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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PROJETO “A VEZ DO MESTRE” PÓS-GRADUAÇÃO EM ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: PERSPECTIVAS ATUAIS Por: Eliani Moraes Tresinari Orientadora Prof. a : Fabiane Muniz da Silva NITERÓI 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

PÓS-GRADUAÇÃO EM ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL:

PERSPECTIVAS ATUAIS

Por: Eliani Moraes Tresinari

Orientadora Prof.a: Fabiane Muniz da Silva

NITERÓI

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

PÓS-GRADUAÇÃO EM ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL:

PERSPECTIVAS ATUAIS

Monografia apresentada à Universidade Cândido Mendes como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Orientação Educacional.

Por: Eliani Moraes Tresinari

Orientadora Prof.a: Fabiane Muniz da Silva

NITERÓI

2009

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DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia ao meu filho e minha

tia Maria que me apoiaram e incentivaram na

escolha por esta nova desafiadora

caminhada.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por tudo que me tem permitido

realizar.

À professora Fabiane Muniz da Silva, minha

orientadora, que aceitou o desafio de

desenvolver este trabalho juntamente

comigo.

A todos os professores e educadores

educacionais que conheci que contribuíram

de certa forma com a minha formação

profissional e me inspiraram.

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RESUMO

A sociedade hoje, exige homens pensantes, exercendo sua verdadeira

cidadania, homens criativos, reflexivos, capazes de resolverem qualquer

situação, com isso o papel do Orientador Educacional é de grande importância

não só na escola, mas num todo para a formação de um indivíduo crítico e que

possa responder ao meio, por isso a educação na escola vem se modificando.

A educação tem por fins gerais conduzir à construção de uma sociedade

educativa, cujo propósito essencial é o desenvolvimento integral do homem,

portanto o papel do Educador, em especial do Orientador Educacional na

escola é de extrema importância. Percebe-se hoje que os objetivos da

Orientação Educacional são bem claros e coerentes, uma vez que o processo

evolutivo e as experiências vivenciadas foram responsáveis pela eliminação da

idéia romântica salvadora do papel da Orientação na escola. Como todo este

processo evolutivo da Orientação Educacional exerce e exerceu muita

importância na Educação Brasileira este estudo monográfico tomará este

processo como objeto de estudo.

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METODOLOGIA

Para a realização deste estudo monográfico uma pesquisa exploratória

baseada em pesquisa bibliográfica foi realizada utilizando-se as principais

bases de dados e bancos de dissertações e teses disponíveis, bem como o

auxílio de diversas fontes, como livros, internet, etc. Sendo a abordagem

teórica que fundamentam este trabalho de pesquisa bibliográfica inspirado

pelas obras do autor Paulo Freire, bem como de seus seguidores.

Segundo Gil (2002), uma pesquisa, tendo em vista seus objetivos, pode

ser classificada em pesquisa exploratória se esta pesquisa tem como objetivo

proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais

explícito. Pode envolver levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas

experientes no problema pesquisado. Geralmente, assume a forma de

pesquisa bibliográfica e estudo de caso.

Também segundo Gil (2002), uma pesquisa pode ser classificada quanto

aos seus procedimentos técnicos em pesquisa bibliográfica se ela for

desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de

livros e artigos científicos. Não sendo aconselhável que textos retirados da

Internet constituam o arcabouço teórico do trabalho monográfico.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.....................................................................................................8

CAPÍTULO I. ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL EM NOVO PARADIGMA...........9

1.1. ORIENTADOR EDUCACIONAL COMO CONSULTOR, ASSESSOR

E COORDENADOR................................................................................12

CAPÍTULO II. OS PERÍODOS DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL.................15

2.1 - PERÍODO IMPLEMENTAR - DE 1920 A 1941...............................15

2.2 - PERÍODO INSTITUCIONAL DE 1941 A 1960................................15

2.3 - PERÍODO TRANSFORMADOR DE 1961 A 1970..........................15

2.4 - PERÍODO DISCIPLINAR_DE 1971 A 1980....................................16

2.5 - PERÍODO QUESTIONADOR _ DÉCADA DE 1980.......................17

2.6 - PERÍODO ORIENTADOR _ A PARTIR DE 1990...........................18

CAPÍTULO III. A PRÁTICA DE UMA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL.............21

3.1. PROJETANDO PERSPECTIVAS....................................................22

3.2. UMA PERSPECTIVA TEÓRICO-PRÁTICO NA ORIENTAÇÃO

EDUCACIONAL......................................................................................24

CAPÍTULO IV. A FUNÇÃO DA ESCOLA..........................................................27

4.1. O ORIENTADOR EDUCACIONAL ATUANDO NA ESCOLA..........28

CONCLUSÃO....................................................................................................33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................35

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INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é analisar quais são os objetivos e as

perspectivas da orientação educacional na escola.

Em virtude das mudanças sócio-econômicas e culturais ocorridas na

sociedade brasileira, a escola teve de reformular suas funções tradicionais,

redefinir o seu papel, seus objetivos e criar novos serviços aumentando, assim,

o número de pessoas envolvidas no processo educativo. Os grupos

multiprofissionais no atendimento escolar são de fundamental importância. Este

grupo de pessoas deve trabalhar em conjunto, formando uma equipe e não de

maneira isolada, para juntos conseguirem solucionar os problemas existentes

dentro das instituições educacionais. Pois, a escola acabou por assumir,

gradativamente, a responsabilidade pelo desenvolvimento integral do

educando, em seus múltiplos aspectos: físico, intelectual, escolar, social,

emocional, moral, vocacional, profissional, enfim, os aspectos em relação aos

quais a criança e o adolescente se desenvolvem enquanto nela permanecem.

Dentro deste grupo de profissionais especial destaque merece o Orientador

Educacional. Para se compreender as atividades desenvolvidas pelos

Orientadores Educacionais na atualidade, uma forma seria através de uma

análise crítica dos diferentes períodos em que a Orientação foi desenvolvida,

bem como dos objetivos desta durante tais períodos.

Diante deste contexto a questão central norteadora deste estudo

monográfico é: Os objetivos da orientação educacional na escola são os

mesmos dos das décadas passadas?

