Paper - Violência - Aluno Flavio Brim
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VIOLÊNCIA JUVENIL
Relação: Família & Escola
Flavio Aurélio da Silva BrimProfessores: Everaldo da Silva e Iramar Ricardo Paulini
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVIPedagogia – Sociologia Geral e da Educação
8/Maio/2009
RESUMO
Os índices estatísticos da violência no mundo e no Brasil estão nos alertando para a necessidade de um posicionamento sério da sociedade. Não podemos fingir que não estamos vendo o que está acontecendo. Nossos jovens não podem esperar. Temos que ter coragem para entendermos as razões dessa violência e quais medidas devem ser tomadas para uma mudança radical desse processo.
Palavras-chave: Violência Juvenil, Escola.
I. INTRODUÇÃO
Apesar da queda nos índices de mortes violentas no Brasil registrada desde 2003, o país
continua em posição de destaque no ranking latino-americano e mundial de homicídios.
Foi o que revelou o estudo Mapa da Violência: os Jovens na América Latina divulgado nesta
terça-feira em Brasília. A pesquisa foi elaborada pela Rede de Informação Tecnológica Latino-
Americana (Ritla) em parceira com Ministério da Justiça e o Instituto Sangari. (RITLA, 2008)
De acordo com o documento, o Brasil tem a quinta maior taxa de homicídios total e juvenil
da América Latina e ocupa a sexta posição em nível mundial em ambas as categorias, e assim como
os países vizinhos, precisa de políticas mais robustas de inclusão social para alcançar redução
significativa da violência.
A pesquisa apresenta como principal fator explicativo dos níveis de homicídio registrados
no continente a desigualdade na distribuição de renda e não, necessariamente, a pobreza, medida
por meio do PIB per capita.
II. VIOLÊNCIA NA ESCOLA
Na escola é comum vermos o seguinte tipo de violência: ameaças, brigas, violência sexual, uso de
armas, furtos e roubos, outras violências etc.
De acordo com o estudo “Violências nas Escolas”, o maior e mais completo estudo já feito sobre o
assunto na América Latina, “As brigas, os furtos e as agressões verbais são consideradas acontecimentos
corriqueiros, sugerindo a banalização da violência e sua legitimização, como mecanismo de solução de
conflitos.” (UNESCO, Violências nas Escolas, 2004)
As pesquisas da UNESCO mostram que a violência escolar é uma realidade em muitos
estabelecimentos de ensino: dados preliminares da pesquisa "Vitimização nas Escolas", realizada em seis
capitais brasileiras, por exemplo, indica que 83,4% dos alunos dizem que há violência em sua escola.
(UNESCO, Violências nas escolas no Brasil e na América Latina, 2004)
Já está se tornando comum vermos escolas que estão instalando sistemas de segurança
eletrônica. Isso porque a violência das casas alcançou as ruas e inevitavelmente alcançou a escola.
Quando interrogada sobre a experiência de sua escola quanto à instalação do “sistema de
segurança eletrônica” a vice-diretora da escola, Maria Inês Sandoval, afirma:
“a experiência carrega vantagens e desvantagens [...] após a instalação da vigilância eletrônica, não houve mais nenhum registro de violência ou ameaça a alunos e professores. Autores de casos de vandalismo também puderam ser identificados graças às imagens do circuito”. (SANDOVAL, 2009)
Cerca de 1 milhão de crianças em todo o mundo sofrem algum tipo de violência nas escolas
diariamente. Foi o que detectou uma pesquisa divulgada hoje pela organização não-governamental
Internacional Plan, que atua em 66 países em defesa dos direitos da infância. O relatório é parte da
campanha global 'Aprender sem medo', lançada também hoje. O objetivo é promover um esforço
mundial para erradicar a violência escolar. O Brasil foi incluído no estudo. E os resultados são
alarmantes: 70% dos 12 mil estudantes pesquisados em seis estados afirmaram terem sido vítimas
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de violência escolar. Outros 84% desse total apontaram suas escolas como violentas.
(INTERNACIONAL-PLAN, 2008)
As três principais formas de violência na escola: o castigo corporal, a violência sexual e o
bullying, fenômeno definido pelo estudo como "atitudes agressivas, intencionais e repetidas que
ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro".
(INTERNACIONAL-PLAN, 2008)
Depois de participar da prova de saltos ornamentais dos Jogos Olímpicos de Pequim com
apenas 14 anos, o britânico Tom Daley enfrentou problemas na escola. E as brincadeiras de seus
colegas culminaram com a saída temporária do Eggbuckland Community College. (DALEY, 2009)
III. ONDE ESTÁ A CAUSA DA VIOLÊNCIA?
Para Abramovay a escola abre espaço para a violência à medida que deixa de cumprir seu
papel que é o de formar de maneira positiva as crianças e jovens; à medida que formula normas
unilateralmente sem ponderar a palavra dos alunos e dos pais.
“Assim, os jovens possuem valores, idéias, conhecimentos que não têm coincidido exatamente com o que se ensina na escola, sendo que as diferenças se tornam ainda maiores quando a escola se fecha ao diálogo com eles”. (ABRAMOVAY, 2009)
Na opinião de alguns políticos da Alemanha, a falta de leis duras sobre armas de fogo e a
proibição de jogos de computador violentos também podem estar gerando tamanha violência.
