentando forte angústia de morte, procu-

rando locais ainda que desconhecidos, ex-

pectantemente mais seguros e supostamente

com o imaginário de melhores condições de

preservação da vida.

Sujeitos a tais traumatizantes experiências,

não deixam os indivíduos, tal como nos

relata Daniel Ribeiro, mesmo em situações

dramaticamente degradantes, de se reagru-

parem segundo os valores identificatórios,

oriundo de costumes de uma culturalidade

básica original. Esses valores e tradições que

por si vão reagrupando os indivíduos, que se

vão reorganizando e distinguindo uns dos

outros pelos seus hábitos, costumes e ritos,

fazem com que este reagrupamento lhes

permita identificações entre pares, gerando

sentimentos de maior protecção e mais

securizantes. Percebe-se que devolvendo

este sentimento de pertença e de unidade

entre indivíduos, leve a uma delimitação

psicológica de território que levará à separa-

ção e distinção entre grupos dentro da pró-

pria “Selva”, o campo de refugiados.

As famílias que conseguem manter-se juntas,

constituem-se como pequenos núcleos, mais

protectores e mais organizados e muitas

vezes com a possibilidade de manter esses

valores de raízes genéticas, que permitem

uma maior força mental ao risco da deses-

truturação psicológica interna do ser huma-

no. Ainda que assim reagrupados e perten-

centes a esta reorganização, onde se inse-

rem todo o tipo de indivíduos, com todo o

tipo de educação, valores, atitudes, compor-

tamentos, mas ainda assim com a identifica-

ção dos seus costumes culturais comuns,

que os mantém reagrupados. Assim e como

em qualquer grupo com referências culturais

comuns, estes indivíduos estarão à mercê

das rixas e conflitos inter-indivíduos e inter-

grupos dentro da sua comunidade e intra-

grupos com diferentes hábitos, referências

culturais e etnias no perímetro do campo.

Por força destas identidades reagrupam-se,

tendo em conta hábitos e costumes, ritos e

mitos, valores religiosos, hábitos quotidia-

nos, das leis, das regras instauradas nos seus

Multiculturalidade e psicologia

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locais originários, homens na rua, mulheres

em casa com as restrições impostas, as ves-

tes, a forma da gastronomia possível segun-

do os alimentos que se conseguem obter, a

imagem visual e os próprios rituais inerentes

á sua própria identidade cultural.

E como se não bastasse, em torno destes

campos, existe uma população local que,

perante tais ambientes delicados e potencial-

mente explosivos, são confrontadas com

maior ou menor disponibilidade para este

tipo de hospitalidade emergente. Das forças

de autoridade, que bem ou mal, possam usar

a força para manter a ordem, grupos mais

radicais, ligados ao racismo ou a ideologias

politicas de extrema-direita, mais ou menos

organizados levam a um aumento do espaço

de conflito e clima tenso extra vedação,

onde derivado a estas rixas, inúmeras vezes

acabam este indivíduos nas instituições hos-

pitalares a receber tratamento por agres-

sões.

Assim, não só estes seres humanos têm de

conviver em condições de grande precarie-

dade em termos de cuidados básicos, ao

nível da higiene individual e pública, da ali-

mentação, da segurança e protecção da pró-

pria vida, vivem em permanente tensão en-

tre as possibilidades dos estados emocionais

dos indivíduos com quem coabitam dentro

dos seus grupos identitários, à mercê dos

conflitos entre grupos diferentes, bem como

em permanente tensão com a população

local, que facilmente periga a boa vizinhança.

São ambientes de permanente tensão e se

naturalmente nestas populações migrantes,

existe quem fuja das guerras procurando

segurança, aqueles haverão que se aprovei-

tam destes fluxos migratórios para procurar

formas de melhores situações de vida eco-

nómica e á mistura, também indivíduos infil-

trados provenientes dos movimentos q eu

são exactamente os responsáveis por causar

o terror, cujo uma das consequências, será

exactamente a criação destes caóticos fluxos

migratórios.

À parte deste mal-estar social à escala mun-

dial e à parte do vergonhoso que se torna

para a civilização humana, continuarem a

existir, no século XXI, este tipo de marchas

dos horrores, naquilo que mais directamen-

te nos diz respeito e numa menor escala, é a

possibilidade de em Portugal e na zona geo-

gráfica de Leiria ou seja, de actuação do

ACES Pinhal Litoral, termos de acolher

estes cidadãos migrantes e poder cuidar de

pessoas oriundas destas autênticas películas

reais que mais parecem saídas de uma tela

branca cinematográfica, o que já é uma reali-

dade na Marinha Grande.

Cabe-nos enquanto profissionais de saúde,

perceber nestes indivíduos, que dos nossos

cuidados possam vir a necessitar, ter em

conta naturalmente o seu estado de saúde

físico, emocional e situação social. É impor-

tante perceber que cada um trará consigo as

suas feridas, os seus dissabores e os seus

traumas de violência, mas também os seus

hábitos e os seus costumes enraizados de

terras tão longínquas.

Multiculturalidade e psicologia (cont.)

http://conceitos.com

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Após tais vivências passadas, que não retrac-

tam tudo o que poderão ter vivido mas, uma

ínfima parte, basta ler a citada reportagem e

perceber que existe muito mais por detrás

dessa e desta pequena reflexão sobre tal

flagelo, mas que de pessoas se trata.

Acolher não será dizimar ou segregar, mas

sim integrar, num respeito mútuo, prestando

os necessários cuidados de saúde, respeitan-

do e fazendo respeitar as culturas e os hábi-

tos culturais de cada um, entre os que aco-

lhem e os que são acolhidos. Naturalmente

dentro das regras de inserção básica de uma

qualquer comunidade.

A população portuguesa, conhecida como

hospitaleira e acolhedora, de hábitos facil-

mente integradores, no seu já habitual por-

tuguês suave, mais ainda mais, no que aos

técnicos de saúde diz respeito, seria impor-

tante realçar os cuidados a ter em relação

aos ambientes de onde poderão ser proveni-

entes tais migrantes, para uma cuidada res-

posta às suas necessidades emergentes, não

deixando de ter em conta os valores cultu-

rais enraizados em cada individuo.

Quando se refere valores enraizados numa

cultura, ter-se-á em conta a visão que têm

do mundo, tendo em conta as relações des-

se homem com o mundo e vice versa, os

mitos fundadores relacionados com a sua

história real ou imaginária, a sua língua, os

seus costumes, no que respeita essencial-

mente a uma concepção espiritual e prática

do dia a dia, como os seus ritos, hábitos

alimentares e de vestuário, a religião domi-

nante e suas práticas, a arte, o sentimento

de pertença e identificações á cultura pró-

pria, as representações do mundo visível e

do mundo invisível, a maneira própria de

viver e de morrerem.

Naturalmente que alguém deslocado das

suas origens e mais nas circunstâncias des-

critas, poderá desencadear ou exacerbar

determinados traços paranóides, não ligados

Multiculturalidade e psicologia (cont.)

a uma concepção patológica ocidental, mas

sobretudo um desencadeamento oriundo de

um mecanismo de defesa ou resistência ao

perigo de absorção ou desintegração, ou

mesmo de segregação desses valores enrai-

zados e orientadores de condutas e modus

vivendis.

É que, nestes valores citados, integra-se um

bem comum social e comunitário, trazido e

intrincado, ou seja, a forma como os indiví-

duos de uma determinada comunidade ou

sociedade, interiorizam juntos, combinações

de estímulos enraizados desde a infância e

vão expressando ao longo da vida, valores

como a dignidade, a distinção entre o bem e

o mal, a defesa da sua nação e do seu capital

intelectual, a aceitação de valores comuns,

os discursos ideológicos e religiosos, como a

escolha de um Deus e dos seus cultos religi-

osos, os rituais das relações e de união en-

tre elementos da comunidade, a socialização

interpares, as comemorações e os rituais

fúnebres isto é, a forma como enterram e

onde enterram os mortos.

Qualquer individuo desenraizado do seu

meio cultural e social, das suas referências e

valores, poderá sofrer dificuldades em

aprender, integrar, organizar e adaptar-se

dentro das raízes e condutas locais, diferen-

tes das suas de origem, desencadeando fenó-

menos que poderão ser reconhecidos como

desadaptação psicológica relacionada com

patologia mental quando não mais não será,

uma dificuldade de adaptação e de integra-

ção a uma nova e diferente realidade.

Tiago Caldeira

Psicólogo Clínico da URAPPL

Bibliografia recomendada:

Israel, L. (1995), Cérebro Direito Cére-

bro Esquerdo, Epigénese e Desenvolvi-

mento, Instituto Piaget, p 213- 220

Laplantine, F. (1978), Etnopsiquiatria,

Vega Universidade p. 67- 99

Citação de artigos de imprensa:

Ribeiro, D. (2016) A Selva de Calais, in

E, A Revista do Expresso, Edição 2259,

p. 44-47

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Enquadrando a abordagem do Serviço Social

nesta temática “Multiculturalidade na Saúde”

salienta-se o papel do Assistente Social, que

focado nos factores sociais da saúde será um

dos profissionais, por excelência, para aco-

lher e integrar o cidadão estrangeiro nos

serviços de saúde.

