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Aula 19 - 404065- IE. Prof. Eziquiel Guerreiro. Estruturas de Mercados 131 6. ESTRUTURAS BÁSICAS DO MERCADO Na teoria microeconômica estudamos: O comportamento do indivíduo que dotado de uma renda e diante do fator objetivo preço* e de fatores subjetivos (hábitos e preferências) e condicionantes psicológicas busca a combinação de bens ou serviços que maximize satisfação, prazer, felicidade, bem-estar (máxima utilidade); A teoria da firma, onde o empresário orientado por determinada tecnologia combina fatores de produção para produzir bens e/ou serviços, que vendidos, busca o equilíbrio na condução do seu negócio (RT = CT) (maximização de lucro ou lucro zero), onde lucro (L) = RT – CT. *Preço – denominador comum entre oferta e demanda. Se do lado da oferta o empresário defronta com a escassez de insumos, portanto, suas expectativas são finitas e limitadas; do lado da demanda o consumidor possui ansiedades infinitas e ilimitadas. A determinação de equilíbrio está condicionada à finalidade da empresa e à estrutura mercadológica em que esteja inserida. 6.1 Definição de mercado Mercado é um conjunto de pontos de contados voluntários entre vendedores e potenciais compradores de um bem ou serviço, que mediante condições contratuais de compra e venda concretizam os negócios. Aspectos implícitos no conceito de mercado: O contexto comporta qualquer tipo de intercâmbio: trocas diretas (negociações diretas entre os vendedores em qualquer lugar) e trocas indiretas (negociações através de bolsas de mercadorias, bolsas de cereais ou em instituições congêneres). Assim, a definição de mercado é caracterizada pela idéia de espaço econômico, ou seja, não está circunscrita a uma região determinada. Negociações são voluntárias e o sistema de preços funciona como denominador comum nas trocas. Desnecessidade da presença explícita das partes envolvidas no processo. Essa possibilidade é possível pelo desenvolvimento de redes internacionais de telecomunicação em tempo real e padronização de produtos (commodities). Assim, os mercados se desenvolvem em termos locais, regionais, nacionais e internacionais. Diferentes estágios no processo de transação: atacado e varejo. 6.2 Determinantes das estruturas de mercados São dois os elementos que determinam as estruturas mercadológicas nas quais acontece a atuação da firmas: a quantidade de agentes e a natureza do produto final ou serviço ou do fator de produção. A quantidade de agentes – mas, principalmente, pela forma de atuação e não pela quantidade dos agentes. O comportamento dos agentes diz respeito à existência ou não de reações entre eles quando as decisões particulares entrarem em cena. Podem surgir duas possibilidades:

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6. ESTRUTURAS BÁSICAS DO MERCADO Na teoria microeconômica estudamos:

O comportamento do indivíduo que dotado de uma renda e diante do fator objetivo preço* e de fatores subjetivos (hábitos e preferências) e condicionantes psicológicas busca a combinação de bens ou serviços que maximize satisfação, prazer, felicidade, bem-estar (máxima utilidade);

A teoria da firma, onde o empresário orientado por determinada tecnologia combina fatores de produção para produzir bens e/ou serviços, que vendidos, busca o equilíbrio na condução do seu negócio (RT = CT) (maximização de lucro ou lucro zero), onde lucro (L) = RT – CT.

*Preço – denominador comum entre oferta e demanda. Se do lado da oferta o empresário defronta com a escassez de insumos, portanto, suas expectativas são finitas e limitadas; do lado da demanda o consumidor possui ansiedades infinitas e ilimitadas. A determinação de equilíbrio está condicionada à finalidade da empresa e à estrutura mercadológica em que esteja inserida.

6.1 Definição de mercado

Mercado é um conjunto de pontos de contados voluntários entre vendedores e potenciais compradores de um bem ou serviço, que mediante condições contratuais de compra e venda concretizam os negócios. Aspectos implícitos no conceito de mercado:

O contexto comporta qualquer tipo de intercâmbio: trocas diretas (negociações diretas entre os vendedores em qualquer lugar) e trocas indiretas (negociações através de bolsas de mercadorias, bolsas de cereais ou em instituições congêneres). Assim, a definição de mercado é caracterizada pela idéia de espaço econômico, ou seja, não está circunscrita a uma região determinada.

