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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

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Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica Turma 2013

Título: Ensina-se demais, aprende-se de menos: relações psicossociais necessárias entre o sujeito que ensina, o que aprende e o conhecimento

Autora: Sonia Maria Negrini Parmezan

Disciplina/Área Pedagogia

Escola de Implementação do Projeto e sua localização

Colégio Estadual Miguel Dias E.F.M.

Município da escola: Joaquim Távora

Núcleo Regional de Educação Jacarezinho

Professor Orientador Marivete Bassetto Quadros

Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP

Relação Interdisciplinar

Resumo

A proposta de Intervenção Pedagógica tem por objetivo aproximar os conhecimentos da neurociência para a prática pedagógica enquanto ao ensino aprendizagem e relações psicossociais entre professores e alunos. A neurociência em estudos recentes aponta importantes teorias sobre o funcionamento do cérebro, a necessidade da criação de vínculos emocionais entre o sujeito que ensina e o sujeito que aprende. Em tempos de grandes transformações faz-se necessário um continuo informar-se e formar-se para aderir novos conhecimentos sobre a prática. É neste processo de ir e vir que se fundamenta a Unidade Didática, promovendo ação reflexão por meio de Grupo de estudos, sobre o processo de ensinar e aprender num movimento dialético entre teoria e prática, ambas sendo analisados cientifica e criticamente viabilizando a construção de estratégias que efetivem uma educação de qualidade e transformadora.

Palavras-chave Neurociência. Ensino. Aprendizagem. Práxis Pedagógica.

Formato do Material Didático Unidade Didática

Público

Professores PDE do Colégio Estadual Miguel Dias E.F.M.- Joaquim Távora - Paraná

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ – SEED

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE

PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA

PROFESSOR PDE – TURMA 2013

SONIA MARIA NEGRINI PARMEZAN

ENSINA-SE DEMAIS, APRENDE-SE DE MENOS: RELAÇÕES

PSICOSSOCIAIS NECESSÁRIAS ENTRE O SUJEITO QUE

ENSINA O QUE APRENDE E O CONHECIMENTO

JACAREZINHO – PR

2013

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SONIA MARIA NEGRINI PARMEZAN

ENSINA-SE DEMAIS, APRENDE-SE DE MENOS: RELAÇÕES

PSICOSSOCIAIS NECESSÁRIAS ENTRE O SUJEITO QUE

ENSINA O QUE APRENDE E O CONHECIMENTO

Produção Didática Pedagógica apresentada à Secretaria de Estado de Educação do Paraná, Departamento de Polít icas e Programas Educacionais, Coordenação Estadual do PDE, para o cumprimento do primeiro Período do Plano Integrado de Formação Continuada.

Orientadora: Profa. Me. Marivete Bassetto de Quadros (UENP/CCHE/CJ).

JACAREZINHO – PR

2013

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1 APRESENTAÇÃO

A unidade didática parte do PDE, ensina-se demais aprende-se de

menos:relações psicossociais necessárias entre o sujeito que ensina, o que aprende

e o conhecimento, tem por objetivo Aproximar os conhecimentos da neurociência

para a prática pedagógica e nas relações psicossociais, entre professores e alunos

com a mediação do pedagogo na escola, Contando que a educação está

intimamente ligada ao conhecimento e este, as evoluções biológicas e neurológicas

do ser humano, e não se separam, é de suma importância que o professor, sujeito

responsável por mediar os conhecimentos, seja um profissional competente na sua

disciplina, bem como nos processos realizados a nível psicológico de como o aluno

aprende envolvendo conhecimentos como se processam as informações no cérebro

humano, o que é necessário estimular para que a aprendizagem ocorra, já que,

conhecer como o cérebro funciona na aprendizagem e na informação, pode facilitar

tanto o ato de aprender como o ato de ensinar.

Além de todos os conhecimentos que o professor precisa ter em relação aos

conteúdos de sua disciplina, ainda é necessário que tenha conhecimento de como o

cérebro funciona. O professor necessita desses conhecimentos, o funcionamento do

complexo cérebro-mente interessam à sociedade como um todo. Ao professor, em

formação inicial ou continuada, a aquisição de conhecimentos de neurociência o

habilita a motivar, a ensinar e a avaliar o seu aluno num formato compatível com o

funcionamento cerebral. Conhecer como se dá esse processo facilita a

aprendizagem, pois possibilita conhecer o estilo de aprendizagem de cada um, suas

dificuldades, e a partir dessas desses conceitos, mediarem o ensino para que todos

se apropriem do conhecimento transformando-o de acordo com as necessidades

sociais e culturais. Segundo Bransford (2007) a história nos conta:

Trinta anos atrás, os educadores prestavam pouca atenção ao trabalho dos cientistas cognitivos, e os pesquisadores do nascente campo da ciência cognitiva trabalhavam bastante afastados das salas de aula. Atualmente, os pesquisadores cognitivos estão dedicando mais tempo ao trabalho com os professores, testando e refinando suas teorias em salas de aula reais, onde podem ver como os diversos ambientes e as interações nas salas de aula influenciam as aplicações das suas teorias. Hoje, o que talvez seja mais extraordinário são as diversas abordagens e técnicas de

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pesquisa que foram desenvolvidas, e a maneira pela qual começam a convergir as descobertas provenientes de ramos muito distintos da ciência (BRASFORD, 2007, p 19).

A neurociência atrelada à pedagogia pode hoje comprovar diferentes

princípios de aprendizagem, os estudos em laboratório comprovam que quando

ocorre uma aprendizagem, há modificação na estrutura cerebral, a compreensão

dessas mudanças possibilita um caminhar ao encontro do que nós educadores e a

sociedade em geral espera do sistema educacional. Some-se a isso o comentário de

Fonseca (2009):

Compreendendo como tais processos evoluem e se interrelacionam sistemicamente no cérebro, estaremos certamente mais próximos do que são efetivamente as funções cognitivas da aprendizagem, podendo, por esse meio, identificar os obstáculos que a bloqueiam ou prevenir disfunções ou dificuldades (ou descapacidades) que a impedem de florescer (FONSECA, 2009, p. 62).