Portanto o objeto de estudo será o processo evolutivo da Orientação

Educacional Brasileira, sendo que uma análise contextualizada será realizada.

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Capítulo I. Orientação educacional em novo paradigma

“Estamos enfrentando uma combinação de mudanças

paradigmáticas que podem ser mais poderosas do que

qualquer coisa que o mundo tenha visto antes”.

(CARL ROGERS)

A orientação Educacional no país percorreu um longo caminho

comprometido com a educação e com as "políticas" vigentes. Todo o processo

da Orientação se manteve sempre estreita com as tendências pedagógicas,

sendo o seu trabalho desenvolvido a partir do que dela se esperava nas

diversas concepções. A análise desta relação engloba diferentes aspectos e

significados da prática da Orientação e de suas dimensões no cenário

educacional, configurando pelos princípios e propósitos daquelas concepções.

Este estudo abordará uma análise crítica da orientação Educacional,

com sua história, suas representações junto ao contexto educacional e as

perspectivas que são vislumbradas, face ao desenvolvimento da mesma nas

instituições de ensino de 1º e 2° graus.

Os objetivos da Orientação Educacional eram muito claros e precisos

quando a mesma tinha as suas abordagens na área psicológica, na medida em

que houve enfoque da orientação, com ênfase nos aspectos sociológicos, os

objetivos deixaram de ser claros e precisos. Isto é confirmado pela

documentação legal que proclama determinados objetivos e a prática efetivada

de orientação que apresenta uma diversidade de objetivos nas suas

atribuições.

A obrigatoriedade da Orientação Educacional nas escolas de 1º e de 2º

graus, conforme determina o art. 10 da lei n.º 5692/71, sem legitimidade de

seus objetivos e propósitos por parte dos educadores, não garantiu a eficiência

de seus resultados. Foi “arrastado” por longas décadas, uma história de

Orientação Educacional tecida de vários "bordados pedagógicos", assimilando

desde o risco de um bordado terapêutico, até o molde de um bordado

apresentado legalmente. Em outras palavras, no entendimento do que é

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Orientação Educacional, encontramos alguns diferenciados, como sejam: a

diversidade de atribuições, funções de acordo com as concepções e áreas do

conhecimento e a identidade do profissional, que algumas vezes chegou a ser

visto como fora da esfera pedagógica.

Os orientadores educacionais estão sempre evidenciando qual é o seu

papel, para que serve a Orientação e de que maneira a educação poderá

usufruir dos seus resultados. Tomando a Orientação Educacional como uma

colaboradora do processo pedagógico, observamos sua atuação, hoje de forma

clara e transparente nos novos paradigmas das ciências humanas voltados

para as exigências e novas necessidades do mundo moderno, através da

história da Orientação Educacional que pertence ao seu passado o conceito de

uma Orientação terapêutica ou psicologizante. O Cerne da questão não é mais

o ajustamento do aluno à escola, família ou sociedade, e sim a formação do

cidadão para uma participação mais consciente no mundo em que vive. A

Orientação, hoje, está mobilizada com outros fatores que não apenas é

unicamente cuidar e ajudar os "alunos com problemas". Há, portanto,

necessidade de se inserir em uma nova abordagem de Orientação, voltada

para a "construção" de um cidadão que esteja mais comprometido com seu

tempo e sua “gente”. Atualmente, pretende-se trabalhar com o aluno o

desenvolvimento do seu processo de cidadania, trabalhando a subjetividade e

a intersubjetividade, obtidas através do diálogo nas relações estabelecidas.

Como afirma Ferreira (1993):

É pelo diálogo que os homens, nas condições de

indivíduos cidadãos, constroem a inteligibilidade das

relações sociais. Trata-se, pois, de eliminar tudo aquilo

que possa prejudicar a comunicação entre as pessoas,

pois só através dela se pode chegar a um mínimo de

consenso. ( ... ) A cidadania aparece como o resultado da

comunicação intersubjetiva, através da qual indivíduos

livres concordam em construir e viver numa sociedade

melhor (p.17-18).

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Partiu-se de uma orientação voltada para a individualização e chegamos

a uma Orientação coletiva e participativa. Todos têm que estar comprometidos

com a formação do cidadão. Este também é o papel do Orientador

Educacional.

Em síntese, pretende-se neste texto evidenciar o percurso da

Orientação, com suas características principais, em uma dimensão nitidamente

pedagógica: uma Orientação contextualizada e, portanto, envolvida com o

cotidiano da escola, dos seus alunos e de suas representações.

Sob a influência de novas abordagens educacionais pode-se traçar um

novo paradigma para a Orientação Educacional, não mais alicerçada no perfil

da ajuda ao aluno em uma dimensão psicológica, mas sim no perfil de

colaborar com esse mesmo aluno na formação de cidadania. Nesta linha, o

trabalho do orientador tem uma conotação de pluralidade de objetivos, que

envolve além dos aspectos pessoais do aluno, os aspectos políticos e sociais

do cidadão. A Orientação Educacional, por certo, procurará compreender e

ajudar o aluno inserido no seu próprio contexto com sua cultura e seus próprios

valores.

Havia uma predominância nas exigências ao cumprimento das tarefas

da Orientação; em vez de percebê-la como parceria do projeto político-

pedagógico desenvolvido na escola. No momento em que ninguém queria

assumir a responsabilidade dos problemas, confrontos e conflitos dentro da

escola, a Orientação era argüida para um desfecho satisfatório para todos.

Quando se fala em orientação Educacional, inúmeros conceitos vêm à

tona, dependendo da fundamentação ou do posicionamento que se tem a

respeito da área. Paralelamente a este quadro há a postura dos próprios

orientadores que através de suas práticas, foram revertendo o significado da

Orientação de acordo com o desenvolvimento da sociedade.

Brandão (1977) já apontava que a Orientação Educacional no Brasil teve

uma trajetória. Relacionada com os esforços feitos pelos Orientadores, no

sentido de:

a. definir e redefinir a Orientação segundo variações ocorridas na teoria

da educação e das ciências humanas diretamente ligadas a ela;

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b. adequar a prática da Orientação Educacional às variações

processadas na sociedade e na cultura brasileira com repercussões

sobre os sistemas educacionais, sobretudo no ensino de primeiro e

segundo graus (p.19 ).