Assim sendo, nunca é demais referir, que

existe o Manual de Acolhimento no Aces-

so ao Sistema de Saúde de Cidadãos Es-

trangeiros que preconiza como objetivo

geral disponibilizar um conjunto de orienta-

ções que assegurem a identificação e os

procedimentos necessários à inscrição e

acesso de cidadãos estrangeiros ao sistema

de saúde português.

Tendo em consideração a conjuntura atual,

nomeadamente a chegada de cidadãos es-

trangeiros, com estatuto de refugiado ao

nosso país destaca-se o ponto 3.4 das pág.40

a 42 do referido Manual:

Acesso ao sistema de saúde por cida-

dãos estrangeiros com estatuto de

refugiado ou direito de asilo em Portu-

gal .

Nos termos da legislação em vigor, é reco-

nhecido aos requerentes de asilo ou de pro-

teção subsidiária e respetivos membros da

família o acesso ao Serviço Nacional de Saú-

de.

O reconhecimento do acesso ao sistema de

saúde de todos os requerentes de asilo inse-

re-se dentro das medidas previstas no novo

regime jurídico-legal em matéria de asilo e

refugiados, no sentido de dotar o sistema

nacional de apoio aos requerentes de asilo e

refugiados de mecanismos que permitam ao

Estado Português assegurar aos requerentes

de asilo, até decisão final do pedido, condi-

ções de dignidade humana, de forma mais

consentânea com normas internacionais a

que Portugal aderiu.

O artigo 52.º da Lei n.º 27/2008, de 30 de

junho, alterada pela Lei nº 26/2014 de 5 de

Maio, que estabelece as condições e proce-

dimentos de concessão de asilo ou protec-

ção subsidiária e os estatutos de requeren-

tes de asilo, de refugiados e de protecção

subsidiária, reconhece desde o momento da

emissão de declaração comprovativa da

apresentação do pedido de asilo, o acesso

ao sistema de saúde, nos termos fixados pela

Portaria nº 30/2001, 17 de Janeiro e Portaria

nº 1042/2008, de 15 de setembro.

Os requerentes de asilo ou de protecção

subsidiária e respectivos membros da família

têm acesso gratuito ao sistema de saúde

para efeitos de cuidados de urgência, incluin-

do diagnóstico e terapêutica, e de cuidados

de saúde primários, bem como assistência

medicamentosa, a prestar pelos serviços de

saúde da sua área de residência.

Os cuidados de saúde primários referidos

anteriormente, cujos encargos são suporta-

dos pelo Serviço Nacional de Saúde, inclu-

em:

a) A prevenção da doença e promoção da

saúde e os cuidados de tipo ambulatório,

abrangendo os de clínica geral, materno-

infantis e de planeamento familiar, escolares

e geriátricos;

b) Cuidados de especialidades, abrangendo

nomeadamente as áreas da oftalmologia, da

estomatologia, da otorrinolaringologia e da

saúde mental;

c) Internamentos que não impliquem cuida-

dos diferenciados;

d) Elementos complementares de diagnósti-

co e terapêutica, incluindo a reabilitação;

e) Cuidados de enfermagem, incluindo os de

visitação domiciliária.

Serviço Social e multiculturalidade na saúde

www.indice.eu

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Página 8

Para efeitos de acesso ao sistema de saúde,

os requerentes de asilo ou de protecção

subsidiária e respectivos membros da família

deverão ser titulares e portadores de decla-

ração comprovativa de apresentação de um

pedido de asilo ou de protecção subsidiária

ou de autorização de residência provisória

válidos.

O reconhecimento aos requerentes de asilo

do direito de acesso ao sistema de saúde

cessa com a decisão final que recair sobre o

seu pedido de asilo, salvo quando, avaliada a

situação médica do requerente, esta não

permita a sua cessação.

Tenha em atenção os seguintes procedimen-

tos no momento de acesso destes cidadãos

estrangeiros ao sistema de saúde:

a) Pedir um documento de identificação do

cidadão estrangeiro (passaporte, cartão de

identidade em vigor no seu país de origem).

b) Solicitar declaração comprovativa do

pedido de asilo ou protecção subsidiária.

c) Abrir uma ficha de identificação para o

cidadão certificando-se da correta introdu-

ção da nacionalidade, da morada e dos mei-

os de contacto

d) Se este cidadão já possuir uma ficha, con-

firmar sempre possíveis alterações nos da-

dos, com especial atenção para a morada e

meios de contacto.

e) Deverá ser utilizado o código referente

ao Fluxo 11, para a identificação da Entidade

Financeira Responsável (EFR).

No âmbito desta matéria e uma vez que

estão acolhidos alguns refugiados na fregue-

sia de Leiria, tem sido estabelecida uma arti-

culação entre os serviços da Segurança Soci-

al e o Serviço Social do C. S. Dr. Gorjão

Henriques, no sentido de melhor acolher e

integrar esta população.

Mara Cardoso

Rita Ferreira

Assistentes Sociais da URAPPL

Serviço Social e multiculturalidade na saúde (cont.)

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Alguns estudos têm demonstrado que crian-

ças inseridas em comunidades com fracos

recursos ou de minorias étnicas apresentam

níveis de cárie mais elevados (Pine et

al,2004).

Num estudo observacional, descritivo e

retrospectivo, foram recolhidos dados acer-

ca de oito sistemas de saúde oral europeus,

com vista à compreensão das estratégias

definidas e adotadas pelos diferentes países e

à análise do tipo de intervenções a ser ela-

boradas para o alcance das metas de saúde

oral definidas pela OMS para o ano 2020.

Foram selecionados oito países membros da

União Europeia e da mesma área geográfica:

Portugal, Espanha, França, Grécia, Holanda,

Bélgica, Reino Unido e Suécia.

Do levantamento de dados efetuado foi

possível constatar que a presença de cárie

dentária no ano 2010, em crianças com 12

anos de idade, apresentava uma percenta-

gem mais elevada nas crianças da Grécia

(63%), seguidas por Portugal (56%), Holanda

(47%), Espanha (45%), Bélgica e França

(ambas com 44%). Com menor proporção

de crianças afetadas (37% e 31%, respectiva-

mente) surgiram a Suécia e o Reino Unido.

Considerando como principal fonte de con-

sulta o European Observatory on Health Sys-

tems and Policies, a situação de cada país em

estudo, designadamente ao nível das inter-

venções de saúde oral implementadas, são as

seguintes:

Saúde Oral e multiculturalidade

A globalização e urbanização do mundo

actual têm intensificado as alterações nos

níveis de desenvolvimento das sociedades,

emergindo novos desafios na área da saúde,

em particular na saúde oral (Peterson e

Kwan, 2010).

Uma parte significativa da população mundial

sofre de doenças na cavidade oral, sendo

que populações mais desfavorecidas vêm

essa situação agravada e frequentemente

não recebem tratamentos orais adequados.

A promoção da saúde oral e a prevenção

das doenças orais é uma área de elevada

importância, mas muitas vezes negligenciada,

particularmente nos países de média e baixa

renda (Peterson e Kwan, 2010).

Os tratamentos orais estão no quarto lugar

na lista de tratamentos mais dispendiosos

em todo o mundo.

O Programa de Saúde Global da Organiza-

ção Mundial de Saúde enfatiza que a saúde

oral é uma condição determinante para a

qualidade de vida, destacando que a promo-

ção de saúde oral é uma estratégia, que sob

o ponto de vista do custo/efectividade, re-

duz a carga das doenças orais nos sistemas e

mantém a saúde oral (WHO, 2008).

A cárie dentária continua a ser um problema

relevante nos países industrializados, afec-

tando a maioria dos adultos e entre 60 a

90% das crianças em idade escolar (Petersen

et al, 2005). É uma doença multifactorial,

crónica, prevenível e uma das mais comuns

na infância, mantendo-se a susceptibilidade

ao longo da vida (Selwitz, Ismail e Pitts,

2007).

Vários são os factores que influenciam a

prevalência e severidade da doença, nomea-

damente os comportamentos (hábitos de

higiene oral e alimentação), condições soci-

ais e económicas e predisposição genética,

entre outros (Fejerskov, 2004).

www.distritonline.pt

Page 10: PARTILHA - SNS

Página 10

Grécia (Economou, 2010; Kravitz; Treasure,

2009)

Desde 2008, está a ser implementado, pelo

Ministério da Saúde, um novo Plano de Ação

para a Saúde Oral cujo objectivo é desenvol-

ver programas e políticas de promoção de

saúde oral, para crianças, adultos emprega-

dos, idosos, sem abrigo, refugiados e pesso-

as portadoras de deficiência.

Holanda (Schäfer, 2010; Kravitz; Treasure,

2009)

O NMT introduziu o chamado "monitor de

saúde dentária" cujo objetivo passa pelo

alcance de uma elevada qualidade na presta-

ção de serviços de saúde oral.

Bélgica (Gerkens; Merkur, 2010; Kravitz;

Treasure, 2009)

Nos últimos anos tem sido dada maior aten-

ção aos cuidados preventivos, acessibilidade

a cuidados de saúde oral e acompanhamento

de jovens.

Reino Unido (Boyle, 2011; Kravitz; Treasu-

re, 2009)

Foram sugeridos programas locais mais para

promoção de melhores condições e estados

de saúde oral entre as populações locais,

incentivo à cessação tabágica, dietas melho-

radas e monitorização de comportamentos

(escovagem regular com dentífrico fluoreta-

do).

