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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

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ATIVIDADES AQUÁTICAS DIFERENCIADAS NAS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA: DIVERSIFICANDO OS CONTEÚDOS

TRABALHADOS NA PISCINA.

Telma Angélica Ribeirete de Souza1

Marcelo Silva da Silva2

Resumo

Este artigo é parte integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional – (PDE), visa compartilhar o estudo desenvolvido no período de 2013/2014, pela professora PDE. O presente estudo partiu de uma problemática da escola evidenciada principalmente nas turmas de terceiro ano do ensino médio. No decorrer do conteúdo da natação percebe-se a evasão dos alunos, muitos não querem fazer a atividade, nem mesmo entrar na piscina, foi então por meio deste projeto feito a proposta de uma prática pedagógica diferenciada, tendo a corporeidade e a motricidade humana como fator fundamental da aprendizagem, abordando a utilização de atividades aquáticas diferenciadas oferecendo a oportunidade de os alunos vivenciarem novas atividades no ambiente aquático, com o objetivo de despertar também o interesse pela natação não apenas como um esporte único, compreendendo a partir dela a necessidade de aprender nadar na facilitação da vivência de outros esportes e/ou atividades aquáticas. Enfatizando o prazer que o contato do corpo com a água pode proporcionar e como isso influencia o dia-a-dia nas várias formas da relação do sujeito com o mundo, no meio aquático. O interesse demonstrado pelos alunos durante as aulas foi o fator substancial.

Palavras-chave: Atividades aquáticas; Educação Física; Ensino Médio; Natação.

Introdução

Com o intuito de proporcionar aos estudantes de 3º ano do Ensino Médio do

Colégio Estadual do Paraná – CEP, a possibilidade de experimentar práticas

diferenciadas no ambiente aquático, visto que em 2012 o conteúdo de natação foi

1 Professor da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná. Licenciado em Educação Física pela Fundação

Faculdade Estadual de Educação Física de Jacarezinho – PR. Especialista em Fisiologia do Exercício pela

Universidade Veiga de Almeida. – e-mail: [email protected]

2 Professor Adjunto da Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Setor Litoral. Licenciado em Educação Física

e Mestre em Educação pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e Doutor em Educação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) – e-mail: [email protected]

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retirado da Proposta Curricular do Ensino Médio, devido ao pouco envolvimento e ao

desinteresse dos estudantes do 3º ano pela natação.

A partir disso surgiu a necessidade de repensar a oferta deste conteúdo de

forma a torná-lo mais atrativo, ampliando o universo de experiências e

conhecimentos na Educação Física proporcionando aos alunos a percepção e

valorização da oportunidade de ter acesso ao conhecimento destes conteúdos,

pouco comuns nas redes de ensino. Bruhns (1997) salienta que o fato de

proporcionar aos alunos a oportunidade de experimentar novas emoções e

sensibilidades poderá conduzi-los a diferentes formas de percepção e de

comunicação com o meio em que vivem.

A ideia de tornar mais atrativo o conteúdo trabalhado na piscina não se

justifica apenas em experimentar e brincar nem mesmo se intenciona diminuir a

importância do aprendizado dos quatro estilos de nado. Espera-se com isso que

ocorra o domínio de habilidades que possibilitem o deslocamento autônomo e

prazeroso no meio líquido.

Para conseguirmos de fato uma escola pública de qualidade se faz

necessário repensar os planos de trabalho docente e implementar propostas indo

além dos conteúdos tradicionais, oferecendo novidades. É preciso inovar sempre,

proporcionar aos alunos aulas dinâmicas, criativas, interessantes despertando com

isso o gosto e o prazer dos mesmos ao participarem das aulas, como aponta Tubino

(2002), que concebe três dimensões para o esporte moderno: esporte-rendimento

(voltado à competição e ao treinamento); esporte-participação (refere-se a atividades

por prazer e lazer) e esporte-educação (quando o esporte é uma ferramenta

educacional).

Ao considerar as diferentes formas de aplicarmos nossos conteúdos, temos

alguns obstáculos apresentados como: espaços inapropriados ou a falta deles, como

a piscina, equipamentos, envolvimento dos alunos e por último e talvez o mais

importante, a quebra de paradigmas incrustados historicamente na disciplina de

Educação Física. Bruhns (1997) aponta que nesta polêmica emerge a questão da

diferenciação entre jogo e esporte, onde o fator tempo entra como determinante,

pois o fator lúdico é obscurecido quando cada minuto é considerado. Indica a

necessidade de se estabelecer outra relação com o conhecimento, pois apesar da

educação veiculada no lazer aproximar-se da não formal, não significa a ausência

de outras formas, as quais devem articular-se entre si de modo a não ocorrer um

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distanciamento da realidade, notando-se desta forma uma vinculação bastante

estreita entre educação e cultura. Nos dizeres de Duarte Jr. (1998, p.59) “quando a

educação se fundamenta na realidade existencial dos educandos, a aprendizagem

significativa tem maior possibilidade de ocorrência”.

