OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · A literatura corresponde a uma necessidade...
Transcript of OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · A literatura corresponde a uma necessidade...
Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
Ficha de Identificação - Produção Didático-PedagógicaProfessor PDE/2013
Título A leitura ampliando horizontes
Autor Daisy Bonfim Faria Cardoso
Disciplina/Área (ingresso no PDE) Língua Portuguesa
Escola de Implementação doProjeto e sua localização
Colégio Estadual José Ermírio de Moraes – EnsinoFundamental e Médio, com endereço à Rua BelmiroGouvea, 260.
Município da Escola Rio Branco do Sul - PR
Núcleo Regional de Educação Área Metropolitana Norte
Professor Orientador Prof. MSc. Silvino Iagher
Instituição de Ensino Superior UTFPR – Universidade Tecnológica Federal doParaná
Relação Interdisciplinar (indicar,caso haja, as diferentesdisciplinas compreendidas notrabalho)
História
Resumo: (descrever ajustificativa, objetivos emetodologia utilizada. Ainformação deverá conter nomáximo 1300 caracteres ou 200palavras, fonte Arial ou TimesNew Roman, tamanho 12 eespaçamento simples)
Esta unidade didática tem por finalidade incentivar ohábito de leitura e promover a consciência críticanos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, apartir dos pressupostos do Método Recepcional, deBordini e Aguiar. Para sua aplicação serão utilizadosdiversos gêneros textuais, como: charge, notícia,conto, poema, música e o clássico da literaturauniversal “Os Miseráveis”. O que se espera com ostextos selecionados e com as atividades propostas éproporcionar ao aluno repensar a questão dadesigualdade social e o seu papel como cidadãocapaz de transformar a realidade a sua volta.
Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) Leitura, Formação de Leitor, Método Recepcional
Formato do Material Didático Unidade Didática
Público Alvo (indicar o grupo parao qual o material didático foidesenvolvido: professores,alunos, comunidade...)
9º ano do Ensino Fundamental
A literatura corresponde a umanecessidade universal que deve sersatisfeita sob pena de mutilar apersonalidade, porque pelo fato de darforma aos sentimentos e à visão domundo ela nos organiza, nos liberta docaos e portanto nos humaniza. Negar afruição da literatura é mutilar a nossahumanidade.
Antonio Candido. O direito à literatura(1995)
APRESENTAÇÃO
Caros professores,
Esta produção didático-pedagógica tem como objetivo apontar caminhos
para despertar o gosto pela leitura de textos literários, além de promover a
consciência crítica. Para tanto propõe um trabalho com diversos gêneros
textuais e está fundamentada no Método Recepcional de Bordini e Aguiar, o
qual encara o leitor como um elo importante na construção de sentido do texto.
A ausência de incentivo por parte da família, as práticas desmotivadoras
realizadas na escola e a concorrência com outros recursos tecnológicos, são
alguns dos fatores que distanciam os alunos dos livros de literatura. Portanto,diante do desgosto e da aversão pela leitura, incorporados pelosalunos ao longo da trajetória escolar; veremos que é urgente umarevisão de nossas posturas e dos métodos que utilizamos para aorientação e formação de leitores. (SILVA, 1998, p. 38)
Como não há receitas prontas e nem uma metodologia única para se
formar leitores, a principal finalidade desta Unidade Didática é apontar mais um
caminho possível para se despertar o gosto pela leitura de textos literários em
alunos do 9º ano do Ensino Fundamental do Colégio Estadual José Ermírio de
Moraes.
INTRODUÇÃO
De acordo com Cosson (2009), o trabalho com a literatura no ensino
fundamental tem a função de sustentar a formação do leitor. Ao professor cabe
criar “as condições para que o encontro do aluno com a literatura seja uma
busca plena de sentido para o texto literário, para o próprio aluno e para a
sociedade em que todos estão inseridos”. (COSSON, 2009, p. 29)
A leitura de textos literários, pela sua natureza e força estética, pode
contribuir de forma significativa para a formação do indivíduo, interferindo na
sua forma de pensar e de encarar a vida. Ainda, segundo com Cosson (2009,
p. 35), “crescemos como leitores quando somos desafiados por leituras
progressivamente mais complexas”.
