ORALIDAD/ESCRITURA -...

32
DON QUIJOTE EN LA ENCRUCIJADA: ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTICA Y LA OPOSICIÓN ORALIDAD/ESCRITURA Muchos son los puntos de conflicto que dividen a don Quijote y Sancho, u n o d e ellos, que a la vez los contiene a todos, es la con- frontación entre sus culturas de origen. El enfrentamiento dia- léctico entre ambos personajes y, en último término, el dialogismo de la novela entera parecen basarse -la crítica l o h a señalado en repetidas ocasiones- e n l a oposición de dos diversas matrices cul- turales: por un lado la cultura libresca de don Quijote, por el otro, como necesario contrapunto, la cultura oral de Sancho 1 . D o n Qui- jote es la escritura y Sancho la voz. El repertorio de temas tratado por don Quijote en sus discursos, los consejos q u e d a a Sancho, sus ideas sobre los libros de caballerías y l a literatura en general, pro- ceden de los libros; al igual que los refranes, los chascarrillos, los cuentos y anécdotas en los que Sancho apoya sus afirmaciones pro- ceden de la cultura popular oral. Pero en este trabajo no aborda- la cuestión de la procedencia culta o popular de los argumentos tratados por don Quijote y Sancho; me ocuparé, en cambio, d e u n aspecto marginal del problema, o sea, el condicionamiento com- portamental que la procedencia de esas informaciones ocasiona en los personajes, y concretamente en don Quijote. La idea es que, tanto él como su escudero, actúan según el modelo que el medio de comunicación propio del ámbito cultural al que pertenecen les ha ido creando. Más que una enciclopedia de informaciones, los ámbitos culturales de procedencia son dos mecanismos que dis- 1 Recientemente lo han afirmado E. L. RIVERS, "Cervantine dialectic", Qui- xotic scriptures, Indiana University Press, Bloomington, 1983, p. 121; M. CHEVALIER, "Cinco proposiciones sobre Cervantes", CH(10), t. 1, p. 603; J. A. PARR, "La para- doja del Quijote', en Actas del II Coloquio Internacional de la Asociación de Cervan- tistas, Anthropos, Barcelona, 1993, p. 51. NRFH, XLV (1997), núm. 2, 337-368

Transcript of ORALIDAD/ESCRITURA -...

Page 1: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

D O N Q U I J O T E E N L A E N C R U C I J A D A : O R A L I D A D / E S C R I T U R A

L A CRÍTICA Y L A O P O S I C I Ó N O R A L I D A D / E S C R I T U R A

M u c h o s son los puntos de conf l i c to que d i v i d e n a d o n Qui jote y S a n c h o , u n o de ellos, que a la vez los c o n t i e n e a todos, es l a c o n ­f r o n t a c i ó n entre sus culturas de o r i g e n . E l e n f r e n t a m i e n t o dia­léc t ico entre ambos personajes y, e n ú l t i m o t é r m i n o , e l d ia log i smo de l a nove la entera p a r e c e n basarse - l a cr í t ica l o h a s e ñ a l a d o e n repet idas ocas iones- e n l a o p o s i c i ó n de dos diversas matr ices cu l ­turales: p o r u n l ado la c u l t u r a l ibresca de d o n Qui jote , p o r e l o tro , c o m o necesario c o n t r a p u n t o , l a c u l t u r a o ra l de S a n c h o 1 . D o n Q u i ­j o t e es l a escr i tura y S a n c h o l a voz. E l r e p e r t o r i o de temas tratado p o r d o n Quijote en sus discursos, los consejos que d a a Sancho , sus ideas sobre los l ibros de c a b a l l e r í a s y l a l i t e ra tura e n genera l , pro­c e d e n de los l ibros ; a l i gua l que los refranes, los chascarr i l los , los cuentos y a n é c d o t a s en los que Sancho apoya sus af irmaciones pro­c e d e n de l a c u l t u r a p o p u l a r o ra l . P e r o e n este trabajo n o aborda­r é l a c u e s t i ó n de l a p r o c e d e n c i a cul ta o p o p u l a r de los argumentos tratados p o r d o n Qui jote y Sancho ; m e o c u p a r é , e n c a m b i o , de u n aspecto m a r g i n a l d e l p r o b l e m a , o sea, e l c o n d i c i o n a m i e n t o c o m -p o r t a m e n t a l que l a p r o c e d e n c i a de esas i n f o r m a c i o n e s ocas iona e n los personajes, y concretamente e n d o n Qui jote . L a idea es que, tanto él c o m o su escudero , a c t ú a n s e g ú n e l m o d e l o que el m e d i o de c o m u n i c a c i ó n p r o p i o d e l á m b i t o cu l tura l a l que per tenecen les h a i d o c r e a n d o . M á s que u n a e n c i c l o p e d i a de i n f o r m a c i o n e s , los á m b i t o s cul turales de p r o c e d e n c i a son dos mecan i smos que dis-

