OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · Por isso também é bom frisar a importância...
Transcript of OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · Por isso também é bom frisar a importância...
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO.
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
A TRANSIÇÃO DOS ALUNOS DO QUINTO PARA O SEXTO ANO DO
ENSINO FUNDAMENTAL: POSSIBILIDADES E CONTRIBUIÇÕES
DURANTE A TRANSIÇÃO POR MEIO DE UM PROCESSO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
IZANIRA GASPAR DA SILVA
Trabalho final apresentado para apreciação e aprovação da professora-orientadora, Me. Rosângela Abreu do Prado Wolf, da Universidade Estadual do Centro-Oeste/UNICENTRO, campus de Guarapuava, como requisito parcial para conclusão do PDE- Programa de Desenvolvimento Educacional.
GUARAPUAVA– PR
2015
A TRANSIÇÃO DOS ALUNOS DO QUINTO PARA O SEXTO ANO DO
ENSINO FUNDAMENTAL: POSSIBILIDADES E CONTRIBUIÇÕES
DURANTE A TRANSIÇÃO POR MEIO DE UM PROCESSO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
Izanira Gaspar da Silva1 Rosângela Abreu do Prado Wolf 2
RESUMO: O artigo em questão aborda a transição do quinto para o sexto ano do Ensino
Fundamental, como um momento de quebra na rotina escolar do aluno, que pode ocasionar alterações comportamentais de cunho cognitivo, psicológico e emocional. Tais alterações ocorrem pelo fato do aluno estar habituado a uma determinada dinâmica em sua vida escolar, e quando ela é alterada neste momento de transição do quinto para o sexto ano, o mesmo se sente perdido. Para tanto, foram aplicados questionários para os alunos e professores de sexto ano, para ter um melhor conhecimento sobre os desafios vivenciados neste momento de mudança. A implementação desenvolvida no Colégio Estadual José Armim Matte -EFMNP, no contexto do Programa de Desenvolvimento Educacional-PDE, apresentou como ação a organização de um grupo de estudos, que se realizou com oito encontros presenciais de quatro horas, objetivando articular ações no ambiente pedagógico capazes de atenuar a passagem/transição do quinto para o sexto ano do Ensino Fundamental proporcionando uma adaptação tranquila e uma aprendizado de qualidade, apresentando estratégias de ação, com vistas a contribuir na minimização dos conflitos vivenciados neste momento de mudança, bem como, identificar quais as maiores dificuldades apresentadas neste momento de transição. Os resultados obtidos com a realização deste trabalho indicaram a preocupação e o interesse dos professores em minimizar a problemática, que ocorre neste momento de transição dos alunos do quinto para o sexto ano do Ensino Fundamental. Palavras-chave: aluno; ensino fundamental; sexto ano; transição escolar; aprendizagem significativa.
1 Professora PDE 2014, pós-graduada em Metodologia do Ensino e Educação Especial, pela
Universidade FACINTER. Graduada em Pedagogia atuando como professora em Chopinzinho-PR. E-mail para contato: [email protected] 2 Professora Orientadora, lotada no Departamento de Pedagogia da Universidade Estadual do
Centro-Oeste/UNICENTRO, com especializações em Supervisão Escolar e Educação Ambiental, mestrado em Linguística Aplicada pela UEM. Atualmente é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Educação pela PUC-PR. E-mail para contato: [email protected]
INTRODUÇÃO
O presente artigo é parte conclusiva do Programa de Desenvolvimento
Educacional –PDE, e tem como finalidade analisar o processo pedagógico que
é vivenciado na transição do quinto para o sexto ano do Ensino Fundamental,
buscando esclarecer e/ou entender quais são os impactos pedagógicos
vivenciados pelos alunos e professores neste momento de transição.
A escolha em pesquisar este tema, ocorreu em razão das observações,
vivências e experiências no Colégio Estadual José Armim Matte-EFMNP,
situado no município de Chopinzinho – Paraná, percebendo a necessidade de
realizar um estudo para desenvolver novas práticas para amenizar alguns
efeitos negativos que podem aparecer na passagem do quinto para o sexto ano
do Ensino Fundamental.
É fato que esta passagem altera de modo geral a rotina do aluno, pois
nesta fase eles costumam experimentar sentimentos de angústia, bem como
de deslumbramento diante do novo ambiente. Esta transição coincide com
outras transformações pelas quais os educandos estão vivenciando nesta faixa
etária.
A criança inicia o sexto ano, mais ou menos aos 11 anos, momento que
corresponde o início da adolescência (puberdade), que é a fase da vida que
intermedia a infância e a idade adulta. Esta fase tem como característica o
intenso desenvolvimento biológico, psíquico e social.
Conforme destaca Cajado (1968, p. 27):
A nova consciência do corpo estimula essencialmente novos sentimentos e novos pensamentos, que exigem notável mudança na sua integração. Parece-nos apropriado, a esta altura, tomar nota dos fenômenos psicológicos e sociais que decorrem quase diretamente das mudanças anatômicas e fisiológicas da puberdade.
A adolescência é marcada também pela ruptura com o universo infantil,
para dar espaço a um novo indivíduo que começa a surgir, e de quem se
espera uma série de adaptações. Isso pode levar pode gerar dúvidas no
adolescente pelo fato de ainda não entender como melhor se posicionar
diante de tantas mudanças.
De acordo com Vygotsky, (1998, p.44):
A transição, no desenvolvimento para formas de comportamento qualitativamente novas, não se restringe a mudanças apenas na percepção. A percepção é parte de um sistema dinâmico de comportamento; por isso, a relação entre as transformações dos processos perceptivos e as transformações em outras atividades intelectuais é de fundamental importância.
Nesta passagem do quinto para o sexto ano, se torna visível uma
dualidade os alunos muitas vezes não estão preparados para essa transição e
as escolas, bem como os professores não estão preparados para receber estes
alunos. Esta mudança ocasiona nos alunos medo e angústia, o que explica os
índices de desistência ou repetência no 6º ano. Por isso também é bom frisar a
importância da família neste momento de transição.