Tal afirmação nos leva a compreender que o professor deve partir
daquilo que o aluno já conhece para aquilo que ele desconhece, a fim de se
proporcionar o crescimento do leitor por meio da ampliação de seus horizontes
de leitura.
As professoras Maria da Glória Bordini e Vera Teixeira Aguiar
elaboraram, a partir dos pressupostos teóricos da Estética da Recepção e da
Teoria do Efeito, o Método Recepcional, o qual consiste em refletir o fenômeno
literário a partir da ótica do leitor, solicitando assim a atitude participativa do
aluno em contato com os diferentes textos.Partindo do horizonte de expectativas do grupo, em termos deinteresses literários, determinados por suas vivências anteriores, oprofessor provoca situações que propiciem o questionamento dessehorizonte. Tal atitude implicaria um distanciamento do estudante, umavez que revisa criticamente seu próprio comportamento, redundandona ruptura do horizonte de expectativas e seu consequentealargamento. Com o ajustamento a essa nova situação, o passoseguinte é a oferta pelo professor de diferentes leituras que, por seoporem às experiências anteriores, problematizam o aluno, incitando-o a refletir e instaurando a mudança através de um processocontínuo. Como o sujeito é entendido como um ser social, suatransformação implica a alteração do comportamento de todo ogrupo, atingindo a escola e a comunidade. (BORDINI & AGUIAR,1993, p. 85)
De acordo com Bordini & Aguiar (1993), a aplicação do Método
Recepcional pressupõe os seguintes objetivos: efetuar leituras compreensivas
e críticas; ser receptivo a novos textos e a leituras de outrem; questionar as
leituras efetuadas em relação ao seu próprio horizonte cultural; transformar os
próprios horizontes de expectativas, bem como os do professor, da escola, da
comunidade familiar e social.
O Método Recepcional compreende as seguintes etapas:
- 1ª etapa: A determinação do horizonte de expectativas consiste em
diagnosticar a realidade sociocultural do aluno, preferências, seus interesses e
nível de leitura, quanto a gênero e temas, mediante observações, conversas,
questionários, debates, entre outros.
- 2ª etapa: O atendimento ao horizonte de expectativas quando o
professor leva para a sala textos que satisfaçam as expectativas dos alunos em
relação aos temas e/ou gêneros escolhidos.
- 3ª etapa: A ruptura do horizonte de expectativas pressupõe que o
professor deva trabalhar com obras que abalem as certezas e costumes dos
alunos, seja em termos de literatura ou de vivência cultural. É importante que
nessa fase o professor trabalhe com textos semelhantes aos anteriores, quanto
ao tema ou estrutura, por exemplo. Para que ocorra o rompimento, o professor
deve trabalhar com obras que, partindo da vivência dos alunos, aprofundem
seus conhecimentos, propiciando o distanciamento do senso comum e a
consequente ampliação do horizonte de expectativas.
- 4ª etapa: O questionamento do horizonte de expectativas é o momento
de comparação e discussão a partir das leituras realizadas na segunda e na
terceira etapas, levando o aluno a perceber quais textos lidos na etapa da
ruptura exigiram-lhe um nível mais alto de reflexão, proporcionando-lhe mais
conhecimento e ampliando seu horizonte de expectativas.
- 5ª etapa: A Ampliação do horizonte de expectativas é quando os alunos
tomam consciência das mudanças, aquisições e ampliação de conhecimentos,
obtidas por meio da experiência com a leitura.
De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica, “o aluno
é o leitor, e como leitor é ele quem atribui significados ao que lê, é ele quem
traz vida ao que lê, de acordo com seus conhecimentos prévios, linguísticos, de
mundo” (Diretrizes Curriculares da Educação Básica, 2008, p. 75). Assim, o
educador deve partir da recepção dos alunos para, em seguida, aprofundar a
leitura e propiciar a ampliação dos horizontes de expectativas dos mesmos.