A relação entre homem e o meio liquido foi bastante densa, uma vez que o envolvimento humano com a água aflora sentimentos e emoções arraigados ao enredo psicológico, representando vivências positivas, assim como negativas e reveladoras de medos e ansiedades. (Freire e Schwartz, 2005)

As condutas pedagógicas fechadas, atividades repetitivas e sem criatividade,

voltadas a atender um único objetivo, são elementos que contribuem para o

insucesso da prática regular da atividade física e a redução de alunos interessados

em nadar, para que se reverta este quadro, torna-se necessário atentar para as

necessidades humanas básicas de ter prazer e brincar durante o aprendizado não

só da natação, como de qualquer outra atividade.

Ainda segundo Bruhns (1993), o lúdico vai além da diversão e do simples

entretimento, possibilitando ao aluno este contato com o novo, de forma prazerosa e

alcançando com isso a dimensão humana no relacionamento com o meio e com os

outros. Neste sentido a preocupação central deve ser a de privilegiar o participante

das atividades aquáticas enquanto sujeito que aprende a nadar ou vivenciar

experiências em meio líquido, partindo de suas próprias habilidades, com a

permissão do brincar, com ressonâncias positivas nas ações em que o sujeito está

envolvido pela água, facilitando assim sua aprendizagem da natação e outras

atividades aquáticas de forma dinâmica e em constante mudança, onde a relação

professor-aluno é centrada nas relações afetivas e na cooperação no meio líquido e

não apenas no aprendizado dos nados.

A Escola enquanto espaço privilegiado na formação e na construção do

conhecimento apresenta no seu projeto político pedagógico a ideia de mobilizar sua

comunidade com argumentos que fortaleçam a concepção democrática adotando

uma perspectiva metodológica de ensino/aprendizagem, buscando a cooperação e a

igualdade de direitos.

O CEP contempla em seu Projeto Político Pedagógico (PPP) a proposta de

ensino da natação em todas as séries desde o sexto ano do ensino fundamental até

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terceiro ano do ensino médio e quarto ano do ensino médio integrado. O colégio tem

uma estrutura privilegiada com duas piscinas, sendo uma olímpica e outra

semiolímpica, com aquecimento, porém descobertas, o que permite sua utilização

nas aulas da educação física curricular somente em dois momentos, no início do

primeiro semestre e no final do segundo semestre, devido à condição climática.

A metodologia aplicada nas aulas de natação se dá pelo ensino das técnicas

dos nados crawl e costas preferencialmente, e aos que conseguem atingir este nível

complementa-se com ensino do nado peito, nado borboleta, viradas, saídas, entre

outros. No início da temporada deste conteúdo, os alunos passam por uma forma de

teste onde é verificado o nível de conhecimento que ele apresenta com relação a

natação e também o nível de adaptação ao meio líquido, importante ressaltar que

neste momento tem duas ou três turmas de séries por vezes diferentes com seus

respectivos professores, mas que neste momento trabalham com o grupo formado

de acordo com a divisão atendendo aos seguintes critérios:

Alunos com pouca ou nenhuma ambientação aquática;

Alunos que deslizam, boiam, colocam o rosto na água, arriscam algum tipo de

deslocamento na piscina;

Alunos que executam movimentos como: propulsão de pernas, braçadas,

respiração, entre outros;

Alunos que nadam um ou mais estilos.

Estes quatro níveis de aprendizado são comuns em todas as séries de ensino

o que aparenta ser uma metodologia repetitiva e até exaustiva comprometendo a

efetiva participação e interesse do aluno pela atividade.

As aulas de educação física, assim como em todas as demais disciplinas da

escola tem como entre tantos outros desafios a inovação e novas formas de

atuação, isso é verificado claramente no conteúdo da natação quando se percebe

evidentemente o avanço do desinteresse dos alunos no decorrer dos anos. Esta

reflexão já se fazia a muito necessária.

De acordo com Morin (2000), em uma obra que se propõe a analisar os sete

saberes necessários à educação do futuro, apresenta como função da escola a

preocupação em educar para o inesperado, devido ao fato de vivermos um período

marcado pelas incertezas. Esse entendimento também é compartilhado por outros

estudiosos como Tibeau (2002), entre outros, os quais destacam o desenvolvimento

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da capacidade criativa como indispensável em um mundo que exige de forma

crescente, agilidade nas ações e tomada de decisão.