De 1977 até 1993 muitas outras situações contextualizadas levaram os

orientadores a exigir uma Orientação que atendesse às reais necessidades

sócio- educacionais.

A Orientação era caracterizada, sempre, como um processo, um

método, um trabalho cujos objetivos diretos eram apresentados como: o aluno

e sua personalidade, o aluno e seus problemas, o aluno e suas opções

conscientes, e cujos objetivos indiretos diziam respeito ao desenvolvimento das

potencialidades dos alunos.

A Orientação atualmente assume uma posição mais crítica que coteja os

seus objetivos com aqueles da educação crítica e consciente que se deseja

alcançar.

A Orientação Educacional continuará sendo uma caixa preta, enquanto a

própria educação assim for considerada, discute-se, a educação, sabe-se dos

seus índices, sabe-se da importância do seu processo, mas não se configura

uma vontade política para resolvê-la e enriquecê-la. No caso da Orientação, na

medida em que ela acompanha a educação, vai sofrer o mesmo tipo de análise

que esta. Precisa-se tratar a Orientação Educacional não como uma caixa

preta, mas como uma ação a serviço do aluno e do processo pedagógico.

1.1. O orientador educacional como consultor, assessor e coordenador

“Orientador Educacional é uma ação em bases científicas

que visa a assistir ao aluno no desenvolvimento integral

de sua personalidade, e em seu ajustamento pessoal e

social”.

(ENZO AZZI)

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Enquanto profissionais, discute-se também as funções dos orientadores

nos campos de consultoria, assessoria e coordenação. Os Orientadores

procuram evidenciar a contribuição da Orientação em uma escola pública que

se quer democrática e de qualidade. Cada vez mais próxima dos laços

pedagógicos, a Orientação procura se encaminhar na direção dos problemas

macroeducacionais. Libâneo (1984) apresenta uma proposta de trabalho para o

Orientador Educacional dentro da pedagogia crítico-social dos conteúdos, que

posteriormente será retomada por outros educadores, como Pimenta (1985),

que analisa essa questão específica.

Neste período os Orientadores enquanto trabalhadores se organizaram

de maneira mais objetiva nos sindicatos, ampliando e fortalecendo sua relação

com os demais profissionais da educação.

Apesar de ainda prevalecer uma discussão muito grande do papel do

Orientador Educacional, como trabalhador, desvelando seu compromisso

político e pedagógico a sua prática ia sendo diferenciada de acordo com as

possibilidades do Orientador e com os espaços conquistados. O fazer dos

orientadores tem a ver com este novo momento vivido.

Toda a prática da Orientação estava debruçada nesta concepção de

educação como um ato político, como uma instituição que está intrinsecamente

relacionada com as mudanças ocorridas no próprio núcleo da sociedade.

Enfaticamente pode-se dizer que a prática da Orientação tem que ser mais

aberta e dinâmica hoje e sempre: O que seria, hoje da prática anterior quando

se pedia ao orientador educacional que trabalhasse o ajustamento do aluno à

família, à escola e à sociedade? A que tipo de sociedade o aluno, hoje deveria

se ajustar? A da classe política? A da elite dominante? A da sua própria

comunidade? A alguma sociedade utópica? E a família? Qual o "modelo" de

família a que o jovem deveria ser ajustado hoje? E a que escola? A que se

volta para os conteúdos, ou a que motiva preferencialmente os valores?

Discuti-se, mais do que nunca, a questão do trabalho, não pelo caminho

da sondagem de aptidões individuais, mas pelas questões sociais, de suas

desigualdades, do significado do próprio trabalho.

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Capítulo II. Os períodos da orientação educacional

“... As escolas se destinavam a proporcionar um conjunto

especifico de conhecimentos de uma época em que os

conhecimentos pareciam estáveis e limitados (...) O

sistema educacional tem sido assustadoramente lento

em responder às nossas necessidades de mudanças,

mais lento do que qualquer outra instituição”.

(FERGUSON)

Para se compreender as atividades desenvolvidas pelos Orientadores,

tem-se que deter aos diferentes períodos em que a Orientação foi desenvolvida

e o que dela se esperava. Em geral interpreta-se que inicialmente houve uma

fase romântica que achava que a Orientação por si resolveria todos os

problemas dos alunos e também os que envolvem direta ou indiretamente os

alunos. Nesta fase o ajustamento era a palavra-chave, e havia um "modelo" de

aluno, de filho, de irmão, de colega, etc. que deveria ser atingido e

conquistado. Uma outra fase, que poderia ser chamada de objetiva, foi aquela

voltada para a Orientação como sendo prestadora de serviços - de várias

ordens - que não permitiria que os alunos incorressem em problemas.

A Orientação estaria sempre atenta, vigilante, esclarecendo

objetivamente as situações de emergências para que não ocorressem mais. Na

realidade, a objetividade procurava esclarecer, mostrar de forma bem

transparente a necessidade de dominar determinados conceitos, normas,

padrões, para que não houvesse "problemas" ou desacertos, posteriormente. O

conceito-chave é a prevenção. A Orientação Educacional era preventiva, isto é,

ela se adiantava em todas as circunstâncias para que não se instalassem os

conflitos.

Hoje se vive a fase crítica, em que se procura ajudar o aluno como um

todo, com seus problemas e o significado dos mesmos junto ao seu momento

histórico. A Orientação está do lado do aluno fazendo-o compreender que

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naquele momento assinalado ele também está vivendo a sua própria história

de vida.

Esta trajetória será apresentada em períodos que assumem

determinadas características que são aqui identificadas mais dentro de um

critério didático para sua interpretação.

Ao identificar esses períodos vê-se como fio condutor dos mesmos a

história da educação brasileira, em especial a legislação que a configura e

onde, explicita ou implicitamente, aparece a Orientação Educacional.

2.1. Período implementar - de 1920 a 1941

A Orientação começa a aparecer no cenário educacional brasileira

timidamente associada à Orientação Profissional, com ênfase nos trabalhos de

seleção e escolha profissional. Com os projetos do deputado Fidelis Reis, que

desejava tornar o ensino profissional obrigatório em todos os estabelecimentos

de ensino, a questão do trabalho na escola nestas décadas foi tema bem

discutido.