2. MATERIAL DIDÁTICO
Objetivo: Proporcionar ao aluno a experiência de leitura em que possa analisar
a questão da desigualdade social e o seu papel como cidadão capaz de
transformar a realidade a sua volta.
1ª Etapa: Determinação do horizonte de expectativas
Material necessário:Charges disponíveis em:http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=388&evento=6
http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=23&evento=6
Professor:O objetivo desta unidade será conhecer a opinião e o posicionamento dos
alunos a respeito do tema desigualdade social. Para tanto, leve para a sala de
aula as charges abaixo e a partir das questões explore o gênero e o tema.
Charge 1
Fonte: www.diaadiaeducaçao.pr.gov.br
Charge 2
Fonte: www.diaadiaeducaçao.pr.gov.br
Para conversar:1) O que vocês sabem sobre charges?
2) Em que suportes textuais as charges são veiculadas?
3) A charge é composta por que tipos de linguagens, verbais ou não-
verbais?
4) Qual a importância de cada uma dessas linguagens para os efeitos de
sentido?
5) Qual é o tema de cada charge acima?
6) Que sentimento suscita em você essas imagens?
7) Observem as imagens utilizadas nas charges acima. O que as imagens
têm em comum?
8) Qual é a realidade social representada pelas charges?
9) E você o pensa sobre esse assunto?
Sugestões de mais imagens:http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/07/desigualdade-social.jpg
2ª Etapa: Atendimento ao horizonte de expectativas
Material necessário:Notícias de jornais (em número suficiente de acordo com o número de grupos).
Professor:O objetivo desta unidade será proporcionar a leitura de textos que atendam ao
horizonte de expectativas dos alunos em relação ao tema desigualdade social.
1 - Leve para a sala de aula notícias sobre o tema desigualdade social.
Procure levar notícias de diferentes jornais (Folha de São Paulo, Gazeta do
Povo, Tribuna do Paraná, etc.), pois é importante mostrar que os diferentes
jornais e revistas trabalham com diferentes óticas, tem um público alvo
diferente, atendem a diversos interesses, falam de diversos lugares sociais.
2 - Divida a turma em equipes para realizar a leitura e responder as questões
com o objetivo de explora o tema e também o gênero textual.
3 - Realize um debate abordando as diferentes notícias sobre desigualdade
social e também os diferentes enfoques de cada jornal.
Observação: Não apresentei exemplos desse gênero por entender que é mais
oportuno que o professor leve para a sala de aula notícias atuais.
Para compreender o gênero:1) As notícias, geralmente, relatam acontecimentos recentes e que
despertam o interesse do leitor. Em que suportes são veiculadas as
notícias?
2) Uma notícia geralmente compõe-se de duas partes: lead e corpo. O lead
é a parte que apresenta um resumo de poucas linhas, contendo as
informações mais importantes, como: o quê (fato), quem (pessoa,
animal, objeto), quando (tempo), onde (lugar), como e por quê. Releia o
primeiro parágrafo da notícia do seu grupo e identifique:
a) o fato principal:
b) as pessoas envolvidas no fato:
c) quando ocorreu o fato:
d) o lugar onde aconteceu o fato:
e) como aconteceu o fato:
f) por que o fato aconteceu:
3) O corpo da notícia é a parte do texto que amplia o lead, acrescentando
novas informações. Na notícia em estudo, que parágrafos constituem o
corpo?
4) Nas notícias há um cuidado especial com o título, pois ele pode motivar
o leitor a ler o texto. O título da notícia despertou a vontade do grupo
para ler o texto? Por quê?
5) O título apresenta verbo? Qual é o tempo verbal?
6) Por que você acha que o redator utilizou o verbo neste tempo verbal?
7) Qual o assunto da notícia que você leu? Qual é a sua relação com o
tema?
8) Qual a opinião do grupo a respeito do tema?
Compartilhando com o grupo:Em seguida, cada grupo poderá apresentar (contar e não ler) a notícia que leu,
compartilhando com o grande grupo as informações principais.
A partir das apresentações, questionar a relação das notícias com
o tema, enfocando: quais as causas e também as
consequências das desigualdades sociais.
O professor deve destacar a relação de cada texto lido com o tema da
desigualdade social.