Não nos cabe aqui buscar as causas que provocam o desinteresse dos

alunos, mas sim partindo do reconhecimento das dificuldades, traçar novos planos,

buscar novos caminhos para a superação das mesmas, identificando alguns

pressupostos para que o ensino da natação supere o “aprendizado do saber fazer”.

De acordo com Fernandes & Lobo da Costa (2006):

(...) a natação é conceituada como um conjunto de habilidades motoras que proporcionem o deslocamento autônomo, independente, seguro e prazeroso no meio líquido, sendo a oportunidade de vivenciar experiências corporais aquáticas e de perceber que a água é mais que uma superfície de apoio e uma dimensão, é um espaço para emoções, aprendizados e relacionamentos com o outro, consigo e com a natureza.

A partir disso compreendemos os quatro estilos da natação como conteúdos a

serem desenvolvidos, não a meta deste processo. O meio líquido nos oferece várias

possibilidades de movimento, quando deixamos de lado a função do nadar para

salvar-se ou salvar outras vidas também a competição de natação,que fragmentam

os movimentos na exigência do domínio mecânico dos quatro estilos de nado.

Para Lobo da Costa (2010), a meta do processo ensino-aprendizagem é o

domínio do meio líquido, e não os estilos de nado. Não se almeja excluir nenhuma

das possibilidades de movimentos, não se espera brincar por brincar, nem

experimentar apenas, tampouco considera menos importante o aprendizado dos

estilos de nado, quer se proporcionar a aprendizagem da natação como um

processo, tendo como meta o domínio das possibilidades do meio líquido, permitindo

que o indivíduo desfrute deste aprendizado, para seus interesses particulares, no

lazer, na educação, no esporte, entre outros.

Tani (1995) sugere que a aprendizagem do nadar seja encarada como um

processo de solucionar problemas motores, levando a uma nova concepção sobre

os possíveis erros na execução dos movimentos, como os erros da respiração, não

pode ser considerado como erro do aluno, eles são na verdade a forma de o aluno

avaliar o seu desempenho, para isso com a ajuda do professor ele deve aprender a

identificar sua dificuldade, desta forma o aluno passa a ser agente de seu

aprendizado.

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A professora PDE, movida pela necessidade de proporcionar novos

aprendizados e de reduzir a evasão no período do conteúdo da natação, sentiu-se

desafiada a desenvolver uma proposta diferente para as aulas na piscina,

considerando que o aluno do terceiro ano, já adquiriu este conhecimento ou parte

dele nos anos anteriores, foi então pensado numa forma de tornar prazeroso este

momento, além de oferecer ao aluno o entendimento de que o aprendizado anterior

se faz também necessário para sua locomoção e sobrevivência dentro d’água

quando da vivência de outras práticas. Daí surgiu a proposta de inserção de outras

atividades na piscina, como: “Aquathlon”, Caiaque, “Stand Up Paddle”, Surfe,

“waterline”, “Deep Water”, Hidroginástica, por meio de oficinas, muitas delas

conduzidas por profissionais convidados, proporcionando assim o aumento do

repertório motor dos alunos com expectativa de trazê-los de volta ao ambiente

aquático.

“o objetivo educativo seria colaborar, por meio deste universo de práticas, na construção da personalidade de adultos realizados, livres, tolerantes, responsáveis, abertos ao universal comprometidos com o entorno natural, com um aceitável nível de inteligência emocional e suficiente capacidade de decisão”. (MARINHO; BRUHNS, 2006 p.208).

Nem todas as atividades realizadas na piscina são necessariamente

consideradas esporte, é possível desenvolver atividades das mais variadas, como

ginástica, jogos, brincadeiras, gincanas, cuidados com a saúde, entre outros.

De acordo com Pereira; Armbrust (2010), incluir estas atividades propostas

como conteúdo escolar não tem em vista suprir ou suprimir outros conteúdos

abordados, mas como um saber a mais e que possui suas qualidades para melhor

enriquecimento do acervo cultural dos alunos.

Metodologia e Atividades Desenvolvidas

Por meio de questionário os alunos foram levados a repensar sua experiência

no meio aquático no CEP e fora dele, neste momento eles expuseram seus motivos

para gostar ou não, seus medos, anseios, etc. aqui também registraram se

conheciam outra atividade aquática além da natação já oferecida na escola e em

que nível, se já haviam experimentado algo relativo a isso.

