OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · Alfabetizar letrando através de atividades...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ – BRASIL
PDE – PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
MARLI FERNANDES DO PRADO
SALAS DE APOIO À APRENDIZAGEM DE LÍNGUA PORTUGUESA:
ALFABETIZAR LETRANDO ATRAVÉS DE ATIVIDADES LÚDICAS.
Projeto de Intervenção Pedagógica a ser aplicado no Colégio Estadual Francisco Neves Filho, Município de São João do Triunfo - PR em cumprimento das atividades previstas no Plano Integrado de Formação Continuada – 2013, do Programa de Desenvolvimento – PDE. Professora Orientadora: Sandra do Rocio Ferreira Leal - UEPG
PONTA GROSSA – PR 2013
1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO PROFESSOR PDE: Marli Fernandes do Prado
ÁREA PDE: Língua Portuguesa
NRE: Ponta Grossa
PROFESSORA ORIENTADORA DA IES: Sandra do Rocio Ferreira Leal
IES VINCULADA: Universidade Estadual de Ponta Grossa
ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: Colégio Estadual Francisco Neves Filho
MUNICÍPIO: São João do Triunfo - PR
PÚBLICO OBJETO DA INTERVENÇÃO: alunos da Sala de Apoio à
Aprendizagem de Língua Portuguesa do 6°Ano – Ensino Fundamental
2 TEMA
Alfabetização e letramento no 6º ano do Ensino Fundamental.
3 TÍTULO
Salas de Apoio à Aprendizagem de Língua Portuguesa: alfabetizar letrando
através de atividades lúdicas.
FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO
PRODUÇÃO DIDÁTICO - PEDAGÓGICA
TURMAPDE / 2013
Título:
Salas de Apoio à Aprendizagem de Língua Portuguesa:
alfabetizar letrando através de atividades lúdicas.
Autora Marli Fernandes do Prado
Disciplina / Área Língua Portuguesa
Escola de implementação do Projeto e
sua localização
Colégio Estadual Francisco Neves Filho.
Rua Tenente Coronel Carlos Souza, nº 20
Município da Escola São João do Triunfo
Núcleo Regional de Educação Ponta Grossa
Professora Orientadora Sandra do Rocio Ferreira Leal
Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Ponta Grossa
Resumo A seqüência didática aqui apresentada é
fruto da percepção da professora PDE na
Sala de Apoio à Aprendizagem de Língua
Portuguesa para o 6º ano, que vivenciou
momentos em que os professores queixam-
se que os alunos não aprendem, são
desatentos e com muitas dificuldades de
aprendizagem. Ao tomá-la como objeto de
estudo, acreditamos que a oralidade e,
principalmente, a leitura e a escrita sejam as
maiores dificuldades enfrentadas pelos
alunos freqüentadores desse espaço
complementar de formação. Tendo
em vista a necessidade de possibilitar aos
alunos o desenvolvimento da aprendizagem,
percebemos nas turmas de 6º ano que,
além das dificuldades de adaptação à nova
sistemática de ensino nos anos finais do
Ensino Fundamental, o que pode gerar
indisciplina, alguns alunos têm apresentado
problemas de alfabetização e letramento,
bem como defasagens de aprendizagem em
conteúdos referentes aos anos iniciais do
Ensino Fundamental. Diante dessa
realidade, a Secretaria de Educação
(SEED), através de resoluções
regulamentadoras, criou as Salas de Apoio
à Aprendizagem de Língua Portuguesa e de
Matemática. O objetivo dessas salas é
propor metodologias diferentes das
utilizadas nas turmas regulares,que
atendam às necessidades dos alunos.
Essas salas visam a contribuir com os
professores no processo de ensino
aprendizagem, amenizando as dificuldades
encontradas na oralidade, leitura e
escrita,em todas as áreas do conhecimento,
através de um trabalho individualizado.
Diante disso, esse estudo será direcionado
à Sala de Apoio à Aprendizagem de Língua
Portuguesa, do 6º ano do Ensino
Fundamental, do Colégio Estadual
Francisco Neves Filho, em São João do
Triunfo – PR, através de atividade lúdicas.
que oportunizem o desenvolvimento dos
processos de alfabetização e letramento.
Palavras-chave
Alfabetização; Letramento; Lúdico;
Oralidade; Leitura; Escrita.
Formato do Material Didático
Seqüência Didática
Público Alvo
Sala de Apoio à Aprendizagem e Língua
Portuguesa do 6º ano do Ensino
Fundamental.
SUMÁRIO
4 Resumo............................................................................................................3
5 Apresentação....................................................................................................4
6 Justificativa.......................................................................................................5
7 Problemática.....................................................................................................6
8 Objetivos Geral e Específico.............................................................................7
9 Fundamentação Teórica....................................................................................8
9.1 Como surgiram os contos de fadas.............................................................12
9.2 O lúdico como instrumento facilitador no ensino aprendizagem.................13
10 Estratégias de ação......................................................................................15
10.1 Apresentação da situação e seleção do gênero textual............................15
10.1.1 Construção do conceito de contos de fadas..........................................16
10.1.2 Primeira produção..................................................................................18
10.1.3 A arte de escrever bem..........................................................................19
10.1.4 Escrevendo com... ................................................................................22
10.1.5 A arte de contar e recontar a narrativa...................................................23
10.1.6 Atividades: .............................................................................................24
10.1.7 Produção final........................................................................................25
11 Referências bibliográficas............................................................................26
3
SALA DE APOIO À APRENDIZAGEM DE LÍNGUA PORTUGUESA:
Alfabetizar letrando através de atividades lúdicas
4 RESUMO
A sequência didática aqui apresentada é fruto da percepção da professora
PDE na Sala de Apoio à Aprendizagem de Língua Portuguesa para o 6º ano
do Ensino Fundamental, que vivenciou momentos em que os professores
queixam-se que os alunos não aprendem, são desatentos e com muitas
dificuldades de aprendizagem. Ao tê-la como objeto de estudo, acreditamos
que a oralidade e, principalmente, a leitura e a escrita sejam as maiores
dificuldades enfrentadas pelos alunos frequentadores desse espaço
complementar de formação. Tendo em vista a necessidade de possibilitar aos
alunos o desenvolvimento da aprendizagem, percebemos nas turmas de 6º
ano, que além das dificuldades de adaptação à nova sistemática de ensino nos
anos finais do Ensino Fundamental, o que pode gerar indisciplina, alguns
alunos têm apresentado problemas de alfabetização e letramento, bem como
defasagens de aprendizagem em conteúdos referentes aos anos iniciais do
Ensino Fundamental. Diante dessa realidade, a Secretaria de Educação
(SEED), através de resoluções regulamentadoras, criou as Salas de Apoio à
Aprendizagem de Língua Portuguesa e de Matemática. O objetivo dessas salas
é propor metodologias diferentes das utilizadas nas turmas regulares, que
atendam às necessidades dos alunos. Essas salas visam a contribuir com os
professores no processo de ensino aprendizagem, amenizando as dificuldades
encontradas na oralidade, leitura e escrita,em todas as áreas do conhecimento,
através de um trabalho individualizado. Diante disso, esse estudo será
direcionado à Sala de Apoio à Aprendizagem de Língua Portuguesa, do 6º ano
do Ensino Fundamental, do Colégio Estadual Francisco Neves Filho, em São
João do Triunfo – PR, através de atividade lúdicas que oportunizem o
desenvolvimento dos processos de alfabetização e letramento.
