Parâmetros da imagem no domínio digital

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Parâmetros da imagem no domínio digital: o que é pixel, resolução de imagem, resolução de captura e outras características da imagem digital ou digitalizada. Júlio Cesar Martins da Silva 1 Resumo: O artigo examina as questões que determinam a reprodução (e/ou digitalização) e impressão, de imagens nos impressos, com boa qualidade, definição e fidelidade cromática, e recupera os conceitos que há muitos anos são utilizados no meio gráfico, com a finalidade de garantir máxima ampliação dos originais, com máxima definição, sem o aparecimento de moiré e do pixel, e indica quais os procedimentos adequados (independente dos aplicativos a serem usados) para a conversão de resolução e de formatos de arquivo, os princípios básicos que orientam tais procedimentos. Palavras-chave: Resolução; pixel; imagem digital; câmera digital; dpi. Introdução Os usuários de câmeras digitais têm se deparado com questões inusitadas que têm resultado em fotos ruins e/ou inadequadas à impressão em gráfica causando dores de cabeça aos birôs 2 de editoração, gráficas, agências de publicidade, e aos seus clientes, quando o aspecto da imagem impressa deixa muito a desejar em termos de cores e definição. O problema existe igualmente quando se trata de imagens digitalizadas 3 , seja a partir de originais opacos ou de transparentes (cromos). Dores de cabeça em gráficas e birôs sempre vão existir, mas para estas, causadas por problemas de resolução de imagem, padrão de cor e formatos de arquivo, já existe remédio há algum tempo, então é inexplicável que estejamos presenciando essa avalanche de impressos com problemas elementares de reprodução, resultantes do uso de formatos de arquivo impróprios e/ou conversões (reamostragem) para resolução de imagem inadequada. A fotografia convencional, já com mais de 150 anos, alcançou um estágio tão avançado de disseminação que qualquer bar de esquina ou farmácia vende filmes, faz revelações, e os vendedores sabem até explicar diferenças entre sensibilidade dos filmes. Já a foto digital, com seus 25 anos de idade 4 tem muitas questões obscuras e difíceis de explicar que, para simplificar, fabricantes têm instruído seus revendedores com respostas prontas, supostamente adequadas à maioria das situações que, definitivamente não resolvem os problemas. Não! Os equipamentos 1 O autor é professor do Departamento de Comunicação da Ufes, no Curso de Publicidade, e é pesquisador em Comunicação, semiótica e percepção. Contato: [email protected] 2 Birôs, uma palavra aportuguesada do inglês bureau (escritório), são empresas de editoração, sucessoras dos estúdios gráficos. Estas recebiam artes-finais e preparavam os fotolitos e provas. Hoje os birôs recebem arquivos e dão saída em fotolitos. A propósito fotolitos são matrizes em filme transparentes, contendo as separações de cor, e sempre em P&B, para gravação das matrizes de impressão. 3 Doravante (exceto quando mencionado) para simplificar o texto, a denominação de imagem digital inclui tanto aquelas geradas em câmera digitais como aquelas digitalizadas de originais opacos ou transparentes.

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Parâmetros da imagem no domínio digital: o que é pixel, resolução de imagem, resolução de captura e outras características da imagem digital ou digitalizada. Júlio Cesar Martins da Silva1

Resumo: O artigo examina as questões que determinam a reprodução (e/ou digitalização) e impressão, de imagens nos impressos, com boa qualidade, definição e fidelidade cromática, e recupera os conceitos que há muitos anos são utilizados no meio gráfico, com a finalidade de garantir máxima ampliação dos originais, com máxima definição, sem o aparecimento de moiré e do pixel, e indica quais os procedimentos adequados (independente dos aplicativos a serem usados) para a conversão de resolução e de formatos de arquivo, os princípios básicos que orientam tais procedimentos.

Palavras-chave: Resolução; pixel; imagem digital; câmera digital; dpi.

Introdução

Os usuários de câmeras digitais têm se deparado com questões inusitadas que têm

resultado em fotos ruins e/ou inadequadas à impressão em gráfica causando dores de cabeça aos

birôs2 de editoração, gráficas, agências de publicidade, e aos seus clientes, quando o aspecto da

imagem impressa deixa muito a desejar em termos de cores e definição. O problema existe

igualmente quando se trata de imagens digitalizadas3, seja a partir de originais opacos ou de

transparentes (cromos).

Dores de cabeça em gráficas e birôs sempre vão existir, mas para estas, causadas por

problemas de resolução de imagem, padrão de cor e formatos de arquivo, já existe remédio há

algum tempo, então é inexplicável que estejamos presenciando essa avalanche de impressos com

problemas elementares de reprodução, resultantes do uso de formatos de arquivo impróprios e/ou

conversões (reamostragem) para resolução de imagem inadequada.

A fotografia convencional, já com mais de 150 anos, alcançou um estágio tão avançado

de disseminação que qualquer bar de esquina ou farmácia vende filmes, faz revelações, e os

vendedores sabem até explicar diferenças entre sensibilidade dos filmes. Já a foto digital, com

seus 25 anos de idade4 tem muitas questões obscuras e difíceis de explicar que, para simplificar,

fabricantes têm instruído seus revendedores com respostas prontas, supostamente adequadas à

maioria das situações que, definitivamente não resolvem os problemas. Não! Os equipamentos

1 O autor é professor do Departamento de Comunicação da Ufes, no Curso de Publicidade, e é pesquisador em Comunicação, semiótica e percepção. Contato: [email protected] 2 Birôs, uma palavra aportuguesada do inglês bureau (escritório), são empresas de editoração, sucessoras dos estúdios gráficos. Estas recebiam artes-finais e preparavam os fotolitos e provas. Hoje os birôs recebem arquivos e dão saída em fotolitos. A propósito fotolitos são matrizes em filme transparentes, contendo as separações de cor, e sempre em P&B, para gravação das matrizes de impressão. 3 Doravante (exceto quando mencionado) para simplificar o texto, a denominação de imagem digital inclui tanto aquelas geradas em câmera digitais como aquelas digitalizadas de originais opacos ou transparentes.