2.2. Período institucional - de 1942 a 1960

Nesse período, subdividido em funcional e instrumental, ocorreu toda a

exigência legal da Orientação nas escolas, esforço este do Ministério da

Educação e Cultura que visava dinamizá-la, bem como também os cursos que

cuidavam da formação dos Orientadores Educacionais.

2.3. Período transformador - de 1961 a 1970

Este período traz uma Orientação Educacional caracterizada como

educativa na lei n.º 4024/61. Começava-se a ganhar maior dimensão os

eventos da classe, apresentados em seminários, encontros e congressos. Nos

congressos brasileiros de Orientação Educacional ganham espaço, nesse

período, as questões psicológicas.

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Na década de 60, em que floresceu o aspecto preventivo da Orientação

Educacional, a escola vivia o seu momento de grande importância, uma vez

que a educação seria responsável pelo desenvolvimento do país.

Abafado entre os muros da escola, o aluno ia sendo "objeto" significativo

na mudança de currículo, programas, métodos de ensino, materiais didáticos.

O fazer da Orientação era de fora para dentro, isto é, no saber da dinâmica de

grupo e de atividades que sustassem o conflito dentro da escola.

A escola, como um discurso democrático, começava a exigir de seus

protagonistas uma atitude que estivesse de acordo com o sistema político

vigente. O "novo e o diferente", mesmo dentro de uma abordagem pedagógica

, não era permitido na escola.

Não havia grêmios nas escolas. A participação dos alunos em grandes

movimentos, como teatros, festivais, campanhas, festas, elaboração de jornais

etc.; sempre era tida como uma ameaça dentro das escolas.

2.4. Período disciplinar- de 1971 a 1980

A Orientação está sujeita à obrigatoriedade da lei vocacional. n.º

5692/71 que determina, inclusive, o aconselhamento vocacional. Ao mesmo

tempo, a Orientação quer trabalhar com o currículo da escola, encontrando,

porém, seus Orientadores a questionar a sua prática pedagógica apesar da

diretriz da Orientação assinalar para uma visão mais sociológica e coletiva. A

legislação dos profissionais da área compromete-o com atribuições e funções

voltada para a psicologia. O decreto n.º 72846/3, que regulamenta a lei que

trata do exercício da profissão do Orientador Educacional, vai disciplinar os

passos que deverão ser seguidos. A impressão que se tinha é de que a

Orientação estava buscando seu real papel, mas a lei acenava com a disciplina

que deveria ser seguida.

Na década de 70, sob luzes das teorias pedagógicas da Althusser,

Boudier e Passeron estudava-se a escola como uma reprodutora do sistema

social. Uma nova leitura começava a ser feita. A análise das escolas se

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deslocou, das relações internas desta instituição e da dinâmica do processo de

ensino-aprendizagem para compreender o que se passava no "eixo social"

para, então, posteriormente, trazê-lo para o interior da escola.

Começava-se a se questionar o que faz esta escola e para que servem

os serviços que estão sob sua responsabilidade.

Diante deste contexto, surge uma lei que obriga a profissionalização do

ensino, mas existe uma enorme dificuldade em lidar com esse fato novo, desde

a falta de recursos materiais para sua efetivação até a formação de

profissionais para sua realização. O garimpo pedagógico dos cursos

profissionalizantes que atendessem ao mercado de trabalho foi extremamente

difícil. Houve muitos atropelos, modificações (inicialmente o ensino era técnico,

depois foi auxiliar-técnico e no final o ensino terminou com habilitação básica),

projetos sempre envolvendo a Orientação Educacional no seu compromisso

com a escolha da profissão. É interessante observar que em todo o momento a

Orientação que deveria realizar o aconselhamento vocacional em cooperação

com a família, escola e sociedade, na realidade o que realizou foi uma

informação profissional.

No final da década de 70 crescem as denúncias, grita-se contra a falta

de compromisso da escola e de seus reais protagonistas. A Orientação estava

dentro da escola e não se deu conta do seu papel. Aliás, assumiu, em alguns

momentos, uma ingenuidade pedagógica, ouvindo, muitas vezes calada, as

críticas às atividades, como sendo responsável pela fragmentação do trabalho

escolar, como não resolvendo todos os conflitos que a própria escola não dava

conta de resolver.

2.5. Período questionador - década de 1980

Como o próprio nome já indica, é nesse período que mais se questiona a

Orientação Educacional, tanto em termos da formação de seus profissionais,

quanto da prática realizada.

Por outro lado, os Orientadores, através de seus órgãos de classe,

procuravam respostas para seus questionamentos, nas próprias questões

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sociais e políticas, a década de 80 trouxe grandes modificações que iriam se

refletir na educação, na escola e na Orientação.

Os postulados teóricos desta área foram se modificando para uma

dimensão mais crítica e consciente do momento político social que se vivia.

Esse período foi marcado pela realização de muitos cursos de

reciclagem, de atividades que deveriam ser integradas com os supervisores, de

trabalhos voltados para o currículo, onde a própria questão do trabalho era o

eixo condutor da proposta curricular. O Orientador Educacional queria

participar do planejamento não como benesse da orientação, mas sim como

um protagonista do processo educacional, procurando discutir objetivos,

procedimento, estratégias, critérios de avaliação, sempre voltados para os

alunos. O orientador desejava trazer a realidade do aluno para dentro da

escola, portanto, começou-se a discutir suas práticas, seus valores, a questão

do aluno trabalhador, enfim, seu "mundo lá fora".

2.6. Período orientador - a partir de 1990

Este período por acreditar que, principalmente a partir de 1990, teve-se

a "orientação" da Orientação Educacional pretendida. Inúmeros são os fatores

que mostram um novo momento vivido por esta área; um dos mais importantes

foi a extinção da Federação Nacional de Trabalhadores da Educação (FNTE).

A prática que esta advindo desde a década de 90 até hoje ainda está

sendo construída, uma vez que os Orientadores têm que buscar, sem o apoio

específico da sua categoria em termos de órgãos de c1asse, a especificidade

requerida no trabalho com os demais educadores.

