OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · do governo é chegar a 6,0 até o ano de 2022...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
ENSINO E APRENDIZAGEM DE PORCENTAGEM VIA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DO COTIDIANO
Delma de Oliveira Papst1 Paulo Larte Natti2
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo possibilitar aos educandos o relacionamento entre as situações do cotidiano e a resolução de problemas que envolvem porcentagem, sendo parte da pesquisa do Programa de Desenvolvimento Educacional, da Secretaria do Estado do Paraná, PDE/2013.Ele tem por objetivo relatar uma experiência didática desenvolvida com os alunos do 8º (oitavo) ano do Colégio Estadual Barão do Cerro Azul – Ensino Fundamental e Médio, situado no município de Ivaiporã, Paraná. No projeto foram utilizadas as metodologias de Resolução de Problemas e Modelagem Matemática como estratégias de ensino e aprendizagem. O objeto central do trabalho desenvolvido foi a aprendizagem de conteúdos de Matemática Financeira, em especial, de porcentagem e juros.A intervenção pedagógica consistiu de atividades, entre as quais destacamos: aulas teóricas e práticas de Matemática Financeira, visitação ao comércio local, elaboração de uma cartilha sobre o consumo responsável. Como resultados do projeto, verificou-se que houve a uma melhora significativa no conhecimento dos educandos referentes ao cálculo das porcentagens no cotidiano, assim como verificou uma ampliação contínua no interesse pelo reconhecimento da importância da pesquisa de preço e pelo consumo responsável.
Palavras-chaves:Ensino da Matemática; Resolução de Problemas; Modelagem Matemática; Matemática Financeira; Porcentagem.
1. INTRODUÇÃO
A melhoria da qualidade do ensino tem sido a principal meta dos mais
diversos governos do mundo. Alcançar melhores índices educacionais proporciona a
população uma melhoria na qualidade de vida e consequentemente a redução de
diversos problemas sociais. Na disciplina de Matemática essa melhoria se baseia no
estudo de métodos que alcancem melhores resultados com os mais diversificados
públicos a serem atendidos.
O ensino da disciplina de Matemática possui peculiaridades quanto
àmetodologia a ser adotada. O conhecimento de ciências exatas exige dos alunos a
capacidade de compreender diversas fórmulas e então colocá-las em prática com
1 Professora do Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná de 2014. E-
mail:[email protected] 2Orientador/ Professor Associado do Departamento de Matemática da Universidade Estadual de
Londrina – PR. E-mail: [email protected]
informações variadas. Esta busca por um método que alcance os melhores
resultados tem sido base de estudos na atualidade, em razão da crescente
dificuldade de aprendizagem identificada nas avaliações governamentais.
O governo brasileiro iniciou no ano de 2005 a aplicação da Prova Brasil com o
intuito de avaliar a qualidade do ensino ofertado na rede pública nacional.
Atualmente esta avaliação compõe o SAEB - Sistema de Avaliação da Educação
Básica. O IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) busca alcançar
uma melhoria da qualidade do ensino em todos os aspectos. O IDEB nacional está
em 4,2 sendo considerado baixo se comparado aos países desenvolvidos. A meta
do governo é chegar a 6,0 até o ano de 2022, para assim se nivelar a países
desenvolvidos. O município de Ivaiporã possui um IDEB de 5,2, estando em
constante crescimento nos últimos anos. Por sua vez, o Colégio Estadual Barão do
Cerro Azul - Ensino Fundamental e Médio se encontra com um IDEB de 4,0.
Os resultados obtidos na Prova Brasil pelos alunos do Colégio Estadual
Barão do Cerro Azul Ensino - Fundamental e Médio, na disciplina de Matemática,
implicaram em uma média de 251,9 pontos no ano de 2012, resultado este que
enquadra a escola como contendo alunos pertencentes ao Nível 6 na escala de
desempenho da SAEB. Esses resultados foram importantes para a tomada da
decisão de desenvolver este trabalho de Resolução de Problemas com os
educandos deste estabelecimento de ensino.
A Resolução de Problemas é uma importante metodologia para o ensino de
Matemática sendo utilizada como meio de desenvolver a aprendizagem por meio da
interação com situações-problemas. A Matemática sendo uma ciência exata é
erroneamente vista como uma disciplina de cálculos e o manejo de fórmulas. Esta
visão acaba por propagar o ensino metódico, onde se passa a fórmula e o educando
deve então decorá-la e tentar colocar em prática nos exercícios propostos.