4
Palavras-chave: Alfabetização; Letramento; Lúdico; Oralidade; Leitura; Escrita.
5 APRESENTAÇÃO
Prezado(a) Professor(a):
É com satisfação que oportunizo a você, professor (a) integrante do
Programa de Sala de Apoio à Aprendizagem, com o propósito de colaborar, no
sentido de organizar, indicar e proporcionar algumas atividades lúdicas a serem
exploradas no cotidiano escolar.
Esta Seqüência Didática que você utilizará como material pedagógico
para o desenvolvimento das atividades em Sala de Apoio visa a exemplificar as
diversas possibilidades de utilização da ludicidade, com vistas à amenizar as
dificuldades de aprendizagem apresentadas pelos alunos. Também se dirige a
você, educador, que se empenha em encontrar alternativas metodológicas para
sua prática diária e tornar a aprendizagem mais significativa e leve.
Por sua vez, essa seqüência didática propõe uma prática educativa que
promova uma integração disciplinar, mas também que estabeleça uma conexão
entre o aprendizado dos conteúdos teóricos sistematizados e as questões da
vida. Contudo, toda mudança no jeito de se processar o ensino e a
aprendizagem, implica em rever, não somente as metodologias, mas os
materiais pedagógicos de que dispomos no dia-a-dia escolar.
Sendo assim, o referido projeto traz propostas metodológicas
relacionadas à ludicidade como facilitadora do alfabetizar letrando, através do
gênero textual: Contos de Fadas.
6 JUSTIFICATIVA
Percebemos nas turmas de 6º ano que, além das dificuldades de
adaptação à nova sistemática de ensino dos anos finais do Ensino
Fundamental, o que pode gerar indisciplina, alguns alunos têm apresentado
problemas de alfabetização e letramento que podem ser as causas das
5
defasagens de aprendizagem em conteúdos referentes aos anos iniciais do
Ensino Fundamental.
Diante dessa realidade, a Secretaria Estadual de Educação (SEED),
através de resoluções regulamentadoras, criou, em 2004, o disposto no art. 5º,
da Resolução nº 208/2004, na nº 3098/05 e na Instrução nº 05/2005, as Salas
de Apoio à Aprendizagem de Língua Portuguesa e de Matemática, para os 6ºs
anos do Ensino Fundamental,a normatização para o seu funcionamento e
outros documentos: ficha de encaminhamento dos alunos (parecer – Sala de
Apoio à Aprendizagem) e relatório de movimentação dos alunos.
O objetivo dessas salas é propor metodologias diferentes das
utilizadas nas turmas regulares, que atendam às necessidades dos alunos.
Esse espaço de formação complementar visa a contribuir com os professores
no processo de ensino aprendizagem, amenizando as dificuldades encontradas
na oralidade, leitura e escrita, em todas as áreas do conhecimento, através de
um trabalho mais individualizado.
Em se tratando da Língua Portuguesa, as Salas de Apoio devem
priorizar as dificuldades na oralidade, leitura e escrita, ampliando os processos
de alfabetização e letramento, o que repercutirá na melhoria do desempenho
da criança em todas as áreas do conhecimento.
O artigo 32, da LDB, modificado pela Lei nº. 11.274, de 2006, determina
que o Ensino Fundamental obrigatório passará a ter a duração de 9 (nove)
anos, gratuito, na Escola Pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade e
tendo por objetivo a formação básica do cidadão, através do:
(1) - desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios
básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
(2) - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da
tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;
(3) - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista
a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e
valores.
Nas Salas de Apoio à Aprendizagem de Língua Portuguesa, é
necessário pensarmos em procedimentos de ensino que articulem a
alfabetização e o letramento. Para que isso ocorra, é preciso desencadearmos
processos metodológicos que assegurem resultados positivos para a
6
aprendizagem das crianças, considerando as especificidades do
desenvolvimento de cada educando, em cada faixa etária. Nessa perspectiva,
a ação metodológica passa a ter um peso importante nesse espaço de
formação.
O Programa Salas de Apoio à Aprendizagem tem o objetivo de atender às dificuldades de aprendizagem de crianças que freqüentam as séries finais do Ensino Fundamental. Para os alunos da 5ª Série/6º Ano e 8ª Série/9º ano, a abertura da Sala de Apoio se dá de forma automática. Para as demais séries, a abertura deve ser solicitada. (Página dia a dia educação)
No Diário Oficial nº. 8472,de 24 de Maio de 2011, do Estado do Paraná,
encontra-se a Resolução 3683/2008 - SEED:
Art. 1º Instituir a partir de 2011, em caráter permanente, o Programa de
Atividades Complementares Curriculares em Contra turno na Educação Básica
na Rede Estadual de Ensino.