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não têm aquele botão que, ao ser pressionado, escolhe os melhores parâmetros, que determinarão

que, uma foto digital ou digitalizada, sairá impressa impecavelmente. Podemos sonhar com isso,

sim... Mas está longe esse dia!

O foco deste artigo é o uso profissional, de imagens digitais ou digitalizadas, em

impressos de quaisquer tipos. Uma coisa é preciso ficar bem clara: no nosso ponto de vista é

obrigação de todo e qualquer profissional de comunicação (publicitário, jornalista, relações

públicas, cineasta, produtor editorial, etc.), e até mesmo, de áreas próximas como designers

gráficos, por exemplo, conhecer as regras para reprodução e impressão de imagens nos diversos

processos de impressão. É instrumento de trabalho; não é algo que se possa contemporizar. Ou se

domina o assunto ou a competência fica comprometida. Com um analogia simples o leitor

poderá compreender em profundidade o nosso ponto de vista: Quantas vezes vemos médicos

comuns (não vamos falar dos famosos...), desconhecidos, mas experientes, consultarem o

farmacêutico sobre como diagnosticar e tratar para uma doença?... Quantas vezes vemos

engenheiros consultarem os gerentes (ou proprietários) de uma construtora, sobre como calcular

e construir sapatas de sustentação em terrenos pantanosos?... Então porque deveria ser diferente

com a área de Comunicação, Design Gráfico e outras afins?

Infelizmente o que mais tem acontecido atualmente na área de comunicação é a busca de

informações, sobre parâmetros técnicos, com fotógrafos, operadores dos birôs, gerentes de

produção (das gráficas), etc. Obviamente, não se trata de desqualificar a contribuição que estes

profissionais podem vir a dar. É que está sendo transferida para eles uma responsabilidade que

não lhes compete. Quando algo dá errado (o que acontece muitas vezes!) eles são

responsabilizados injustamente. Pergunte a qualquer fotógrafo... e sente para escutar a resposta,

porque não vai ser rápido. Certamente ele desfiará um enorme rosário de queixas, tamanha é

quantidade de questões que lhes é cobrada a responder. Se tiver tempo, converse com um

operador de birô. Vocês irão se espantar com a quantidade de barbaridades que eles têm que

corrigir todos os dias. E se não o fizerem, certamente ocorrerão erros nas etapas seguintes

(impressão por ex.), pelos quais serão injustamente responsabilizados.

De quem é a culpa então? ... Bom o levantamento das possibilidades tomaria muito mais

espaço do que dispomos então fiquemos com uma especulação de cunho mais genérico. Uma das

causas possíveis é a extrema crença na infalibilidade do digital, que ao longo dos anos foi

reproduzida ao incansavelmente pela literatura, teatro, cinema e TV. Aquele agente secreto que

senta na frente de um computador, e através de um telescópio num satélite, consegue ler o artigo

o que um sujeito está lendo no jornal, sentado no branco da praça... Ou o policial que por

comando de voz instrui o computador para dar zoom numa imagem captada pela câmera de

4 Tudo começou com a Mavica, a primeira câmera digital, inventada pela Sony e lançada em agosto de 1981. As imagens eram gravadas num disquete de 3 ½ . Conheça mais sobre a história em <http://www.digicamhistory.com/Index.html>.

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segurança... Nestes e em muitos outros casos, o curioso é que nunca existe o pixel. Os aplicativos

que esses personagens costumam usar são tão sofisticados que conseguem ‘entender’ qualquer

borrão na imagem convertê-lo em imagem visível.

O fato é que o mundo real é muito mais cruel com a imagem digital (ou digitalizada). Há

muito mais obstáculos para fotógrafos, layoutmen, diretores de arte, operadores de birôs, etc. O

uso de imagens digitais requer um conhecimento mínimo sobre resolução e formatos. Muitos

profissionais se recusam a se informar melhor sobre o assunto, acreditando que os aplicativos

resolvem tudo. É como acreditar em Papai Noel. É óbvio que desta crença não poderia surgir

outra coisa senão um bocado de problemas de digitalização e/ou reprodução de originais.

No nosso entender a automatização desnecessária de algumas tarefas induz, o profissional

de comunicação, à posição cômoda de não ter que pensar para decidir. Por exemplo, é

incompreensível que um dos aplicativos de tratamento de imagem mais adorados e usados no

mundo (e realmente espetacular!) tenha na janela de diálogo de salvamento de arquivo (em

formatos JPG por ex.:) uma régua onde se pode ajustar um cursor entre um extremo de menor

arquivo, e outro, de maior qualidade de imagem... Inadmissível! O usuário tem que conhecer

para decidir. Infelizmente, se tem uma função no aplicativo que pode tomar decisões que nos

tomariam algum tempo, nós permitimos. Só que o prejuízo causado por esta omissão só aparece

mais tarde.