Saber não se reduz a receber informações para serem repetidas, é sim a

capacidade de utilizar essas informações em diferentes contextos. Diante dos muitos

meios de informações e no ritmo em que é produzida hoje, a escola não pode mais

ter a concepção de redentora do conhecimento, isso é praticamente impossível, seu

papel então passa a ser o de proporcionar méis para que a partir de conhecimento

básicos cada aluno promova o seu desenvolvimento. A propósito descreve

Bransford (2007).

Nos primeiros anos do século XX, a educação focalizava a aquisição das habilidades de letramento: leitura, escrita e cálculos básicos. Para os sistemas educacionais, a regra geral não era treinar as pessoas para pensar e ler criticamente, para se expressar com clareza e de modo convincente, para solucionar problemas complexos de ciência e matemática. Hoje em dia, esses aspectos do letramento avançado são exigidos de quase todos, para que possam lidar com sucesso com as complexidades da vida contemporânea

(BRANSFORD, 2007, p. 20). .

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A partir desse pressuposto da psicologia o a aprendizagem passa a ser

pensada não como fim, mas como processo, neste sentido Saviani (2008) pontua:

Ao professor cabe o papel de acompanhar os alunos auxiliando-os em seu próprio processo de aprendizagem. O eixo do trabalho pedagógico desloca-se, portanto, da compreensão intelectual para a atividade prática, do aspecto lógico para o psicológico, dos conteúdos cognitivos para os métodos ou processos de aprendizagem, do professor para o aluno, do esforço para o interesse, da disciplina para a espontaneidade, da quantidade para a qualidade. Tais pedagogias configuram-se como uma teoria da educação que estabelece o primado da prática sobre a teoria. A prática determina a teoria. Esta deve se subordinar àquela, renunciando a qualquer tentativa de orientá-la, isto é, de prescrever regras e diretrizes a serem seguidas pela prática e resumindo-se aos enunciados que vierem a emergir da própria atividade prática desenvolvida pelos alunos com o acompanhamento do professor. Essa tendência ganha força no início do século XX torna-se hegemônica sob a forma do movimento da Escola Nova, até o início da segunda metade desse século e, diante das contestações críticas que enfrenta, assegura seu predomínio assumindo novas versões, entre as quais o construtivismo é, provavelmente, a mais difundido na atualidade (SAVIANI 2008, p. 2).

Perceber o aluno como sujeito psicossocial, é a vertente predominante nas

teorias educacionais contemporâneas, que defendem uma educação, não

reprodutora, mas, construtora de conhecimentos onde o aluno é concebido como

pessoa capaz de atuar crítica e conscientemente na sociedade, a escola não é

apenas uma mera transmissora dos conhecimentos sistematizados.

Os estudos neurocientíficos ainda é uma experiência nova, mas já contribui

em muito para compreensão do processo de aprendizagem, fornecendo dados

científicos do que é comum a todos os cérebros, de como se processa o

conhecimento no cérebro, os meios mais eficazes para uma aprendizagem

duradoura, os sentimentos envolve a aprendizagem. Mesmo ainda não tendo mais

perguntas que respostas a neurociência já uma grande aliada da pedagogia

sugerindo caminhos para educação melhor para todos.

A Unidade Didática que aqui se apresenta e para você professor, pensar

maneiras de desenvolver inteligências nos estudantes na sala de aula, por meio de

como o cérebro funciona em suas diferentes dimensões, biológicas, psicológicas,

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sociais e ambientais e assim promover uma educação escolar duradoura e

transformadora.

2 MATERIAL DIDÁTICO E ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS

ATIVIDADES

2.1 APRESENTAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO

2.2.1 Aplicação do Questionário

a) Você tem dificuldades com a aprendizagem dos alunos?

b) Quais os estudos que já realizou para vencer as dificuldades em sala

de aula?

c) Que relação você estabelece entre memória e aprendizagem?

d) A motivação e importante para uma aprendizagem efetiva?

e) Quais os recursos que você utiliza em sala de aula para motivar a

aprendizagem?

f) Você acompanha os estudos científicos sobre como o cérebro

aprende?

2.3.1 Elaboração de Plano de Trabalho Docente

a) Para termos dados concretos sobre o a importância da neurociência no

processo de aprendizagem, peço que cada professor elabore um Plano de

Trabalho Docente de um conteúdo que estejam trabalhando e que

considerem importante para a construção de novos conhecimentos.

Apliquem e avaliem este conteúdo com seus alunos, da maneira que

estão habituados a fazer. Tragam este material para juntos analisarmos no

próximo encontro.

b) Critérios para análise da atividade realizada:

O conteúdo foi aprendido?

Que metodologia utilizou para aplicação do conteúdo?

Houve interação entre os alunos na execução das atividades?

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Como estava o ambiente na sala de aula no momento da aplicação do

conteúdo?

Você professor forneceu informações contextuais do conteúdo?

Motivou os alunos na busca de conexões deste conhecimento com outros

já adquiridos?

Quais estratégias que foram utilizadas para fixação do conteúdo?

PS: Esta análise será arquivada para posterior comparação de dados.

3. ESTUDO E DISCUSSÃO DE TEXTO

3.1 NEUROCIÊNCIA

Os primeiros estudos sobre o cérebro que se tem registro vêm de sete mil

anos, mas, é no final do século XX, anos noventa, que as pesquisas neurocientíficas

tomam corpo, juntamente com outras ciências e os diferentes e meios tecnológicos

deu-se uma verdadeira revolução sobre o funcionamento do cérebro,permitindo

compreender o comportamento humano. A difusão destes conhecimentos

ultrapassou os muros da Universidade tornando a neurociência assunto de interesse

social.

