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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO-SUED

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL-PDE

DAIANE OLIVEIRA DA LUZ

ARTIGO /PDE

RELAÇÕES EM CONSTRUÇÃO - ESCOLA E FAMÍLIA

Trabalho de conclusão de atividades do Programa de Desenvolvimento Educacional. PDE – 2014. Orientadora: Suzete Terezinha Orzechowski

PITANGA – PARANÁ

2015

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RELAÇÕES EM CONSTRUÇÃO - ESCOLA E FAMÍLIA

Autora: Daiane de Oliveira da Luz1

Orientadora: Suzete Terezinha Orzechowski2

RESUMO

Este artigo é resultado da aplicação do Projeto de Intervenção Pedagógica dentro do Programa PDE/Pr, aplicado às famílias dos alunos da Escola Estadual Tiradentes, município de Pitanga, no ano de 2015, durante os meses de agosto a outubro. O trabalho realizado teve como objetivo oportunizar a discussão sobre a participação da família na escola, bem como promover a participação da família no ambiente escolar e/ou nas atividades que a escola solicita a presença dos pais. Também traz o resultado da Unidade Didática a qual teve como objetivo principal após a realização dos encontros, estimular os pais à participação efetiva na vida escolar de seus filhos. A metodologia da pesquisa ancora-se na pesquisa-ação e, fundamenta-se bibliograficamente nos seguintes autores: Ackerman (1986), Coleman (1966) e Nogueira (1999).

PALAVRAS CHAVE: Escola; Família; Integração.

1 INTRODUÇÃO

Acompanhar os filhos até a escola, não é sinônimo de acompanhamento em

sua vida escolar. Este é um dilema enfrentado na maioria, senão em todas as

escolas de rede pública estadual. A família também é responsável pela

aprendizagem e os pais são os primeiros mestres. De acordo com Fernandes

(2001,p.42)

“... a família também é responsável pela aprendizagem da criança, já que os pais são os primeiros ensinantes e as atitudes destes frente às emergências de autoria, se repetidas constantemente, irão determinar a modalidade de aprendizagem dos filhos.”

1 Licenciada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Centro Oeste - Aluna do PDE- Pitanga –

Professora Pedagoga da Escola Estadual Tiradentes. 2 Professora no Departamento de Pedagogia da UNICENTRO – Paraná, Doutora em Educação e

membro do grupo de pesquisa GETFOP- Trabalho e Formação de professores.

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Uma das principais reclamações dos profissionais que atuam nas escolas é

sobre a ausência e a falta de comprometimento dos pais nas atividades escolares de

seus filhos, considerando que essa falta de comprometimento, colabora também

para o fracasso escolar dos educandos.

Tanto a família quanto a escola desejam a mesma coisa: preparar as crianças para o mundo; no entanto, a família tem suas particularidades que a diferenciam da escola, e suas necessidades que a aproximam dessa instituição. A escola tem sua metodologia filosofia, no entanto ela necessita da família para concretizar seu projeto educativo. (PAROLIM, 2003, p. 99)

Seguindo esse raciocínio, é necessário que a escola possibilite aos pais uma

maior participação dentro da escola, para que eles sejam parte integrante da vida

escolar de seus filhos cada um com suas particularidades e necessidades. Aqui

quando se fala em participação não é somente nas datas comemorativas ou

projetos, mas sim no cotidiano escolar.

Sabe-se que atualmente os pais não encontram tempo, devido ao trabalho e a

correria do dia a dia. Entretanto, a educação de seus filhos deve ser prioridade, e

essa prioridade estende-se à escolarização. A função da escola, segundo Savianni

(2010) é apropriar o educando dos conhecimentos historicamente produzidos.

Educar a criança para que ela aprenda a conviver em sociedade, com a finalidade

de que tenha uma vida plena e realizada, além de formar o profissional contribuindo

assim, com a melhoria da sociedade.

Sendo assim, a família e a escola se completam. É primordial que essas duas

instituições estejam articuladas e abertas às trocas de experiências mediante uma

parceria significativa. Esta não é uma tarefa fácil, pois muitas vezes a própria escola

não deixa claro sua verdadeira intenção nessa parceria, deixando a família insegura.

Com a visão de que são chamados apenas para ouvir reclamações de seus filhos.

