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8/20/2019 Paleta Mundi http://slidepdf.com/reader/full/paleta-mundi 1/14  AVM – VIRT AL M SE M Paleta Mundi, 2006 PALETA-MUNDI JOSÉ VIEIRA

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  AVM – VIRT AL M SE M

Paleta Mundi, 2006

PALETA-MUNDI

JOSÉ VIEIRA

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Nada mais difícil de exprimir do que as obras de arte

- seres vivos e secretoscuja vida imortal acompanhaa nossa vida efémera

Rainer Maria Rilke

 A Arte é a beleza em actividadeRichard Wagner 

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 A paleta é o instrumento onde o artista prepara as suas tintas.Simolicamente, onde as suas ideias tomam !orma antes de sereme"pressas na tela. #este sentido, simoli$a a acti%idade do artista.

& mundo é o local onde a arte %ai ser depositada, o lugar para onde

se dirige a e"press'o art(stica. )ste mundo, simolicamente, representa op*lico apreciador da arte.M+rio ion(sio estaelece entre a Arte e o Mundo uma relação de

divórcio, em ue amas est'o de costas %oltadas.)sta rela'o te%e, em tempos passados, momentos mais !eli$es/

antes do Renascimento, no per(odo ue antecedeu separa'o da pintura eda escultura das artes o!icinais, e ue gerou a concep'o actual da 1igh Art eo3 Art, o o!(cio art(stico era encarado pela sociedade de ent'o como umaparte integrante da sociedade 45, n'o como uma acti%idade reali$ada por homens de e"cep'o. & Renascimento introdu$iu precisamente essa no'odo artista como homem de e"cep'o, um homem dotado de capacidades

criati%as especiais, ue os n'o dotados de%eriam idolatrar. )sta ideia do cultoart(stico desen%ol%eu-se ao longo dos *ltimos séculos desemocando,recentemente no artista como 7Star8. A rela'o entre a Arte e o P*lico so!reuao longo dos tempos %ariadas muta9es, e"istindo, no entanto, uma !ran:aue permanece sempre a!astada do !en;meno art(stico. & prolema n'o éapenas de ho:e, mas desde sempre. esde ue a Arte se entregou aos seuspr;prios interesses, a rela'o Arte < P*lico !oi es!riando cada %e$ mais. ) asacusa9es surgem de amos os lados/ o p*lico acusa a Arte de ser demasiado hermética, de se preocupar apenas consigo mesma, despre$andoos interesses e gostos do p*lico= a Arte acusa o p*lico de apenas sepreocupar com os a!a$eres desinteressantes do dia a dia, demasiado imerso

na realidade uotidiana 42. &u se:a= a Arte n'o é perceida pelo p*lico comouma no%a realidade ue se a!irma, e o P*lico n'o se sente dispon(%el paradescorir os 7mundos8 ue a arte lhe prop9e.

urante os séculos >?@ e >?@@, com a !orma'o das primeirasescolas art(sticas 4as academias a arte atingiu um desen%ol%imento semprecedentes até ent'o/ com o Romantismo, e a preocupa'o de uma Arteue re!lectisse a sociedade, o sistema art(stico te%e necessidade, atra%ésdessa tentati%a de apro"ima'o, de estaelecer uma ponte de di+logo entre a Arte, ou o artista, e o p*lico. Surge o cr(tico. ma espécie de mediador cu:a!un'o seria a de !ornecer leituras poss(%eis, interpretar a ora de arte, otraalho do artista, e tradu$i-lo para uma linguagem ue o p*lico entendesse4B.  Por outras pala%ras dar %isiilidade ora de arte 4C.  Mas o criticopretende ser mais ue um mero tradutor das mensagens contidas na ora dearte, pretende ter um papel inter%enti%o na sociedade/ consciente da suaimportDncia e da sua necessidade, o critico cria em torno de si toda umagama de rela9es as uais sumetem os artistas e a pr;pria sociedade aoseu :ulgar.

Surge, assim, o prolema em trEs %ertentes/ no p*lico, nasociedade e no seio pr;pria arte.

 A incompreens'o ue certas camadas do p*lico re%elam para coma arte, reside numa certa incapacidade de o mesmo se predispor a apreciar a

arte= ou se:a, em atriuir a de%ida importDncia, ou mani!estar o necess+riointeresse para ue a !rui'o art(stica ocorra.

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 A Arte reside em tudo auilo ue a ultrapassa !isicamente. e !acto,%er para além do %is(%el 4F, eis onde reside o %erdadeiro prolema do di%;rciodo p*lico para com a arte 46.

Se por um lado a cria'o n'o necessita de p*lico para e"istir, a Arte, ue lhe d+ ra$'o de ser, precisa de p*lico para ser Arte 4G.  #este

sentido o Artista est+ sempre a!astado do seu p*lico. H a sua ora a uemais pr;"ima dele est+. H na ora e n'o no artista, ue podemos tentar encontrar um elo de liga'o com o p*lico, uma %e$ ue o artista est+ 4oude%eria estar completamente de !ora do prolema. H entre a ora e o p*licoue se gera 4ou n'o uma rela'o de apro"ima'o 4I.

)"iste assim aui um prolema mal resol%ido, a ue algumas!ormas de arte, como o 1apenning e a Per!ormance, procuraram resol%er,suprimindo o o:ecto e ligando a ora directamente ao corpo do artista. #oentanto o aismo permanece. Mesmo sem o:ecto intermedi+rio, o prolemapersiste, porue a ora resiste. ) resiste porue o artista resiste. Resistee"por-se n*, mesmo uando o !a$. Porue o prolema gera-se no aismo

e"istente entre dois su:eitos ue se con!rontam num espelho de dupla !ace/num dos lados espelha-se a %ida do artista ou uma parte signi!icati%a dela, dooutro lado o pr;prio interesse do oser%ador 4J. A ora n'o é um %idro. H umespelho. ) neste espelho, o p*lico de%e %er-se a si mesmo 450.

