OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · 2016-06-10 · pretendem integrar a Internet...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
AMBIENTE VIRTUAL DE ENSINO E APRENDIZAGEM:Uso do Moodle para ampliar os recursos didáticos
dos professores da Educação Básica
Leila Rosária de Felix Pereira1
[email protected] Maria Estephan2
RESUMO: Este artigo apresenta o resultado do projeto produzido para o PDE - Programa deDesenvolvimento Educacional, da Secretaria de Estado de Educação do Paraná, iniciado no ano de2013. Relata a implementação do mesmo iniciado com a elaboração do Material Didático Pedagógico,problematizando o uso de uma plataforma desenhada para viabilização de Ensino a Distânciapossível de ser inserida na metodologia da Educação Básica Presencial. O projeto iniciou através deconversações e debates com os professores de matemática do colégio, sobre viabilidades evantagens pedagógicas da ferramenta. Realizou-se treinamento para o uso do Ambiente Virtual deEnsino Aprendizagem – Moodle, com capacitação para utilização básica da plataforma. O ambientedepois de apresentado aos professores recebeu conteúdo e atividades, que posteriormente foramaplicadas para duas turmas de alunos do sétimo ano do Ensino Fundamental e para uma turma doterceiro ano de Ensino Médio, no Colégio Estadual João Maria de Barros, no Município de CampinaGrande do Sul/PR. Ao final observou-se que os estudantes ficaram interessados e motivados com anovidade; os professores tiveram dificuldade de operar o ambiente para a criação de cursos,alegando que a proposta é boa, porém carecem de mais suporte para usar adequadamente osrecursos da plataforma.
Palavras-chave: Ambiente Virtual de Ensino e Aprendizagem-Moodle, Educação, Informática na Educação, Internet, Metodologia de Projetos.
1 - Professora da Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná. Mestre em Ciências da Educação pela UIL.
2 - Professora orientadora da UTFPR-CT. Mestre em Educação pela UFPR.
INTRODUÇÃO
No Paraná a partir de 2004, após longos debates sobre a problemática das
NTICs (Novas Tecnologias de Informação e Comunicação) na educação, a
Secretaria de Estado da Educação passou a equipar todas as escolas da rede
pública de ensino com “Laboratórios de Informática”, com financiamento do
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – Penud. Com esses
recursos foi possível estabelecer parceria com a UFPR - Universidade Federal do
Paraná para o desenvolvimento de uma plataforma educacional no sistema
operacional Linux. Assim foi criado o Programa Paraná Digital – PRD e uma parceria
com a Copel para a instalação de uma rede de fibra ótica para promover acesso à
Internet em todas as escolas. Paralelamente a isso na Celepar – Companhia de
Informática do Paraná -, sob orientação de professores da rede pública, foi
desenvolvido o Portal Dia a Dia Educação. Uma vez implantado o sistema houve a
necessidade de se expandir a assistência técnica e aumentar o número de
multiplicadores que conseguissem atender todo o Estado. Sob a orientação e
capacitações realizadas no Cetepar, foram criados 32 CRTEs – Coordenação
Regional de Tecnologia Educacional para atender os 32 Núcleos Regionais de
Ensino. Estas Coordenações contam com professores capacitados para atenderem
a todas as escolas, tanto na assistência técnica para a manutenção do parque
tecnológico instalado quanto no desenvolvimento de projetos para seu uso
pedagógico.
Somente a capacitação para uso das novas tecnologias, em nível técnico,
não bastou para promover a melhoria na qualidade do ensino. Desse modo, para
suprir essa necessidade criou-se o PDE – Programa de Desenvolvimento
Educacional, no qual os professores puderam e podem aprofundar seus
conhecimentos pedagógicos em seminários e Grupos de Trabalhos em Rede – GTR.
O GTR é um espaço virtual de aprendizagem ambientado no E-escola otimizada
para atender aos objetivos da proposta pedagógica orientada pelo PDE. O GTR
tornou-se um módulo que faz parte do currículo do PDE para que os professores
envolvidos no programa tenham a oportunidade de gerenciar um curso na
plataforma Moodle. O GTR é um espaço virtual de aprendizagem ambientado no E-
escola, a plataforma Moodle otimizada para atender aos objetivos da proposta
pedagógica orientada pelo PDE.