Conhecer como o cérebro funciona em cada atividade cotidiana e

principalmente as atividades de aprendizagens, atributos da neurociência nos dá a

base do aprendizado, como o cérebro realiza conexões, como forma memórias, a

importância da motivação na formação de habilidades, talentos. A neurociência

estuda o que há por traz do que fazemos o que somos.

A fusão entre neurociências e pedagogia, sendo a primeira a ciência do

cérebro, e a segunda do ensino e da aprendizagem, são interdependentes, pois é

no cérebro que se processa a aprendizagem e por meio desta o cérebro é ativado

para diferentes sinapses, promovendo o conhecimento.

O cérebro humano transforma-se constantemente durante a vida, adaptando

ao meio social, pois desde o nascimento, o ser humano tem capacidade para

aprender, embora estas aprendizagens tenham intensidade diferente durante o

desenvolvimento, são possíveis em qualquer idade.

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O desenvolvimento humano e as construções mentais realizadas, são

influenciadas pela cultura, tudo o que fazemos deixa marcas no cérebro e este se

modifica de acordo com as experiências em tempo real bem como nas expectativas,

previsão do futuro.

As transformações mais significativas no cérebro acontecem no nascimento e

na adolescência, onde partes dos sessenta bilhões de neurônios são eliminados de

acordo com a necessidade, o que não é utilizado é eliminado, dando espaço para

diferentes conexões por meio da aprendizagem. As conexões neurais são mais

rápidas no inicio do desenvolvimento, pois há muitas informações a serem

processadas, aprendidas, modificando o cérebro.

A neurociência constrói respostas diferentes daquelas postas pela visão

cartesiana que fundamentou o pensamento cientifico, conforme Houzel o cérebro

possui um sistema para atribuir valores ás ações realizadas, expressas pela

emoção, que é como o corpo avalia a informação recebida positiva ou

negativamente, quando positiva o cérebro entende que a ação deve ser repetida, em

termos de aprendizagem a emoção estabelece conexões para estar sempre

aprendendo, pois, “[...] o aprendizado é um estímulo poderoso para o cérebro”

(HOUZEL, s/d).

3.2 COMPREENDENDO COMO O CEREBRO FUNCIONA NA

APRENDIZAGEM

O cérebro desprezado pelos egípcios e assírios na antiguidade, tido como

resfriador do sangue para Aristóteles, tornou-se modernidade o principal órgão do

corpo humano. Formado por bilhões de neurônios, responsáveis por conduzir os

estímulos, através do axônio as sinapses por meio de uma substancia química, um

neurotransmissor que ativa outras células podendo excitá-las ou inibi-las.

Outro fator digno de nota é que a maioria dos axônios encontrados em nosso sistema nervoso tem um envoltório de mielina. O axônio é prolongamento através do qual o neurônio conduz a informação que eventualmente será transmitida a outras células sendo a velocidade dessa informação um dado importante (COSENZA, 2011, p.13).

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O cérebro na sua parte externa é constituído pelo córtex cerebral, contendo

bilhões de neurônios, que são encarregados das funções da linguagem, da

memória, do raciocínio, do planejamento, denominadas funções superiores. “O

córtex cerebral costuma ser dividido em grandes regiões, denominadas lobos, que

tem nomes correspondentes aos ossos do crânio que os cobrem. Temos então os

lobos frontal, parietal, temporal e ociptal”. (COSENZA, 2011, p. 18). Cada uma

dessas partes é responsável por uma sensação.

Por meio do córtex cerebral que percebemos as diferentes sensações que

chegam do mundo externo, ou seja, é por meio das informações sensoriais que

conhecemos o que se passa ao nosso redor.

O sistema nervoso humano inicia seu desenvolvimento nas primeiras

semanas de vida após a concepção, produzindo um grande numero de neurônios

que irão com o tempo sendo descartados e outras conexões sendo formadas de

acordo com a aprendizagem e a necessidade.

Quadro 1 - A vida cerebral

Idade Transformações

Concepção ao nascimento

O cérebro inicia seu desenvolvimento a partir da 3 semana após a concepção. Por meio de um refinado mecanismo o feto interage com seu corpo e com o mundo externo

Infância 0 a 5 anos

O cérebro continua crescendo atingindo 90% do tamanho que terá na vida adulta. Neurônios em excesso são descartados. As células cerebrais vão se adaptando promovendo habilidades de comunicação, por volta dos ter anos a estrutura cerebral básica é concluída.

Infância 5 a 10 anos

Grande desenvolvimento dos lobos parietal e temporal, responsáveis pela linguagem e relações espaciais. O tronco encefálico será revestido pela mielina, processo vital para a atenção.

Puberdade 10 a 13 anos

A substancia cinzenta atinge seu ápice no lobo frontal, que regula o planejamento e o controle de impulsos e raciocínio. Forte crescimento dos hormônios sexuais.

Adolescência 13 a 20 anos

Vias neurais vão sendo podadas, o cérebro vai encolhendo a partir desta idade perde 2% de seu peso a cada década. Nesta fase se desenvolvem os lobos parietal e temporal, associados às áreas espacial, sensorial, auditiva e linguagem, desta forma o cérebro esta pronto para lidar com desafios sociais e intelectuais.

Idade adulta 20 a 30 anos

O processamento de informação começa a desacelerar, os impulsos são transmitidos de forma mais lenta, porem é aos 30 anos que o córtex cerebral, fundamental no pensamento e avaliação das consequências das ações estará completamente desenvolvido, possibilitando funções executivas aperfeiçoadas.

Aprendizado, memória, planejamento entre outros processos torna-se mais lentos, os estímulos são mais

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Meia idade 30 a 60 anos demorados, porem o cérebro é capaz de combater o

envelhecimento compensando as funções em declínio com o intuito de fortalecer os processos de pensamento e memória.