De acordo com Bock, (2002, p. 252), a “[...] família reproduz, em seu
interior, a cultura que a criança internalizará. É importante considerar aqui o
poder que a família e os adultos têm no controle da conduta da criança, pois
ela depende deles para sua sobrevivência física e psíquica”. No entanto, os
elementos que marcam essa transição, ficam invisíveis em meio ao turbilhão
de informações e acontecimentos que ocorrem diariamente nas escolas.
Nesta perspectiva, o eixo central desse estudo visa contemplar uma
transição harmônica entre estas etapas das séries iniciais do Ensino
Fundamental, que oportunize a continuidade do processo educacional com
êxito, de maneira a contribuir para a formação de cidadãos éticos, participativos
e críticos.
2. DESAFIOS E EXPECTATIVAS NO MOMENTO DE TRANSIÇÃO DO
QUINTO PARA O SEXTO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
A primeira e grande ruptura de um ser humano inicia a partir do seu
nascimento, quando o bebê perde o vínculo direto com a mãe. A criança vai
aos poucos aprendendo com os pais e ou família, como por exemplo: o andar
ereto, o som da fala, o manusear de objetos. A partir dos seis meses de idade
ela inicia a descoberta de tentar engatinhar, erguer-se, balbuciar e aos poucos
vai percebendo do que é capaz. Os primeiros anos de vida são bem relevantes
para a formação do novo ser. De acordo com Bock, (2002, p.101):
Para Piaget, o desenvolvimento humano é dividido em períodos de acordo com o aparecimento de novas qualidades do pensamento que por sua vez, interfere no desenvolvimento global. São eles:1º Sensório-motor ( 0 a 2 anos ), 2º Pré-operatório ( 2 a 7 anos ), 3º Operações concretas ( 7 a 12 anos ), 4º Operações formais ( 12 anos em diante ).Cada período é caracterizado por aquilo que de melhor o indivíduo consegue fazer nessas faixas etárias. Todos passam por todas essas fases ou períodos, nessa sequência, porém o início e o término de cada uma delas dependem das características biológicas do indivíduo e de fatores educacionais sociais.
Conforme Bock destacou, podemos considerar que cada ser é único,
com tempo indeterminado para amadurecer dentro de cada fase citada.
De acordo com Vygotsky, (1998, p.45):
O desenvolvimento infantil é visto a partir de três aspectos: instrumental, cultural e histórico, sendo assim, a história da sociedade e o desenvolvimento do homem caminham juntos e, mais do que isso, estão de tal forma intrincados, que um não seria o que é sem o outro.
Sobre estes três aspectos, Vygotsky, (1998, p. 49), aborda também
sobre o processo de internalização, e argumenta que este processo
[...] de internalização como mecanismo, intervém no desenvolvimento
das funções do sujeito. Esta é a reconstrução interna de uma operação externa e tem como base a linguagem. O plano interno, não preexiste, mas é constituído pelo processo de internalização, fundado nas ações, nas interações sociais e na linguagem.
Dessa maneira, a aprendizagem da criança começa muito antes de seu
ingresso na escola, pois desde o primeiro dia de vida ela já vivencia os
elementos da cultura, a presença de outro indivíduo, que se torna o mediador
entre ela e a cultura.
Quando ingressa na escola a ação da criança parte de suas próprias
generalizações e significados, o que acontece é que ela não sai de seus
conceitos, mas entra em um caminho novo, acompanhado deles, vem o
caminho da análise intelectual, da comparação, da unificação e das relações
lógicas. Os conceitos que foram inicialmente construídos na criança no
decorrer de sua vida, no seu ambiente social são agora deslocados para um
processo novo, para relações cognitivas com o mundo, e nesse processo os
conceitos e estruturas da criança são transformados e também mudados.
Ao comparar os dois maiores estudiosos do desenvolvimento humano,
pode-se dizer que Piaget defende uma tendência construtivista em sua teoria,
enfatizando o papel estruturante do sujeito através do biológico. Vygotsky dá
ênfase ao aspecto social, pois é na troca entre as pessoas, que ocorre as
funções mentais superiores, através das interações.
Nesta perspectiva, a escola apresenta-se no contexto atual, como uma
das mais importantes instituições sociais por fazer a mediação entre o indivíduo
e a sociedade. Dessa maneira Pulaski (1986, p.84) reitera a posição de Piaget
quanto a:
[...] sua posição no sentido de que as estruturas formais não são nem inatas e “antecipadamente inscritas” no sistema nervoso, nem tampouco criadas por uma sociedade que as imponha ao indivíduo de fora para dentro. São antes formas de equilíbrio elaboradas no intercâmbio entre os adolescentes e as outras pessoas, assim como entre eles e o mundo físico no qual se desenvolvem. As estruturas cerebrais maduras são parte necessária dessa interação - necessária, mas não suficiente. Entre o sistema nervoso e a sociedade está a atividade individual, ou seja, a soma das experiências de um indivíduo que aprende a adaptar-se tanto ao mundo físico quanto ao social.
De acordo com essa questão, Oliveira, (2009, p.63) também aborda
sobre o papel social no desenvolvimento, a partir da concepção de Vygotsky
referente a zona de desenvolvimento proximal:
A zona de desenvolvimento proximal estabelece forte ligação entre o processo de desenvolvimento e a relação do indivíduo com seu ambiente sociocultural e com sua situação de organismo que não se desenvolve plenamente sem o suporte de outros indivíduos de sua espécie. É na zona de desenvolvimento proximal que a interferência de outros indivíduos é a mais transformadora.
Dessa maneira a transição do quinto para o sexto ano do Ensino é
fundamentalmente marcada por uma ruptura de paradigmas, ou seja, marcada
por uma mudança muito significativa na vida do aluno, pois no quinto ano a
criança tem somente um professor que ministrava várias disciplinas, enquanto
que no sexto ano ela se depara com vários professores, cada um na sua área
específica.
Neste momento de transição o aluno sai de um sistema de ensino e
inicia praticamente do zero uma nova vida escolar onde precisa desenvolver
mais autonomia. Os mesmos saem de uma escola onde eles eram os mais
velhos e ao chegarem ao sexto ano eles são os mais jovens deste novo
ambiente, iniciando dessa maneira o caminho em busca da maturidade.