Para que essa parceria aconteça é necessário que a escola possibilite à

família esclarecer sobre o trabalho pedagógico e os objetivos educacionais que se

pretende alcançar, na aprendizagem escolar, oportunizando o conhecimento do

Projeto Político Pedagógico.

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Coleman (1996) entende que, “A escola exerce pouca influência no

desenvolvimento da criança que possa ser considerada independente de seu

contexto social maior. Neste, estão incluídos os pais, bem como a sociedade na qual

a criança cresce”. (1966, p. 325). Portanto, a sociedade como um todo: a escola, os

pais e a comunidade escolar; constituem uma rede de interação, na qual aluno/filho

encontra-se plenamente envolvido.

As seções que direcionam a leitura do presente artigo estão dispostas, em um

primeiro momento analisando a família e sua participação na vida escolar de seus

filhos. No segundo momento a relação família, escola e cidadania. Na terceira seção

apresenta-se a participação dos pais no Conselho de Classe. A quarta seção traz as

intervenções realizadas discussões e debates de pais, educandos e professores

sobre a participação da família no ambiente escolar e nas atividades onde são

solicitados, como: Reunião Pedagógica, Conselho de Classe, e participação nos

Colegiados Escolares. Partindo dessas discussões pretende-se apresentar

resultados da unidade didática que teve como finalidade estimular a participação dos

pais na vida escolar de seus filhos. Finalizando apresentam-se as considerações

finais que fazem um apanhado geral das ideias apresentadas.

2 RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA: Na atualidade

A família é a primeira instituição social que atua como socializadora e

mediadora de comportamentos, padrões e valores éticos e morais, e, portanto

influencia significativamente o modo de ver o mundo e a sua relação com o mesmo.

Conforme Kreppner (2000) a família é responsável pela transmissão de valores,

crenças, ideias e significados que estão presentes nas sociedades.

Atualmente, a instituição familiar apresenta muitas mudanças, adaptações e

determina novas relações que a sociedade exige. O próprio conceito de família e as

suas representações são diversas. Cada constituição familiar tem sua identidade e

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suas particularidades (nuclear, monoparentais, homossexuais entre outras), esta

constante evolução gera diversas adequações.

O momento histórico em que nos encontramos, tem alterado a configuração da vida familiar e tem abalado os padrões estabelecidos de Indivíduo, Família e Sociedade. [...] Seres humanos e relações humanas foram lançados em um estado de turbulência, enquanto a máquina cresce muito, à frente da sabedoria do homem sobre si mesmo. A redução do espaço e a intimidade forçada entre as pessoas vivendo em culturas em conflito exigem um novo entendimento, uma nova visão das relações do homem com o homem e do homem com a sociedade. (ACKERMANN, 1986, p.17)

A família está depositando na escola, a responsabilidade de educar o seu

filho. Este é um dilema para as escolas. E, faz com que a instituição escolar vá além

de sua função.

Mesmo diante de tantas mudanças, a família ainda é a principal instituição

responsável pela educação de seus filhos, conforme Kreppner (2000). Além da

adaptação a essas mudanças, a família ainda tem a tarefa de manter o bem estar

psicológico de seus membros.

Nesse sentido, a parceria escola-família tem importância no desenvolvimento

da aprendizagem escolar, afirmam Ackerman(1986) e Genofre (1997). Família e

escola se completam, portanto, não há como vê-las distantes. [...] o traço

dominante da evolução da família é sua tendência a se tornar um grupo cada vez

menos organizado e hierarquizado e que cada vez mais se funda na afeição mútua.

(GENOFRE, 1997)

No entanto, nos dias de hoje, esta relação nem sempre é completa. Quanto

mais cedo à família participar da vida escolar da criança, das atividades propostas

em parceria com a escola, melhores serão os resultados na aprendizagem. De

acordo com Muller (2001, p. 31), quanto ao envolvimento dos pais nas atividades

propostas pelas escolas constata-se que muitos praticamente não dispõem de

tempo para estarem indo à escola participar de discussões pedagógicas.

Além disso, muitos pais não têm condições adequadas para acompanhar a

vida escolar de seus filhos. E, a escola necessita encontrar maneiras de oportunizar

a estas famílias se fazerem presentes. Nogueira (1999) enfatiza que, se a escola é

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uma instituição pública da qual os pais dos alunos fazem parte, estes devem poder

participar de tomadas de decisões em relação aos objetivos educacionais, à

prioridade e às metas do projeto educativo. (p.15).