Terceira idade 60 a 100 anos

O cérebro envelhece porem este envelhecimento pode ser desacelerada com exercícios físicos, atividade intelectual alimentação saudável entre outros.

Fonte: Revista NEUROEDUCAÇÃO (2012)

Em todo esse processo de desenvolvimento é de suma importância a

interação com o ambiente é este que vai permitir a formação de conexões nervosas,

por meio de aprendizagens, já que a grande maioria de nosso comportamentos são

aprendidos e não programados pela natureza. Dentre todo esse processo de

crescimento do sistema nervoso dois momentos são particularmente importantes,

conforme (COSENZA, 2011, p. 36), o primeiro no nascimento, onde ocorre “um

ajuste quanto ao numero de neurônios que serão realmente utilizados”; o segundo

momento ocorre na adolescência, “quando um grande rearranjo tem lugar, havendo

um acelerado processo de eliminação de sinapses, um ‘desbastamento sináptico ’,

que ocorre em diferentes regiões do córtex cerebral.

O que se pode afirmar é que o cérebro é flexível, capaz de aprender durante

toda a vida, o envelhecimento e a degeneração natural são irreversíveis, mas por

conta da plasticidade diferentes mecanismos são acionados para compensar o

processo de envelhecimento.

O cérebro humano não se desenvolve apenas filogeneticamente, a partir da

década de 1970 ( ANDRADE; BUENO apud MELO, 2005, p.147) postula-se que o

comportamento é influenciado por sistemas “fechados e abertos”. Os sistemas

fechados não sofrem alterações com as experiências pessoais, já o sistema aberto

são influenciados pela relação do individuo com o meio ambiente, como é o caso

das mais importantes aprendizagens que nos torna humanos, a linguagem.

A cognição, o conhecimento, possui bases biológicas, químicas, psicológicas

e culturais. A base biológica em diferentes estudos sobre o funcionamento do

cérebro refere-se ao conceito de plasticidade cerebral.

Desenvolvimento, aprendizagem, plasticidade conforme Muszkat (2005), são

transformações que ocorrem no ser humano e estão intrinsecamente ligadas. “o

binômio cérebro – meio ambiente estabelece um aprendizado unificado, uma via de

duas mãos em que o desenvolvimento do próprio substrato neurobiológico depende

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de sua contextualização” (MUSZKAT apud MELO 2005. p. 29). A criança com um

desenvolvimento saudável terá uma integridade funcional do cérebro, aprendendo

atividades complexas como linguagem atenção memória, bem como a flexibilidade

adaptativa ao meio.

O desenvolvimento e a plasticidade cerebral, embora atuem de maneira complementar, podem ser vistos enquanto sistemas interdependentes. O desenvolvimento cerebral normal segue seus passos de acordo com o curso maturacional determinado geneticamente, mas com flexibilidade suficiente para criar adaptações funcionais e estruturais para impedir ou minimizar o impacto de insultos neurais sobre as funções comportamentais. A plasticidade cerebral entendida neste contexto, é vista enquanto uma propriedade mais reativa do que propriamente ativa do sistema neural imaturo (MUSZKAT apud MELO, 2005, p. 41).

Durante a vida o cérebro não apenas desenvolve novas capacidades como

também elimina grande parte dos neurônios, possui um sistema de seleção, o que

não é utilizado ele descarta, se não fosse assim com todas as informações e

aprendizagens que temos em um curto espaço de tempo seria suficiente para

explodir nosso cérebro.

A plasticidade, fazer e desfazer conexões entre as células nervosas é a base

da aprendizagem e permanece por toda a vida, diminui com o passar dos anos,

exigindo mais tempo para que ela ocorra, dessa forma pontua Cosenza:

A aprendizagem é consequência de uma facilitação da passagem da informação ao longo das sinapses. [...] mesmo sem a formação de uma nova ligação, as já existentes passam a ser mais eficientes, ocorrendo o que já podemos chamar de aprendizagem. Para que ela seja mais eficiente e duradoura, novas ligações sinápticas serão construídas, sendo necessário, então, a formação de proteínas e de outras substancias. Portanto trata-se de um processo que só será completado depois de algum tempo (COSENZA, 2011, p. 38).

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A aprendizagem se traduz então pelas ligações das células nervosas, é um

processo individual, exige tempo e energia para se manifestar, assim professores

podem facilitar o processo propiciando estimulando a atenção e memória.

3.3 ASPECTOS SOCIOCULTURAIS NA COGNIÇÃO

Além do desenvolvimento filogenético o desenvolvimento é influenciado pelo

ambiente já na vida intra uterina, antes mesmos das pesquisas da neurociência

tomarem corpo, demonstrando o funcionamento do cérebro na aprendizagem, e

serem difundidas no meio educacional, o tema já foi e é difundido por meio da teoria

histórico cultural de Vigotsky .

Vigotsky dedicou seus estudos ao que o mesmo chama de funções

psicológicas superiores, parte do cérebro responsável pelo controle consciente do

comportamento, atenção e memória voluntária, pensamento abstrato e raciocínio,

permitindo a cada individuo independência, autonomia e principalmente consciência,

todas estas funções são aprendidas por meio das relações que o sujeito estabelece

com o meio ambiente. Andrade e Bueno citam que para o autor,

Estas funções – linguagem, memória, pensamento, entre outras – se organizam e se desenvolvem no compasso da socialização da pessoa, isto é, a partir da internalização de formas socioculturais de comportamento, estabelecidas pelo grupo ao redor do individuo, diferente de processos psicológicos elementares, de origem biológica e não exclusivamente humana, como os reflexo. Esta idéia assinala que o desenvolvimento das funções mentais humanas não são imutáveis nem universais, nem passivas, nem independentes do contexto sócio – histórico - cultural do qual o individuo faz parte. (ANDRADE; BUENO apud MELO 2008, p. 153).