#uma ora, mais importante ue uem a !e$ é o ue ela nos di$ 455.)ste primeiro contacto é !undamental. S; depois %em o interesse pelo artistaue a produ$iu. Mesmo uando conhecemos o su!iciente sore o traalho deum artista, mesmo uando gostamos do seu traalho, e"istem oras ue nosagradam mais ue outras, oras ue nos interessam mais ue outras, orasue se espelham em n;s mais ue outras. Porue se é certo ue uma orade%e espelhar o seu p*lico, tamém é %erdade ue essa ora de%eespelhar-se no mesmo. &u se:a, se a ora s; se completa com o seu p*lico,este tamém s; e"iste %erdadeiramente porue a ora e"iste.

ogo uando esta rela'o n'o e"iste, o artista desaparece. ) aui éue reside o %erdadeiro prolema. & artista para e"istir %erdadeiramente,necessita ue a sua ora se relacione estéticamente com o p*lico 452.

 A Arte n'o toca a sensiilidade de todos indi%(duos. A Arte toca asensiilidade dos indi%(duos ue tem ue tocar, ue est'o dispon(%eis para serelacionar com ela 45B.

ogo o prolema de%e ser colocado ao contr+rio/ porue é uedeterminados indi%(duos n'o s'o tocados pela arteK A resposta ue

comunemente se prop9e é a de ue estes indi%(duos tEm uma %idademasiado ocupada com os seus a!a$eres di+rios, com a sore%i%Encia di+riaaté, para ser mais radical, ue n'o poder'o nunca encontrar interesse emapreciar uma ora de arte. H como se seguissem um caminho oposto. Lomose lhe ti%essem %irado as costas, sem seuer o saer, sem seuer ter conhecimento disso. )ste n'o é, portanto, de!initi%amente o p*lico da arte.

& p*lico da arte reside noutro lado. em um determinado per!il, seassim uisermos chamar, determinadas caracter(sticas culturais e sociais ueo apro"imam da arte 45C.

)m primeiro lugar, reside tendencialmente nas cidades, em grandescentros uranos, onde e"istem Museus, Nalerias, eatros, Linemas, etc.,

espaos de acesso cultura. A )scola tem aui igualmente um papel

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importante, porue pode despertar o interesse pela Arte e proporcionar umpré%io contacto com as institui9es acima re!eridas 45F.

Mas a e"istEncia destes centros art(sticos nas grandes cidades, n'os'o sin;nimo de ue todos os haitantes desse espao urano se:amapreciadores de arte, nem, de !orma alguma, ue o interesse na arte resida

e"clusi%amente nos centros onde eles e"istam.#o ue di$ respeito ao interesse pela arte, e"cluindo os pro!issionaisdo milieu 4artistas, cr(ticos, historiadores, coleccionadores e galeristas ondea sua rela'o com a arte é ;%ia, e"iste no p*lico di!erentes graus deinteresse 456/

#o grau mais ai"o colocamos o Apreciador Moderno= !reuentamuseus e galerias porue est+ na moda. Nosta de se dar com artistas egente do milieu. em necessidade de se sentir in!ormado para se sentir integrado. Por isso compra :ornais e re%istas sore arte. )m geral, uandoin%este em arte, é porue !ica em, e, na maior parte das %e$es, aconselhadopor um amigo 4o galerista ou critico. &u se:a, para o Apreciador Moderno, a

 Arte n'o passa de um !ait di%ers, um acontecimento de alta sociedade, um!en;meno propiciador de algum status social 4sim, porue o Apreciador Moderno n'o !reuenta ualuer museu ou ualuer galeriaO 45G.

#o grau intermédio temos o Apreciador @n!ormado= gosta de see"iir nos museus e galerias e d+ opini9es sore tudo como se !osse umespecialista. uando tem algum dinheiro, compra algum uadrito, porue !icaem l+ na sala de casa, e porue gosta de os mostrar aos amigos. H portantoum Apreciador com dese:os de Moderno, mas ue ainda n'o conseguiurodear-se das pessoas certas e !reuentar os locais certos...

#o grau mais ele%ado o Apreciador @nteressado= passeia-se pelosmuseus e galerias porue gosta de olhar para essas oras inuietantes,perturadoras, essas rel(uias do passado e do presente, e dar-se ao lu"o demostrar a sua pai"'o dando algumas opini9es uando acompanhado da!am(lia e dos amigos. Por %e$es, com alguma di!iculdade compra uma oraue coloca na sala ou no escrit;rio para poder, durante momentos de algumatranuilidade, perder-se em sonhos nauela ora ue continua a intrig+-lo, aatra(-lo ine"plica%elmente.

emos assim trEs tipos de interesse ue se estaelecem na rela'oue o indi%(duo tem com a sociedade. & indi%iduo ue tem, por assim di$er, asociedade na m'o, uase sempre pertencente ao chamado :et-set, ue!reuenta e"posi9es de arte contemporDnea, mas ue compra uadros

real(stico-impressionistas ao pintor !amoso l+ da terra.epois temos auele ue, emora n'o tenha conseguido entrar no :et-set, comporta-se como se :+ l+ esti%esse. Possui, em geral, uadrosrealist(co-impressionistas porue pretende ascender categoria anterior.

Qinalmente temos o %erdadeiro apreciador de arte, auele cu:ogosto n'o depende directamente do da sociedade, compra por gosto tantooras impressionistas como contemporDneas.

emos assim identi!icado o segundo prolema, do ual depende oprimeiro/ como a sociedade %E a uest'o da arte.