Há muitas perguntas neste momento: Qual será o futuro do Orientador?

Ele existirá no futuro? Associado a escola ou independente? Qual será a nova

prática que se terá?

São freqüentes as pergunta sobre a continuidade da prática da

Orientação, com bastante clareza, pela análise lógica de sua trajetória e o

próprio significado epistemológico da Orientação sugere-se que ela nunca

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deixará de existir, embora sua prática deva relacionar-se como o novo contexto

educacional, social, político experimentado.

Sobre a sua permanência na escola, no processo educacional, sugere-

se que: primeiro, o próprio conceito etimológico de educação se compromete,

enquanto educação, com a Orientação, isto é refere-se a orientar, guiar,

conduzir o indivíduo, segundo, porque o centro do processo educacional é o

aluno e sempre ele foi o campo de trabalho da Orientação; portanto, como o

aluno é oriundo da escola ele é o sujeito da educação, é o sujeito e o objeto da

Orientação.

Sobre o futuro do Orientador percebe-se que ele está seguro, por o

Orientador caminhar em todas as ciências, e também na área das ciências

humanas. Quando criado este cargo o objetivo não era substituir o professor

por outro profissional, mas sim ajudar esse professor no seu campo de ação. A

especificidade da Orientação se torna necessária no processo educacional,

quando o desenvolvimento cientifico-tecnológico precisa da "humanização"

deste homem. Além do mais, por cada vez mais se estar mergulhado em um

novo tempo, com uma nova linguagem, com um novo canal de educação, o

orientador seguramente poderá ajudar nessa realidade existente, fazendo uma

nova leitura a partir do que se entende por comunicação e interação social.

Adicionalmente, por a educação estar construindo novas formas de entender e

trabalhar a prática pedagógica, respeitando-se as práticas particulares,

compreendidas no seu contexto histórico, o Orientador seria a parte mediadora,

trazendo à prática do aluno a sua realidade para o cotidiano da escola

articulando as diferentes vozes, dentro da escola, na construção de diálogos

necessários ao Homem que se quer mais humano e mais justo.

Sobre a nova prática que se terá na Orientação percebe-se que como

sempre, por ela trabalhar junto à realidade dos alunos, procurando identificá-la

e interpretá-la, ela será um reflexo do momento histórico vivido. Havia e

continua existindo uma busca da leitura ideológica sobre os fatos existentes. A

Orientação Educacional tem que estar preparada para ajudar nessas relações

em que contradições e conflitos fazem parte do contexto do aluno. Como a vida

é repleta dessas contradições e conflitos, mas o homem vive e sobrevive com o

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pensamento, a linguagem, os valores e sentimentos a Orientação Educacional

quer caminhar junto nesta direção, refletindo o que o mesmo homem que

pensa e age é o que sente e se emociona.

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Capítulo III. A prática de uma orientação educacional

“Orientação Educacional é um processo educativo

através do qual se assiste ao educando, a fim de que ele

possa obter pleno rendimento das atividades escolares,

formular e realizar planos conforme suas capacidades e

seus interesses e assim atingir mais harmoniosamente os

fins últimos de uma educação integral”.

(MELLO)

A prática do Orientador Educacional se dá através das realizações de

atividades, as quais visam à melhoria da qualidade do ensino nas escolas

sendo o seu alvo o aluno conforme já mencionado. Dentre as atividades a

serem realizadas por este profissional, dentre outras, podemos mencionar

algumas:

* Analisar, questões referentes aos índices de evasão e repetência,

questões curriculares, trabalho com a comunidade, trabalho em si, etc. A

prática tem na teoria, o estudo, como um aliado inseparável.

* Elaborar os chamados Cadernos de Orientação Educacional.

Publicações que tenham como objetivo relatar a prática dos Orientadores,

pouco acostumados a expressarem "no papel" o que vivencia nos seus

cotidianos. Há a necessidade de se registrar este cotidiano como forma de se

resgatar o processo da Orientação e de se estabelecer os novos caminhos

para prática transformadora. Os assuntos tratados nos Cadernos de Orientação

Educacional proporcionam a reflexão critica e o debate sobre o profissional e a

Orientação.

* Elaborar os chamados Cadernos de Conselho de Classe. Esta

elaboração tem o objetivo de clarificar as atuações do Orientador Educacional

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frente ao momento pedagógico do Conselho de Classe. Hoje, o Conselho de

Classe constitui-se em uma ação em que todos os educadores participam

desse processo de forma conjunta e integral.

3.1. Projetando perspectivas

“A Orientação Educacional está preparada para a

atualização e preparada a cada dia para a evolução e

formação do educando”.

(CARLTON BECK)

A Orientação Educacional não integrará mais os planejamentos

pedagógicos das escolas, de forma desvinculada ou reducionista, nem

corroborará dos ditames legais, como forma de se abster de suas reais

intenções e possibilidades. Os Orientadores não são alienistas nem "donos do

mundo" são educadores que procuram caminhar na estrada solidária do

conhecimento, da afeição. Como bandeirante eles buscam encontrar não nas

grandes vias, mas nos pequenos atalhos, as grandes pedras preciosas da

construção de um novo tempo marcado pelo avanço da ciência e da tecnologia,

dos novos interesses do homem, com seus desejos, emoções e paixões.

Como começar, então a andar por esses atalhos? De que chão se pode

valer para percorrer, com segurança, na cumplicidade da Orientação

Educacional? Por certo a vitória da chegada advirá não só do caminho que se

irá percorrer, mas do objetivo que se queira atingir.

Pensando-se no hoje, algumas perspectivas podem ser projetadas:

Perspectiva 1. A Orientação trabalharia na mobilização para o conhecimento:

* articulando realidade e objetivo;

* levantando as representações individuais e do grupo;

* discutindo a questão da intencionalidade, dos confrontos e da diversidade;

* colaborando nas novas linguagens do conhecimento;

* refletindo sobre o imaginário social.

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Perspectiva 2. A Orientação trabalharia em busca de uma cultura escolar.

Perspectiva 3. A Orientação Educacional trabalharia na construção de um

homem que se quer ser mais critico, mais participativo e mais consciente de

seus direitos e deveres.