O Moodle é um sistema de gestão de Aprendizagem on-line. Esta plataforma
foi criada em 2001 em código aberto, ou seja, qualquer pessoa interessada e que
conheça a linguagem de programação PHP e Mysql, pode modificá-lo, inserindo
novos módulos (objetos) ou alterar os existentes para atender as suas necessidades
específicas. O E-escola da Secretaria de Educação do Paraná foi otimizado desta
forma, a partir do Moodle original.
Gomez (2004) diz:
Como qualquer forma de educação, a educação pela Internet supõerelação, presença, conectividade. Um encontro dá-se sempre num campus.O da Internet é o virtual, com especificidade própria, mas um campus quenão exclui a relação, a presença, a conectividade (p. 13)
Como ação de intervenção pedagógica propusemos a criação de um campus
virtual na escola, com o objetivo de desenvolver e avaliar a proposta de trabalho
relacionada ao uso da referida plataforma. Essa proposta permitiu que alunos do
ensino básico, orientados por seus professores, pudessem vivenciar atividades
escolares em Ambiente Virtual de Ensino e Aprendizagem no Moodle. Para
despertar a curiosidade com a consciência das implicações nos amparamos nas
palavras de Kalinke (2003) que diz:
É fundamental que, além de se apropriar da tecnologia, o professor saibacomo direcionar o seu uso, bem como os de seus recursos. Entendê-los edominá-los é o primeiro passo para utilizá-los com sucesso. (p. 16)
A ideia de que o conhecimento se constrói a partir dos conteúdos e
estratégias oferecidas, a integração da plataforma Moodle na disciplina de
Matemática da educação básica, possibilita que os estudantes desenvolvam as
atividades propostas, produzam e deem visibilidade às suas atividades e
aprendizagens.
A valorização da produção dos estudantes se faz importante para a formação
de sua própria personalidade. Espera-se com isto que se desperte o seu interesse
muito mais do que o superficial das coisas e das relações de sentido.
Desde finais do século vinte que se vem buscando a integração de diversas
áreas do conhecimento a partir de suas relações interdisciplinares no espaço
escolar. Neste contexto o uso das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação
(NTICs) desempenham papel importante, pois mediante sua aplicação, pode-se criar
propostas de trabalho inovadoras, enriquecendo o processo de ensino da educação,
e de modo especial, da educação básica.
Os métodos didáticos sempre revelam uma determinada posição filosófica,psicológica ou científica. Ao organizar o ensino, o professor irá se utilizar derecursos que permitam uma maior ou menor participação do aluno, semperder de vista o fim proposto e, de acordo com o modo de ensinar,orientará o aluno em termos de valores, desenvolvimento e potencialidades(conteúdos, habilidades mentais e motoras), convívio com o semelhante,conhecimentos específicos (SANT'ANNA e MENEGOLLA, 1995, p. 46)
O AVEA-Moodle corresponde perfeitamente para a aplicação de projetos que
pretendem integrar a Internet com as atividades da escola presencial, desde que
conte com um planejamento adequado, ou seja, com a metodologia apropriada. O
professor ou a professora poderá conduzir os estudantes até a sala de informática
para que todos se comuniquem on-line, dando maior espaço para que troquem
experiências entre si.
Tomando por diretriz esta constatação optou-se por analisar sob o olhar da
metodologia a aplicação dos recursos do Ambiente Virtual de Ensino e
Aprendizagem, como mecanismo de inserção, divulgação e aprendizagem de
conteúdos trabalhados por docentes e discentes da educação básica de escolas
públicas.
O Moodle fora desenhado para educação à distância, todavia, seus recursos
podem enriquecer o processo ensino aprendizagem na sala de aula da educação
básica no ensino presencial, tendo em vista que a referida plataforma suporta as
mais diferentes possibilidades pedagógicas.
