PAPA FRANCISCO VISITA PAÍSES PROJETO DO JRS … · • Empoderando as mulheres nos Centros Arrupe...

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Em EDIÇÃO 41 ANO 5 JAN. / FEV. 2018 INFORMATIVO DOS JESUÍTAS DO BRASIL PAPA FRANCISCO VISITA PAÍSES LATINO-AMERICANOS pág. 10 PROJETO DO JRS PROMOVE O EMPODERAMENTO FEMININO pág. 18 JESUÍTAS PARTICIPAM DE MISSÃO NA TRÍPLICE FRONTEIRA pág. 21 especial pág. 12 O SILÊNCIO Ao silenciarmos, nos damos a possibilidade de escutar a nós mesmos, à natureza, aos outros e, sobretudo, o Senhor

Transcript of PAPA FRANCISCO VISITA PAÍSES PROJETO DO JRS … · • Empoderando as mulheres nos Centros Arrupe...

  • JESUTAS BRASIL

    Em EDIO 41ANO 5JAN. / FEV. 2018INFORMATIVO DOSJESUTAS DO BRASIL

    PAPA FRANCISCO VISITA PASES LATINO-AMERICANOS

    pg. 10

    PROJETO DO JRS PROMOVE O EMPODERAMENTO FEMININO

    pg. 18

    JESUTAS PARTICIPAM DE MISSO NA TRPLICE FRONTEIRA

    pg. 21

    especial pg. 12

    O SILNCIOAo silenciarmos, nos damos a possibilidade de escutar a ns mesmos,

    natureza, aos outros e, sobretudo, o Senhor

  • 4 5Em Em

    SUMRIO EDIO 41 | ANO 5 | JAN. / FEV. 2018

    EDITORIAL Silncio na sociedade do rudo

    Maria Clara Bingemer

    CALENDRIO LITRGICO

    ENTREVISTA PEREGRINOS EM MISSO Um olhar de misericrdia e justia de Deus

    Pe. Ronaldo Colavecchio, SJ

    O MINISTRIO DE UNIDADENA IGREJA SANTA S Papa visita Chile e Peru O silncio na eucarstia

    ESPECIAL O Silncio

    MUNDO CRIA Empoderando as mulheres nos Centros Arrupe

    do JRS

    Acolher e integrar o migrante Jesutas da Espanha celebram 10 anos

    de acolhida a imigrantes

    Uma escola jesuta em um pas marcado pela guerra

    Aplicativos pastorais para celulares Nomeao

    AMRICA LATINA CPAL Palavras da CPAL Estudantes jesutas em misso

    GOVERNO Jesutas do Brasil lanam vdeo institucional

    PROMOO DA JUSTIA SOCIOAMBIENTAL Programa de Incluso Educacional e

    Acadmica da RJE

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    Encontrando a si e a Deus no silncio

  • 4 5Em Em

    SERVIO DA F Exame de conscincia tema de estudo Livro conta a histria dos primeiros mrtires do Brasil

    DILOGO CULTURAL E RELIGIOSO Colgios Jesutas no Brasil Colnia inspiram livro

    EDUCAO Mestrado em Gesto Educacional

    JUVENTUDE E VOCAES Programa MAGIS Brasil promove experincias pelo Pas

    NA PAZ DO SENHOR Ir. Izidoro Loureno Freiberger Pe. Mrio Hisatugo

    JUBILEUS / AGENDA

    EmJESUTAS BRASIL

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    31

    INFORMATIVO DOSJESUTAS DO BRASIL

    EXPEDIENTE

    EM COMPANHIA uma publicao mensal dos

    Jesutas do Brasil, produzida pelo Ncleo de

    Comunicao BRA So Paulo.

    COMUNICAO [email protected]

    www.jesuitasbrasil.com

    DIRETOR EDITORIALPe. Anselmo Dias

    EDITORA E JORNALISTA RESPONSVELSilvia Lenzi (MTB: 16.021)

    REDAOJuliana Dias

    Luza Costa

    DIAGRAMAO E EDIO DE IMAGENSHanderson Silva

    rica Silva

    ANNCIOSHanderson Silva

    FOTOS DA CAPA E DA MATRIA ESPECIALrica Silva

    Sara Oliveira

    ESTAGIRIASara Oliveira

    COLABORADORES DA 41 EDIOPe. Adelson Arajo dos Santos, Cristiana Pires,

    Leila Pizzato, Pedro Risaffi, Tatiane SantAna, Pe.

    Valrio Sartor e Ana Ziccardi (reviso). Um agrade-

    cimento especial a todos que colaboraram com a

    matria especial dessa edio.

    TRADUO DAS NOTCIAS MUNDO + CRIA GERALPe. Jos Luis Fuentes Rodriguez

  • 6 7Em Em

    EDITORIAL

    SILNCIO NA SOCIEDADEDO RUDO

    Maria Clara BingemerProfessora do Departamento de Teologia e decana do Centro de Teologia e Cincias Humanas da PUC-Rio (Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro).

    Se os seres humanos so seres de palavra e linguagem, no h como negar que o silncio parte constitutiva da nossa identida-

    de. Sendo uma opo livre, objeto

    de desejo e no de necessidade. Trata-

    -se de algo que no pode ser imposto,

    mas deve, sim, ser conquistado por

    todo aquele ou aquela que a ele se

    abre voluntariamente.

    Todo silncio desejado impli-

    ca um processo longo, delicado. Sua

    rea de pertena a disciplina, a asce-

    se que faz o homem ou a mulher no

    se contentar com estmulos externos

    e superficiais, mas voltar-se para o

    seu interior e ali procurar, para dila-

    tar e ampliar, seus espaos interiores

    e sua vida espiritual.

    Porque somos seres de palavra,

    frequentemente expostos a rudos,

    comunicaes e estmulos diversos,

    essa disciplina pode ser exigente, at

    mesmo heroica, e ir fortemente con-

    tra nosso gosto imediato. Aprender a

    viver em silncio durante longos pe-

    rodos condio de toda experincia

    inicitica profunda, podendo con-

    duzir experincia direta da auto-

    transcendncia, que configura nossa

    identidade de seres finitos chamados

    infinitude.

    O silncio, no entanto, no um

    fim em si mesmo. Dentro do entendi-

    mento da f e da espiritualidade cris-

    ts, o silncio a condio necessria

    para que acontea, em ns, o verda-

    deiro dilogo e, a partir de ns, ressoe

    no mundo a verdadeira palavra.

    Os Exerccios Espirituais de Santo

    Incio na sua modalidade completa

    de 30 dias feitos em silncio rigoro-so, quebrado apenas pelas conversas

    com o diretor do bem a medida

    da importncia dessa prtica, pois o

    que deseja o grande mestre espiritu-

    al, fundador da Companhia de Jesus,

    que o exercitante v, pouco a pouco,

    libertando-se das vozes e rudos que

    povoam e desorganizam seu interior,

    a fim de que a voz de Deus ali possa

    ressoar plenamente.

    Ensinado e conduzido pelo siln-

    cio, aquele que faz os Exerccios luta,

    sobretudo durante os primeiros dias,

    para calar as vozes interiores que o

    distraem, dividem, desorientam. Mas

    comear, progressivamente, a ouvir

    melhor, a distinguir os movimentos

    interiores e as moes do Esprito

    Santo. , ento, que as palavras e os

    rudos se calam e pode emergir a Pala-

    vra luminosa, pacfica e forte que

    inaugura mundos, engravida virgens

    e transforma desertos em jardins.

    Gestada no ventre fecundo do si-

    lncio, essa Palavra tomar por inteiro

    aquele ou aquela que medita e contem-

    pla e o ir configurando ao Criador de

    quem imagem e semelhana, ao Re-

    dentor que deseja imitar e seguir. No

    interior silenciado pelo Esprito, co-

    mear, sempre com sabor de novida-

    de imperecvel, a Nova Criao.

    Boa leitura!

    [...] O SILNCIO A CONDIO NECESSRIA PARA QUE ACONTEA, EM NS, O VERDADEIRO DILOGO[...]

  • 6 7Em Em

    calendrio litrgicoPrprio da Companhia de Jesus JANEIRO

    FEVEREIRO

    DIA 1 DIA 3 DIA 19

    DIA 2

    DIA 6

    DIA 4

    DIA 15

    Santa Maria Me de Deus Santssimo nome de Jesus

    Apresentao

    do Senhor

    So Joo de Brito

    Beato Rodolfo Acquaviva

    e companheiros

    So Paulo Miki

    Beato Carlos Spnola

    Beato Sebastio

    Kimura e companheiros

    So Cludio

    La Colombire

    So Joo Ogilvie

    So Melchor Grodziecki,

    So Marcos Krievcanin e

    Santo Estevo Pongratz

    Beatos Tiago Sals e Guilherme

    Saultemouche

  • 8 9Em Em

    ENTREVISTA PEREGRINOS EM MISSO

    Pe. Ronaldo Colavecchio, SJ

    Em 10 de junho de 2018, o padre Ronaldo Colavecchio celebrar 51 anos de Sacerdcio, praticamente o mesmo tempo em que se mudou para o Brasil. Nascido nos Estados Unidos, ele chegou

    ao Pas apenas 15 dias aps sua ordenao. Aqui, sua primeira misso foi em Salvador (BA), mais precisamente no bairro dos

    Alagados, construdo sobre o lixo da cidade, que os caminhes

    despejavam a cada hora. A pastoral nos Alagados foi uma imerso

    nas consequncias da injustia que gerava a misria e a morte

    na sociedade daquela poca e que, at hoje, continua a faz-la,

    ressalta o jesuta.

    Mestre em Teologia e autor de cinco livros sobre os Evangelhos,

    padre Ronaldo tambm professor de Novo Testamento e

    Cristologia na Faculdade Diocesana So Jos (Fadisi), em Rio

    Branco (AC), onde mora atualmente. Leia a seguir a entrevista

    especial que ele concedeu ao informativo Em Companhia.

    Conte-nos um pouco da sua histria.

    Nasci em Providence, no estado

    de Rhode Island (EUA). At o 9 ano do Ensino Fundamental, estudei em

    escolas pblicas. Participava da Par-

    quia do Santssimo Sacramento. Com

    outros pr-adolescentes, fui catequi-

    zado por Madre Clarissa, que, por

    seu amor e sua bondade, conseguia

    nos atrair a Deus e nos preparou bem

    para a Primeira Comunho. Ao final,

    ela nos perguntou: como vocs sa-

    bero se fizeram uma boa confisso?

    Silncio total! Mas, de sbito, uma

    menina disse em voz baixa: Vamos

    sentir paz!. E era isso mesmo a minha

    primeira introduo ao discernimen-

    to dos espritos!

    Aos 15 anos, passei da escola pblica para o Instituto dos Irmos Lassalistas.

    Entre os meus colegas dessa poca, al-

    guns j esto no cu, mas outros ainda

    encontro quando vou aos Estados Uni-

    dos. Acredito que, j naquele tempo,

    meus amigos suspeitavam que eu pensa-

    va em ser padre. Por fim, no posso omitir

    a contnua formao dada por meu pai e

    minha me, muito dedicados aos trs fi-

    lhos, com importantes valores e uma re-

    ligiosidade no ostensiva, cada um com

    sua personalidade rica e diferente.

    Como conheceu a Companhia de Je-

    sus? Por que decidiu ser jesuta?

    Na verdade, no conhecia a Compa-

    nhia, a no ser pela Novena de So Fran-

    cisco Xavier, realizada a cada inverno na

    parquia. Eu tambm tinha um amigo

    que foi estudante jesuta e que me deixa-

    va sentir admirao pela Ordem religio-

    sa. Nessa poca, estudava na Faculdade

    dos Dominicanos e participava do grupo

    vocacional deles, porm, prximo do

    ltimo semestre do curso, eu no sabia

    se escolhia ser dominicano ou jesuta.