Nesse contexto, a importância da família na escola se faz necessária porque

se entende que os pais são referências para o aluno, e quanto essa ausência e a

falta de comprometimento na vida escolar, podem influenciar em inúmeras

dificuldades, por exemplo: baixo rendimento, falta de interesse e a indisciplina. Os

pais necessitam estar atentos nas dificuldades que seu filho apresenta, pois estas

na maioria das vezes resultam em mudanças de comportamento as quais interferem

no relacionamento com colegas e professores.

3 FAMÍLIA, ESCOLA E CIDADANIA

Para melhor entender a importância da família na vida escolar dos filhos, em

uma entrevista Mario Sergio Cortella (2014)3 expõe de forma sucinta e clara o papel

da família e da escola. Em um dos momentos, ele fala que [...] a educação é dever

da família em primeiro lugar e do poder público em segundo lugar, e que o papel da

escola é de escolarizar e não de educar. Em outro momento dessa mesma

entrevista enfatiza que [...] se a família não cumpre com aquilo que é obrigação dela

cumprir, a escola não dará conta. [...] é preciso fazer uma parceria com a família, de

formar os pais4; porque a maioria dos pais vive em submissão a falta de limites dos

filhos; e provoca dizendo que [...] temos que tomar cuidado, pois estamos formando

uma geração sem responsabilidade. E deixa evidente a necessidade dos pais de

dedicarem um tempo de seu dia para dialogar com seus filhos, para aprender a

conhecê-los, a criar laços de afetividade, de compreensão, de mundo.

Nessas provocações do filósofo Mario Sergio Cortella, compreende-se que a

família está se eximindo da educação de seus filhos e colocando todas as

3 Entrevista de Mario S. Cortella, disponível em http://www.youtube.com/watch?v=FNEN3eJ8_BU

4 Escola de Pais – Exemplo de formação além da escolarização. http://escoladepais.org.br/

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expectativas na escola; e quando ele afirma que a escola tem que formar pais, não

está exagerando, pois existem pais que não sabem educar seus filhos.

A família não é o único canal pelo qual se pode tratar a questão da socialização, mas é, sem dúvida, um âmbito privilegiado, uma vez que este tende a ser o primeiro grupo responsável pela tarefa socializadora. A família constitui uma das mediações entre o homem e a sociedade. Sob este prisma, a família não só interioriza aspectos ideológicos dominantes na sociedade, como projeta, ainda, em outros grupos os modelos de relação criados e recriados dentro do próprio grupo. (CARVALHO, 2006).

Portanto, há uma diminuição das relações entre família e escola, são poucos

os pais que se preocupam com a vida escolar de seus filhos. Muitos transferem as

responsabilidades para com seus filhos à escola. E nesse interim a escola também

perde a sua função prioritária que é ensinar os conhecimentos historicamente

produzidos.

4 O CONSELHO DE CLASSE E A PARTICIPAÇÃO DOS PAIS

O Conselho de Classe é uma das instâncias colegiadas presentes na

organização da escola. Tem como finalidade avaliar o ensino-aprendizagem, e

nesse momento que a comunidade escolar se reúne para solucionar os problemas

ou dificuldades encontradas com alunos, professores e mesmo com a organização

e andamento da instituição no decorrer do bimestre, trimestre, semestre, conforme

a organização de cada escola.

A avaliação escolar apresentava-se na figura do aluno como portador de problemas que recaiam sobre a falta de estudo, a falta de disciplina, e a falta de interesse diante das atividades escolares. O Conselho de Classe é uma atividade em que a avaliação é constituída a partir das experiências vividas na sala de aula. A construção é feita através da oportunidade. O Conselho de Classe na perspectiva crítica deve rever métodos, uma vez que, os professores juntamente com a direção e equipe pedagógica refletem sobre os acontecimentos escolares e juntos analisam a atitude a ser tomada (DALBEN, 2004, p. 36).

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Sendo assim, o Conselho de Classe é um espaço de troca de experiências

onde deve ser permitido, expressar ideias e pontos de vista. No entanto, para que

isso aconteça os participantes, precisam entender que a relação ensino-

aprendizagem requer reflexões e ações, afim de que sejam alcançados os objetivos

educacionais propostos.