A Resolução de Problemas como método de ensinar porcentagem aos alunos
do 8º (oitavo) ano do Ensino Fundamental será o enfoque a ser adotado neste
projeto de intervenção pedagógica. A porcentagem está presente em nosso
cotidiano, visto que em diversas lojas encontramos placas que afirmam dar a seus
clientes descontos de 10% (dez por cento), caso pague a vista, levando assim ao
importante questionamento como podemos afirmar que este desconto está
realmente sendo repassado?
O domínio do conhecimento sobre porcentagem é fundamental na atualidade,
visto que proporciona a todos os cidadãos a capacidade de decidir seus caminhos
financeiros, desde a simples aquisição de uma peça de roupa ou até mesmo a
necessidade de adquirir um empréstimo, situações estas presentes no cotidiano de
cada brasileiro.
A queda no rendimento escolar na disciplina de Matemática evidenciada nas
avaliações governamentais e a constante necessidade de buscar novas
metodologias justificam a necessidade desta intervenção pedagógica.O intuito é que
os educandos apropriem-se do conteúdo matemático de forma a articular os
conhecimentos acadêmicos com o conhecimento cotidiano, oportunizando assim a
capacidade de utilizar os conhecimentos adquiridos na escola para resolver as
situações-problemas do cotidiano.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA - A MATEMÁTICA EM NOSSO COTIDIANO
A Educação Matemática foi conduzida por matemáticos na década de 70 que
afirmavam que a Educação Tradicional não era adequada ao ensino e
aprendizagem da matemática. As metodologias da Educação Matemática buscam
fomentar a valorização da realidade de cada indivíduo, assim levando a uma
compreensão e construção de um conhecimento matemático próprio e único. Neste
período foram publicados métodos e técnicas para o desenvolvimento da Educação
Matemática.
Atualmente, na sala de aula, o professor de Matemática se depara com o
constante questionamento realizado por alunos: "Para que ser isto?" ou "Onde vou
usar essa fórmula na minha vida?" Uma metodologia de ensino e aprendizagem de
Matemática, chamada Modelagem Matemática, pode fornecer respostas para tais
perguntas, visto que ela possui como um de seus objetivos o interpretar e o
compreender os fenômenos do cotidiano. Por meio da modelagem podemos
descrever fenômenos, analisá-los e então interpretá-los por meio da Matemática.
Para Biembengut (2003) existem dois pontos essenciais para o trabalho da
Modelagem na Matemática, sendo o primeiro a necessidade da ligação do tema a
ser trabalhado com a realidade dos alunos e o segundo o aproveitamento das
experiências adquiridas pelos alunos fora da sala de aula. Segundo Anastácio, o
trabalho com a Modelagem Matemática oportuniza melhorias no processo de ensino
aprendizagem, beneficiando:
1) A motivação dos alunos e do próprio professor; 2) A facilitação da aprendizagem. O Conteúdo matemático passa a ter significação, deixa de ser abstrato par ser concreto; 3) A preparação para futuras profissões nas mais diversas áreas do conhecimento devido à interatividade do conteúdo matemático com outras disciplinas; 4) O desenvolvimento do raciocínio lógico e dedutivo; 5) O desenvolvimento do aluno como cidadão crítico e transformador de sua realidade; 6) A compreensão do papel sócio-cultural da matemática, tornando-as mais importante. (ANASTÁCIO. 1999, p.1)
A Modelagem Matemática deve ser utilizada sempre como método auxiliar no
processo de ensino, evitando ser algo que gere mais trabalho para o
professor.Neste projeto empregaremos a Modelagem Matemática para abordar o
conteúdo de porcentagem.
Por outro lado, a inserção das situações vivenciadas no cotidiano dos alunos,
ou seja, sua cultura, por meio de práticas pedagógicas, tem também sido utilizada
como mecanismos de inclusão social dos alunos. A construção do currículo escolar
deve priorizar o desenvolvimento de cidadãos conscientes e ativos usando como
base o seu conhecimento adquirido fora da sala de aula.