Para casa:Como tarefa de casa o professor pode pedir para que os alunos tragam
notícias da sua cidade, para produzir um “jornal-mural” com os recortes.
3ª Etapa: Ruptura do horizonte de expectativas
Material necessário:Conto “O bife e a pipoca”, de Lygia Bojunga
Poema “Além da imaginação”, de Ulisses Tavares.
Cartolinas, tesouras, colas e revistas para recorte.
Professor:O objetivo desta unidade será propiciar a leitura de textos que possam causar a
ruptura do horizonte de expectativas em relação ao tema desigualdade social.
Portanto, a sugestão é levar para a sala de aula o conto “O bife e a pipoca”, do
livro Tchau, de Lygia Bojunga.
- Antes da leitura, questione com os alunos as suposições a partir do título.
- Proponha a leitura silenciosa e, em seguida, trabalhe oralmente os aspectos
mais relevantes da narrativa.
- Como se trata de um conto longo, faça pausas para abordar os aspectos que
considerar oportuno. (Sugestão: pedir para os alunos contar o que estava
acontecendo na história ou o que acontecerá)
- O conto “O bife e a pipoca” faz parte do livro “Tchau”. É importante levar para
a sala de aula o livro para que os alunos possam ver a apresentação física da
obra, ler os elementos paratextuais.
- Assim como é importante falar brevemente sobre o autor. E também citar que
há pelo menos três obras da autora disponíveis para a leitura na biblioteca
escolar (Meu amigo pintor, A bolsa amarela, Os colegas)
Observando apenas o título do conto, questione:1) O que o título sugere?
2) Que tipo de história é essa? Sobre o que fala?
3) Quais as relações entre o bife e a pipoca?
Combine com os alunos como será a leitura.1º momento - Capítulo 1: O professor lê em voz alta.
2º momento – Capítulos 2, 3, 4 e 5: Leitura silenciosa e individual.
Intervalo
3º momento – Capítulos 6, 7, 8, 9 e 10 – Leitura silenciosa e individual.
Após o 2º momento de leitura, questionar:1) Quem são os personagens que aparecem até esta parte da história?
2) Quem está narrando a história?
3) Como era o comportamento do Tuca nos primeiros dias na nova
escola? Por que você acha que ele se comportava dessa forma?
4) Como o Rodrigo e o Tuca iniciaram a amizade?
5) Na segunda carta que Rodrigo envia a Guilherme, ele diz que já
descobriu o que quer ser quando crescer. Qual é a profissão? Que
acontecimentos contribuíram para tal descoberta?
6) Ao sair da escola, Tuca ia ajudar um “cara” a lavar carros? Qual a sua
opinião sobre esse trabalho desenvolvido pelo personagem?
7) Você conhece alguma situação parecida com a vivida por Tuca, com
relação ao trabalho?
8) Qual é a importância da descrição do bife, que aparece no capítulo 5,
quando o Tuca está observando dentro do restaurante?
9) “O Tuca era mesmo fraco em matemática: então ele acabou ficando ali
um tempão: querendo calcular quantos carros ele ia ter que lavar para
um dia comer um bife daqueles.” Você já presenciou alguma situação
parecida?
Após o término da leitura do conto:1) Como foi o almoço na casa do Rodrigo? Por que o incidente com o bife
é importante para a história?
2) Quando Tuca derrama a comida no tapete, qual é a atitude da mãe de
Rodrigo?
3) Quando saem da casa do Rodrigo, Tuca diz: “É melhor a gente ficar
aqui por baixo: tá muito calor pra subir o morro”. Você acha que o calor
seria o motivo para o Tuca não querer levar o Rodrigo no morro? Na
sua opinião, qual o verdadeiro motivo?
4) Leia o trecho: “O Tuca foi na frente. Quase correndo. Feito querendo
escapar da discussão que crescia lá dentro dele: um Tuca dizendo que
amigo-que-é-amigo não tá ligando se a gente mora aqui ou lá; o outro
Tuca não acreditando e cada vez mais arrependido da ideia de ir comer
pipoca.” Por que Tuca estava se sentindo assim?