Essas contradições não se resumem somente a maturidade, e sim é
estabelecida em vários parâmetros, como conteúdos não aprendidos,
disciplinas demarcadas por horários definidos e rotatividade de professores.
Neste novo contexto escolar o aluno do sexto ano se confronta com a
exagerada fragmentação do conhecimento apresentado a ele. Esta passagem
é marcada também por um momento de dificuldade, pois os espaços e o ritmo
de estudos são diferentes.
A interdisciplinaridade, como reação a esse modelo, vem com a
proposta de auxiliar nesta fragmentação das disciplinas, bem como do
conhecimento, fazendo com que este momento de transição seja naturalmente
vivenciado pelos alunos. A respeito dessa temática Gasparin, (2005, p. 3)
pontua:
No mundo das divisões do conhecimento, das especificidades que possibilitam e, frequentemente, proporcionam a perda da totalidade, busca-se, cada vez mais, a unidade, a interdisciplinaridade, não como forma de pensamento unidimensional, mas como uma apreensão crítica das diversas dimensões da mesma realidade.
Dessa maneira, o conhecimento não se apresenta fragmentado e assim
o aluno tem uma melhor assimilação e entendimento dos conteúdos
apresentados.
Frente a esse contexto, Japiassu, (1976, p. 59) aborda que nenhuma
[...] disciplina, nenhum tipo de conhecimento, nenhum tipo de experiência deve ser excluído, nem a título de meio nem a título de fim, desse projeto de reunificação do saber.
Pois nessa reunificação do saber é necessário contemplar todos os
conteúdos de maneira a (re) significar o conhecimento.
Nessa mesma linha Fazenda, (2012, p. 116) argumenta que a
[...] flexibilidade estrutural é uma grande vantagem do currículo interdisciplinar, capacitando professores e administradores para
abordar temas importantes e pontuais enquanto cultivam habilidades integradoras.
Ainda Fazenda (2012, p. 117), complementa dizendo que
O peso da pressão dos problemas sociais, tecnológicos e econômicos tem resultado em uma grande orientação pragmática em todas as matérias escolares, disciplinas, profissões, na educação geral e nos programas de estudo interdisciplinar. A justificativa mais comum é o argumento do “mundo real”. A vida, segundo esse argumento, é “naturalmente” interdisciplinar, portanto, a educação interdisciplinar reflete o “mundo real” de maneira mais eficiente do que a instrução tradicional.
O conhecimento não deve ser fragmentado, pois uma disciplina
complementa a outra, portanto, o aprendizado integrado sobre um determinado
tema favorece o desenvolvimento do conhecimento holístico maior do que o
proporcionado pelas experiências de um currículo sem um objetivo integrador.
Nesse sentido, ao adentrar para o sexto ano, a criança passa por
desafios que a escola nem sempre considera, este período de adaptação se
caracteriza por uma diversidade de conhecimentos, os quais deveriam ser
contemplados com o objetivo de promover o avanço com qualidade dessa
aprendizagem.
De acordo com Fazenda, (2012, p.59):
A atualização da interdisciplinaridade no plano pedagógico requer, portanto, que se leve em conta um conjunto de dimensões próprias à dinâmica real da sala de aula, não somente uma teorização da prática interdisciplinar sobre o plano pedagógico no seio de modelos ricos e coerentes, ela também necessita esclarecer que pode proporcionar uma análise curricular das possibilidades interdisciplinares oferecidas pelos programas em vigor.
Neste contexto, acentua-se o papel do professor como mediador do
conhecimento, ou auxiliando o educando na compreensão tanto dos conteúdos
mais complexos quanto na sua integração social dentro desse contexto. Nesta
perspectiva encontramos nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica
(2008) a seguinte abordagem:
O fato de se identificarem condicionamentos históricos e culturais, presentes no formato disciplinar de nosso sistema educativo, não impede a perspectiva interdisciplinar. Tal perspectiva se constitui,
também, como concepção crítica de educação e, portanto, está necessariamente condicionada ao formato disciplinar, ou seja, à forma como o conhecimento é produzido, selecionado, difundido e apropriado em áreas que dialogam, mas que constituem-se em suas especificidades. (BRASIL, 2008, p.22)
Diante disso, o trabalho interdisciplinar se faz necessário para mostrar
ao aluno a relação que as disciplinas têm uma com a outra, mesmo diante de
suas especificidades. Portanto, pode-se traduzir ou transpor tal concepção
numa abordagem interdisciplinar, de maneira que cada disciplina possa ser
fortalecida pela outra, entendendo o conhecimento em sua totalidade.
Segundo Gasparin (2005, p. 3):
Este fazer pedagógico é uma forma que permite compreender os conhecimentos em suas múltiplas faces dentro do todo social. Cada conteúdo é percebido não de forma linear, mas em suas contradições, em suas ligações com outros conteúdos da mesma disciplina ou de outras disciplinas. Assim, cada parte, cada fragmento do conhecimento só adquire seu sentido pleno á medida que se insere no todo maior de forma adequada.
Frente ao contexto apresentado, percebe-se a importância desta práxis
no processo ensino e aprendizagem, pois contribue para que o conhecimento
seja significativo e sistematizado para o aluno.
De acordo com Ausubel, (1982, p. 68):
A essência do processo de aprendizagem significativa é que as ideias expressas simbolicamente são relacionadas às informações previamente adquiridas pelo aluno através de uma relação não arbitrária e substantiva (não literal).
Os desafios que envolvem este momento de transição para os alunos
são muitos, por isso a importância da preparação do ambiente escolar, bem
como dos professores para tentar amenizar os conflitos vivenciados frente a
esta mudança tão significativa na vida escolar destes alunos.
3. METODOLOGIA DE PESQUISA
O presente trabalho configura-se com uma pesquisa-ação, na medida
em que propõem coletar dados para serem analisados, e ao mesmo tempo,
atuar como interventor nesta realidade.
De acordo com Tozoni-Reis, (2009, p.43), “a pesquisa-ação tem o
propósito de compartilhar saberes produzidos pelos diferentes sujeitos
envolvidos no processo de pesquisa.”