1 Recientemente lo han afirmado E. L. RIVERS, "Cervantine dialectic", Qui-xotic scriptures, Indiana University Press, Bloomington, 1983, p. 121; M. CHEVALIER, "Cinco proposiciones sobre Cervantes", CH(10), t. 1, p. 603; J . A. PARR, "La para­doja del Quijote', en Actas del II Coloquio Internacional de la Asociación de Cervan­tistas, Anthropos, Barcelona, 1993, p. 51.

NRFH, XLV (1997), núm. 2, 337-368

Page 2: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

338 JOSÉ MANUEL MARTÍN MORAN NRFH, XLV

p a r a n a l personaje , las po tenc ia l idades de a c t u a c i ó n íns i tas e n é l ,

s e g ú n lo exi ja l a s i t u a c i ó n .

E l Quijote es u n l i b r o f r o n t e r i z o entre o r a l i d a d y l i tera tura , p u ­

b l i c a d o c u a n d o a ú n l a e scr i tura n o h a b í a s u p l i d o p o r c o m p l e t o a

la o ra l idad c o m o p r i n c i p a l m e d i o de d i fus ión c u l t u r a l 2 ; u n l ib ro que

se p lantea ya t e m p r a n a m e n t e los efectos perversos de l a nueva tec­

n o l o g í a sobre las mentes prel iteratas , que hace p r o p i a l a v a c i l a c i ó n

entre l a m e n t a l i d a d par t ic ipat iva de los viejos m e d i o s de c o m u n i ­

c a c i ó n y l a nueva d i s p o s i c i ó n h a c i a l a a b s t r a c c i ó n der ivada de la lec­

tura s i lenciosa, y e labora u n a s íntes i s o r i g i n a l bajo f o r m a de n u e v o

g é n e r o l i t e r a r i o 3 . E l conf l i c to c u l t u r a l entre d i f u s i ó n ora l e i m p r e ­

sa de la l i t e ra tura p u e d e ocupar , pues , c o n p l e n o d e r e c h o , e l cen­

tro de a t e n c i ó n de u n estudio sobre la obra ; y de h e c h o , la c r í t i ca

h a captado l a t ra scendenc ia d e l asunto ca ta logando y e s tud iando

los e lementos orales en el Quijote4, sobre todo, en los d ichos de San­

c h o 5 , y u t i l i z a n d o la d i c o t o m í a o r a l i d a d / e s c r i t u r a pa ra traer a nue-

2 Hemos de recordar que los libros de caballerías se recitaban oralmente por lo menos aún en la España de 1 5 7 9 ( A . DEYERMOND, "La literatura oral en la transición de la Edad Media al Renacimiento", Edad de Oro, 2 , 1 9 8 8 , pp. 3 1 - 3 2 ) a ñ o en que la Inquisición dio muerte al morisco R o m á n Ramírez -el últ imo de los juglares según P. ZUMTHOR, La letra y la voz de la ''literatura " medieval, Cátedra , Madrid, 1 9 8 9 , pp. 7 1 - 7 2 - porque creía que necesitaba la ayuda del diablo para poder recitar de memoria todos los libros de caballerías que conocía .

3 Cf. L. SPITZER, "Sobre el significado de Don Quijote', Estilo y estructura en la li­teratura española, Crítica, Barcelona, 1 9 8 0 , pp. 2 9 8 ss.; E. L. RIVERS, "Plato's Republic and Cervantes's Don Quijote. Two critiques of the oral tradition", en Studies in Ho­nor of Gustavo Correa, eds. C. Faulhaber etal, Scripta Humanística, Potomac, 1 9 8 6 , p. 1 7 3 . La conciencia de Cervantes acerca de su labor de pionero se puede captar ya desde el prólogo, que él dirige no al "discreto lector", sino al "desocupado lec­tor", índice de que cuenta con la atención completa del lector, que ha de elabo­rar mentalmente la complejidad de la sintaxis, y las relaciones entre las partes del discurso, propia del género escrito que es la novela; esto es lo que afirma C. G. P E ­ALE, en "Guzmán de Alfarache como discurso ordl",JHPh, 4 ( 1 9 7 9 ) , pp. 3 0 - 3 1 .