Nesse contexto, a metodologia de ensino baseada na Resolução de
Problemas enfrenta estas dificuldades, ou seja, de inserir situações vivenciadas no
cotidiano dos alunos na prática educacional. Com esta metodologia os alunos
podem se utilizar de conhecimentos prévios, levantando hipóteses e contradições e
as testando na prática. É fundamental a todo cidadão a habilidade de analisar e
avaliar as situações do cotidianopara, então, conscientemente, decidir por algo que
realmente necessite e não simplesmente pelo consumismo difundido na econômica
mundial.
O trabalho de integração entre o conteúdo curricular e as experiências de vida
despertam no aluno o prazer de estudar a Matemática, alcançando assim a melhora
nos resultados da disciplina e por fim reduzindo os casos de reprovação e
consequentemente a evasão escolar. Segundo CARRAHERet al.,
"Quando alguém resolve um problema de matemática, estamos diante de uma pessoa que pensa. A matemática que um sujeito produz não é independente de seu pensamento enquanto ele a produz, mas pode vir a ser cristalizada e tornar-se parte de uma ciência, a matemática, ensinada na escola e aprendida dentro e fora da escola." (CARRAHER, CARRAHER, SCHLIEMANN,1988, p.11)
As situações-problemas são recebidas de diversas maneiras pelos alunos, as
reações variam desde a rejeição ou desinteresse até questionamento de como e
porque tal resultado foi obtido. A reação desejada é a de motivação e curiosidade do
aluno que a partir da atividade passa a se interessar pela resolução do problema.
Na Educação Matemática se estimula o gosto pelo trabalho mental de mitigar
a curiosidade e assim proporcionar o prazer da descoberta de resultados e não a
simples resolução de exercícios acadêmicos. Neste contexto, os problemas de
interesse dos alunos envolvendo a Matemática devem ser resolvidos com incentivo,
despertando a criatividade em cada um e aprimorando seu raciocínio.
Os problemas de matemática envolvem diversos fatores que vão além do
simples cálculo de operações. Quando uma atividade é elaborada contendo dados
baseados na realidade, com qualidade de informação, o caminho para solucioná-lo
poderá ser o mais diversificado possível. Neste caminho por solucionar problemas,
primeiramente, cada aluno utiliza de seu conhecimento adquirido para organizar seu
raciocínio. Segundo, o aluno passa a compreender e identificar as partes do
problema, suas incógnitas e seus dados. Por último, o aluno deverá elaborar uma
estratégia para resolução de problemas, esta ideia poderá evoluir gradativamente
após diversas tentativas e sua prática deverá oportunizar um conhecimento que
poderá ser utilizado no cotidiano de cada aluno.
A resolução de problemas é essencial para o ensino de matemática, visto que
proporciona a aplicação da Matemática no cotidiano dos alunos, incentivando o
trabalho de situações reais e desafiadoras que proporcione o aprender a interpretar
o mundo atual. Todo professor deve compreender que a resolução de problemas é
uma aptidão a ser desenvolvida em cada aluno, cabendo a cada professor
oportunizar desafios para que eles possam solucioná-los. Assim, trabalhando a
capacidade de ler e interpretar as situações apresentadas em seu cotidiano, cada
aluno poderá elaborar estratégias e mecanismos de como resolver problemas e
então colocar este processo no papel e examinar se a solução está correta.
Segundo Butts,
“Estudar Matemática é resolver problemas. Portanto, a incumbência dos professores de Matemática, em todos os níveis, é ensinar a arte de resolver problemas. O primeiro passo nesse processo é colocar o problema adequadamente.” Thomas Butts (apud Dante, 2000, p.43)
O desenvolvimento de aptidões com problemas matemáticos deve ser
desenvolvido gradualmente, iniciando com problemas que apresente simplicidade
em seu texto e que evolua ao nível de dificuldade, de acordo com o rendimento
alcançado. A avaliação dos resultados alcançados deverá contar com a análise de
todo o processo que gerou o resultado final, colocando o processo como fator
importante e não somente o resultado final. Deve-se sempre estimular a escrita
descritiva do processo que levou alcançar o resultado, separando as etapas de
modo a organizar seu pensamento matemático.