A referida pesquisa, ocorreu durante a implementação do Projeto de
Intervenção, no Colégio Estadual José Armim Matte-EFMNP, situada no
município de Chopinzinho-Paraná, com os alunos e professores do sexto ano
do Ensino Fundamental, deste estabelecimento de ensino. Pois, no contexto
escolar atual, o aluno ao ingressar no sexto ano se depara com novas
exigências em um momento bastante conflituoso de sua vida, a adolescência.
Infelizmente este fato nem sempre é percebido ou se é muitas vezes não
recebe os devidos cuidados pedagógicos necessários dos profissionais
envolvidos no ambiente escolar. Diante desta problemática fazemos o seguinte
questionamento: Como auxiliar na transição dos alunos do quinto para o sexto
ano de maneira a (re) significar o conhecimento?
O trabalho em questão objetivou articular ações no ambiente pedagógico
capazes de atenuar a transição do quinto para o sexto ano do Ensino
Fundamental, de maneira a proporcionar uma adaptação tranquila e um
aprendizado de qualidade, identificando através de questionários aplicados
com alunos e professores do sexto ano, as maiores dificuldades apresentadas
para ambas as partes neste momento de transição.
Partindo dos dados da pesquisa, foi elaborado material de apoio, o qual
foi utilizado no trabalho com os professores do sexto ano no decorrer da
implementação, contando com os aspectos teóricos sobre a transição do quinto
para o sexto ano do Ensino Fundamental.
3.1 Implementação e coleta de dados sobre a transição do quinto para o
sexto ano do ensino fundamental
A escolha do referido tema de pesquisa, ocorreu em virtude das
observações, vivências e experiências no colégio Estadual José Armim Matte-
EFMNP, percebendo a necessidade de realizar um estudo para desenvolver
novas práticas para amenizar alguns efeitos negativos que podem aparecer na
passagem do quinto para o sexto ano do Ensino Fundamental.
Inicialmente o projeto foi apresentado para a direção, equipe pedagógica
e funcionários na Semana Pedagógica do mês de fevereiro de 2015, no
Colégio Estadual José Armim Matte-EFMNP. Posteriormente foram realizadas
entrevistas/questionários com os professores e alunos do sexto ano, para ter
um melhor conhecimento sobre as expectativas e desafios vivenciados por
ambas as partes neste momento de transição.
A implementação pedagógica do Projeto PDE na escola apresentou
como ação a organização de um Grupo de Estudos, visando a articulação de
ações no ambiente escolar, as quais sejam capazes de atenuar a transição do
quinto para o sexto ano do Ensino Fundamental. Para a concretização do
mesmo foi viabilizado um curso de extensão, que se realizou com oito
encontros presenciais de quatro horas com certificação pela Pró- reitoria de
Extensão da UNICENTRO. Os relatos e registros obtidos na implementação
serão analisados, primando pela privacidade e sigilo quanto a identidade do
participante, sendo estes identificados como S1 (sujeito 1), S2 (sujeito 2), S3
(sujeito 3), S4 (sujeito 4), S5 (sujeito 5), S6 (sujeito 6), S7 (sujeito 7) e S8
(sujeito 8).
Para tanto foram desenvolvidas as seguintes estratégias, que ocorreram
em oito encontros e com o GTR, os quais descreverei a seguir :
1º encontro
No primeiro encontro foi realizada a apresentação do projeto de
intervenção para os professores participantes do curso, bem como, o objetivo
da realização do mesmo. Nesse primeiro momento foi confeccionada uma
árvore utilizando a dinâmica “Tempestade de ideias”. Foram realizados os
seguintes procedimentos para realização desta dinâmica: 1) para iniciar mostrei
para os professores somente o tronco da árvore com o seguinte
questionamento: Alunos no período de transição do quinto para o sexto ano do
Ensino Fundamental lembram... ; 2) Em seguida foi entregue para cada
professor um papel em formato de uma folha de árvore, onde eles escreveram
uma palavra que respondesse essa questão. 3) As respostas formaram as
folhas da árvore, em seguida todos os professores compartilharam suas
respostas. O objetivo desta dinâmica é gerar grande número de ideias ou
soluções acerca de um assunto que pode ser usado como ponto de partida
para o conhecimento do conteúdo que se pretende estudar.
Após a realização dessa dinâmica apresentei o questionário já realizado
anteriormente com os alunos e também com os professores. Logo após foi
aberto para discussão da realidade do trabalho de cada um. Durante esse
primeiro momento percebeu-se a preocupação e as dúvidas que os
professores tem em relação aos alunos ingressos no sexto ano. Vejamos
alguns apontamentos do participante S1: “[...]enquanto professores,
percebemos que os alunos necessitam de atenção, caracterizando uma certa
dependência. Porém, devido a carga horária de cada disciplina e ao elevado
número de alunos por turma, na maioria das vezes, o professor não consegue
auxiliar a todos, identificando suas particularidades no processo ensino e
aprendizagem.” De acordo com esse relato notou-se a preocupação dos
professores em relação a este momento de transição, pois muitos se sentiram
culpados em não dar a devida importância para esse momento de mudança
que o aluno está vivenciando.
2º encontro
No segundo encontro, foi realizada uma palestra com uma
psicopedagoga a qual abordou o tema referente as fases pelas quais os alunos
adolescentes estão passando nesta faixa etária (biológico, psíquico e social)..
Posteriormente, foi aberto espaço para questionamentos. Durante as
discussões os participantes apresentaram as angústias que vivenciam em sala
de aula, pois é um momento de muitas mudanças na vida do aluno, isso faz
com que tenham atitudes e comportamentos considerados inadequados.. Essa
transformação, tanto corporal como psíquica que ocorrem nesta fase, na busca
da própria identidade, acaba afetando a aprendizagem em sala de aula. Segue
registro do participante S2: “Os alunos ingressos no sexto ano, apresentam
dificuldades no processo ensino e aprendizagem devido as transformações
biopsicossociais. Esses alunos identificam-se adultos para determinadas
ações, porém, ainda agem com imaturidade em relação ao comprometimento
com a vida escolar.” Segundo a abordagem desse registro, os alunos além de
estarem mudando de escola estão vivenciando mudanças físicas e
psicológicas, devido a entrada na puberdade, e isso muitas vezes acaba
interferindo no processo ensino e aprendizagem.