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A turma escolhida foi o terceiro ano A, da manhã, com 34 alunos, destes, 21

realizaram todas as práticas na piscina. A professora apresentou a proposta de

trabalho à turma informando-os de que foram escolhidos como sujeitos deste objeto

de estudo e que vivenciariam no período de aproximadamente dois meses oficinas

de atividades aquáticas diferenciadas.

Os alunos foram orientados a registrarem em fichas fornecidas pela

professora, relatos do experimento vivido como as emoções e sensações, se as

atividades propostas eram prazerosas, se exigiam habilidades específicas e o grau

de complexidade apresentados.

No ambiente aquático os alunos eram então convidados a participar, aqueles

que não realizavam a prática na piscina estavam encarregados de registrar ora o

que o palestrante falava sobre as curiosidades e história das atividades aquáticas,

ora a sensação de estar vendo do lado de fora. Faziam registros fotográficos,

participavam de algumas atividades como na gincana aquática que exigia também a

colaboração daqueles que estavam fora da piscina com interpretação do enunciado,

com colaboração de ideias na hora de orientar, por exemplo, onde estavam

mergulhadas as bolinhas na prova de revezamento, na construção da prancha para

transportar a equipe de um lado para outro da piscina, auxiliando também para a

entrada na fita quando da prática do waterline (slackline sobre a piscina),

proporcionando maior segurança e estabilidade para o colega. Anterior a prática do

waterline, os alunos, todos, vivenciaram uma oficina de slackline no bosque do

Colégio.

Oficina de SURF orientada pelo professor Luiz Fernando (Luly) que após

explicar o esporte falou também sobre como funciona este universo hoje em dia e os

benefícios proporcionados por sua prática, os alunos foram para a piscina, feito o

aquecimento especifico da modalidade, partiram para experimentação, deveriam

então deitar em decúbito ventral sobre a prancha e realizar remadas com os dois

braços ao mesmo tempo, duas remadas com um braço, depois duas remadas com o

outro e depois remadas alternadas, aprenderam como frear, mudar de direção,

sentar-se sobre a prancha e remar com as mãos. No segundo dia da oficina os

alunos então fizeram uma atividade em solo de equilíbrio sobre o rolo americano ou

spin. A seguir, na água e deitados na prancha em decúbito ventral, deveriam

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colocar-se na posição com um pé à frente e o joelho da outra perna atrás e partir daí

para a posição em pé sobre a prancha, quando conseguiam um colega auxiliava

conduzindo a prancha a frente para simular o surf.

Oficina de Slackline orientada pelo professor Fernando Richardi Martins,

realizada no bosque do CEP, com objetivo de apresentar o esporte e prepará-los

para o Waterline, que é uma variação do slackline realizado sobre a piscina. Após

explicar a história e as variações de acordo com os locais de prática e os nomes

recebidos, também orientados em como montar o equipamento e as medidas de

segurança, instalando em locais seguros, também os cuidados e proteção com a

natureza, os alunos vivenciaram a experiência de andar sobre a fita estendida no

chão com olhos abertos, olhos fechados, para frente, para trás, depois com a fita

suspensa nas árvores todos atravessavam com o auxílio da professora, um de cada

vez, depois eles iriam para a segunda fita também suspensa nas árvores, nesta já

era permitido manobras do tipo equilibrar-se num só pé, sentar, sentar e levantar,

apoiar-se com o abdômen na fita, depois o aluno se dirigia a terceira fita para

tentativas de deslocar-se sozinho, sem auxílio de professor e dos colegas. No

segundo dia da atividade a fita foi então instalada de forma que atravessasse a

piscina pela largura, sobre a borda da piscina próximo ao suporte, foram colocados

colchonetes, tatames, para garantir segurança, os alunos eram então conduzidos

pela mão do professor até um metro aproximado da borda e a partir daí tentava

deslocar-se sozinho sobre a fita caindo na água quando mal sucedidas as tentativas

de andar. Numa outra proposta o aluno partia da posição sentado na borda da

piscina, embaixo da corda e próximo ao suporte pendurava-se na corda com mãos e

pés e deslocava-se pela fita usando a força dos membros superiores, ao chegar na

metade da piscina aproximadamente ele era então desafiado a subir na fita

novamente.

