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Tecnologia de vácuo PARTE I: Conceitos básicos.

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Tecnologia de vácuo

PARTE I: Conceitos básicos.

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“Por mais de 100 anos ganhamos dinheiro fazendo NADA!”(slogan da companhia Pfeiffer Vacuum fundada em 1890 por Arthur Pfeiffer)

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HistóricoHistórico• Aristóteles e Seguidores: a natureza abomina o vácuo

• Galileo e Torricelli: primeiros experimentos → barômetro (1644)

Durante muito tempo o conceito de vácuo se referia exclusivamente a ausência de mateira. Isto tornava o assunto diretamente conectado com mecânica de meio contínuos (fluidos), e ainda mais, com termodinâmica e teoria cinética dos gases.

• Otto von Guericke: primeira bomba de vácuo (1654)

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As Esferas de MagdeburgOtto Von Guericke - 1654

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Nos dias de hoje, o conceito de vácuo como sendo o “nada absoluto” deveria tornar-se muito mais rigoroso, implicando não somente na ausência de matéria como de toda e qualquer partícula, com ou sem massa, inclusive todo tipo de radiação eletromagnética.

Contudo, o usual nos remete a noção de vácuo do século 17 .....

Hoje, quando falamos em tecnologia vácuo, estamos nos referindo a conhecer e dominar os mecanismos, processos e métodos necessários para retirarmos todo o gás do interior de um recipiente (câmara) e o manter neste estado.

VácuoVácuo:: Estado dos gases, ou mistura de gases, rareficados com pressão inferior a pressão atmosférica.

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Faixa de PressãoFaixa de Pressão NomenclaturaNomenclatura

1 bar - 1 mbar vácuo grosseiro;muitas vezes nem é considerado vácuo

1 - 10-3 mbar vácuo fino;tipicamente chamado pré-vácuo (PV)

10-3 - 10-7 mbar alto vácuo (HV);muitas vezes a região 10-3 - 10-4 mbaré chamada simplesmente vácuo ou vácuo médio!

abaixo de 10-8 mbar ultra alto vácuo (UHV);tipicamente usada para ≈10-10 mbar

- Uma classificação típica! -

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Conceitos FundamentaisConceitos FundamentaisGrandezas básicas:

• Pressão: 1 Torr = 1/760 atm. = 1.33 mbar = 1.33×102 Pa

• Volume: 1 m3 = 103 litros = 106 cm3

• Temperatura: 0° C → 273 Kelvin

Teoria cinética dos gases ou via distribuição de Maxwell-Boltzmann:

mTkv

...8

π=

nd ...21

20π

λ =m

Tknvn.2

..4.

π==Γ

velocidademedia

livre caminhomédio

numero de colisões comas paredes / área / tempo

onde m = massa, d0 = diâmetro e n = numero de partículas / volume

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A partir dessas relações básicas obtemos algo ainda mais importante:

TRNVPTknVPvmnP ...ou.....31

==⇒=

kNRVNNn A

A .e.onde ==

(a) P1.V1 = P2.V2 Lei de Boyle (N, T constantes)

(b) V1/T1=V2/T2 Lei de Charles (N, P constantes)

(c) P1/N1=P2/N2 Lei de Avogadro (T, V constantes)

e assim:

Tk..23

=ε ∑=j

parcialjtotal PP

adicionalmente:

energia media lei de Dalton

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ExemploExemplo

Consideremos uma câmara sendo evacuada de uma pressão inicial P1=1 bar (≈ atm) até atingir uma pressão final P2=10-3 mbar. Então, para Volume e Temperatura constantes, usando as relações obtidas para um gás ideal, teremos:

P1/N1=P2/N2

⇒ P1/ P2 = N1/N2 = 106

N2/N1 = 10-6

ou seja, 99.9999 % das partículas do gás foram removidas do interior do recipiente. Restaram 0.00001% delas e isto é MUITO!