O projeto foi aplicado no Colégio Estadual Prefeito João Maria de Barros, com
a colaboração de professores de Matemática que escolheram as turmas às quais
lecionam para fazerem parte do projeto. Esse colégio está localizado na periferia da
cidade de Campina Grande do Sul e atende basicamente uma clientela de baixa
renda familiar.
A questão que norteou a implantação foi verificar de que modo o AVEA-
Moodle pode auxiliar professores e professoras de matemática do ensino presencial
em suas práticas pedagógicas?
AMBIENTE DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA PRESENCIAL, PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A designação AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem consagrou-se em um
momento no qual se pensava criar cursos, treinamentos para grande quantidade de
aprendizes. Uma equipe de professores, pedagogos e designer de programação
“montavam” um ambiente para ser replicado indefinidamente para atender a um
grande número de aprendizes sem a interferência ou participação direta de um
professor que acompanhasse os estudantes e os orientassem para a aprendizagem.
Para ambientes com esta arquitetura a designação de AVA atende perfeitamente ao
propósito.
No modelo AVA algumas instituições oferecem tutores apenas para orientar o
estudante de como usar a plataforma corretamente. Por outro lado, com a evolução
do pensamento sobre a problemática da educação on-line, foi se percebendo que
certas plataformas poderiam ser bem mais abrangentes e complexas do que
simplesmente se criar treinamentos fechados.
Hoje já se pensa a figura do tutor como professor-tutor, ou seja, um professor
licenciado na disciplina, conhecedor tanto do ambiente, a plataforma e seus recursos
de software quanto os conteúdos da disciplina e as metodologias adequadas de
ensino-aprendizagem. Esse pensamento surge da constatação que o ambiente no
qual o aprendiz faz as suas atividades sem interação com professores ou pares,
denominado AVA, não é suficiente. A figura do professor-tutor surge junto com a
necessidade de uma configuração que permita a participação constante e interação
do professor, a possibilidade de trocas de informações entre os aprendizes. Essa
nova configuração recebe o nome AVEA - Ambiente Virtual de Ensino e
Aprendizagem.
A adoção de novas propostas metodológicas na escola, em função da
aplicação do projeto de intervenção, que envolveu mudanças de hábitos que
exigiram certo esforço pessoal, foi visto com resistência pelos atores envolvidos
professores ou equipe pedagógica. Essa resistência é natural porque a mudança
provocada pelo uso do AVEA faz com que se saia da zona de conforto, o que pode
gerar uma perda da sensação de controle da situação. Porém, a nova forma de
propor atividades de ensino via AVEA requer do profissional de educação esforçar-se
para dominar novas técnicas de ensino e com isto manter-se em condições de
diálogo de aprendizagem com seus pares e estudantes, como comenta
Kalinke (2004),
O domínio de novas técnicas certamente requer um bom tempo de estudo,várias horas de prática e boa dose de paciência. Nem sempre conseguimosos retornos esperados e os problemas podem ir se avolumando enquantotentamos nos apropriar das novidades que estejam disponíveis. (KALINKE,2004, p. 101)
Para Gomez (2004),
essa sociedade também exige o desenvolvimento da alfabetização, daleitura e da escrita por meio de softwares educacionais, um educador queentenda novas formas de comunicação na escola e lide com novos modosde relacionamento, além de acompanhar a reflexão sobre a relação escola-professor vs. Aluno-computador e participar do debate sobre a concorrênciado professor com o computador. (GOMEZ, 2004, p. 64)
Para esta nova realidade que se configura é fundamental estar aberto e
motivado para aceitar novos desafios. Não se pode esperar que as instâncias
superiores nos supram com metodologias prontas a serem aplicadas. Cabe ao
professor buscar novos recursos que atendam as suas necessidades profissionais
dentro desta sociedade que evolui tecnológica e culturalmente a passos largos para
um futuro cada vez mais conectado, entranhando-se nas malhas da educação em
rede.