Já o Photopaint, o aplicativo de tratamento de imagem da suíte de aplicativos Corel,

embora não seja tão popular, implementou adequadamente o algoritmo de compressão JPG. O

usuário escolhe o formato, o sub-formato e as taxas de compressão e suavização. Este sim é o

modo adequado de se lidar com arquivos de imagem. O usuário é responsável pela determinação

resolução de captura x tamanho e formato de arquivo.

Estes dois casos ilustram bem o que acontece no meio da editoração eletrônica,

atualmente. É óbvio que os usuários preferem o aplicativo que toma decisões por eles,

infelizmente, mas há um preço a pagar, do qual muitas vezes eles querem se isentar.

Não é difícil compreender porque a maioria dos usuários evita tomar decisões: ficam

inseguros na maioria das vezes. Porque há muita bobagem, e informações superficiais, sendo

publicadas e é difícil buscar e reunir informações confiáveis a respeito. Por outro lado, uma boa

parte da informação publicada, é correta mas aplica-se a um caso específico, não sendo válido

com orientação para todos os casos semelhantes.

Então o nosso propósito com este artigo é recuperar e reunir as informações relativas aos

arquivos de imagem de modo a ajudar a esclarecer as questões mais importantes sobre o uso de

imagens digitais e digitalizadas em impressos gráficos.

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1 - Pixel e resolução

Pixel5 é o menor elemento de uma imagem digital, é uma representação abstrata da

imagem no domínio digital. Na fotografia com filme o menor elemento de uma imagem é o grão

da emulsão (do papel ou filme), que equivale ao pixel. Este não tem tamanho previamente

definido; depende da resolução de captura. Por exemplo, uma fotografia com 1200 x 1800 pixels

resulta em uma imagem de 2.160.000 pixels ou 2,16 MP. Não importa se a imagem está com

resolução de 72, 150, 300 ou 600 dpi... A quantidade de pixels é a mesma. Mas a resolução da

imagem não. A resolução depende do tamanho do pixel e é dada pela quantidade de pixels em

uma polegada, daí pontos por polegada ou dpi6 (dots per inch). Para se descobrir o tamanho do

pixel basta dividir uma polegada (ou 25,4 mm) pelo Nº de pontos, por exemplo: 25,4/300=

0,084666 mm (é importante trabalhar com seis casas decimais após a vírgula); Isto significa que

o pixel de uma imagem com 300 dpi mede 0,084666. Já o pixel de uma imagem de câmera

digital com 72 dpi mede 0,352777 mm. Na tabela 1 estão os tamanhos do pixel para cada

resolução, dentre as mais comuns: RESOLUÇÃO (EM DPI) TAMANHO DO PIXEL (MM) RESOLUÇÃO (EM DPI) TAMANHO DO PIXEL (MM)

36 0,705555 240 0,105833

72 0,352777 300 0,084666

96 0,264583 400 0,063500

120 0,211666 450 0,056444

144 0,176388 500 0,050800

150 0,169333 600 0,042333

Então se o pixel tem um tamanho, mesmo que dependa da resolução, temos como saber o

tamanho real de cada imagem. Eis aí uma causa freqüente de problemas: o desconhecimento do

tamanho real da imagem digital. Uma rápida busca no sítio de buscas Google pode dar uma idéia

da confusão que pode tomar conta de um usuário disposto a entender o problema. Existem

explicações, das mais absurdas, sobre o assunto, e também explicações corretas, mas... em qual

delas confiar?

Para saber o tamanho real de uma imagem, há um meio simples e prático, usando o

aplicativo Photpaint da Corel (versões 8 a 12). Deve-se clicar em Imagem\ reamostrar, (mas sem

finalizar a operação). Pode-se conhecer o tamanho, em mm, pol, cm, ou pixel, e também, a

resolução. O outro meio é fazer uma conta simples: se você conhece a resolução se sabe quantos

pixels tem a imagem de largura e comprimento, é fácil. Usemos como exemplo uma imagem de

1024 x 768 pixels a 96 dpi: conforme a tabela acima, o pixel de 96 dpi mede 0,264583 mm;

5 É o acrônimo de Picture Element. É o menor elemento de uma imagem digital ou digitalizada. São aqueles ‘quadradinhos’ (como preferem resumir os alunos...) que aparecem quando você amplia muito uma imagem, no computador, durante a visualização. 6 Dots per inch ou pontos por polegada (ppp).

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então: 1024 x 0,264583 = 270,93 mm/ 768 x 0,264583 = 203,19 mm. Então resumindo, se você

sabe quantos pixels tem a imagem de largura e comprimento, e a resolução, vc tem a informação

suficiente para descobrir o tamanho real.

É muito importante entender a questão do tamanho, porque os usuários trabalham com

áreas de trabalho virtuais que dependem do tamanho da tela do monitor e da resolução ajustada,

de modo que quase sempre o que se vê na tela não está no seu tamanho real. Então temos duas

coisas distintas o tamanho em que a imagem é visualizada no aplicativo que a importou, e o

tamanho real.

2 - A resolução padrão para impressos gráficos

Notaram que, logo de início, citamos uma imagem resolução de 300 dpi? Este não é um

número definido ao acaso. Se o leitor e fizer um teste e consultar diversas pessoas do ramo,

quase todos vão dizer que a resolução adequada párea impressão é 300 dpi, mas raramente

alguém saberá dizer o porquê. Há mais de dez anos o mercado gráfico segue alguns padrões

definidos por grupos de estudos de tecnologia gráfica cujos resultados foram publicados na

revista Seybold (USA). Se a aplicação principal à qual se destina uma imagem digitalizada, for a

impressão industrial existem algumas regras a serem seguidas, é claro que se for outra qualquer o

usuário pode escolher o que bem entender. Para impressão industrial existem regras claras

porque os processos de reprodução e impressão não são perfeitos, mas possuem limitações que

deve ser respeitadas.