Segundo Dante (2002), a metodologia de Resolução de Problemas é um eixo
importante para a matemática escolar. A capacidade de elaborar soluções para os
problemas evolui de acordo com os anos sendo resultado de um ensino repleto de
oportunidades variadas. Uma classificação para os tipos de problemas a serem
trabalhados em sala de aula é dada a seguir:
a) Problemas de Arme e efetue - são aqueles constituídos pelo treinamento de
técnicas operatórias e a simples memorização da tabuada;
b) Problemas de Enredo - são aqueles que apresentam um texto que envolva
operações estudadase que deverão desenvolver a capacidade de tradução
das expressões matemáticas em situações do cotidiano;
c) Problemas não Convencionais - são aqueles que devem proporcionar o
desenvolvimento de habilidades necessárias no cotidiano como:
planejamento, formulação de estratégias, tentativas de solução e avaliação e
análise dos resultados;
d) Problemas de Aplicação - são aqueles que produzidos a partir de uma
situação de vivência dos alunos necessitam para a sua solução do uso de
conceitos e técnicas adquiridos. Tais problemas são os mais utilizados por
possibilitar a integração entre disciplinas.
Dante (2000) afirma que um problema dever possuir características
essenciais para ser considerado de qualidade, essas características são: ser
desafiador; ser real; ser interessante; não ser de aplicação direta de operações
aritmética e ter seu grau de dificuldade adequado ao aluno.
A razão de propor aos alunos a resolução de problemas de maneiras variadas
é fomentar a interpretação do mundo que os cerca, incentivando o ato de "pensar" e
desenvolvendo o seu raciocínio. Para enfim melhorar a autoestima, a autoconfiança
dos alunos com o intuito de melhorar o sucesso em aprender a disciplina de
Matemática, este projeto busca oportunizar a todos a oportunidade de interpretar a
realidade e usando de seus conhecimentos decidirem sobre questões matemáticas
importantes para sua vida social e financeira. Enfim, que os alunos possam
contribuir de maneira participativa na sociedade exercendo seus papeis de cidadãos
críticos, estando em consonância com as Diretrizes Curriculares de Matemática da
Rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná (DCE, 2008).
As diretrizes curriculares de Matemática definem que ao encerrar o Ensino
Fundamental o aluno deve conhecer os fundamentos básicos da disciplina que
envolve,
... ler e interpretar tabelas e gráficos, conhecer dados estatísticos, conhecer a ocorrência de eventos em um universo de possibilidades, cálculos de porcentagem e juros simples. Por isso, é necessário que o aluno colete dados, organize-os em tabelas segundo o conceito de frequência e avance para as contagens, os cálculos de média, frequência relativa, frequência acumulada, mediana e moda. Da mesma forma, é necessário o aluno compreender o conceito de eventos, universo de possibilidades e os cálculos dos eventos sobre as possibilidades. A partir dos cálculos, deve ler e interpretá-los, explorando, assim, os significados criados a partir dos mesmos. (DCE, 2008)
A porcentagem é área da Aritmética que se caracteriza pelo estudo da
centésima parte de uma grandeza, sendo cálculos baseados em cem unidades. No
cotidiano o mercado financeiro utiliza a porcentagem como parte essencial em
qualquer negociação, oferecendo descontos caso o cliente compre a vista ou o
acréscimo (juros) quando não realize o pagamento no prazo determinado.
Esse projeto propõe a utilização das metodologias de ensino e aprendizagem
de Resolução de Problemas e de Modelagem Matemática para expor os conteúdos
matemáticos relacionados à porcentagem com o intuito de atingir uma qualidade de
ensino diferenciada.
3. DESENVOLVIMENTO DA INTERVENÇÃO – ATIVIDADES E RESULTADOS
O presente projeto vislumbra possibilitaruma matemática atual para o ensino
de alunos do 8ºano do ensino fundamental,através das metodologias de ensino e
aprendizagem, Modelagem Matemática e Resolução de Problemas. Ele possui como
objetivo fazer com que o ensino e a aprendizagem de conteúdos de Matemática
sejam mais significativos e prazerosos.
Atividade 1 – Aplicação do Questionário Diagnóstico
Inicialmente foi aplicado um questionário investigativo que teve como objetivo
realizar um diagnóstico da turma e da realidade socioeconômica dos alunos.