Se a arte na sua %erdadeira essEncia n'o é o o:ecto, 4mas o ueespelha uer o artista uer o p*lico como pode a sociedade encarar ou

atriuir importDncia a algo, ue, em si mesmo, n'o é mais ue um simples :ogo de espelhosK Algo ue reside na mente e no cora'o dos homensK Algo

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ue em si mesmo n'o é palp+%el. Atra%és da %alori$a'o do lado o:ectual,do o:ecto < espelho 45I.

Lomo a arte se re%elou um !en;meno com alguma rele%Dncia,colocando uest9es ue inuietam a sociedade, e como esta se re%elouincapa$ de a anular, resol%eu engoli-la= asor%E-la atra%és de um !en;meno

de acultura'o do o:ecto art(stico/ criou um sistema auto-regulador e autosu!iciente assente, numa primeira !ase no mecenato e posteriormente nomercado 45J.

 A preocupa'o de le%ar a arte a um p*lico mais alargado sempre!oi preocupa'o dos artistas/ os processos de reprodu'o atra%és daimpress'o da gra%ura, num primeiro momento, e !otogr+!icos no momentoseguinte, !oram logo apropriados pelo mercado, %endo neles a possiilidadede alargar a olsa de compradores. A proli!era'o !ero$ das reprodu9es dasoras atra%és de meios técnicos des%irtuou a ora original, passando a ser um mero re!le"o long(nuo da sua autoria 420.

 Apesar da assimila'o da arte pela sociedade e da aparente

aceita'o dos artistas no seu seio, esta est+ induita%elmente a estrangul+-la, a model+-la, a acultur+-la, atra%és da sua massi!ica'o, reai"ando-a simples condi'o de o:ecto comerci+%el e o artista a estrela social. A oraperde o seu in%;lucro de mistério passando a ser apreciada atra%és deestratégias de mercado, de promo'o e pulicidade 425. A ora passa a ser admirada e ou aduirida, n'o pelo seu %alor em si, mas por tudo auilo uedi$em dela, pela imagem ue criam dela, pelo :u($o de %alor ue outros lheatriuem. Pelo ue a sociedade di$ ue é. ) nisto, o artista desaparececompletamente. Restando apenas auilo ue a sociedade pensa sore ele,auilo ue a sociedade uer ue ele se:a, uma Star of op !ulture 422. 

 A ora redu$ida a o:ecto comerciali$+%el. & artista ao estatuto deestrela social. A Arte a meio social de uma cultura massi!icada, estagnante,castradora, anti-indi%idual, e conseuentemente anti-progressista e anti-%anguardista. Anti-art(stica 42B. Social "ills artistic meanni# .

) no entanto, apesar da anunciada morte da arte proposta por uspit 42C, nunca e"istiu uma produ'o art(stica t'o intensa, nunca o n*merode artistas !oi t'o grande, o n*mero de galerias e de museus e centros dearte contemporDnea n'o p+ra de crescer, nunca o Artist World este%e t'oacti%o.

Lomo é poss(%el este crescimento uando todos os indicadoresapontam para uma morte prematura da arteK Ser+ o *ltimo estertor de um

moriundoK &u ser+ ue a %is'o do prolema est+ completamente errada eue a massi!ica'o apenas condu$iu a uma re%i%i!ica'o de uma arte ue,essa sim, esta%a moriundaK Auela concep'o de ue o artista criaisoladamente para si pr;prio para depois ser apreciado pelas elites %indouras,estar+ de!initi%amente ultrapassadaK

 A inser'o da ora de arte no sistema mercantili$+%el dos o:ectosda sociedade de consumo, apro"imou a ora de arte do p*lico. Apesar deter perdido o seu estatuto de unicidade, ela ganhou peuenas reprodu9es,modelos escala, reprodu9es em canetas e l+pis, canecas e ch+%enas, t-shirts e sacos, postais, todo um merchandi$ing ue, no entanto, n'osustituindo a auisi'o da ora em si, a promo%em, a di%ulgam, a

massi!icam... anali$ando-a. Auilo ue passa a ter %alor n'o é a ora em si

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mas a sua imagem. ) é esta imagem auela ue é acess(%el ao grandep*lico.

)"iste depois o estatuto social do artista. )ste é encarado pelasociedade com os mesmo parDmetros do artista de teleno%ela, uele auem, ap;s uma per!ormance de grande teor dram+tico, agradece com uma

sal%a de palmas e gritos de 7?i%aO8 e 7TisO8, sem perceer ue auelaper!ormance n'o tem o mesmo %alor de uma pea de teatro, de dana ououtra coisa ualuer 42F. #a actualidade, o estatuto social do artista é omesmo da estrela, se:a de circo, de teleno%ela ou do igrother. 1o:e a Star canoni$a os mitos de dese:o her;ico colecti%o, ue as massas trans!eremdirectamente para ela 426.

& status da Star, como é ;%io, tem di%ersos carismas, dependendoda +rea de onde pro%ém. A +rea art(stica, apesar de se regular pelas mesmasregras, tem um estatuto um pouco di!erente, porue se situa nas $onas de!ronteira, situa-se num sector espec(!ico da massa considerada como grandep*lico. &u se:a, o leue de actua'o é mais restrito, e portanto, tamém

mais elitista. & mundo art(stico é por isso, um sector !echado, centrado em simesmo, auto regulado por leis pr;prias 42G.