5) Rodrigo tinha ouvido dizer que “na favela era bonito de noite, que as
luzes pareciam estrelas”. O que Rodrigo vai observando ao subir o
morro corresponde com a representação que ele tinha em mente? Por
quê?
6) Como era a casa de Tuca? E a pipoca onde estava?
7) O que Tuca estava querendo esconder de Rodrigo?
8) Por que Tuca empurra Rodrigo na lama?
9) Como é a reação de Rodrigo após o desentendimento com Tuca? Ele
entende por que o amigo o empurrou na lama? Por quê?
10) Como os amigos Tuca e Rodrigo se reaproximaram novamente? Agora
é a vez de Tuca ensinar algo a Rodrigo, o que é?
A partir das questões que os alunos podem responder por escrito ou oralmente,
é importante explorar os seguintes aspectos:
As personificações que aparecem ao longo da narrativa. Como no
período: “O olho do Tuca foi indo pro sanduíche. Quando chegou lá:
quem disse que ia embora?”
O uso da linguagem informal.
Como as cartas que Rodrigo envia a Guilherme se conectam com a
história narrada.
Por que a história se chama “O bife e a pipoca”? O que a autora quer
representar com cada termo?
Quais os três locais principais em que se passa a história de Tuca e
Rodrigo?
Por quais pontos de vista esses espaços foram narrados?
Apesar de ser um texto de ficção há diversas situações que apresentam
problemas da realidade brasileira. Identifique-os:
O destino dado a Tuca e a Rodrigo no final da história poderia ser outro?
Por quê?
As diferenças sociais impediram a amizade de Rodrigo e Tuca?
Sugestão de vídeo: Entrevista com Lygia Bojunga
http://www.youtube.com/watch?v=9KKob3AWnGk
Sugestão de site: Site oficial da autora
http://www.casalygiabojunga.com.br/
Poema:Além da imaginação (Ulisses Tavares)
Tem gente passando fome.
E não é a fome que você imagina
entre uma refeição e outra.
Tem gente sentindo frio.
E não é o frio que você imagina
entre o chuveiro e a toalha.
Tem gente muito doente.
E não é a doença que você imagina
entre a receita e a aspirina.
Tem gente sem esperança.
E não é o desalento que você imagina
entre o pesadelo e o despertar.
Tem gente pelos cantos.
E não são os cantos que você imagina
entre o passeio e a casa.
Tem gente sem dinheiro.
E não é a falta que você imagina
entre o presente e a mesada.
Tem gente pedindo ajuda.
E não é aquela que você imagina
entre a escola e a novela.
Tem gente que existe e parece
imaginação.
Questionar com os alunos:
1) Esse poema faz referência a diferentes problemas sociais. Quais são eles?
2) O eu-lírico faz diversos apelos ao longo do poema. A quem ele se dirige?
3) O que o eu-lírico pretende enfatizar com esses apelos?
4) O que a leitura do poema despertou em você
Em grupo:Após a conversa com os alunos, produzir um mural com as estrofes do poema:
Sugestão: Divida a turma em sete equipes e distribua partes do poema (três
versos) para cada uma produzir um cartaz com recortes ou desenhos,
evidenciado os problemas sociais retratados.
4ª Etapa: Questionamento do horizonte de expectativas
Material necessário:Música: Comida (Titãs)
Letra da música disponível em http://letras.mus.br/titas/91453/
Vídeo da música disponível em http://www.youtube.com/watch?v=hOyt4cwjVns
A música “Comida”, da banda de rock Titãs, foi lançada em 1987, pela
gravadora WEA, no álbum “Jesus não tem dentes no país dos banguelas.”
Professor:O objetivo desta unidade será propiciar a comparação dos textos lidos nas
unidades 2 e 3 (notícia, conto e poema), levando o aluno a perceber não
apenas a diferença estrutural entre os gêneros trabalhados, mas
principalmente a abordagem temática.
Para iniciar o módulo, leve para a sala de aula a música “Comida” dos Titãs;
ouça a música com os alunos, realize a interpretação e explore o significado da
letra.