Negociações são voluntárias e o sistema de preços funciona como denominador comum nas trocas.

Desnecessidade da presença explícita das partes envolvidas no processo. Essa possibilidade é possível pelo desenvolvimento de redes internacionais de telecomunicação em tempo real e padronização de produtos (commodities). Assim, os mercados se desenvolvem em termos locais, regionais, nacionais e internacionais.

Diferentes estágios no processo de transação: atacado e varejo.

6.2 Determinantes das estruturas de mercados

São dois os elementos que determinam as estruturas mercadológicas nas quais acontece a atuação da firmas: a quantidade de agentes e a natureza do produto final ou serviço ou do fator de produção.

A quantidade de agentes – mas, principalmente, pela forma de atuação e não pela

quantidade dos agentes. O comportamento dos agentes diz respeito à existência ou não de reações entre eles quando as decisões particulares entrarem em cena. Podem surgir duas possibilidades:

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- mercados atomizados, presença de grande quantidade de agentes em que as decisões individuais dos agentes não influenciam a decisões dos demais agentes concorrentes. Os indivíduos atuam como tomadores de preços e, isoladamente, jamais pressionarão o preço que vier a ser ditado pelo mercado. Essa situação ocorre nos mercados concorrenciais.

- mercado não atomizado, onde existem poucos agentes (mercados não concorrenciais) e a decisão de qualquer um deles terá influência sobre as decisões dos demais. Neste mercado aos agentes conseguem, em certas circunstâncias, ditar preços.

A natureza do produto final ou serviço ou do fator de produção – neste caso os mercados também podem ser classificados em duas categorias: - mercados puros, quando os produtos são homogêneos, portanto, substitutos

perfeitos. Exemplos: água mineral sem gás, flores, cimento e commodities. - mercados imperfeitos, quando os produtos não são homogêneos quanto à origem,

condições de comercialização e qualidade, e não são bons substitutos (perfeitos ou homogêneos).

A diferenciação do produto final, serviços ou fator de produção ocorre quando existir manifesta preferência do agente por um deles em detrimento dos demais, embora todos possam, em princípio, atender a mesma finalidade. E, pode se identificada pelos atributos técnicos, físicos e/ou intrínsecos; imagem transmitida e características dos agentes:

atributos técnicos, físicos e/ou intrínsecos: resultam, entre outras especificidades, da forma (configuração), estilos, durabilidade, cor, qualidade, tipo de embalagem, condições de uso, denominações não similares, disponibilidade e tecnologia incorporada;

imagem transmitida: masculinidade, feminilidade, marca (etiqueta), prestígio, posição social (status) exemplificam essa situação;

características dos agentes: compreendem, entre diversas possibilidades, localização geográfica, políticas de transação (preço e crédito), condições de higiene/limpeza do local da negociação, comportamento e/ou modo de atuação de prepostos (até de empregados) como boas maneiras no relacionamento, prestação de assistência técnica pós-vendas e disponibilidade para a realização/execução de serviços.

No Quadro 6.1 está evidenciada uma síntese das estruturas mercadológicas segundo

a quantidade dos agentes e a natureza do produto e/ou serviço ou fator de produção. No Quadro 6.2 da pág. 144, temos outra representação das principais características das estruturas básicas de mercado

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Quadro 6.1. Estruturas mercadológicas

QUANTIDADE NATUREZA, PRODUTO FINAL/SERVIÇO OU FATOR DE PRODUÇÃO

Agentes Homogênea Diferenciada

Muitos (Atomizado)

Concorrência Pura ou

Concorrência Perfeita

Concorrência Monopolística ou

Concorrência Monopsonística

Poucos (ou alguns)

Oligopólio Puro ou

Oligopsônio Puro

Oligopólio Diferenciado ou

Oligopsônio Diferenciado

Um Monopólio

ou Monopsônio

Não aplicável

Nota: concorrência pura ou perfeita é uma estrutura utópica dado que sempre existira algum grau de diferenciação, por isso, se admite a denominação concorrência (quase) pura e concorrência (quase) perfeita.