§ 1º O Programa de Atividades Complementares Curriculares em Contra turno
visa à melhoria da qualidade do ensino por meio da ampliação de tempos,
espaços e oportunidades educativas realizadas na escola ou no território em
que está situada, em contra turno, a fim de atender às necessidades sócio
educacionais dos alunos.
§ 2º As atividades complementares curriculares ofertadas em contra turno
devem estar vinculadas ao Projeto Político Pedagógico da Escola,
respondendo às demandas educacionais e aos anseios da comunidade.
Tendo em vista a relevância dessas atividades complementares, mais
especificamente das Salas de Apoio à Aprendizagem de Língua Portuguesa
para os 6ºs anos, é que se justifica a proposição desse projeto.
7 PROBLEMATIZAÇÃO
A escola deve dar um tratamento diferenciado aos alunos a partir do
diagnóstico referente a problemas de alfabetização e letramento que
ocasionam dificuldades com a oralidade, leitura e escrita e, em decorrência
disso,em conteúdos dos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Podemos dizer que o problema permanece e muito se tem escrito e
pesquisado a respeito. Buscam a explicação ora no aluno (questões de saúde,
ou psicológicas, ou de linguagem), ora no contexto cultural do aluno (ambiente
7
familiar e sociocultural), ora no professor (formação inadequada, incompetência
profissional), ora no método (eficiência, ineficiência),ora no material didático
(inadequado aos interesses do aluno), ora no código escrito (relação entre o
sistema fonológico e o sistema ortográfico da Língua Portuguesa).
A partir desse problema contextualizado, a questão norteadora do
trabalho de pesquisa será: Como reconhecer e minimizar, através de atividades
lúdicas, os problemas de alfabetização e letramento, manifestados na
oralidade, leitura e escrita, apresentados pelos alunos do 6º ano do Ensino
Fundamental que freqüentam as Salas de Apoio à Aprendizagem de Língua
Portuguesa?
8 OBJETIVO GERAL E ESPECIFICOS
8.1 OBJETIVO GERAL
Contribuir para a melhoria da prática pedagógica na Sala de Apoio à
Aprendizagem de Língua Portuguesa, para o 6º ano do Ensino
Fundamental.
8.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS
Diagnosticar, na Sala de Apoio à Aprendizagem de Língua Portuguesa,
as defasagens de aprendizagem apresentadas pelos alunos que
freqüentam o 6ª ano do Ensino Fundamental.
Valorizar o potencial dos alunos de Sala de Apoio do 6º ano, motivando-
os para a execução de tarefas.
Priorizar, de forma lúdica, o resgate de conteúdos que os alunos
apresentam defasagem de aprendizagem.
Promover a interação, através de jogos e brincadeiras, entre os alunos e
professor(a).
Resgatar as dificuldades dos alunos a partir dos textos lidos e
produzidos.
Propor, como alternativa metodológica para alfabetizar letrando,
atividades lúdicas e significativas, em um ambiente propício à
aprendizagem.
8
Realizar reuniões periódicas de formação continuada com a professora
da Sala de Apoio de Língua Portuguesa, professora das turmas regulares
de 6º ano e pedagoga da escola.
9 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Considerando o percurso histórico da disciplina de Língua Portuguesa
na educação básica brasileira e confrontado esse percurso com a situação de
analfabetismo funcional, com um índice crescente de dificuldades de leitura
compreensiva e produção de textos, segundo os resultados de avaliações em
larga escala e mesmo de pesquisas acadêmicas, as Diretrizes Curriculares
Estaduais de Língua Portuguesa, entre 2004 e 2008 requerem, neste momento
histórico, novos posicionamentos em relação às práticas de ensino. Esses
novos posicionamentos passam pela discussão crítica dessas práticas e pelo
envolvimento direto dos professores na construção de alternativas
metodológicas.
Essas considerações apresentadas nas DCEs dão ênfase à língua viva,
dialógica, em constante movimentação, permanentemente reflexiva e
produtiva, na adoção de práticas de linguagem como ponto central do trabalho
pedagógico. As Diretrizes assumem uma concepção de linguagem que não se
fecha “na sua condição de sistema de formas, (...)mas abre-se para a sua
condição de atividade e acontecimento social” ( RODRIGUES, 2005, p. 156).
A concepção de letramento como uma prática social tem sido tratada por
diferentes pesquisadores. De acordo com Heath (1999), pesquisas sobre as
práticas de leitura e escrita iniciaram e tomaram corpo a partir da década de
70. O letramento era compreendido como codificação e decodificação de
símbolos organizados e qualquer sistema que representa, de forma
permanente e precisa, a linguagem oral. Estudos sobre leitura e escrita surgem
em outras partes do mundo, como Street (1984, 1995) que têm influenciado o
trabalho de pesquisadores no Brasil, como Soares (1998), Kleiman (1995) e
Rojo (2000).
Argumentando contra a dicotomia entre oralidade e escrita, letrado e
iletrado, Goody (1963, 1968, 1977), apud Street (1984), afirma que as práticas
9
de letramento não podem ser isoladas do contexto político e ideológico em que
ocorrem. Nessa perspectiva, propõe duas visões de letramento: autônomo e
ideológico.
O modelo autônomo, com uma visão da escrita como “ tecnologia do
intelecto”, objeto abstrato e neutro, descontextualizado, menos conectado com
as particularidades do tempo e do espaço que a linguagem oral.
O modelo ideológico de letramento busca compreender as práticas de
leitura e de escrita como práticas contextualizadas, construídas em contextos
específicos de uso da escrita. Os significativos culturais, políticos e ideológicos
são constitutivos das práticas de letramento, o que implica a análise das
condições de produção dos letramentos focalizando-se sobre o que, como,
quando e por que ler e escrever.
Baseando-se no modelo ideológico, Soares define letramento como o
“estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como
conseqüência de ter se apropriado da escrita e de suas práticas” (1998, p. 39).