Após ouvir a música, questionar oralmente com os alunos:
1) Quem está falando na canção?
2) Você já conhecia essa música? Ela fala de quê?
3) Quais as reivindicações presentes na música? Você concorda com tais
reivindicações?
4) O que eu-lírico quer dizer com “A gente não quer só comida/ a gente
quer saída para qualquer parte”?
5) Qual o principal questionamento presente na música?
6) E você tem sede e fome de quê atualmente?
Professor, é importante nesse momento relembrar com os alunos as
notícias, o conto e o poema, analisando como é a estrutura de cada
texto e como cada texto aborda a questão da desigualdade social.
5ª Etapa: Ampliação do horizonte de expectativas
Material necessário:Livro: “Os miseráveis”, de Victor Hugo, adaptação de Walcir Carrasco dos Reis,
disponível para download em:
http://www.foztarquiniosantos.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?c
onteudo=100
Trailer do Musical “Os Miseráveis”, disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=9LRPeJEYAZk
Professor:O objetivo desta unidade será realizar a leitura do livro “Os miseráveis”, de
Victor Hugo, adaptação de Walcir Carrasco dos Reis, levando o aluno a ampliar
o seu horizonte de expectativas em relação ao tema desigualdade social e
solidariedade.
Para finalizar o trabalho com a temática, ainda será realizada uma dinâmica
(abaixo estão as instruções), a análise de um filme, uma pesquisa em grupo e
uma feira da solidariedade.
Para saber mais sobre a obra:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Os_Miser%C3%A1veis
http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/os_miseraveis.html
Para despertar o interesse dos alunos para a leitura do livro, passe o trailer do
musical “Os Miseráveis”.
Em seguida, faça a exposição da biografia do autor e uma breve
contextualização da obra, enfocando a revolução francesa e a pobreza da
França do século XVIII.
Leia o primeiro capítulo em voz alta.
Converse sobre esse início da história e motive-os para realizar a leitura
silenciosa dos próximos capítulos.
Disponibilize um tempo para que os alunos façam a leitura de pelo menos mais
dois capítulos em sala.
Após um intervalo de, no mínimo, duas semanas, faça a análise da obrajuntamente com os alunos:
Converse com a classe sobre quem são e como vivem os miseráveis do
livro.
Mostre um mapa-múndi, indicando a França e destacando sua distância
do Brasil.
Divida a classe em grupos e peça que descrevam, por escrito, a
personalidade de Jean Valjean, exemplificando com trechos do livro.
Qual foi o acontecimento que provocou uma mudança no
comportamento de Jean Valjean, quem a provocou e como?
Em quais episódios da sua vida Valjean escutou a sua consciência antes
de agir?
Quais os temas abordados na obra, você os identifica nos dias de hoje?
Após a análise do livro, é possível perceber que, graças à compreensão e à
generosidade do Monsenhor Benvindo, Jean Valjean se transforma. Neste
momento, convide os alunos para realizar a seguinte dinâmica:
Dinâmica: Pedir para formarem um círculo e virarem de costas. Colar um
adesivo com cores variadas nas costas de cada um. Ex.: Um aluno recebe a
etiqueta vermelha, outro a verde, outro a amarela e outro a azul. Vai repetindo
o processo até que todos fiquem marcados. (O número de cores diferentes
deve corresponder ao número de equipes que se pretende formar).
Pedir que virem de frente e diga que a cidade vai sofrer um atentado terrorista,
mas existem quatro abrigos (ou o número de equipe) para nos protegermos
temos que nos dirigir para o abrigo certo, mas não podemos ver qual é a nossa
cor e muito menos falar para o outro a cor dele.
Solução: Um levar o outro no abrigo.
Reflexão: A importância de cada um ajudar o outro. Participação e
solidariedade.
Questionar com os alunos:
Como foi a dinâmica? O que sentiram ao saber que precisavam chegar
ao abrigo, mas não sabiam?
Quem tomou a iniciativa de levar o colega? Por que o fez?
Quem se preocupou só consigo mesmo?
Quem pensou no próximo?
O que essa dinâmica tem a ver com o tema que estamos estudando?