Perspectiva 4. A Orientação promoveria o desenvolvimento da linguagem dos

alunos, através do estabelecimento do diálogo.

Perspectiva 5. A orientação trabalharia a questão da afetividade e da cognição

como características interligadas ao indivíduo.

Perspectiva 6. A Orientação trabalharia a questão da totalidade como uma

tecelã que se compromete com todos os fios que ajudam a formar o homem

para o tempo de amanhã.

O papel do Orientador Educacional na dimensão contextualizada diz

respeito, basicamente, ao estudo da realidade do aluno, trazendo-a para dentro

da escola, visando uma melhor promoção do seu desenvolvimento. A

Orientação Educacional, como abordado, não existe para padronizar os alunos

nos paradigmas escolhidos como ajustados, disciplinados ou responsáveis. O

importante é a singularidade dentro da pluralidade, do coletivo.

A prática não vem desvinculada de uma teoria. Na concepção

contextualizada precisa-se dos fundamentos teóricos que alicerçam esta

construção do conhecimento, do pensamento e da linguagem do aluno.

Precisa-se juntar o Orientador aos demais profissionais da educação, e dentro

de suas especificidades, favorecer as relações entre o desenvolvimento e seu

ambiente sócio-cultural.

A compreensão pretendida da realidade do aluno, por certo, atualmente,

envolverá as questões do imaginário social, das representações sociais, da

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linguagem como centro das questões humanas e sociais, como é possível ver

nos trabalhos de Betin, Vigotsky e Benjamin.

A prática do Orientador Educacional permeia esses conhecimentos

necessários a uma atuação mais próxima e integrada ao processo pedagógico.

As questões de auto-estima, auto-imagem, e auto-realização, dentre

outras, continuam como questões básicas da prática do Orientador, só que

serão desenvolvidas e trabalhadas junto aos alunos, em realidade mais

concreta e objetiva. Essa realidade será tratada a partir dos valores que

envolvem o Orientador, da ética que constitui, do significado histórico que o

determina. Essa realidade não só a do aluno, mas a do próprio contexto

histórico precisa ser compreendida em uma visão maior , com todos os

componentes do tecido social. Precisa-se lembrar que se esta formando o

aluno para novo tempo, onde a ciência e a tecnologia, apesar dos avanços,

trazem para este aluno, para o homem, as novas necessidades, os novos

"desconfortos" do progresso. As novas conquistas trazem novos valores, novas

leituras daquela realidade.

A prática do Orientador também deverá valorizar a criatividade, respeitar

o simbólico, permitir o sonho, recuperar a poesia. O conhecimento não exclui o

sentimento, o desejo e a paixão. Precisa-se encontrar em cada um ser esse

espaço e simplesmente, deixá-lo existir.

O aluno, centro de atenção, responsável maior pelo trabalho dos

Orientadores, merece que se tenha uma prática realmente comprometida com

sua formação de cidadão. Para isso é importante dar voz aos alunos, para que

eles participem ativamente, como sujeitos e não como coisas como dizia

Baktin, no seu processo de formação.

3.2. Uma perspectiva teórico-prático na orientação educacional

''A atual estrutura pedagógica e social não tem levado em

consideração a questão da liberdade e integração do

indivíduo. O que vemos é uma espécie de padronização

ou de modelo fabricado do ser humano cujo principal

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interesse é procurar segurança e o sucesso com o

mínimo possível de reflexão. Essa padronização tem

conduzido os indivíduos a uma postura de conformidade

aos padrões e ao conformismo, que aprisiona o medo à

vida, às experiências novas, "matando" dentro delas o

espírito de descoberta, de aventuras, de luta.... Por

causa da criação e da educação recebida, as pessoas

passam a Ter medo de ser diferentes das outras, de

pensar em desacordo com o padrão social vigente, num

falso respeito à tradição Cultural".

(MELLO)

A formação do Pedagogo que já era incipiente deixou de ser tomada de

consciência dos problemas educacionais para ser treinamento, domesticação.

O pedagogo tornou-se mais um policial da educação do que homem formado

para criar educação (LIBÂNEO, 1998).

De todos os profissionais da escola, talvez o Orientador tenha sido o

mais profundamente atingido pelas críticas. Diante disso, alguns assumiram

culpas e abandonaram o que faziam até então e abraçaram o conhecimento

novo sem uma análise profunda que lhes permitissem uma compreensão maior

das implicações desses conhecimentos para o seu trabalho.

Outros, perplexos, perderam suas referências, afinal tudo aquilo que se

fazia com Orientação Educacional era considerado parte de um plano perverso

de reprodução do status quo e era agora denunciado.

Houve quem, por razões diversas, não levasse muito a sério as

denúncias e continuasse a sua prática nas escolas, como se a sociedade não

tivesse mudado, a escola fosse a mesma da década de 70 e o aluno tivesse as

mesmas necessidades.

O que os novos textos revelaram era o sentido político-social da

educação e a necessidade de uma ação orientada em função de objetivos. Foi

possível, então, compreender que essa ação pode se dar no sentido da

libertação do homem ou da dominação, pois, afinal, essas duas tendências

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estão fora e dentro da escola. Seguia em uma direção ou na outra requer uma

reflexão profunda do educador sobre homem, mundo, sociedade e valores que

fundamentam as suas decisões, o que se quer e como viabilizar o que se

deseja. Essa reflexão deve ser profunda e ter como ponto de partida e ponto de

chegada a própria ação dos profissionais. Trata-se de uma reflexão sobre os

problemas do cotidiano, buscando as suas relações com o contexto, bem como

as soluções possíveis. Como se percebe, ontem, como hoje, é a Filosofia que

está fundamentando a prática da Orientação.

Revendo um passado não muito distante, verifica-se que a Psicologia

teve um lugar de destaque na prática do Orientador Educacional, embora a

Filosofia, a Sociologia e a História da Educação também fizessem parte da

formação desse profissional.

As mudanças na sociedade e seus reflexos no interior da escola, assim

como a compreensão cada vez maior por parte dos educadores de que a

educação é uma prática político-social, necessária, apontaram para a

importância de se rever a função da escola. Além disso, era necessário

Redefinir a prática dos diferentes profissionais que nela atuam e

consequentemente, rever os conteúdos que fundamentam a prática.

