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166 A VIDA FLUMINENSE

A VIDA FLUMINENSE

Rio, 28 de Maio de 1870.

Tenho sido perseguido por um pesadelo,Não ha noite em que elle me nao martyrise, uma vez

pelo menos.E' horrivel!Dizem que a espada cie Damocles era um supplicio in-

supportavul. Qual!-São petas que os antigos inventaram no tempo om que¦o mundo andava ainda de gatas.Hojo os tempos mudaram. Com o progresso aetual,

¦com o vapor, com a eleetricidade, com a emigração chi-iieza, com os bonds de rodas e com os outros do papel(que tem feito andar á roda tanta cahecinha), com os aíi-lhados e sobrinhos, hoje fia-se mais fino. ¦

Muito mais fino, so não que o diga a Reforma, quenestas eousas falia de cadeira.

Hoje a espada de Damocles não seria mais qne umaespadinha de pau, dessas com que nossos filhos se diver-tem, como um financeiro cá cie oasa se diverte com du-zentos contos de róis.

O meu supplicio, minha tortura, meu Damocles, meupesadelo, em íim é ;

A ARCHIBANCADA DO NORTE !

Reconheço que não lia monumento mais patriótico noImperio,do que esse construído no campo de Snnt'Anna,e que os autores só tiveram em mira tornar mais bri-lhante ainda a festa italo-nacional, proporcionando aobello sexo e aos seus respeitáveis patriarchas lugarescommodos, de onde, mediante módica retribuição* fosseapreciado o patriotismo... com que o governo applicaás urgências da guerra (aos contribuintes) uma insigni-fica nte parcella do rotundo fisco.-

Ha por ahi quem grite:—« E' muito mal feito espe-cul ar com uma consa tão seria! »

Mas são uns patetas, os que dizem isso.Patetas, sim! Patetissimos!Se a camara municipal consentio na edificação, sob

taes condições, dos palanques, é porque... é porque a.idéia é boa.

Demais, se se paga para ir ao circo Bartholomeu,se se paga para vôr as feras paraguayas da rua dosInvalidos.se se pagam tantos outros divertimentos,menosdivertidos, porque não se hade pagar para assistirãoTe-Deum ?

Sejam lógicos, com a breca!

• •

Mas divaguei, divaguei, e ainda não disse em queconsiste meu pesadelo.

Ahi vai elle :Sonho todas as noites que o mencionado palanque, no

melhor cia festa, desconjuneta-se, estala e vem abaixo,esmagando alguns centos do imprudentes, que so anima-ram a entrar om tal ratoeira municipal... (este munici-pai está aqui por engano ; eu queria dizer nacional).

0 peior ó que ha um engenheiro que, som sonhar,tambem tem o mesmo pesadelo, sempre que examinacom seus olhos entendidos aquelles cáibrosinhos tão

A de C.—s-lOh^—

Assumpto de varias cores0

O conselho d'Estado.—A aceusação feita pelo conselheiro* Keys.—A defeza cio Sr. C. J. da Silva, intentada por elie mesmo—Oque, acerca deste assumpto, se diz por ahi.—A legitima sobe-rana do inundo—a opinião publica—mettendb o nariz na pen-dencia—Mudo de rumo.—O S.Pedro e a sua «Dicladura»-—So-lemnidade artística no theatro Lyrico.--Grawenstein, e um con-certo que promette.—França Junior, os invejosos e o visconded'Almmda Garrei— Maneira de obter um lugar na Phenix econselhos que dou ao leitor da côrte e subúrbios.Para que a attenção publica não ficasse em apathia

durante a prorogação dos celeberrimos festejos oíiiciaes,uma questão bancaria de subido alcance veio dar pastoaos fallatorios, e trazer a terreiro mais ninadas pecas,que o conselho (rEstaio costuma pregar... aquelles quenão tiram escandalosamente da circulação commercialuma ba.gatella de doze mil contos para converter omapólices á rezão do 84.