    Finalmente, o frei que cuidava do grupo

    vocacional me entregou uma cpia dos

    Exerccios Espirituais de Santo Incio e

    me disse: Leia isso. No li mais do que

    algumas frases, porm deu para ver Santo

    Incio agindo como Mestre da vida espi-

    ritual. Senti: isso que quero. Fechei o

    livro e nunca duvidei depois.

    Como surgiu o desejo de vir

    ao Brasil?

    Quando estava na Teologia, durante

    o Conclio Vaticano II, o Papa Joo XXIII

    pediu a presena de mais missionrios

    na Amrica Latina. A Provncia de Nova

    Inglaterra (EUA) enviou quatro jesutas

    para considerar qual o tipo de trabalho

    que poderamos realizar. Entre esses je-

    sutas, havia amigos meus. Ento, decidi

    pedir para acompanh-los. Assim, fui or-

    denado em 10 de junho de 1967 e, 15 dias depois, j estava em Salvador (BA).

    A primeira misso escolhida pelos

    jesutas da Nova Inglaterra foi o bairro de

    Alagados, construdo sobre o lixo da ci-

    dade de Salvador. Depois de dois meses

    participando dessa pastoral, voltei aos

    Estados Unidos para concluir os estudos

    de Teologia. Em 13 de fevereiro de 1969, retornei ao Brasil.

    UM OLHAR DE MISERICRDIA E JUSTIA DE DEUS

  • 8 9Em Em

    Qual a sua avaliao desses 50 anos no Brasil?

    Aqui, Deus me colocou numa

    Igreja dinmica e me deu condies

    de servir aos futuros sacerdotes e a

    outros jovens. Tambm fiz contato,

    nas parquias, com inmeros lei-

    gos que estavam aprendendo a ser

    participantes responsveis no traba-

    lho das comunidades. Morar com os

    membros da equipe de CEAS (Centro

    de Estudos e Ao Social), passar um

    tempo em Marab (PA) e, depois, du-

    rante 28 anos, viver em Manaus (AM)

    com jesutas admirveis, servia para

    manter, diante de mim, a necessida-

    de de olhar a tudo da perspectiva da

    Misericrdia e Justia de Deus. Ideo-

    logias mentirosas, espiritualidades

    alienadas, religiosidade interessada,

    tudo isso era para ser purificado pelo

    conhecimento e o seguimento de Je-

    sus de Nazar e um reconhecimento

    dos valores do Reino a que a Igreja era

    chamada a encarnar no meio dos ho-

    mens. Ou seja, era ver a Igreja chama-

    da por Jesus ao trabalho que ele mes-

    mo desempenhava: de ensinar, curar,

    reconciliar, libertar e conduzir ao Pai.

    Uma Igreja que buscava o Pai de Je-

    sus em tudo, na conscincia de que

    era isso que mais caracterizava Jesus.

    Finalmente, era a necessidade de um

    contnuo discernimento daquilo que

    o Esprito Santo est fazendo em mim

    mesmo. Isso exige um silncio e asce-

    se no sempre dado!

    Estar em Rio Branco (AC), na

    fronteira do pas, tambm estar

    na fronteira dos problemas huma-

    nos e ecolgicos. O que a Teologia

    tem a dizer sobre essas realidades?

    No somente aqui, mas em toda a

    Amaznia, a Teologia, ao refletir sobre

    a realidade que vemos, nos leva a con-

    templar Jesus de Nazar com seu jeito

    simples e cheio de compaixo pelas

    pessoas. Todos ns nascemos dentro

    de contextos sociais e histricos que

    condicionam a nossa liberdade, mar-

    cam a nossa afetividade e influem em

    todas as nossas escolhas, numa ma-

    neira que somente Deus pode avaliar.

    Os Quatro Evangelhos colocam,

    continuamente, diante de ns, a figu-

    ra de Jesus de Nazar na sua presena

    compassiva para com o povo sofrido

    da Galileia e da Judeia. Chegamos a

    entender que, assim, Jesus est viven-

    do sua maneira de ser fiel ao seu Pai.

    Teologicamente, isso nos faz ver, com

    um olhar muito crtico, formas de re-

    ligiosidade que omitem colocar o fiel

    diante desse Jesus e optam por um

    Salvador mais meigo ou um Jesus j

    glorioso durante sua vida, cuja morte

    na Cruz no foi consequncia inevit-

    vel de sua maneira de viver. Nos Evan-

    gelhos, um Jesus pobre e humilde,

    mal-entendido tanto pelo povo quan-

    to pelos discpulos. Era o Filho Ama-

    do, indo resolutamente para o en-

    contro com a Cruz, na certeza de que

    seu Pai iria manifestar-se nele mesmo

    e em todos que se abrem ao seu convi-

    te. Jesus, que no nos fora, mas nos

    atrai ao caminho de verdadeiros dis-

    cpulos. Para mim, no mundo atual,

    o prprio Papa Francisco o exemplo

    mais forte de todas essas linhas de Te-

    ologia sendo vividas na fidelidade de

    um filho que conhece o Pai de Jesus

    e que d tudo de si para conduzir os

    fiis comunho com Ele. E sabemos

    que, enquanto alguns escutam, amam

    e acolhem a mensagem e o exemplo

    desse Papa, outros o rejeitam e espe-

    ram que saia da cena o mais rpido

    possvel! a condio de um mundo

    ainda em Salvao! uma Igreja cha-

    mada a discernir a presena do Esp-

    rito no mundo a fora e de colocar-se

    a servio do Reino do Pai, que o Filho

    Amado inaugurou.

    Sendo o nico jesuta em Rio

    Branco (AC), como enfrentar a soli-

    do e a distncia dos companheiros?

    Claro que a vida comunitria numa

    casa de jesutas uma fonte contnua

    de renovao da nossa vida na Compa-

    nhia. Penso em quanto os colegas influ-

    ram na minha maneira de pensar e de

    viver a vocao durante os anos da for-

    mao. Tambm h a solicitude daque-

    les que tm o ofcio de zelar pelo bem

    dos jesutas. Assim, sinto a falta dos

    jesutas, mas no estou sozinho na ten-

    tativa de viver no seguimento de Jesus,

    com orao, Missa e a presena amig-

    vel dos padres da Diocese, que moram

    comigo. A Comunidade Jesuta qual

    perteno tem sua sede em Assis Brasil

    (AC), a uma distncia de cinco horas da-

    qui de Rio Branco, onde moram os pa-

    dres Emlio Magro Moreira e Francisco

    Almenar Burriel, conhecido como pa-

    dre Paco, e o irmo Gianfranco Zanelli.

    O padre jesuta mais perto o Gilberto

    Oliveira Versiani, proco da Parquia

    Nossa Senhora das Dores, em Brasileia

    (AC), situada a duas horas e meia daqui.

    Tentamos nos reunir ao menos uma vez

    por semestre e nos encontramos quan-

    do um deles vem a Rio Branco. Esses so

    momentos de muita graa.

    AQUI, DEUS ME COLOCOU NUMA IGREJA DINMICA E ME DEU CONDIES DE SERVIR AOS FUTUROS SACERDOTES E A OUTROS JOVENS.

  • 10 11Em Em

    O MINISTRIO DE UNIDADE NA IGREJA SANTA S

    PAPA VISITA CHILE E PERU

    CHILENo dia 15 de janeiro, noite, Fran-

    cisco chegou a Santiago, capital chile-

    na. No trajeto do aeroporto at a sede da

    Nunciatura Apostlica, foi saudado por

    centenas de fiis. Na manh seguinte,

    em sua primeira celebrao, realizada

    para uma multido no Parque OHiggins,

    o Papa abordou os temas paz e justia. A

    agenda de Francisco, na capital chilena,

    foi intensa e incluiu encontro com de-

    tentas do Centro Penitencirio Feminino

    de Santiago, visita ao Santurio de So

    Alberto Hurtado e reunio com religio-

    sos da Companhia de Jesus, entre outros

    compromissos.

    Francisco esteve tambm com um

    pequeno grupo de vtimas de abusos

    sexuais cometidos por sacerdotes. Aps

    o encontro privado, o Papa declarou:

    No posso deixar de exprimir o pesar

    e a vergonha que sinto perante o dano

    irreparvel causado s crianas por mi-

    nistros da Igreja. Desejo unir-me aos

    meus irmos no episcopado porque

    justo pedir perdo e apoiar, com todas

    as foras, as vtimas, ao mesmo tempo

    em que devemos nos empenhar para

    que isso no volte a repetir-se.

    No dia 17, o Pontfice seguiu viagem para Temuco, a mais de 600 quilmetros de Santiago, regio com maior ndice de

    pobreza do Chile. A cidade abriga tam-

    bm os povos indgenas Mapuche, que

    reivindicam seus direitos e o reconheci-

    mento de sua cultura. Durante a celebra-

    o eucarstica, o Santo Padre frisou que

    no se pode cansar de procurar o dilogo

    para a unidade.

    Na cidade de Iquique, no dia 18, Francisco cumpriu seu ltimo compro-

    misso no Chile, com uma missa no Cam-

    pus Lobito. Ao trmino da celebrao

    eucarstica, o Papa fez uma saudao ao

    povo chileno, manifestando seus votos

    de paz ao pas.

    A 22 Viagem Apostlica Internacional do Papa Francisco, entre os dias 15 e 22 de janeiro, teve como destino o Chile eo Peru. Leia, a seguir, como foi a 6 visita do Pontfice Amrica Latina:

    Um episdio inusitado marcou a

    viagem do Papa ao Chile: durante o voo

    entre Santiago e Iquique, ele se ofereceu

    para casar os comissrios Carlos Ciuffar-

    di e Paula Podest Ruiz. Os dois j eram

    casados no civil h sete anos, porm,

    poca, no puderam fazer a celebrao

    religiosa devido ao terremoto de 2010, que devastou o pas.

    PERUNo final da tarde do dia 18, o Papa

    chegou ao Peru, onde milhares de peru-

    anos o saudaram pelas ruas da capital,

    Lima. A programao comeou na ma-

    nh seguinte, em Puerto Maldonado,

    em um encontro com cerca de 4 mil membros dos povos da Amaznia.

    Em seu discurso aos indgenas, o

    Papa disse que desejou muito o encon-

    tro e agradeceu. Obrigado pela vossa

    presena e por nos ajudardes a ver mais

    de perto, nos vossos rostos, o reflexo

    desta terra. Um rosto plural, duma va-

    riedade infinita e duma enorme riqueza

    biolgica, cultural e espiritual. Ns, que

    no habitamos nestas terras, precisa-

    mos da vossa sabedoria e dos vossos co-

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    Papa recebido na cidade de Temuco (Chile)

    Fiis recepcionam Francisco em Lima (Peru)

  • 10 11Em Em

    Fontes: Cano Nova, UOL, G1 e Veja.com

    nhecimentos para podermos penetrar

    sem o destruir no tesouro que encerra

    [guarda] esta regio, ouvindo ressoar

    as palavras do Senhor a Moiss: Tira as

    tuas sandlias dos ps, porque o lugar

    em que ests uma terra santa (Ex 3, 5). O Santo Padre ressaltou que nunca

    os povos originrios da Amaznia esti-

    veram to ameaados em seus territ-

    rios como agora. E defendeu o respeito,

    o reconhecimento e o dilogo com os

    povos nativos, de forma a assumir e res-

    O ltimo compromisso do Papa no

    Peru foi a celebrao eucarstica na

    base area Las Palmas, no dia 21. Ao fi-nal, Francisco deixou uma mensagem

    de esperana sobre a certeza da pre-

    sena de Deus, que se coloca em cami-

    nho na vida do homem: Deus no se

    cansa e nunca se cansar de caminhar

    para alcanar os seus filhos

    Em 10 de janeiro, em sua cate-quese, o Papa Francisco refletiu sobre a importncia do silncio na liturgia da celebrao eucarstica e

    convidou os sacerdotes a cuidar desses

    momentos, durante a Audincia Geral,

    celebrada na Sala Paulo VI do Vaticano.