Na atividade denominada Gincana Aquática os alunos foram divididos em três

grupos, cada grupo formado por alunos de dentro e fora da piscina, numa das

tarefas o grupo deveria construir uma jangada com os materiais disponibilizados

pela professora, como, pull boys, espaguetes, coletes, tatames, cordas, palmares,

entre outros após a construção o grupo deveria transportar até o outro lado da

piscina todos os integrantes que estavam na piscina, sem que a jangada se

desmanchasse. A outra prova consistia de uma prova de revezamento, os alunos de

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cada grupo dispostos próximo à borda tinham que deslocar-se na piscina, nadando,

mergulhando, deslizando, chegar até o local onde havia sido depositadas bolinhas

de gude, pegar uma e retornar, entregando-a ao integrante da equipe que estava do

lado de fora da piscina, somente após a entrega era permitida a saída do próximo

integrante, era considerada vencedora a equipe que recolhesse todas as bolinhas

em menor tempo, era permitido ao aluno, ajuda do companheiro, tanto para orientar

onde estava a bolinha, tanto no sentido de ajudá-lo caso o mesmo apresentasse

medo ou insegurança em mergulhar. Outra tarefa, exigia também a participação do

grupo que não estava dentro d’água para auxiliar na compreensão da leitura da

proposta da atividade que estava numa ficha, exemplo: Torpedo (atividade consistia

em o aluno dar impulso na borda e deslizar o máximo, era cronometrado o tempo

que cada um permanecia em movimento partindo de um único impulso). A equipe

deveria ler, entender como deveria ser realizada tal tarefa, e discutir com o grupo de

dentro d’água qual a melhor forma de execução, após grupo demonstrar a atividade

os demais grupos deveriam experimentar a experiência, e assim sucessivamente até

que os três grupos experimentasse as três experiências diferentes.

Durante a oficina de Stand Up Paddle (SUP), orientada pelo professor

Ricardo Beck Cougo, os alunos já aquecidos, foram orientados sobre a história e

regras do SUP, sobre as medidas de segurança, principalmente a obrigatoriedade

do uso de coletes flutuadores, ajustar o remo de acordo com a altura do punho com

a mão estendida acima da cabeça, a partir daí o aluno auxiliado por dois colegas

deveria colocar-se sobre a prancha na posição de joelhos segurar o remo e iniciar a

remada, depois de remar em joelhos, o aluno era orientado a depositar o remo sobre

a prancha e então apoiar as duas mãos à frente do corpo próximo ao remo apoiar

um pé à frente e em seguida o outro ao lado levantando-se em pé na prancha já

com o remo na mão, após um período de remada o aluno deveria então simular uma

queda derrubando o remo na água, o aluno deveria subir adequadamente na

prancha pela lateral com os dedos de uma das mãos encaixados e a outra mão

espalmada sobre a prancha, subir na prancha e remar com as mãos até chegar

próximo ao remo resgatando-o para assim reiniciar a remada.

Na Oficina de Caiaque, pela professora PDE, os alunos foram orientados

sobre a história e as medidas de segurança, recebiam a ajuda do colega para

sentar-se no caiaque, feito isso eles remavam com as mãos até adquirirem um

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determinado nível de equilíbrio sobre o caiaque daí então pegavam o remo e

iniciavam as remadas.

Uma palestra foi realizada no CEP para todos os alunos, de todas as turmas

do Ensino Médio, ministrada pelos médicos do Hospital das Clinicas, Universidade

Federal do Paraná, Dr. Edmar Stieveb Filho, Dr. Luís Antonio Bauer e Fernando

Tabushi, com o tema: Traumas de Borda de Piscina, plataforma e trampolins; a fim

de orientar e prevenir lesões possíveis na borda de piscinas. Foram relatadas pelos

médicos as formas de diagnóstico, múltiplas lesões que ocorrem e as dificuldades

encontradas pelos pacientes, no seu processo longo e sofrido de recuperação, para

aqueles que sobrevivem aos traumas de lesões medulares.

Após cada oficina os alunos registraram em fichas as sensações e emoções

experimentadas pela prática vivenciada.

Análise das Experiências Vividas

Para muitos alunos, as experiências vividas no projeto foram novas e

possibilitaram a motivação que buscávamos para as aulas, várias foram as falas que

apontaram para essa constatação:

“Desde o começo da fala do professor de surf, muitos alunos se

arrependeram de não estarem participando.” (aluna A);

“Para mim que nunca pratiquei surf ou algo parecido, foi uma

experiência incrível, embora a água estivesse fria e, além disso,

estava chovendo, a turma entrou na piscina, meio tímida no começo,

mas depois foi se soltando.” Após todo aquele preparo para aprender

a remar, etc. (que foi divertido até) eu finalmente consegui subir na

prancha, certo que não fui longe, mas foi o suficiente para eu “me

sentir”. (aluno B).