E continua: “letramento é o que as pessoas fazem com as habilidades de
leitura e de escrita e como essas habilidades se relacionam com as
necessidades, valores e práticas sociais” (p. 72).
Para Kleiman, o letramento está presente na oralidade, uma vez que o
impacto da escrita é de largo alcance”.Uma atividade que envolve apenas a
modalidade oral como escutar notícias de rádio é um evento de letramento,
pois o texto ouvido tem as marcas de planejamento e lexicalização típicas da
modalidade escrita” (1998, p. 182).
O letramento escolar como prática social que muda de acordo com o
contexto, passa a ser considerado uma das possíveis manifestações das
práticas de letramento na sociedade. As práticas escolares de uso da leitura e
da escrita são baseadas no modelo autônomo de letramento, que considera a
escrita descontextualizada e sua aprendizagem, um processo individual. “A
escola tem suas próprias crenças sociais e comportamentos nos quais essas
práticas particulares de letramento estão inseridas.”
Segundo Rojo (2000), a escola é letramento, pois este decorre tanto nas
práticas orais como na escrita dentro de sala de aula.
No Brasil, o processo de ensino/aprendizagem da leitura e da escrita, a
alfabetização e o letramento, estão presentes desde a criação das primeiras
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escolas. Entretanto, analisar a alfabetização na perspectiva do letramento é
recente no país.
O ensino/aprendizagem de Língua Portuguesa visa a aprimorar os
conhecimentos lingüísticos e discursivos dos alunos para que possam
compreender os discursos que os cercam e terem condições de interagir. É
importante ter claro que quanto maior o contato com a linguagem, atividades
planejadas que possibilitem ao aluno a leitura e a produção oral e escrita, maior
será a inserção dos alunos nas práticas sociais vigentes. A criança, quando
chega à escola, já domina a oralidade, pois cresce ouvindo e falando a língua,
seja por meio das cantigas, das narrativas, dos causos contados, do diálogo ou
mesmo pelo rádio, TV e outras mídias. Em relação à escrita, ressalta-se que as
condições em que a produção acontece determinam o texto.
Soares (2006) afirma que, para entrar e viver no mundo do
conhecimento, o aprendiz necessita do domínio da tecnologia da escrita, o
sistema alfabético e ortográfico, e o domínio de competências de uso dessa
tecnologia (saber ler e escrever em diferentes situações e contextos). Esse
conhecimento, esse domínio, obtém-se por meio do letramento.
Sobre esse respeito, Freire (1991) afirma que não basta saber ler, é
preciso compreender qual a posição que a leitura ocupa no seu contexto social.
Freire chama a atenção para o fato de que não basta dominar a escrita, é
preciso considerar as possíveis conseqüências da inserção do aprendiz no
mundo da escrita. Trabalhar a alfabetização na perspectiva do letramento é
acreditar que é possível alfabetizar letrando, pois o ato de ensinar a ler e a
escrever cria condições para a inserção do sujeito em práticas sociais de
consumo e produção do conhecimento em diferentes instâncias sociais e
políticas. O professor ciente da complexidade do ato de alfabetizar e letrar, é
desafiado a assumir uma postura política que envolve o conhecimento e o
domínio do que vai ensinar.
Portanto, o educador deve estar convencido daquilo que quer ensinar.
Neste sentido, é importante que o professor consciente conceba a
alfabetização e o letramento como fenômenos complexos e que são múltiplas
as possibilidades de uso da leitura e da escrita na sociedade. As práticas em
sala de aula devem estar orientadas de modo que se promova a alfabetização
na perspectiva do letramento e, tomando as palavras de Soares (2001), que se
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proporcione a construção de habilidades para o exercício efetivo e competente
da tecnologia da escrita.
[…] implica habilidades várias, tais como: capacidade de ler ou escrever para atingir diferentes objetivos – para informar ou informar-se, para interagir com conhecimentos, para seduzir ou induzir, para divertir-se, e produzir diferentes tipos e gêneros de textos; habilidades de orientar-se pelos protocolos de leitura que marcam o texto ou de lançar mão desses protocolos de leitura que marcam o texto ou de lançar mão desses protocolos, ao escrever: atitudes de inserção efetiva no mundo da escrita, tendo interesse e informações e conhecimentos, escrevendo ou lendo de forma diferenciada, segundo as circunstâncias, os objetivos, o interlocutor […]. (SOARES, 2001, p. 92)
O aprendiz é levado a se indagar sobre quem escreve e em que
situação escreve, o que se escreve, a quem o texto se dirige e com que
intenções, quais os efeitos que o texto procura produzir no leitor, etc.
Antunes (2003, p. 47) salienta a importância do professor desenvolver
uma prática de escrita que considere o leitor, uma escrita que tenha um
destinatário e finalidades sobre o que será escrito, tendo em vista que “a
escrita, na diversidade de seus usos, cumpre funções comunicativas
socialmente específicas e relevantes” .
É indiscutível o fato da escola ter que refletir sobre as relações entre o
processo de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita, considerando a
discussão recente sobre alfabetização e letramento. Isso traz à tona a
importância de não deixar para os anos seguintes o que se deve assegurar
desde a entrada das crianças, aos seis anos, na escola.
Telma Ferraz Leal (2003, p. 20) afirma a necessidade de ao "alfabetizar
letrando", retomar-se um ensino sistemático de alfabetização, no qual a escola
reconquiste a explícita intencionalidade de ensinar a escrita alfabética,
equivalente à faceta linguística do processo de alfabetização. Abordar os temas
alfabetização e letramento, de forma integrada, com reflexões teóricas,
sugestões de atividades práticas e exemplos de produções infantis. Ela discute
sobre o processo de aprendizagem, tendo como referência as teorias de Piaget
e Vygotsky.