    Recomendo vivamente aos sacerdotes

    que observem o momento de silncio e

    no tenham pressa. Oremos para que se

    faa silncio. Sem ele, corremos o risco

    de subestimar o recolhimento da alma.

    O Papa destacou que, na liturgia, a

    natureza do silncio depende do mo-

    gatar sua cultura, linguagem, tradies,

    direitos e espiritualidade.

    No dia 20, Francisco celebrou a Santa Missa em Trujillo. A cidade, localizada ao

    norte do pas, frequentemente atingida

    por fortes chuvas que deixam, anualmen-

    te, centenas de mortos e desabrigados.

    Consequncias dolorosas, ainda se fa-

    zem sentir em tantas famlias, especial-

    mente naquelas que ainda no puderam

    construir suas casas. Foi por isso que quis

    vir aqui e rezar com vocs, disse o Papa.

    O SILNCIO NA EUCARSTIA

    NS, QUE NO HABITAMOS NESTAS TERRAS, PRECISAMOS DA VOSSA SABEDORIA E DOS VOSSOS CONHECIMENTOS PARA PODERMOS PENETRAR SEM O DESTRUIR NO TESOURO QUE ENCERRA [GUARDA] ESTA REGIO [...]Papa Francisco

    mento especfico. Francisco explicou

    que, durante o ato penitencial, esse si-

    lncio ajuda ao recolhimento, enquan-

    to, aps a leitura ou depois da homilia,

    ele convida a meditar brevemente sobre

    aquilo que se escutou. Do mesmo modo,

    aps a comunho, o silncio favorece a

    orao interior de agradecimento.

    O Pontfice ressaltou a importn-

    cia de escutar nossa alma e de abri-la

    depois ao Senhor: Talvez tenhamos

    tido dias de cansao, de alegria, de dor

    e queremos compartilhar com o Senhor

    e pedir sua ajuda, ou pedir-lhe que per-

    Para um aprofundamento sobre a

    importncia do Silncio em nossa

    vida, leia, a seguir, a matria especial

    sobre esse tema, na pgina 12.

    manea perto de ns. E acrescentou:

    O silncio no se reduz ausncia de

    palavras, mas na disposio a escutar

    outras vozes: a de nosso corao e, so-

    bretudo, a voz do Esprito Santo.

    Fonte: ACI Digital

    Foto

    : Vat

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    Pontfice se encontra com naes indgenas

  • 12 13Em Em

    ESPECIAL

    Em12

  • 12 13Em Em

    SILNCIOENCONTRANDO A SI E A DEUS

    omo definir o silncio? Se

    folhearmos o dicionrio,

    encontraremos ausncia de

    rudo e estado de quem se cala ou

    se abstm de falar como principais

    definies. Mas, para aqueles acos-

    tumados a vivenci-lo plenamente,

    sua essncia transcende os signifi-

    cados formais. O silncio a chan-

    ce que uma pessoa pode dar a Deus

    para que Ele se faa ouvir, afirma o

    padre Ricardo Torri de Arajo, pro-

    fessor do Departamento de Psicolo-

    gia da PUC-Rio (Pontifcia Univer-

    sidade Catlica do Rio de Janeiro),

    acrescentando que fazer silncio

    dizer a Deus: agora, a Sua vez,

    pode falar.

    O padre Haroldo J. Rahm, diretor da

    Comunidade Teraputica de Campinas

    (SP) e presidente emrito da Institui-

    o Padre Haroldo, ensina que o siln-

    cio um convite verdadeira liberdade

    da alma, que pode se desvincular de to-

    dos os apegos externos, do mundo ilu-

    srio, inclusive do ego, e, portanto, de

    todos os julgamentos. Ele ressalta que

    o silncio interno, o silncio da mente,

    mais difcil do que o silncio da boca,

    das palavras e dos sons emitidos. Ape-

    nas quando a mente silencia, podemos

    entrar em contato com a essncia do Ser.

    O silncio o nico caminho que conduz

    a Deus. Quando nos calamos, Deus fala,

    assegura o jesuta.

    Segundo orienta padre Haroldo

    Rahm, precisamos de silncio, da

    pausa em nossas vidas, pois impor-

    tante pararmos por alguns instantes

    para estarmos tranquilos e ouvirmos

    apenas a nossa voz interior. O con-

    tato com o nosso interior despertar

    sentimentos, equilibrar determina-

    dos anseios, nos dar perspectivas e

    promover o equilbrio emocional e

    afetivo, afirma o jesuta.

    Em seu texto O Valor do Silncio, o

    padre Mrio de Frana Miranda, profes-

    sor emrito do Departamento de Teolo-

    gia da PUC-Rio, ressalta que s conse-

    guiremos ser pessoas que sabem refletir

    e agir responsavelmente quando souber-

    mos valorizar devidamente o silncio

    em nossa vida. [...] Temos de aprender

    a descer ao fundo de ns mesmos, escu-

    tar nosso corao, sentir seus anseios de

    sentido, de paz, de felicidade, de Deus,

    reconhecer que, apesar do que manifes-

    tamos exteriormente e que a tantos en-

    gana, estamos, no fundo, decepcionados

    com nosso teor de vida, com a rotina

    mecnica de nossos dias, com a su-

    perficialidade das nossas conversas,

    das nossas relaes, das nossas aspi-

    raes. E completa: Naturalmente,

    preciso ter coragem para chegar ao

    nosso verdadeiro eu, mas a aventura

    compensa.

    Ainda em seu texto, padre Mrio

    de Frana afirma que: O conheci-

    mento prprio, a avaliao tranquila

    e objetiva de nossa vida, o olhar no

    ingnuo para a sociedade atual, nos

    fazem descobrir outra dimenso da

    realidade, com contedos e valores

    prprios, elementos indispensveis

    para fundamentar e construir perso-

    nalidade madura e slida. Sem eles,

    nos deparamos com pessoas frgeis,

    instveis, indecisas, inseguras, inca-

    pazes de compromissos consisten-

    tes, de gestos corajosos, de renncias

    conscientes e amadurecidas. o si-

    lncio que nos possibilita escutar a

    ns mesmos, natureza, aos outros e,

    sobretudo, a Deus.

    Para ler a ntegra do texto

    O Valor do do Silncio acesse o link

    http://bit.ly/2GVYCsT

    Em 13

  • 14 15Em Em

    SILENCIAR SEM MEDOGeralmente, o silncio defini-

    do negativamente, como ausncia de

    sons, ressalta o padre Luis Gonzlez-

    -Quevedo Campo, conhecido como

    Quevedinho, orientador de Exerccios

    Espirituais. No entanto caberia dizer

    que, na aparente ausncia, h uma

    forma de presena mais profunda. O

    filsofo Wittgenstein j dizia que

    preciso calar a respeito daquilo que

    no possvel falar*. As palavras so

    incapazes de expressar o inefvel.

    Nesse sentido, o silncio mais rico,

    mais profundo do que as palavras,

    destaca o jesuta.

    Padre Quevedinho avalia que o

    silncio, hoje, mais importante do

    que no passado, por ser mais escasso:

    vivemos em um mundo barulhento,

    onde dispor de espaos e tempos de

    silncio tornou-se um luxo. Ainda

    sobre essa dificuldade, ele menciona

    o pregador oficial do Vaticano, frei

    Raniero Cantalamessa, que disse que

    o ser humano, atualmente, capaz de

    enviar uma sonda espacial at os con-

    fins do Universo, mas no sabe son-

    dar o prprio corao. Em sua Exor-

    tao Apostlica Evangelii Gaudium,

    o Papa Francisco tambm indica a

    necessidade de espaos de silncio,

    onde as pessoas possam recolher-se

    e encontrar-se com Deus, ele lembra.

    Segundo o jesuta, por falta de ex-

    perincia, muitos associam o silncio

    ao vazio, tristeza e solido. As pes-

    soas chegam s Casas de Retiro com

    medo de no aguentar passar um fim

    de semana em silncio. Mas, quando

    conseguem realmente silenciar, acal-

    mar a mente e o corao, retornam s

    suas casas com a impresso do quero

    mais, afirma padre Quevedinho.

    O jesuta ressalta que a ideia de va-

    zio, porm, pode entender-se em sen-

    tido simblico, potico e at religio-

    so. Assim, podemos falar do silncio

    de Deus na cultura contempornea e

    os grandes msticos tornam-se enor-

    memente atuais: Uma palavra falou o

    Pai, que foi seu Filho, e esta fala sem-

    pre em eterno silncio, e em silncio

    h de ser ouvida pela alma (So Joo

    da Cruz, Ditos de luz e amor, 99), diz padre Quevedinho, acrescentan-

    do: Nesse sentido, os conceitos de

    silncio e de vazio se aproximam. E

    podemos falar de um silncio sereno,

    proveitoso, e de um silncio agressi-

    vo. Ou de um vazio positivo, cheio da

    presena de Deus, e de um vazio ne-

    gativo, fruto do abandono e da falta

    de sentido.

    Maria das Dores, diretora do Cen-

    tro Loyola de F, Espiritualidade e

    Cultura de Goinia (GO), conta que,

    geralmente, o silncio nos leva para

    um centro que no conhecemos e do

    qual fugimos, um centro onde est o

    nosso real, sem mscara. Fazer siln-

    cio pode abrir caminho para que a ver-

    dade se revele. naquele centro onde

    existe o silncio que a vida borbulha e

    pulsa em intensidade, ela afirma.

    Padre Haroldo Rahm explica que

    muitas pessoas fogem do silncio por

    no tolerarem a falta de rudos e as pau-

    sas. H quem no se permita viver a ex-

    perincia da solido e tende a criar baru-

    lhos e ocupaes por receio do silncio,

    diz o jesuta. E acrescenta: A solido e o

    silncio revelam o que somos, fazendo-

    -nos entender a nossa singularidade e,

    consequentemente, a singularidade da-

    queles que nos acompanham. Quando

    vivemos a solido e o silncio, aprende-

    mos a compreender as diferenas que

    nos caracterizam, assim como as de cada

    pessoa. Ento, podemos reconhecer: o

    outro no sou eu. Ele pensa, vive e ama

    de outra forma e, desse modo, precisa ser

    respeitado e acolhido.

    Conforme ressalta padre Haroldo

    Rahm, o silncio amedronta e enca-

    rado por muitos como uma espcie de

    castigo, de isolamento obrigatrio. E,

    assim, presumem ser necessrio pre-

    encher os espaos vazios com falas,

    msicas ou quaisquer sons. Muitas

    vezes, o silncio visto como um si-

    nal de solido e sinnimo de tristeza.

    Em vez disso, deveria ser encarado,

    no mnimo, como uma grande opor-

    tunidade de introspeco e reflexo,

    ressalta, aconselhando que todo ser

    humano deveria reservar um tempo

    do seu dia para esse isolamento e us-

    -lo para a sua transformao interior,

    obrigando-se a ser sincero consigo

    mesmo e predispondo-se sua pr-

    pria transformao.

    ESCUTANDO DEUSComo lembra o padre Ricardo Tor-

    ri de Arajo, a palavra silncio no

    aparece no livro dos Exerccios Espi-

    rituais (EE) de Santo Incio de Loyola.

    H um silncio sobre o silncio, diz

    o professor do Departamento de Psi-

    cologia da PUC-Rio. E ressalta: Em-

    bora no se fale dele explicitamente,

    o silncio est implcito e de suma

    importncia. Com efeito, segundo

    Incio, ao fazer os Exerccios Espiri-

    tuais, a pessoa deve se afastar de to-

    dos os amigos e conhecidos e de toda

    preocupao terrena (EE 20). Ou seja, isso implica fazer silncio.