O professor ao acessar o ambiente no modo de edição depara-se com os
recursos (Arquivo, Livro, Página, Pasta, Rótulo e URL) e as Atividades (Base de
dados, Chat, Escolha, Ferramenta Externa, Fórum, Glossário, Laboratório de
Avaliação, Lição, Pesquisa de Avaliação, Questionário, Tarefa e wiki). Estas são as
ferramentas básicas que compõem a plataforma e será a combinação, tanto dos
recursos quanto das atividades que o professor e equipe pedagógica poderão
estruturar uma sequencia didática para expor um conteúdo para o aluno. Não existe
uma fórmula pronta e acabada, tudo vai depender do planejamento específico para
cada caso.
Para Gomez (2004),
essa sociedade também exige o desenvolvimento da alfabetização, daleitura e da escrita por meio de softwares educacionais, um educador queentenda novas formas de comunicação na escola e lide com novos modosde relacionamento, além de acompanhar a reflexão sobre a relação escola-professor vs. Aluno-computador e participar do debate sobre a concorrênciado professor com o computador. (GOMEZ, 2004, p. 64)
Para a criação de uma aula no Ambiente Moodle o professor tem que ter
seus objetivos bem definidos. (TAJRA , p. 43) Partindo dessas definições pode optar
por aulas interativas com debate e defesa de ponto de vista. Para isso pode usar a
ferramenta fóruns e lançar uma problematização para que os estudantes deem suas
opiniões, a partir de leituras sugeridas ou já vistas em sala de aulas. Além disso,
com o uso dessa ferramenta cada estudante pode comentar a contribuição dos
demais colegas.
O professor pode ainda abrir um chat ou um wiki, ele problematizou o tema e
os estudantes trocaram informações entre si interagindo formalmente, inclusive
enviando arquivos para o professor avaliar, o O chat é um ambiente mais
descontraído, no qual aluno pode expressar suas expectativas, lugar de expressar
opinião pessoal. E finalmente, no wiki, seria possível a criação de um texto coletivo,
que todos podem editar, modificar, alterar inclusive o professor. E este também pode
avaliar as contribuições dos alunos.
Outra opção do AVEA é a apresentação de vídeos do youtube seguido da
inserção de uma tarefa para avaliar a aprendizagem. Pode também ativar o recurso
livro e digitar o texto que ficará em formato de páginas ou acrescentar o recurso
página da Web.
Existem diversos modos de se configurar o recurso livro no ambiente, uma
delas é coloca-lo no final de uma determinada sequência de atividades, direcionando
o estudante a uma página de atividades para praticar aquilo que lhe foi ensinado. Ou
ainda há o recurso que possibilita redirecionar o estudante para conteúdos que não
conseguiu assimilar. Essa constatação pode ser avaliada a partir da solução de
exercícios postados para o aluno resolver ou de sua participação em atividades que
precisa expor seus conhecimentos na forma de texto escrito.
Kalinke (2003) comenta que “Ao cometer um erro, o aluno não deve ser
imediatamente corrigido, mas sim levado a refletir sobre a sua resposta e, por meio
de uma nova abordagem do assunto, tratar a questão sobre outro prisma.” (p. 120)
Ou seja, em não tendo conseguido apreender o conteúdo este pode ser revisitado
sob um novo enfoque. Isto vai depender da criatividade do professor em elaborar
caminhos para serem percorridos por seu aluno na sequência de atividades
desenvolvidas no ambiente AVEA.
O ambiente virtual de ensino e aprendizagem tem por característica principal
a aprendizagem colaborativa. Desse modo as atividades desenvolvidas nas
propostas pedagógicas no ambiente devem possibilitar a interação entre seus
usuários estimulando a troca de ideias e informações, ou seja, a aprendizagem
ocorre a partir da interação com o grupo.