12
9.1 COMO SURGIRAM OS CONTOS DE FADAS
Segundo BETTELHEIM (1979), COELHO (1981), ZILBERMAN (1981),
JESUALDO (1985), DIPUCRS (1991) e LAJOLO (1983), ninguém sabe ao
certo qual foi a primeira história existente e quem a contou, pois as histórias
são muito antigas e surgiram junto com a humanidade. Sabe-se que elas foram
criadas devido à necessidade das pessoas perpetuarem fatos, explicar
fenômenos da natureza que causavam medo e transmitir experiências,
crenças, costumes, doutrinas, pessoas, lugares e sonhos.
As civilizações primitivas contavam suas histórias oralmente e elas iam
sendo transmitidas de geração em geração. Somente mais tarde, com a
invenção da escrita é que algumas dessas histórias puderam ser registradas.
Os Contos de Fadas vieram das tradições orais de culturas diversas,
são variações do conto popular. Apresentam-se no formato de histórias, cujo
conteúdo tem como personagens reis, rainhas, príncipes, princesas, bruxas,
ogros, gigantes, etc. É uma narrativa curta, na qual geralmente o herói deve
enfrentar obstáculos. Normalmente, os personagens podem ser salvos ou
ajudados por objetos mágicos ou por seres fantásticos, como fadas, magos,
anões, etc. Os finais dos Contos de Fadas sempre são caracterizados pelo
bem vencendo o mal e a esperada frase “e viveram felizes para sempre”.
Por um longo espaço da história da humanidade, a imaginação do
homem foi criando fatos estruturados em atos sequentes, que se tornaram
tradições orais populares, com enredo simples do cotidiano, que se fazia
presente de forma diferente para cada povo. Esses fatos despertavam o
interesse dos que as ouviam e com o aparecimento e aperfeiçoamento da
imprensa, começaram a surgir os primeiros escritores que tornaram os Contos
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orais e os estruturaram por escrito, fazendo surgir os verdadeiros Contos de
Fadas.
As fadas são seres lendários, dotados de poderes sobrenaturais, que
intervém de modo mágico nas questões humanas. São em geral belas,
bondosas, desamparadas e quase sempre jovens.
O autor pioneiro na área foi o francês Charles Perrault, que deu uma
amaciada nas histórias para agradar as mães da corte francesa e foi sem
dúvida o escritor que rompeu com o preconceito mantido em torno da cultura
popular e em torno da criança que, na época não tinha uma literatura própria.
No século seguinte, os famosos irmãos alemães Jacob e Wilhelm
Grimm e o dinamarquês Hans Christian Andersen deram seguimento nessa
linha literária, inclusive absorvendo características de folclores de outras
culturas, criando as "morais de história" e também amenizando os enredos.
Muitos contos publicados pelos Irmãos Grimm já haviam sido registrados
por Perrault e Hans Christian Andersen, que consolidaram a literatura infantil e
especialmente os Contos de Fadas que encantam a infância em todo o mundo.
Apesar da avalanche de brinquedos eletrônicos, jogos, videogames, etc., esse
gênero textual vêm resistindo à peneira do tempo.
Os Contos de Fadas vêm despertando muitas reflexões, pois constituem
um rico material, oferecendo possibilidades inesgotáveis de estudos e a sua
utilização em sala de aula tem contribuído, de forma significativa, para o ensino
de leitura e escrita.
Os contos atuais, cheios de esperança e amor, foram fruto de uma
preocupação com o impacto psicológico que as crianças podem sofrer a partir
de influências. Preocupação esta que continua até hoje, discutindo cada vez
mais o conteúdo da indústria infantil e do politicamente correto. Foi essa
preocupação que transformou aquelas histórias macabras nos famosos contos
de fada.
9.2 O lúdico como instrumento facilitador no ensino aprendizagem
O lúdico não deve ser visto meramente como um passatempo. Têm
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como intuito promover uma educação diferenciada, capaz de encarar a
ludicidade como um fator motivador, facilitador da aprendizagem cognitiva,
afetiva e psicomotora dos educandos, tornando-os seres pensantes, dotados
de emoções e sentimentos, interagindo todo o tempo com o social.
A atividade lúdica revela-se como um instrumento facilitador da
aprendizagem, pois possui valor educacional intrínseco, criando condições
para que a criança explore e interaja com seus companheiros, resolvendo
situações problema. É visto também como um recurso no processo de ensino-
aprendizagem, tornado-o mais fácil, enriquece a dinâmica das relações na sala
de aula e possibilita um fortalecimento da relação entre o ser que ensina e o
ser que aprende. "A todo o momento, o professor devera tomar consciência da
timidez, liderança, criatividade, inteligência dos alunos. "" (SILVA JUNIOR,
2005, p. 17).
É na atividade lúdica que o educando desenvolve sua habilidade de
subordinar-se a uma regra, mesmo quando um estímulo direto o impele a fazer
algo diferente. "Dominar as regras significa dominar seu próprio
comportamento, aprendendo a controlá-lo, aprendendo a subordiná-lo a um
propósito definitivo". (LEONTIEV apud QUEIROS; MARTINS, 2006, p.7).
É observando, olhando, conhecendo, tocando, manipulando e
experimentando que se vai construindo conhecimento. Neste jogo o da busca
do conhecimento, onde se pode brincar, jogar e estabelecer um espaço e
tempo mágico, onde tudo é possível, um espaço confiável, onde a imaginação
pode desenvolver-se de forma sadia, onde se pode viver entre o real e o
imaginário, este é o lugar e tempo propício para crescer e produzir
conhecimento. "O saber se constrói fazendo próprio o conhecimento do outro, e
a operação de fazer próprio o conhecimento do outro só se pode fazer
jogando." (FERNANDEZ,1990, p. 165).
Os recursos didáticos não são acessórios da ação docente, são a
materialização dela, sendo preciso a organização do trabalho pedagógico nos
anos iniciais e finais do Ensino Fundamental de nove anos, considerando o
planejamento de cada ano escolar de forma a contemplar as mudanças e as
novas situações que integram o cotidiano dos alunos.
Sendo assim, faz-se necessário refletir sobre alguns aspectos que
15
envolvem a organização de práticas de alfabetização e letramento, discutindo
sobre a importância do planejamento para o desenvolvimento de ações
autônomas e efetivas dos profissionais da educação.