    Padre Ricardo Torri diz ainda que o

    objetivo ltimo dos Exerccios Espiri-

    H QUEM NO SE PERMITA VIVER A EXPERINCIA DA SOLIDO E TENDE A CRIAR BARULHOS E OCUPAES POR RECEIO DO SILNCIO

    Pe. Haroldo Rahm

    *Concluso do Tractatus Logico-Philosophicus (Tratado Lgico-Filosfico), escrito pelo filsofo austraco Ludwig Wittgenstein (1889-1951).

    ESPECIAL

    14 14 Em

  • 14 15Em Em

    O SILNCIO DE JESUS CRISTO Em vrias passagens da vida de Je-

    sus, o silncio se fez presente quando

    ele buscava encontrar-se com o Pai.

    Certamente, pelas lembranas que os

    contemporneos de Jesus conserva-

    ram dele, nos quatro Evangelhos ca-

    nnicos, podemos afirmar que Cristo

    viveu e ensinou, com o seu exemplo, o

    silncio, conta Pe. Quevedinho.

    Quando se menciona o silncio

    de Jesus, imediatamente o pensamen-

    to se volta para o silncio da Paixo. E,

    na verdade, ali que o silncio atin-

    giu o ponto mais alto de seu poder ex-

    pressivo. s vezes, o silncio diz mais

    do que as palavras, acrescenta padre

    Haroldo Rahm, ressaltando: Na Pai-

    xo, Jesus fala poucas vezes, nunca

    para se defender, mas apenas para

    explicar a sua identidade. O silncio

    uma palavra importante para explicar

    quem Ele .

    Em 15

    Fizemos um vdeo

    exclusivo sobre o Silncio. Acesse o QR-code

    ao lado e assista:

    http://qrs.ly/226co3e

  • 16 17Em Em

    O BARULHO E O NOSSO CORPO Padre Haroldo Rahm explica que

    o silncio uma completa ausncia

    de pensamentos, um estado de pro-

    funda quietude. Porm no um va-

    zio, a plenitude. Quando silencia-

    mos, podemos ouvir melhor e sentir

    melhor, alm de nos permitirmos

    banhar-nos por todos os sons e por

    todas as formas, ele conta. Hoje, vi-

    vemos em um mundo extremamen-

    te agitado. Acordamos com o movi-

    mento e o barulho em nossa casa e os

    sons externos da cidade anunciando

    o incio de mais um dia. Toda essa pa-

    rafernlia sonora causa de estresse

    para o nosso psiquismo e tambm

    para a nossa espiritualidade.

    O jesuta ressalta que temos ne-

    cessidade de nos silenciar, embora

    essa realidade esteja cada vez mais

    distante de ns. Se at algum tem-

    po atrs o barulho era sonoro, hoje,

    ele psicolgico. Mesmo quando

    no estamos ouvindo os sons ex-

    ternos, nossa mente se ocupa com

    outros afazeres e nossa conscincia

    no consegue aquietar-se, diz padre

    Haroldo Rahm, completando que

    o barulho exterior nos atrapalha na

    orao, mas o rudo interior como

    preocupaes, medos, pecados, pen-

    samentos negativos, inseguranas,

    ansiedades e todas as situaes que

    necessitam de resposta nos deso-

    rientam em demasia.

    tuais levar aquele que os faz a buscar,

    a encontrar e a abraar a vontade de

    Deus a seu respeito (cf. EE 1). Ocorre

    que a vontade de Deus no exterior

    ao sujeito. Pelo contrrio, a vontade

    Dele encontra-se na interioridade da

    pessoa: o prprio desejo, o seu desejo

    mais profundo. Em outras palavras,

    o que Deus plantou no corao do ho-

    mem. Ora, para entrar em con-

    tato com essa realidade,

    preciso fazer silncio.

    Por isso que, para a

    espiritualidade

    inaciana, o silncio fundamental,

    comenta o jesuta.

    Padre Quevedinho explica que, nos

    EE, assim como na grande tradio

    espiritual crist, o silncio no um

    fim, mas um meio: O nico fim abso-

    luto Deus. Todas as escolas de espiri-

    tualidade coincidem em afirmar que o

    silncio um meio muito importante

    para escutar a Deus ou, na expresso

    inaciana, buscar e encontrar a Deus.

    Ele afirma ainda que a expresso si-

    lncio absoluto no lhe agrada, por-

    que afasta a maioria das pessoas. Con-

    forme ressalta, Santo Incio, embora

    se sentisse atrado pela vida monsti-

    ca no tempo da sua converso, fundou

    depois uma Ordem religiosa apost-

    ESPECIAL

    Em16

  • 16 17Em Em

    interior, sonoro, eloquente, fecundo e

    reverente. um silncio povoado de

    Deus, ela garante, completando: O si-

    lncio exterior para tornar o ambien-

    te propcio ao recolhimento. Um espa-

    o de paz, tranquilidade e de ateno

    amorosa s manifestaes de Deus, da

    mesma forma como ocorreu com In-

    cio de Loyola em sua experincia em

    Manresa (Espanha).

    O QUE FAZER PARA SILENCIAR? O Papa Francisco tem insistido

    que, para encontrar o Senhor, preci-

    samos entrar em ns mesmos e sen-

    tir aquele fio de um silncio sonoro,

    pois Ele nos fala ali. Mas como alcan-

    ar esse silncio interior?

    Para comear, importante en-

    tendermos o que o chamado si-

    lncio interior. Padre Quevedinho

    nos ensina que o recolhimento

    ou concentrao da nossa mente,

    antes, dispersa em mil pensamen-

    tos e, agora, unificada em uma s

    direo. A maneira de ensinar e de

    aprender tal silncio no pode ser

    terica, mas prtica. E, como toda

    aprendizagem, exige exerccio,

    vontade decidida e perseverante,

    afirma o jesuta, acrescentando

    que a espiritualidade tem ajudado

    e continuar ajudando muitas pes-

    soas a crescerem na capacidade de

    fazer silncio, especialmente pela

    prtica dos Exerccios Espirituais,

    que exigem silncio, tanto interior

    como exterior.

    Maria das Dores diz que o primeiro

    passo para atingir esse silncio espiritu-

    al desej-lo. O desejo uma fora que

    move a pessoa a agir. A espiritualidade

    inaciana, por meio da metodologia dos

    Exerccios Espirituais, j um caminho

    privilegiado que favorece o aprendizado

    do silncio, pois valoriza o recolhimento,

    o distanciamento dos rudos externos, a

    tranquilidade dos espaos, a beleza dos

    ambientes que convidam interioridade

    e ao encantamento, os refros orantes, a

    harmonizao do ser por meio de exerc-

    cios de relaxamento corporal e mental, a

    valorizao da dimenso corporal, entre

    outros passos, conta a diretora do Centro

    Loyola de Goinia (GO).

    Padre Haroldo Rahm refora que a

    procura pelo silncio s acontece quando

    o desejamos, normalmente quando es-

    tamos em busca de ns mesmos e/ou de

    algo que d sentido nossa existncia.

    Para isso, segundo ele, podemos ouvir

    msica suave, entoar sons voclicos,

    respirar profundamente, enfim utili-

    zar recursos que elevem o nvel vibra-

    trio do nosso corpo e do ambiente ao

    nosso redor e que, ao mesmo tempo,

    tirem nosso foco do mundo exterior.

    Silenciar requer habilidade e f, as-

    sim como tocar piano. possvel to-

    car esse instrumento, mas, primeiro,

    preciso treinar muito para que essa

    habilidade se manifeste. Silenciar a

    mesma coisa: precisamos reaprender,

    redescobrir o caminho para silenciar

    nossos corpos fsico e mental e, assim,

    conseguir acessar nosso Eu Interior,

    ensina o jesuta.

    A multiplataforma Passo a Rezar

    (goo.gl/r2bcQA), vinculada ao Apostolado da Orao de Por-

    tugal, oferece orientaes para

    rezar, com podcast. Aproveite!

    TODAS AS ESCOLAS DE ESPIRITUALIDADE COINCIDEM EM AFIRMAR QUE O SILNCIO UM MEIO MUITO IMPORTANTE PARA ESCUTAR A DEUS

    Pe. Quevedinho

    *Rgle de Vie des Prtres du Sacr-Coeur de Jsus de Btharram, art. 65.*Citao n 640, do livro Toma e L Sntese Agostiniana, de Pedro Rubio.

    17Em

    lica que tem por finalidade ajudar s

    almas. O que se busca, ao praticar os

    Exerccios Espirituais, dispor-se para

    estabelecer uma relao mais profun-

    da com Deus. Buscar sua presena, es-

    cutar sua palavra, acolher seu amor*,

    diz o jesuta.

    Maria das Dores tambm esclarece

    que a prtica dos EE no se trata de um

    silncio absoluto, mas de um silncio

    Dizem que o silncio o repou-

    so da mente em Deus. Ou seja, onde

    acontece a comunho com Deus

    Ele est em ns e ns estamos Nele,

    finalmente somos UM. quando j

    no somos e sim fazemos parte do

    Todo, ressalta padre Haroldo Rahm

    e acrescenta: Essa a Paz Profunda

    que tanto ansiamos vivenciar. Nossa

    tarefa como seres humanos cons-

    truir pontes para transcender iluso

    de estarmos separados de Deus e essa

    ponte se d pelo silncio.

    O padre Ricardo Torri conclui lem-

    brando uma frase de Santo Agostinho:

    A voz de Deus doura e suavidade.

    D alegria e prazer. Mas no pode ser

    ouvida a no ser que o homem silen-

    cie, em seu corao, o rudo e a confu-

    so deste mundo*.

  • 18 19Em Em

    COMPANHIA DE JESUS NO MUNDO CRIA GERAL

    EMPODERANDO AS MULHERES NOS CENTROS ARRUPE DO JRS

    JESUTAS DA ESPANHA CELEBRAM 10 ANOS DE ACOLHIDA A IMIGRANTES

    ACOLHER E INTEGRAR O MIGRANTE

    Na frica do Sul, um dos pases com maior populao de re-fugiados urbanos do mundo, o Servio Jesuta de Refugiados (JRS)

    administra dois centros para mulhe-

    res solicitantes de asilo e refugiadas.

    Esses centros, localizados nas cidades

    de Pretria e Johannesburgo, levam o

    nome do fundador do JRS, padre Pedro

    Arrupe, e desenvolvem projetos que

    as empoderam com habilidades pro-

    Em 2007, a comunidade jesuta de Durango (Espanha), consciente do nmero cada vez maior de refugiados e migrantes, realizou dis-

    cernimento e decidiu comear o proje-

    to de acolher e integrar migrantes. No

    ano passado, a inciativa completou 10

    Apesar do clima de diviso ret-rica e populismo xenofbico de parte de dirigentes polticos eu-ropeus, um trabalho do Servio Jesuta

    de Refugiados (JRS) da Europa mostra

    o surpreendente nmero de europeus

    que oferecem boas-vindas ativas e in-

    clui em suas prprias comunidades

    os migrantes forados. Nosso estudo

    anos e o objetivo principal continua

    o mesmo: oferecer um espao de con-

    vivncia, formao, integrao social

    e apoio aos imigrantes e refugiados.

    A maioria dos jesutas que atuam no

    projeto passa dos 80 anos de idade, por isso j pensam em reestruturar a

    comunidade nos prximos anos. Atu-

    almente, a casa tornou-se morada de

    49 africanos que chegaram para ficar

    em seus coraes, o que os deixou ain-

    da mais felizes. Eles tm sido amados

    tanto quanto tm amado. Suas vidas

    enriqueceram-se reciprocamente.

    mostra que os polticos esto muito

    atrs dos cidados comuns no que se

    refere incluso social das pessoas

    obrigadas a emigrar, afirma o diretor

    do JRS da Europa, padre Jos Ignacio

    Garca Jimnez. Est na hora de os

    governos dos pases europeus suporta-

    rem, investirem e apreenderem de ini-

    ciativas da sociedade civil que facilitam

    o caminho a comunidades dinmicas,

    no qual todos os membros, antigos ou

    recm-chegados, criam espaos para o

    trabalho comum, afirma.

    fissionais prticas. Os cursos de for-

    mao oferecidos nos centros jesutas

    vo desde estudo de ingls a cozinha.