) assim %oltamos ao in(cio/ o grande p*lico continua a!astado do!en;meno art(stico. )m pleno séc. >>@, n'o e"istiu assim t'o grande e%olu'oem rela'o ao século >>. & p*lico da arte continua restrito, centrado numaparte muito peuena da popula'o/ apesar das !ormas de di%ulga'o da artese terem desen%ol%ido na direc'o do grande p*lico, este continua, na suagrande maioria, de costas %oltadas para o !en;meno art(stico. #o entanto,pressente-se ue uma parte deste p*lico, ue de uma !orma desinteressadalida com estas coisas da arte com alguma regularidade, uma %e$ ue,distraidamente, se %ai aperceendo de um carta$ na rua anunciado umae"posi'o, um an*ncio na tele%is'o, por %e$es até assiste a uma pea dotele:ornal sore arte, este apreciador desinteressado %ai crescendo emn*mero diariamente. & seu n(%el de interesse :+ é su!iciente para %isitar ummuseu possuindo :+ alguma consciEncia desperta para o !en;meno. Hprecisamente sore este tipo de indi%(duo ue é poss(%el actuar, estimulandoa sua sensiilidade adormecida 42I.

) no meio disto tudo onde !icou o artistaK & criador 4e n'o a !igurap*lica adorada pelos nésciosK

& artista continua tranuilamente atr+s do seu espelho. anto odesconhecido 4ue persistentemente %ai criando, dando con!igura'o ao seu

espelho, ao seu mundo, esperando uma oportunidade como o Star Artist ueas multid9es adoram. A cria'o art(stica é um !en;meno centrado no indi%(duo, um

con:unto de emo9es e ideias ue se geram no interior do artista, e ue por necessidade criati%a, tem necessidade de as e"pressar so a !orma deo:ectos. #esse momento, s; o acto criati%o importa 42J.  & p*lico, asociedade e todos os outros !actores ue podem in!luenciar a génese de umaora, mesmo uando esta tem um p*lico espec(!ico < caso de umaencomenda < :ogam-se no per(odo ue antecede a reali$a'o da ora, noper(odo de matura'o da ideia. #o momento da cria'o tudo isso éaparentemente esuecido, est+ l+ e n'o est+, porue o ue %erdadeiramente

importa é a mistura das cores, o dar !orma a uma ideia, o edi!icar um pro:ectoue te%e o seu tempo de matura'o, de constru'o interior. 4B0.

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Se a paleta n'o pode e"istir sem a arte, esta tamém n'o podee"istir sem o mundo. Assim como o contr+rio. & mundo n'o seria mundo sema e"istEncia da arte 4B2. & mundo n'o seria mundo sem a paleta ue lhe d+cor.

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NOTAS 

5- 4... quando o artista comun#a nos interesses das #randes massas humanas$ o p%blico compreendeimediatamente a sua obra$ aplaude&a$ admira&a$ não h' divórcio possível  4M+rio ion(sio, A Paleta e oMundo, Pulica9es )uropa América, 2U )di'o, isoa, 5JGB, pag. BF. A obra cultural corresponde a uma visão do mundo que estrutura e exprime com maior profundidade ecoer(ncia as aspiraç)es dos demais membros do #rupo social com que o criador se identifica* Aactividade deste +dimensão do saber constituído, desenvolve&se$ portanto$ no interior do campo desubjectividade criado pela pr'tica social +dimensão da experi(ncia existencial, do seu #rupo derefer(ncia +-ucien .oldmann citado por /aria de -ourdes -ima dos Santos in !ultura$  Aura eMercado$ Arte e inheiro, )ditorial Ass(rio V Al%im, isoa, 5JJC, pag. 50B.

2- 0al divórcio fornece matéria h' muitos anos e em todos os países a um debate que constantementese renova ou$ pelo menos$ se repete* +***, 0em sido motivo de in%meros inquéritos$ confer(ncias$ polémicas$ manifestos$ de que não é contudo possível extrair qualquer conclusão pr'tica$ a não ser queo desencontro existe 1 e que continua 4M+rio ion(sio, ibidem, pag. B5-B2. ) este deate tem sidoinstigado por amas as partes incapa$es em resol%er o prolema. )sta incapacidade resulta do !actode a Arte introdu$ir, criar um novo mundo ue se auto&evidencia e auto&afirma, e o p*lico n'o e"istir predispon(%el para a apreciar 4Sousa ias, Crítica e Arte: a função da crítica= uest'o de )stilo, Artee Qiloso!ia, pag. 520.

B- & cr(tico de%e !ornecer uma interpretação justa ou até mesmo científica das obras de arte$ a qual seria v'lida para todos$ sem distinção de classes 4Niulio Larlo Argan, Arte e Critica de Arte, )ditorial)stampa, isoa, 5JII, pag. 52I.

C- 2 crítico deve dar exist(ncia p%blica ao que$ sem ela$ se arriscaria a passar desapercebido$ olvidadosob o fluxo da produção comercial  4Sousa ias, Crítica e Arte: a função da crítica= uest'o de )stilo, Arte e Qiloso!ia, pag. 52B.

F- A Arte não reproduz o visível$ torna visível  4Paul lee, Escritos sobre Arte, )di9es Loto%ia, 2005,pag. BI.

6- 4... A arte não depende só do criador$ mas também do comportamento do p%blico perante ela* +***,tal comportamento só se torna v'lido quando$ além de olharmos um quadro$ efectivamente podemos

v(&lo* 3er$ dizia 4luar$ é ser ou desaparecer* Apreciar uma pintura é estabelecer relaç)es de (xito entreos meios materiais de que o pintor disp)e em determinada época e o conte%do humano$ ideoló#ico esensível$ que ele com eles$ ainda da maneira mais indirecta$ sempre exprime  4M+rio ion(sio, ibidem,pag. 25I-25J.