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Capítulo IV. A função da escola

"Se agora falamos em colocar as pessoas como o mundo

precisa, devemos compreender que este processos

necessariamente, não serão através de uma educação

para o conformismo, mas voltado à liberdade e

autonomia pois somente baseado em indivíduos

verdadeiros poderá existir um verdadeiro "mundo".

(CLÁUDIO NAVARRO)

A escola é sem dúvida, uma das instâncias mais importante da

sociedade. Sua função básica é ensinar, mas a educação tem uma função

muito mais ampla, o que significa que não podemos limitá-la à simples

aquisição de conteúdo, uma vez que o conteúdo, por si só, não desenvolve as

habilidades mentais necessárias à formação de um raciocínio flexível e criativo,

tão necessário ao homem do nosso tempo.

Assim sendo, o papel da escola é promover o desenvolvimento do

indivíduo, tornando-o capaz de enfrentar múltiplas situações porque conta com

uma bagagem valiosa de experiências e apresenta um raciocínio sempre

aberto ao estabelecimento de novas relações com o mundo que o cerca.

Há de se esperar que a escola ensine bem todos os alunos os

conteúdos socialmente valorizados e culturalmente acumulados, garantindo-

lhes a apropriação de conhecimentos necessários à tomadas de consciência

da história do seu país e dos problemas existentes. Essa questão nos conduz à

discussão a respeito da relevância dos conteúdos adotados na escola, de sua

seleção e sua organização.

Sobre este assunto, tão polêmico, as palavras de Ferreira (1993)

expressam muito bem qual seria a real função da escola:

“A escola é vista como espaço político onde se deve ministrar um conjunto de disciplinas de maneira que o jovem adquira o saber necessário para não se deixar enganar. O conhecimento intelectual aparece como o suporte para a formação da cidadania”.

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Portanto, trata-se de uma escola onde se ensine bem aquilo que os

alunos precisam aprender, pois, sem o domínio do saber eles não alcançarão a

liberdade e muito menos a possibilidade de agir e de transformar a sua

realidade.

Para atender a essas funções há que se ter objetivos bem definidos,

contar com a participação e comprometimento de todos. Há que se contar com

profissionais competentes, isto é, que tenham uma visão ampla e profunda dos

processos pedagógicos, das necessidades e interesses dos alunos, das

condições reais do trabalho docente, das relações que se dão no processo

ensino-aprendizagem e na sociedade.

Tal concepção tem conseqüências sobre a ação dos profissionais que

compõem a equipe escolar: Professores, Supervisores e Orientadores

Educacionais e, por que não dizer diretores.

4.1. O orientador educacional atuando na escola

“Se pode dizer que a Orientação Educacional é o

trabalho conjugado de todos os membros de uma

escola, coordenados por um Orientador junto ao

educando, a fim de levá-Io a integrar da melhor

forma possível e sob todos os aspectos, com base

na sua realidade biopsicossocial, tendo em vista

integrá-Io na sociedade, com base em uma atividade

profissional, para torná-Io um cidadão consciente,

eficiente e responsável”.

(NÉRICI)

Tomando como ponto de partida de que o Orientador Educacional deve

ser um Educador seu trabalho deve estar voltado para o que é fundamental na

escola: o currículo, o ensinar e o aprender e todas as relações decorrentes.

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Resumindo a Orientação Educacional tem que fazer parte da proposta

pedagógica da escola, se essa proposta existir, ou contribuir para que equipe

escolar explicite os eixos orientadores da ação dos profissionais.

É fundamental que todos trabalhem juntos e que os objetivos, ao serem

definidos coletivamente, sejam compreendidos por todos e por eles definidos.

Sendo a educação uma prática social é preciso, portanto definir em que sentido

se pretende transformar o sujeito e interferir em sua aprendizagem, e quais os

conteúdos e meios que devem ser utilizados para isso.

Para Cardarello (1999):

“(....) o objetivo da educação é promover a transformação das circunstâncias através da transformação dos sujeitos interferindo no seu processo de aprendizagem”.

O segmento acima não propõe a manutenção da atitude autoritária ou

paternalista de que alguém define e transmite os conhecimentos considerados

conveniente para os alunos. Mas não quer dizer tampouco que se parta da

crença de que os alunos já detêm um saber tão elaborado que prescinda da

aquisição mais formal de conhecimentos dos quais eles não têm nem mesmo

informação.

A leitura de Freire (1986) deixa muito evidente o caráter diretivo da

educação e a responsabilidade do professor na direção desse processo. Essa

idéia está bem explicita no trecho que se segue:

“(...) professor libertador nem manipula, nem lava as mãos da responsabilidade que tem com os alunos. Assume um papel diretivo necessário para educar”. (p.203)

A essa posição o autor chama radical-democrática, porque nela estão

contidas, ao mesmo tempo, duas idéias fundamentais: a diretividade e a

liberdade, o que não significa autoritarismo do professor, nem licenciosidade

dos alunos.

Para atender a um objetivo tão amplo da educação é necessário que o

eixo do trabalho dos profissionais da escola se desloque, especialmente o do

Orientador Educacional.

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É importante que seu trabalho, até então voltado para o ajustamento do

aluno à instituição, passe a se voltar para a escola enquanto exige a

participação do Orientador Educacional no processo educativo.

É atuando na escola como um todo que se pode detectar os pontos de

estrangulamento do processo educativo, suas contradições, e ainda identificar

os aspectos da escola que necessitam ser modificados.

É importante também se ter noção das responsabilidades reais de atuar,

no sentido de mudar as condições desfavoráveis ao desenvolvimento dos

alunos e à formação de indivíduos dotados de uma consciência critica.

Trata-se ainda de saber, entre outras coisas, quais são as expectativas

da equipe escolar em relação à Orientação Educacional e sua disposição em

apoiá-la naquilo que for relevante para a escola.

Durante muito tempo a atuação do Orientador Educacional ficou restrita

às situações de crise, isto é, esse profissional era solicitado para atuar sempre

que havia um problema, ou ainda momento de escolha vocacional. De certa

forma, seu trabalho se apresentava, na maioria das vezes, totalmente

dissociado de todo o processo educativo.