Suécia (Anell; Glenngård; Merkur, 2012;

Kravitz; Treasure, 2009)

Na Suécia todas as crianças e adolescentes

são convocados para um check-up regular,

todos os anos ou a cada dois anos (e se

necessário receberão tratamento) e todos

os pais são aconselhados a ‘inscrever’ os

filhos num dentista a partir dos 3 anos de

idade.

Após sumarização das variadas linhas de

atuação seguidas pelos diferentes países, é

possível concluir que de um modo geral, é

dado maior relevo a grupos prioritários,

principalmente crianças e adolescentes até

aos 18 anos de idade.

Importa evidenciar que de entre os países

analisados nenhum apresentou práticas idên-

ticas às desenvolvidas em Portugal, como o

cheque-dentista, a referenciação higienista

oral e o diagnóstico do cancro oral.

Importa lembrar também que as diversas

políticas adotadas pelos vários países tentam

seguir a evidência gerada. Apesar de existir

maior foco em alguns grupos de risco, uma

perspetiva que inclua todo o ciclo de vida é

fundamental. E todos os países estão, de

certa maneira, a desenvolver estratégias

nesse sentido.

Olga Alves

Magda Antunes

Higienistas Orais da URAPPL

Saúde Oral e multiculturalidade (cont.)

Portugal (Barros; Machado; Simões, 2010;

Kravitz; Treasure, 2009; DGS, 2005; OMD,

2010)

As intervenções de saúde oral estão direcio-

nadas à prestação de cuidados a crianças e a

outros grupos prioritários sob negociação

entre a Ordem dos Médicos Dentistas e o

Estado (DGS). Nos últimos anos vários pro-

gressos têm sido alcançados, através do

Programa Nacional de Promoção de Saúde

Oral (PNPSO), com resultados favoráveis

em crianças e adolescentes e posteriormen-

te outros grupos. Beneficiam deste Progra-

ma as crianças dos 3 aos 16 anos, as grávidas

seguidas no Serviço Nacional de Saúde, os

beneficiários do complemento solidário para

idosos e os utentes infetados com o vírus do

VIH/SIDA.

Espanha (García-Armesto; et al., 2010;

Kravitz; Treasure, 2009)

Desde 1989 existem alguns programas desti-

nados a crianças dos 6 aos 15 anos de idade

nas regiões do Pais Basco e Navarra. Poste-

riormente (2003), surgiu um novo programa

desenvolvido nas regiões da Andaluzia e

Múrcia que, em 2008 já se encontrava a ser

implementado por todo país, este é destina-

do a crianças a partir dos 6/7 anos de idade.

França (Chevreul; et al., 2010; Kravitz;

Treasure, 2009)

O programa foi inicialmente direcionado a

adolescentes com idade entre 15 e 18 anos,

e em 2003, foi estendido para adolescentes

entre 13 e 15 anos. Assim, o programa que

contou com cartas-convite enviadas direta-

mente para a habitação dos adolescentes,

parece ter melhorado condição de saúde

oral dos mesmos.

A partir de 2007, deveriam começar a ser

agendadas, para todas as crianças na escola

primária, sessões de prevenção de saúde

oral e um exame anual de higiene oral co-

meçou a ser oferecido a todas as crianças de

6, 9, 12, 15 e 18 anos (com obrigatoriedade

para os 6 e 12 anos de idade).

http://www.euro.who.int

Page 11: PARTILHA - SNS

Página 11

Página 11

refeições, por exemplo. Por outro lado, em

Cuba alguns dos alimentos ainda são racio-

nados. Países como a China, que atravessam

uma situação de desenvolvimento e conse-

quente enriquecimento da população, ten-

dem a adoptar uma dieta mais ocidental. Em

contrapartida, em países como os EUA, a

elevada disponibilidade e o preço reduzido

de alimentos hipercalóricos torna o seu

consumo mais frequente, o que não se pode

dissociar do aumento da prevalência de

obesidade e de outras doenças crónicas não

transmissíveis.

Contudo, estas diferenças entre os países

com maior e menor desenvolvimento ten-

dem a reduzir com a crescente globalização.

Este processo, que afecta todos os domínios

da vida (as dimensões culturais, económicas,

políticas e ambientais), atinge também os

padrões de produção e consumo alimentar.

O processo de globalização, que teve início

há mais de 2000 anos com a expansão da

civilização europeia, que teve continuidade

mais tarde durante a época dos Descobri-

mentos e que se acentua a cada dia que

passa com o aumento dos movimentos mi-

gratórios, permite que nos chegue à mesa

um pouco da experiência alimentar proveni-

ente de todos os cantos do Mundo.

Mas se, por um lado, esta partilha de cultu-

ras enriquece a nossa gastronomia, apresen-

tando-nos diversos e novos paladares, tam-

bém nos traz, por outro lado, novos hábitos

de consumo que põem muitas vezes em

risco a saúde dos indivíduos (como o fast

food, por exemplo, cujo consumo excessivo

A alimentação é sem dúvida uma das maio-

res formas de expressão cultural do ser

humano. A economia, a política, a geografia,

o clima, a etnia e a religião, entre tantos

outros factores que condicionam a alimenta-

ção, traduzem a sociedade a que cada povo

pertence e são bem visíveis à sua mesa. É a

cultura que define os alimentos a ingerir e os

alimentos a evitar.

No projecto “Hungry Planet: what the

world eats”, apresentado em livro em 2007,

dois fotógrafos (Faith D’Aluisio e Peter Men-

zel) retratam trinta famílias de todo o mun-

do junto dos alimentos e bebidas que conso-

mem ao longo de uma semana. Com o ob-

jectivo de mostrar a diversidade alimentar,

estas imagens reforçam a importância da

base cultural na alimentação das diferentes

famílias.

Os alimentos apresentados surgem agrupa-

dos em diferentes categorias: os alimentos

propriamente ditos (carne, lacticínios, legu-

minosas, etc.) e miscelâneas (incluindo taba-

co, suplementos alimentares e ração para

animais, entre outros).

É possível perceber de imediato que nalgu-

mas famílias muitos dos alimentos são pro-

cessados – que se torna perceptível pelas

embalagens –, enquanto noutras são essenci-

almente frescos, por vezes resultantes de

produção própria ou da caça ou pesca. Da

mesma forma, facilmente se percebe que

nalgumas famílias os alimentos são abundan-

tes, escasseando noutras.

A pobreza, os conflitos e até as alterações

climáticas afectam a disponibilidade e o pre-

ço de alguns alimentos, condicionando assim

o seu consumo. A escassez de recursos

essenciais como a água, a energia ou até o

solo fértil, constitui uma realidade com a

qual, sobretudo os países de baixos rendi-

mentos, têm de lidar diariamente. Em países

como o Chade ou o Sudão, a ausência de

electricidade condiciona a confecção das

LEGENDA: fotos do livro “Hungry Planet: what the world eats”, retratando famílias do Sudão, do

Equador, dos EUA e da China.

Mais fotos em: http://menzelphoto.photoshelter.com/gallery/Hungry-Planet-Family-Food-

Portraits/G0000zmgWvU6SiKM/C0000k7JgEHhEq0w

Nutrição e cultura

Page 12: PARTILHA - SNS

Página 12

Nutrição e cultura (cont.)

ra (UNESCO), envolve um conjunto de

saberes, rituais, símbolos e tradições relacio-

nados com a produção, partilha e consumo

de alimentos, e preconiza o consumo abun-

dante de hortícolas, frutícolas e cereais, o

consumo moderado de lacticínios e carne e

o consumo regular de azeite e vinho. Este

padrão alimentar, ao qual foi atribuído o

estatuto de “bem frágil, valioso e com neces-

sidade de ser preservado para as gerações

futuras”, constitui um dos nossos maiores

legados culturais. E como tal, não pode, de

forma alguma, perder-se.

Carla Louro | 0274N

Sónia Rodrigues | 0356N

Nutricionistas da URAPPL

Referências bibliográficas:

Cunha, A. et al – O Futuro da Alimentação:

Ambiente, Saúde e Economia. Ed.Fundação

Calouste Gulbenkian, 2013.

D’Aluisio, F e Menzel, P – Hungry Planet:

what the world eats. Ten Speed Press,

2007.

Direcção-Geral da Saúde. Programa Nacio-

nal para a Promoção da Alimentação Saudá-

vel – Acolhimento de refugiados: Alimenta-

ção e Necessidades Nutricionais em Situa-

ções de Emergência. DGS-PNPAS, 2015.

Direcção-Geral da Saúde. Programa Nacio-

nal para a Promoção da Alimentação Saudá-

vel – Padrão Alimentar Mediterrânico: Pro-

motor de Saúde. DGS-PNPAS, 2016.

Partidário, A. et al – A Dieta Mediterrânica

em Portugal: Cultura, Alimentação e Saúde.

Faro: Universidade do Algarve, 2014.

aumenta o risco de obesidade e doença

cardiovascular) ou mesmo o equilíbrio dos

ecossistemas (o aumento exponencial do

consumo de sushi, por exemplo, coloca em

risco algumas das espécies de peixe utilizado

na sua confecção).