Após a chacina ocorrida numa escola da capital do estado alemão da Turíngia, em 2002, quando em apenas dez minutos um ex-aluno assassinou 16 pessoas, políticos exigiram o endurecimento da lei de armas de fogo e a proibição de jogos de computador violentos. O massacre de Erfurt também levou políticos a exigirem maior presença de psicólogos e assistentes sociais nas escolas, para reconhecer e abordar a tempo o problema da propensão à violência entre os alunos. (ALBUQUERQUE, 2009)
Márcia Cezimbra escrevendo sobre o “comportamento infantil”, afirma:
“A violência de crianças de classe média não é mais uma característica exclusiva das escolas dos Estados Unidos, onde, nos últimos cinco anos, houve 221 assassinatos (44 por ano em média). Os assassinos americanos têm de 11 a 15 anos de idade, não passam fome, vestem boas roupas e recebem mesadas. Este perfil já se desenha no Brasil”. (CEZIMBRA, 1999)
Sirlei, empregada doméstica agredida por rapazes de “classe média” do bairro da Tijuca, Rio
de Janeiro, levou uma surra que quase lhe levou à morte. Simplesmente porque seus agressores
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resolveram colocar em prática suas habilidades de lutadores. O pai de Sirlei, Sr. Carvalho, assim
disse em uma entrevista a um jornal.
“- Criei e eduquei meus filhos com sacrifício, num lugar violento, mas eles são dignos. Tenho quatro filhos, todos fora da violência. Meu menino de 25 anos talvez seja até dedicado demais: tem duas filhas, não bebe e não fuma. Sirlei contou que esses agressores estavam bem vestidos, de tênis, perfumados.” (CARVALHO, 2007)
Para a reporte Luciana Abade, a impunidade e a imaturidade da juventude também contribui
para o avanço da violência. Em um dos seus artigos ela comenta sobre os 10 anos da morte do
calouro de medicina da USP ela diz:
“Mas a impunidade é apenas um dos elementos que estimulam esse tipo de agressão. Por trás da violência, moram também a falta de estrutura familiar, a imaturidade da maior parte desses jovens para encarar a nova realidade e a negligência das faculdades nesse processo transitório.” (ABADE, 2009)
O que nos surpreende nos dois casos acima é o fato dos jovens não serem da classe pobre.
Qual foi a motivação? Será que faltou orientação por parte dos pais para esses filhos? Faltou limite?
Com certeza a falta de dinheiro não foi a causa dessa brutalidade. Haveria algo que esses pais
poderiam ter feito de forma diferente na criação dessas crianças?
Segundo o psicanalista Alfredo Jerusalinsky, a vulgarização da morte e de atos violentos,
seja em imagens reais ou fictícias, ajuda a reduzir no imaginário juvenil a noção dos danos que os
outros sofrem.
''Há uma diferenciação entre um vídeo-game de guerra e um ato real. Para muitos jovens, entretanto, essa linha divisória é muito confusa e a violência vai se tornando banal.” (JERUSALINSKY, 2001)
Sissela, uma professora da Universidade Harvard, nos Estados Unidos e uma das principais
estudiosas do tema no país, assim afirmou: "A maioria dos estudos mostra que as crianças são
influenciadas pela na tela — e os hábitos adquiridos na infância são a base do comportamento
adulto". Para Sissela, um dos efeitos mais dramáticos dessa influência é a dessensibilização — isto
é, a indiferença ao sofrimento alheio. Depois de fazer jorrar sangue na tela de videogames todos os
dias, uma criança tende a achar tudo natural. "Isso é chamado de fadiga da compaixão", explica
Sissela. "Trata-se de um estado de espírito que torna possível testemunhar a brutalidade com
distanciamento, sem envolvimento." (SISSELA, 2008)
Na semana passada, um grupo de intelectuais norte-americanos entrou com uma petição na
corte de apelações de St. Louis, Missouri, pedindo o fim de uma decisão judicial tomada em abril
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que proíbe a compra de jogos eletrônicos classificados para um público maduro por menores de
idade. Se a implementação de uma classificação etária indicativa para jogos eletrônicos é adotada
em vários países, inclusive no Brasil, proibir o acesso de jovens e crianças a títulos mais violentos,
equiparando-os ao tabaco ou à bebida alcoólica, ainda é motivo de polêmica. (JB-ONLINE, 2002)
Um trabalho pioneiro da professora Maria Abigail de Souza, do Instituto de Psicologia da
USP, com 14 meninos violentos, entre 9 e 11 anos, todos vítimas de abandono emocional e social,
mostrou que estas crianças se acalmam ao receberem atenção de adultos próximos. Ela afirma:
“A atenção e o afeto fazem com que as crianças que sentem ódio construam suas vidas no registro oposto, descobrindo vivências de amor. E, a partir daí, tenham ao menos possibilidade de escolha entre um e outro sentimento. Esta é uma das técnicas de tratamento de crianças agressivas recomendadas pelos psicanalistas americanos Fritz Redl e David Wineman em "Crianças agressivas" e "O tratamento de crianças agressivas" (Editora Martins Fontes). Os autores demonstram que a criança que sente ódio não consegue amar simplesmente porque desconhece o que é amor”. (SOUZA, 1999)
Dom Filippo Santoro, no “Documento de Aparecida” com muita lucidez apresenta as causas
da violência que se reveste de várias formas e que tem diversos agentes como...