3º encontro
Neste terceiro encontro realizou-se a apresentação do vídeo
“Adolescentes-Psicologia-Puberdade”, sendo que o mesmo retrata a fase da
puberdade e a complexidade que ocorre nesta fase; insegurança, medos,
vergonha, pois ainda não são adolescentes e nem mais crianças. A
adolescência é o momento em que ocorrem muitas mudanças, é intenso o
processo de amadurecimento sexual do indivíduo; ocorrem as relações de
grupo; desenvolvem-se novas responsabilidades; bem como constroem valores
pessoais ligados ao ambiente social. Este momento de transição pode ser
difícil e sofrível porque o adulto que virá ainda não se formou e a criança que
existiu ainda não se findou, é um momento sem uma identidade. Evidenciou-se
essa problemática em questão através de textos que foram trabalhados com
os professores. Em seguida foi desenvolvida a seguinte atividade:
“Relacionando a sua prática em sala de aula com a palestra, o vídeo e os
textos abordados, relate como você percebe a interferência dessas mudanças
no processo ensino e aprendizagem dos alunos de sexto ano.”
Com a realização desta atividade os professores relataram as
dificuldades vivenciadas em sala de aula, pois muitas vezes o aluno demonstra
carência, necessitando da presença quase que constante do professor e em
outras prefere se isolar, se afasta, tornando-se rebelde. Este comportamento
demonstra surpresa e dificuldade para pais e professores, mas, principalmente
para o aluno, pois encontra dificuldade em expressar suas ideias e
sentimentos, às vezes por vergonha outras por timidez ou medo, e todos esses
apontamentos acabam interferindo no processo de ensino e aprendizagem. A
respeito desse assunto segue relatos do participante S3: “Os alunos de sexto
ano geralmente são muito falantes e tem necessidade de aprender algo novo.
Devido a agitação e as mudanças que estão acontecendo o processo ensino e
aprendizagem acaba sendo prejudicado.” De acordo com o que foi exposto
neste relato, o aluno neste momento de transição se sente fascinado e ao
mesmo tempo um pouco perdido com o novo ambiente escolar, o que acaba
gerando essa agitação e falta de concentração em sala de aula, dificultando o
trabalho pedagógico.
4º encontro
No decorrer deste quarto encontro, os professores se organizaram em
grupos para realizarem a leitura de textos referentes aos temas
transdisciplinaridade e interdisciplinaridade, em seguida foi realizada a
socialização de cada texto com os demais grupos. Durante a interação entre os
grupos, os participantes abordaram sobre a relevância do trabalho
interdisciplinar, pois o que se ensina de maneira fragmentada, dificulta o
aprendizado do aluno e somente, por meio de um ensino integrado é que
realmente se efetiva uma aprendizagem significativa e de qualidade.
Frente a esse contexto, Ausubel (1982, p. 56), pontua:
Aprendizagem significativa é o processo através do qual uma nova informação (um novo conhecimento) se relaciona de maneira não arbitrária e substantiva (não-literal) à estrutura cognitiva do aprendiz. É no curso da aprendizagem significativa que o significado lógico do material de aprendizagem se transforma em significado psicológico para o sujeito.
A aprendizagem significativa somente acontece quando um novo
conhecimento se relaciona a outro já existente. Ao mesmo tempo, é necessária
uma situação de ensino potencialmente significativa, planejada pelo professor,
que leve em conta o contexto no qual o aluno está inserido e o uso social do
objeto de conhecimento. Por isso a importância de um trabalho planejado de
maneira interdisciplinar neste momento de mudança que o aluno está
vivenciando.
Posteriormente realizou-se a dinâmica “Medo de desafios”, cujo Material
utilizado foi caixa, chocolate e aparelho de som. Foram realizados os
seguintes procedimentos para a dinâmica neste momento da implementação,
como: 1) Encher uma caixa com jornal para que não se perceba o que tem
dentro; 2) No fundo é colocado um chocolate e um bilhete: COMA O
CHOCOLATE!; 3) Pede-se a turma que faça um círculo, enquanto o
coordenador segura a caixa e faz a seguinte explicação para turma: “Estão
vendo esta caixa? Dentro dela existe uma ordem a ser cumprida, vamos
brincar de batata quente com ela, e aquele que ficar com a caixa terá que
cumprir a tarefa sem reclamar. Independente do que seja ninguém vai poder
ajudar, o desafio deve ser cumprido apenas por quem ficar com a caixa”.
Foi importante durante a dinâmica assustar a turma para que eles
sentissem medo da caixa, ao dizer que poderia ser uma tarefa extremamente
difícil ou vergonhosa. A brincadeira começou com a música ligada, e a caixa
foi passando de um para o outro. Quando a música foi interrompida o
coordenador estava de costas para o grupo para que não enxergasse com
quem estava a caixa. Aquele que ficou com a caixa tinha que cumprir a tarefa.