Num mundo cada vez mais globalizado, em

que as necessidades de uma população cada

vez maior têm que ser satisfeitas com recur-

sos essenciais cada vez mais escassos, impor-

ta pensar em sustentabilidade. É essencial

que as populações preservem a sua herança

cultural, aceitando e respeitando as novas

culturas que vão surgindo, mas considerando

as necessidades de redução do desperdício

alimentar e da pegada ecológica associada à

produção e transformação dos alimentos. É

igualmente essencial repensar comporta-

mentos e escolhas alimentares, no sentido

de promover a saúde e o bem-estar das

populações.

Preocupado com o mais recente fluxo mi-

gratório que traz até à Europa (e até Portu-

gal) cidadãos que fogem dos conflitos arma-

dos no Médio Oriente e em África, o Pro-

grama Nacional para a Promoção da Alimen-

tação Saudável da Direcção-Geral da Saúde

elaborou em 2015 o manual “Acolhimento

de refugiados: Alimentação e Necessidades

Nutricionais em Situações de Emergência”.

Este manual visa garantir o apoio nutricional

adequado às populações em trânsito, que

podem ver comprometido o seu acesso a

uma alimentação adequada e a cuidados

básicos de saúde, num esforço de integração

das diferentes culturas nas comunidades

locais.

O nosso país possui uma cultura alimentar

semelhante à dos outros povos da bacia

mediterrânica. A Dieta Mediterrânica, classi-

ficada como Património Cultural Imaterial da

Humanidade pela Organização das Nações

Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultu-

Page 13: PARTILHA - SNS

Página 13

A prevalência geral da Retinopatia Diabética

é influenciada por diversos factores.

Em países ricos em recursos, com um bom

sistema de saúde, o diagnóstico da Diabetes

é feito precocemente, influenciando assim a

diminuição da prevalência da Retinopatia

Diabética.

Quando os recursos são escassos e o siste-

ma de saúde é inexistente ou deficitário,

como acontece em muitos países pobres, o

número de casos de Retinopatia Diabética

aumenta devido a um diagnóstico tardio da

patologia que está na origem desta causa tão

grave de cegueira.

Segundo o Conselho Internacional de Oftal-

mologia, estima-se que nos Estados Unidos,

40% das pessoas com diabetes tipo 2 e 86%

das pessoas com diabetes tipo 1 apresentem

Retinopatia Diabética.

Em países Asiáticos os dados epidemiológi-

cos da Retinopatia Diabética são muito limi-

tados.

Na América Latina, 40% dos diabéticos apre-

sentavam alguma Retinopatia Diabética e

17% solicitaram tratamento.

No continente Africano foram realizados

poucos estudos sobre a Retinopatia Diabéti-

ca.

A realização de rastreios à Retinopatia Dia-

bética permite uma boa relação custo-

benefício, com poupanças significativas para

os sistemas de saúde.

Os custos envolvidos na prevenção da doen-

ça ocular diabética são muito menores em

relação aos custos do tratamento em fases

avançadas da doença e implicações da ce-

gueira provocada pela diabetes.

Os custos de um tratamento precoce po-

dem ser somente 10% dos custos de um

doente com Retinopatia Diabética avançada.

Referências:

- Conselho Internacional de Oftalmologia |

Diretrizes para o Tratamento do Olho Dia-

bético

- Henriques, J., Nascimento, J. & Silva, F.

(2012). 25 perguntas & respostas: Retinopa-

tia Diabética - Novo paradigma e cuidados.

Lisboa: Grupo de Estudos da Retina.

- GER – Grupo de Estudos de Retina e Gru-

po Português de Retina e Vítreo da Socieda-

de Portuguesa de Oftalmologia.

Dina Mendes

Ortoptista da URAPPL

Prevalência da retinopatia diabética

Anualmente em Portugal, mais de 3 mil pes-

soas atingem o grau de cegueira devido à

Retinopatia Diabética, segundo dados da

Sociedade Portuguesa de Oftalmologia.

Alguns destes casos poderiam ser evitados

com bom controle metabólico e tratamento

atempado da doença, através da realização

de rastreios.

Um bom controle da diabetes reduz a inci-

dência anual de desenvolvimento de Retino-

patia Diabética e prolonga a vida.

Detectar a Retinopatia Diabética em está-

dios de desenvolvimento precoces é extre-

mamente importante quer para o indivíduo,

quer para a sociedade. Esta é uma patologia

que acomete sobretudo cidadãos na idade

adulta e mais produtiva do ponto de vista de

laboral, tendo assim repercussões graves

para o doente, sua família e também para a

economia do país.

No nosso país existe um programa de ras-

treio de Retinopatia Diabética, integrado no

Programa Regional de Prevenção e Controlo

da Diabetes.

Na região Centro (Coimbra, Viseu, Aveiro,

Leiria, Covilhã Castelo Branco), através do

Programa de Rastreio, foram obtidos os

seguintes resultados durante o ano de 2015:

Uten-

tes

Sexo Olho Direito Olho Esquerdo

M F NA NC Repe-

tir R0 RL M RP NA NC

Re-

petir R0 RL M RP

19792 10550 9242 163 954 6 1639

1

190

5 356 23 181 1046 5

1648

2 1740 310 33

19792 53,3% 46,7

% 0,8% 4,8% 0,0%

82,8

% 9,6%

1,8

%

0,1

% 0,9% 5,3% 0,0%

83,3

% 8,8% 1,6% 0,2%

Tabela 1 - resultados obtidos durante o rastreio de retinopatia diabética na região Centro, em 2015.

LEGENDA:

NA – Não Aplicável NC – Não Classificável R0 – Sem Maculopatia

RL – Retinopatia não proliferativa ligeira (não referenciável) M – Maculopatia RP - Retinopatia proliferativa

Page 14: PARTILHA - SNS

O CUIDAR MULTICULTURAL NA

SAÚDE

Os fisioterapeutas, enquanto profissionais de

saúde, cuidam de pessoas de diferentes cul-

turas, como tal, para que obtenham sucesso

nas suas intervenções devem ser considera-

das, entre outras, a sua cultura.

Tendo em conta os dados do “Internacional

Migration Report 2002”do Departamento

das Nações Unidas, o número de migrações

duplicou desde os anos de 1970.

Cerca de 175 milhões de pessoas residem

fora do seu país de origem (Unesco,2006).

Numa mesma sociedade podemos encontrar

uma grande diversidade cultural associado

ao aumento das migrações, aumenta o desa-

fio da prestação de cuidados.

Mas afinal o que se entende por cultura?

Leininger citado por Bolander,1998 definiu

cultura comparando-a a um “guarda-chuva”,

termo que indica a acumulação de experiên-

cias humanas na sua transformação para uma

determinada forma de vida em relação a um

grupo de pessoas.

A multiculturalidade pode referir-se à dife-

rença visível entre pessoas de diferentes

grupos de população no que se relaciona

com os seus valores, crenças, linguagem,

características físicas e padrões gerais de

comportamento (Black citado por Contente

et al.,2001).

Em contexto de prestação de cuidados de

saúde, torna-se imprescindível o desenvolvi-

mento de competências individuais, comuni-

cacionais, interculturais e de cidadania.

Ramos (2012) chama a atenção para que a

comunicação em contexto de saúde esteja

adaptada às capacidades cognitivas, ao nível

cultural/educacional; às necessidades indivi-

duais, emocionais, sociais, culturais e linguís-

ticas do doente. Nesse sentido a efectivida-

de da comunicação irá suportar-se na escuta

ativa, na empatia, para se criar um clima de

Multiculturalidade e fisioterapia

confiança e de compreensão entre o utente

e os profissionais, o qual passa pelo diálogo,

por gestos, atitudes e palavras acessíveis e

simples.

A falta de conhecimento dos profissionais de

saúde sobre as representações e as crenças

de saúde e doença do utente/doente e sobre

as relações deste com o mundo social, espi-

ritual, cultural pode constituir um entrave

ou um recurso.

No contato com utentes de contextos cul-

turais distintos, é necessária uma formação

psicocultural e comunicacional dos profissio-

nais de saúde. Ramos (2012) propõe a inte-

gração de conhecimentos psicossociais, an-

tropológicos e comunicacionais na formação

dos profissionais de saúde. A dificuldade ou

ineficácia em estabelecer uma relação com-

preensiva, empática e afetiva pode conduzir

a uma atitude de distanciamento do profis-

sional de saúde e este poderá refugiar-se

numa relação meramente tecnicista e impes-

soal com o utente.

A relação com o corpo é outro elemento

que causa, por vezes algum desconforto,

conflito e dificuldade de comunicação entre

utente/fisioterapeuta, uma vez que o gesto, a

mímica, o toque, o olhar, o vestuário, a pos-

tura, o pudor, variam segundo as pessoas

inseridas em cada cultura específica. Como

exemplo, na cultura ocidental, o corpo da

pessoa e a nudez, em contexto clinico, não

tem carácter de tabu e pudor tão acentuado

comparativamente à cultura muçulmana.

Neste caso, particularmente para as mulhe-

res, estas podem recusar cuidados de saúde

efetuados por membros de outro sexo.

Pela diversidade de culturas, que caracteriza

o perfil de pessoas que atualmente recorrem

aos cuidados de saúde, reforça-se a perti-

nência do profissional de saúde estar dotado

de conhecimentos que lhe permitam atuar

de acordo com as “normas “culturais e o

respeito pela individualidade, quaisquer que

sejam as suas crenças ou valores.