4 Especial atención a la literatura oral y su influjo en el QuijoteYva. sido otor­gada por M. CHEVALIER, en una serie de trabajos, entre los que destacan: "Lite­ratura oral y ficción cervantina", Proemio, 5 ( 1 9 7 4 ) , 1 6 1 - 1 9 6 ; "Cuento folklórico, cuentecillo tradicional y literatura del Siglo de Oro", CH(6), pp. 5 -11 y "Huellas del cuento folklórico en el Quijote", CICer, pp. 8 8 1 - 8 9 3 . Véanse también A . L. N E L -SON, "Función y pertinencia del folklore en el Quijote", ACerv, 1 7 ( 1 9 7 8 ) , 4 1 - 5 1 ; y E. PENTON , "El Quijote, monumento folklórico", CICer, pp. 8 9 5 - 9 0 0 . Las remi­niscencias de las técnicas de los narradores orales en el texto del Quijote han sido objeto de un interesante trabajo de M. MONER, Cervantes conteur. Ecrits et paroles, Casa de Velázquez, Madrid, 1 9 8 9 , anticipado en "Técnicas del arte verbal y ora­lidad residual en los textos cervantinos", Edad de Oro, 7 ( 1 9 8 8 ) , 1 1 9 - 1 2 8 .

5 Cf. A . ALONSO , "Las prevaricaciones idiomáticas de Sancho", NRFH, 2 ( 1 9 4 8 ) , 1-20; M. M O L H O , "Raíz folklórica de Sancho Panza", en Cervantes: raices

Page 3: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

NRFH, X L V DON QUIJOTE EN LA ENCRUCIJADA: ORALIDAD/ESCRJTURA 339

va luz l a o b r a maestra ce rvant ina 6 ; lo que, a m i m o d o de ver, n o h a sido suf ic ientemente subrayado es l a i m p o r t a n c i a d e l conf l i c to c u l ­tura l e n l a p e r s o n a l i d a d de u n o y de otro personaje, que es lo que este trabajo pre tende hacer c o n d o n Qui jote . L a p i e d r a angular de todo e l r a z o n a m i e n t o se rá , p o r cons iguiente , e l concepto de o ra l i -d a d y sus impl i cac iones de t ipo a n t r o p o l ó g i c o y cu l tura l ; en r e l a c i ó n c o n e l l a h a b r á que m e d i r e l a lcance d e l o t ro m e d i o de c o m u n i c a ­c ión presente en la novela, es decir , l a escritura, o mejor , la imprenta , su p r i n c i p a l v e h í c u l o t e c n o l ó g i c o , y, ante todo, ca l ibrar el g rado de i n f l u e n c i a de ambos med io s e n la mente de d o n Qui jote .

D o n Qui jote n o es so lamente u n h i d a l g o l o c o que qu iere ser lo que h a a p r e n d i d o en los l i b r o s 7 ; es ante todo u n lec tor empe­d e r n i d o a l que l a n u e v a t e c n o l o g í a de l a i m p r e n t a le h a sorb ido e l seso 8 ; es, p o r a ñ a d i d u r a , u n personaje l i t e rar io que t iene c o n c i e n ­c ia de serlo, u n ser escr i tura l que acepta su c o n d i c i ó n y cons igue c a m b i a r e l m u n d o que le r o d e a m e r c e d a su c u a l i d a d de persona­j e i m p r e s o . L a c a p a c i d a d de a u t o c o n c i e n c i a de d o n Qui jote d o t a al l i b r o que n a r r a sus aventuras de u n a d i m e n s i ó n i n é d i t a has­ta entonces : p o r p r i m e r a vez, u n l i b r o r e f l e x i o n a sobre su p r o p i a t e c n o l o g í a de d i f u s i ó n , sobre l a i m p r e n t a y sus efectos e n e l m u n -

folldóricas, Credos, Madrid, 1 9 7 6 , pp. 2 1 5 - 3 3 6 . Aunque no cabe duda de que algu­nos dichos y acciones de Sancho provienen de la cultura escrita, como señalan F. MÁRQUEZ VILLANUEVA, Fuentes literarias cervantinas, Credos, Madrid, 1 9 7 3 y M . CHEVALIER, "Sancho Panza y la cultura escrita", en Studies in Honor of Bruce W. War-dropper, eds. Dian Fox et al., Juan de la Cuesta, Newark, 1 9 8 9 , pp. 6 7 - 7 3 . Una fuente intermedia entre registro y origen culto de las ideas y propagac ión oral de las mismas es la que identifica R. RICARD, "Les vestiges de la prédicat ion con-temporaine dans le Quijote \ AION-R, 4 ( 1 9 6 2 ) , 2 9 - 4 1 .