No caso dos 300 dpi foi definido, e adotado em nível mundial, que o tamanho de um pixel

adequado aos trabalhos gráficos seria de 0,083 mm, porque fica abaixo da resolução do olho

humano que é de 0,1 mm e porque foi estabelecido que a retícula (convencional, não estocástica,

portanto) de maior linhatura, que poderia ser impressa, em impressoras offset, flexográficas e

rotográficas, em qualquer parte do mundo, sem matrizes especiais, é a de 150 linhas, e uma

resolução de 300 dpi deixa o pixel com metade do tamanho do ponto da retícula, atendendo ao

requisito de melhor amostragem (sample rate explicada adiante). Usar resoluções maiores para

diminuir o tamanho dos pixels não produz ganho perceptível e aumenta desnecessariamente o

tamanho dos arquivos.

Uma imagem digital, já reamostrada para 300 dpi, deve ser sempre utilizada numa arte

no seu tamanho original. Em casos extremos pode ser ampliada em até 20% dependendo da

importância da nitidez da imagem para a peça gráfica, e pode ser reduzida à vontade, sem

limites, pois na redução, é claro, o pixel ficará cada vez menor. Mas quando reduções extremas

são necessárias, o mais indicado é reamostrar a imagem para diminuir o tamanho do arquivo.

Devemos pensar a questão do tamanho dos arquivo a longo prazo. Pouco importa 5 MB a mais

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num trabalho específico, mas somados com os excessos de outros trabalhos de uma agência

durante um ano, fazem enorme diferença.

3 - A taxa de amostragem ou sample rate

Outra questão é a Sample Rate ou taxa de amostragem. É uma regra que especifica uma

relação entre a retícula7 a ser usada no impresso, a resolução de escaneamento e a ampliação da

imagem em relação ao original. A Sample Rate adotada pelo mercado gráfico é de 2:1, ou seja,

uma vez conhecida a linhagem8 da retícula a ser utilizada (em lpi), usa-se uma resolução de

escaneamento (em dpi) equivalente ao dobro da linhagem (em lpi) para cada ampliação do

original, por exemplo, um cromo 35 mm, que vai ser ampliado em 400%, para um impresso em

gráfica que vai utilizar uma retícula de 150 lpi, deverá ser escaneado com 1200 dpi, vejamos:

150 lpi x 2 (amostragem 2:1) = a 300 dpi de resolução de escaneamento para 100%; 300 dpi x

uma ampliação 4 vezes (400%) = 300 x 4 = 1200 dpi. Vê-se que não é difícil definir o maior

formato de impressão, de imagens digitalizadas, para originais físicos. Mas e para originais

virtuais, como as fotos digitais?... Qual é a relação entre tamanho de imagem e tamanho máximo

usável nos impressos?

Para estes originais, antes de mais nada, é preciso conhecer o seu tamanho real em 300

dpi e usá-la neste tamanho, quando inserida na arte eletrônica. Os originais físicos (Martins:

2001) possuem um tamanho que podemos examinar tátil e visualmente, e já conhecemos a regra

antiga de não ampliar os cromos mais do que 6 vezes, sob pena de aparecer o grão da película. E

aí, ampliar um cromo 5,5 x 5,5 cm em 600 %, resulta numa imagem com 33 x 33 cm; se a

resolução de captura, para uso gráfico é de 300 dpi por ampliação (2 x 150 lpi, a linhatura da

retícula), esta imagem deverá ser escaneada em 1800 dpi, ou seja 6 (de 600%) x 300 dpi.

Já os originais virtuais não podem ser examinados fisicamente, mas nem por isso deixam

de ter um tamanho físico. O que precisamos entender é que originais físicos (cromos, por

exemplo) geralmente precisam ser ampliados, mas as imagens digitais já estão armazenadas num

tamanho definido pela quantidade de pixels x o tamanho de cada um dele.

O objetivo de se usar a amostragem correta (2:1) é assegurar que o pixel seja sempre

menor que o ponto da retículas, e que portanto, desapareça.

4 - Conversão das imagens produzidas com câmeras digitais

7 São aqueles minúsculos pontos, que compõem as imagens impressas em qualquer processo de impressão industrial (é preciso uma lente de aumento para vê-los). Todas as imagens como fotografias ou desenhos (tons contínuos), que possuam tons intermediários entre o branco e o preto, precisam ser convertidas em imagens de meio tom e reticuladas para poderem ser impressas, nos processos industriais. Não confundir com impressoras de unidades finais como as jato de tinta, plotters, lasers. 8 A resolução de uma retícula é definida pela sua linhagem em lpi (lines per inch ou linhas por polegada).

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Via de regra as imagens das câmeras digitais nunca podem ser utilizadas como são

recebidas das câmeras sem a conversão de padrão de cor e de formato. Todas as câmeras geram

imagens em RGB9 e com resolução de 72 dpi o que é inaceitável para uso gráfico.

O primeiro passo é convertê-las para CMYK10 e, antes de qualquer tratamento ou

modificação, na imagem. Lembre-se de que o resultado desta mudança é quase imperceptível

nas telas dos computadores, onde tudo é visualizado por RGB, mas muito significativa para os

resultados na geração dos fotolitos e gravação das matrizes de impressão, que utilizam as 4 cores

básicas de impressão CMYK.