10 ESTRATÉGIAS DE AÇÃO
Trata-se de um projeto de pesquisa qualitativa. O estudo vai ocorrer
na Sala de Apoio à Aprendizagem de Língua Portuguesa do 6º ano do Ensino
Fundamental, do Colégio Estadual Francisco Neves Filho, em São João do
Triunfo, através de: levantamento e leitura de referenciais teóricos sobre
alfabetização, letramento, gêneros textuais e ludicidade; observações de aulas
nas turmas regulares de 6º ano e na Sala de Apoio de Língua Portuguesa,
buscando detectar as dificuldades de aprendizagem apresentadas pelos alunos
de 6º ano, apontadas pelos professores de todas as disciplinas, para possíveis
intervenções do professor na Sala de Apoio à Aprendizagem de Língua
Portuguesa. Serão analisados diversos quesitos, entre eles, a capacidade do
aluno saber ler, compreender o que leu, interpretar, escrever o que pensa e o
que entendeu sobre o assunto e se atende às características do gênero
proposto. Também serão analisadas as capacidades de domínio da linguagem
oral e escrita, assim como a de relacionar o conteúdo com outros textos.
O NRE atende as Salas de Apoio através de visitas ao Colégio. Os
problemas de aprendizagem detectados nos alunos que frequentam essas
salas são diversos, tais como:
dificuldades na leitura e escrita, às vezes até na pronúncia de palavras;
não lêem, não gostam de ler, justamente por não conseguirem
decodificar e entender o que foi lido, entre outros.
10.1 APRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO E SELEÇÃO DO GÊNERO TEXTUAL
Nesse momento, o tema gênero textual Contos de Fadas é apresentado às
crianças, a partir do resgate do que eles sabem sobre essas histórias, o que já
leram, que personagens conhecem e o que diferencia esse gênero de outros
que circulam na sociedade.
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“Aperte o cinto, pois a viagem já vai começar!”
10. 1.1 Construção do conceito de Contos de Fadas.
Através de uma forma dinâmica, assistir o filme sobre os Os Irmãos
Grimm e no data show apresentar os contos de fadas: João e Maria, Branca de
Neve, Chapeuzinho Vermelho e Pequena Sereia, como forma de apresentar e
caracterizar esse gênero textual antes da realização da primeira produção. O
primeiro passo será a apresentação desses contos e, depois, estimular a
produção oral com objetivo de facilitar a reescrita dos contos com algumas
mudanças propostas ou a criação de novos contos de fadas por escrito.
Momentos de leitura dos contos de fadas:
LER POR PRAZER
É um convite à imaginação, à magia e à fantasia.
Desenvolver a escuta atenta.
Prever situações de leitura em voz alta pelo professor e pelo aluno.
Levantar as referências que os alunos já têm sobre o assunto.
Relacionar as próprias experiências com a obra.
Entender o espírito da história.
LER PARA ESTUDAR
Aprender a ler as entrelinhas dos textos, dentro e fora da escola.
Orientar a leitura dos textos.
Reler trechos difíceis.
Estabelecer relações coerentes com a realidade.
Facilitar o entendimento.
Ao escrever, esquematizar, rascunhar e reelaborar o que foi lido.
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LER PARA SE INFORMAR
Explicitar o vocabulário e trocar idéias sobre os textos lidos.
Confrontar diferentes pontos de vista.
Pesquisar sobre o autor do texto e o contexto de produção.
Após a verificação sobre o que os alunos sabem sobre Contos de
Fadas, realizar uma visita à biblioteca e ao Laboratório de Informática do
próprio colégio para uma pesquisa, pois o computador é um bom instrumento
para a turma acessar a Internet, encontrando as versões que tratam da
temática do projeto, como também conhecer outros contos de fada.
1º Passo: familiarizar a turma com o gênero que será trabalhado. Selecionar as
diferentes versões encontradas dos contos já apresentados para leitura a ser
realizada em sala de aula.
2º Passo: questionamentos:
Quem está contando a história?
O que ele sabe sobre a vida, os pensamentos e os sentimentos dos
personagens?
Quais as características dos personagens?
Que mudanças seriam necessárias para que um deles fosse o narrador?
Isso não significa que o professor não possa trabalhar com outras
alternativas para tal apresentação. Essas perguntas são importantes para
apresentar o conceito de focalização e o ângulo de quem conta a história.
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3º Passo: construir um painel coletivo das versões encontradas pelas duplas,
com as características dos principais personagens. Isso vai ajudá-los a
escolher e a conhecer a história de um personagem para depois reescrever
uma delas na “pele” de um desses e contar a história com as intenções da
trama.
4º Passo: apresentação dos slides sobre a origem das: bruxas, fadas, duendes
e gnomos.
10. 1.2 PRIMEIRA PRODUÇÃO
Fonte: obrigadopelospeixes.com
Recriar um conto já lido (João e Maria) ou criar um novo conto.
Todo professor quer que seus alunos escrevam, falem e leiam bem. Com
o intuito de realizar uma sondagem, buscando as principais dificuldades com
relação ao gênero e ao emprego correto da Língua Portuguesa (ortografia,
concordância, pontuação, paragrafação, coerência, coesão, etc.). Essa
primeira produção servirá de base para a organização e reorganização das
atividades, indo ao encontro das necessidades e dificuldades dos alunos.
Histórias de era uma vez...
Trabalhadas as características do gênero, os alunos devem escrever,
recriando o conto lido na 3ª pessoa, isto é, com um narrador observador. Essa
reescrita será orientada de acordo com as opções realizadas.
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10.1.3 A arte de escrever bem
Fonte : contextoshistoricos.blogspots.com
Ao ser apresentada a versão abaixo do Conto sobre Chapeuzinho
Vermelho, fazer com que os alunos tomem gosto pela leitura e aprendam que a
linguagem falada é rica, mas que a escrita deve seguir a norma culta. Que a
língua falada é diferente da língua escrita e que a variação da fala, tão comum
no país, precisa ser respeitada. Na hora de escrever, é necessário seguir uma
norma-padrão.