É grande, portanto, a responsabilidade daqueles a quem compete

selecionar as experiências de aprendizagem de modo a promover um ambiente

que facilite aos alunos internalização e integração de experiências

significativas, ou seja, aquelas que produzem crescimento.

Embora a escola não seja a única instância responsável pela formação

do cidadão, é no interior dela que o indivíduo começa a vivenciar as primeiras

experiências de luta no sentido da conquista de espaços de participação.

Assim sendo, o papel do educador é o de atuar na escola, trazendo à

tona fatos que evidenciem as contradições presentes no trabalho pedagógico:

participar da seleção das experiências de aprendizagem e delas tirar o melhor

proveito, estimular a participação consciente de todos na vida da escola,

ajudando-os a perceber que as instituições mudam a partir da luta dos homens

organizados .

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É importante ainda que o Orientador Educacional utilize os conflitos

como fontes de aprendizagem, na medida em que possibilitem o diálogo e a

divergência como formas de se chegar a uma ação compromissada de todos.

Para Penin, é preciso se estabelecer parâmetros de análise do cotidiano

para melhor identificar sua fraqueza e sua força. Ainda segundo ele conhecer a

escola é conhecer suas manifestações. É examinar. Penin foi buscar em

Lefebvre um quadro de fatores que intervêm no cotidiano, muitos deles

presentes nas escolas atuais, e que denunciam a existência de forças

propulsoras que devem ser bem utilizadas pelo que representam e forças

inibidoras.

O fato de o Orientador Educacional atuar com essa abrangência não

exclui o entendimento individual, que, entretanto assume outra dimensão. É

preciso saber interpretar os conteúdos expressos através das entrevistas e das

reuniões de grupos de alunos, pais e professores, procurando perceber qual a

relação que esses conteúdos têm com o todo da escola, qual a relação

existente entre discurso e as práticas desenvolvidas no cotidiano.

Como a prática esta vinculada ao processo pedagógico, é necessário

conhecer mais profundamente a escola enquanto instituição e tudo o que

acontece dentro e fora dela: a avaliação, o currículo, os métodos de ensino e

também o como se aprende, o trabalho com grupos e com a comunidade, a

alfabetização, as questões relativas à aquisição da linguagem e à produção de

conhecimento e à pesquisa social.

Além disso, é preciso se preparar para usar a tecnologia existente, na

medida do possível e do necessário. Mas há algo que se parece fundamental

no trabalho do Orientador Educacional hoje, além do comprometimento com os

problemas de ensino e aprendizagem, é preciso lutar para que a escola não

perca a dimensão humana.

Em uma sociedade em crise, onde os valores humanos e os chamados

"antivalores" se confundem, tal a permissividade reinante, precisa-se cada vez

mais, criar oportunidades de os professores, alunos e pais discutirem sobre

questões presentes no dia-a-dia do homem, para as quais ele não tem clareza,

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sobre a sua verdadeira dimensão e as conseqüências de caminhar nessa ou

naquela direção.

A dificuldade que se tem na atualidade, sobretudo é pautar a conduta

dos jovens dentro de padrões morais e éticos compatíveis como os verdadeiros

valores humanos. Daí as questões que envolvem o uso de drogas e a

delinqüências nas classes ditas não carentes, aborto, Aids, a responsabilidade

individual e coletiva do cidadão e tantas outras questões presentes à vida do

homem moderno se apresentar tão frequentemente. Embora a escola não

tenha solução para esses problemas, ela deve se constituir em espaço

excelente de discussão, que muito poderá contribuir para a formação da

consciência crítica de seus alunos.

É preciso assumir a responsabilidade na direção da educação,

procurando desnudar a manipulação real e mitos da sociedade. Assim age o

professor libertador, nas palavras de Freire. E, nesse sentido, o Orientador

Educacional pode criar oportunidades de debates e trocas de experiências na

escola.

Afinal, a boa educação é aquela que produz homens críticos,

conscientes da realidade onde vivem e atuam, enfim, homens verdadeiramente

autônomos, conscientes das suas possibilidades e limitações, mas

suficientemente fortes para conquistar aquelas e reduzir a ação das suas

limitações.

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CONCLUSÃO

Será necessário que o profissional da Orientação Educacional seja

capaz de:

* discutir com a equipe o currículo e o processo de ensino dos alunos;

* analisar com a equipe as contradições da escola e as diferentes relações que

exerçam influências na aprendizagem;

* contribuir efetivamente para a melhoria do ensino e das condições de

aprendizagem na escola;

* estruturar o seu trabalho a partir da análise e da crítica da realidade social,

política e econômica do país;

* fundamentar cientificamente sua ação, buscando novas teorias;

É preciso ainda que a escola assuma a sua função de formar homens

críticos, politicamente competentes, conhecedores dos problemas que os

cercam e das limitações que os sujeitam e que acima de tudo, sejam capazes

de organizar-se para defenderem para si e para os demais homens o direito de

cidadania.

Muitos conteúdos são necessários para fundamentar a prática dos

Orientadores como já discutido em todo este trabalho monográfico, mas é

igualmente importante se operar mudanças em estes, através do

desenvolvimento de habilidades que possibilitem encontrar respostas originais,

jamais suplantadas pela máquina.

A capacidade de observação constante do cotidiano da escola, o olhar

curioso daquele que deseja compreender o sentido mais profundo de cada

experiência deve ser desenvolvida.

É preciso criticar a realidade, levantar dúvidas, ouvir, falar, inquietar-se

e, afinal, compreender que em ciência toda verdade é relativa, é provisória.

Conclui-se, portanto, que as perspectivas atuais da Orientação

Educacional, diferentemente das perspectivas das décadas passadas, são que

esta deverá ser vista como uma atividade, disciplina (no sentido de ação)

dentro da escola, que ajudará, facilitará os meios e as condições necessárias

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para o aluno buscar, discutir, pensar, refletir, problematizar, agir sobre dados e

fatos necessários à construção de seu conhecimento. Porém, para que estas

perspectivas fossem determinadas todo o processo histórico-evolutivo da

Orientação Educacional desde a década de 20 foi o responsável por isto.

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