O importante era que o coordenador fizesse comentários como tipo: Você está
preparado? Se não tiver coragem... podemos continuar a brincadeira? Depois
de muito suspense quando finalmente a pessoa abriu a caixa encontrou a
gostosa surpresa, o chocolate, que não poderia repartir o presente com
ninguém. O objetivo desta dinâmica foi o de mostrar que muitas vezes somos
covardes diante de situações que possam representar alguma dificuldade de
ser realizada. Devemos aprender que podemos superar todos os desafios que
são colocados a nossa frente, por mais difícil que pareça. Com a realização
desta dinâmica os professores identificaram a insegurança e o medo do aluno
diante do desconhecido, pois esse momento de transição é um desafio na vida
do aluno que precisa muito do auxílio e compreensão do professor para que
possa superá-lo com êxito. Referente a esse assunto o participante S4 fez a
seguinte abordagem: “Nesse momento de transição, deveria haver um cuidado
maior por parte dos gestores com a escolha da equipe que trabalhará com o
sexto ano, sendo importante que o professor já tenha atuado como docente na
primeira etapa do Ensino Fundamental ou tenha formação em Magistério ou
Pedagogia para que entenda melhor como são as crianças nessa fase. Esses
profissionais precisam se preocupar com a linguagem utilizada em sala de
aula, procurando ser claro com o uso de termos novos relacionados aos
conteúdos específicos. A formação continuada dos docentes que atuam com
os sextos anos deveria ser diferenciada, a organização de reuniões periódicas
entre o quadro docente seria relevante para aumentar a troca de informações
sobre os alunos, de maneira que os professores compreendam o desafio que
esse aluno está vivenciando neste momento de mudança, por isso, o ambiente
de sala de aula deverá favorecer a percepção de acolhimento pelo professor e
o sentimento de pertencimento em relação ao professor e à escola, pois são
fatores que influenciam acentuadamente em sua motivação, bem como, em
seu engajamento nas atividades escolares.” Segundo o relato do participante
S4, percebe-se uma certa insegurança nos alunos ingressos no sexto ano,
muitos acham normal apresentarem esse sentimento, mas o ponto crucial para
essa insegurança é a escola buscar estratégias de amenizar esse sentimento,
pois até o presente momento era um professor na qual o aluno direcionava e
dividia todos os seus anseios, problemas e até mesmo assuntos particulares e
de repente são oito professores, por tanto é muito importante a escola atentar-
se para as dificuldades da adaptação. Pois, somente com uma boa
organização e integração entre professor e aluno, será possível uma adaptação
mais tranquila dos alunos com o quadro docente da escola.
5º encontro
No quinto encontro os professores assistiram ao filme “O preço do
desafio”, tendo como objetivo mostrar a importância da relação professor-
aluno. O qual apresenta a imagem do professor humano, caloroso, próximo e
paciente. Mostra a atitude do profissional da educação como aquela do erudito,
que lê, pesquisa, conversa. Esse filme mostrou como o professor de
Matemática utilizou-se de várias estratégias, no intuito de conseguir com que
os alunos participassem de suas aulas, sendo até ameaçado quanto a sua
integridade física, mas logo começaram as mudanças, pois o professor,
consegue cativá-los com o uso de técnicas diferenciadas em relação ao que os
alunos conheciam, demonstrou preocupação e interesse pela aprendizagem de
cada estudante, mostrando que eles eram capazes de superar suas
dificuldades, dessa maneira os alunos percebem a empolgação do professor e
passam a se interessar pelas aulas querendo aprender mais e mais.
Posteriormente ao filme foi realizada a análise fílmica, onde os professores
explanaram a respeito das contribuições do filme para sua prática em sala de
aula, pontuaram a relevância de serem persistentes, nunca desistirem dos
alunos, acreditando sempre na capacidade dos mesmos e principalmente
procurar diferentes estratégias metodológicas para que o aluno se sinta
motivado para aprender. Sobre esse assunto o participante S5 fez o seguinte
registro: “Analisando o filme percebe-se a influência do relacionamento afetivo
entre professores e alunos, verificando que as dificuldades e sucessos
caminham juntos. Através destes questionamentos pode-se identificar os
pontos relevantes, que podem estimular tanto professor como aluno à
convivência de afetividade no processo educativo levando–os a uma educação
de qualidade, bem como apontando as oportunidades que o educador pode
ter, ao estudar e analisar o processo pedagógico, a fim de poder em sua
realidade educacional ser colaborador convicto de suas realizações através de
suas ações.” Através deste relato foi possível perceber a relevância da relação
afetiva em sala de aula, colocando este relacionamento como um desafio para
o educador, devendo este agir de maneira que expresse o seu interesse pelo
crescimento dos alunos, respeitando suas individualidades, criando um
ambiente mais agradável e propício para uma aprendizagem de qualidade.
6º encontro
Neste sexto encontro foram realizadas análises e discussões de textos
das teorias de Piaget (1985) e Vigotsky (1998), sobre as fases do
desenvolvimento, muitas vezes sendo incompreendida pelos adultos. Após a
análise dos textos cada grupo elaborou uma síntese sobre as fases de
transição pelas quais as crianças passam. Para concluir esta atividade os
professores socializaram seus apontamentos no que diz respeito a imaturidade
dos alunos de sexto ano, nas suas atitudes e comportamentos, pois os
mesmos estão no que Piaget denomina de estágio operatório-concreto, ou
seja, ainda não estão suficientemente maduros para enfrentar as demandas
desta nova fase escolar com tantas disciplinas que exigem e envolvem maior
abstração e subjetividade, enquanto que até o quinto ano a utilização de
materiais concretos e situações mais vivenciais marcavam este período, dessa
maneira os participantes abordaram a pertinência de intercalar o uso de
metodologias e práticas de ensino mais lúdicas e utilização de material
concreto, de forma a possibilitar que o aluno vá se inteirando desse novo
segmento de modo mais suave e tranquilo. Frente a esse contexto o
participante S6 fez o seguinte apontamento: “Considerando que os alunos vêm
de uma escola em que a dinâmica de trabalho era diferente do Ensino
Fundamental Séries finais, devido a sua estrutura, é preocupante como os
alunos conseguem organizar o conhecimento nessa nova dinâmica. Refletindo
sobre a fase do desenvolvimento de Piaget, a qual corresponde com os nossos
alunos de sexto ano, que é a fase operatória concreta a qual pontua que o
aluno depende do mundo concreto para chegar a abstração. Então precisamos
elaborar um planejamento de aula que contemple as necessidades de nossos
alunos, pensar em uma aula que utilize diversos recursos didáticos que
permitam que os alunos adquiram o conhecimento através de variadas
estratégias metodológicas objetivando a aquisição de um conhecimento
contextualizado e significativo.” De acordo com esse registro, muitas vezes,
nota-se no aluno que ingressa no sexto ano certa insegurança, por exemplo,
em relação aos novos colegas, aos professores, às disciplinas, à avaliação,
enfim, à nova estrutura organizacional da escola que se apresenta diferente de
sua escola de origem. Uma das dificuldades percebidas é a adequação das
necessidades do aluno que está vindo do quinto ano com as propostas de
ensino e aprendizagem do sexto ano. Desta maneira, torna-se importante
planejar e organizar os conteúdos e os materiais necessários, levando-se em
conta o ritmo de aprendizagem e os saberes desse aluno. Essa ação
pedagógica possibilita o não rompimento dos conhecimentos já adquiridos por
esse aluno, propiciando uma sequência no processo de ensino
e aprendizagem. Os professores precisam ter um olhar diferente para esses
alunos, pois muito deles ainda não possuem maturidade para lidar com tantas
novidades. Diante dessa realidade que se apresenta em nosso contexto e a
clientela atendida, o professor precisa ter o perfil para atender as turmas de
sextos anos, pois a metodologia deve ser diferenciada para que os alunos
possam obter sucesso em seu aprendizado, pois muitas vezes os professores
querem uma postura do aluno onde a sua maturidade não condiz com tais
responsabilidades.
