OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO ... · para que o aluno perceba a...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
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O PRECONCEITO E O HOMEM QUE DANÇA: UMA REFLEXÃO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Nelza Dal Santo Pereira1
Verônica Volski2 Resumo: O trabalho teve por objetivo analisar a percepção de alunos e alunas em relação ao homem que dança, proporcionando práticas nas aulas de Educação Física que estimulassem o fortalecimento da dança na escola e da luta contra o preconceito. As atividades envolveram estudantes do nono ano do Ensino Fundamental e contaram com aplicação de questionário, filmes, apresentações, textos e atividades práticas. A realização das ações foi satisfatória, houve demonstração de interesse e comprometimento por parte dos alunos na execução de todas as etapas desenvolvidas. Nesse sentido, apresenta-se a dança como possibilidade de trabalho nas aulas de Educação Física, com a finalidade de desmistificar estereótipos, superar preconceitos nas relações de gênero, estimulando atitudes de respeito mútuo e valorização da diversidade no ambiente escolar. Palavras-chave: Educação Física; dança; gênero; preconceito.
1. Introdução
Na sociedade atual são evidentes as diversas atitudes de preconceito
em relação à cor, raça, religião, gênero, orientação sexual, entre outros.
Mesmo com os avanços tecnológicos e as redes sociais, com novas formas de
ver o mundo e se relacionar com ele, ainda encontramos dificuldades de
relacionamento e aceitação do outro, do diferente.
Apesar de grandes esforços para se demonstrar moderna e avançada
tecnologicamente nossa sociedade é preconceituosa. Ainda percebe-se a
utilização de termos discriminatórios, dentre eles para se referir à
homossexualidade, dentre elas a masculina (GARCIA, 2002).
Além disso, no ambiente social como um todo é comum rotular algumas
atividades de exclusividade masculina ou feminina. Durante as aulas de
Educação Física (EF) na escola, alunos e alunas acabam rotulando algumas
1 Professora PDE. Formada em Educação Física Licenciatura Plena pela faculdades Reunidas
de Administração, Ciências contábeis e Ciências Econômicas de Palmas - FACEPAL. Atualmente é professora do Colégio Estadual do Campo Vinícius de Moraes - EFM do município de Nova Tebas, NRE de Pitanga. 2 Orientadora PDE. Formada em Educação Física (Licenciatura e Bacharelado) e aluna do
Programa de Pós-Graduação – Mestrado em Educação pela Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO. Atualmente é professora do Departamento de Educação Física – DEDUF/G, da UNICENTRO, Guarapuava-PR.
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modalidades como de exclusividade feminina ou masculina, por exemplo, o
futebol como masculino e a dança como feminina. Dessa forma, o professor de
EF acaba tendo dificuldades no ambiente educativo, devido a pouca aceitação
e preconceito por certos conteúdos da disciplina.
A EF é formada por amplo conjunto de conteúdos, dentro das várias
manifestações corporais criadas pelos homens durante a história. São os
jogos, danças, ginásticas, lutas e esportes; que compreendem a cultura
corporal do movimento. É um conjunto rico e diversificado, que deve ser
transmitido nas aulas de EF, mas que não se vê com frequência (ROSÁRIO e
DARIDO, 2005).
Dessa forma, ao professor de EF cabe sistematizar os conteúdos da
disciplina sem exclusão ou diferenciação, seja de gênero, classe social, raça,
religião, entre outros. Do contrário, é no cotidiano escolar que se deve
fundamentar e discutir tais questões, entendendo os conteúdos como algo de
todos e para todos.
Durante as aulas de EF os corpos dos alunos e alunas se movimentam e
entram em contato uns com os outros. Nessa fase, os comportamentos se
tornam sexualmente tipificados e adquirem valor e significado diferentes para
os meninos e para as meninas (ROMERO, 1990).
É neste contexto que professores possuem a difícil tarefa de ensinar a
dança, principalmente com os alunos do sexo masculino, de forma a
compreender nos espaços escolares esse conteúdo como ato de reflexão,
conhecimento e possibilidades de uma consciência critica e reflexiva sobre
seus significados.