A trica bancaria nunca foi o meu forte ; mas, ó forçadizer que a resolução do conselho dEstado na ponden-cia entre o conselheiro Reis e a diretoria do aBancoRural» traz á lembrança o procedimento de certo juiz,que condemnava justa ou injustamente a maior partedos réos que lhe cabiam debaixo da jurisdicção, ab-solvendo tão somente aquelles de quem esperava...au-xilios pecuniários. O digno magistrado contrabalançavaassim ás eousas lá a seu geito, o, attendendo o estômagode preferenciaá justiça, achava, segundo dizem, modosde ficar sempre bom com a sua consciência!

Seja como for uma grande maioria de homens sizudospronuncia-se a favor do conselheiro Reis—8 quandoisso não bastasse, umacircumstancia, para mini de muitomais pezo, vem fechar o campo ás duvidas c provarque na aceusação contra as irregularidades do bancoda rua d i Quitanda defendia o Sr. Reis os legítimos in-teressos dos accionistas daquelle estabelecimento.

E' regra geral—quando o aceusado não tem defezaprompta e satisfactoria recorre a dous expedientes co-nhecidissimos. O appêl-o á opinião publica para quesuspenda o seu juizo é um delles—o insulto constituoo segundo.

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A VIDA FLUMINENSE 167

Respondendo á exposição publicada pelo conselheiroReis áos a pedido do Jornal do Commercio, o Sr. C. J. da¦Silva lança mão de ambos os expedientes apontados,logo.

Passo adiante.•¥¦

Proseguem activamente no « S. Pedro » os ensaios daExtincção da Dicladura, peça symbolica de que já falleiao leitor na semana passada, e que, a julgar pelo luxohors ligne do mise scêne. mie parece destinada a tornar-seo mais deslumbrante suecesso daquelle theatro.

O scenario, já prompto, é de grande illusao e effeito, equanto a costumes trata a Muzet de deitar a livrariaabaixo para apresentar ao publico do Rio de Janeiro oque ha de mais elegante e luxuoso nesse gênero.

Só a roupa de Satanaz custa 400^000! Imaginem.

4 *

Coadjuvado por Mlle. Delmãry, pelo Sr. Ricardo Fer-reira de Carvalho e outros artistas de provado mérito,annuncia o Sr. André Grawenstein um grande concertoem seu beneficio na scena do theatro francez. Prestandoculto aos melhores mestres, e ás escolas mais af amadasconseguiu o beneficiado combinar um programma va-riado, onde, a par das peças clássicas de Webber, Meyer-beer e Rossini, figuram alguns trechos de Donizetti,Gounod e Lumbye.

André Grawenstein é um desses artistas que tem sa-bido adquirir direitos á protecção publica. Como chefed'orchestra, não vejo por ahi muitos que possam fazer-lhe sombra: como hemem, contam-se poucos tão leaes etão zelosos no cumprimento de seus deveres: como ar-tista falta-lhe apenas o savoir faire... essa poeiranos olhos, a que outros devem uma reputação... nemsempre justificada pela respectiva habilidade artistica.

Está fixada para 30 a solemnidade artistica, que mestreArnaud pretende reaiisar no theatro Lyrico.

E' para sentir que Mesquita se lembrasse tão tarde deescrever o seu spartito da Nuit au Chatcau. e quo o indif-ferentismo do publico obrigasse o director do Alcazar amarcar, para muito antes do quedevêraser, a terminaçãoda serie de representações que deviam ainda dar-se noseu theatro:-—duas circumstancias, que apenas concedemaos numerosos amadores da musica nacional uma ouduas audições da opera-comica do Sr. Mesquita, ou otempo necessário para ouvil-a sem poder julgal-a con-scienciosamente.