Referências bibliográficas:

Ramos,M. Comunicação em saúde e inter-

culturalidade – Perspectivas Teóricas, Meto-

dológicas e Práticas. RECIIS – R.Eletr. de Com.

Inf.Inov. Saúde, v.6, nº4, 2012 (recuperado de

www.reciis.icict.fiocruz.br);

Barradas,A.,Rodrigues,J.&Pereira,M. O cuidar

multicultural como estratégia no futuro –

Nursing, nº 252 (recuperado de

www.forumenfermagem.org/dossier-tecnico/

revistas/item/3548);

Ramos, N. Cuidados de saúde e comunica-

ção na sociedade multicultural: discutindo

interculturalidade (s),práticas e políticas em

saúde. Health Care and Communication in

Multicultural Societies: Discussion Interculturali-

ties, Practices and politics of health

(recuperado de W:\artigo 2.htm);

Braga,G. (1997). Enfermagem transcultural e

as crenças, valores e práticas do povo ciga-

no. Revista escola Enfermagem USP,3

(31),pp.1.

Fisioterapeutas da URAPPL

guiadoestudante.abril.com.br

Página 14

Page 15: PARTILHA - SNS

Página 15

Atividades Relevantes

A URAP Pinhal Litoral inclui na sua missão a promoção da saúde e a prevenção da doença na

população da sua área geográfica, para obtenção de ganhos em saúde sustentáveis ao longo do ciclo de

vida, pelo que o trabalho em equipa e na comunidade, em geometrias variáveis, se torna essencial. Procura

ainda o desenvolvimento profissional e humano da sua equipa de profissionais.

Nesse contexto foram desenvolvidas múltiplas actividades, como as que descrevemos em seguida.

A Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados

Pinhal Litoral do ACeS Pinhal Litoral, com o apoio

do Município de Pombal, e com a colaboração do

neuropsicólogo Daniel Martins, organizou o Ciclo

Informativo "Prevenção do Suicídio nos Jovens", nos

dias 10 e 11 de setembro, pelas 18h00, no Mini Au-

ditório do Teatro-Cine de Pombal.

Enquadrado no Dia Mundial da Prevenção do Suicí-

dio, o ciclo teve como finalidade consciencializar e

debater sobre a problemática, tendo sido abordados

sinais de alerta e sintomas, estratégias de interven-

ção, prevenção em meio escolar e promoção da

saúde mental nos jovens, através de comunicações

de profissionais de saúde das áreas de medicina,

psicologia e enfermagem de saúde mental.

Destinado à população em geral – pais e cuidadores

– e a profissionais com intervenção em matérias da

juventude, contou com 60 participantes, com idades

compreendidas entre os 21 e os 56 anos, do conce-

lho de Pombal e outros concelhos adjacentes, das

áreas de educação, saúde, sociais e a título pessoal,

com uma avaliação bastante positiva por parte dos

mesmos, a par da presença nos media. Porque juntos

somos mais fortes (IASP). S.M.

24.09.2015_Dia da URAPPL

Teve lugar no dia 24 de

setembro de 2016 o

segundo aniversário da

nossa unidade.

Neste contexto, integra-

do num dos pontos da

reunião interna, foi desenvolvida a análise crítica

dos dois primeiros anos de constituição e desenvol-

vimento da Unidade, bem como atividades de team

building, pontuadas pela reflexão pessoal de cada um

dos profissionais e pelo fortalecimento dos laços

profissionais.

O SEGUNDO ANIVERSÁRIO DA URAPPL

Nesse sentido, foi ainda programada uma actividade

cultural, neste ano, no concelho de Pombal, permi-

tindo a descentralização e a partilha de um maior

conhecimento das áreas de abrangência e dos con-

textos profissionais dos diferentes elementos da

Unidade. S.M.

10 e 11.09.2015_Ciclo Informativo Prevenção do Suicídio nos Jovens

Page 16: PARTILHA - SNS

Página 16

Atividades Relevantes

2015-2016_Saúde Oral

O Programa Nacional de promoção da Saúde

Oral (PNPSO) continua em curso em todas as esco-

las da área de abrangência do Centro de Saúde.

No corrente ano lectivo (2015-2016), são abrangi-

das as crianças/jovens nascidas em 2008, 2005 e

2002.

As triagens/rastreios orais, sessões de educação

para a saúde e promoção da realização dos boche-

chos de flúor são atividades desenvolvidas pela Higi-

enista Oral em contexto escolar.

No novo Centro Escolar da Barreira, foi imple-

mentada a escovagem diária (realizada na escola)

pela higienista oral Olga Alves com a preciosa cola-

boração da Prof.ª Isabel Silva (coordenadora daquele

estabelecimento de ensino). De salientar a execução

dos suportes para as escovas de dentes pelos alunos

e professores (as).

Um bem-haja a estas iniciativas e colaboração dos

professores, auxiliares de educação e encarregados

de educação envolvidos em prol da Saúde Oral das

“nossas crianças”. O.A.

Page 17: PARTILHA - SNS

Página 17

Atividades Relevantes

Dada a manifestação de interesse do Agrupamento

de Escolas de Pombal e dos professores na conti-

nuidade das atividades desenvolvidas no ano ante-

rior, foram criadas novas apresentações, mantendo

a metodologia de apoio aos professores para desen-

volvimento de atividade no âmbito curricular.

Destinado ao 1º ciclo do ensino básico, foram abor-

dados temas para a promoção de consciência emo-

cional, gestão das emoções, prestar apoio e pedido

de ajuda.

Relativamente ao 2º ciclo, tendo por base a platafor-

ma online “Feliz Mente” em saúde mental para jo-

vens, foram abordados pelos professores os temas

de saúde mental, problemas ligados ao álcool e per-

turbações do comportamento alimentar. Ambas as

metodologias contaram com a participação ativa de

alunos e professores.

Foi ainda divulgado documento com o tema deste

ano alusivo ao Dia Mundial da Saúde Mental - Digni-

dade na Saúde Mental (WFMH).

S.M.

09 a 12.2015_Parentalidade Positiva

Ao logo de todo o ano decorre o curso "Somos Pais

e Agora?”, integrado no programa no âmbito da

Parentalidade Positiva da Unidade de Cuidados da

Comunidade do Centro de Saúde Dr. Arnaldo Sam-

paio (UCCAS).

O programa contem 12 sessões duas das quais são

da dinamizadas pela psicóloga Lina Duarte e abor-

dam os temas da Vinculação, dos modelos parentais

e da assertividade.

Neste âmbito estiveram presentes novos grupos de

pais, nos dias 15 e 22 de Setembro, 27 de outubro,

3 de novembro e 22 de dezembro de 2015, na junta

de freguesia de Marrazes, onde decorrem as ses-

sões, uma vez que a UCCAS tem pareceria com a

mesma, para o efeito. L.D.

10.11.2015_Dia Mundial da Saúde Mental

DIGNIDADE NA SAÚDE MENTAL (WFMH)

Page 18: PARTILHA - SNS

Página 18

Atividades Relevantes

16.10.2015_Dia Mundial da Alimentação

Comemorou-se no dia 16 de Outubro o Dia Mundi-

al da Alimentação.

O tema “Protecção social e agricultura: quebrar o

ciclo da pobreza rural”, definido pela Food and Agri-

cultural Organization (FAO) para 2015, teve como

objectivo a sensibilização para o apoio em situações

de pobreza, observadas sobretudo em contexto

rural, um pouco por todo o Mundo.

Foi difundida pelos profissionais de saúde do

ACESPL informação alusiva ao tema pelas nutricio-

nistas Carla Louro e Sónia Rodrigues. S.R.

12-16.10.2015_Semana da Alimentação na EB 2,3 Marrazes

No âmbito do Dia Mundial da Alimentação, come-

morado no dia 16 de Outubro, celebrou-se na EB

2,3 Marrazes a semana da alimentação, em parceria

com a UCC Dr. Arnaldo Sampaio.

Ao longo da semana foram desenvolvidas várias

actividades envolvendo toda a comunidade escolar,

onde se incluiu o workshop “Confecção de lanches

saudáveis”, que contou com a colaboração da nutri-

cionista Sónia Rodrigues. S.R.

Page 19: PARTILHA - SNS

Página 19

Atividades Relevantes

14.11.2015_Dia Mundial da Diabetes

Teve lugar nos dias 14 de Setembro e 16 de novem-

bro de 2015, no âmbito do Programa VIH/SIDA a

ação " A implementação do teste rápido do VIH nos

Centros de Saúde", no Departamento de Formação

da ARSCentro.

De entre os formadores desta acção, esteve a psicó-

loga Lina Duarte, desenvolvendo as questões do

aconselhamento pré e pós-teste, pela sua larga ex-

periência nesta área, tendo em conta que coordena

o Centro de Aconselhamento e Detecção precoce do

HIV/SIDA de Leiria, desde a sua abertura em 2001.

No dia 14 de Novembro comemorou-se o Dia

Mundial da Diabetes.

Neste âmbito, foi difundida junto dos profissionais

de saúde do ACESPL informação relativa a esta

comemoração, pelas nutricionistas Sónia Rodrigues

e Carla Louro, reforçando a importância de todos

os profissionais dos Cuidados de Saúde Primários na

prevenção e controlo desta doença, que afecta mais

de 13% da população portuguesa. S.R.