Os alunos tendem a questionar o conteúdo de dança como “coisa de
mulherzinha”, não encontrando o significado real de sua prática dentro da
escola. A dança, no entanto, tem a finalidade de apresentar possibilidade de
superação de nossos limites e das diferenças do corpo de cada um.
Por isso, faz-se necessário um trabalho de conscientização com
diversas atividades diferenciadas sobre as diversas formas de preconceito,
para que o aluno perceba a importância de respeitar as diferenças existentes
em nossa sociedade para o seu desenvolvimento intelectual e social.
Sendo assim, qual a reflexão e compreensão que os alunos possuem do
conteúdo de dança na EF em relação às questões de gênero? Com base neste
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contexto, este estudo tem por finalidade mostrar a importância da dança como
ferramenta para o desenvolvimento de todos enquanto homem e mulher.
O foco deste trabalho é analisar como os alunos e alunas percebem o
homem que dança, proporcionando através das aulas de EF práticas que
favoreçam o fortalecimento da dança e a luta contra o preconceito. Além disso,
identificar a construção da imagem que os alunos e alunas têm em relação ao
homem que dança; compreender como os discentes analisam o conteúdo
dança dentro das aulas de EF e analisar a relação da dança com a formação
do aluno no contexto no qual ele está inserido.
2. A dança na escola e na EF
A escola é um meio transformador do conhecimento trazido pelo aluno.
Assim, o conhecimento é sistematizado, chegando, então, a um conhecimento
com mais complexidade. Ao trabalhar os diferentes conteúdos da EF, o
professor cria situações de desenvolvimento da consciência crítica e reflexiva
sobre os significados, entendendo cada representação, cada modalidade, cada
gesto, contemplando diferentes experiências corporais num todo.
A EF escolar tem papel fundamental de organizar e sistematizar
conhecimento sobre as praticas corporais, possibilitando a comunicação entre
as diferentes culturas que formam nosso país. Nesse sentido, é importante que
a dança faça parte das aulas, tanto quanto os esportes, pois este conteúdo
leva o aluno a reflexões do ser no contexto em que está inserido.
De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica para a
disciplina de EF (PARANÁ, 2008), a dança é considerada elemento
fundamental dentro da escola. Seu conteúdo favorece o aprimoramento da
criatividade, da sensibilidade, da expressão corporal, da cooperação, etc.
A dança é considerada um fenômeno que se mostra, desde sempre,
como expressão humana. Nas linguagens artísticas, nos rituais e formas de
lazer a dança sempre esteve presente. É também forma de comunicação do
ser humano, através de diálogos verbais e/ou corporais. Propicia o
autoconhecimento, os conhecimentos a respeito dos outros. É expressão
individual e coletiva entre as pessoas (BARRETO, 2005).
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Dançar é uma forma de expressão, individual e coletiva, que leva o
aluno a exercitar a atenção, percepção, colaboração e solidariedade. É
também uma fonte de comunicação de diferentes culturas. Com atividades
lúdicas, a dança permite criar e desenvolver espontaneidade e consciência
corporal.
O Brasil é um país dançante. Com isso, é de extrema importância que
alunos e alunas tenham a possibilidade de aprender os conteúdos que
envolvem a dança, como os diferentes estilos de dança que estão inseridos em
nosso cotidiano, o carnaval, as danças de salão, as danças folclóricas, o balé,
as danças populares, as danças moderna e contemporânea, entre outros.
A dança é um excelente instrumento de resgate da cultura brasileira, a
partir das temáticas que envolvem suas origens, seja do negro, do índio ou do
branco. Além disso, é forma de despertar a identidade social dos alunos para a
construção da cidadania (COLETIVO DE AUTORES, 2009).
É por entender que a escola é um espaço de diálogo entre os
conhecimentos que devemos valorizar as diferenças. Compreender que a
valorização das diferentes culturas, como a do branco, do índio e do negro,
devem dar condições necessárias para o entendimento numa totalidade.