O fato de envolver também os alunos que geralmente ficam fora da piscina,

fez com que a turma interagisse mais, e que os alunos que se excluem, de alguma

forma, percebessem sua importância no grupo. Isso se comprova pelo relato de

envolvimento de alguns:

“Durante a gincana aquática, participei da explicação da atividade

compreendi com facilidade a atividade proposta “torpedo” que tinha

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como objetivo melhorar o nado submerso, o que me deixou muito

chateada em não fazer, pois adoro mergulhar, percebemos com esta

atividade que alguns alunos têm dificuldade para o mergulho”. (Aluna

A);

A parte da gincana que consistia em construir uma canoa e transportar os

colegas da equipe:

“Também foi ótima, a sala toda competindo, os de dentro da piscina

e os que estavam fora. Só fiquei triste quando a professora jogou as

bolinhas de gude para a gente pegar, poxa, não queria ter perdido.”

(aluno B).

Em relação à Oficina de Slackline, podemos constatar que a consciência

corporal estimulada com esta atividade desperta no aluno um sentimento de

autoafirmação. Atividades até então desconhecidas para muitos vieram fazer parte

do universo deles. Ousar experimentar, pedir ajuda ao colega e confiar na

segurança que este proporciona, cair, tentar de novo, acreditar tudo isso faz com

que justifique esta busca pela inovação, o professor deve sair da sua zona de

conforto, para proporcionar aos alunos experiências que os façam crescer.

“divertidíssima! Acredito que cumprimos com essa aula mais que

com todos os objetivos. De maneira que todos nós aproveitamos e

com ela aprendemos não só regras de segurança, mas nos

familiarizamos e percebemos nossas dificuldades e facilidades.

Acredito que estamos agora preparados para nossa aula na piscina.”

(Aluna A);

“Eu nunca tinha feito, pois sou um sedentário, mas quando fiquei em

pé em cima da fita, me senti ótimo, meio que livre, a música também

foi ótima, não era a minha preferida, mas foi essencial para dar a

sensação de leveza, melhor para se soltar e se equilibrar. E pelo fato

de a aula ter sido feita no jardim, ao ar livre, a turma esquecia tudo,

os problemas, escola, família. Era apenas a gente e a fita.” (aluno B).

Verificou-se durante a oficina de slackline, que o fato de trabalharem a

questão do corpo, do sentir, andando na corda de olhos fechados e depois abertos,

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utilizar os braços como forma de equilíbrio, fez com que cada um identificasse em si,

qual a parte do corpo eles utilizavam para melhor equilibrar-se sobre a fita. Os

alunos que percebiam com maior rapidez tentavam então sugerir aos colegas com

observações do tipo: “flexione o joelho”, “olhe para um ponto fixo”.

Oficina de Waterline, hora de experimentar de novo a vivência da aula

anterior, mas agora, com objetivo pouco diferente, já não existe mais a preocupação

em cair, não se pretende mais chegar do outro lado da fita, a atividade se torna mais

prazerosa porque no erro, eles entram em contato com a água, por outro lado, novos

estímulos, pois o aluno precisa ter consciência da profundidade da piscina, de ao

perceber que está caindo direcionar seu corpo para a área mais central da piscina,

longe da borda.

“para tornar o negócio mais hardcore, a gente teve a mesma aula na

piscina. Ninguém conseguiu ficar muito tempo em pé sem cair, foi

engraçado e nem por isso alguém ficou envergonhado. A ultima

atividade do slackline na piscina, foi a de tentar andar trepado por

baixo da fita e depois tentar subir e ficar em pé. Ninguém conseguiu

também, mas eu fui quem chegou mais próximo de subir”. (aluno B).

“Foi mágico, uma aula muito bacana com novidades para todos.

Quem aproveitou teve a oportunidade única, nós pudemos começar

tranquilamente e aos poucos, uma interação muito joia de água e ar.

Para aqueles que tinham medo de subir na fita acima do chão

sentiram-se mais seguros sabendo que cairiam na água.” (aluna A);

Stand Up Paddle ou SUP – estar em pé em cima da prancha, numa piscina

profunda, remar, mudar a direção, mudar a posição, tudo isso requer o equilíbrio do

corpo e da mente. Na busca pelo equilíbrio do corpo, eles perceberam que a mente,

se livrou dos problemas, das coisas que os fariam perder o foco, a atenção. Mais

uma vez justificado a necessidade deste tipo de trabalho com as turmas das séries

finais, que estão sob tensão dos vestibulares.