Explicar, a partir de slides, o que é alteridade:
Alteridade (alter = outro): o mesmo que se interessar ou se preocupar com o
outro. Numa sociedade regida pelo dinheiro, pela competição e pelo
individualismo, como a nossa, pode alguém dedicar momentos de sua vida ao
outro? Será que ainda há neste mundo espaço para a solidariedade e a
ternura?
Após a discussão sobre a dinâmica e a definição de alteridade, passe o filme
“A Corrente do bem”.
Sinopse do filmeO filme “A Corrente do bem” é a história de um garoto que acredita conseguir
melhorar o mundo em que vivemos.
Eugene Simonet (Kevin Spacey) é professor de Estudos Socias em uma escola
típica americana, com problemas de violência e bullying. Trevor (Haley Joel
Osment) sofre com o alcoolismo de sua mãe (Helen Hunt) e o abandono de
seu pai. O professor Simonet propõe um desafio aos alunos: pensar em algo
para melhorar o mundo e colocar em ação.
Diante das ideias infantis, porém comuns a estudantes do 8º ano, Trevor
apresenta uma ideia um tanto quanto inteligente. Até mesmo Simonet fica
surpreso. Considerando que se uma pessoa ajudar 3 pessoas, essas 3
pessoas ajudarem outras 3 pessoas, e assim por diante, o mundo poderá ser
muito melhor para se viver. Trevor colocou sua teoria em prática. Ajudou um
morador de rua, viciado em drogas, oferecendo comida e um lar para dormir.
Claro, sem que sua mãe percebesse. Mas não foi difícil, já que sua mãe era um
tanto ausente, trabalhando em dois lugares diferentes para sustentar seu vício
e o filho que tanto amava. O engraçado é que a teoria dá certo e ganha
proporções estrondosas, ganhando a atenção da mídia e de um jornalista em
especial, que beneficiado com “A corrente do bem” busca saber onde tudo
começou.
Após assistir ao filme, analisar:1) Enquanto aluno, você se preocupa em realizar as atividades escolares
propostas por seus professores? Justifique.
2) Imaginando que a mesma atividade do filme fosse proposta a você,
como encararia? Que ideia você poderia propor?
3) Se essa corrente chegasse até você, passaria adiante? Quais de seus
problemas gostaria de ver resolvidos com a corrente? Quais problemas
de outras pessoas gostaria de resolver?
4) Comente a seguinte frase retirada do filme: "Mas é difícil pra quem se
acostumou com as coisas como elas são. É difícil mudar. Então as
pessoas desistem. Quando isso acontece todo mundo sai perdendo".
5) Ao ser questionado sobre o ele faz para melhorar o mundo, o professor
diz que “ a sua ação para melhorar o mundo é acordar cedo, tomar café,
ir ao trabalho, chegar no horário e passar a “bola” aos alunos”. Você,
enquanto aluno, faz o quê com essa “bola”?
Após a análise do filme, pergunte para os alunos quem eles consideram
pessoas que fizeram a diferença na família, na escola, no bairro, na cidade, no
país e no mundo.
Após esse levantamento, peça que os alunos pesquisem individualmente a
biografia de pessoas que fizeram a diferença no mundo. Nas aulas seguintes
deverão apresentar para os demais.
Sugestões de personalidades para pesquisa:
Martin Luther King
Madre Tereza de Calcutá
Nelson Mandela
Zilda Arns
Betinho
Gandhi
Após as apresentações, realize um debate a partir das questões abaixo:
- Boas ações como as apresentadas no filme podem mudar o mundo para
melhor?
- O problema da injustiça social pode ser resolvido apenas com boas ações, o
que mais interfere para termos uma sociedade mais justa e igualitária?
- A partir das leituras realizadas, quais as principais consequências das
desigualdades sociais?
É importante salientar que não é só com ação social que vamos diminuir a
desigualdades sociais. Mas que a solidariedade e a alteridade são
extremamente necessárias numa sociedade como a nossa.
A partir disso, propor a realização de uma feira da solidariedade, que pode ser
para arrecadar alimentos e agasalhos para famílias carentes.