6 Son escasos y relativamente recientes los trabajos que intentan situar al Quijote en la encrucijada de la oralidad y la literatura; he aquí un breve mues­trario de los mismos: E. L. RIVERS, "Cervantine dialectic", pp. 1 0 5 - 1 3 1 , "Plato's Republic and Cervantes's Don Quixote. Two critiques of the oral tradition", pp. 1 7 0 - 1 7 6 y "Two functions of social discourse: From Lope de Vega to Miguel de Cervantes", OT, 2 ( 1 9 8 7 ) , 2 4 9 - 2 5 9 ; R . E L SAFFAR, "The making of the novel and the evolution of consciousness", OT, 2 ( 1 9 8 7 ) , 2 3 1 - 2 4 8 ; J. IFFLAND, "Don Quijo­te dentro de la «Galaxia Gutenberg» (reflexiones sobre Cervantes y la cultura t ipográf ica)" , CH(10), t. 1, pp. 6 2 3 - 6 3 4 .

7 Esta voluntad del personaje revela que también para Cervantes, en cierta medida, los libros eran una realidad viva, según A. CASTRO ("La palabra escrita y el Quijote', Asomante, 3 , 1 9 4 7 ; ahora en Hacia Cervantes, 2 A ed., Taurus, Madrid, 1 9 6 0 , pp. 2 9 2 - 3 2 4 ) , sentir muy oriental, como correspondía a un descendiente de j u d í o s conversos.

8 C. FUENTES, Cervantes o la crítica de la lectura,]. Mortiz, México, 1 9 7 6 , p. 7 5 , explica la acción de don Quijote como único acto de lectura: lee los libros de caballerías y también la realidad.

Page 4: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

340 JOSÉ MANUEL MARTÍN MORAN NRFIl X L V

do , sobre e l l i b r o c o m o objeto de c u l t u r a que h a c a m b i a d o l a per­c e p c i ó n de l a r e a l i d a d . Así que parece c o n v e n i e n t e detenerse a ana l izar e l c o n d i c i o n a m i e n t o que l a i m p r e n t a y su p r o d u c t o , e l l i b r o , h a n p o d i d o e jercer sobre la m e n t e de d o n Qui jote , sopesar e l g r a d o de a l t e r a c i ó n de l a c apac idad r e l a c i o n a l que l a as imila­c i ó n de u n a nueva t e c n o l o g í a p u e d e provocar e n a l g u i e n que a ú n p e r m a n e z c a a ferrado a los m o d o s t rad ic ionales de c o m u n i c a c i ó n , e jerc ic io és te que , d i c h o sea de paso, p o d r í a devolver toda su ac tua l idad a l a o b r a c lá s ica , e n estos nuestros t iempos in formát i ­cos y televisivos.

E L " E F E C T O C I N É T I C O " D E L A L E C T U R A SOLITARIA

D o n Qui jote , n o lo o lv idemos , es u n s imple a ldeano que h a l e í d o m u c h o , lo cua l qu ie re d e c i r que p r e s u m i b l e m e n t e antes de acce­d e r a l acervo c u l t u r a l depos i tado e n los l ibros tuvo acceso a l a cu l ­t u r a o r a l d e l p u e b l o ; e n él se s u m a n , s in que a veces l l e g u e n a integrarse , las dos matr ices cul turales , c o n sus respectivos c o n d i ­c i o n a m i e n t o s . D o n Qui jote se h a l l a e n l a e n c r u c i j a d a de las dos formas de c o n o c i m i e n t o , y de ambas se revela d e u d o r en m u c h a s de sus a f i rmaciones y actuaciones; hasta q u é p u n t o lo sea de l a cu l ­t u r a l ibresca p u e d e resultar evidente e n u n o c u a l q u i e r a de los epi sodios d e l re lato ; pa ra c o m p r e n d e r , e n c a m b i o , e l peso de l a o r a l i d a d e n su persona , d e b e r e m o s c o n t e m p l a r d e t e n i d a m e n t e sus actitudes e ideas.