Essa instância desenvolve um papel central no sentido de promover maior

conhecimento sobre o aluno, quais suas dificuldades, mas também suas qualidades

e suas habilidades. Conforme deliberação 16/99, que normatiza o Conselho de

Classe presente nos estabelecimentos de ensino do Estado, se estabelece:

Art. 30 - O Conselho de Classe é um órgão colegiado de natureza consultiva e deliberativa em assuntos didático-pedagógicos, com atuação restrita a cada classe, tendo por objetivo avaliar o processo ensino aprendizagem na relação professor-aluno e os procedimentos adequados a cada caso.

Art. 31 – O Conselho de Classe tem por finalidade: - estudar e interpretar os dados da aprendizagem, na sua relação com o trabalho do professor, na direção do processo ensino-aprendizagem, proposto pelo plano curricular; - acompanhar e aperfeiçoar o processo de aprendizagem dos alunos, bem como diagnosticar seus resultados e atribuir-lhes valor; - analisar os resultados da aprendizagem na relação com o desempenho da turma, com a organização dos conteúdos e com o encaminhamento metodológico; - utilizar procedimentos que assegurem a comparação com parâmetros indicados pelos conteúdos necessários de ensino, evitando a comparação dos alunos entre si; - responder a consultas feitas sobre assuntos didático-pedagógicos, restritas a cada turma deste estabelecimento de Ensino.

Art. 32 – O Conselho de Classe é constituído pelo Diretor, pela Coordenação Pedagógica e por todos os Professores que atuam na mesma classe.

Portanto, o Conselho de Classe deve promover momentos de reflexões,

análises, estudos que provoquem desafios, e ações que possibilitem alternativas

para as diversas situações encontradas no cotidiano escolar.

O Conselho de Classe sob esta concepção torna-se um trabalho colaborativo

entre os sujeitos envolvidos no espaço escolar, para que este seja realmente um

espaço importante de constante relação entre ensino e aprendizagem.

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A participação dos pais não é formal, mas a participação dos filhos, que se

institucionaliza é um meio de representatividade da família. As escolas poderiam

abrir mais espaços para que alunos e pais busquem soluções para os problemas

vivenciados no cotidiano de sala de aula, realizando o Conselho Participativo.

5 PROJETO DE INTERVENÇÃO: ANÁLISE E RESULTADOS

Este projeto de intervenção realizou-se na Escola Estadual Tiradentes.

Juntamente com a equipe pedagógica, diretiva, docentes e pais das turmas do 6º

ano, tivemos o propósito de estudar, refletir e analisar como está sendo a articulação

entre os segmentos escola e família. O foco foi discutir junto a estes às

responsabilidades da escola e da família para o sucesso escolar do educando.

Primeiramente, apresentou-se o projeto a ser desenvolvido na escola para

toda a comunidade escolar. Em seguida realizou-se uma pesquisa qualitativa, com

levantamentos de dados referentes aos fracassos na aprendizagem e os avanços

conquistados. Participaram dessa pesquisa a Direção, a Equipe Pedagógica e os

Professores, quando questionados sobre a importância da participação dos pais,

percebe-se que estes acham a participação dos pais na escola muito importante,

sendo unanimidade entre os respondentes este fato.

Planejou-se realizar quatro (4) encontros de oito (8) horas cada, onde foram

discutidos juntamente com os pais, os levantamentos de dados da pesquisa. Bem

como trabalhar textos informativos e reflexivos, que incitem as discussões sobre o

tema “família e escola”. Tais textos e as discussões serviram como ferramentas para

a compreensão da importância de uma articulação entre família e escola,

possibilitando ações que promovam a relação entre estes dois segmentos.

Na primeira reunião de pais do ano letivo de 2015, foi anunciado aos pais nas

turmas do 6º ano o desenvolvimento deste projeto na escola. Os pais foram

convidados a participar e alguns aceitaram.

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Primeiro Encontro

Após o acolhimento dos pais, foi trabalhada uma dinâmica com o objetivo de

interação e descontração com todos os participantes. Após esta atividade, a

pedagoga pediu para que os participantes respondessem a um questionário. Após

foi proposto um debate a respeito das questões abordadas, onde todos se

envolveram e participaram das discussões. Nesse encontro os pais ainda se

encontravam tímidos, mas aos poucos eles foram se interando e participando mais

das discussões.