Nakamura (2008) resume essa filosofia pedagógica,
trata-se de aprender em colaboração no ambiente on-line, baseando-se napedagogia sócio-construtivista, portanto, trata a aprendizagem comoatividade social além de concentrar a atenção na aprendizagem queacontece enquanto construímos ativamente os artefatos (textos, vídeos,imagens etc) para que outros vejam ou utilizem. (p 24)
A plataforma contém interface de identificação dos usuários com mecanismo
de coordenação e cooperação, no qual professores e pedagogos podem, de acordo
com a proposta pedagógica adotada no ensino presencial, organizar seus cursos
com interações on-line. Um fator muito importante neste item é a possibilidade de
acesso seletivo aos conteúdos, que podem ser separados por níveis, módulos ou
etapas dependendo apenas das variáveis programadas. Há também a possibilidade
de acesso como visitantes, assim pais ou responsáveis, que tenham posse da senha
de visitante, podem acompanhar os conteúdos e as atividades ministradas. Embora
se possa acessar os conteúdos e atividades o visitante não consegue interagir com
os estudantes e professores no ambiente, ele é apenas um expectador.
O professor ao acessar o ambiente no modo de edição depara-se com os
recursos – (Arquivo, Livro, Página, Pasta, Rótulo e URL) e as Atividades – (Base de
dados, Chat, Escolha, Ferramenta Externa, Fórum, Glossário, Laboratório de
Avaliação, Lição, Pesquisa de Avaliação, Questionário, Tarefa e Wiki). Estas são as
ferramentas básicas que compõem a plataforma e será a combinação, tanto dos
recursos quanto das atividades que o professor e equipe pedagógica poderão
melhorar o resultado. Não existe uma fórmula pronta e acabada, tudo vai depender
do planejamento específico para cada caso.
RELATO DA IMPLEMENTAÇÃO
Para que se pudesse executar a unidade didática ofereceu-se um Ambiente
Moodle de acordo com o proposto no projeto, para que os professores pudessem
desenvolver suas propostas de atividades. Como requerer a criação de um ambiente
AVEA na CELEPAR seria muito burocrático, optamos pelo apoio de um engenheiro
eletrônico, João Jubery que nos cedeu espaço em seu servidor Moodle para a
execução do projeto.
No transcorrer da fase inicial de implantação, após vencer as dificuldades
decorrentes de problemas de conexão, os professores do Colégio João Maria de
Barros puderam navegar pela plataforma para criação de suas aulas on-line
ambientado no site Edukit. Demandaram maiores esforços na fase de execução os
problemas de lentidão do servidor da plataforma, a lentidão dos computadores da
escola e a falta de computadores para todos os estudantes.
Foram promovidos encontros com os professores durante a Hora Atividade
para leitura de aprofundamento e explicação do projeto na escola, promovendo o
debate sobre sua aplicabilidade e as expectativas de resultados. Dois professores
de Matemática atuaram para formação das turmas que participaram do projeto.
Ficou definido que trabalharíamos com o terceiro ano do Ensino Médio e com os
sétimos anos do Ensino Fundamental.
A pesquisadora acompanhou os professores de Matemática para a inserção
dos conteúdos a serem desenvolvidos na plataforma Moodle, levando em
consideração os recursos tecnológicos disponíveis na escola. Neste ponto ficou
evidente a carência tecnológica de nossa escola. Além de não ter computadores
para todos os alunos, o laboratório de informática é usado para outras atividades da
escola de modo que nem sempre dá para usar o laboratório para sua finalidade fim.
As atividades trabalhadas pelos estudantes, tanto dos sétimos anos do
Ensino Fundamental quanto ao terceiro ano do Ensino Médio, eram continuidade
dos conteúdos de matemática desenvolvidos em sala de aula. O ambiente não fora
usado para criar um curso completo, apenas uma pequena parcela do conteúdo foi
trabalhado on-line e nem todos os recursos do ambiente foram explorados num
primeiro momento. Essas sequencias didáticas tiveram o objetivo de complementar
as aulas presenciais.
Ao final da aplicação os estudantes responderam ao questionário, com
questões padronizadas pelo ambiente Moodle. A avaliação COLLES do Moodle é
estruturada para fornecer subsídio ao professor quanto aos interesses e
envolvimento dos estudantes. O questionário é composto de 26 questões no total,
que foram respondidas por vinte e cinco estudantes. Os resultados foram
organizados nos gráficos abaixo.