14 e 16.11.2015_A implementação do teste rápido do VIH nos CS

A formação foi dirigida a Profissionais de Saúde de

diversos Centros de Saúde da ARS Centro, pois

perspectiva-se a implementação dos teste rápidos

em todos os Centros de Saúde do país, como meio

da Direcção Geral da Saúde atingir um dos seus

objectivos neste âmbito, mais concretamente, al-

cançar até 2020 os denominados “90-90-90”: 90%

das pessoas a viver com VIH que sabem do seu esta-

dio; 90% das pessoas que sabem do seu estadio

positivo a realizar tratamento; e 90% das pessoas

em tratamento com cargas virais suprimidas. L.D.

Page 20: PARTILHA - SNS

Página 20

12.2015_Poster “Alongamentos no trabalho”

Atividades Relevantes

No âmbito de orientação de estágios de Fisioterapia nos cuidados de saúde primários, os alunos estagiários do 3º Ano da

Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Coimbra Carina Martins e João Rolim elaboraram em dezembro sob a orien-

tação da fisioterapeuta Carla Lemos, poster alusivo a alongamentos no local de trabalho, sem prejuízo do tempo de tra-

balho e com benefícios em saúde e no desempenho, a divulgar pelos profissionais do ACES PL. C.L.

Page 21: PARTILHA - SNS

Página 21

Atividades Relevantes

18.01.2016_Projeto “Gerações”_ARS Centro

A ARS Centro no âmbito da Saúde Escolar (SE) e a

Divisão de Intervenção nos Comportamentos Aditi-

vos e nas Dependências (DICAD), em parceria com

a Direcção –Geral dos Estabelecimentos Escolares

(DGESTE) do Centro, pretendem implementar um

projecto na área da Saúde Mental, intitulado

“Gerações”.

O objetivo deste projecto consiste em promover

competências nas crianças do pré-escolar e 1º ciclo,

através da identificação e gestão das emoções bási-

cas, desenvolvendo atividades que envolvem as cri-

anças, pais e educadores e em que a metodologia

utilizada é através da exploração de histórias.

O Centro de Saúde da Marinha Grande, ao nível do

programa de Saúde Escolar da Unidade de Saúde

Pública e da Unidade de Cuidados na Comunidade

foi um dos escolhidos para projecto piloto, a imple-

mentar no ano lectivo em curso, e por isso a psicó-

loga Lina Duarte, esteve presente no dia 18.01.2016

na primeira reunião decorrida na ARS Centro para

este propósito, bem como na formação realizada na

Escola Calazans Duarte da Marinha Grande nos dias

29 de fevereiro e 2 de março, como elemento da

referida equipa. L.D.

2015-2016_Projetos em Saúde Escolar_ARS Centro

A URAP PL em colaboração com as respetivas

UCC´s encontra-se a desenvolver no âmbito da

Saúde Escolar, no presente ano letivo, os seguintes

projetos integrados na ARS Centro, em parceria

com respetivas Instituições:

Conta, Peso e Medida (ARSC) destinado a

alunos do 5º ano e comunidade educativa, na

área da alimentação saudável e combate à

obesidade, com a colaboração dos profissio-

nais de nutrição e psicologia (Pombal);

+Contigo—Promoção de saúde mental e pre-

venção de comportamentos suicidários em meio

educativo (ESEC) destinado a alunos do 2º

ensino básico e comunidade educativa, na área de

saúde mental, com a colaboração dos profissionais

de psicologia (Leiria, Marinha Grande e Pombal);

Like Saúde—Programa de Prevenção em Com-

portamentos Aditivos e Dependências (DICAD/

CRI de Leiria), destinado a alunos do 2º ciclo

do ensino básico, na área da prevenção de

consumo de substâncias, com a colaboração

do profissional de Psicologia (Pombal).

Estes projetos ilustram uma vez mais a sinergia

entre os cuidados na comunidade e os recursos

partilhados, nas áreas de promoção da saúde e pre-

venção nos jovens em meio escolar. S.M.

Page 22: PARTILHA - SNS

Página 22

Nomeado a 27 de março de 2013 como coordena-

dor da URAP Pinhal Litoral, Emanuel Vital conclui

este ano o seu mandato de três anos. A Exma. Sra.

Diretora Executiva do ACESPL aceitou a intenção

manifestada de não continuidade naquele cargo,

devendo nomear, nos termos da legislação aplicável,

novo coordenador.

O nosso agradecimento a Emanuel Vital, pela exímia

coordenação da Unidade, na fase da sua constituição

e desenvolvimento; pelas suas qualidades humanas e

profissionais; pelo respeito pela autonomia das dife-

rentes áreas profissionais mas sempre com a sua

reflexão crítica e apoio; pelo incentivo das melhores

qualidades de cada um dos elementos da equipa,

criando mais valor; pelos haiku e fotografia, a arte

com que inspirou cada reunião... Bem haja. S.M.

Cessação de funções do coordenador da URAP Pinhal Litoral

Chidhood Obesity Surveillance Initiative (COSI)

Estão disponíveis informações referentes às últimas

avaliações no site do Repositório Científico do Insti-

tuto Nacional de Saúde, em:

http://repositorio.insa.pt/simple-search?

que-

ry=COSI&sort_by=score&order=desc&rpp=10&etal

=0&filtername=subject&filterquery=COSI+Portugal

&filtertype=equals

S.R.

O WHO European Chidhood Obesity Surveillance

Initiative (COSI) é um projeto da Organização Mun-

dial de Saúde – Europa, que envolve 30 países (onde

Portugal se inclui) e cujo objetivo é a monitorização

da evolução da obesidade infantil.

Em Portugal já ocorreram três avaliações (em 2008,

2010 e 2013), estando a iniciar-se actualmente uma

nova avaliação.

No ACES Pinhal Litoral o trabalho de campo estará,

à semelhança do ocorrido nos anos anteriores, a

cargo das nutricionistas Sónia Rodrigues e Carla

Louro e das enfermeiras Fátima Soares e Dina Pas-

coal.

Notícias

Page 23: PARTILHA - SNS

Página 23

“História de uma princesa obesa e de

um dragão que cuspia bolas de sabão”

Em Portugal, uma em cada três crianças em idade

escolar tem excesso de peso ou obesidade.

Um número preocupante, sobretudo se considerar-

mos todas as co-morbilidades associadas que afec-

tam a qualidade de vida destes indivíduos, não só

enquanto crianças, mas também mais tarde, na vida

adulta.

A etiologia da obesidade é complexa e multifactorial,

desempenhando os estilos de vida adoptados pelas

famílias um papel fulcral.

O sedentarismo e o consumo frequente de alimen-

tos hipercalóricos, ricos em sal, gordura e açúcar,

são factores determinantes para o surgimento desta

doença.

Importa em primeiro lugar definir a obesidade en-

quanto doença! Uma criança obesa não é “cheiinha”,

“fortezinha” nem “gordinha”. É sim portadora de

uma doença, que a afecta física e psicologicamente,

mas que tem tratamento.

Em seguida há que sensibilizar para a colaboração de

familiares e amigos no tratamento desta doença.

Finalmente há que munir todos os intervenientes

das ferramentas adequadas. E aqui o papel do nutri-

cionista é fundamental, para a elaboração de um

plano alimentar adequado a cada criança (e à sua

família).

Todos estes passos são abordados no livro

“História de uma princesa obesa e de um dragão

que cuspia bolas de sabão”, de forma lúdica, para

que pais e filhos reconheçam esta doença e actuem

na sua prevenção e tratamento precoce.

Porque a obesidade é um legado que nenhum rei ou

rainha que deixar aos seus pequenos príncipes ou

princesas...

Mais informações em:

www.historiadeumaprincesaobesa.com

S.R.

Notícias

Page 24: PARTILHA - SNS

Página 24

Notícias

A literacia em saúde é entendida como a

capacidade para tomar decisões informadas

sobre a saúde, no quotidiano. Inclui temáti-

cas tão distintas quanto a utilização racional

e segura do medicamento, o envelhecimento

activo, a prática de uma alimentação saudá-

vel ou a prevenção da doença.

Portugal, à semelhança de outros países

europeus, apresenta uma baixa literacia em

saúde, o que pode comprometer a promo-

ção e protecção da saúde dos cidadãos e a

eficiência dos cuidados de saúde prestados,

pondo assim em causa a sustentabilidade do

Serviço Nacional de Saúde.

Com vista à minimização desta problemática,

o governo deliberou a criação do Programa

Nacional para a Saúde, Literacia e Autocui-

dados.

Este programa visa contribuir para a melho-

ria da educação para a saúde, literacia e

autocuidados da população, promover o

acesso a informação de qualidade, desenvol-

ver novos projectos e instrumentos e divul-

gar boas práticas.

No âmbito deste programa, serão desenvol-

vidos no período 2016-2017 diversos pro-

jectos:

a) rede inteligente para a promoção da lite-

racia em saúde;

b) vida activa;

c) jovem móvel;

d) envelhecimento, autocuidados e cuidado-

res informais;

e) qualificação e promoção da literacia em

saúde nos espaços de atendimento do

SNS;

f) navegabilidade no SNS e no sistema de

saúde português.