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“A aula de stand up foi incrível. No inicio ficamos apreensivos, mas

depois vimos que não era tão difícil se equilibrar na prancha como

imaginávamos. O stand up foi outra modalidade aquática que não

conhecia e tive a oportunidade de conhecer esse ano, e assim como

as outras – surf e waterline – me surpreendeu. Queria ter tido mais

tempo de aula, pois o tempo foi curto para tanta empolgação da

turma e pretendo praticar novamente quando puder, pois o esporte é

muito divertido.” (Aluna C);

“penso que a turma toda aproveitou bem as aulas aquáticas, uma

atividade diferenciada das atividades que nós estávamos

acostumados.” (Aluno B);

“embora nem todos tenham participado de todas as aulas, a maioria

amou as atividades.” (Aluno B);

“na aula de SUP podemos adquirir uma experiência diferente das já

obtidas, foi algo surpreendente e inovador para os que fizeram e para

quem observou também”. (Aluna G);

“o stand up me ensinou a confiar mais no meu corpo e ficar calma

para poder aprecias melhor os momentos”. (Aluna H);

“Tivemos muitas aulas diferentes no primeiro semestre, toda nossa

turma participou e aproveitou ao máximo. Com estas aulas muitos

movimentos nos ajudaram a descontrair e esquecer a pressão dos

trabalhos dos outros conteúdos e matérias. Realmente proveitoso, e

para fechar com chave de ouro, DANÇA, pra mim, nada melhor que

dançar e interagir com a turma.” (Aluna A).

Foi possível perceber que houve um desejo maior pelas práticas das

atividades aquáticas, pelo fato de serem desafiadoras e inovadoras, mas mesmo

com toda esta diversidade de conteúdos alguns alunos não se permitiram

experimentar, justificando suas condições físicas e/ou climáticas, conforme os

relatos a seguir:

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“não fiz a aula, pois estava com cólica e está muito frio”. (Aluna D);

“não vou fazer natação, pois estou resfriada e devido ao frio pode

piorar”. (Aluna E);

“não posso entrar na piscina porque meu corpo todo coça em contato

com o cloro”. (Aluna F).

“para mim, que não fiz a aula (SUP) também foi divertido. O esporte

exige grande equilíbrio e perda de receio, pois o esportista fica em pé

sobre a prancha e vai remando”. (Aluna G)

No mês de novembro de 2014, foi criado pelo grupo de professores de

Educação Física e treinamento desportivo do CEP, o projeto Aquacep, que consiste

em atividades aquáticas orientadas que acontecerão no final dos anos letivos,

objetivando a ocupação organizada da piscina, possibilitando também aos alunos de

outras séries vivenciarem tais atividades.

Paralelo à implementação do projeto, realizou-se o Grupo de Trabalho em

Rede (GTR) com a participação de dezessete professores do estado do Paraná,

sendo que onze deles são professores do CEP. Estes professores puderam então

trocar experiências, tiveram a oportunidade de discutir sobre a importância deste

projeto e o fato de muitos serem do mesmo colégio onde o projeto foi implementado,

foi possível também a eles experimentar em suas aulas e/ou treinamento as

atividades propostas. Tivemos a oportunidade de dialogar com eles e a partir dessas

colaborações foram então levantadas algumas considerações pertinentes:

A professora L. comenta sobre a dificuldade dos alunos em perceber que a

Educação física não é somente esportes, isso quando o professor propõe conteúdos

que exige discussões, ela sugere que haja a oferta de outros conteúdos e se pauta

na questão de que muitas vezes, o professor não oferece por falta de material e

espaço, mas destaca o fato de que algumas escolas emprestam prédios para

realizarem suas aulas, então, porque não emprestam ou alugam piscinas para

ministrar aulas de natação ou atividades aquáticas? Este conhecimento não deve

ser negado ao aluno.

Alguns professores consideram o projeto significativo, como vemos nesta fala:

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“vejo como essencial e muito relevante este projeto, que faz com que

se ampliem os conteúdos a serem vivenciados em ambiente

aquático, mostram novos elementos que se juntam a cultura corporal,

bem como trazem uma abordagem mais atual e dinâmica as aulas”.

E complementa com: “com certeza o interesse será muito maior por

parte dos alunos”. (professor F.)