6.3 Estruturas clássicas básicas de mercado As estruturas básicas de mercados são divididas em: concorrência perfeita,

monopólio, concorrência monopolista, oligopólio, monopsônio e monopólio bilateral. Também, existem modelos marginalistas de oligopólio: modelo de Cournot, modelo de Sweezy; cartel perfeito e modelos de liderança-preço que não serão tratados aqui.

6.3.1 Concorrência perfeita

Como todas as formulações microeconômicas, a estrutura de mercado caracterizada por concorrência perfeita é uma formulação irreal (ou seja, uma concepção ideal), porque os mercados altamente concorrenciais não existem, na realidade são apenas aproximações desse modelo. Não obstante, é útil como aproximação para descrever o funcionamento econômico de muitas realidades complexas.

Hipóteses do modelo de concorrência perfeita

Dizemos que um mercado apresenta uma estrutura em concorrência perfeita quando:

1) Existe um grande número de produtores (também chamados de vendedores).

2) Cada um dos produtores é pequeno em relação à dimensão do mercado.

3) Os produtos elaborados são homogêneos, sendo substitutos perfeitos entre si.

4) Existe um grande número de compradores, sendo que cada um deles é pequeno em relação à dimensão do mercado.

5) Existe completa informação e conhecimento sobre o preço do produto por parte dos produtores e dos consumidores.

6) Não existe habilidade das firmas para influenciar a procura de mercado através de mecanismos extra-preços, como propaganda, melhoria de qualidade, mecanismos de comercialização, etc.

7) A entrada e a saída de firmas no mercado são livres.

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Figura 6.1. Demanda de concorrência perfeita

Exemplos de mercados com estruturas próximas da concorrência perfeita são os produtores de hortaliças e os vendedores de picolé numa área de lazer.

A hipótese de que a firma, individualmente, seja incapaz de alterar o preço do

produto tem uma conseqüência importante, porque implica a curva de demanda do produto ser perfeitamente elástica, ou seja, horizontal (Figura 6.1).

A empresa em regime de concorrência perfeita só fixa a quantidade a ser vendida,

pois o preço está fixado pelo mercado (é uma variável exógena). Assim, se o preço fixado pelo mercado for de p reais por unidade do produto, a firma sempre receberá sempre p reais por unidade adicional que vender. Então, a receita marginal (RMa) será de p reais, o mesmo acontecendo com a receita média (RMe).

Se a firma ofertar o produto a um preço abaixo do preço dos concorrentes, a firma venderá

toda a sua produção e não afetará o preço de equilíbrio de mercado. E se ofertar o seu produto acima do preço de mercado, nada venderá.

Portanto, a curva de demanda do produto de uma firma em um mercado em

concorrência perfeita é uma reta horizontal paralela ao eixo das abscissas (Figura 6.2), mas a curva de demanda de mercado continua descendente da esquerda para a direita, porque descreve a demanda total do produto, dados seus diferentes níveis de preços (Figura 6.3).

P

q

0PPRMad = =

q

0P

P

D

O

q

0P

P

RMad =

Figura 6.3. Curva da demanda Figura 6.2. Curva da demanda de mercado do produto da firma

Todos os produtores e consumidores recebem e pagam o mesmo preço unitário pelo

produto, pois ele é homogêneo e existe completa informação sobre o produto. Considerando que as receitas total, média e marginal para uma firma em uma

estrutura de mercado em concorrência perfeita são determinadas por:

qPRT .= Pq

RTRMe == Pdq

dRTRMa ==

de modo que RMe = RMa = P.