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ViscosidadeViscosidade

Supondo uma relação linear entre as forças dissipativas (viscosas) e a velocidade (fluidos Newtonianos), temos para os gases ideais:

ou segundo Kennard:

λη ...31 vmn=

4999.0com.... == γλγη vmn

[1 Poise] = [0.1 N.s/m2]

A viscosidade esta relacionada com a transferencia de momentum de uma placa para outra. A eficiência deste processo dependerá do numero de moléculas.

Para gases rarefeitos adota-se:TkvmP

..4..

=η viscosidade molecular livre

(+realístico)

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Condutividade TérmicaCondutividade Térmica

Uma analise simples do fluxo de calor, H, entre duas superfícies (ao longo de uma coordenada y) com T1 < T2 fornece:

onde A = área e CV = calor especifico do gás (V constante). Contudo, uma analise mais detalhada fornece:

onde CP = calor especifico (T constante).

Para λ >> d (d = uma dimensão característica do sistema) estas relações deixam de ser validas e o processo de transferencia de calorserá primeiramente um regime misto e depois exclusivamente efetuado por radiação.

. . e .T T VdTH A k k Cdy

η= = condutividadetérmica

VV

PT C

CCk .59

41 η⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛−=

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Fluxo de GasesFluxo de Gases

O fluxo de um gás pode ser laminar ou turbulento. Isto é caracteriza-do pelo numero de Reynolds:

ηρ dv..

=ℜ

onde ρ = densidade do fluido (se constante → incompressível; se variável → compressível) e v = velocidade característica do fluido.

Para fluxos não turbulentos:

que constitui a chamada equação de Navier-Stokes (eq. não linear).

ℜ > 2200 fluxo turbulentoℜ < 1200 fluxo laminar1200 < ℜ < 2200 indeterminado

( ) ( ) ( )2

3vP v v g v v

dtηη ρ ρ ∂⎛ ⎞−∇ + ⋅ ∇ ⋅ + ⎡∇ ⋅ ∇ ⋅ ⎤ + ⋅ = ⋅ + ⋅∇ ⋅⎜ ⎟⎣ ⎦ ⎝ ⎠

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dKn

λ=

Fluxos laminares são caracterizados pelo numero de Knudsen, ou seja:

Kn < 0.01 fluxo viscoso⇒ λ << d e portanto as

características do fluxo são determinadas por colisões

entre as moléculas que compõem o gás

↓bombeamento por

diferença de pressão

Kn > 1 fluxo molecular⇒ λ ≈ d e as características

do fluxo serão determinadas por colisões entre moléculas e paredes

(principalmente)↓

bombeamento por transferencia de momentum

Regiãode

transição(Knudsen)

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Fluxo Volumétrico ou Velocidade de BombeamentoFluxo Volumétrico ou Velocidade de Bombeamento

A razão na qual um gás flui através de um dado plano, por exemplo ao longo de uma tubulação ou na bomba, é descrito em termos do chamado fluxo volumétrico que é definido como o volume do gás, auma dada temperatura e pressão, cruzando este plano por unidade de tempo, ou seja:

A velocidade de bombeamento, ou vazão, depende intimamente das características da bomba e do gás que esta sendo bombeado. É normalmente especificada para N2. Para outros gases usamos:

que falha grosseiramente para gases muito leves (H2 ou He).

dtdVS =

gas

NNgas M

MSS 2

2=

[litros/s] ou [m3/h]

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ThroughputThroughput ou Fluxoou Fluxo

O fluxo volumétrico não fornece informações sobre a quantidade de gás que esta sendo efetivamente transportada e que varia significati-vamente com a pressão. Define-se portanto o throughput como:

onde, em termos das correspondentes unidades SI, temos:[Q] = Pa.m3/s = N.m/s = J/s = W (Watt)

Então Q representa o fluxo de energia por unidade de tempo, ou seja, a potência, efetivamente empregada no transporte do gás.Para T = constante é equivalente ao fluxo de massa e portanto aonumero de partículas transportadas.