O segundo, é converter o formato e a resolução, para 300 dpi, o que indiretamente,

auxilia a descobrir o tamanho máximo usável. A conversão para CMYK é um procedimento

simples em aplicativos como Corel Photopaint entre outros11; já o procedimento de conversão é

denominado reamostragem, e é relativamente simples, embora seja um pouco diferente e tenha

nomes diversos, nos menus, conforme o aplicativo. Aberto o arquivo da foto desejada, deve-se

solicitar a reamostragem a seguinte modificação: redução de 75% (o resultado deverá ser ¼ do

tamanho inicial!) e mudança de resolução para 300 dpi.

O resultado geralmente não é muito animador para quem adquiriu uma câmera digital

pensando estar adquirindo a oitava maravilha do mundo (às vezes cara) e acaba descobrindo que

o tamanho máximo usável (em aplicações gráficas) é muito menor do que o que lhe foi

informado pelo vendedor ou fabricante. Veja, uma imagem produzida por uma câmera digital

(Nikon Coolpix 880 de 3 Mp, por exemplo), na sua mais alta resolução, resulta numa imagem de

54 x 72 cm que chega a impressionar, mas que, não vale nada para aplicações em impressos

gráficos!

Esta imagem após reamostrada para o padrão do meio gráfico (redução de 75% e

mudança de 72 para 300 dpi) fica com 13 x 18 cm, com resolução de captura de 300 dpi, num

total final de cerca de 1.536 pixels x 212712. Como estamos vendo, as coisas não são tão

complicadas assim, como se pensa.

5 – Definindo a linhagem da retícula de impressão

Muitos pensam que a linhagem da retícula (no fotolito) é definida automaticamente,

porque raramente informam isso aos birôs. Não. Não é automático. Um birô, conhecendo as

9 Red, Green, Blue, ou vermelho, verde e azul violeta. São as cores primárias aditivas, ou síntese aditiva ou ainda cores básicas. 10 Cyan (azul ciano), magenta, amarelo e preto. São as cores básicas utilizadas em qualquer processo de impressão. 11 Embora o Photoshop da Adobe seja de longe o preferido da maioria dos diretores de arte, e nosso também, é preciso tomar cuidado. Conforme examinamos na Versão 6,7 e 8 e CS8, quando se pede para reamostrar, ele mostra de imediato que a imagem deve ser reamostrada para 300 dpi, o que leva, muita gente ao erro, dando a entender que já está em 300 dpi. Faça você mesmo o teste, abra uma imagem que você sabe estar em 72 dpi, e veja o que ele irá mostrar. Já no Photopaint, da corel (versões 8, 9, 10, 11 e 12), quando pedimos para reamostrar, a primeira informação que aparece é a informação da imagem no estágio atual. 12 13 cm ÷ 2,54 = 5,12 x 300 dpi = 1.536 // 18 cm / 2,54 = 7,09 x 300 dpi = 2127 pixels 2127 de comprimento, o que equivale a 3,27 Megapixels (obviamente = 1536 x 2127). Note que este tamanho de 13 x 18 cm é o máximo a ser usado para esta foto, com uma retícula de 150 lpi.

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gráficas do seu mercado próximo, muitas vezes não perguntam porque conhecem as limitações

dele. O fato é que a linhagem da retícula é algo que pode ser definido caso a caso. Um trabalho

em especial em que se quer a retícula bem visível, pode ser solicitado saída em filme, com

linhagem de 2 lpi, 8, 16, 30, qualquer número até o limite da plotter. Se os clientes não

especificam a linhagem, os birôs dão saída em 150 lpi. Vários usuários não sabem o que é isso, e

os operadores teriam que explicar... Seria mais complicado e requereria tempo, artigo sempre em

falta nos birôs... Definitivamente, não é algo totalmente automático!

Note que usar resolução de imagem de 300 dpi e retícula de 150 lpi é algo tão

estabelecido e difundido que se assemelha a uma espécie de lei celestial. É uma garantia de bons

resultados quando não se conhece o assunto. Mas isso tem efeitos colaterais. Alguns usuários

acham que se reamostrarmos uma imagem, ela poderá ser utilizada sem que o pixel apareça.

Mas ao que tudo indica, está na hora de abrirmos os olhos e usarmos a regra como ela é:

genérica. A Editora Três é implantou nas revistas Isto é e Isto é Gente (e talvez em outras

publicações...) há quase dois anos, a retícula estocástica. Uma retícula de pontos distribuídos

aleatoriamente e de tamanhos variáveis. Desde a sua invenção em 1884, a retícula foi vem usada

como foi criada: um trama de pontos equidistantes, cujo tamanho varia, mas os centros dos

pontos não. A retícula estocástica possui pontos aleatórios e de tamanho variável conforme a

imagem. A retícula estocástica não possui linhatura como conhecemos, já que a distribuição dos

pontos aleatórios. Só podemos falar de uma linhatura equivalente. Por exemplo, a linhatura da

estocástica usada nas revistas citadas equivale a 200 linhas. Então não podemos continuar

usando 300 dpi como regra, mas sim 400 dpi, certo? A regra estabelece que a resolução deve ser

igual a 2 x a linhagem...