A característica de conteúdos curriculares da disciplina de Educação Física e

de atividades extraclasses oferecidas pelo CEP diferencia-se das demais escolas

públicas e até mesmo das escolas privadas. A natação é um desses conteúdos

diferenciados e a preocupação com este conteúdo compreende aproximadamente

onze anos dentro da escola, na educação física curricular, porém esta preocupação

está mais acentuada visto que é um conteúdo oferecido a partir do sexto ano do

ensino fundamental e em todas as séries seguintes. A seguir a contrição dos

professores que participaram do GTR:

“no ensino médio nos segundos e terceiros anos tem se observado

que os alunos tendem a desmerecer o conteúdo de natação,

deixando de realizar a atividade. A partir desta observação os

professores começaram a se questionar em relação a

obrigatoriedade deste conteúdo. No que resultou uma hipótese de

que seria o conteúdo especifico o culpado por tal situação. Sabemos

que os alunos de terceiro ano já apresentam uma visão diferenciada,

são alunos que sabem o que querem ou o que gostam, já tiveram

oportunidades na natação de forma tradicional e em seu atual

momento de vida estão mais abertos a outras possibilidades de

experimentação. Considero então o projeto de atividades aquáticas

diferenciadas no ensino médio uma ótima oportunidade de trabalhar

com o aluno outras experiências e conhecimentos”. (professora M.)

“estes novos estilos de esportes inseridos na aula de natação, são de

suma importância, pois nos acrescenta experiência de algo diferente

e realmente divertido, o que acrescenta o interesse por fazer a aula”.

(aluna G)

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Ao percebermos a escola como lugar de estímulo dos saberes culturais

diferenciados e que utiliza desses saberes para a formação do cidadão crítico das

atuais condições em que vive, entendemos estas práticas emergentes como

passíveis de estar contempladas no espaço escolar. Isso se confirma a partir de

algumas considerações:

“as variações no meio líquido, no caso do projeto em questão, podem

permitir a expressão livre, além de possibilidades a apropriação de

habilidades motoras aquáticas básicas na fase de adaptação até se

ampliar esta abrangência para aquisição de habilidades motoras

aquáticas específicas e para a vivência de conteúdos mais

significativos em termos psico-sociais”. (professor W);

“acredito que quando se fala em “inovação”, em mudanças, já

geramos desconforto em algumas pessoas. Vejo o projeto

apresentado como uma busca em resgatar a possibilidade de

ensinar. Talvez, a mudança na sociedade, tenha tornado essa forma

inacessível para a atual geração de alunos”. Complementa com a

seguinte fala: “se podemos tornar mais atraentes as atividades na

piscina, podemos e devemos procurar novas formas de ensinar

outros conteúdos velhos e batidos, sem excluí-los, mas

aproximando-os ao máximo da realidade imediatista dos nossos

alunos”. (professora Q)

“é realmente muito bom poder ter acesso a esses esportes diferentes

na escola, abre nossas mentes para muitas outras coisas”. (aluna H)

Em consequência do aproveitamento demonstrado pela turma, e paralelo a

isso nas discussões entre os professores de Educação Física do CEP, durante a

reformulação do Projeto Político Curricular (PPC), a proposta de Atividades

Aquáticas Diferenciadas foi então incluída e garantida como conteúdo nas séries

finais: turmas de terceiro e quarto ano do ensino médio e integrado a partir de 2015.

Considerações Finais

Desde a apresentação do projeto tanto para a direção geral do CEP quanto

para o grupo dos professores de Educação Física a proposta foi bem aceita e a

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partir das discussões em hora atividade e também no decorrer do GTR, onde os

professores da instituição também realizaram como cursistas, foi reorganizada a

distribuição de conteúdos por séries e incluído a atividade aquática diferenciada

como conteúdo obrigatório para as séries finais do ensino médio no colégio, sendo

documentado no PPP.

Nem todas as atividades foram possíveis de realizar no início do ano, por falta

de material ou mesmo pela condição climática, por este motivo, algumas oficinas

foram então redirecionadas para acontecer no final do ano letivo.

Apesar disso houve um envolvimento muito bom na relação professor-aluno o

que fez com que mesmo quando mudava de conteúdo permanecia nos alunos a

expectativa de que viria algo novo, e a participação nas aulas teve uma melhora

significativa, percebendo-se a participação efetiva e o envolvimento nas atividades

propostas de todos os alunos da turma.

Ao contrário do que comumente se vê quando trabalhados outros esportes,

onde geralmente acontece a participação somente ou principalmente dos mais

habilidosos, excluindo se assim os que têm menos habilidades desenvolvidas, aqui,

na prática de atividades aquáticas diferenciadas, os alunos foram estimulados a

descoberta, a experimentação, pois a maioria não conhecia ou nunca havia

vivenciado tais atividades.

O fato de ter realizado este trabalho foi de muita importância na minha vida

profissional e pessoal, é motivador para o desenvolvimento profissional estar em

busca de atividades inovadoras e ver nos olhos dos alunos alegria em participar.

Tivemos um ano de aulas felizes em todos os conteúdos abordados houve a busca

pelo novo como complementação. Este é o fechamento de uma caminhada de dois

anos de estudo, produção, implementação e reflexão sobre os experimentos.

Referências

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