Entretanto são dignos de louvor os esforços do maestrobrasileiro em pró de uma arte, que parece votada ao es-

quecimento entre nós ; e ainda mais louvável o procedi-mento da direcção do Alcazar, que, tendo apenas diantede si o espaço necessário para dois espectaculos, naohesitou em submetter ús provas publicas um trabalho na-cional,de que não póde auferir os lucros correspondentes aotempo gasto em ensaios' e ás despezas de um espectaculointeiramente novo.

¥¦

O recente trabalho do Dr. França Junior veio eonfir-mar a alta opinião que o publico illustrado do Rio deJaneiro de ha muito formava acerca do inquestionáveltalento do author da Meia hora de cgnismo, Typos da actua-lidade e outras obras satyricas tão apreciadas quandooutrora faziam parte do repertório dos nossos theatros.

Como quadro descriptivo dos costumes da nossa so- •ciedade não sei de outro que possa collocar-se ao ladodo Beijo de Judas. As figuras são desenhadas á côresvivas e traços vigorosos, e na composição conseguioo author trazer a terreiro certas minuciosidades do vi-ver intimo, de que poucos saberiam tirar partido.

Como era de esperar, sempre que no theatro brasi-leiro se apresenta alguma cousa com geito, apparè-ceram alguns invejosos, poucos felizmente, que apenasconcedem á comedia.. .circumstancias attenuantes.

Outro tanto suecedeu ao visconde cfAlmeida Garret,quando A Sobrinha do Marquez subio as provas publicas,em Lisboa. Os fraldiqueiros da litteratura cahiram-lheem cima assacando á peça milhares de defeitos: —

{•alta de enredo, —dialogo longo,—pouco movimento,escassez de peripécias,... que sei eu!...

Sabem o que fez Garret? Convencido de que escre-vera uma obra em tudo de accordo com a época emque a acção se passara, juntou ao prefacio, quando deuA Sobrinha do Marque:-, á estampei, as seguintes palavras:

« Se alguém queria vêr outra cousa numa peca dotempo do Marquez de Pombal, esse alguém, perdoe-me asua ausência, é tolo; e sabe tanto o que é o Portugal emque vive, como aquelle cm que viveu seu pai e seu avô. »

Lição igual merecem os que queriam, talvez, en-contrar veneno, punhaes, reconhecimentos, lantejoulase ouropeis, n'uma peça de costumes brasileiros em1870!...

Quem, nas noites em que se representa o Nono Man-dkimentp quizer obter um logar na Phenix, deve man-dar comprar o bilhete de ingresso ás 8 da manhã, epôr-se a caminho na direcção do theatro antes que osol S3 esconda no horisonte.

Os que moram longe devem chegar na véspera;aliás arriscam-se a obter, quando muito, um banco no

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170 A VIDA FLUMINENSE

jardim donde poderão vêr alguma cousa sem ouvir cousaalguma.

Que carreira faz o tal Nono Mandamentol Apre!... êde mais í

Se estivéssemos em Janeiro repetia-se na sala oepisódio da mulher assada, não ha quo vôr.

A. da A.

Passeios á. cliuva(Continuação)

XConforme eu disse no principio de meus —Pas-

seios—, tenho á meu alcance, a tod. o momento quedesejo, variar de distrações sem nem ao menos sahirdo meu gabinete.

Ahi é que está o bom do meu systema e que re-eommendo aos meus leitores que o ponham em pratican'aquellas occasiões aziagas em que a mocidade pendetristemente a fronte e procura fazer crer ao mundo, queestá pensando em tudo,—-menos em dinheiro.

Cheguei n'um ponto do episódio de meu—Pas-seio—, relativo á visinha A., que engasgou-me, isto é,que foi necessário engasgar-me.

O que fazer em tal caso ? dar passa-porte á bellamenina como victima da febre amarella ?

Oh! isso seria ser deshumano !A visinha A., leitor, ainda vive, ainda é seduetora;

mas concede que a deixe em sua residência e que vábuscar a familia Velocipede, para fazer-nos companhiaem nosso—Passeio.