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A firma maximiza lucro desde que: P ≥ CVMe, pois se CVMe > P a firma torna-se inviável no longo-prazo. Mesmo no curto prazo ela pode incorrer em prejuízos para pagar parte dos CF e tentar manter-se no mercado; e

CMa = RMa, sendo o custo marginal crescente, o empresário fixará a quantidade a ser vendida de forma a obter o lucro máximo, o que acontecerá quando RMa = CMa (Figura 6.4).

q

P

P

PRMad ==

CMa

eQ

Figura 6.4. Maximização de lucro em concorrência perfeita Vamos colocar num mesmo gráfico várias curvas de demanda pelo produto de uma

firma (D1, D2, D3) e as curvas de CMa (veja a Figura 6.5). Assim, uma firma em concorrência perfeita vai ofertar pontos como A, B e C sobre a

curva de custo marginal (CMa). Desse modo, podemos dizer que a curva de oferta de uma firma em concorrência perfeita é a sua curva de custo marginal a partir do ponto de custo variável médio mínimo (Figura 6.6).

P

C

P

1q 2q 3q q

A

B

3P

2P

1P

OCMa

Analogamente, a curva de oferta do setor como um todo será a soma das curvas de

oferta de todas as firmas no setor. As firmas com CVMe > P terão de abandonar o setor a longo prazo, de forma que somente as mais eficientes permanecem. Outrossim, a mobilidade e inexistência de barreiras garantem que novas empresas entrem no setor se houver lucros maiores que em outros setores. Com a entrada de novas empresas, há um deslocamento da curva de oferta do setor para a direita, e, consequentemente, os preços serão menores (Figura 6.7).

Figura 6.5. Curva de procura e CMa de uma firma

Figura 6.6. Curva de oferta de uma firma

A

B

C

1

2

D

D

D

33P

2P

1

1 2

P

q q 3q q

CVMe

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Figura 6.7. Oferta de Mercado

Nesse mercado os agentes devem competir pela eficiência em custos, pois não

poderão concorrer pela diferenciação de produtos (que permitiria discriminar preços). Sempre que a pretensão da firma for a de manter lucro diante de uma oferta cada vez maior e preços cada vez menores, terá de administrar os respectivos custos, mantendo-os nos patamares mais baixos possíveis.

PP'O

O

Firma (dezenas) Mercado (milhares) q

RMad =

Q

PP

'' RMad ='P 'P

D

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6.3.2 Monopólio

Uma estrutura de mercado é caracterizada como sendo de monopólio quando temos as seguintes condições:

1) o setor (ou mercado) produtor é constituído por uma única firma;

2) a firma em questão elabora um produto para o qual não existe substituto próximo;

3) existe concorrência entre os consumidores; e

4) a firma procura estabelecer mecanismos que garantam o monopólio do mercado.

Exemplos de monopólios são os serviços de telefonia, águas e esgotos e energia

elétrica em uma cidade. Esse tipo de monopólio é estabelecido por concessão do setor público.

Observe que em uma estrutura de mercado em concorrência perfeita temos um

grande número de firmas elaborando um bem homogêneo. No monopólio temos apenas uma firma. A firma em concorrência perfeita controla apenas a quantidade produzida, enquanto a firma em monopólio controla a produção ou o preço.

Como temos no monopólio apenas uma firma, a curva de demanda do mercado por

um produto torna-se a curva de demanda pelo produto elaborado pela firma. E a receita média para cada nível de produção é o preço unitário, pois PQQPQRTRMe === /./ .

A receita marginal (RMg) que representa variações na RT em função de varições nas

quantidades vendidas (Qv), RMg = ΔRT/ΔQv, enquanto for positiva (RMg > 0), a cada ↓P →↑Qv mais que proporcional à ↓P, o que ↑RT. Contudo, a partir do ponto em que RMg = 0, a ↓RT pela ↓P é maior que o ganho obtido pelo ↑Qv. Assim, o ↑Qv só ↑LT até o ponto em que RMg = CMg, que é o ponto de lucro máximo.

Na Figura 6.8, temos as curvas de demanda, D, e de RMg no monopólio. Como a

curva de RMg é decrescente e positiva no segmento OQ1 e negativa no segmento Q1B, a curva de RT da firma monopolista tem o formato mostrado na Figura 6.9. A RT atinge o ponto máximo quando RMg = 0.