    Depois que elas concluem os estudos,

    recebem kits para pr em prtica suas

    iniciativas e tm oportunidade para

    assistir a um seminrio de capacitao

    empresarial, no qual aprendem como

    utilizar suas habilidades recm-adqui-

    ridas e, assim, gerar rendas para elas e

    suas famlias.

    Acesse http:// bit.ly/2DVukJ5 para ler os resultados do estudo

    realizado na Europa.

  • 18 19Em Em

    UMA ESCOLA JESUTA EM UM PAS MARCADO PELA GUERRA

    APLICATIVOS PASTORAIS PARA CELULARES

    NOMEAO

    O Instituto Loyola de Ensino Se-cundrio, localizado em Wau (Sudo do Sul), serve de san-turio para os alunos de um pas etni-

    camente diverso. Apesar da violncia

    contnua, o Instituto Loyola tem con-

    seguido criar um espao nico onde

    jovens de ambos os sexos podem so-

    nhar com um futuro melhor e comear

    a adquirir as habilidades que os ajuda-

    ro a construir esse futuro, diz o dire-

    tor do instituto, padre Beatus Mauki.

    Embora o instituto tenha sido criado

    pela provncia jesuta de frica Orien-

    tal, em 1982, a guerra civil obrigou os jesutas a suspender as atividades por

    dois anos, at o ano de 2008, quando reiniciaram as atividades escolares.

    O escritrio digital da Provncia da Espanha, o Grupo de Comu-nicao Loyola, oferece algu-mas propostas pastorais por meio de

    aplicativos, como parte da sua misso

    a servio da promoo do Evangelho.

    O escritrio comeou com a Rezando-

    voy, proposta de orao on-line que se

    O Superior Geral da Companhia de Jesus, padre Arturo Sosa, nomeou:

    tornou presena familiar em muitas

    reas religiosas do mundo de lingua

    hispnica. No ano passado, foi lanado

    o aplicativo Taco del Corazn de Jess,

    que est disponvel em duas verses:

    uma gratuita e outra paga. Agora, o Gru-

    po de Comunicao Loyola lana o apli-

    cativo Evangelio dirio 2018. Neste ano,

    O padre Amrit Rai (NEP) para ser

    o novo superior regional da Regio do

    os comentrios so do jesuta Benjamin

    Gonzlez Buelta. O Grupo de Comuni-

    cao Loyola espera poder continuar

    oferecendo o aplicativo para alcanar

    mais pessoas que possam encontrar

    um espao de f. As iniciativas dos je-

    sutas da Espanha esto disponveis em

    http://bit.ly/2BLuvRn

    Nepal. Nascido em 1966, Rai ingres-sou na Companhia de Jesus em 1990 e foi ordenado sacerdote em 2001. Suas destinaes anteriores foram: diretor

    de St. Xaviers School de Deonia; dire-

    tor da St. Xaviers High School (ensi-

    no mdio) de Godavari; diretor da St.

    Xaviers School de Kathmandu. Ele

    assume a funo no lugar do padre

    Boniface Tigga.

    Fonte: Boletim da Cria Geral dos Jesutas (n 18/Janeiro 2018)

  • 20 21Em Em

    A COMPANHIA DE JESUS NA AMRICA LATINA CPAL

    PALAVRAS DA CPAL

    Pe. Rafael Garrido, SJProvincial da Venezuela

    Na Venezuela, estamos vivendo, talvez, a maior crise que nos tem ocorrido como pas. A di-nmica da economia atinge fortemente

    o povo, especialmente os mais pobres,

    com uma hiperinflao galopante. A

    situao poltica e o mascaramento no

    jogo de poder desespera os cidados. A

    realidade social com insegurana, a falta

    de emprego produtivo e os complexos

    problemas das instituies educacio-

    nais desanimam o esforo dos venezue-

    lanos em favor de uma vida digna. Tudo

    isso configura uma realidade muito

    complexa e triste. Nenhum venezuelano

    chegou a pensar que poderamos estar

    neste contexto to catico.

    Essa realidade nacional est expul-

    sando venezuelanos para outros pases,

    especialmente da Amrica Latina, e j co-

    meam a chegar histrias de expulso

    de venezuelanos, de pessoas que atraves-

    sam as fronteiras e vo caminhando em

    direo a cidades do Brasil e da Colmbia.

    Enfim, estamos em um momento muito

    crtico de nossa histria como pas.

    Em meio a essa realidade, a Compa-

    nhia de Jesus aposta na constituio de

    um sujeito pessoal e coletivo que seja

    capaz de construir um pas com demo-

    cracia, produtivo e gerador de bem-estar,

    priorizando os mais necessitados. Por

    essa razo, nossos projetos esto direcio-

    nados, em primeiro lugar, a atender, tanto

    quanto possvel, as necessidades bsicas

    das pessoas, alimentao e medicamen-

    tos, mas olhando o horizonte dessa cons-

    tituio pessoal e social.

    Acreditamos que no podemos per-

    manecer nos queixando de tudo o que est

    ruim, do mal que faz o governo ou a opo-

    sio, mas que, alm da crtica profunda e

    construtiva, temos que oferecer propostas.

    Nessa forma de assumir a nossa re-

    alidade, so promovidos projetos e pro-

    gramas como a Casa de los Muchachos,

    apoiada pelo Movimiento Juvenil Huellas.

    O atendimento a crianas em idade esco-

    lar, feito por jovens formados no mesmo

    movimento oferece, de maneira integral,

    apoio nutricional, reforo escolar, aten-

    o psicolgica, ateno pastoral e op-

    es recreativas.

    A construo da sociedade civil e o

    tecido social so grandes desafios assu-

    midos pelos projetos Reto Pas e Tapiz,

    da Universidade Catlica Andrs Bello,

    como contribuio para a viso de um

    pas democrtico e construdo a partir

    da liderana popular e social. Do mesmo

    modo, a formao cidad, social e poltica

    assumida pelo Centro Gumilla como uma

    valiosa contribuio para o nosso povo.

    Por conseguinte, hoje, o programa de for-

    mao desse centro est presente em todo

    o pas graas ao empenho de muitas pes-

    soas, convencidas da importncia desse

    trabalho e comprometidas com ele.

    Nas parquias, h grande esforo para

    acompanhar as pessoas mais necessita-

    das. Ativa-se a solidariedade e realizam-se

    projetos de alimentao que amenizem a

    crise. F e Alegria se move entre as peque-

    nas brechas que lhe permite a realidade

    para promover proximidade, apoio, pos-

    sibilidades, lutas, sonhos e vontade de

    promover uma mudana na comunidade.

    Em suma, cada uma das obras da Pro-

    vncia e todas juntas fazem os melhores es-

    foros para transmitir a Boa Nova em meio

    desesperana e dor, no meio do povo

    que tambm quer lutar, que no se resigna

    e quer apostar em uma Venezuela mais

    humana e solidria. importante dizer

    que tudo isso feito por instituies que

    lutam dia a dia para sobreviver em meio a

    um complicado cotidiano, no qual a hipe-

    rinflao desempenha papel determinan-

    te. Resolver as dificuldades ordinrias e

    cotidianas tem se convertido numa odis-

    seia, pois j no se conseguem de manei-

    ra regular os elementos necessrios para o

    funcionamento. O que sustenta todo esse

    trabalho a vocao pessoal, qual cada

    membro de nossas instituies responde

    com generosidade e gratuidade. Sabemos,

    por experincia prpria, que este o caso,

    porque, s vezes, encontramos pessoas

    cujo salrio apenas consegue cobrir os

    gastos de transporte para ir ao trabalho e,

    no entanto, no pararam de trabalhar. Isso

    possvel graas deciso de no ficar-

    mos de braos cruzados. Temos que apos-

    tar naquilo que consideramos que no s

    vai nos fazer avanar na busca de um novo

    pas, mas tambm porque, da maneira

    como conseguirmos isso, vai depender

    sua autenticidade e durabilidade.

    Precisamos de todo o apoio possvel

    e o agradecemos profundamente. Sabe-

    mos que contamos com muitas pessoas

    e instituies aliadas que se tornam soli-

    drias, por isso agradecemos o empenho

    com que nos ajudam. Sabemos que a luta

    longa e que no h solues mgicas,

    por isso insistimos em continuar aqui

    com nossa convico de que a Palavra En-

    carnada est no meio da nossa realidade,

    gemendo junto aos mais necessitados,

    inspirando os mais decididos e encora-

    jando os mais desconsolados.

    ACREDITAMOS QUE NO PODEMOS PERMANECER NOS QUEIXANDO DE TUDO O QUE EST RUIM, DO MAL QUE FAZ O GOVERNO OU A OPOSIO, MAS QUE, ALM DA CRTICA PROFUNDA E CONSTRUTIVA, TEMOS QUE OFERECER PROPOSTAS.

  • 20 21Em Em

    Articulado, em dezembro de 2017, com as parquias dos trs pases da trplice fronteira (Brasil, Peru e Colmbia), o Ser-vio Jesuta Pan-amaznico SJPAM acolheu 11 missionrios jesutas dos Centros Interprovinciais de Formao CIFs de Bogot (Colmbia), de Santiago (Chile) e de Belo Horizonte (Brasil).A experincia proporcionou aos missionrios o conhecimento da realidade amaznica. Durante o perodo que passaram

    em misso, entre outras atividades, os jovens jesutas colaboraram com as novenas de preparao para o Natal. Ao chegarem

    a Leticia (Colmbia), todos receberam uma orientao sobre o trabalho do SJPAM, sobre a realidade fronteiria e sobre as pa-

    rquias com as quais iriam colaborar. Logo organizaram suas bagagens e se deslocaram para as demais localidades. No grupo,

    estavam dois brasileiros, Alex Palmer e Rafael Furtado, confira como foi a experincia deles:

    ESTUDANTES JESUTAS EM MISSO

    PARQUIA DE TONANTINSOs estudantes jesutas Alex Palmer,

    do Brasil, e Jesus Jimenez, da Bolvia,

    viveram uma experincia de misso en-

    tre as comunidades ribeirinhas do mu-

    nicpio de Tonantins (AM), s margens

    do Rio Solimes, sob a tutela do padre

    Diego Arley. Para eles, a experincia

    foi muito profunda. Ns ficamos um

    dia em cada comunidade, demorando

    um pouco mais onde foi possvel. Nes-

    ses lugares, vivemos ao ritmo do povo,

    acostumando-nos ao calor, a seus hbi-

    tos e capacidade de espera paciente,

    prpria de quem depende dos rios para

    sobreviver e vencer distncias. Nos dias

    23 e 24 de dezembro, de volta a Letcia, ainda pudemos colaborar com as ativi-

    dades natalinas da parquia dos Freis

    Capuchinhos, acompanhados pelo Fr.

    Rodolfo. Ao longo desse tempo, nas ce-

    lebraes, nas novenas de Natal e nas

    visitas s famlias, falvamos de Deus e

    do seu Reino, mas as pessoas nos fala-

    vam de Deus por aquilo que eram elas

    prprias: espera, acolhida e cuidado.

    Estamos muito gratos por todo o vivido

    e compartilhado!, afirmaram os jovens.