-, XIA familia Velocípede é a porção de gente mais

singular que conheço neste mundo ; por isso tomo ali-berdade de apresental-a ao leitor.

O Sr. Velocipede á um sujeito'alto, magro, dçolhar vago e que ri por todo e qualquer motivo; faliamuito e quer dizer tudo ao mesmo tempo, já leu umavez a Constituição do Império, e ficou convencido queas garantias concedidas ao cidadão, que o erão somenteá elle, e portanto julga-se com direito a exorbitar comqualquer, na innocente crença de que é somente elle—cidadão Velocipede—o único protegido pelas leis dopaiz.—Feliz mortal!

A senhora Velocipede, coitada, não é merecedoranem de uma descripção; não sendo nem ao menos umabelleza vulgar, possuo o doto, qu- contrasta com seumarido, de fallar com tanta pausa, suspiros c conside-rações, que quando contão juntos o mesmo caso a umauditório dividido apparentemente em duas attenções, elle

está no final do epilogo, (onde sempre ha bordoada esangue) quando a pachorrenta senhora prepara-se paracontar a já ouvida—-introducção.

Este feliz casal possue uma interessante filha de de-zoito annos, é a menina Velocipede.

Rosto redondo e que não tendo a honra de ser mo-reno, muito longe está de ser claro; olhos tambémredondos e provocadores, quando nada, da compaixãodos rapazes; boca parece que feita á navalha e dentescôr de marfim já usado; eis o frontespicio dessa me-nina.. *

A mamai Velocipede teria tido uma infeliz lem-branca se tivesse querido fazer da interessante filha,uma boa modista; porque nella denota, mesmo o espi-rito menos observador, um excesso tal de gosto, que setorna sensível até no pregar de um alfinete.

—¦• São essas as tres unidades que compõem a familiaVelocipede, que juntas ás duas fracções Bernabé eHilária, formam um ridiculo e desfructavel numeromixto.

XIIUma vez que estamos passeando hade conceder-me

o leitor, permissão para eu contar-lhe um sestro doSr. Velocipede e que se torna.extensivo á muita genteboa:—querer quebrar a cara á meio mundo por causa,muitas vezes, de um punhado de vento !

O Sr. Velocipede não admitte que olhe-se para amulher ou para afilha; que se lhe diga um gracejoem resposta aos muitos que toma a liberdade de dizer ;em summa: julga-se o único individuo inviolável esagrado mesmo.

O que é que o Sr. Velocipede entenderá comsigoquando diz :—Eu llie quebro a cara ?

Deus o sabe.-— No primeiro

"dia em que tive a felicidade do vôr afamilia Velocipede, um máo anjo me acompanhava;digo um máo anjo, porque supponho que nosso—anjo daguarda — não é eíTectivo, mas sim substituido , pelomenos de vinte e quatro em vinte e quatro horas.

Como ia dizendo, um máo anjo, oüantes um anjopatusco, acoinpanhava-mo nesse dia. .

Então Sr. Ambrosio, dizia eu a conversar com umvisinho no portão de urna chácara próxima á minha re-sidencia,—« o que me diz da familia que veio hoje dacidade para casa da viuva Figueira? »

« O que eu digo? »—replicou o Sr. Ambrosio,—oque eu digo é que o chefe delia, o Sr. Velocipede, é umrefinado tratante.

O Sr. Ambrosio o conhece?Infelizmente.

#Diga-me, Sr. Ambrosio, o tal Sr. Velocipede é

careca ?

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A VIDA FLUMINENSE 171

Porque faz o senhor essa pergunta?E' porque conheço um Sr. Velocípede careca, edesejava formar um casal delles, mormente sendo elletratante, e.