Segundo Encontro

Foi proposta a leitura do texto “A importância da participação dos pais na

escola”. Em seguida apresentou-se um vídeo com relatos de experiências variadas

de pais quanto a sua participação junto à escola de seus filhos e o acompanhamento

do desenvolvimento escolar dos mesmos.5 Foi proposto um debate e reflexões sobre

o tema. Alguns pais compartilharam também suas experiências sobre a ideia do que

seria uma escola. Muitos nem imaginavam que a presença deles era tão importante,

outros não questionaram nada. Porém, a maioria percebeu, nesse momento, que

sua participação está diretamente ligada à aprendizagem de seu filho. Foi um

momento gratificante e dinâmico.

Terceiro Encontro

Com a leitura do texto “Família e suas responsabilidades - participar na vida

escolar dos filhos dentro e fora da escola”, os pais se sentiram mais a vontade. Foi

apresentado o vídeo “Educa Sempre - Emocionante Mensagem para pais e mães” 6.

O vídeo trouxe dicas e um excelente momento de reflexão de como educar o seu

filho para que ele venha a ser uma pessoa respeitada, amada, aceita socialmente e

feliz.

5 Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=2ajhwqGtxgo

6 Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Ed-aG4xDkRE.

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A partir daí, realizou-se a leitura do artigo de Vicente Martins: “Educação na

Constituição de 1988: o artigo 205”. O texto proporcionou a reflexão e o debate

sobre alguns preceitos do Estatuto da Criança e do Adolescente, que já estavam

determinados pela Constituição Federal de 1988, Destacou-se os: art. 4º, art.22,

art.53 aos 59, os quais fazem referência à educação. As discussões em relação ao

texto foram dinâmicas com debates concisos e atendimento às dúvidas que surgiram

no decorrer da leitura. Houve a participação efetiva de todos.

Quarto Encontro

Neste último encontro trabalhou-se o tema “Relação escola e família –

integração e afetividade”. Para auxiliar essa leitura apresentou-se o vídeo “A família

e a escola como parcerias”7, seguido de leitura, questionamentos e reflexões do

texto de Heloisa Luck – “A dimensão participativa da gestão escolar”. Finalizando

com a avaliação dos encontros, onde os participantes responderam questões

relacionadas ao aproveitamento que tiveram durante os encontros e formalmente

elucidaram se estes encontros refletiram em suas atitudes com relação à

participação no desenvolvimento do ensino aprendizagem dos filhos. Em todos os

encontros a participação dos pais foi ativa e trouxe muitas contribuições,

acrescentando na concretização do trabalho.

Na avaliação dos encontros os pais relataram a importância desses

momentos de reflexão e troca de experiências entre escola e família, onde todos os

participantes avaliaram como ótima a proposta e gostariam que tivesse

continuidade.

7 Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=S76a9dLdSKM

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5.1 GRUPO DE TRABALHO EM REDE (GTR)

O GTR - Grupo de Trabalho em Rede é um trabalho desenvolvido com um

grupo de professores, que tem como suporte o MOODLE (ambiente de

aprendizagem virtual) cuja finalidade é promover a integração, a troca de

experiências e a capacitação dos docentes da rede pública estadual, e está dividido

em 3 módulos:

1º Módulo: Aprofundamento teórico, onde os professores cursistas realizaram cinco

atividades.

Neste módulo os professores realizaram atividade de glossário, fórum de

discussões simples, diário, fórum de discussões com inserção de tópicos, o que

oportunizou a leitura de alguns artigos disponibilizados pelo professor PDE,

pertinentes ao tema, os quais subsidiaram as atividades.

2º Módulo: Projeto de intervenção pedagógica na escola e produção didático-

pedagógica.

Este módulo possibilitou o primeiro contato com o Projeto de Intervenção

Pedagógica e Produção Didática Pedagógica. Foi o momento de se familiarizar com

os documentos que nortearam o trabalho e assim por meio de fórum e diário

contribuir com sugestões e algumas adaptações que acharam necessárias devido

cada escola ter uma realidade diferente.

3º Módulo: Implementação do projeto de intervenção pedagógica na escola.