Percebendo o cerebro como um sistema aberto, que se desenvolve ao longo

da vida, diferente e individualmente em cada espécie, Vigotsky percebe que há

mediadores entre os homens, que chama de signos, (linguagem) e destes com o

mundo (trabalho) encontrados apenas nos humanos, e são responsáveis pelo

desenvolvimento da funções superiores. Diferentemente de Piaget, que apresenta

sua teoria concomitante a de Vigotsky, onde para o primeiro a criança necessita

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desenvolve-se para aprender, conforme descreve Andrade e Bueno (2005), para

Vigotsky, a aprendizagem precede o desenvolvimento.

A interação com membros mais experientes seria responsável pela incorporação de formas de comportamentos já estabelecidas. Quanto maior a experiência do individuo que lida com a criança, maior a possibilidade de esta pessoa agir como um facilitador do processo de aprendizagem que a criança terá do mundo. Assim, as funções superiores ou corticais tanto vão surgindo como se desenvolvendo. Então sem o aporte sócio – histórico e cultural o neurodesenvolvimento etária comprometido (ANDRADE; BUENO, apud MELO, 2008, p. 154).

O desenvolvimento pela cultura torna-se mais necessário que o

desenvolvimento fisiológico, a aprendizagem ocorrendo a partir da convivência com

o outro e da internalização de signos e instrumentos (mediadores) vão ao longo da

vida levando o individuo ao seu desenvolvimento potencial.

3.4 DISCUSSÃO

a) Levando em conta que a aprendizagem inicia-se na vida intra uterina e

continua por toda a vida, é possível afirmar que nossos alunos são

capazes de aprender mesmo tendo passado “o tempo escolar”

determinado para diferentes aprendizagens?

b) Observando o quadro 1 na página seis e sete temos que, na puberdade e

adolescência, fase em que se encontram nossos alunos, as capacidades

cognitivas para determinados conhecimentos ainda não estão totalmente

formada. Você tem argumentos na sua prática em sala de aula que

corrobore para esta informação?

c) No nascimento e na adolescência há uma grande perda de neurônios o

que permite “liberar” o cérebro para outras aprendizagens, desta forma

ficará retido apenas o que realmente é utilizado no nosso dia a dia. Esta

afirmação pode ser útil na construção de uma Proposta Pedagógica

coerente com as necessidades sociais dos alunos?

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4 ESTUDO E DISCUSSÃO DE TEXTO

4. 1 ATENÇÃO E MEMÓRIA

Das muitas informações que chegam ao nosso cérebro a todo instante, nem

todas são processadas, nosso cérebro faz uma seleção do que é necessário

naquele momento, já que nem tudo que ouvimos , vemos, sentimos é necessário, o

cérebro então possui mecanismos que seleciona a informação importante para

aquele momento por meio da atenção, por meio desse mecanismo somos capazes

de nos determos naquilo que nos interessa naquele momento. Assim descreve

Cosenza, sobre este processo:

A informação chega ao cérebro por meio de cadeias neuronais cujas estações sinápticas intermediarias podem se inibidas, impedindo que ela seja atinja a região em que se tornaria consciente. Existem centros nervosos reguladores processo, de modo que podemos, conscientemente, dirigir a atenção a determinados estímulos enquanto ignoramos outros. Além disso, os próprios receptores sensoriais costumam se adaptar a uma estimulação prolongada, que deixa então de ser percebida (COSENZA, 2011, p.41-42).

Estudos do cérebro na área da neurociência, por meio de testes

comportamentais revelam segundo (NAHAS ; XAVIER, in MELO, 2005), três formas

básicas de atenção;a saber:

1. Vigilância ou atenção sustentada, definida como “um estado de prontidão

para detectar e responder a certas alterações especificas na situação de estímulos”.

(KOELEGA apud MUIR apud NAHAS; XAVIER apud MELO, 2005, p. 48). Muito

tempo em uma mesma tarefa provoca perda da instabilidade da concentração neste

aspecto da atenção ela pode ser distinguida em dois pontos, vigilância ou alerta, a

vigilância é quando a informação demora de minutos a horas para ser processada,

alerta a atenção se sustenta por ordem de segundos.

2. Atenção dividida, dois estímulos são dados concomitantemente, um destes

terá prejuízo, pois os recursos cerebrais seriam destinados ora a um estimulo, ora a

outro.

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3. Atenção seletiva, capacidade do cérebro em direcionar a atenção a apenas

um estimulo dentre vários no ambiente, esta atenção permite selecionar as

informações filtrando o necessário para execução da tarefa solicitada.

A atenção pode ser exemplificada como a abrangência do foco de luz de uma

lanterna em uma tela com vários objetos dispostos em toda sua área, os objetos, os

do centro que recebem maior iluminação são os aspectos que mais nos interessam ,

os periféricos que não recebem tanta luz são nossas experiências interiores de

lembrança, pensamento que acionamos quando necessitamos.

A atividade cerebral, a atenção possui variações quanto a vigilância ou estado de

alerta,, parafraseando Cosenza , temos que durante o sono ou sonolência a atenção

fica prejudicada, porem estados de alerta extremos, que provocam a ansiedade

também não é bom para a atenção. “é necessário então um nível adequado de

vigília para que o cérebro possa manipular a atenção” (COSENZA, 2011, p. 43).

A manipulação da atenção dá-se segundo o mesmo autor, pela atenção reflexa

e pela atenção voluntaria. A primeira é regulada por estímulos periféricos, acionados

por algo nove, diferente. A segunda por fatores internos do organismo, neste caso

quando temos sede, não é necessário ver um copo de água ou ouvir o barulho da

água para termos consciência de que estamos com sede. .