6 – Interpolando imagens manualmente

“Mas será que em casos especiais não seria possível uma utilização de uma imagem fora

desses parâmetros?!...” É uma pergunta que muito fazem. A taxa de amostragem de 2:1 foi

deliberadamente definida para o pixel não aparecer, nos impressos. Igualmente, no meio gráfico,

é comum, a limitação das ampliações de cromos a 6 vezes para, do mesmo modo, o grão (da

película) não aparecer, quando ampliado.

Não é o caso de que o grão do original físico esteja ‘censurado’ de parecer, mas como

regra geral, ele não deve. Contudo, se a imagem é muito importante, mais do que a sua

resolução, o que é muito comum em jornalismo, vale o conteúdo. Já na publicidade é

radicalmente diferente. Quase tudo é sempre muito planejado, daí a prevalência da imagem

nítida, em foco, sem pixels visíveis.

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Sim é possível se utilizar uma imagem num tamanho ligeiramente maior do que o seu

tamanho real mas não sem fazer uma reamostragem, para evitar que o pixel apareça. Esta

reamostragem vai adicionar pixels à imagem, o que equivale a uma interpolação. É o mesmo que

diluir uma garrafa de vinho em um litro d’água. O que obtemos é 2 litros de uma solução que

não é nem água nem vinho, mas que lembra o vinho. A reamostragem aumenta a quantidade de

pixels, o tamanho da imagem, mas não a torna mais nítida. Aquilo que vimos nos filmes de 007

só existe lá. Desistam!

7 – Formatos de arquivo

Quando fazemos uma fotografia numa câmera digital, automaticamente determinamos o

formato de gravação do arquivo e uma paleta de cores. A maioria das câmeras de 3 Mp e acima,

possuem opção de formatos JPG (compactado) e TIF (sem compactação). Mesmo que você não

tenha definido há uma opção default. Definitivamente, não existe foto digital sem um formato de

arquivo. O que fazemos é amostrar uma imagem do mundo real em bits, ou enfim, construir um

conjunto de instruções, baseado num algoritmo (é o que é o formato de arquivo!) para

representar a imagem.

Para aplicações profissionais, no meio gráficas, um formato é muito utilizado: o TIFF ou

Tagged Image File Format, ou simplesmente TIF, sem nenhum tipo de compactação. O Tif foi

criado pela Aldus, também criadora do Pagemaker e Freehand, antes de ser comprada para a

Adobe. O BMP é também um formato bitmap descompactado, mas nativo do Windows, criado

pela Microsoft. Estes são os arquivos que dificilmente causam problemas na geração de fotolitos.

E existe uma outra classe de formatos de arquivo, a dos compactados, que elimina

informação redundante e reduz o tamanho dos arquivos. Mas atenção, não existe redução de

tamanho de arquivos, de informação redundante, sem perdas. Embora os arquivos compactados

introduzam perdas, mesmo que mínimas, esse tipo de arquivo pode ser usado para

armazenamento, para economizar espaço. O formato JPG13 é um desses formatos de imagem

compactados. Como ele é muito flexível e sua taxa de compactação é ajustável, é o mais

utilizado, especialmente na Internet. Talvez por isso, somado ao fato de que, na web, a maioria

das imagens é extremamente compactada (para facilitar a carga das páginas) tenha se originado

um grande, e injusto, preconceito com os JPG, como se fossem de má qualidade. Ora, uma faca

pode ser usada na cozinha ou para ferir alguém. Não é por isso que devemos deixar de ter facas

em nossas cozinhas!

13 Formato de arquivo compactado, de taxas de compressão variáveis e ajustáveis, que permite significativa redução no tamanho dos mesmos. O formato JPG foi definido pelo grupo de estudos denominado de JPEG – Joint Pictures Expert Group, que definiu os parâmetros de para compactação de dados de imagem fixa.

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O JPG é um padrão de compactação de dados que pode variar de uma compactação

mínima (preservando a maior parte da imagem), mas resultando em tamanho de arquivo maior

(embora menor do que o descompactado ou TIF), ou radicalmente o inverso, e este, com menor

maior compactação é justamente o preferido dos web designers. Mas é evidente que, de modo

algum, se deve condenar um formato, baseado no julgamento das suas mais freqüentes aparições

e/ou utilizações!

O JPG é o resultado de anos de trabalho de um grupo multidisciplinar composto de vários

pesquisadores, visando encontrar um denominador comum entre o menor tamanho de arquivo

possível e a melhor representação de um original digitalizado, como por exemplo, aquilo que era

definido no arquivo TIFF. Além do mais existem subformatos no JPG para usos diferenciados: O

JPG 4:4:4 e 4:2:2 (são comuns e vêem no Corel Photopaint); detalhes importantes que a maioria

desconhece porque geralmente aceita as predefinições dos aplicativos, nas indefectíveis

janelinhas de diálogo, com um cursor móvel, numa escala que varia de “máxima qualidade

(arquivo maior) e arquivo menor (qualidade menor)”, que devemos ajustar. Quando se trata de

aplicações gráficas, devemos ter controle sobre o processo, porque muitas regras não estão

incorporadas nos aplicativos, dependem de nosso raciocínio e decisão!

No Photopaint, o subformato JPG 4:4:4 é destinado a aplicações profissionais com perdas

imperceptíveis sem compressão e com perdas mínimas em baixas taxas de compressão, como

por exemplo, 20% de compressão e 12 % de suavização, valores que você define ao exportar um

arquivo, de um formato para outro. Testamos essas taxas e comprovamos que as alterações são

imperceptíveis. Valores maiores, porém causam perdas mais significativas.