Toda a feira será organizada pela turma.
3 ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
Atualmente, a escola tem uma ampla possibilidade de trabalho com a
literatura, pois há inúmeras publicações voltadas para o público em idade
escolar. No entanto, é necessário, ao realizar tais escolhas, que a escola tenha
como finalidade, tanto a formação do gosto pela leitura nos alunos quanto para
formação da consciência crítica frente à leitura de textos literários.
Os textos selecionados para essa unidade didática obedecem a tais
pressupostos, pois se pretende, por meio da orientação de leitura, não apenas
despertar o gosto pela leitura mas também promover a formação do senso
crítico. Ao escolher os textos optou-se por trabalhar com diversos gêneros
textuais: charges, notícias, conto, poema, música e a adaptação de um clássico
da literatura universal.
As estratégias de ação que foram utilizadas nesta unidade didática tem
como foco o incentivo à leitura pelos alunos do 9º ano do Colégio Estadual
José Ermírio de Moraes, no munícipio de Rio Branco do Sul, Estado do Paraná.
A presente unidade didática está dividida em etapas, de acordo com o
Método Recepcional de Bordini e Aguiar. Em cada etapa há um boxe com
orientações para o professor.
Para determinar o horizonte de expectativas é importante que o
professor perceba, durante a análise das charges, qual é a opinião dos alunos
a respeito da questão da desigualdade social para que possa selecionar
notícias que atendam ao horizonte de expectativas dos alunos.
É importante salientar que a narrativa “O bife e a pipoca”, um dos quatro
contos do livro Tchau (1984) de Lygia Bojunga, possibilita pensar sobre a
função social da literatura, pois traz temas que intrigam o leitor, como a
desigualdade social, o alcoolismo, o trabalho infantil, a pobreza e a fome.
Portanto, o trabalho com esse conto, juntamente com o poema “Além da
imaginação”, de Ulisses Tavares, é de extrema importância para alcançar a
finalidade do projeto, causando a ruptura com o horizonte de expectativas dos
alunos.
“Os miseráveis”, de Victor Hugo faz parte dos grandes clássicos da
literatura universal e foi publicado pela primeira vez, na França, em 1862. É
uma história de forte cunho social, pois nos mostra como uma pessoa pode se
transformar graças à ação de outra. Portanto, a leitura e a análise podem
possibilitar a ampliação do horizonte de expectativas dos alunos.
É interessante estabelecer uma parceria com o professor de história,
para ajudar a realizar uma contextualização histórica, já que a narrativa se
passa na França no século XVIII.
Todas as sugestões propostas ao longo desta unidade didática são
apenas referenciais, pois o trabalho com o texto literário depende da recepção
de leitura dos alunos. Assim, a sugestão é utilizar as estratégias de acordo com
a realidade dos seus alunos: suprimindo, acrescentando, mudando,
aprimorando...
Fiquem à vontade e bom trabalho.
4 REFERÊNCIAS
BORDINI, Maria da Glória; AGUIAR, Vera T. de. Literatura a formação doleitor: alternativas metodológicas. 2. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.
CANDIDO, Antonio. A literatura e a formação do homem. São Paulo: Ciência
e Cultura; v. 24, p. 803-809, 1972.
COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. 1. ed. São Paulo:
Contexto, 2009.
HUGO, Victor. Os miseráveis. Tradução e adaptação de Walcyr Carrasco. 1.
ed. São Paulo: FTD, 2002.
JAUSS, Hans Robert et al. A literatura e o leitor: Textos da Estética da
Recepção. Coord. e Trad. Luis Costa Lima. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
p. 43-82.
NUNES, Lygia Bojunga. O bife e a pipoca. In:______. Tchau. 4. ed. Rio de
Janeiro: Agir, 1989.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares deLíngua Portuguesa para a Educação Básica. Curitiba, 2006.
SILVA, Ezequiel T. Elementos de Pedagogia da Leitura. 3. ed. São Paulo:
Martins Fontes, 1998.
ZILBERMAN, Regina. Estética da Recepção e História da Literatura. São
Paulo: Ática, 1989.