G- A arte é um produto social* Não vive sem produtores* Não vive sem consumidores* A perda definitivado contacto seria a morte 4M+rio ion(sio, ibidem, pag. 552.2 acto estético não se conclui com a criação do objecto por parte do artista$ mas com a fruição por  parte do indivíduo$ da sociedade$ do mesmo modo que o acto económico não é apenas produção$ mastambém consumo 4Niulio Larlo Argan, ibidem, pag. B0.Para além da perspecti%a social, e"iste a do pr;prio artista, no sentido de o oser%ador proporcionar leituras da ora, ou e"periEncias estéticas nunca antes imaginadas pelo pr;prio/ 75n pintor no siempreve todo lo que ha puesto en su cuadro6 son los otros quienes descubren uno a uno esos tesoros$ 7 cuanto m's rica es una pintura en sorpresas de este tipo$ en esos tesoros$ m's #rande es su autor 41enri Matisse, Escritos y opiniones sobre el arte, )ditorial eate, S.A., Madrid, 5JJB, pag. GI.#este sentido o p*lico completa a ora do artista, porue se relaciona com ela, a interpreta suapr;pria maneira. #'o tendo ue coincidir com a interpreta'o do artista 4uchamp.

I- e%e-se separar a cria'o art(stica da aprecia'o da ora de arte, separar dois mundos, doissu:eitos ue de%em estar separados para ue o processo de transfer(ncia da 8osmose estética9  ocorra4uchamp. m processo ue se trans!ere atra%és da matéria inerte ue é a ora.

J- 2 quadro é o produto que sela e encerra a experi(ncia$ o vivido do pintor  4*lio Pomar, a Ce!ueirados Pintores, @mprensa #acional Lasa da Moeda, ?ila da Maia, 5JI6, pag. FJ.:sto7 echo de todo aquello que he visto 4Matisse, iidem, pag.2B0.

50- A ideia de o p*lico se espelhar na ora reside, por um lado, na de ue a Arte pro%a a e"istEncia do1omem= ou se:a, ela é a maior mani!esta'o da sua e"istEncia, por outro, na de ue o p*lico olha a Arte atra%és de um olhar aculturado, !ormado, educado 4para o em ou para o mal, uma %e$ ue o

indi%(duo ue se coloca !rente a uma ora de arte n'o est+ s;/ est+ rodeado de todo o seu passadohist;rico-cultural e social ue condicionam o seu olhar.

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0udo o que se passa no homem é resultado da acção da natureza sobre ele e$ numa escala muito maisvasta$ da sua própria acção sobre a natureza* Natureza exterior em que ele participa e natureza íntimado seu próprio mundo individual* 3er é j' escolha$ j' apreciação$ j' domínio do visível$ j' acção* ;'inscrição no visível de toda a experi(ncia acumulada e actuante de uma época$ de uma classe$ de um pais$ forçosamente$ de um indivíduo 4M+rio ion(sio, ibidem, pag. 5B2.2 mundo visível no seu conjunto$ não passa de uma colecção de ima#ens e de si#nos$ aos quais aima#inação atribui um lu#ar e um valor relativos +***,* 0odas as faculdades da alma humana devem

encontrar&se subordinadas < ima#inação$ que as chama a si sempre que considerar necess'rio4Lharles Taudelaire, citado no Pre!+cio ao i"rio de Eu!#ne elacroi$  4e"tratos, )ditorial )stampa,isoa, 5JGJ, pag. 5F.

55- Para o oser%ador a ora é mais importante ue o artista. H atra%és dela ue ele se relaciona com aarte 4independentemente da ora resultar da e"periEncia estética do artista. & uadro, a escultura, éum mundo 7%i%o8 ue o oser%a e con%ida e"periEncia estética/ agora, o oser%ador aceita ou n'oesse con%ite.2 objecto pictórico$ enquanto ima#em$ desempenha relativamente ao espectador o papel da capa dotoureiro na arena= o nosso olhar ser' o touro dominado$ que j' não se atreve a carre#ar sobre o corpovivo$ ce#o como est' pelo lo#ro das convenç)es 4*lio Pomar, ibidem, pag. 65. H necess+rio estimular esse olhar, agitar a capa %ermelha %ertiginosamente, !a$E-lo apai"onar-se por ela/ -a relación es el  parentesco entre las cosas$ es el len#uaje comun6 la relación es el amor$ si$ el amor* Sin esta relación$sin este amor$ desaparece todo critério de observación 7 por lo tanto desaparece la obra de arte 41enri

Matisse, ibidem, pag. 252.

52- Para a sociedade o artista s; e"iste se se der a conhecer, se participar em e"posi9es, se mostrar oseu traalho.+***, um homem$ um #énio qualquer$ que habite no coração de >frica e produza todos os dias quadrosextraordin'rios$ sem que nin#uém os veja$ não existe* ?ito de outra forma$ o artista só existe se for conhecido* +***, 2 artista faz qualquer coisa$ um dia é reconhecido pela intervenção do p%blico$ aintervenção do espectador6 passa assim$ mais tarde$ < posteridade* Não se pode suprimir isto$ pois$ emsuma$ trata&se de um produto de dois pólos6 h' o pólo daquele que faz uma obra e o pólo daquele quea olha 4Marcel uchamp, En!en%eiro do Tempo Perdido, )ditorial Ass(rio V Al%im, isoa, 5JJ0, pag.50J-550.

5B- A arte dirige-se a uma uantidade restrita de indi%(duos, dirige-se ueles ue est'o predispostos aapai"onar-se 4de acordo com 1enri Matisse. &s outros, os ue n'o conseguem sensiili$ar-se diantede uma ora de arte, est'o cegos pelo logro das con%en9es 4no di$er de *lio Pomar, s'o portantoincapa$es de %er atra%és da opacidade da madeira ou da transpar(ncia do vidro* 4Ant;nio Rodrigues,uchamp ou o mundo no in!inito, pos!+cio a )ngenheiro do empo Perdido, )ditorial Ass(rio V Al%im,isoa, 5JJ0, pag. 20J. S'o incapa$es de %er para além do %is(%el 4no di$er de Paul lee, daaparEncia material ue a ora é.