Pretende-se também saber qual a importância da matemática para esses alunos. O
presente questionário apresentou um grau preocupante em relação ao cálculo
espontâneo referente à porcentagem. Alguns alunos necessitaram do auxílio de
calculadoras para a escolha de qual a melhor opção para a aquisição de um
determinado produto.
Atividade 2 – Apresentação do projeto
Realizou-se a exposição oral do Projeto “Ensino e aprendizagem da
porcentagem via resolução de problemas do cotidiano", explicando que a opção
deste tema ocorreu diante da necessidade de alertar os educandos sobre a
importância de interpretar as famosas letras minúsculas em cartazes de promoções
comerciais, e conhecer se aquele desconto de 50% é realmente verdadeiro.
Levantou-se assim a discussão sobre a importância de aprender como calcular a
porcentagem e as vantagens deste conhecimento. Também foi apresentado o texto
“Porcentagem”3 de Marcos Noé, que busca demonstrar de maneira simples como
realizar cálculos matemáticos de porcentagem de maneira prática e rápida. Por fim,
solicitou-se aos alunos que relatassem sobre o que acharam sobre a temática.
Evidenciou-se que em sua grande maioria os alunos não tinham a porcentagem
como algo fundamental para a sua vida financeira.
3 Disponível em: http://www.brasilescola.com/matematica/porcentagem.htm.
Atividade 3 – Tele Aula
Apresentou-se o clipe:“Aula 27 - Matemática - Ensino Fundamental - Tele
Curso”4, que discute o tema porcentagem e suas interações com o cotidiano de cada
pessoa. Nessa atividade é trabalhada a questão de como realizar o cálculo de um
aumento salarial proposto a um dos personagens do vídeo. Através de diversas
simulações o personagem consegue chegar ao resultado, proporcionando assim o
desenvolvimento de articulações de como se calcular a porcentagem em diversas
situações.
Atividade 4 – Resolução de problemas de porcentagem
Nessa atividade foram trabalhadas questões do cotidiano dos alunos, sendo
estas baseadas em situações reais da vida desses. Nesta atividade foram
trabalhados os seguintes tópicos: os dois caminhos para resolução de problemas
que envolvam porcentagem; porcentagem e o método da regra de três simples;
porcentagem e a resolução de problemas por meio de número decimal;descontos e
juros. A presente atividade proporcionou a observação de que o relacionamento do
conteúdo desenvolvido em sala de aula com o cotidiano dos alunos proporcionou
bom aproveitamento na questão dos resultados, assim evidenciando a grande
necessidade de um aprofundamento no relacionamento entre os conteúdos didáticos
e o cotidiano dos alunos.
Atividade 5 – Visita de campo e coleta de dados
Nesta atividade os alunos realizaram uma visita de campo às lojas de
Ivaiporã. Em alguns estabelecimentos ficou acordado que haveria alguém para a
orientação a visita ao local, assim como ficou pré-estabelecido que os alunos se
comprometessem a levantar os valores para a compra de determinados produtos,
como televisores, celulares e aparelhos de DVD. Nesta atividade objetivou-se que
fosse realizada a observação dos preços e promoções das lojas visitadas, assim
como a flexibilidade de pagamentos ofertada, buscando oferecer aos alunos o
conhecimento das oportunidades de aquisição de bens ou serviços e decidir com
real conhecimento sobre o quanto se paga do produto e quanto se paga de juros em
cada parcelamento realizado. Os alunos observaram que uma oferta nem sempre
4 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=vVzDL3DkPug.
pode ser considerada realmente uma boa oportunidade ao consumidor e que o
sistema de parcelamento, na maioria dos casos, proporciona um aumento de 50% a
150% no valor final do produto. Assim sendo, ficou evidente a necessidade de um
estudo detalhado em todos os momentos em que se fora realizar a aquisição
parcelada de um determinado produto.