O equilíbrio da firma monopolista no curto-prazo Consideramos que a firma monopolista não exerce qualquer influência nos preços

dos fatores de produção, ou seja, a firma monopolista obtém os fatores de produção no mercado de concorrência perfeita e vende o seu produto num mercado com estrutura de monopólio.

A firma monopolista maximiza o lucro produzindo a quantidade onde CMg = RMg.

Em outras palavras, enquanto RMg > CMg será consistente com seus objetivos aumentar o nível de produto, pois seu lucro total estará aumentando.

Na Figura 6.8, a igualdade entre CMg e RMg ocorre no ponto F, determinando a

quantidade Qe. Esse volume de produção determina o preço Pe sobre a curva de demanda de

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mercado. O custo total de produzir Qe é a área OQeBA. A receita total é a área OQeEPe e o lucro total é área ABEPe.

Observe que o preço de cada unidade do produto é determinado pela curva de

demanda e não pela curva de RMg; o lucro é determinado pelo preço e custo médio e não pelo preço e CMg.

0

A B

1Q B

Figura 6.8. Equilíbrio da firma monopo- Figura 6.9 Curva de receita total da firma monopolista lista no curto prazo

Fonte: EQUIPE DE PROFESSORES DA USP (2005, p .193) .

Figura 6.10. Curvas de demanda, RT e RMg de um monopolista de diamantes Fonte: KRUGMAN, Paul R. ; WELLS, Robin (2007, p .296) .

Painel (b): curva de RT À medida que a Qv vai de 0 a 10 diamantes, a RT↑. Ela alcança o seu máximo em 10 diamantes, quando RMa = 0, e declina depois disso. O efeito quantidade domina o efeito preço quanto a RT está ↑; o efeito preço domina o efeito quantidade quando a RT está ↓.

Painel (a): curvas de D e RMa. Ponto A na curva D são vendidos 9 diamantes a $550 cada → RT = $4.950. Para vender o 10º diamante, o preço de todos os 10 diamantes tem de ser reduzido para $500, como se mostra no ponto B. Em conseqüência, a RT↑ conforme a área sombreada em cinza claro (o efeito quantidade: $500), mas diminui conforme a área sombreada em cinza escuro (o efeito preço: -$450). Assim, a RMa do 10º diamante é $50 (a diferença entre as áreas cinza claro e cinza escuro), o que é muito menos que seu preço de $500.

RMa

DRMe=

LT = RT – CT LT = (RT/Q – CT/Q) x Q LT = (P – CMe) x Q

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Na estrutura de mercado monopolista, a firma e única de maneira que a entrada de novas firmas alteraria a estrutura do mercado. Em conseqüência, o monopólio somente se mantém se a firma conseguir impedir a entrada de outras firmas no mercado. Diversos fatores podem concorrer para a manutenção do monopólio, representando barreiras ao acesso de novas firmas, dentre as quais destacamos:

a) a dimensão reduzida do mercado;

b) a existência de patentes, o que impede a produção de um dado produto por firmas concorrentes;

c) a proteção oferecida por leis governamentais; e

d) o controle das fontes de suprimento de matérias-primas para a produção de seu produto.

Em razão dessas vantagens, o monopólio pode apresentar lucro maior que outros

setores. Nesse sentido, é interessante distinguir lucro normal e lucro extraordinário:

lucro normal: inclui a remuneração do empresário e o seu custo de oportunidade;

lucro extraordinário: situação do monopólio que permite ao monopolista auferir um lucro acima do lucro normal.

Contudo, é pouco provável que um monopólio se perpetue no longo prazo: as

patentes tornam-se obsoletas; novos produtos, e mais refinados, são desenvolvidos por outras firmas; matérias-primas substitutas tornam-se disponíveis, entre outros fatores. A manutenção do monopólio somente e mais factível quando o mercado é garantido por meio de leis governamentais.