5C- A arte é um produto da sensibilidade que se diri#e directamente < sensibilidade* /as h' queconsiderar um obst'culo= de que sensibilidade e a que sensibilidade@Não me basta ouvir para entender$ nem olhar para ver* 0oda a sensibilidade é formada e cultivada*4... 2 poder de um ser humano diri#e&se directamente a um poder de outro ser humano* Não bastaafirm'&lo ou quer(&lo* 4 necess'rio$ ainda que tais poderes sejam efectivamente an'lo#os$ que de factose reconheçam$ se busquem$ se compreendam sem palavras$ estejam em condiç)es de conviver emtermos de arte 4M+rio ion(sio, iidem, pag. 5BJ.

5F- e acordo com o estudo reali$ado em JJ por Rui elmo Nomes sore as Pr+ticas Lulturais dos

Portugueses, constata-se ue de entre as acti%idades de la$er praticada pelos Portugueses, ?isitar e"posi9es e Museus se encontra na uinta posi'o de pre!erEncias 4entre de$ com B0,FX. G0,FX, noentanto, nunca %isitam e"posi9es ou museus. e entre os ue as %isitam, aundam os homens entreas mulheres 4B2,6X contra 2I,6X. & maior leue de p*lico situa-se entre os 5F e os 2C anos4CB,6X, associado e%identemente aprendi$agem escolar, seguida da !ran:a dos 2F-BC e BF-FC,respecti%amente com BF,BX e B2X. uanto ao n(%el de estudos, auele ue se destaca é o do ensinosuperior e secund+rio com G0,FX e F6,2X respecti%amente, dados ue est'o relacionados com osanteriores. Lom estes resultados, relacionam-se os da popula'o inacti%a, os uais predominam osestudantes com 65,JX. #o Dmito da popula'o acti%a, destacam-se as pro!iss9es identi!icadas comas malhas uranas, como Pro!issionais @ntelectuais e Lient(!icos 4GJ,FX, uadros Superiores eirigentes 4FC,BX, Pessoal Administrati%o e Similares 4FC,2X e écnicos Pro!issionais de #(%el@ntermédio 4FB,BX. H tamém no seio das !am(lias com rendimentos mensais superiores a 2.000 eurosue se situam a maioria dos %isitantes de e"posi9es e museus 465,IX. Lomo conclus'o, o *ltimodado re%ela-nos ue é nas +reas metropolitanas do Porto e isoa ue estes se encontram 4isoa-

BJ,BX= Porto < BB,C 4Qolha &TS, nY 2, &ser%at;rio das Acti%idades Lulturais, Aril de 2005.

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56- & interesse mani!estado pelo p*lico em rela'o ora de arte atingiu, com a mercantili$a'o damesma e consecuti%amente atra%és da sua seculari$a'o, uma polari$a'o centrada, por um lado, no%alor hist;rico-estético da ora de arte, e por outro, no seu %alor comercial. e um lado temos osp*licos dos museus, centros art(sticos e e"posi9es n'o comerciais, do outro o p*lico das galerias.#o primeiro caso, a ora est+ dispon(%el a um p*lico mais %asto, ue, de acordo com o &ser%at;riodas Acti%idades Lulturais 4dados de 5JJJ, os !reuenta numa percentagem de B0X e apenas algumas%e$es 425,GX. )ste é um p*lico centrado entre os 2F e os BF anos de idade 4BBX e maioritariamente

com o )nsino Superior 4G0X. & p*lico das galerias é um p*lico espec(!ico, em geral !ormados por gente do millieu/ artistas, galeristas, coleccionadores, cr(ticos, historiadores, in%estidores. 4osé Soarese Rui elmo Nomes, Pr"ticas Culturais dos Portu!ueses &: Acti'idades de (a)er , &ser%at;rio das Acti%idades Lulturais, 5JJJ. http/333.oac.pt.

5G-  A arte moderna iniciou&se realmente com a expressão da subjectividade$ dos sentimentos detensão e de crise* A maioria das pessoas são totalmente incapazes de apreciar tal coisa$ sendo esteum bloqueio mental que se encontra distribuído de modo bastante democr'tico por todas as classessociais* :m #eral$ as pessoas são altamente conformistas6 a arte moderna perturba o seu sentimentodas conveni(ncias$ a menos que$ obviamente$ lhes tra#a prestí#io e riqueza. 4Marina ana Rodna, O Especialista &nstant*neo em Arte Moderna, )ditorial Nradi%a, isoa, 5JJ6, pag. G.

5I- & o:ecto art(stico, a ora de arte é %alori$ada pelo sistema de mercado atra%és da !us'o do seu%alor econ;mico com o estético. )sta !us'o remete o o:ecto estético para o mundo dos !etiches, dos

o:ectos ue inculcam em n;s um poder m+gico e, portanto, digno de culto. Portanto, uanto mais caro,mais inacess(%el, mais digno de culto. - object dart$ nouveau fetiche triomphant +et non triste aliene,$doit travailler < déconstruire de lui&m(me son aura traditionnelle$ son autoruté et sa puissance dillusion pour resplendir dans lobscénité puré de la merchandise* Bl doit sanéantir comme objet familier et devenir monstrueusement étran#er* /ais cette étran#eté nest plus linquiétante étran#eté de lobjet refoulé ou aliene$ cet objet ne brille p's dune hantise ou dune dépossession secr(te$ il brille dunevéritable séduction venue dailleurs$ il brille davoior excédé sa propre forme en objet pur$ en événement  pur 4ean Taudrillard, e la Marc%andise Absolue, Arte e inheiro, )ditorial Ass(rio V Al%im, isoa,5JJC, pag. BG-BI.