Porém, quando usamos a dança na escola percebemos a rejeição dos
alunos em aceitar o conteúdo e entender a dança como expressão, discussão,
problematização e questionamento sobre corpos. Segundo Marques (2007),
não se pode ignorar o papel social, cultural e político do corpo em nossa
sociedade. Através do corpo aprendemos quem somos; os caminhos a
percorrer; as diferentes formas do corpo se expressar perante diversas
situações; etc. Aprendemos a não deixar com que imponham o que temos e
podemos fazer com nossos corpos, como padrões de beleza e mídia.
Sendo assim, as aulas de EF são um espaço para o conhecimento da
cultura corporal do movimento através da dança. Apesar de, muitas vezes,
negligenciada no ambiente escolar, a dança pode se tornar ferramenta de
trabalho com a cultura e com a diversidade, valorizando as diferentes
manifestações e motivando a luta contra a discriminação e o preconceito,
independentemente qual for.
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3. Dança: relações de gênero e preconceito
Em um país como o Brasil, onde a dança está presente em diversas
manifestações culturais, do Norte ao Sul, das festas típicas aos salões de
clubes e festas nos trios elétricos, a dança pode ter inúmeros significados. Ela
não representa somente a delicadeza da mulher, mas a força do homem, como
no Olodum e na capoeira. A dança está presente no cotidiano das pessoas,
porém há a dificuldade em entendê-la e interpretá-la como cultura existente em
nossa sociedade.
Além disso, a dança na escola oferece oportunidades para que a
sexualidade e a relação de gênero não sejam vistas de forma estereotipada ou
preconceituosa, tanto ao interpretar os códigos das danças e suas origens,
como ao criar suas coreografias.
A Educação Física, por uma série de quesitos, é uma área privilegiada para discutirmos as discriminações de gênero. Essa disciplina, desde a sua criação, tem apresentado duas fortes características: a sua utilização pela classe dominante em benefício das suas aspirações e o seu caráter discriminatório [...] Atualmente, muitas crianças estão sendo discriminadas nas aulas de Educação Física e estão privadas de uma série de estímulos por serem homens ou mulheres. Mediante as teorizações que fizemos das aulas, percebemos que apesar de alguns avanços, futebol e dança ainda são atividades generificadas, mas, por outro lado, se o docente assumir a função de intelectual transformador através do diálogo, da conscientização e de intervenções pedagógicas, poderá proporcionar aulas mais equânimes para meninos e meninas, diminuindo as discriminações (PEREIRA, 2009, p.6).
A sociedade ainda é, em sua maioria, machista. Dançar ainda é
compreendido por muitas pessoas como “coisa de mulher”, ligado ao
homossexualismo, à leveza do balé e à delicadeza feminina. Segundo Marques
(2007), não são poucos os pais e alunos que ainda consideram dança coisa de
mulher.
Da mesma forma, ainda existem atitudes que veem o corpo como “corpo
pecaminoso”, que é pecado expor ou exibir o corpo, fazer movimentos
diferentes. Quem não teve oportunidade de entender, sentir, perceber, enfim
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dançar, embora não seja preconceituoso, tem grandes dificuldades de entender
o significado da dança no contexto de formação humana.
Tratar a questão do corpo na sociedade e na escola se torna difícil,
observando corpos que se expressam sem serem compreendidos. Corpos
silenciados por práticas autoritárias, corpos masculinos e femininos separados,
corpos escravizados pela moda e pelos padrões de beleza ditados pelos meios
de comunicação. Corpos separados pelo preconceito de uma sociedade que se
diz moderna (GARCIA, 2002).
Segundo Garcia (2002), precisamos nos relacionar com diferentes
corpos para que possamos dividir espaços e situações, refletindo sobre o corpo
potente, alegre, criativo, livre, aprisionado, covarde, sendo proprietário cada um
de seu próprio corpo. Além disso, compreender a origem, classe social,
religião, etnia, opção sexual de cada ser, de cada um. Dançar compreende e
contextualiza a dança de diversas origens e culturas, que pode ser uma forma
de levar nosso aluno a entender e discutir os preconceitos existentes em nossa
sociedade.