A coordenação deste programa está a cargo

da Direcção-Geral da Saúde (a nível nacio-

nal), dos departamentos regionais de Saúde

Pública (a nível regional) e das Unidades de

Saúde Pública (a nível local).

A URAPPL, enquanto unidade multidiscipli-

nar do ACESPL, espera poder contribuir

para a implementação com sucesso deste

programa junto da população portuguesa.

Mais informações sobre o programa em:

https://www.sns.gov.pt/programa-nacional-

educacao-literacia-e-autocuidados/

S.R.

Programa Nacional para a Saúde, Literacia e Autocuidados

LEGENDA - microsite do PNSLA, no site do Serviço Nacional de Saúde.

Page 25: PARTILHA - SNS

Página 25

Notícias

No dia 30 de Setembro de 2015, decorre-

ram as V Jornadas URAP, sob a organização

da ARS Norte, no Centro de Reabilitação

do Norte, em Valadares.

Decorridos os primeiros 5 anos de reflexão

em jornadas de âmbito nacional, foram neste

ano discutidos temas como os desafios para

as URAP no futuro, os contributos das

URAP para sustentabilidade e qualidade no

serviço nacional de saúde e, a um nível mais

prático, o processo de contratualização,

projetos do SPMS e SClÍnico. O grande desa-

fio decorre da heterogeneidade das equipas

a nível nacional, sendo que de URAPs distin-

tas, pode-se partir da capacidade e potencial

que cada Unidade apresenta.

No que concerne os demais desafios, emer-

ge o papel que as URAP podem desempe-

nhar nas ligações funcionais hospitala-

res, na articulação e continuidade dos

cuidados e na prevenção das doenças

crónicas, nomeadamente nos eixos e pro-

gramas prioritário do Plano Nacional

de Saúde, extensão 2020.

A URAPPL esteve representada no painel

dedicado à apresentação de comunicações

orais, com a comunicação Experiência da

ligação funcional hospitalar Pediatria –

Psicologia, do Centro Hospitalar de Lei-

ria, EPE, Hospital Distrital de Pombal e

ACeS Pinhal Litoral, URAP Pinhal Litoral,

de co-autoria da psicóloga Sónia Mira

(URAP PL) e da pediatra Dr.ª Helena Porfí-

rio (CHL), à qual foi atribuído o 1º Prémio

de Comunicação Oral, ao constituir um

exemplo de boas práticas ao nível de ligação

funcional hospitalar e metodologia.

Ambos o processo de contratualização

e o desenvolvimento de sistemas de

informação encontram-se em fase de de-

senvolvimento, com potencialidades en-

quanto instrumentos de gestão, registo clíni-

co e visão clínica integrada, avaliação e me-

lhoria contínuas.

Foi ainda salientada a potencialidade das

URAP na contribuição para os eixos estra-

tégicos de Governação Clínica e Quali-

dade em Saúde. Do ponto de vista das

ARS, foi salientada a importância do reforço

dos cuidados primários de saúde e dos cui-

dados continuados, do aumento da qualidade

e eficiência dos serviços e da aposta na pre-

venção e promoção da saúde, onde o retor-

no em termos de custo-eficácia é significati-

vo.

As URAP podem contribuir para uma utiliza-

ção mais eficiente de recursos através da

partilha e sinergias de trabalho com demais

equipas de saúde e recursos intersectoriais

na comunidade. Sobretudo, podem contri-

buir com o seu potencial ao nível da promo-

ção da saúde e prevenção da doença, acessi-

bilidade, articulação entre os níveis de cuida-

dos de saúde e qualidade. S.M.

V Jornadas URAP

PLANEAR PARA AGIR: BOAS PRÁTICAS E QUALIDADE

Page 26: PARTILHA - SNS

Página 26

Notícias

Erradicar o VIH/SIDA até 2020,

com uma meta alargada para 2030,

são os grandes objectivos da

UNAIDS no mundo, ECDC na euro-

pa e claro, também na linha da fren-

te, do PNIVIH/SIDA da DGS em

Portugal.

O CAD de Leiria esteve presente na

Conferência 2015 “VIH: Prevenir Sem-

pre, Diagnosticar Cedo, Tratar Todos”,

organizado pelo Programa Nacional para

a Infecção VIH/SIDA (PNIVIH/Sida) da

Direcção Geral de Saúde (DGS), nos dias

20 e 21 de Novembro, no Instituto Supe-

rior de Ciências Sociais e Politicas em

Lisboa, onde foi apresentado o Relatório

“Portugal, Infecção pelo VIH-SIDA e Tu-

berculose em números - 2015”,disponível

no sítio da internet da DGS.

Organizado em seis mesas repartidas por

dois dias, onde se trataram dos números

da infecção VIH-SIDA e Tuberculose em

2015, em Portugal, na Europa e no Mun-

do, da prevenção primária e diagnóstico

precoce, do Tratamento e da Profilaxia

Pré exposição (PrEP).

Os grandes objectivos para 2030 passam

por zero mortes, zero transmissões e

zero discriminações, a fim de se conse-

guir um “mundo”, onde se inclui natural-

mente Portugal na linha da frente, sem

SIDA e sem tuberculose, deixando estas

infecções de serem uma ameaça para a

saúde Pública.

Para isso, traça-se um objectivo para

2020 de 90% de diagnósticos efectuados,

90% de portadores de VIH em tratamen-

to e 90 % de infectados em supressão

viral. Em primeiro lugar, tratar todos os

doentes diagnosticados, independente-

mente da contagem de linfócitos T CD4

e tratar continuadamente outras IST´s

interligadas, bem como infecções associa-

das. Para tal, é necessário melhores for-

mas de actuação como, disponibilizar

tratamento aos utentes para 90 dias, que

diminuiria consultas e deslocações aos

hospitais, com tempo máximo de espera

para consulta não superior a sete dias.

Para além disso, segundo o Coordenador

do PNIVIH/SIDA Dr. António Diniz é

necessário um aconselhamento útil, pre-

ciso e eficaz, para uma boa prevenção da

doença, promoção da saúde e para se

conseguir um travão da epidemiologia e

ampliar no PNIVIH/SIDA a possibilidade

de rastreio a outras IST´s.

No mundo existem 36,9 milhões de in-

fectados, 25,8 milhões no continente

africano, sendo o número de infectados

em Portugal de 59 365 indivíduos, notifi-

cados até 2015, segundo Teymour Noori

do European Centre for Disease Preven-

tion and Control (ECDC).

Como política de combate a esta infecção

pelo VIH/SIDA, será importante o acesso

a tratamento de todos os infectados,

após diagnóstico, sem descurar a grande

preocupação do subdiagnóstico calculado

em cerca de 30% e a ainda existência

por isso, de elevado número de diagnós-

ticos tardios.

A implementação e generalização do

teste rápido é outra medida importante,

para que exista um maior, melhor e mais

fácil acesso da população, de forma des-

burocratizada, à possibilidade de fazer o

teste, para que no caso de detecção, seja

possível uma intervenção imediata, no

intuito de ser possível iniciar medicação,

independente da contagem dos Linfócitos

T CD4. Por outro lado, a continuação da

Conferência 2015 VIH

política de distribuição de preservativos e

locais com bons aconselhamentos e tra-

balho de detecção precoce, nomeada-

mente através da sensibilização.

Iniciou-se um importante avanço para o

estudo do uso da Profilaxia Pré exposi-

ção considerada altamente eficaz, uma

vez que segundo dados do ECDC, reduz

a possibilidade de infecção em 86%. Dado

que, o objectivo é tratar toda a gente,

conseguir uma supressão viral através da

introdução da terapia anti retrovírica

(TARv), o mais precocemente possível

em indivíduos diagnosticados, com o

intuito de se conseguir uma carga viral

indetectável, sendo o risco de transmis-

são muito menor, contribuiria fortemen-

te para o objectivo de minimizar a trans-

missão e suprimir as mortes provocadas

por esta infecção.

Foram levantadas também várias dificul-

dades como, ao nível dos cuidados de

saúde primários, o facto desta infecção

pelo VIH/SIDA ainda não ser contempla-

da nos indicadores de contratualização

das USF´s e UCSP´s com as administra-

ções Regionais de Saúde, a um nível glo-

bal a existência de uma cascata de dados

ainda com dificuldades na sua constante

actualização, pela dispersão desses dados

e da dificuldade de relacionar os sistemas

informáticos, acrescentando a complexi-

dade e morosidade na avaliação de medi-

camentos e sua implementação nos hos-

pitais, em media em Portugal de 2,5 anos,

não esquecendo claro está, as dificulda-

des económicas que se vive no país para

suportar estas implementações. T.C.

BOAS NOVAS SOBRE A INFECÇÃO VIH/SIDA: “2030 PORTUGAL UM PAÍS SEM SIDA”

Page 27: PARTILHA - SNS

Página 27

Notícias

Pelo segundo ano consecutivo, e prosseguindo o

trabalho desenvolvido pela Equipa para a Pessoa

Idosa em Isolamento (EPII) do Conselho Local de

Ação Social da Rede Social de Leiria realizou-se no

dia 4 de dezembro de 2015, o II Workshop

“Voluntariado para a Pessoa Idosa” no Estádio Dr.

Magalhães Pessoa (Porta 7), destinado aos Grupos

de Voluntariado do Concelho que colaboram com a

EPII e voluntários do Banco Local de Voluntariado

de Leiria.