A foto que usamos como exemplo, na primeira parte deste artigo, no formato JPG e em

RGB tal e qual foi gerada pela câmera a 72 dpi, com 1.536 x 2127 pixels, ou 3,27 Megapixels,

possuía 1,2 MB; Após a redução de 75%, reamostragem para 300 dpi e conversão de RGB para

CMYK resultou em um arquivo com 1,52 MB, em JPG no sub-formato 4:4:4; Se for exportado

para TIF, totalmente descompactado resultará em 13,33 MB; Se deste formato for novamente

reexportado como JPG (4:4:4) sem nenhuma compressão (é claro que sempre tem alguma, mas

mínima) resultará em 4,11 MB; se deste formato for reexportado para JPG com compressão e

suavização mínima (30 e 20, compressão e suavização, respectivamente) cai para 1,31 MB. Mas

aí temos distorções na imagem, embora ainda pouco perceptíveis.

Note que a imagem descompactada, em JPG 4:4:4, ocupa menos de 1/3 do espaço de um

arquivo descompactado, como o TIF, por exemplo. Obviamente significa menos tempo de envio

pela Internet. Mas se precisamos enviar 10 fotos, de 4 MB cada, 40 MB significa muito tempo de

download, e maiores possibilidades de erro, para quem vai receber. Por isso é sempre uma boa

prática enviar arquivos separadamente, um em cada mensagem.

Page 11: Parâmetros da imagem no domínio digital

Se estamos tratando de uma imagem que precisa ser utilizada na sua ampliação máxima e

queremos garantir extrema definição, é uma boa prática exportar de TIF para JPG numa

resolução maior do que a que será efetivamente utilizada, por exemplo: se precisamos utilizar a

foto no tamanho 13 x 18 cm, que é o máximo, pelos padrões gráficos, a 300 dpi, e desejamos

reduzir o tamanho do arquivo para a remessa, devemos reamostrar a imagem para um tamanho

20% maior, no caso 15,6 x 21,6 (20%) , mantendo os 300 dpi, avisando o destinatário, que o

tamanho máximo utilizável é 13 x 18; ele deverá fazer a reamostragem após receber o arquivo.

Embora os números e nomes acima possam ter dado um nós nas sinapses dos neurônios

dos leitores, voltemos ao mundo inteligível. A nossa conclusão é de que é possível sim, usar o

JPG em aplicações profissionais, respeitando-se o uso do padrão CMYK e a resolução adequada,

bem como a sample rate.

Essa conclusão não é baseada simplesmente na visualização da imagem no monitor do

computador, aliás a visualização no monitor, raramente é confiável, a menos que você possua um

sistema de calibração profissional, e não nesses brinquedinhos de calibração, que não sabem o

monitor e impressora que você tem, mas supõem... É uma longa história14 que não pode ser

explicada aqui, (ver nota 12) mas, para encurtar, as cores no monitor são construídas a partir de

uma paleta RGB, ou cores luz, ou síntese aditiva de cores, composta por vermelho, verde e azul.

Nos impressos é utilizada a síntese subtrativa de cores, com magenta, azul cyan e amarelo, mais

o preto, ou CMYK. Então dificilmente as cores vistas no monitor podem ser impressas com

CMYK. Para piorar a situação, os ajustes de brilho e contraste de cada monitor interferem

drasticamente na imagem que se vê na tela, podendo não corresponder exatamente ao que está no

arquivo. Por isso é que vemos tantas imagens impressas ruins, com cores, brilho e contraste

distorcidos. Se há brilho demais no monitor, o operador tenta aumentar o contraste da imagem

através do aplicativo; se tem contraste demais, ele tenta aumentar o brilho, para compensar...

Mas ainda pode ficar pior! Se o monitor tem uma distorção de cor, para o azul, por exemplo, o

operador tenta diminuir este excesso, às vezes sem considerar que aquele desvio não está no

arquivo, mas apenas no monitor. Como se vê a questão das interfaces é complicada.

A redução do tamanho do arquivo facilita o transporte e/ou envio pela Internet para o

armazenamento. Mas uma coisa deve ser entendida e nunca deve ser esquecida: armazenar é uma

coisa, utilizar é outra. Ao utilizar arquivos JPG nas artes finais eletrônicas, nunca se esqueça de

convertê-los em TIF antes de importar as imagens para os documentos de Corel, Pagemaker e/ou

Quark-x-press, entre vários outros

Este é o formato para o qual estão mais bem ajustadas as Imagesetters, ou impressoras de

imagem, que ao fim e ao cabo, farão a impressão fotográfica dos fotolitos. Note que elas não

14 Os problemas de reprodução de originais estão sujeitos a inúmeras variáveis e para considerar cada uma delas devemos conhecê-las. Os problemas de reprodução foram abordados em um trabalho apresentado no SIPECs/Intercom

Page 12: Parâmetros da imagem no domínio digital

conhecem nada sobre o jeitinho brasileiro! Então não tem meio termo. Uma equação errada – e

uma mísera letrinha, numa fonte e corpo, é isso – resulta num problema, que conforme o modelo

e/ou marca pode finalizar o fotolito com áreas em branco, letras na fonte courier ou similar, ou

simplesmente não dar saída na imagesetter... aí já sabemos! Alguém liga do birô e nos dá a

notícia (sempre numa sexta à noite, para atrapalhar aquele compromisso...) de que o arquivo

“deu pau”!... Resumindo, podemos usar o JPG 4:4:4 para armazenamento e remessa pela Internet

mas, para inserir nos documentos, devemos antes convertê-los para TIF, o que se faz

‘exportando-o’.