Se o mercado de uma firma for reduzido, é provável que ele permaneça no regime de

monopólio, mesmo auferindo lucros vantajosos. Se outra firma entrar no mercado, o preço do produto poderá tornar-se tão baixo que as duas sofrerão prejuízo. Adicionalmente, no longo prazo, o desenvolvimento tecnológico da origem à produção de novos métodos e técnicas que determinam o surgimento de novos produtos, de melhor qualidade e substitutos daqueles bens anteriormente monopolizados. Existem, entretanto, alguns instrumentos que podem exercer certo controle sobre o poder do monopólio, por exemplo, a regulamentação do preço do produto e a imposição fiscal.

Tipos de monopólio

Existem monopólios com única planta industrial e monopólios com unidades fabris

distintas (plantas múltiplas), bem como monopólios com preço único ou sem discriminação de preço (aplicável aos monopólios naturais) e monopólios com preços diversos em um mesmo instante de tempo, como por exemplo:

preços de ingressos em estádios e casas de espetáculos;

tarifas de energia diferenciada por tipo de destino (residencial, comercial e industrial); e

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tarifa telefônica diferenciada por horário.

A discriminação de preços em monopólio acarreta a presença de situações distintas classificadas em três graus:

discriminação de preços de 1º grau (perfeita): quando o número de usuários é pequeno e o monopolista estabelece preço diferenciado para cada um deles, como no caso de cirurgias altamente especializadas e lances de leilão;

discriminação de preços de 2º grau: quando os preços variam de acordo com o volume de utilização do bem. Por exemplo, tarifa de serviços gráficos com os valores unitários por cópia decrescentes conforme lotes; e

discriminação de preços de 3º grau: o mercado é segmentado adotando-se como parâmetro as características da elasticidade-preço da procura para os diversos grupos de usuários e/ou patentes do bem. Os preços mais elevados são estabelecidos para os grupos em que essa elasticidade seja menor e vice-versa. Ex.: preços de ingressos em estádios e teatros e viagens internacionais.

Vantagens e desvantagens do monopólio

Como vantagem tem-se que a produção em larga escala reduz custos, que se repassados aos consumidores beneficiará a coletividade;

No caso da desvantagem, pelo menos três colocações desabonariam a figura do monopólio:

possibilidade de ineficiência da firma monopolista e até falta de estímulo para melhoria dos métodos produtivos;

limitação imposta aos consumidores quanto às oportunidades de compra e escolha;

preços abusivos eventualmente fixados ao consumidor que, em conseqüência, traduziriam-se como lucros elevados ao monopolista.

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6.3.3 Concorrência monopolística

Um mercado (ou setor ou indústria) possui uma estrutura caracterizada por concorrência monopolística desde que:

1) Existe um número elevado de firmas.

2) Cada uma das firmas é pequena em relação ao tamanho do mercado.

3) As firmas produzem bens diferenciados, mas que são substitutos próximos entre si.

4) Existe um grande número de compradores, que são pequenos, individualmente, em relação ao tamanho do mercado.

5) As firmas elaboram esquemas para garantir preferência dos consumidores.

6) Existe livre entrada e saída de firmas do mercado.

Exemplos de mercado em concorrência imperfeita são os vendedores de diferentes marcas de cigarros, de sabonete, de refrigerantes, de roupas e as mercearias em uma cidade.

Nessa estrutura, cada firma tem determinado poder sobre a fixação de preços, ou

seja, a curva de demanda com a qual se defronta é negativamente inclinada, apesar de ser pouco inclinada (bastante elástica), pois a existência de substitutos próximos permite aos consumidores alternativas para fugirem de aumentos de preços.

A diferenciação de produtos pode ocorrer por características físicas (composição

química, potência, etc.), pela embalagem, ou pelo esquema de promoção das vendas (propaganda, atendimento, fornecimento de brindes, manutenção, entre outros).

Como não existem barreiras à entrada de firmas, no longo prazo há uma tendência

para a existência de lucros normais (RT = CT), sem lucros extraordinários.