5J- & mecenato pressup9e um mecenas= ou se:a, alguém ue suporta a acti%idade do artista e est+historicamente identi!icada com o per(odo do Renascimento. 0he stratified societies Chch produce patrons exhibit a complex relationship betCeen Cealth$ "noCled#e$ taste$ patterns of support for artists$and the "ind of Cor" produced* atrons Cant artists to ma"e Chat the7 have learned to appreciate and  prize as the elements of fine art$ so hoC the Cealth7 and poCerful are educated becomes an important determinant of Chat the7 Cill pa7 artists to produce* 41o3ard Tecker, istributin! Art +or,s, Arte einheiro, )ditorial Ass(rio V Al%im, isoa, 5JJC, pag. G6.#a actualidade é o sistema de mercado a ue principalmente regula 4ou tende a regular a acti%idadedo artista/ Artists$ havin# made a Cor"$ need to distribute it$ to find a mechanism Chich Cill #ive peopleCith taste to appreciate it Access to it and simultaneousl7 Cill repa7 the investment of time$ /one7$ and materials in the Cor" so that time$ materials$ and cooperative activit7 Cill be available Cith Cich to ma"emore Dor"s* Eull7 developed art Corlds provide distribution s7stems Chich inte#rate artists into their societ7s econom7$ brin#in# art Dor"s to publics Chich appreciate them and Cill pa7 enou#h so that theCor" can proceed +FoCard Gec"er$ pa#* HI,*

20- Segundo Walter Ten:amin em 7A &ra de Arte na era da sua Reprodutiilidade écnica8, aoriginalidade da ora de arte reside na sua autenticidade, na suma de tudo o que desde a ori#em nelaé transmissível$ desde a sua duração material ao seu testemunho histórico  4pag. GJ. 4...  A suaexist(ncia %nica no lu#ar em que se encontra . 4... 2 aqui e a#ora do ori#inal constitui o conceito da sua

autenticidade* 4... A autenticidade não é reprodutível  4pag. GG. Loncluindo, mais !rente ue o quemurcha na era da reprodutibilidade da obra de arte é a sua aura , identi!icando a aura da ora de artecom a autenticidade/ 4 de importJncia decisiva que a forma de exist(ncia desta aura$ na obra de arte$nunca se desli#ue completamente da sua função ritual* or outras palavras= o valor sin#ular da obra dearte 8aut(ntica9 tem o seu fundamento no ritual em que adquiriu o seu valor de uso ori#inal e primeiro*  )com a secularização da arte$ a autenticidade toma o lu#ar do valor de culto  4pag. I2-IB.

25- As obras de arte 4de%ido sua mercantili$a'o ficam sujeitas < fetichização e transformadas embens culturais experimentam por isso alteraç)es de constituição* assam a ser vul#arizadas* 2consumo desconexo leva&as < destruição +0heodor D* Adorno$ Sobre a Bnd%stria da !ultura$ :ditora An#elus Novus$ -da* !oimbra$ KLLM$ pa#* M,* Lomo os produtos culturais se re#ulam pelo princípio doseu valor de troca e não pelo seu próprio conte%do$ a pr'tica #lobal da ind%stria da cultura transp)s ofactor lucro$ sem quaisquer reservas$ para as formas culturais* ?esde o momento em que estas$enquanto produtos sujeitos ao mercado$ se constituíram em #anha&pão dos seus criadores$ esse factor 

 passou$ em certa medida a estar presente nelas +pa#* IO,* H neste sentido ue a sua ideolo#ia seserve$ acima de tudo$ do sistema do estrelato$ tomado de empréstimo < arte individualista e respectivaexploração comercial* Puanto mais desumanizados forem os seus modos de actuar e o seu conte%do$

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tanto mais insistente e triunfal é a propa#anda em torno de supostas personalidades$ e mais emocional o seu discurso +pa#* QLL,* .raças < ideolo#ia da ind%stria da cultura$ a conformidade ocupa o lu#ar daconsci(ncia6 e nunca a ordem que dela brota é confrontada com o que proclama ser ou com osinteresses reais do ser humano +pa#* QL,* :la impede a formação de indivíduos autónomos eindependentes$ capazes de avaliar com consci(ncia e de tomar decis)es +pa#* QLH,*

22- )m certa medida o Artist Stalishment LontemporDneo, atra%és do Star Sistem procura recuperar a

aura antiga do artista atra%és de estratégias de culto. H como se a actualidade in%ertesse opressuposto de Ten:amin.

2B- 2s mecanismos da produção cultural de massas sur#em como uma forma de re#ressãocorrespondente ao atrofiar irremedi'vel da autonomia do sujeito e$ assim$ < perda de toda a perspectiva emancipatória* ?o que se trata é do 8emudecer das pessoas9$ da 8morte da lin#ua#emcomo expressão9$ da 8incapacidade de comunicar9$ como traços fundamentais da situação moderna+Adorno$ ibidem$ pa#* O,* 2 sacrifício da individualidade$ que se acomoda ao car'cter re#ular do (xitodos bem sucedidos$ o fazer o que todos fazem$ decorre do facto de base de que #eneralizadamente atodos são oferecidos os mesmos produtos pela produção estandardizada dos bens de consumo*!ontudo$ a necessidade de ocultar esta i#ualdade$ inerente ao mercado$ leva < manipulação do #osto e< apar(ncia individualista da cultura oficial$ a qual cresce proporcionalmente < liquidação do indivíduo+pa#* MM,*ostmodern artists are interested in havin# an audience that Cil ma"e them popular$ #ivin# them the