Estudos sobre a atenção indicam dois sistemas de regulação da atenção, circuito

orientador, “permite o desligamento do foco atencional de um determinado alvo e

seu deslocamento para outro ponto” (COSENZA, 2011, p. 44). Se ouvimos musica e

lemos podemos selecionar o que mais interessa focando nossa atenção seja para

musica, seja para a leitura. O segundo circuito, o executivo, tão necessário para a

aprendizagem, “permite que se mantenha a atenção prolongada, ao mesmo tempo

em que são inibidos os estímulos distraidores” (COSENZA, 2011, p. 45).

A atenção executiva também regula os processos emocionais, na região cerebral

que se encontra, giro do cíngulo, há duas áreas, uma voltada para a emoção e outra

para o cognitivo, uma atividade pode inibir a outra, emoções negativas, tristeza pode

interferir na atenção cognitiva. Este processo acontece ao longo da vida como

esclarece o autor:

As crianças em seus primeiros anos de vida, ainda não possuem esses sistemas amadurecidos e sua atenção é basicamente regulada pelos estímulos periféricos, atenção reflexa. Aos poucos, vão adquirindo a capacidade de dirigir sua atenção ate atingir os níveis

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encontrados nos adultos. Os idosos, por outro lado, tem mais uma vez dificuldade com atenção, principalmente na inibição dos estímulos distraidores (COSENZA, 2011, p 46-47).

Os adolescentes, nossos alunos diferentemente dos casos acima tem um

comportamento peculiar, colocam a atenção em diversos e diferentes estímulos, ao

mesmo, como ler ouvir, e ver ao mesmo tempo, contudo a ciência explica que não

as informações não serão processadas ao mesmo tempo e o cérebro irá alternando

as informações, uma terá maior relevância sobre as outras. “A eficiência do

aprendizado depende de fatores como motivação, atenção, memória e experiência

previa” (MELO, 2005. p. 50).

Desta forma é possível entender o comportamento do aluno em sala de aula

quando não mantém a atenção enquanto o professor expõe o conteúdo, por vezes

naquele momento este não seja do interesse do aluno, outros estímulos estão sendo

transmitidos e o foco da atenção se vira para este e não para o professor.

4.2 MEMÓRIA

Os primeiros estudos sobre a memória remontam do século XIX, conforme

descreve (MALDONATO; OLIVEIRO, 2012) por meio de texto relatando sua própria

experiência Hermann Ebbing Haus, demonstra a existência de uma curva do

aprendizado e do esquecimento, em síntese os experimentos, demonstraram que há

um esquecimento mais rápido em pouco tempo, e ao final do processo o

esquecimento se tornava mais lento, desta forma classifica-se a memória levando

em conta a sua duração, memória de curto prazo e memória de longo prazo.

Memória de curto prazo, também denominada de memória operacional, é

flexível, tem a função de armazenar e manipular informações por pouco tempo,

inicia-se no período pré natal e amadurece em quantidade e qualidade com o

desenvolvimento. De acordo com Santos, sofre influencia também do meio

conforme discorre:

O aumento do span com a idade é influenciado por fatores como a expansão do vocabulário e a capacidade atencional. A expansão de vocabulário permite melhor conhecimento sobre as propriedades estruturais da língua, permitindo uso mais efetivo das

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representações das estruturas sonoras das palavras. Já a capacidade atencional e de controle inibinitório não alcançam maturidade antes da adolescência (SANTOS apud MELO, 2005, p.112).

O desenvolvimento, a interação com o meio, são fatores importantes para a

maturação da memória, já que as informações não são apenas mantidas

temporariamente e descartadas, mas são também manipuladas para a formação de

outros conceitos e operações cognitivas.

Outra distinção da memória refere-se a memória explicita, conhecimentos que

lembramos e utilizamos conscientemente, saberes necessários e utilizados no nosso

dia a dia, como números de telefone, melhora consideravelmente nas primeiras

décadas de vida; outros conhecimentos manifestamos sem esforço ou intenção

consciente, a memória implícita, aprendizagens que se tornam hábitos, como

escovar os dentes, permanece constante até a fase adulta.

Conforme já descrito no tópico sobre atenção, toda informação para tornar-se

consciente passa pelo filtro da atenção, Cosenza explica que

[...] a primeira impressão em nossa consciência se faz por meio de uma memória sensorial, ou ,memória imediata, que tem a duração de alguns segundos e corresponde apenas à ativação dos sistemas sensoriais relacionados a ela. Se a informação for considerada relevante poderá ser mantida; do contrário, será descartada (COSENZA, 2011, p. 52).

Se a informação for identificada pelo cérebro como importante será mantida

na consciência “ por meio de um sistema de repetição” (COSENZA, 2011, p. 52), por

meio de diferentes recursos, visuais, verbais, sonoros e principalmente por meio da

imaginação.

Em se tratando de aprendizagem escolar o professor enquanto ensinante

deve fornecer ao aluno, aprendente, recursos primeiramente que despertem sua

atenção, para que a informação chegue ao nível da consciência, seguido de

estratégias de repetição, repetição neste contexto não se trata dos métodos

utilizados na escola tradicional de decorar conceito e listas, repetir para memorizar é

reter a informação para construir outros conceitos, a memória sensorial e o sistema

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de repetição, componentes da memória operacional, processam o conteúdo da

informação, transformado-o a partir de outras memórias já retidas, assim a resposta

a aprendizagem dá-se de forma individual. A informação será mantida por mais

tempo por meio da ativação de registro, quanto mais à informação for utilizada e

associada a diferentes recursos mais tempo ficará retida na memória. E a

informação que não for utilizada ou transformada não será retida por muito tempo,.o

processo de repetição e elaboração é que determina a força do registro, resultando

em novas memórias, registros fortes o que será lembrado sempre.