Este módulo possibilitou aos professores cursistas compartilhar experiências

vividas em seu cotidiano. Contribuíram por meio de plano de ação, onde propôs-se

uma situação problema, seguida de estratégias de ação e resultados esperados com

relação ao tema do GTR. O grupo de trabalho em rede é um momento de

capacitação e ao mesmo tempo de compartilhamento de experiências vivenciadas

pelos professores em seu dia a dia.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As relações entre escola e família sempre foram um espaço importante na

área educacional, isto porque essas duas instituições são as principais responsáveis

pela educação e formação integral do sujeito. Contudo, seus papeis são distintos,

porém ligados, integrados. O contexto familiar é o primeiro espaço de aprendizagem,

de socialização, de respeito. É essa instituição que proporciona as crianças os

valores e conhecimentos que nortearão sua vida.

A escola possibilita formar esse indivíduo, ensinar, que saibam pensar,

refletir, solucionar problemas cooperar, trabalhar uns com os outros, formar sujeitos

críticos e participativos, conscientes de sua participação no mundo e nas mudanças

da sociedade. Porém, diante de tantos dilemas que a escola se encontra, como na

tarefa de educar o ser humano, de ensiná-los a ter tolerância, a respeitar os outros,

a preservar o meio ambiente entre tantos outros. Além dos conhecimentos

produzidos pela humanidade, este trabalho necessita do auxílio das famílias para

que o educando compreenda a importância da escola em sua vida. Sendo assim,

cabe a essas instituições, se unirem, para auxiliar o educando no processo de

ensino aprendizagem.

Neste sentido, o projeto de intervenção possibilitou que a família se

integrasse, que se fizesse presente na escola, e isto, só foi possível quando a

família foi chamada a conhecer e colaborar com todo o processo que acontece na

escola. A família precisa conhecer os documentos que norteiam a escola como o

Projeto Político Pedagógico, Regimento Escolar, e com isso formar os pais para que

eduquem seus filhos. Portanto, escola e família devem estabelecer relações de

cooperação, em que a família possa atuar com o trabalho realizado pela escola, de

forma a estimular, acompanhar e auxiliar a criança em seu desenvolvimento.

A intervenção pedagógica possibilitou a discussão, reflexão e ações que

propiciem a colaboração de todos para que a escola realize a sua função. Também

como uma prática pedagógica que contribua na formação do ser crítico reflexivo, e

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que valorize a participação ativa dos pais no processo educativo. Assim contribuindo

para a construção de uma sociedade transformada.

7 REFERÊNCIAS

BOURDIE, Pierre. O poder simbólico. 4 ed. Rio Janeiro. Bertand Brasil, 2001. GENOFRE, R. M. Família: uma leitura jurídica: a família contemporânea em debate. São Paulo. EDUC/Cortez, 1997. LUCK, Heloisa. A Gestão participativa na escola. Rio de Janeiro, RJ. Vozes, 2008. Série Cadernos de Gestão. NOGUEIRA, Neide. A Escola relação entre e comunidade na perspectiva dos PCNs. Revista Pedagógica Pátio: Comunidade e escola – Integração acional. Porto Alegre: ARTIMED, 1999, ano3. Nº 10, p. 13-17. PEREIRA, Edinubia Cândida. Projeto Político Pedagógico: Importante ferramenta educacional. Araguaína-TO. 2010. VASCONCELLOS, Celso dos S. Coordenação do trabalho pedagógico: do projeto político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula. 10 ed. São Paulo: Libertad Editora. VEIGA, Ilma Passos Alencastro (org.). Projeto Político Pedagógico da escola: Uma construção possível. 19 Ed. Cortez, 2005. VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Projeto Político – Pedagógico da escola: Uma construção possível. Campinas SP; Papirus, 1995. VEIGA, Ilma Passos Alencastro (org.). Projeto Político Pedagógico: Uma construção possível. 16 ª Ed. Cortez, 2001. ______ O Professor e o Projeto Político Pedagógico da escola. Disponível em http://www.artigonal.com/ensino-superior-artigos/o-professor-e-o-projeto-politico-pedagogico-da-escola-4954159.html . Acesso em 20 de jun. de 2014.

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______ Relação Família/Escola e o Desempenho Escolar. Disponível em http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1764-6 . Acesso em 19 de dez.2015. ______Função social da educação e da escola. Disponível em http://escoladegestores.mec.gov.br/site/4-sala_politica_gestao_escolar/pdf/saibamais_8.pdf. Acesso em 19 de dez. 2015.