celebrit7 and charisma the7 believe the7 are entitled to as artits* Gut the7 lost their reason detre themoment the7 thou#h of themselves as entertainers representin# a mass audiences everida7 Cishes toitself +Cich is one defenition of entertainment, 1 thus becomin# celebreties b7 celebratin# Cith the croCd  1 rather than reclusive alchemists stru##lin# the dross of everida7 realit7 into the #old of hi#h art* 0hemoment the7 #ive up the inner solitude 1 the real$ secret studio 1 necessar7 for serious creativit7$ the7 become publicists$ for an anonimous$ random audience* 0he7 received their identit7 from the croCd$rather than earned it b7 their nonconformist creativit7* 0he postmodern point is to become a media artist$nota n avant&#uard artist  4onald uspit, T%e End of Art , Lamridge ni%ersitZ Press, SA, 200C, pag.F6.

2C- )m 2 Eim da Arte, onald uspit declara o !im da arte a partir da perda do seu %alor, da suaimportDncia estética. Sustitui o termo Arte por P;s-Arte, denomina'o criada por Alan apro3 comouma no%a categoria %isual ue ele%a o anal sore o enigm+tico, o escatol;gico sore o sagrado,clari%idEncia sore criati%idade. )m contraste com a arte moderna, ue e"pressa o inconscienteuni%ersal do homem, a arte p;s-moderna degenera numa e"press'o de fraco interesse ideoló#ico+Bntrodução a 0he :nd of Art de ?onald Ruspit$ minha tradução,*

2F- Situa'o %i%enciada durante a inaugura'o do Prémio )P o%ens Artistas, organi$ado pela!unda'o de Serral%es no Pa%ilh'o Lentro de Portugal, em Loimra, a 2G de #o%emro de 200F.

26- /odern Art Cas an u#l7 fro# Caitin# to be "issed b7 the princess of public acceptance$ ma#icall7 chan#in# it into a charmin# prince 1 a social star  4onald uspit, iidem, pag.50.

2G- & sistema art(stico pode di%idir-se essencialmente em duas categorias/ o primeiro assenta na%enda das oras de arte 4mecenato, leil'o e galeria e o segundo nos museus. )stes sistemas tEm emcomum o dar %isiilidade ora de arte/ Artists can Cor" Cithout distribution +***,* ?istribution has acrucial effect on reputations* Dhat is not distributed is not "noCn and thus cannot be Cell thou#ht out or have historical importance 41o3ard Tecker, iidem, pag. G5. A distriui'o das oras artistas pelomercado torna-se assim essencial para o artista oter o reconhecimento dos seus pares e do p*lico.

endencialmente, o artista inicia a sua acti%idade inserindo-se no primeiro sistema/ em geral comeapela galeria. )sta, a troco do seu traalho, promo%e-o :unto de cr(ticos e historiadores, ue,con:untamente com o galerista 4especialmente se a sua ora se %ender em constroem a suareputa'o. Lom esta consolidada, e se o seu traalho re!lectir a importDncia de%ida, uma ora suapode entrar para uma institui'o museol;gica/ /useums become the final repositor7 of the Cor" Chichori#inall7 enters circulation throu#h dealers* Dhen a museum shoCs and purchases a Cor"$ it #ives it the hi#hest "ind of institutional approval available in the contemporar7 visual arts Corld 41o3ard Tecker,iidem, pag JC. 

2I- A sensibilidade forma&se e cultiva&se* 0entar orientar essa formação e essa cultura$ ir o mais lon#e possível nessa tentativa$ eis o verdadeiro papel da iniciação* 2u seja criar no p%blico as condiç)esmínimas para a compreensão espontJnea de uma lin#ua#em$ contribuir$ pelos meios mais variados$ para criar a capacidade de compreender directamente$ sem conceito$ os conceitos e ideias que a arte$i#norando&os$ reflecte e prop)e$ despertar a fecunda força interior que tornar' a sensibilidade apta a

receber os produtos de outra sensibilidade$ sinais #loriosos de uma luta constante contra o desespero ea morte 4M+rio ion(sio, iidem, pag. 562.

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2J- 0en#o que se#uir trabajando$ no para lle#ar al producto acabado$ lo cual provoca la admiración delos imbéciles* esto que vul#armente tanto se aprecia no es m's que lo que hace un obrero$ 7 quetoma la obra resultante antiartística 7 comun* No debo pretender completar m's que por el placer dehacer una obra m's verdadera 7 m's sabia 4Paul Lé$anne, Correspond-ncia  < )dici;n de ohnRe3ald, a Talsa de la Medusa, ?isor istriuiciones, SA, Madrid, 5JJ5, pag. 5JB-5JC.

B0- :s como si hubiera puesto #asolina en el depósito* !omo el niTo en el vientre de la madre= asi se

desarolla mi obra* Uecuerdo que /atisse decía que$ al hacer un retrato$ no miraba al modelo= se loaprenderia de memoria$ esto dicia /atisse* :sta es la cuestión= es preciso que todo esto trabaje en mi subconsciente$ durante aTos$ si es necess'rio* !uando ha7a madurado$ entonces$ comenzaré  4uanMiro, (os Cuadernos Catalanes, @nstitut ?alenci [ Art Modern, ?alEncia, 2002, pag.22.

B5- Art is the onl7 form of activit7 in Chich man as man shoCs himself to be a true individual* 2nl7 in art is he capable of #oin# be7ond the animal state$ because art is an outlet toCard re#ions Chich are not ruled b7 time and space 4Marcel uchamp citado por onal uspit, ibidem, pag CF-C6.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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