Era uma vez... Uma garotinha que sempre estava vestida com um capuz avermelhado, que lhe rendeu o apelido de Chapeuzinho Vermelho. Um certo dia foi levar mantimentos para sua avó que morava longe, como sua mãe havia lhe mandado, e enquanto caminhava alegremente pela floresta, um grande lobo apareceu e perguntou-lhe onde ia. - À casa da vovó - respondeu ela prontamente. O lobo muito esperto, lhe recomendou o caminho mais longo como atalho, e inocentemente a garotinha seguiu o conselho. Quando chegou primeiro à casa, o lobo matou a avó, colocou todo seu sangue numa garrafa, fatiou sua carne
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num prato, comeu e bebeu satisfatoriamente, guardou as sobras na despensa, vestiu a camisola da idosa e esperou na cama a chegada da menina. Em pouco tempo ele ouviu batidas na porta. - Entre, minha querida. - disse o lobo imitando a avó da garotinha. - Eu trouxe o pão e o leite para a senhora, vovó. - respondeu Chapeuzinho Vermelho. - Entre minha querida. E coma algo, tem carne e vinho na despensa. - disse o lobo. A Menina comeu o que lhe foi oferecido, e enquanto se servia, o gato de sua vó a observava aos murmúrios: "Meretriz! Então, comes a carne e bebes o sangue de tua própria avó com gosto. Ata teu destino ao dela." Após a garota se alimentar, o Lobo então disse cheio de malícia: - Dispa-se e venha para cama comigo. - O que faço com minhas roupas? - questionou Chapeuzinho. - Jogue na lareira, querida. Não precisará mais disso - respondeu o lobo. E para cada peça de roupa que a garota retirava, copete, anágua, meias, a garota refazia a mesma pergunta, e o lobo apenas respondia: "Jogue na lareira. Não precisará mais disso" Já totalmente despida, a garota deitou-se ao lado do lobo, e ao sentir o toque do pelo roçar em seu corpo disse: - Como a senhora é peluda vovó. – exclamou Chapeuzinho - É para te esquentar, minha neta. - respondeu o lobo. - Que unhas grandes a senhora tem! - ela disse. - São para me coçar, minha querida. - o lobo respondeu. - Que ombros largos a senhora tem! - São para carregá-la nas costas, minha jovem. - Que coisa dura e longa a senhora tem entre as pernas. - É para saber quando estou feliz, querida.
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- E que olhos grandes! - São para te ver melhor. - E que nariz grande! - É para lhe cheirar melhor - E que dentes grandes a senhora tem! - São para te comer E então o lobo a devorou.
Fonte do conto: dimartizando.blogspot.com.br
A reescrita na pele de um personagem
Reescrever um texto não é corrigi-lo ou revisá-lo, mas contar com as próprias
palavras uma história conhecida como o Conto de Chapeuzinho Vermelho do
ponto de vista do Lobo mau. Isso vai levar os alunos a colocar em jogo uma
enorme quantidade de conhecimentos e a avançar ainda mais.
Segundo a pesquisadora Emilia Ferreiro (2008), ninguém dimensiona o
tamanho da saudável encrenca que a turma vai ter em mãos com a proposta:
como quem escreve em primeira pessoa resolve ser personagem e, ao mesmo
tempo, narrador?
Significa que o aluno-escritor precisa enfrentar dois desafios. O primeiro deles
é focalização – a perspectiva ou o ângulo de visão de quem conta a história. É
uma mistura própria de quem está descobrindo novos caminhos para escrever
mais e melhor, discutindo as possíveis soluções do seu papel.
Em uma roda de conversa, refletir sobre o uso da linguagem.
Como o autor começou a história?
O que Chapeuzinho Vermelho pergunta primeiro ao Lobo?
Que palavras interessantes ele usou para expressar sensações e
emoções?
Como ele descreveu cada personagem?
Com que ritmo as ações se encadeiam?
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Como a trama terminou?
Essa reflexão vai ajudar a garotada a reunir os principais elementos e
expressões que serão usados depois, no momento de dar vida aos relatos.
Propostas como essa têm por objetivo levar a pensar sobre o sistema de
escrita durante a leitura e a produção de texto. Assim, na hora de escrever,
todos poderão se apoiar em palavras conhecidas ou verificar se as
antecipações feitas estão corretas.
Em seguida, é hora de escrever. É preciso reservar um espaço para o
rascunho, a revisão e reestruturação.
10.1.4 Escrevendo com...
Fonte: jogodasmeninas.org
Agora chegou a sua vez. Prepare-se!
Além de continuar escrevendo a história iniciada pela professora, os
alunos, em grupos, deverão montar uma maquete sobre Branca de Neve e os 7
Anões, fazendo um roteiro para apresentar o Conto em sala de aula.
Proposta: construa com a classe as características dos principais
personagens. No caso: a madrasta, a filha adotiva ( Branca de Neve), os sete
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anões e o príncipe. Transcreva os resultados em um cartaz e deixe à vista dos
estudantes. Pode também haver correção ortográfica e de pontuação,
discutindo com os alunos as principais modificações que devem ser feitas.
10.1.5 A arte de contar e recontar a narrativa sobre A Pequena Sereia
Antes de iniciarmos a apresentação da história da Pequena Sereia, vamos
lançar uma pergunta de pesquisa para a turma:
Qual a diferença entre “Contos de Fadas” e “Contos Maravilhosos”?
Fonte: pipocablog.com
Podemos dizer que o ato de contar história resume-se em magia,
imaginação, conhecimento, capacidade imaginativa, ludicidade e afetividade.
Para contar uma história é importante:
Conhecer a história;
Ler antes de contá-la;
Prestar atenção se a história demonstrou algum sentimento;
Utilizar entonações diferentes, mudar o tom, a intensidade e a
velocidade das narrações;
Fazer expressões faciais;
Fazer expressões corporais;
Improvisar;
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Usar objetos durante a narrativa;
Utilizar músicas e sonoplastia;
Transmitir emoções.