6.3.4 Estrutura de mercado caracterizado por oligopólio Caracteriza-se por:

1) Existência de um número pequeno de produtores (também chamados de vendedores) fabricando que são substitutos próximos entre si, com elevada elasticidade cruzada.

2) Alguns produtores detêm parcela elevada da produção; que em alguns casos lhes permite exercer uma liderança na fixação de preço no mercado.

3) As decisões das empresas quanto à produção e preço são interligadas. Se uma empresa rebaixar o preço de seu produto para aumentar sua fatia do mercado, será acompanhada pelas demais empresas. Se uma empresa produzir acima de sua fatia de mercado, terá que carregar estoques.

4) As empresas procuram manter o seu oligopólio através de diferenciação de produtos, acordos com revendedores, propaganda, etc.

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5) Não existe livre entrada e saída do mercado. As barreiras à entrada podem ser tecnológicas, ou o alto valor do capital necessário à produção, entre outras razões.

São exemplos de oligopólios a indústria de automóveis, a indústria de tratores, a

indústria de medicamentos veterinários, serviços de transporte aéreo e rodoviário, setores químicos e siderúrgico e outros.

Existem muitos modelos de oligopólios. Os primeiros modelos consideravam que a

firma desejava maximizar a massa de lucros (modelos clássicos de oligopólios); e, a partir da década de 30, foram desenvolvidos modelos onde o preço é fixado por um mark-up sobre o custo variável médio. A firma fixa esse mark-up de modo a obter a maior taxa de lucro possível.

Dentre os muitos modelos de oligopólios alternativos a análise marginalista da

maximização da massa de lucros apresentamos, em seguida, o modelo de Hall e Hitch. R. L. Hall e C. J. Hitch fizeram uma pesquisa empírica na Inglaterra na década de

1930, questionando os mecanismos de fixação de preços utilizados pelos empresários. Concluíram que o preço de cada firma é fixado pela seguinte fórmula:

4342143421UnitárioLucroCFMe

CVMemCVMemCVMeP

21 .. ++= (6.1)

Na expressão (6.1), temos:

CVMe = custo variável médio

m1 . CVMe = CFMe = custo fixo médio

m2 . CVMe = lucro unitário

m1 é fixado tal que m1 . CVMe = CFMe, ou seja, m CFTq1 =

Mas Hall e Hitch não explicaram como é fixado m2.

P = (1 + m1 + m2) . CVMe (6.2)

Chamando (m1 + m2) = m temos:

P = (1 + m) . CVMe (6.3) Alguns autores denominam (1 + m) de mark-up. Observe na expressão (6.2) que se ocorrer uma recessão na economia de modo que

o CFMe aumente, a firma elevará o valor de m1, de modo que m na expressão (6.3) aumentará, conduzindo ao aumento do preço do produto. Assim, de acordo com o modelo de Hall e Hitch em um período de recessão a empresa pode ser conduzida a aumentar o preço de seu produto.

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6.3.5 Estruturas de mercados caracterizadas por monopsônio e oligopsônio No mercado monopsônio existe um único comprador e muitos vendedores. A

empresa compradora impõe um preço de compra do produto ou serviço. Esse preço pode ser ficado de acordo com os interesses da firma. Se desejar aumentar a oferta do produto ou serviço a empresa compradora eleva o preço de compra.

Exemplos de mercado caracterizado por monopsônio é a presença de uma grande

usina siderúrgica numa cidade, sendo ela a única empregadora de mão-de-obra; ou a Petrobrás na compra de álcool anidro e hidratado dos produtores; ou uma grande indústria esmagadora de laranja em uma região onde existem muitos pequenos produtores de laranja não organizados em associações ou cooperativas.

No mercado oligopsônio existem poucos compradores (sendo que alguns detêm

parcela elevada do mercado) e muitos vendedores. Os compradores conseguem impor um preço de compra dos produtos aos produtores. Tal preço de compra não deve desestimular os produtores, mas não é de magnitude que compense os compradores a executarem ele próprios a produção.