... « Espera que eu vou contar a papai.»—- Nesse momento olhei paru o lado de ondo partiu avoz que me interrompeu e vi um nlionhôsinho de dezpara onze annos, e que mo ameaçava com os punhoscerrados:

-— «Espere, seu pelintra, que cu vou contar a papaique hade vir quebrar-lhe a cara. »

O nhonhô que me fallava de tal sorte era íilho doSr. Velocípede e que entre outras crianças da visinhança,approximou-se do lugar em que eu conversava com oSr. Ambrosio, justamente no momento que eu maqui-nava conseguir mais uma raridade para o meu pateode bichos.

E o menino depois de offerecer-me meia duzia debonitas expressões, deitou a correr para a casa em queestava o papai.

Poucos momentos depus apparecia no portão dareferida casa, um sujeito com as feições extremamentealteradas, os cabelios cm desalinho e ambas as mãosapoiadas na cintura ; olhou para o lado em que eu es-tava, mirou-me d vontade, bufou duas vezes o exclamoucom voz de trovão :

E' um pelintra!(Continua.)

FOLHETIM DA VIDA FLUMINENSE0 SEGREDO DE MISS AURORA

PORM. e. braddon,

(Continuação)Com mais algumas perguntas feitas ao dono da loja, e que obri-

gamo o bom mereador a consultar o seu velho livro de notas, con-seguio o agente de policia saber que, além dos imigrantes, quehaviam partido para Austrália, também um jardineiro dc Mellish.Park, chamado Dawson, tinha comprado uma jaqueta comprida,de ramagens amarellas, que fazia parte da collecção de fraquesapresentados ao Sr. Grimstone. Era quanto o agente* policial dese-java saber; mas para não retirar-se sem deixar algum lucro aoHomem que, som querer, tanto o hania auxiliado, o Sr. Grims-tone comprou-lhe dous lenços de seda em meio uso e retirou-secontente para a estalagem em que morava. Depois de uma ligeirarefeição, o agente encaminhon-.se a pé para Melíièh Park, ondechegou das dez para ás onze horas. Talbot e John, que o haviamesperado todo o dia com imp,aciencia, receberão-o no próprioquarto de John.

. Aurora e Lúcia ja se tinham recolhido aos seus aposentos.John lançou um olhar cheio de anciedade sobre o agente, e iafallar, quando um significativo gesto de Talbot, que o Sr. Grims-tone não chegou, a ver, chamou-o ao silenc o.—* Então ? Quo ha de novo ? perguntou Talbot ao agente, depoisde fechar a por^a do quarto.-— Muito ou nada! (respondeu o agente) bem sabe que nas

. nossas pesquizas podemos enganar-nos facilmente. Entretantotenho um pressentimento que achei a ponta do emaranhado fio.Denso queira! di^se Johri,_. •— O Sr. Mellish não tem ao seu serviço um jardineiro, chamadoDawson ? perguntou Grimstone.Tenho (respondeu John); mas não foi elle de certo o assassino.Dawson é um homem incapaz de...

Não duvido (atalhou o agente); mas não obstante preciso fal-lar-llie já.Já ? (perguntou admirado Mellish).

Quanto antes. N'estes casos qualquer demora pôde ser muitoprejudicial a todos.

Bem ! Vou mandal-o chamar (retorquio John); porém a estahora deve estar deitado.

Levantar-se-ha. Resolvi fallar lhe sem perda de tempo. Ninguémpoderá lucrar mais com isso do que o Sr. Mellish.

Emquanto John foi pessoalmente a sala dos criados chamarDawson, o agente, voltando-se para Talbot, disse-lhe-

Não aconteceu por aqui nada de-novo depois que me retireihontem, creio eu.

Aconteceu, sim. Recebemos a numeração dos bilhetes que aSra. Aurora havia dado ao assassinado. 0 Sr. Flayd, logo que re-cebeu o meu telegramma, poz-se a caminho e aqui chegou haveráuma hora, trazendo a numeração e serie do dinheiro dado á suafilha.