E l m e c a n i s m o const i tut ivo de su l o c u r a se centra , c o m o sabe­mos , e n l a su s t i tuc ión de l a r e a l i d a d p o r l a i m a g e n l i te rar ia de l a m i s m a . Sus m o d e l o s de c o m p o r t a m i e n t o son los h é r o e s c lá s i cos o los protagonistas de los l ibros de caba l l e r í a s ; sus acciones e s tán ins­piradas d i rec tamente p o r escenas l i terarias ; sus discursos e s t á n i m p r e g n a d o s de e r u d i c i ó n y e n su e l o c u c i ó n se p e r c i b e n patrones r e t ó r i c o s e scr i túra le s , o r a fieles a l estilo guevar iano, o r a é m u l o s de registros l i terar ios , c o m o e l cabal leresco, e l pas tor i l , etc. Y s in e m b a r g o , n i n g u n a de estas marcas de l i t e r a l i d a d posee l a fuerza c o n d i c i o n a n t e d e l acto radica l , en l a ra íz m i s m a d e l personaje, que d e t e r m i n a su i d e n t i d a d futura: d o n Quijote n o h a ten ido u n padr i­n o h u m a n o e n e l acto de inves t idura c o m o cabal lero (I, 3) ; e l of i­c iante d e l r i to fue e l ventero ; de él r e c i b i ó l a supuesta o r d e n de caba l l e r í a , cuya c i enc ia le h a b í a s ido transmit ida , n o p o r otro caba­l l e r o , c o m o i m p o n e l a usanza, s ino p o r los l ibros ; d o n Qui jote es e l p a l a d í n de los l ibros ; p o r ellos c o m b a t i r á y hac i a ellos d i r i g i r á

Page 5: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

NRFH, X L V DON QUIJOTE EN LA ENCRUCIJADA: ORALIDAD/ESCRITURA 341

su m i r a d a c u a n d o necesite c o n f o r t a c i ó n e n sus decis iones . E n la a s i m i l a c i ó n de la c i e n c i a cabal leresca le h a faltado e l d i á l o g o , l a c o p a r t i c i p a c i ó n e n lo a p r e n d i d o , l a c o n d iv i s ión d e l saber c o n u n m e n t o r o u n c o m p a ñ e r o de armas, algo que h u b i e r a p o d i d o ser­vir de c o m p l e m e n t o a l proceso de aprendiza je y válvula de escape para u n lec tor c o m o él, n o avezado a ú n a las asechanzas d e l l i b r o . E l acto m i s m o de l e c t u r a e n t r a ñ a serios pe l igros pa ra e l e q u i l i b r i o m e n t a l d e l i g n a r o lector , hasta e l p u n t o e n que se p u e d e d e c i r que , e n el caso de d o n Qui jote , su l o c u r a t iene o r i g e n en ese acto sol i tar io , desposesivo de toda c o m u n i ó n c o n los d e m á s , alejado de la i d e n t i d a d co lect iva que la l ec tura p ú b l i c a re fuerza 9 . Y de h e c h o los p r i m e r o s s í n t o m a s de e n a j e n a c i ó n , anteriores inc luso a la deci­s ión de hacerse caba l lero andante , se presentan d e s p u é s de algu­nas sesiones de l ec tura sol i tar ia , s e g ú n atestigua l a sobr ina :

Sepa, señor maese Nicolás . . . que muchas veces le aconteció a mi señor tío estarse leyendo en estos desalmados libros de desventuras dos días con sus noches, al cabo de los cuales arrojaba el l ibro de las manos, y ponía mano a la espada, y andaba a cuchilladas con las paredes, y cuando estaba muy cansado decía que había muerto a cuatro gigantes como cuatro torres, y el sudor que sudaba del can­sancio decía que era sangre de las feridas que había recibido en la batalla (I, 5, 67 ) 1 0 .

L a l e c tura so l i tar ia y s i lenciosa es u n a cos tumbre re lat ivamen­te r e c i e n t e 1 1 , que a ú n n o se h a af ianzado p o r c o m p l e t o , c o m o de-

9 En opinión de W. J. O N G (Oralità e scrittura. La tecnologie della parola, Il Muli­no, Bologna, 1 9 8 6 , p. 1 0 2 ) , la o ral i dad une a los individuos, la escritura y la lec­tura los separan, hacen que la mente se vuelva sobre sí misma. Para el aspecto antropológ ico de la cuestión, véase J. GOODY, Uaddomesticamiento delp esmero sel­vaggio, Angeli, Milano, 1 9 8 1 , pp. 2 5 ss.