    PARQUIA DE SO PAULO DE OLIVENAA experincia dos estudantes jesu-

    tas Rafael Furtado, do Brasil, e David

    Israel Ortiz, do Mxico, foi

    na Parquia So Paulo de

    Olivena, na diocese de Alto

    Solimes (Brasil), onde visi-

    taram algumas comunidades

    indgenas e conheceram a

    realidade social e eclesial da

    Amaznia. Conforme relata-

    ram, eles chegaram Ama-

    znia com grande desejo de

    conhecer esse mundo to

    complexo e diverso, ou seja,

    lnguas, culturas, sabores e

    cores. A cada dia da experi-

    Fonte: Carta Mensal Pan-Amaznia (n 45/Dezembro 2017) Acesse www.jesuitasbrasil.com/cartapanamazonia e leia a ntegra desta e de outras edies.

    ncia, fomos encontrando um lugar onde

    Deus se revela nos rostos amaznicos e,

    principalmente, na acolhida calorosa das

    pessoas. Acreditamos que o tempo cola-

    bora bastante na vivncia da misso, pois,

    segundo o padre Isaas, vigrio da Par-

    quia, aqui boa parte da vida das pessoas

    acontece no Rio, no sentido de que a vida

    acontece lentamente e, assim, as coisas

    so saboreadas intensamente. Foi uma ex-

    perincia repleta de outras experincias,

    em que as mais simples mostraram o olhar

    de Deus que reforou a nossa identidade

    como cristos e como jesutas. Viajamos

    muitas horas em lancha, brincamos com

    os jovens na chuva, nadamos nos igara-

    ps, comemos vrios tipos de peixes e de

    frutas exticas e nos deixamos abraar pe-

    los povos indgenas das etnias Ticunas e

    Kokamas e pelos colaboradores da Igreja.

    Somos gratos aos jesutas do SJPAM pela

    oportunidade que tivemos de visitar esse

    lugar, compartilharam.

    A misso de Alex foi em Tonantins (AM)

    Rafael conheceu comunidades indgenas

  • 22 23Em Em

    COMPANHIA DE JESUS GOVERNO

    17 Estados

    29 Cidades visitadas

    192 Entrevistas realizadas

    105 Dias de gravao

    27.000kmMais de percorridos

    O VDEO INSTITUCIONAL EM NMEROS

    JESUTAS DO BRASIL LANAM VDEO INSTITUCIONAL

    So imensas as distncias do Brasil. Ento, quer pelas imagens, quer pelas vozes, quer pelos rostos, possamos partilhar o tanto de bem, tanta

    beleza, tanta riqueza que se realiza nesse

    nosso Pas, atravs do carisma inaciano.

    Assim explica Pe. Joo Renato Eidt, pro-

    vincial do Brasil, seu pedido para o vdeo

    institucional que a Provncia dos Jesu-

    tas do Brasil BRA acaba de lanar.

    O projeto, idealizado no segundo

    semestre de 2016 e desenvolvido no l-timo ano, foi um verdadeiro desafio,

    conta Pe. Anselmo Dias, coordenador

    UM CORPO REUNIDO EM MISSOInspirado no Plano Apostlico da

    Provncia dos Jesutas Brasil, o vdeo

    institucional apresenta as quatro

    preferncias apostlicas a Expe-

    rincia transformadora da f, a Su-

    perao do abismo da desigualdade

    socioeconmica, as Juventudes e

    a Amaznia pelo olhar de quem

    experimenta e vive cada uma delas,

    nos diversos cantos do Brasil.

    da equipe de Comunicao da BRA e

    da produo audiovisual. Desenvolver

    um vdeo institucional apresentar a

    misso e os valores da instituio, mas

    tambm contar a histria de quem faz

    essa instituio. O desafio se encon-

    trou, especialmente, em eleger algumas

    belas histrias, entre as milhares espa-

    lhadas pelo Pas, que nos deem esse sa-

    bor da misso da Companhia de Jesus,

    no Brasil, hoje.

    Por trs dessas histrias, est uma

    pequena equipe de produo apenas

    quatro pessoas , da gravao edio.

    A proposta de conhecer o Brasil por

    meio da Companhia de Jesus me pa-

    recia uma oportunidade nica de de-

    senvolvimento profissional e pessoal.

    Ao fim, foi uma das experincias mais

    marcantes de Deus em minha vida, co-

    menta Luiza Barbuto, editora e produto-

    ra executiva do vdeo.

    Como um pedido especial, Pe. Joo

    Renato pontua: Espalhem essa men-

    sagem! Que tenhamos a conscincia de

    que somos todos jesutas, leigos e lei-

    gas esse corpo apostlico em profun-

    da unio com a Igreja de Deus.

    http://qrs.ly/ya6co81

  • 22 23Em Em

    COMPANHIA DE JESUS PROMOO DA JUSTIA SOCIOAMBIENTAL

    PROGRAMA DE INCLUSO EDUCACIONAL E ACADMICA DA RJE

    O Programa de Incluso Educa-cional e Acadmica (PIEA), da Rede Jesuta de Educao (RJE), nasceu da necessidade de realizar um

    trabalho mais efetivo de incluso dos

    estudantes bolsistas. Alm das bolsas

    de estudos, a iniciativa proporciona aos

    alunos um apoio complementar com o

    fornecimento de uniforme, transporte,

    material didtico e alimentao. O pa-

    dre Jos Ivo Follmann, secretrio para

    a Justia Socioambiental da Provncia

    dos Jesutas do Brasil BRA, ressalta

    que muitas vezes, essas aes podem

    acontecer por meio de atendimentos

    assistenciais e outros apoios para o

    bom desempenho escolar.

    Para fortalecer o trabalho em rede

    e a atuao do programa de incluso,

    foi realizado, entre os dias 29 de ja-neiro e 1 de fevereiro, a 1 Reunio Nacional da Rede Jesuta de Educa-

    o PIEA, que aconteceu na Casa de

    Retiro So Jos, em Mar Grande, Vera

    Cruz (BA). O encontro reuniu jesutas,

    assistentes sociais das unidades edu-

    cativas da RJE e as coordenadoras de

    assistncia social das mantenedoras -

    Cristiana Pires, Leila Pizzato e Tatiane

    SantAna. Essa reunio foi um belo

    momento para fortalecer a rede, dan-

    do mais visibilidade e conscincia da

    integrao da Rede Jesuta de Educa-

    o com a Rede de Promoo da Justi-

    a Socioambiental da Provncia BRA,

    avalia padre Jos Ivo.

    Na Companhia de Jesus, o trabalho

    em rede de fundamental importn-

    cia. Segundo o padre Joo Renato Eidt,

    provincial da Provncia BRA, o pedido

    para a articulao e organizao delas

    ficou ainda mais forte a partir da 36 CG (Congregao Geral). Neste senti-

    do, o encontro do PIEA mais um pas-

    so salutar que a Provncia BRA d para

    realizar as suas atividades apostlicas

    em redes. Esse trabalho possibilita a

    partilha e o conhecimento das muitas

    atividades e experincias realizadas

    no Pas, ressalta ele.

    Hidelblane Sousa, assistente social

    da Escola Padre Arrupe, em Teresina

    (PI), concorda com o provincial sobre

    a importncia dessa troca de conheci-

    mento. O encontro possibilitou mo-

    mentos de aprendizagens e reflexes.

    Na ocasio, tivemos a oportunidade de

    socializar o processo de trabalho que

    realizamos nas obras com as quais cola-

    boramos, diz. Para Ivana Rocha, assis-

    tente social do Colgio Santo Incio, no

    Rio de Janeiro (RJ), o trabalho integrado

    em rede representar um salto de quali-

    dade na gesto das bolsas de estudo, na

    incluso educacional e no compromis-

    so na superao das desigualdades.

    O padre Geraldo Kolling, adminis-

    trador da BRA, diz que essa primeira

    reunio tem grande relevncia, pois

    contribui na construo de conheci-

    mentos e relacionamentos, alm de am-

    pliar horizontes. Esse tipo de encontro

    fortalece a sinergia entre as pessoas, os

    programas e as buscas conjuntas de re-

    alizao da misso, acredita.

    O irmo Raimundo Barros, presi-

    dente da RJE, ressalta que o PIEA uma

    forma concreta da Provncia BRA aten-

    der uma das prioridades do seu Plano

    Apostlico, o combate s desigualdades

    sociais. Por meio da incluso educa-

    cional, possvel disponibilizar meios

    e recursos para melhorar os indicadores

    sociais de crianas e jovens em situa-

    o de vulnerabilidade social. Ao fazer

    isso, o PIEA coloca todos os colgios da

    RJE em sintonia com essa prioridade e

    mostra que os recursos podem e devem

    chegar a quem mais precisa. o com-

    promisso social pautando as atividades

    de todos os colgio da RJE de forma ob-

    jetiva e clara, afirma.

    A assistente social do Colgio Dioce-

    sano, em Teresina (PI), Juliana Viana, j

    visualiza os resultados da reunio. Esse

    encontro nos trar grandes responsabili-

    dades e muitos aprendizados para o nos-

    so dia a dia. A conscincia desse trabalho

    em rede permitir que nossos processos

    tcnicos sejam nicos em todas as unida-

    des educativas da RJE, diz.

    O padre Jos Ivo acredita que a me-

    lhor forma de proporcionar uma edu-

    cao de excelncia oferecer a todos

    os educandos (pagantes ou bolsistas) o

    contato vivencial com aes e prticas

    sociais e socioambientais. Nesse sen-

    tido, o PIEA e o trabalho em rede con-

    tribuir significativamente. O desen-

    volvimento conjunto de referenciais

    comuns e a construo coletiva da uni-

    dade conceitual e operacional dentro

    do Programa de Incluso Educacional

    e Acadmica so fundamentais para o

    bom xito da misso, conclui.

    Foto

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  • 24 25Em Em

    COMPANHIA DE JESUS SERVIO DA F

    EXAME DE CONSCINCIA TEMA DE ESTUDO O exame de conscincia, ou me-lhor, o exame de si mesmo como padre Adelson Arajo dos Santos prefere chamar um tempo de

    orao, de dilogo com Deus. Para o je-

    suta, o momento em que o Esprito do

    Senhor nos ajuda a olhar para dentro. O

    exame de conscincia me ajuda a olhar o

    meu corao (conscincia), percebendo e

    discernindo a ao de Deus na minha vida

    e a minha resposta a essa ao, afirma.

    O interesse pelo exame de conscin-

    cia acompanha padre Adelson desde a

    poca do Noviciado na Companhia de Je-

    sus. Nesse momento de formao, a n-

    fase que se dava ao tema era muito signi-

    ficativa, o que despertou, em mim, uma

    curiosidade intelectual para adentrar nas

    razes desse exerccio, dentro da experi-

    ncia vivida por Incio e pelos primeiros

    jesutas, relembra. Anos depois dessa

    inquietao, o jesuta decidiu aprofun-

    dar-se no tema durante suas pesquisas

    de mestrado e de doutorado, na rea de

    Teologia Espiritual. O resultado de toda

    essa dedicao rendeu o livro O exame

    de si mesmo - O autoconhecimento luz

    dos Exerccios Espirituais (Edio Loyola),

    lanado no final de 2017. Na obra, padre Adelson conta que

    buscou concentrar-se no que prprio do

    exame de si mesmo, ou seja, na experin-

    cia espiritual feita e comunicada pelo ser

    humano, nesse caso, tendo como perso-

    nagem central Santo Incio de Loyola e os

    Exerccios Espirituais. Incio viu e prati-

    cou o exame como um verdadeiro exerc-

    cio espiritual ideal para ordenar a prpria

    vida, purificando os afetos, discernindo a

    vontade de Deus a seu respeito e unindo-

    -se cada vez mais a Ele e a seu Filho Jesus,

    impulsionado pelo Esprito, conta. Se-

    gundo o jesuta, nesse processo, Santo

    Incio tambm descobriu como esse tipo

    de orao era mais adaptada vida missio-

    nria e apostlica que ele e os primeiros

    jesutas adotaram para si, sendo por isso

    escolhido como um dos sustentculos da

    vida espiritual da Companhia de Jesus.