7º encontro
No penúltimo encontro foi apresentado o vídeo: “Motivação para
professores”, pois os desafios que envolvem este momento de transição para
os alunos são muitos, por isso a importância da preparação do ambiente
escolar, bem como, dos professores para amenizar os conflitos vivenciados,
frente a esta mudança tão significativa na vida escolar dos alunos. Após
assistir o vídeo, foi proposto um desafio, no qual os professores
desenvolveram uma atividade interdisciplinar com os alunos do sexto ano,
sendo que a mesma foi registrada e socializada no último encontro.
8º encontro
No último encontro foi realizada a socialização dos trabalhos
desenvolvidos interdisciplinarmente pelos grupos e avaliado como foi esta
experiência, apontando suas dificuldades e os pontos positivos na realização
do trabalho. Segue o fragmento de um relato do participante S8: “O trabalho
interdisciplinar desenvolvido com os alunos de sexto ano, foi de grande
relevância para todos os envolvidos, pois proporcionou novos conhecimentos,
trocas de experiências e finalizando com um ótimo resultado. Percebe-se que é
possível desenvolver um trabalho em parceria com todos os professores, com
interdisciplinaridade, ações concretas, planejamento e responsabilidade. Foi
um trabalho pedagógico muito bem organizado pelos envolvidos, com muito
incentivo, motivação e compromisso. Com a realização deste trabalho ficou
claro que o relacionamento humano influencia muito na aprendizagem,
tornando-se mais fácil o trabalho do cotidiano escolar.” Segundo este último
relato, o trabalho e a articulação pedagógica em proporcionar uma transição
mais tranquila entre aluno, professor e escola, ajuda a minimizar as
dificuldades de aprendizagem e a promover a interação e a socialização entre
ambos. Proporcionando assim, um espaço mais harmonioso em que o aluno se
sinta mais seguro em participar do ambiente escolar, fazendo suas indagações
e agindo de forma mais responsável frente a aprendizagem. É visível e
perceptível no rendimento escolar dos alunos de sexto ano a ação pedagógica
do professor. Mas percebe-se que, para que haja mudanças positivas é preciso
o envolvimento de todos, quando o professor media o conhecimento dentro de
uma visão interdisciplinar o rendimento, bem como a aprendizagem dos alunos
melhoram significativamente, além de demonstrarem maior interesse pelos
estudos. Se faz necessário que aconteçam momentos de formação para todos
os profissionais que compõem o espaço escolar e que irão lidar com estes
alunos, delineando estratégias de recepção e acesso durante o decorrer do
ano letivo.
4. Análises dos resultados da implementação
O Projeto de Implementação desenvolvido no Colégio Estadual José
Armim Matte-EFMNP e o Grupo de Trabalho em Rede, oportunizou a análise,
reflexão e discussão das dificuldades enfrentadas pelos alunos e professores
de sexto ano, pois muitos fatores influenciam para que a transição do quinto
para o sexto ano do Ensino Fundamental gere insegurança nos envolvidos
neste momento de mudança que estão vivenciando.
Os professores participantes da implementação relataram que este
momento foi uma oportunidade de reflexão sobre o fazer pedagógico, bem
como a compreensão e entendimento sobre este período de transição pelo
qual o aluno está vivenciando, também a busca de alternativas para superação
mútua dessa fase de mudança e autoafirmação do alunado, tanto física como
emocional.
Para Bock (2002, p.268):
O vínculo professor-aluno é o sustentáculo da vida escolar. Tal vínculo deve se estabelecer de forma a viabilizar todo o trabalho de ensino-aprendizagem. Precisamos ter professores preparados, que estabeleçam uma parceria com seus alunos, a qual permita o diálogo com o conhecimento.
Em relação ao trabalho desenvolvido com os alunos, os mesmos
pontuaram que este trabalho propiciou a integração entre as disciplinas, sendo
que os alunos perceberam a importância do trabalho coletivo, o qual despertou
grande interesse, entusiasmo e empolgação no desenvolvimento das
atividades, com isso, percebeu-se que que deve haver um comprometimento
de todos os envolvidos para que o assunto abordado resulte num aprendizado
significativo. Faz se necessário um planejamento no início do ano letivo para
que os professores determinem assuntos que se relacionam para serem
trabalhados de maneira interdisciplinar, para que se contemple uma
aprendizagem de qualidade.
Referente a esse assunto, Souza (2007, p. 125), pontua que os
professores precisam efetivar uma prática pedagógica,
[...] que não priorize o trabalho individualizado, segmentado e fragmentado, mas uma ação pedagógica que possibilite a criança o contato e a interação com a totalidade de conhecimentos, que lhe apresentem o mundo tal como ele é, um mundo concreto, complexo e contraditório. Ao apresentar à criança essa realidade concreta, criamos nela a necessidade de compreendê-la na sua complexidade e totalidade. Essa visão contribui para que a criança, ao se relacionar com esse mundo, complexifique também sua apreensão daquilo que se conhece e internalize situações cada vez mais sofisticadas do ponto de vista de suas potencialidades psíquicas.