Outro processo que o cérebro utiliza para memorizar é a consolidação, como

explica Cosenza:

Indispensável para que os registros no cérebro sejam retidos por um tempo maior, [..,] essas alterações envolvem a produção de proteínas e outras substancias que são utilizadas para o fortalecimento ou a construção de sinapses nos circuito nervosos, facilitando a passagem do impulso nervoso. Trata-se de um processo que não ocorre instantaneamente, que demora algum tempo para ocorrer. Terminado o processo, novas memórias estarão consolidadas e serão menos vulneráveis ao desaparecimento do que lembranças recentes (2011, p. 63).

Este dado é relevante para o processo de aprendizagem escolar, o professor

conhecendo os meios que o aluno utiliza para consolidar as memórias terá paciência

para que o processo se complete, nem sempre o aluno responde imediatamente a o

que foi ensinado, leva um tempo par ativar outros conhecimentos e aprender novos,

desta forma é necessário que utilizando os mecanismos da repetição e elaboração

o professor leve o aluno a consolidar outras aprendizagens, sabendo que nenhuma

memória se consolida sem retomar o que já é conhecido.

Outra memória, que utilizamos constantemente no nosso dia a dia, e a

“memória prospectiva” a memória do futuro, do planejamento de nossas ações a

ativação desta memória dá-se na região pré frontal, e tem um amadurecimento

lento, chega ao ápice na adolescência é também sensível ao envelhecimento.

Para uma aprendizagem significativa é importante que pais e professores

limitem os estímulos secundários e privilegiem a informação a ser transmitida,

levando em conta que o cérebro memoriza o que é relevante, o que possui

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significado e interesse e que tenha ligação com o que já é conhecido. Corrobora

para esta afirmação os estudos de BRANSFORD, 2007, onde descreve:

Muitos dados comprovam que a aprendizagem melhora quando os professores dão atenção ao conhecimento e as crenças trazidas pelos alunos para a sala de aula, quando utilizam esse conhecimento como ponto de partida para nova instrução e quando monitoram as mudanças de concepção dos alunos à medida que a

instrução evolui (BRANSFORD, 2007, p. 27).

4.3 DISCUSSÃO

a) Considerando a necessidade de consolidação de determinadas

memórias para que haja novas aprendizagens, você considera que o

modelo curricular da nossa escola colabora para aprendizagens

significativas?

b) Como se distingue memorização na pedagogia tradicional para a

pedagogia histórico cultural?

c) O processo de consolidação da memória leva um tempo, ou seja, nem

sempre é possível aprender instantaneamente, desta forma, você

considera que a avaliação imediata do conteúdo realmente comprova a

aprendizagem?

5 LEITURA E DISCUSSÃO DE TEXTO

5.1 O PAPEL DA EMOÇÃO NA APRENDIZAGEM

As pesquisas da neurociência apontam para uma região do cerebro a

amígdala, localizada no lobo temporal, incluída no conjunto de estruturas

encefálicas, conhecido como sistema límbico ao qual se atribui o controle das

emoções e dos processos motivacionais, é responsável pelas nossas emoções,

diferentemente do que conhecemos, emoção não é um sentimento mas sim, “do

ponto de vista biológico, o que conotamos quando falamos de emoção são

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disposições corporais dinâmicas que definem os diferentes domínios de ação em

que nos movemos” ( MATURANA, 2009, p. 15).

As emoções são fenômenos que assinalam a presença de algo significativo

em um dado momento da vida, manifestada por alterações no corpo e nos

processos mentais, atuando como um sinalizador interno e externo. É considerada

um fenômeno biológico e mantida na evolução da espécie pelo seu valor na

sobrevivência, se assim não fosse o homem dificilmente resistiria tanto tempo na

natureza.

Em termos de reações cerebrais, as emoções nas palavras de Cosenza,

acrescenta:

As emoções envolvem respostas periféricas que podem ser percebidas por um observador externo: aumento do estado de alerta, desassossego, dilatação da pupila, [...] entre outras manifestações. Além disso, há modificações corporais internas que são percebidas pelo sujeito, tais como o coração disparado [...] . Essas respostas são acompanhadas por um sentimento emocional, ligado ao universo afetivo do organismo [...]. Admite-se que esta consciência emocional esteja presente apenas na nossa espécie, enquanto os outras animais, ou pelo menos os mamíferos, são capazes de experimentar os demais aspectos do fenômeno emocional, ou seja, as respostas periféricas e o sentimento emocional (COSENZA, 2011, p.76).

Os processos emotivos influenciam e modulam profundamente a biologia da

memória, provocando modificações vegetativas que Além de informar o cerebro de

que o corpo sente, mas, também de consolidar experiências. “ trata-se de evidencia

já consolidada de que animais submetidos a experiências ricas de componentes

emocionais a memorização é potencializada, já que no âmbito periférico é indicado a

presença de substancias típicas de estados emocionais (MALDONATO e OLIVEIRO,

2012).

As pesquisas revelam de acordo com (COSENZA, 2011), um determinado

estímulo que tenha valor emocional pode afetar o cérebro de duas maneiras

distintas. A primeira, que é mais lenta, segue as vias sensoriais até o córtex cerebral

sendo a informação depois levada a amígdala, ou seja, primeiramente o cerebro

identifica o estímulo, para em seguida dar-lhe a devida importância. A segunda

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opção inicia-se da mesma maneira, seguindo as vias sensórias para ser lançada

direto a amígdala sem passar pelo córtex cerebral, neste caso a resposta ao

estímulo, ou seja não há discernimento se o estímulo é importante ou não.

Neste sentido Damásio afirma:

em síntese, sentir os estados emocionais, o que equivale a afirmar que se tem consciência das emoções, oferece-nos flexibilidade de respostas com base na história específica de nossas interações com o meio ambiente. Embora sejam precisos mecanismos inatos para pôr a bola do conhecimento em jogo, os sentimentos oferecem-nos algo extra (DAMÁSIO, 1996, p. 162-167).