    Durante a pesquisa, padre Adelson

    descobriu muitas histrias interessantes,

    entre elas, que a espiritualidade crist no

    foi a nica, nem a primeira, a perceber a

    importncia deste olhar introspectivo que

    leva ao autoconhecimento, favorecendo o

    verdadeiro conhecimento de si mesmo,

    partilha. Apesar dessa constatao, em

    seus estudos, o jesuta percebeu que, no

    Cristianismo, o exame de si mesmo no

    apenas um instrumento de autoconheci-

    mento, mas tambm de conhecimento de

    Deus, revelado na vida cotidiana.

    NOVA MISSO Desde o incio do ano, padre Adel-

    son faz parte do corpo docente da Pon-

    tifcia Universidade Gregoriana (PUG),

    em Roma (Itlia). Nesse perodo, ele

    tem se dedicado a conhecer melhor a

    comunidade jesuta. Alm disso, co-

    meou a fazer os primeiros contatos

    com o instituto de Espiritualidade,

    onde colaborar como professor a

    partir de outubro deste ano, quando

    inicia o novo ano acadmico europeu

    2018-2019. Porm, antes disso, o jesuta passar seis meses preparando-se, in-

    telectualmente, para a nova misso, com

    um tempo de estudos ps-doutorais na

    universidade de Oxford, no Reino Unido.

    Padre Adelson conta que, histori-

    camente, o Brasil sempre colaborou

    com a Gregoriana, uma das mais im-

    portantes obras apostlicas da Com-

    panhia de Jesus, fundada, em 1551, pelo prprio Santo Incio de Loyola.

    Hoje, a PUG rene estudantes de mais

    de 100 pases e os brasileiros so o

    terceiro maior em nmero de alunos,

    atrs da Itlia e dos Estados Unidos.

    No ltimo captulo do livro, padre

    Adelson prope uma ressignificao

    do exame de si mesmo para os dias atu-

    ais. Embora eu me detenha na ques-

    to da formao para a vida sacerdotal

    e religiosa hoje, creio que os pontos

    que desenvolvo no livro podem ajudar

    qualquer pessoa a encontrar, na prti-

    ca do exame, um caminho eficaz para

    crescer em trs direes:

    1 - No autoconhecimento, necessrio para se alcanar a liberdade interior e

    a maturidade humana;

    2 - Na capacidade de discernimento, que leva a um senso crtico objetivo

    da realidade;

    3 - Na maior unio com Deus e adeso misso de seu Filho, por meio de uma

    espiritualidade apostlica comprometi-

    da com o Reino, conclui.

    Ele conta que, devido ao falecimento

    ou aposentadoria de alguns profes-

    sores brasileiros nos ltimos anos,

    no houve nenhum jesuta brasilei-

    ro no corpo docente da universidade.

    Agora, eu espero poder colaborar da

    melhor forma possvel com a misso

    da Companhia nesta universidade,

    sobretudo a partir da minha forma-

    o na espiritualidade inaciana e

    trazendo tambm a riqueza da nossa

    raiz cultural e eclesial latino-ameri-

    cana e brasileira, afirma.

  • 24 25Em Em

    LIVRO CONTA A HISTRIA DOS PRIMEIROS MRTIRES DO BRASIL

    Em 1612, o padre jesuta Andr de Soveral estabeleceu-se nas terras do Rio Grande do Norte. No esta-do, ele passou a atuar no Vale de Cunha,

    junto Capela de Nossa Senhora das

    Candeias, atual municpio de Cangua-

    retama, localizado a cerca de 80 km da capital Natal. Na regio, grande parte da

    populao era simples, humilde e vivia

    da terra, um povo muito fiel e temente a

    Deus. No contexto local, padre Soveral

    foi um verdadeiro lder religioso, dando

    assistncia aos moradores do Engenho

    Cunha e demais habitantes. Ali, ele vi-

    veu cerca de 30 anos at o dia do seu mar-

    trio, conta o padre Jos Freitas Campos,

    do Clero da Arquidiocese de Natal e autor

    do livro O sangue dos mrtires - A histria

    dos primeiros mrtires do Brasil.

    A obra, recm-lanada pela Edies

    Loyola, conta de forma mais detalhada

    o contexto histrico, teolgico e eclesial,

    no qual aconteceu o martrio de dezenas

    de pessoas, em 1645, durante as invases holandesas. Entre as vtimas do massa-

    cre, estavam o padre Soveral e outros 70 fiis que acompanhavam a missa domi-

    nical, em Cunha, e foram cruelmente

    mortos por protestantes calvinistas e n-

    dios potiguares, em junho daquele ano.

    Em outubro, quatro meses aps o

    primeiro massacre, outro ataque acon-

    teceria, agora em Uruau, comunidade

    no atual municpio de So Gonalo do

    Amarante, a 18 km de Natal. Na ofensiva, mais de 80 pessoas foram mortas, entre elas o padre Ambrsio Francisco Ferro e

    o campons Mateus Moreira, que teve o

    corao arrancado pelas costas, enquan-

    to repetia a frase Louvado seja o Sants-

    simo Sacramento. Padre Ambrsio era

    proco da Parquia de Nossa Senhora da

    Apresentao, a nica existente na ca-

    pitania. O religioso sempre se mostrou

    aberto ao dilogo com os holandeses,

    explica padre Campos.

    Para o autor do livro, a intole-

    rncia religiosa aliada ambio de

    poder poltico e econmico foram

    os principais fatores que motivaram

    os massacres. O Engenho Cunha

    era situado em um dos vales mais

    frteis da capitania e com extensas

    reas de criao de gado. Alm disso,

    a produo de acar, carne e fari-

    nha era exportada para regies como

    Pernambuco e Paraba. Tudo isso foi

    alvo da ambio e da cobia dos ho-

    landeses, na nsia de dominar toda

    a regio e controlar sua economia,

    afirma padre Campos, atualmente,

    proco da Parquia de So Sebas-

    tio em Natal, assessor da Comisso

    Bblico-catequtica da Arquidiocese

    e diretor Espiritual do postulantado

    dos Frades Capuchinhos.

    Ao saber que 30 daqueles mrti-res seriam canonizados pelo Papa

    Francisco em 2017, padre Campos sentiu-se impelido a contar essa his-

    tria. Eu vi que essa histria precisava

    ser relembrada. Ento, pensei em co-

    locar numa linguagem popular, para o

    entendimento do povo de Deus, o texto

    da Positio super Martyrio do Monsenhor

    Assis, que fundamenta essa causa de

    santidade, conta padre Campos, que

    explica que o nmero de mrtires foi

    menor do que o de vtimas, pois nem

    todas as pessoas foram identificadas.

    A Congregao para as Causas dos San-

    tos exige no somente o nmero, mas

    tambm a identificao de cada um, ou

    pelo nome ou por uma referncia indi-

    reta, como filiao, parentesco ou ou-

    tro dado. O Monsenhor Assis chegou a

    identificar apenas 30, porm os demais tambm so mrtires, pois a motivao

    foi a mesma. O Papa Joo Paulo II teve

    o cuidado de se referir a essa massa de

    annimos como verdadeiros mrti-

    res, ressalta.

    No dia 15 de outubro do ano pas-sado, o Papa Francisco canonizou os

    protomrtires brasileiros, que so

    conhecidos assim porque so os pri-

    meiros mrtires do Pas. Na obra, eu

    apresento a figura dos mrtires e tam-

    bm conto a contribuio da presena

    da Companhia de Jesus e dos demais

    protagonistas da misso primeira em

    terras de alm-mar, conclui. O livro

    de padre Campos nos conta um pouco

    mais sobre a vida dessas pessoas e, com

    ela, poderemos fortalecer a nossa f e

    pedir a Santo Andr, Santo Ambrsio,

    So Mateus e companheiros mrtires

    que roquem a Deus por ns!

    LEIA MAISOs exemplares dos livros citados na

    editoria Servio da F podem ser ad-

    quiridos no site da Edies Loyola

    www.loyola.com.br.

  • 26 27Em Em

    A COMPANHIA DE JESUS NO MUNDO DILOGO CULTURAL E RELIGIOSO

    COLGIOS JESUTAS NO BRASIL COLNIA INSPIRAM LIVROUma significativa parte do pro-cesso de ocupao do territ-rio brasileiro deve-se ao dos jesutas, que se prolongou de ma-

    neira ininterrupta durante mais de dois

    sculos (1549-1759). Durante esse pero-do, a Companhia de Jesus construiu co-

    lgios, seminrios, fazendas, engenhos,

    quintas e aldeamentos, conjugados a

    igrejas e capelas, em pontos estratgi-

    cos ao longo do litoral do Brasil. Foram

    trs dessas construes que serviram de

    inspirao e estudo para a historiadora

    Anna Maria Fausto Monteiro de Car-

    valho lanar o livro Brasil Colonial Os

    reais colgios da Bahia, Rio de Janeiro e

    Pernambuco (Versal Editores).

    Na obra, vencedora do Prmio Ode-

    brecht de Pesquisa Histrica Clarival

    do Prado Valladares, Anna Maria enfoca

    a atuao missionria da Companhia

    de Jesus e destaca o papel de trs pro-

    jetos que, por suas dimenses monu-

    mentais, vinculam-se, com os proces-

    sos de urbanizao das cidades onde

    se situam. Segundo a autora, no Brasil

    Colonial, o monumento Colgio/Igreja

    foi a expresso mais relevante da idea-

    lizao dos jesutas no Pas e participou

    de forma significativa das mudanas

    vividas pela sociedade naquele pero-

    do. Como centro de ensino laico e de

    formao religiosa, o destino dos co-

    lgios esteve, necessariamente, vincu-

    lado ao processo de ordenao urbana

    do domnio portugus no Brasil, como

    parceiros da fundao ou do desenvol-

    vimento de vilas e cidades porturias

    que, na verdade, eram os nicos centros

    consumidores acessveis aos colonos

    nos primrdios da ocupao, explica a

    historiadora, que professora e pesqui-

    sadora convidada do Departamento de

    Histria da PUC-Rio (Pontifcia Univer-

    sidade Catlica do Rio de Janeiro).

    A obra apresenta esse processo jesuta

    de ocupao, no qual os colgios funcio-

    naram como espaos de centralidade e

    desenvolvimento urbano, levando con-

    solidao de certas vilas, fundao de

    outras e de cidades nas terras brasileiras.

    Nesse contexto, os colgios de Salvador

    (BA), Rio de Janeiro (RJ) e Olinda (PE) esta-

    vam localizados em pontos poltica e eco-

    nomicamente estratgicos do territrio

    brasileiro na poca. Esses locais constitu-

    ram-se como os trs centros jurdico-ad-

    ministrativos responsveis por todos os

    demais empreendimentos da Companhia

    de Jesus na colnia. Por isso receberam

    dotao da Coroa Portuguesa e eram cha-

    mados de Colgios Reais, afirma.

    Na pesquisa, alm de estudos tc-

    nicos, Anna Maria analisou os col-

    gios do ponto de vista arquitetnico

    e artstico, por meio de metodologias

    especficas da Histria da Arte e da

    Histria Social da Cultura. No livro,

    a autora mostra que os colgios tam-

    bm funcionaram como ncleos de

    expanso do apostolado dos jesutas

    para o interior do territrio colonial,

    na forma de misses, que desenvol-

    viam maneiras de proteo ao indge-

    na, o que implicou um movimento de

    oposio do Estado portugus.

    Anna Maria conta que o desejo pelo

    tema nasceu quando ainda era estudante

    e que, posteriormente, ficou mais forte

    quando se tornou professora do curso de

    Especializao em Histria da Arte e da Ar-

    quitetura no Brasil, na PUC-Rio. O tempo

    passou e a historiadora decidiu aprofun-

    dar a pesquisa sobre o tema durante sua

    tese de doutorado. Foi com grande alegria

    que, em 2014, vi esse percurso consubstan-ciado no livro e contemplado com o pr-

    mio, expressa.