Gráfico 1- Relevância do conteúdo estudado.
Gráfico 2 – Reflexão Crítica sobre a aprendizagem.
Gráfico 3 – Interatividade.
Gráfico 4 – Apoio do professor.
Gráfico 5 – Apoio dos Colegas.
Gráfico 6 – Compreensão dos colegas e professor.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As mais modernas tecnologias que surgiram nas últimas décadas afetaram
definitivamente o modo de interação entre as pessoas e estas com seu entorno. A
geração atual, principalmente as dos grandes centros desconhece o mundo
desconectado. Hoje é difícil encontrar em nossas cidades e até mesmo em nosso
Estado uma criança que não saiba se comunicar via celular, usando os seus
recursos mais sofisticados. A fotografia Selfie nasceu desse uso democrático dos
recursos do aparelho celular. O próprio sistema operacional mais conhecido, a partir
de sua versão 8, já distribui seus ícones nos computadores de modo a lembrar o
touch screen dos celulares. A evolução dos sistemas e recursos requer um grau de
aperfeiçoamento cada vez maior para adaptar-se, aprender, apreender e tirar
proveito intelectivo desta nova forma de viver conectado.
O aprimoramento para uso de ferramentas on-line na educação não se limita
em dominar os Recursos e Atividades do Ambiente Virtual de Ensino e
Aprendizagem, é importante além deste domínio que o professor saiba aplicar outros
recursos que a plataforma suporta: vídeos, áudios, textos, fotos, apresentações
audiovisuais etc. A riqueza da aula on-line como apoio ao presencial está em
diversificar os recursos aplicando uma metodologia bem estruturada, para não se
perder o foco da aprendizagem. Aplicar avaliações se faz necessário em todas as
fases e para isto o professor precisa ter definido antecipadamente. Aqui talvez
caberia recomendar para quem deseje criar um ambiente virtual para apoiar suas
aulas presenciais, primeiro montar uma planilha detalhada do conteúdo com muita
atenção, um roteiro da aula a ser executada com suas estratégias e avaliações,
definindo os recursos e atividades a serem desenvolvidas no ambiente on-line, com
a previsão de sua duração.
Estudar é pensar sobre a mesma coisa, dezenas, centenas e talvez milhares
de vezes. Pensando, verificando e comparando com o que já se sabe, se constrói
conhecimentos válidos (sobre a mesma coisa). Isso é aprender. Talvez indo além e
produzindo conhecimentos inovadores.
Os professores participantes apontaram para a complexidade da plataforma,
reconhecendo que os recursos do AVEA na prática pedagógica proporciona um novo
ambiente de aprendizagem destacando os recursos para auxiliar na tarefa de
avaliação da aprendizagem no campus virtual. Além de oferecer atividades que
ajudam os estudantes a compreenderem os conteúdos escolares através da
interação, proporcionando aquisição de conhecimentos. A metodologia de projetos
quando aplicada corretamente deve levar para ações duradouras, ou seja, investigar
o assunto minunciosamente sob diferentes perspectivas. Para isto a Metodologia de
Projetos sendo interdisciplinar, multidisciplinar e até transdisciplinar, pode ser
coadjuvante no desenrolar das atividades a serem desenvolvidas.
Resta que se aprofunde os estudos sobre a inserção da escola no universo
virtual, no ciberespaço, considerando toda sua complexidade. Fazer uso dos
conteúdos da Internet apenas “pinçando” aquilo que interessa pontualmente para
ilustrar ou completar um conteúdo de sala de aula, não pode ser considerado
inserção nem inovaçao.
Afora os dados oficiais de disciplinas e notas a escola praticamente não
oferece mais nada. A cada ano os trabalhos desenvolvidos são devolvidos a seus
autores pelos professores sem maiores destaques e o restante é guardado
precariamente por algum tempo e depois é destruído. Não se valoriza a cultura da
preservação dos trabalhos dos estudantes, formando uma memória pedagógica da
escola, tanto isto é relevante considerar, que Garcia aponta para as dificuldades na
pesquisa sobre inovação educacional no Brasil.