Contar ou ler histórias requer certo preparo, que se inicia na escolha do texto
até sua forma de apresentação.
A apresentação do Conto: A Pequena Sereia será realizada através do
flanelógrafo, que é um recurso fácil de usar para contar histórias. As figuras são
de feltro com velcro atrás e, conforme a história é contada, os personagens vão
sendo colados em um quadro de feltro. Com o objetivo de instigar o interesse,
pois nessa faixa etária pressupõe-se que as crianças já têm total domínio dos
mecanismos de leitura, maior fluência, capacidade de concentração e de
confrontar idéias.
10.1.6 Atividades:
Atividade 01: Resolva as questões abaixo:
1) Descubra o enigma dos símbolos e escreva abaixo:
A B C D E F G H I J K L M N O P
Q R S T U V W Y Z
O que a avó da Pequena Sereia disse? Decifre o enigma.
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2) Através de uma cena com um dos principais personagens do conto,
realizar a montagem de um quebra cabeça e/ou dominó.
3) Jogo da memória com os personagens dos contos trabalhados sobre:
João e Maria, Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve e os Sete Anões e A
Pequena Sereia.
4) Observar as cenas e descobrir de qual Conto ela pertence escolhendo o
nome da história.
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5) Escreva ( V ) para Verdade e ( F ) para Falso:
a) ( ) Chapeuzinho Vermelho morava com a avó.
b) ( ) Chapeuzinho parou para pegar flores?
c) ( ) O Lobo Mau engoliu a menina?
d) ( ) O caçador visitou a avó?
e) ( ) O caçador cortou o Lobo com uma faca.
f) ( ) O Lobo observava Chapeuzinho na floresta?
Atividade 02:
- Caça-palavras: As palavras relacionadas aos Contos de Fadas estão ocultas
no diagrama, sempre em linha reta, nas direções: horizontal, vertical e
diagonal. Escritas normalmente ou invertidas. O aluno deverá marcar as
palavras em destaque, na relação ou no texto, e à medida que as encontrar,
circundá-las no diagrama.
- Jogo da memória: sobre os quatro contos trabalhados.
- Dominó: sobre os personagens dos contos e suas características.
Uma parte do domino´ com os personagens na forma de desenhos
e a outra parte escrita, com algumas das características destes.
Exemplo: Desenho / Animal mamífero, com o
do Lobo corpo coberto de pelos
-Palavras Cruzadas: responder perguntas com os nomes dos personagens ou
da história a que se referem.
Ex: 1) Quem comeu uma maçã envenenada e só acordou com um beijo do
príncipe?
2) Quem acolheu a princesa na floresta ao ser libertada por um caçador
do reino?
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3) Quem deixou um rastro com migalhas de pão para encontrar o
caminho para casa?
4) Quem levou as crianças para a floresta e as deixou?
5) Qual o nome da história em que a personagem usava um capuz
vermelho?
6) Qual animal aborda Chapeuzinho Vermelho na estrada?
7) Quem salvou a vovó de Chapeuzinho Vermelho?
8) De onde a vovó foi retirada, após ser engolida pelo Lobo?
Obs.: As atividades lúdicas serão organizadas a partir das necessidades e
dificuldades apresentadas pelos alunos no decorrer das aulas e serão
disponibilizadas no artigo final, quando pretendemos colocar em anexo a
sequência didática completa.
10.1.7 Produção Final
Verificar o avanço que os alunos apresentaram no decorrer do processo
de alfabetização e letramento através das atividades lúdicas, pois esta
proposta permitirá ao educando criar, imaginar, fazer de conta e,
principalmente, aprender de forma significativa a ler e a escrever. Avaliar o
próprio comportamento diante da maneira de encarar os seus “erros” e os dos
colegas e a partir dos Contos de Fadas trabalhados.
Proporcionar na escola o contato com a leitura dos Contos de Fadas é
uma forma de mostrar a origem dos livros escritos no contexto da Literatura
Infantil e deixar que elas escolham se querem ou não ler, conforme o seu gosto
e interesse. Apenas deixar à disposição, pois se a criança for despertada pela
leitura desses contos, terá oportunidade de vivenciar um mundo que, em sua
fantasia, estará relacionado com o mundo onde se encontra integrado hoje,
identificando muitos aspectos de sua vida real com a ficção, e isso também é
educação.
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11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Secretária de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998, 3v.
Coleção Pedagógica : contos clássicos : manual do professor. São Paulo : Ciranda Cultural, 2011.
Diretrizes Curriculares da Educação Básica da Língua Portuguesa, 2008
MACEDO, Lino de; PETTY, Ana Lúcia Sícoli; PASSOS, NorimarChriste. Os jogos e o lúdico na aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artmed, 2005.
PARANÁ, Secretaria do Estado de Educação. Currículo Básico para Escola Pública do Paraná. Curitiba: SEED, 1190, p. 50 – 62.
QUEIROZ, Tânia Dias e MARTINS, João Luiz. Pedagogia Lúdica: Jogos e brincadeiras de A a Z. São Paulo, Rideel, 2002.
Revista Aprende Brasil: A revista da sua escola. Editora Positivo - Ano 2, nº 6 agosto/setembro de 2005.
Revista de quem Educa: Nova Escola. Editora Abril – Ano XXIV, nº223. Junho/Julho de 2009, 76 e 78 p.
ROJO, Roxane. Alfabetização e letramento. Campinas: Mercado de Letras, 1998.
SILVA, Helen de Castro. Literatura infantil: O eterno fascínio dos contos de fadas. Jornal do Alfabetizador, ano V – nº 29.
SOARES, Magda. Alfabetização e Letramento: estudo e ensino. São Paulo, 2007.123 p.
__________. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.
__________. A reinvenção da alfabetização. .Revista Presença Pedagógica. Disponível em: <http://www.presencapedagogica.com.br/capa6/artigos/52.pdf>. Acesso em: 25 abr 2013.
Imagens: qdivertido.com.br / desenhosparacolorir.blogspot.com desenhoseriscos.com.br / zisno.org