Exemplo: caso da relação entre a Sadia, Chapecó e Perdigão com os produtores de

frango em Santa Catarina. 6.3.6 Estrutura de mercado caracterizada por monopólio bilateral

Existe apenas um produtor (um monopolista) e um consumidor (um monopsonista).

O preço e a quantidade transacionada são feitos por acordo, pois o monopolista deseja vender dada quantidade de produto por um preço, e o monopsonista deseja obter a mesma quantidade por um preço diferente daquele pretendido pelo monopolista. Inicialmente acordam a quantidade a ser transacionada, com o monopolista fixando o preço mínimo a aceitar P1 e o monopsonista o preço máximo a pagar P2. O preço é estabelecido por acordo, respeitando o limite mínimo de P1 e o limite máximo de P2.

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QUADRO 6.2. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS ESTRUTURAS BÁSICAS DE MERCADO

Características Concorrência Perfeita Monopólio Oligopólio Concorrência

Monopolística 1. Quanto ao nº. de

empresas Muito grande Só há uma empresa Pequeno Grande

2. Quanto ao produto Homogêneo Não há substitutos próximos Pode ser homogêneo

ou diferenciado Diferenciado

3. Quanto ao controle das empresas sobre os preços

Não há possibilidade

de manobras pelas empresas

As empresas têm grande poder para manter preços

relativamente elevados, principalmente quando não há

intervenções restritivas do governo (leis antitrustes)

Embora dificultado pela interdependência

entre as empresas, essas tendem a formar

cartéis controlando preços e quotas de

produção

Pouca margem de manobra, devido á

existência de substitutos próximos

4. Quanto à concorrência extra-preço

Não é possível nem seria capaz

As empresas geralmente recorrem a campanhas

institucionais, para salvaguardar a sua imagem

É intensa, sobretudo quando há

diferenciação do produto

É intensa, exercendo-se pelas

diferenças físicas, de embalagens e prestação de

serviços complementares

5. Quanto às condições de ingresso na indústria

Não há barreiras Há barreira ao acesso de novas

empresas

Há barreira ao acesso de novas empresas

Não há barreiras

Fonte: Vasconcellos, Marco Antonio Sandoval de; Garcia, Manuel Enriquez. Fundamentos de Economia. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p.81.

6.4 Concentração e desconcentração

O grau de concentração (GC) de um mercado pode ser determinado de duas maneiras:

a) Por uma regra prática com base nos dados de faturamento das empresas onde:

setordototaloFaturamentatividade de ramo cada de empresas maiores 4 das oFaturamentGC =

Se GC ≅ 100% → segmento altamente concentrado (monopólio). Se GC ≅ 0% → segmento de baixa concentração (maior grau de concorrência). Se GC < 40% → mercado concorrencial (competitivo). Se GC > 60% → setor mais concentrado.

b) Índice de Herfindahl-Hirschiman (IHH) Ordena-se no máximo 50 firmas de acordo com a participação de cada uma no setor, as

quais, considerando um conjunto de n firmas, são p1, p2, ..., pn. Então, obtém-se o IHH pela expressão: . 2

n2

22

1 )(p...)(p)(pIHH +++= Se IHH > 1.800, o mercado é concentrado. Se IHH < 1.000, o mercado é de alta competição. Se IHH = 10.000 → monopólio. Se IHH = 0 → concorrência perfeita.

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Aula 19 - 404065- IE. Prof. Eziquiel Guerreiro. Estruturas de Mercados

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LISTA DE EXERCÍCIOS Nº 05

1. O que são estruturas de mercados? 2. Como estão divididas as estruturas básicas de mercados? 3. Como o monopolista determina o ponto de lucro máximo? 4. Que fatores propiciam a existências de monopólios? 5. Quais as hipóteses da concorrência perfeita? 6. Como a demanda em concorrência perfeita é horizontal? 7. Que outras estruturas clássicas você conhece? Descreva as resumidamente. 8. Que modelos de oligopólios são mais conhecidos? 9. Cite exemplos de estruturas de mercado observadas na economia brasileira semelhantes as observadas

no texto.