A ausência de preocupações em conservar, através de documentos, ou
outra forma, o que é realizado, dificultou em muito o levantamento completo
do que se fez em matéria de inovações educacional no últimos vinte anos
(GARCIA 1995, p. 11)
No futuro, quem sabe, a escola, além de “reproduzir e incrustar valores e
atavismos, oriundos dos paradigmas conceituais dos sistemas de crenças”(Manfio in
GARCIA, 1995, p. 5) possa oferecer como serviço relevante uma biblioteca contendo
os trabalhos significativos dos que por ali passaram, estudaram e aprenderam.
Falar em tecnologia educacional é também considerar os problemas da
escola e sua razão de existência. Para que um ambiente virtual de ensino e
aprendizagem seja usado de modo produtivo não pode ser oriundo de ação isolada;
a escola tem que ser mobilizada para um planejamento orgânico, onde se conste as
atividades e seus recursos. A rede de ensino do futuro talvez venha a fornecer
infraestrutura, proporcionando capacidade de armazenamento de dados, para que a
escola tenha uma memória virtual, ou seja, tenha a capacidade de guardar em
bancos de dados todos os trabalhos significativos dos estudantes.
A memória virtual de uma escola é a memória guardada como histórico
pedagógico, onde os valores são preservados, queremos crer que a consciência
seja maior. Inserir-se no mundo virtual não pode ser apenas reproduzir o
descartável. Aquilo que o estudante produziu é sua memória de vivência,
convivência e aprendizagem, seja em Matemática ou em qualquer outra disciplina.
Talvez esteja aí a oportunidade para a escola se tornar mais significativa, lugar onde
aquele que estudou na escola possa buscar sua memória de tempos de jovens.
Guardar os trabalhos importantes de cada estudante em mídia digital não é
dispendioso, o problema mais aparente talvez seja a capacitação humana para se
adequar a uma nova responsabilidade de arquivamento de mídias.
Os resultados do presente estudo, depreendidos dos gráficos, apontam para
a relevância da interação e para a troca de experiências entre os estudantes.
Considerando a importância das interações para avaliação do Ambiente Virtual de
Ensino e Aprendizagem, conclui-se que embora os bons índices de compreensão
das mensagens, reflexão sobre os conteúdos e apoio dos professores tutores,
persiste a necessidade de motivar os estudantes para maior interação entre si sobre
os conteúdos, criando estratégias para trocas de suas ideias e com isto um melhor
aproveitamento dentro do AVEA no ensino presencial.
REFERÊNCIAS
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GOMEZ, M. V. Educação em Rede: uma visão emancipadora. São Paulo: Cortez, 2004. (Guia da Escola Cidadã; v. 11)
LIBÂNEO, J. C. Adeus professor, adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão docente. 13 e. São Paulo: Cortez, 2011. (Coleção Questões da nossa época; v. 2)
KALINKE. M. A. Internet na Educação: como, quando, onde, por quê. Curitiba: Chain, 2003.
____________. Para não ser um professor do século passado. 5 e. Curitiba: Chain, 2004.
LAVILLE, C.; DIONNE, J. A construção do saber: Manual de metodologia dapesquisa em ciências Humanas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
NAKAMURA, R. Moodle como criar um curso usando a plataforma de Ensino aDistância. São Paulo: Farol do forte, 2008.
OLIVEIRA, C. L. Significado e Contribuições da Afetividade, no contexto daMetodologia de Projetos, na Educação Básica. Dissertação (Mestrado) - CEFET-MG. Belo Horizonte-MG, 2006, Capítulo 2. Disponível em:http://www.tecnologiadeprojetos.com.br/banco_objetos/%7B28A0E37E-294A-4107-906C-914B445E1A40%7D_pedagogia-metodologia.pdf Acessado em: 10/11/2013.
TAJRA, S. F. Internet na Educação: O professor na era digital. São Paulo: Érica,2004.