4. Metodologia
O estudo foi aplicado para todos os alunos do 9º ano do Ensino
Fundamental, do período de fevereiro a julho de 2014, matriculados no Colégio
Estadual do Campo Vinícius de Moraes – EFM, no município de Nova Tebas-
PR, vinculado ao Núcleo Regional de Educação (NRE) de Pitanga.
Inicialmente, o projeto foi apresentado ao NRE, direção da escola e
equipe pedagógica. Após, apresentou-se o projeto para todos os professores
em reunião pedagógica na escola, explicando o seu desenvolvimento,
aplicação e relevância. Em seguida o projeto foi exposto aos alunos,
convidando-os a participar.
Anteriormente, as ações foram realizadas dentro das seguintes fases3:
realização de pesquisa bibliográfica (para embasamento teórico o projeto),
3 As fases apresentadas compreendem as etapas do Programa de Desenvolvimento da
Educação (PDE), a saber: projeto de intervenção, produção de material didático-pedagógico, implementação do projeto e produção do artigo final.
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pesquisa de campo (aplicação e desenvolvimento da unidade didática) e
disponibilização do material para professores de Educação Física.
A primeira atividade junto aos alunos foi a aplicação de um questionário
contendo questões abertas relacionadas ao conteúdo de dança e as relações
de gênero, para diagnóstico da compreensão que os alunos possuíam sobre o
tema.
As atividades teóricas foram trabalhadas através de momentos de
reflexão, para comparação dos conhecimentos que os alunos e alunas já
possuem, para a desconstrução do preconceito ao homem que dança,
podendo, assim, agir crítica e corporalmente em transformação de nossa
sociedade. As temáticas foram relacionadas com a dança e a história do
homem primitivo, o surgimento da dança, origem dos diferentes estilos, a
participação do sexo masculino nos rituais religiosos e festivais, entre outros.
Essas atividades foram realizadas através de pesquisas em livros e internet,
textos, TV multimídia, vídeos.
As atividades práticas foram trabalhadas através de danças,
brincadeiras, atividades de expressão corporal, cooperação, integração e
socialização. Os espaços físicos para a aplicação das atividades foram salas
de aula, quadra de esportes, laboratório de informática e o pátio da escola.
Para analisar as atividades práticas foram verificados os comportamentos dos
alunos e alunas, interação do grupo e a aceitação de ambos os sexos nas
atividades propostas.
5. Resultados e discussão
Os resultados serão apresentados e discutidos conforme as etapas
utilizadas na implementação das ações. Na primeira etapa apresentou-se aos
alunos o filme que aborda a dança e a questão de gênero (BILLY ELIOT,
2000). O filme mostra um menino que dança balé e percorre um árduo caminho
até se tornar um exímio bailarino. Após assistirem ao filme, os alunos
discutiram sobre as questões de preconceito existentes no filme e nas relações
cotidianas.
A realização da segunda etapa contou com o uso de slides e textos, que
apresentaram a origem das danças e outras temáticas relacionadas. Os alunos
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e alunas compreenderam que o ato de dançar vem desde os mais primitivos
povos, nas pinturas das cavernas pré-históricas. A dança era utilizada como
sinal de comunicação e aparece desde o início da vida humana.
Posteriormente, os discentes realizaram atividades de pesquisa, para
entender: a participação do sexo masculino nos rituais religiosos e festivais de
danças; a participação do homem na dança; os estilos de dança praticados por
homens; os homens que se destacaram na dança; quais os principais
bailarinos brasileiros; quais são os bailarinos da região, da comunidade e da
escola, etc.
Além disso, os alunos e alunas assistiram a um espetáculo com
participação de homens, que se apresentaram em uma cidade próxima. Eles
observaram e discutiram os estilos, técnica, música, figurino e pesquisaram
quanto tempo os dançarinos praticam a dança, quantas horas de ensaio por
dia, etc.
Posterior às análises dos materiais e textos trabalhados seguiram para a
terceira etapa, as atividades práticas. A metodologia utilizada primou pelo
estímulo à liberdade, espontaneidade, expressão, comunicação próprias da
dança, além da valorização das culturas presentes.