Atividade 6 – Análise dos dados coletados
A sexta atividade foi dedicada à análise dos dados coletados na visita de
campo, quando ao retornar à escola, os alunos foram questionados sobre as taxas
de juros encontradas e quais foram às melhores oportunidades de compra
encontradas. Os alunos, em posse dos dados adquiridos durante a visita, foram
incentivados a unir as informações e montar um quadro comparativo entre
determinadas empresas e produtos, sempre resguardando o nome real de cada
empresa, buscando assim construir uma conscientização sobre a importância em se
pesquisar primeiro e depois adquirir qualquer bem. Nesta análise diversos alunos
apontaram as diferenças gritantes nos percentuais de juros trabalhados, enquanto
uma empresa oferecia 10 vezes sem juros outra aplicava juros de 5% mensais. Os
alunos conseguiram de maneira espontânea apontar as diferenças gritantes entre a
promoção de uma loja e o preço comum de outra. Para a finalização da atividade
foram produzidos relatórios comparativos entre produtos pesquisados e os
resultados apresentadosa todos os alunos colégio.
Atividade 7 – Resolução de problemas de porcentagem II
A sétima atividade foi a apresentação do texto “Como calcular porcentagem”5
de Ligia Guimarães. Durante a atividade os alunos discutiram os dois caminhos para
resolução de problemas que envolvam porcentagem. Durante a leitura e discussão
do texto foi abordado o método da regra de três simples e ainda o de resolução de
problemas por meio de número decimal, sendo que as atividades trabalhadas foram
enfocadas em situações do cotidiano. Durante o desenvolvimento das atividades os
educandos realizaram a comparação com os métodos que já utilizavam em seu
cotidiano, sendo que alguns passaram a apontar a facilidade em utilizar o método
5Disponível em: http://g1.globo.com/economia/seu-dinheiro/noticia/2012/01/como-calcular-porcentagem.html
decimal. Verificou-se em geral um notável desenvolvimento do conhecimento dos
alunos nos cálculos que envolvem porcentagem.
Atividade 8 – Palestras sobre Matemática Financeira
A oitava atividade "Seminário da vida financeira" foi realizado no mesmo
período de aulas dos alunos. Foram ofertadas palestras por uma professora
habilitada em Matemática, um representante da Associação Comercial de Ivaiporã e
um profissional do SEBRAE. As temáticas abordadas foram: porcentagem e seus
caminhos, estratégias de Marketing, vender uma arte no mercado e saúde
financeira, uma questão de controle. Nestas palestras os alunos demonstraram um
grau de conhecimento que surpreendeu os palestrantes. Os questionamentos
referentes ao motivo das altas de juros das empresas foram respondidos apontando
fatores queinterferem no valor final de cada produto. A participação nas palestras foi
livre e mesmo assim houve grande participação de outros professores do
estabelecimento e alunos de outras séries, não participantes ativamente do projeto
desenvolvido.
Atividade 9 – Cinema e o consumo desenfreado
Na nona atividadefoi realizada uma introdução sobre a importância de
conhecer a diferença entre desconto e uma simples estratégia de negócio realizada
pelas empresas. Discutiu-se a importância do cinema como uma poderosa
estratégia de marketing.Na sala de vídeo foi apresentado o filme “Delírios de
Consumo de Bleck Bloom”6, que apresenta a história de Rebecca Bloomwood (Isla
Fisher), uma garota que adora fazer compras e seu vício que a leva à falência. Seu
grande sonho é um dia trabalhar em sua revista de moda preferida, mas o máximo
que ela consegue é um emprego como colunista na revista de finanças publicada
pela mesma editora. Quando enfim seu sonho está prestes a ser realizado, ela
repensa suas ambições.Na análise dos alunos eles perceberam como o
consumismo pode prejudicar a vida de uma pessoa, apontaram como costumes, tais
como a troca anual de celular, pode ser algo fútil e desnecessária. Assim, o principal
objetivo dessa atividade fora alcançado, ou seja, demonstrar como o consumismo
6“Delírios de Consumo de Bleck Bloom” ou Confessionsof a Shopaholic. Dirigido por P.J.Hogan,
produzido por Disney e Buena Vista. Elenco: Isla Fisher, Hugh Dancy, Krysten Ritter, John Goodman, Joan Cusack, entre outros.
somente beneficia os grandes empresários e prejudica a saúde financeira dos
consumidores.