O PDE ofereceu também o Grupo de Trabalho em Rede (GTR) o qual
oportunizou a integração do Professor PDE com os professores da rede,
através de encontros virtuais, para a discussão da temática abordada. Estes
encontros foram relevantes, pois possibilitaram mediante leituras, troca de
experiências e reflexões sobre a prática no ambiente escolar de cada
participante. Durante o GTR, foi destacado que nessa etapa do processo
educacional o aluno sente-se inseguro, apresenta sentimentos de angústia. O
medo do desconhecido causa ansiedade e muitos não sabem como lidar com
essa gama de sentimentos apresentados. Sentem medo porque muitas vezes
acham a escola “grande” demais, muitos professores, o tempo de cada aula é
curto e acreditam que não vão conseguir realizar as atividades apresentadas.
Na época das avaliações ficam com medo porque é muito conteúdo para
estudar. Foram pontuadas algumas sugestões relevantes para amenizar esse
processo de adaptação, entre elas, oportunizar momentos de reflexão/ação
que deverão acontecer em hora atividade, levando os docentes a perceberem
que precisam compreender esse momento na vida do educando. A escola
também pode promover encontros com docentes, comunidade escolar e
pais/responsáveis, onde terão conceitos sobre infância/adolescência e
esclarecimentos sobre esse período que preocupa tanto o aluno quanto os
envolvidos nesse processo de transição.
Para Gasparin (2005, p.2):
Essa nova postura implica trabalhar os conteúdos de forma contextualizada em todas as áreas do conhecimento humano. Isso possibilita evidenciar aos alunos que os conteúdos são sempre uma produção histórica de como os homens conduzem sua vida nas relações sociais de trabalho em cada modo de produção. Consequentemente, os conteúdos reúnem dimensões conceituais, científicas, históricas, econômicas, ideológicas, políticas, culturais, educacionais que devem ser explicitadas e apreendidas no processo ensino-aprendizagem.
Enfim, considera-se que todas essas etapas, como o GTR e os
encontros propostos do curso de extensão expressaram o interesse em
minimizar a problemática que ocorre na transição dos alunos do quinto para o
sexto ano do Ensino Fundamental, o que deverá ser um processo contínuo,
pois todos os anos as escolas recebem alunos ingressos nos sextos anos,
dando suporte aos educadores, bem como possibilidades e contribuições para
efetivar o processo de ensino e aprendizagem de forma significativa.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação vem passando por grandes transformações e estas são
afetadas por diversos fatores culturais internos e externos. E, para que a
educação possa se tornar um meio de desenvolvimento humano e intelectual, é
relevante fazer uma reflexão sobre a fase da transição dos alunos do quinto
para o sexto ano do Ensino Fundamental, articulando ações no ambiente
pedagógico que sejam capazes de atenuar esse momento de mudança,
proporcionando um aprendizado de qualidade.
Com a realização dos estudos direcionados e questionamentos por parte
dos envolvidos descritos anteriormente, evidenciou-se a preocupação quanto
ao ingresso dos alunos no sexto ano. A participação nesse grupo de estudo,
segundo os professores, foi um momento de refletir sobre sua prática
pedagógica e buscar subsídios teóricos e práticos para a melhoria de seu
trabalho de maneira a auxiliar os alunos nesse momento de transição, pois é
uma fase de muitas mudanças, que acaba gerando um comportamento
inadequado e cabe a nós educadores desenvolver um trabalho diferenciado e
de qualidade para que ocorra a efetivação de um processo de ensino e
aprendizagem de qualidade.
A escola precisa fazer a diferença na formação de seu aluno,
procurando melhorar a qualidade da educação por meio de novas estratégias
e metodologias. O trabalho interdisciplinar proporciona uma maior interação
entre alunos, professores e também no convívio grupal. Partindo deste
princípio é importante, repensar essa metodologia como uma maneira de
possibilitar a união escolar e contribuir com a adaptação auxiliando na
formação de indivíduos sociais. Neste contexto a função da
interdisciplinaridade é mostrar aos alunos a conexão/ligação de uma disciplina
com a outra, ou seja possibilidades diferentes de olhar um mesmo assunto ou
fato.
A oportunidade proporcionada pela participação no PDE possibilitou um
conhecimento mais sistematizado sobre a temática aqui abordada, bem como
sua importância para a melhoria do processo ensino e aprendizagem, esse
estudo foi de grande valia para nosso trabalho diário como educadores
comprometidos com uma formação de qualidade para nossos alunos.
REFERÊNCIAS
ADOLESCENTES-PSICOLOGIA-PUBERDADE. Vídeo (04 min e 58 seg.)
disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=x2ottdDJv-Y>. acesso:
03/06/2014.
AUSUBEL, D. P. A aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel.
São Paulo: Moraes, 1982.
BOCK, Ana Mercês Bahia. (0rg). Psicologias: uma introdução ao estudo de
psicologia. São Paulo: Saraiva, 2002.
CAJADO, Octavio Mendes. Dinâmica da adolescência. 2 ed. Cultrix: São
Paulo, 1968.
BRASIL. Diretrizes Curriculares da Educação Básica. 2008, p.22.
FAZENDA, Ivani C. A.(org). Didática e Interdisciplinaridade. 17 ed.
Campinas, SP: Papirus, 2012.
GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. 3.
ed. Ver. Campinas, SP: Autores Associados, 2005.
JAPIASSU,Hilton. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro:
Imago, 1976.
MOTIVAÇÃO PARA PROFESSORES. Vídeo ( 07 min e 41 seg.) disponível em
< http://www.youtube.com/watch?v=hsd08NEpQUE>.acesso em: 03/06/14.
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vigotsky: aprendizado e desenvolvimento: um
processo sócio-histórico. SP: Scipione, 2009.
PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. Trad. Maria Alice M. D’Amorim e
Paulo S. L. Silva. 13. Ed. Rio de Janeiro, Forense, 1985.
PULASKI, Mary Ann Spencer. Compreendendo Piaget: Uma introdução ao
desenvolvimento cognitivo da criança. RJ: LTC, 1986.
SOUZA, M. C. B. R. de. A concepção de criança para o enfoque histórico-
cultural. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Estadual Paulista.
Marília, 2007.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 6 ed. SP: Martins Fontes,
1998.