    Ao longo desse processo, ela conta que

    apresentou diversos trabalhos parciais so-

    bre o assunto em colquios, seminrios e

    congressos de Histria da Arte e Arquite-

    tura, no Brasil e em Portugal. E afirma: no

    dilogo com professores jesutas da PUC-

    -Rio, adquiri conhecimentos enriquece-

    dores sobre o modo nostro, notadamen-

    te no que diz respeito importncia dos

    Exerccios Espirituais para o desenvolvi-

    mento das potencialidades artsticas. O

    legado da atuao dos jesutas permanece

    sensvel na cultura brasileira e o livro de

    Anna Maria apresenta, de forma enrique-

    cedora, os detalhes dessa histria.

    Em breve, o livro estar disponvel

    no site da Versal Editores:

    versaleditores.com.br

    LANAMENTO

  • 26 27Em Em

    COMPANHIA DE JESUS EDUCAO

    MESTRADO EM GESTO EDUCACIONAL

    Em janeiro, a primeira turma do Mestrado em Gesto Educacio-nal oferecido pela RJE (Rede Je-suta de Educao) concluiu o ciclo de

    disciplinas do curso. A iniciativa faz

    parte do Programa de Formao Con-

    tnua da RJE que, em parceria com a

    Unisinos (Universidade do Vale do Rio

    dos Sinos), contempla dois projetos: a

    Especializao lato sensu em Educao

    Jesutica, hoje com mais de 150 estu-dantes, profissionais de todas as uni-

    dades educativas da RJE, e o Mestrado

    em Gesto Educacional. Para Sandra

    Vaiteka, professora do Colgio So Lus

    e aluna do curso, as aulas do mestrado

    foram um momento importante de tro-

    ca de conhecimentos e experincias, de

    crescimento profissional e pessoal e de

    estreitamento dos laos entre educado-

    res da Rede Jesuta de Educao.

    Ao todo, os profissionais da RJE cur-

    saram 13 disciplinas, que abordaram te-mas que vo desde histria, polticas e

    legislao educacional at tecnologias

    digitais aplicadas educao, totalizan-

    do trs semestres letivos. Os estudan-

    tes assistiram a aulas tericas, presen-

    ciais no campus So Leopoldo (RS) da

    Unisinos , e no presenciais, alm de

    atividades prticas e visitas de campo

    a outras instituies. Os mestrandos

    passaram ainda pelo teste de proficin-

    cia em lngua estrangeira e pelo exame

    de qualificao de seus projetos, tendo

    sido todos aprovados.

    A primeira edio do Mestrado em

    Gesto Educacional, com 20 vagas, sele-cionou candidatos entre profissionais de

    todas as unidades da RJE. Segundo padre

    Mrio Sndermann, que na poca da se-

    leo dos alunos era delegado para a Edu-

    cao bsica da RJE, o comprometimento

    com a proposta educativa da Companhia

    de Jesus, com foco na gesto escolar, e

    o desejo de aprofundar conhecimentos

    sobre a educao jesutica foram alguns

    dos critrios utilizados na seleo dos

    estudantes da primeira turma do curso.

    O jesuta enfoca tambm a diversidade de

    profissionais que participaram da inicia-

    tiva. Alm da riqueza de ser um projeto

    que rene e une educadores de diversas

    unidades da RJE em torno de problema-

    tizaes educativas relevantes e atuais,

    o modelo configurou-se tambm uma

    oportunidade de olhar, transversalmen-

    te, a complexidade educativa de nossas

    escolas, uma vez que, nesta primeira

    edio, tivemos diretores gerais e acad-

    micos, profissionais da Assistncia So-

    cial, da Comunicao, coordenadores e

    orientadores pedaggicos, responsveis

    pela Formao Crist e professores. Uma

    diversidade muito rica e que qualifica o

    projeto, afirma padre Mrio.

    Para a jornalista Dayse Lacerda, geren-

    te de Comunicao do Colgio Loyola e

    aluna do mestrado, o curso proporcionou

    maior contato com as teorias da Educa-

    o e da Gesto, o que tem ajudado a am-

    pliar sua viso sobre a escola como lugar

    privilegiado de transformao social. O

    mestrado tambm vem me possibilitando

    consolidar percepes provenientes da

    experincia sobre a comunicao interna

    como estratgica, capaz de levar as uni-

    dades da RJE a alcanarem seus objetivos

    educacionais e a realizar sua misso apos-

    tlica, acredita. Dayse pretende aplicar os

    conhecimento obtidos em sala de aula no

    Colgio. Os prximos passos agora so a

    aplicao da pesquisa no Loyola e a con-

    cluso da dissertao. A mdio e longo

    prazo, os desafios sero aplicar as propos-

    tas de melhoria da comunicao interna

    da escola e disseminar o conhecimento

    adquirido entre os pares da rea de co-

    municao da RJE e no meio acadmico,

    tendo em vista que se trata de um campo

    novo de estudo, afirma.

    Padre Mrio conta que o curso re-

    sultado do movimento sonhado e viven-

    ciado pela RJE e pelas determinaes do

    PEC (Projeto Educativo Comum). Segun-

    do ele, o investimento na capacitao

    dos colaboradores oferece uma formao

    contnua e de qualidade em parceria com

    as universidades presentes no Brasil. In-

    vestir na formao qualificada de nossos

    colaboradores o melhor caminho para

    responder aos desafios educacionais da

    atualidade. Tenho certeza de que o pro-

    jeto seguir dando muitos frutos para

    o apostolado educativo da Provncia do

    Brasil, afirma. O jesuta ressalta ainda

    que projetos como esse respondem com

    qualidade ao complexo contexto educa-

    cional no qual as escolas, colgios e uni-

    versidades jesutas esto imersos, alm

    de fortalecer o to necessrio trabalho em

    rede. Ele conclui que a parceria estabele-

    cida com a Unisinos mostra que poss-

    vel materializar projetos e processos em

    nvel de Provncia do Brasil, aproximando

    educao bsica, universitria e tambm

    popular. Certamente, muitos outros pro-

    jetos nascero a partir desta exitosa expe-

    rincia, finaliza.

    Foto

    : Col

    gio

    Loy

    ola

    (MG

    )

  • 28 29Em Em

    COMPANHIA DE JESUS JUVENTUDE E VOCAES

    PROGRAMA MAGIS BRASIL PROMOVE EXPERINCIAS PELO PASEntre os meses de dezembro de 2017 e janeiro de 2018, o Programa MAGIS Brasil promoveu mais uma edio das Experincias MAGIS, srie de

    atividades realizadas em diversas regies

    do Brasil e, em parceria com a Provncia

    dos Jesutas do Paraguai, na cidade de As-

    suno, capital do pas.

    Organizadas por Centros, Casas

    e Espaos espalhados pelo Brasil, as

    atividades das Experincias MAGIS

    so um chamado para ir ao encontro

    do prximo e, consequentemente,

    encarnar-se nas diferentes culturas

    e realidades brasileiras e latino-ame-

    ricanas, tendo como referncia a es-

    piritualidade inaciana. Durante dois

    meses, os jovens, entre 18 e 32 anos, vivenciaram experincias de despo-

    jamento, simplicidade, gratuidade e

    acolhida ao novo, por meio do volun-

    tariado, da peregrinao, entre outras

    experincias. A Convivncia Cardo-

    ner foi uma delas.

    Voltada para jovens rapazes inquie-

    tos vocacionalmente, a Convivncia

    Cardoner ofereceu aos participantes

    momentos de formao sobre o caris-

    ma da Companhia de Jesus, partilha de

    vida, orao luz da espiritualidade

    inaciana , trabalho voluntrio nas re-

    gies perifricas da cidade de Braslia

    (DF) e romaria. A atividade, que acon-

    teceu entre os dias 19 e 28 de janeiro, reuniu cerca de 30 jovens de diversas regies do Brasil e contou com a coor-

    denao do Centro MAGIS Burnier.

    Outra atividade que integrou as Ex-

    perincias MAGIS foi o II Simpsio Na-

    cional Aproximaes com o mundo ju-

    venil, promovido pela Rede Brasileira de

    Institutos de Juventude, Centro MAGIS

    Anchientanum e pela FAJE (Faculdade

    Jesuta de Filosofia e Teologia). O evento

    reuniu cerca de 300 pessoas, entre os dias 24 a 26 de janeiro, no campus da faculdade jesuta, em Belo Horizonte (MG).

    Em 2018, o evento teve como tema Juventudes e Aes Coletivas Contempo-

    rneas e, por meio da interlocuo en-

    tre pesquisadores, profissionais, mo-

    vimentos juvenis e jovens, contribuiu

    para a compreenso das diferentes for-

    mas de ao das juventudes no espao

    pblico e seu impacto na sociedade.

    A mesa de abertura do II Simp-

    sio Nacional foi formada pelo padre

    Geraldo Luiz De Mori, da FAJE; padre

    Joo Renato Eidt, provincial da Pro-

    vncia dos Jesutas do Brasil; Giovan-

    na Costa, da Rede Brasileira de Cen-

    tros e Institutos de Juventude; Juliana

    Batista dos Reis, do Observatrio da

    Juventude da UFMG (Universidade

    Federal de Minas Gerais); e pelo padre

    Jonas Caprini, coordenador do Progra-

    ma MAGIS Brasil.

    FIQUE POR DENTRO!Veja textos, vdeos e fotos do Sim-

    psio na fanpage:

    www.facebook.com/posjuventude

    A programao do Simpsio con-

    tou com conferncias, mesas de di-

    logo, exposies, plenria de per-

    guntas abertas aos conferencistas e

    apresentao das comunicaes orais

    de grupos de trabalho sobre temas

    pautados no mundo juvenil.

  • 28 29Em Em

    NA PAZ DO SENHORIR. IZIDORO LOURENO FREIBERGERPor Pe. Carlos Henrique Mller

    O Irmo Izidoro, como era conhe-cido, nasceu em Arroio Jaguar, So Sebastio do Ca, no Rio Grande do Sul, no dia 5 de setembro de 1938, filho de Fernando Freiberger e de Mathilde Elma Rockenbach.

    Com 19 anos de idade, em 13 de agosto de 1957, ingressou na Compa-nhia de Jesus, em Pareci Novo (RS). Na

    cidade, fez os votos, como irmo jesu-

    ta, no dia 15 de agosto de 1959, na Capela do Sagrado Corao de Jesus, do Institu-

    to So Jos, sendo mestre de Novios o

    padre Francisco Fonseca.

    No ano de 1971, sob a instruo do padre Lino Carrera, Ir. Izidoro fez a ter-

    ceira provao, na cidade de Belo Hori-

    zonte (MG) e emitiu os ltimos votos

    no Colgio Santo Incio, em Salvador

    do Sul (RS), no dia 22 de abril de 1972. Em agosto e setembro de 1979, partici-pou do curso do Centro de Renovao

    Espiritual - CERNE, da Conferncia dos

    Religiosos do Brasil CRB, no Rio de

    Janeiro (RJ). No perodo de maro a ju-

    nho de 2002, participou do 16 Curso de Formao Permanente para Jesutas na

    Amrica Latina CURFOPAL, em So

    Leopoldo (RS).

    Irmo Izidoro trabalhou muitos

    anos em Salvador do Sul, de 1964 a 1982, no Colgio Santo Incio, na ofi-cina tcnico mecnica. Atendia a mui-

    tos pedidos de reparao mecnica de

    PADRE PETER-HANS KOLVENBACH, EM SUA CARTA PELO JUBILEU DE OURO DE VIDA RELIGIOSA NA COMPANHIA DE JESUS, LEMBROU E ACENTUOU A FIDELIDADE CONSAGRAO DEMONSTRADA AO LONGO DE SUA VIDA COMO IRMO JESUTA [...]

    pessoas da cidade gacha. No munic-

    pio, havia oficina de automveis, mas,

    quando eram necessrios servios de

    solda e de ferraria mais pesada, recor-

    riam oficina do Colgio, coorden