Atividade 10 – Cartilha da saúde financeira
A penúltima atividade foi desenvolvida inicialmente pela divisão dos alunos
em4 (quatro) equipes, onde cada grupo desenvolveu uma cartilha sobre a
necessidade de se conhecer e saber calcular as taxas de juros e descontos
praticadas no comercio regional e nacional. Os tópicos abordados foram:
consumismo, porcentagem, desconto e juros.Também foram inseridos
algunsresultados da atividade 4.Reuniram-se ainda informações da visita de campo,
realizada no comércio de Ivaiporã; comentários realizados após a exibição do filme
Delírios de Consumo de Bleck Bloom e depoimentos colhidos nas palestras sobre
Matemática Financeira. Todo o material coletado foi inserido em uma cartilha, que
por meio do auxílio de uma gráfica, foi impresso e divulgado na escola. Essa
atividade alcançou bons resultados, visto que ofereceu uma orientação aos cidadãos
sobre a importância em se pesquisar antes de se adquirir qualquer produto.
Atividade 11– Reaplicação do Questionário Diagnóstico
Na última atividade reaplicou-se o mesmo questionário investigativo inicial. O
objetivo foi realizar o diagnóstico final da turma. A reaplicação do questionário
mostrouuma melhora significativa nos resultados dos alunos, onde o percentual de
acerto melhorou significativamente, mas também evidenciou que nem todos alunos
conseguem atingir o mesmo rendimento. Para alguns alunos foi necessário um
trabalho intensivo de recuperação dos conhecimentos matemáticos.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto de ensino de Matemática proposto neste artigo vislumbrou o
despertar do interesse dos alunos em estudar cálculos matemáticos,
especificamente a porcentagem. Através das metodologias de Modelagem
Matemática e a Resolução de Problemas os alunos tiveram a oportunidade de
realizar uma ligação entre a teoria (utilizada em sala de aula) e a prática (realidade
vivida no cotidiano).
A metodologia de Resolução de Problemas é apontada por Dante (2002)
como sendo um importante eixo da matemática escolar, que permite ao aluno a
melhora da capacidade de se elaborar soluções para determinados problemas de
seu cotidiano, sendo esta capacidade aprimorada com tempo, por meio de variadas
oportunidades. Nessa linha de pensamento a atividade desenvolvida se
fundamentou na necessidade de desenvolver uma matemática prazerosa e
significativa, buscando fundamentalmente melhorar o relacionamento por parte dos
alunos entre as atividades desenvolvidas em sala e seu cotidiano extraclasse.
Oferecer alternativas educacionais no ensino da Matemática é essencial para
o processo de ensino e aprendizagem, sobre esta premissa, a presente iniciativa
buscou aferir alterações no pensamento relacionado ao consumo, essencialmente
na compreensão de como é importante conhecer a porcentagem, visto que os
descontos ou juros interferem significativamente no valor final de um produto. A
conscientização da necessidade da Matemática Financeira nas tomadas de decisão
sobre compras pode ser observada na reaplicação do Questionário Diagnóstico.
Em geral, o presente trabalho proporcionou a observação de que o
relacionamento do conteúdo desenvolvido em sala de aula com o cotidiano dos
alunos proporciona um bom aproveitamento na resolução dos problemas propostos,
evidenciando uma grande necessidade de aprofundamento no relacionamento entre
os conteúdos didáticos e o cotidiano dos alunos.A reaplicação do questionário
mostrou uma melhora significativa nos resultados dos alunos, onde o percentual de
acerto melhorou significativamente, mas também evidenciou que nem todos alunos
conseguem atingir o mesmo rendimento.
REFERÊNCIAS
ANASTACIO , Maria Queiroga Amoroso. Três Ensaios numa Articulação sobre a
Racionalidade, O Corpo e a Educação Matemática. 1999. Tese de doutorado
(Educação) - Universidade Estadual de Campinas.
BIEMBENGUT, M.S; HEIN, N. Modelagem Matemática no Ensino. São Paulo:
Editora Contexto, 2003.
CARRAHER, Terezinha; SHLIEMANN, Ana Lúcia; CARRAHER, David. Na vida dez,
na escola zero. 11 ed. São Paulo: Cortez, 2001.
DANTE, Luiz Roberto. Didática da resolução de problemas. São Paulo: Ática,
2000.
DCE, Diretrizes Curriculares de Matemática para as Séries Finais do Ensino
Fundamental e para o Ensino Médio. Curitiba, 2008.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação -
Diretrizes Curriculares de Matemática para a Educação Básica, Curitiba, 2007.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED. Diretrizes Curriculares da
rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná. Curitiba, 2006.