“o crime organizado e o narcotráfico, grupos paramilitares, violência comum, sobretudo na periferia das grandes cidades, violência de grupos de jovens e crescente violência intra-familiar. Suas causas são múltiplas: a idolatria pelo dinheiro, o avanço de uma ideologia individualista e utilitarista, a falta de respeito pela dignidade de cada pessoa, a deterioração do tecido social, a corrupção inclusive nas forças de ordem e a falta de políticas públicas de equidade social” (SANTORO, 2009)
A psicanalista e professora da Universidade Santa Úrsula Ruth Goldemberg ressalta que a
agressividade pode ser um elemento positivo na criança, se for acolhida pela mãe sem retaliações.
“As relações humanas se constroem a partir do amor e do ódio. Se a mãe souber dar limites à criança com ternura e serenidade, a criança toma posse de seus sentimentos destrutivos e aprende a controlá-los. Quando a criança vive momentos de perdas importantes, como uma doença da mãe ou a separação dos pais, ela rouba, mente, incomoda desesperadamente e tem uma conduta caótica. Ela está chamando a atenção, pedindo ajuda. Se for atendida, recupera-se e os sintomas desaparecem.”.(GOLDEMBERG, 1999)
Já na opinião de Leonardo Boff, a violência no Brasil tem sua causa já na formação da
sociedade brasileira, ou seja, em nossa colonização. Semeamos violência quando vidas foram
escravizadas para a formação estrutural da nossa pátria.
“Seguramente a violência no Brasil possui muitas causas já analisadas com minúcia por muitos. A rigor nem deveríamos dizer que aqui ocorre violência. A violência é estrutural na formação de nossa sociedade. Fomos construídos sobre um fundamento de violência que foi o processo de colonização. O cimento foi feito de violência: as vidas dos escravos, transformadas em carvão para o processo produtivo, como costumava dizer o indignado Darcy Ribeiro. Violenta é a forma como o povo comumente vem tratado sempre considerado jeca-tatu, joão-ninguém, zé-povinho cuja relação primeira para com ele é o grito ou o cassetete.” (BOFF, 2005)
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IV. CONCLUSÃO
Como sociedade precisamos reconhecer que essa violência vem desde nossa origem como
sociedade brasileira. Esse reconhecimento deve ser seguido de arrependimento demonstrado de
forma prática através de leis que revertam esse quadro. Ainda como sociedade devemos gerar leis
que nos conduzam como sociedade dentro de um ambiente sadio e protetor para nossos filhos.
Assim como reconhecemos através de leis o prejuízo que a cigarro gera em nossa saúde, também
devemos produzir outras leis que protejam nossos filhos da violência (no lar, na escola e nas ruas).
Como pais precisamos compreender que nossos filhos precisam de limites e disciplina, mas
que as mesmas não devem ser executadas através da violência que irá gerar mais violência. Deve
ser regada pelo amor gerando equilíbrio entre disciplina e amor. Como pais devemos ter coragem de
impor limite aos nossos filhos quanto a canais de violência dentro do nosso lar: programas de
televisão, vídeos, internet, jogos, etc.
Como escola e professores precisamos compreender que a educação deve ser regada pelo
diálogo e não pela imposição. Pois a imposição é arbitraria e como tal lança sementes de violência
no coração do aluno.
Pierre Weil, nascido em 16 de abril de 1924, conhecido educador e psicólogo francês residente
no Brasil, nos alerta de que a violência está dentro do coração do homem. Qualquer tentativa externa
de solucionarmos não irá gerar seus efeitos se não conseguirmos trabalhar com o espírito do
homem.
A Unesco, há 40 anos, já deixou bem claro que a violência começa no espírito dos homens. Podem desarmar todos os seres humanos; se não se desarmar a agressividade dentro deles, eles vão se agredir com tapas e pontapés. Faz 60 anos que ouço em conferências sobre desarmamento. Tem que desarmar dentro das pessoas, daí a educação para a paz.(WEIL)
As palavras do apostolo Paulo, parecem confirmar as palavras de Pierre Weil. Paulo afirma
que a violência é resultado do espírito do mundo impregnado no coração da humanidade. Paulo
entende que é possível não sermos covardes, mas esse espírito de coragem deve ser dominado pelo
amor e moderação. Para Paulo isso somente será possível quando o espírito do homem for
dominado pelo Espírito de Deus dentro de nós e quando isso acontecer o espírito dos homens serão
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dominados pelo amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e
domínio próprio.
Porque Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação (2 Timóteo 1:7). Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus (I Coríntios 12:2). Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra tais coisas não existe lei (Gálatas 5:22,23).
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