A Equipa é constituída pelas seguintes identidades:

ACES PL/URAP PL/Centro de Saúde Dr. Arnaldo

Sampaio – Dra. Mara Cardoso; Instituto de Seguran-

ça Social, IP - Centro Distrital de Leiria – Dra. Delfi-

na Chita; Município de Leiria – Dra. Carla Feliciano;

Representante no CLASL dos Centros de Dia -

Centro de Assistência Paroquial de Carvide – Dra.

Carla Crespo; Representante no CLASL dos Servi-

ços de Apoio Domiciliário – ADESBA (Associação

de Desenvolvimento de Barreira) – Dra. Diana Lei-

tão; Representante no CLASL dos Lares de Idosos -

Academia Cultural e Social da Maceira Dra. Liliana

Santos; Polícia de Segurança Pública – Agente Princi-

pal Teresa Franco; Guarda Nacional Republica –

Guarda Principal Sandra Fonseca.

II Workshop “Voluntariado para a Pessoa Idosa”

Pretendeu-se com este encontro, não só dar conhe-

cimento do trabalho desta parceria, como também

alertar os voluntários para a importância do traba-

lho de proximidade, abordando questões que são

cada vez mais atuais, donde se podem adquirir

aprendizagens, facilitadoras com a população idosa.

Aproveito para agradecer, em nome de toda a Equi-

pa, todo o incentivo recebido por parte das entida-

des envolvidas, e em particular à entidade que re-

presento, o Agrupamento de Centros de Saúde

Pinhal Litoral que além de nos presentear com a sua

presença, a Diretora Executiva Dra. Isabel Poças e o

Coordenador da Unidade de Recursos Assistenciais

Partilhados Pinhal Litoral Dr. Emanuel Vital, nos

dirigiram palavras de reconhecimento pelo trabalho

desenvolvido. M.C.

Page 28: PARTILHA - SNS

Página 28

Notícias

No dia 15 de outubro de 2016 ocorreu o 1º Aniversário da Unidade de Cuidados na Comunidade de Pombal,

“Quem somos e o que fazemos pela Saúde da nossa Comunidade”, no Teatro-Cine de Pombal.

Foram apresentados a UCC de Pombal, a articulação com a URAP PL e os programas e projectos desenvolvidos

por esta Unidade ao longo do ciclo de vida. Integrou comunicações orais do Coordenador da URAP PL, da fisio-

terapeuta Carla Lemos sobre o projecto de Ajudas Técnicas e da assistente social Ana Sofia Jesus, em co-autoria

com a Presidente da CPCJ de Pombal, sobre a articulação entre a saúde e a Comissão de Protecção. Contou

com a presença da Direcção do ACES PL, da ERA da ARSC e de um número significativo de participantes e par-

ceiros da comunidade.

O ambiente foi de partilha, onde não faltaram afectos. S.M.

Parabéns UCC’s! — Encontros

15.10.2015_1º Aniversário da UCC de Pombal

15.01.2016_2º Encontro da UCC Dr. Arnaldo Sampaio

Teve lugar no dia 15 de janeiro de 2016 o 2º encontro da Unidade de Cuidados na Comunidade Dr. Arnaldo

Sampaio, intitulado “Construindo pontes pela comunidade”.

A multidisciplinaridade da equipa, as pontes com a comunidade escolar e a parentalidade positiva foram alguns

dos temas abordados ao longo do encontro.

Alguns elementos da URAPPL, que colaboram regularmente com a UCCAS, fizeram parte da comissão organiza-

dora deste evento, que recebeu cerca de 100 participantes no auditório do Instituto Português do Desporto e

da Juventude, em Leiria.

Todos estiveram de parabéns. S.R.

Decorreu no dia 23 de fevereiro de 2016 o 2º Aniversário da Unidade de Cuidados na Comunidade da Marinha

Grande.

As comemorações foram assinaladas com a realização de palestras e atividades várias, sobre diversos temas no

âmbito da promoção dos cuidados de saúde e da prevenção da doença, realizadas em diversos locais da comuni-

dade local.

Neste âmbito, a psicóloga Lina Duarte dinamizou com a enfermeira Coordenadora Ana Laura Baridó, na Biblio-

teca Municipal, uma palestra sobre os Direitos das Crianças e a Prevenção dos Maus Tratos, aberta à população

em geral e esteve também como co-adjuvante na dinamização de uma sessão de "Yoga do Riso" para população

em geral e para os funcionários da Camara municipal da Marinha Grande, no Auditório da Resinagem.

Ambas as acções tiveram grande aderência e foram bem sucedidas. L.D.

23.02.2016_2º Aniversário da UCC da Marinha Grande

Page 29: PARTILHA - SNS

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Olá bom dia!... e… do outro lado…, nada.

Bom dia! Repito.

No outro dia, vi numa dessas páginas das

redes sociais um preçário que dizia, um café

1 €; bom dia, quero um café 0,80 €; bom dia

quero um café, se faz favor, 0,60€.

Não obstante, lembrei-me e disse, desculpe,

quero um café por favor, se possível? É cla-

ro. Podia ser que resultasse e o café me

saísse mais barato. Mas do outro lado, au-

sência de resposta por surdez ou mudez,

não sei bem. Era ainda muito cedo para pen-

samentos profundos e raciocínios comple-

xos para elaborar tais diagnósticos.

Olho para ela e ela, impávida e serena, não

sei bem, nem sei se olha para mim. Mas eu,

olho para ela.

Que raio! Não me responde…, nada. Nem

bom dia nem boa tarde, continua inexpressi-

va, mas insisto. (…) Por favor, é possível

servir-me um café?

Nada.

Olho para a sua colega do lado, que tem

uma expressão não menos idêntica e menci-

ono, desculpe! Quero um pão com manteiga

para tomar com o meu café, se faz favor!

Claro está, também se usa. Faço uma pausa

e penso (…), devem estar contra mim, (…)

activando o meu lado mais paranóide. Será

que fiz alguma coisa? Que as tratei mal? (…)

Se calhar estou com mau aspecto? Ou será

que noutro dia me esqueci de pagar e fui-

me? (…)

Olho para ela ali especada e, vendo bem,

reparo que realmente não tem pão com

manteiga. Que burro que eu sou, deve ser

por isso(???), se calhar não lhe apetece tra-

balhar e fazer um.

Pronto está bem! Exclamo com o meu olhar

mais convictamente inteligente e com com-

preensão e benemérito samaritano! Dê-me

o croissant misto que está ali atrás…, se faz

favor. Em vez do pão, claro! Sempre com

delicadeza, cortesia e boa educação. Ah

Ah…, com esta é que eu vos apanhei. Espe-

ro (…), olho e (…), nada.

Temo que o mal não seja meu mas, incomo-

do-me porque, (…) posso não estar a acei-

tar as diferenças entre desiguais, mas…, nem

café, nem pão com manteiga, nem mesmo o

croissant misto.

E agora? Que faço eu? Vou-me embora? e

não tomo o meu pequeno-almoço? Além de

mal-educadas e rudes, porque não falam

com as pessoas, também não fazem nada,

nem se mexem (…) vem-me á cabeça! (…)

Não percebo quem as contratou, ou (…),

será que estão aqui por tendências sádicas e

exibicionistas a apurar o masoquismo voyeu-

rista dos esfomeados “desertos” por um

pequeno-almoço.

Bênção de deus, e “Vital” que passa, qual

alma vinda dos céus, (…), saca de 30 cênti-

mos, enfia na ranhura, carrega em dois bo-

tões e eis um barulho muito esquisito e

pestilento de uma ordenha nunca vista, a

desenhar tão almejado por mim (…)café.

Crónica

Saca-o e diz, é simples meu caro, não penses

tanto e segue só as instruções.

Enfim, não percebo nada disto. Arrisco?

Esqueço o croissant, encho-me de coragem

e de forma muito contrariada, enfio-lhe 50

cêntimos goela abaixo, carrego nos botões e

(…), barulho idêntico. Nem mais um som.

Filha da mãe, ficou-me com o troco.

Tiago Caldeira

Psicólogo da URAPPL

Será pedir muito que falem comigo?

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Emanuel Vital

Coordenador da URAPPL

Mara Cardoso

Assistente Social

Olga Alves

Higienista Oral

Magda Antunes

Higienista Oral

Sónia Rodrigues

Nutricionista

Carla Louro

Nutricionista

Emanuel Vital

Fisioterapeuta

Carla Lemos

Fisioterapeuta

Conceição Frazão

Fisioterapeuta

Lina Duarte

Psicóloga

Sónia Mira

Psicóloga

Tiago Caldeira

Psicólogo

Dina Mendes

Ortoptista

Mário Repolho

Radiologista

Isabel Batista

Radiologista

A equipa

Diana Carvalho

Fisioterapeuta

Susana Lopes

Assistente Social

Rita Ferreira

Assistente Social

Ana Sofia Jesus

Assistente Social

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FICHA TÉCNICA

Propriedade: Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados Pinhal Litoral do Agrupamento de Centros de Saúde Pinhal Lito-

ral

Edição: Sónia Mira e Sónia Rodrigues Grupo de Informação e Imagem da Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados

Pinhal Litoral

Distribuição gratuita.

UNIDADE DE RECURSOS ASSISTENCIAIS PARTILHADOS PINHAL LITORAL

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