Observou-se que os alunos e alunas apresentaram dificuldades de
expressão corporal no início das atividades práticas, principalmente os
meninos, mas no decorrer das atividades foram aprimorando seus gestos e sua
participação. Através de diversas brincadeiras e atividades praticas
proporcionou-se atitudes de integração na discriminação gênero.
Através das atividades teóricas e práticas, os alunos e alunas puderam
analisar a relação da dança com a formação do ser humano no contexto no
qual ele está inserido. Proporcionou-se a integração dos alunos em prol da luta
contra a discriminação gênero.
Finalmente, na quarta etapa, organizaram uma coreografia e
apresentaram apenas para os participantes do projeto, que foi filmada e
assistida pelos organizadores (alunos e alunas). Realizou-se, então, uma
análise da apresentação, individual e do grupo, na realização das atividades e
suas contribuições para conscientização ao combate ao preconceito e
discriminação.
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6. Considerações finais
A pretensão deste estudo foi verificar as possibilidades de realização de
trabalhos de disseminação e combate ao preconceito utilizando a disciplina de
EF e o conteúdo dança. Os resultados obtidos foram bastante positivos, pois
através da avaliação das atividades desenvolvidas foi possível demonstrar que
é possível contribuir para a formação do aluno, incentivando-o a praticar a
dança (ou outra modalidade esportiva) sem rotular a mesma como feminina ou
masculina.
Demonstrou-se, de forma teórica e prática, a importância da dança na
escola e trouxe reflexões sobre os significados atribuídos a esse conteúdo. A
proposta de trabalho com a dança pode contribuir para que alunos e alunas
compreendessem a importância da participação do sexo masculino na dança
para sua construção crítica e humana.
Ao concluir as atividades propostas neste trabalho e analisando a dança
no contexto das relações de gênero observa-se a necessidade da contínua
preocupação de mecanismos para uma educação de qualidade. É necessário
desmistificar estereótipos do mundo da dança, que reforçam preconceitos e
tabus em relação a gênero em nossa sociedade.
Dessa forma, se faz necessário um contínuo trabalho de conscientização
das atitudes de preconceito, seja de cor, classe, religião, gênero e outros
aspectos. Mesmo com os avanços tecnológicos e as redes sociais, com novas
formas de ver o mundo e se relacionar com ele, ainda encontramos
dificuldades de relacionamento e aceitação do outro.
A dança, nesse sentido, tem a finalidade de apresentar uma
possibilidade de superação de preconceitos e valorização das diferenças de
cada um. É importante que a dança faça parte das aulas de EF, tanto quanto
os esportes, pois este conteúdo leva o aluno a reflexões do ser no contexto em
que está inserido.
7. Referências
BARRETO, D. Dança: ensino, sentidos e possibilidades na escola. 2º Ed.
Campinas: Autores Associados, 2005.
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10
BILLY ELLIOT. Direção: Stephen Daldry. Produção: Greg Brenmam e Jonathan
Finn. Inglaterra. 2000. DVD (111 min). son., color.
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino da Educação Física. São
Paulo: Cortez 2009.
GARCIA, R. L. O corpo que fala dentro e fora da escola. Rio de Janeiro: DP&A,
2002.
MARQUES, Isabel A. dançando na escola/ Isabel A. Marques – 4.ed.- São
Paulo: Cortez, 2007.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação,
Departamento de Ensino Fundamental e Médio. Diretrizes Curriculares de
Educação Física, 2008.
PEREIRA, F. A. dos S. Currículo, Educação Física e diversidade de gênero.
Dissertação (Mestrado em Educação). Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo - PUC-SP. São Paulo-SP, 2009.
ROMERO, E. Estereótipos masculinos e femininos em professores de
educação física. Tese (Doutorado em Psicologia) – Programa de Pós-
graduação em Psicologia. Universidade de São Paulo, São Paulo, 1990.
ROSÁRIO, L. F. R.; DARIDO, S. C. A sistematização dos conteúdos da
educação física na escola: a perspectiva dos professores experientes. Motriz,
Rio Claro, v.11 n.3 p.167-178, set./dez. 2005.