( )dtdPVSP

dtdPV

dtdVPVP

dtdQ +=+== ..

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CondutividadeCondutividade

A resistência ao fluxo de gás oferecida pelos componentes do sistema, por exemplo a tubulação que conecta a bomba na câmara, possui uma considerável influencia na velocidade de bombeamento e na pressão final obtida. Define-se condutividade como o quociente:

que proporciona uma avaliação quantitativa da resistência oferecida pela tubulação ao fluxo gasoso. A impedância é dada por: L=1/C.A partir disso, definimos a velocidade efetiva de bombeamento como:

onde S é a velocidade nominal especificada para a bomba em uso.

2112

111SSCPP

QC −=⇒−

=

CSCSSef +

=.

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A condutividade de uma dada tubulação esta intimamente conectadacom sua geometria e com as condições instantâneas de operação da bomba. Via de regra é obtida via a compilação sistemática de dados experimentais ou mesmo via simulações.

De uma forma geral a associação de elementos fornece:

paralelo

serie11

=

=

iitotal

i itotal

CC

CC

O regime de fluxo também é fundamental para a determinação de C.

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ExemploExemplo

( )⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡=

mTrkC ..64,3. 2π

Para um tubo cilíndrico, ou um orifício, podemos usar a estimativa:

25,0840,0457,0273,0100,10≅kr

L

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Evolução da Pressão Durante o BombeamentoEvolução da Pressão Durante o Bombeamento

A equação que descreve a dependência temporal da pressão em um sistema sob bombeamento (fluxo viscoso) é conhecida como equaçãode Gaede, sendo derivada diretamente da definição de throughput, ou seja:

Para Qf = constante obtemos:

Este resultado corresponde ao bombeamento do gás livre dentro dacâmara, sendo conhecido como bombeamento de volume. Há outros comportamentos, seqüenciais, da pressão em função do tempo, de acordo com o termo de fontes considerado (Qf) e a faixa de pressão.

dtdPVQSPQ

dtdPVSPQ ffb −=−⇒=+= ..

SQ

ePP fVtSinicial += − ..

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volumee-t

dessorçãot-1

difusãot-1/2

permeaçãoK0

.0

20

1 1/. S t V d fdes iQ tQ

tePS

KS

P −− −= + + +

P ∝ t - α(P)

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Qdes é via de regra escrito como:

onde Aj é a area do material e qjsua respectiva taxa de degasing.

Os demais termos, Qdif e K0assumem formas bem mais complexas, dependendo sempre dos materiais envolvidos.

∑=j

jjdes AqQ .

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Alguns Testes e ExemplosAlguns Testes e Exemplos

• câmara em ANSI 304 NLcom V ≈ 2.1 litros

• bomba mecânica

ln(P) = ( Qvaz / V ).t

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• câmara em ANSI 304 NL com V ≈ 28.4 litros• sistema de bombeamento turbo-molecular

TPH-330 + bomba mecânica.

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0 10 20 30 40 5010-10

10-9

10-8

10-7

10-6

(b)

N2

H2O

OH2

Pres

são

parc

ial (

mba

r)Massa (uma)

0 10 20 30 40 5010-10

10-9

10-8

10-7

10-6

(a)

C 2H7+

CH

3CO

C 3H5

C 3H3

O2

C 2H5

N2

C 2H3

H2OOH

ON

H2

Pres

são

parc

ial (

mba

r)

Massa (uma)

sem trap com trap LN2

Analises RGA do exemplo anterior:

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ReferenciasReferencias

• A user´s guide to vacuum technology, John F. O’Halon, ed. John Willey & Sons (1980).

• Modern vacuum practice, ed. Edwards Vacuum.• The generation of rough and medium vacuum, ed. Pfeiffer Vacuum.• Working with turbo molecular pumps, ed. Pfeiffer Vacuum.• Vacuum technology, ed. Leybold Vacuum