Cinco minutos depois voltou John em companhia do jardineiro.O agenle, disse-lhe em tom cortez:/Senhor Dawson quero dirigir-lhe uma ou duas perguntas

para decidir certa aposta que fiz com estes cavalheiros. Diga-me:comprou algum jaqucfão, já usado haverá anno e meio, n'umacasa de roupa feita?

Sim, senhor; comprei, mas não era usado, antes bem no-vinho.

Com umas ramagens amarellas sobre campo escuro?Dawson fez com a cabeça um signal affirmativo, porém não

pôde proferir palavra, tão sorpreso ficou vendo um residente deLondres estar tão ao facto dos detalhes da compra realisada haviatanto tempo.

Ainda possue esse jaquefão?Não, senhor; estragou-se no pesado serviço do jardim, porisso dei-o ao idiota.Ao idiota. ? (exclamou Grimstone) quem é o idiota?E' o homem de quem falhámos hontem á noite (respondeu

Talbot); o homem que a Sra. Mellish encontrou no gabinete de•seu marido na manhã do dia em que foi eommettido o crime..Oidioto chama-c,e Stéphen Hargravcs.

Bem I Bem 1 E' quanto desejava saber (murmurou o agente)Basta, sr. Dawson (acrescentou elle dirigindo se ao jardineiro)...basta agora que me responda apenas a mais outra pergunta. Tinhacahido algum botão da jaqueta, quando n Sr. a deu ao idiota?

Qual 1 Minha caseira é tão cuidadosa, que se houvesse ca-hido algum ella tel-o-hia cosido logo, antes que se perdesse.Obrigado, senhor Dawson (replicou o agente amigavelmente)Boa noite !

Mas retirou-se o jardineiro, disse o Sr. Grimstone:Creio que entramos no atalho que nos. conduzirá ao ponto

desejado ; porém quanto menos fatiarmos a tal respeito, melhorserá. Vamos vôr a numeração e serie dos bilhetes; creio quebrevemente poderei receber as duzentas libras sterlinas promet-tidas pelo Sr. Mellish.

Meia hora depois o Sr. Grimstone voltava para Duncastre, le-vando no bolso do paletot a lista feita pelo presidente banqueiroArehibaldo Flayd.

CAPITULO XXXVII

FINALMENTE I

O primeiro cuidado do Sr. Grimstone no dia seguinte foi mos-trar o botão a um medico, o qual, depois de examinal-o, declarou:que as nodoas erão realmente de sangue, que havia mesmo umpedaço de cartilagem adherente ao amassado pé do botão, mas quesemelhante projectii não tinha servido ao assassinato de Canyers,por isso que não havia penetrado em corpo algum, poréuf feitosimplesmente um ferimento superficial.

Restava, portanto, tão somente ao Sr. Grimstone a tarefa de des-cobrir os vestígios de um dns bilhetes dados pelo banqueiro ásua filha. Para isso elle e o seu aluado (o homem que seguira deperto o idiota na estação do caminho de ferro) envidaram todosos esforços para nunca perderem de vista o idiota Ilargravescostumava freqüentar uma meia duzia x:\epublic-houscs immundas;o agente policial acompanhava-o em todas ellas, achando sempreum pretexto para não despertar a desconfiança do idiota.

Nào obstante nada pôde descobrir. Todas suas investigaçõesderam em resultado saber que Hargraves nunca fora visto trocandobiiíTete algum. Suas despezas diárias, é verdade, eram um poucomaiores do que outr'ora, porém elle não as pagava senão empequenas moedas de prata. Grimstone indagou se o idiota tinhaalgum amigo ou companheiro, porém teve. a decepção de conhecerque o alvo de suas afariosas pesptizas viria, por assim dizer, sóno mundo, Tendo ganho a confiança da dona da espécie de pos-silga em que morava o idiota, o Sr. Grimstone pôde visitar todosos escaninhos da casa, mas sempre embalde.

{Continua,)

TTP.—AMERICANA— líüJ. DOS OüRITES N.9P

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