Para que todos tenham uma idéia de limites, podemos converter um arquivo TIF em JPG

4:4:4 (20% compressão e 12% suavização) e deste para TIF, novamente, 30 vezes sem alterações

perceptíveis, mesmo em trechos ampliados, o que mostra a eficiência do formato JPG na

compactação, com perdas reduzidas e aceitáveis. Novamente insitimos, o formato JPG não foi

criado numa conversa de botequim, é um algoritmo que merece o respeito devido e que deve ser

usado com consciência, de acordo com sua finalidade. Uma foto qualquer, uma vez exportada

com baixa resolução e compressão extremas, nem Jesus salva! Por mais que lhe digam ou, por

mais que aplicativos miraculosos prometam, tenha em mente que nada recupera a resolução

perdida.

Por fim uma última coisa deve ser dita a respeito das imagens. Não se distorce uma

imagem de forma alguma, seja expandindo-a ou comprimindo-a, horizontalmente ou

verticalmente. Isso é algo que, quase nunca precisa ser dito a profissionais de comunicação, pois

eles aprendem, desde muito cedo, a respeitar a imagem e o modo como suas proporções tendem

a representar o mundo real. Quando se pretende informar algo, que precisa ser complementado

com uma imagem, não se pode perder de vista que o ser humano interpreta e se comunica com o

mundo ao seu redor através de diversas linguagens, especialmente a sonora, visual e verbal

(conf. Santaella em Matrizes da linguagem) e protolinguagens (aquelas que não possuem

gramática, como por exemplo a olfativa e tátil). A propósito a semiótica é a ciência que estuda

toda e qualquer linguagem. Assim, devemos ter consciência dos nossos papéis de

comunicadores, tanto os profissionais ativos, como os que se aventuram eventualmente, e

respeitar e reconhecer que o público lerá a mensagem não só pelo meio verbal, mas também pelo

visual, e uma imagem distorcida, dá uma idéia muito equivocada do formato do produto que

estamos ilustrando.

E isto é mais comum do que imaginam aqueles que estão habituados com as regras dos

meios de comunicação. Muitas vezes, para encaixar uma foto retangular, numa dimensão vertical

se comprime a mesma, ou para se encaixá-la numa dimensão horizontal, maior do que a foto se

expande a mesma, distorcendo irremediavelmente a imagem representada, nas suas proporções.

Page 13: Parâmetros da imagem no domínio digital

No exemplo abaixo, a foto do meio é a correta; à esquerda dela, a imagem está distorcida

(comprimida) verticalmente; à direita está distorcida (expandida) horizontalmente. Imagine que

você nunca tenha visto o produto... Qual formato estará na sua memória ao procurá-lo no

supermercado? Teremos nós a capacidade de imaginar o formato e proporções corretos?...

Difícil. Por incrível que pareça, isso tem sido feito com fotos de pessoas, também, aí o erro é

mais dramático. Aqueles que são altos e magros aparecem como baixos e gordos, quando a

imagem é comprimida verticalmente; mas ficam esqueleticamente magros quando é comprimida

horizontalmente; por outro lado, os que são baixos e gordinhos, ficam anões e gordos, no

primeiro caso e lindamente esbeltos, no segundo caso de compressão de imagem.

Agora com as questões técnicas esclarecidas o leitor certamente não terá mais desculpas

para uso inadequado de imagens digitais, formatos e resolução. Na Produção Gráfica, área da

Publicidade que cuida do orçamento e supervisão de execução de quaisquer tipos de impressos,

do escaneamento à impressão, o que acabamos de explicar, na parte um e nesta parte dois, é

exatamente o que se denomina como reprodução de originais.

Desejando maior aprofundamento nas questões dos originais, solicite ao autor, os

trabalhos apresentados e publicados nos anais dos SIPECs/Intercom15.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BAER, Lorenzo. Produção Gráfica. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 1999. 288 p. BRAUN, Eliezer. El saber y los sentidos. México: Fondo de Cultura Econômica, S. A. de C.V., 1991. 154 p. CARRAMILLO NETO, Mário. Seminário de artes gráficas. São Paulo: Unida&Bosateli, 1985.

15 SIPECs/Intercom (Simpósios de Pesquisa da Intercom/ Sociedade Brasileira de estudos Interdisciplinares da Comunicação).

Page 14: Parâmetros da imagem no domínio digital

_______. Contato imediato com produção gráfica. 1. ed. São Paulo: Global, 1987. (Coleção contato imediato). ______. Produção Gráfica II: Papel, Tinta, impressão e acabamento. São Paulo: Global, 1997. ______. Curso Burti 2000: Fotorreprodução. São Paulo: Burti, 2000. 46 p. MARTINS, Júlio. Nova e mais abrangente classificação em Produção Gráfica: Tipos de originais destinados à reprodução. IN: Simpósio da Pesquisa em Comunicação da Região Sudeste, 8., 2001. VIII Sipec Anais. Vitória: Intercom, 2001. 1 CD-ROM, GT4. RABAÇA, Carlos Alberto; BARBOSA, Gustavo. Dicionário de Comunicação. São Paulo: Codecri, 1981. SANTAELLA, Lúcia. A percepção: uma teoria semiótica. 2 ed. . São Paulo: Experimento, 1998. 154 p. ______. Matrizes da linguagem e pensamento: Sonora, visual, verbal. São Paulo: Iluminuras, 2001b. 432 p.

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[gravado em 20/10/2006 11:49:00] [© 2006 - Júlio Martins]