Em se tratando de sala de aula, os estímulos utilizados para aprendizagem

podem não serem os mesmos para os diferentes estudantes, e nem o professor tem

controle sobre tudo o que se passa no ambiente e serve para desencadear

diferentes emoções nos alunos, e também no professo. Completa o mesmo autor:

Pode-se mesmo confundir a emoção que estamos sentindo, já que emoções distintas podem ter as mesmas respostas periféricas, como a taquicardia e a secreção lacrimal, por exemplo. Nosso coração se acelera quando estamos com raiva, mas também quando estamos alegres. Podemos chorar por alegria ou por tristeza. Por isso mesmo, é bom prestar atenção às nossas emoções, sabendo que o autoconhecimento emocional é, na verdade, uma habilidade que pode ser aprendida (COSENZA, 2011, p.76).

Estes dados são de suma importância para uma relação psicossocial entre

professor e aluno, pois distinguir a emoção pode levar a um aprimoramento do que é

necessário ensinar e aprender, sabendo que a emoção que se ativa na amígdala,

pode ser negativa ou positiva, negativa provoca stress, já positivamente a sensação

de bem estar, corroborando para efetivação de aprendizagens ou não.

O mecanismo desenvolvido pela amígdala e o córtex cerebral está

intimamente ligado a um outro fenômeno também de máxima importância para que

ocorra a aprendizagem, a motivação.

A motivação é resultante de processos internos( fome, dor, desejo), e

externos( oportunidades, ameaças), determinado o comportamento que não são

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reflexos, mas aprendidos, “ envolve a aprendizagem e outros processos cognitivos

que se encarregam da organização das ações que melhor garantam a

sobrevivência” ( COSENZA, 2011, p. 81).

A grande maioria dos comportamentos motivados é aprendida desde um

recém nascido que repete um comportamento quando suas necessidades vitais são

saciadas. As motivações advêm de situações passadas que foram recompensadas e

leva o individuo a repeti-las na mesma situação ou em situações similares para que

a mesma satisfação aconteça. Portanto, ela é muito importante no processo de

aprendizagem escolar e na aprendizagem em geral.

As emoções conforme descrito tem uma grande importância no

desenvolvimento, na aprendizagem, nas relações sociais, se positivas ou negativas

depende da forma que cada um lida com as mesmas ora extravasando, ora

reprimindo, o que for conveniente para que um bom relacionamento se estabeleça.

Quando se experimenta uma carga emocional o individuo tende a ficar em

estado de maior vigilância, fazendo com que a atenção seja voltada para detalhes

considerados importantes, por exemplo, diante de uma ameaça a motivação

desencadeada é a de defesa, pois as emoções controlam as motivações,

corroborando para que o fato seja memorizado ou não.

Há que se acrescentar que as emoções podem prejudicar a aprendizagem

principalmente em situações prolongadas de estresse e ansiedade não permitindo a

atenção necessária para que a aprendizagem ocorra.

A guisa de conclusão as emoções precisam ser consideradas no ambiente

escolar, no sentido de mobilizar emoções positivas e evitar emoções negativas ,

tanto para alunos quanto para professores, estes ainda tem que estarem atentos

pois por meio da linguagem corporal, posturas entonação de voz pode não

corresponder ao que se quer transmitir e o aluno na sua interpretação evocar

emoções negativas, impossibilitando a aprendizagem.

5.2 DISCUSSÃO

a) Sendo a emoção um processo cerebral você reconhece sua

importância na aprendizagem?

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b) Desmistificando que motivação é um processo a ser aprendido e não

se constrói apenas internamente, que sugestões você tem para

promover o ensino de motivação em suas aulas?

c) Contando que aluno e professor são “humanos”,portanto desenvolvem

emoções positivas e negativas que podem melhorar ou piorar o

relacionamento e a aprendizagem, que estratégias podem ser

trabalhadas para a relação psicossocial seja melhor administrada na

escola?

5.3 ELABORAÇÃO DE PLANO DE TRABALHO DOCENTE

Professor com base nos conhecimentos adquiridos construa um Plano de Trabalho

Docente e ministre o conteúdo levando em conta os aspectos elencados pela

neurociência para que ocorra uma aprendizagem significativa.

6 ANÁLISE DE RESULTADOS

6.1 Estudo comparativo das unidades aplicadas no inicio e ao final dos estudos

realizados.

6.2 Compilação de estratégias no aporte da neurociência para a aprendizagem.

CONSIDERAÇÕES NÃO FINAIS

A neurociência ainda não tem respostas prontas para facilitar o processo de

aprendizagem, mas já fornece estudos relevantes que podem transformar o

ambiente escolar, conceituando aspectos inerentes ao ensino. O estudo realizado

sobre os aspectos de como a aprendizagem acontece no cerebro, os meios

necessários para que a aprendizagem ocorra, a consolidação de memórias e

principalmente o papel das emoções neste processo é uma amostra de como é

possível transformar o ambiente escolar em um local onde professores e alunos

tenham claros o objetivos do ensino, e outros elementos como currículo Sistema

Educacional corroborem para efetivação de um ambiente de construção do

conhecimento, sólido capaz de transformar o individuo e seu meio.

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Este processo se consolida, em ações conjuntas, no aprimoramento dos

conhecimentos necessários a formação docente, promoção de metodologias que

primem o aluno como sujeito ativo na aprendizagem, por ciências que auxiliem a

compreensão de como se constrói o conhecimento, como é elaborado o raciocínio,

ou seja aproximar os conhecimentos das pesquisas realizadas na Universidade, nos

laboratórios, aos que estão no sopé da montanha, professores e alunos da

Educação Básica.

Mesmo sendo este estudo singular, propõe-s com a Intervenção Pedagógica

aprimorar os conhecimentos buscando melhores condições de relacionamentos e

aprendizagem no ambiente escolar a que se aplica.

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SAVIANI, Dermeval. História das ideias pedagógicas no Brasil. 2ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2008. VIGOTSKY, Lev Semenovitch. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo, SP: Martins Fontes, 2007