1 0 Las citas del Quijote en este trabajo está tomadas de la edición de M. de Riquer, Planeta, Barcelona, 1 9 7 2 ; en adelante indico en el texto parte, capítulo y páginas .

1 1 Si hemos de dar crédito al testimonio de SAN AGUSTÍN en Las confesiones, el primer hombre que se ejercitó en tan misteriosa actividad, sospechosa por entonces de escasa inclinación a la caridad cristiana, fue su maestro San Ambro­sio: "Cuando estaba leyendo, sus ojos se deslizaban sobre las páginas y su cora­zón buscaba el sentido, mas su voz y su lengua quedaban quedas". Lo explica así: "Quizá temía que si el autor al que estaba leyendo hubiera expresado algo oscu­ramente, algún oyente atento o perplejo podría desear que él le explicara, o qui­siera discutir algunas de las cuestiones más difíciles; y que, gastado así su tiempo, no p o d r í a leer tantos volúmenes como deseaba; aunque la verdadera razón de leer para sí mismo podr ía ser el deseo de preservar su voz (que sólo hablar un poco p o d r í a debil itársela) . Pero fuese cualquiera la intención con que lo hacía,

Page 6: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

342 JOSÉ MANUEL MARTÍN MORAN NRFH, XLV

m o s t r a r í a e l h e c h o de que g r a n parte de los lectores n o p u e d a n r e p r i m i r gestos inconsc ientes de voca l i zac ión , u n a especie de acto ref le jo, r e s iduo d e l h á b i t o a l a l ec tura e n voz a l t a 1 2 . L a bata l la de d o n Qui jote c o n t r a los cuatro gigantes tal vez n o sea m á s que el efecto cinético de l a lectura , e l gesto desaforado de d r a m a t i z a c i ó n de lo l e í d o de u n lec tor p a r t í c i p e , p a r a n a d a alejado de los hechos narrados , que n o p u e d e c o m u n i c a r c o n nad ie su p u l s i ó n par t ic i -pativa y l a desahoga e n l a e n a j e n a c i ó n m e n t a l . D o n Qui jote es u n lec tor so l i tar io , p e n e t r a d o e n cuanto tal p o r las formas y los meca­n i smos de l a n u e v a t e c n o l o g í a , que a ú n se h a l l a i m b u i d o de los m o d o s orales de d i fus ión textual , c o m o m á s adelante p o d r e m o s c o m p r o b a r , e l conf l i c to entre las dos menta l idades t o m a l a f o r m a ex te rna de l a l o c u r a ; u n a l o c u r a extravert ida y v io lenta , c o m o lo es e n las sociedades l igadas a ú n a l a o r a l i d a d , s e g ú n a f i rma O n g (p. 102), que subraya e l o r i g e n p r i m e r o de la forma mentís d e l h i d a l g o - l a o r a l i d a d - , e n c o n t r a de l a nueva t e n d e n c i a a l a intros­p e c c i ó n y l a ficcionalidad prop ia s de l a l ec tura s o l i t a r i a 1 3 . D e h e c h o , l a causa e x p l í c i t a de su e n a j e n a c i ó n hay que buscar la , s e g ú n e l n a r r a d o r , e n l a prosa de F e l i c i a n o de Silva, y concreta­m e n t e e n aque l lo de " l a r a z ó n de l a s i n r a z ó n que a m i r a z ó n se hace , de tal m a n e r a m i r a z ó n enf laquece , que c o n r a z ó n m e que­j o de l a vuestra f e r m o s u r a . . . C o n estas razones p e r d í a e l p o b r e caba l le ro e l j u i c i o , y d e s v e l á b a s e p o r entender las y d e s e n t r a ñ a r l e s e l s e n t i d o " (I, 1, 34) . E l i n t e n t o de c o m p r e n d e r e l sent ido de l a p a l a b r a escrita lo l leva a l a l o c u r a , a él , h i d a l g o de aldea, acos­t u m b r a d o a l a l ec tura colect iva y a l a a c c i ó n , que debe c o n c e n ­trarse e n sí m i s m o , aislarse y penet ra r a solas e n e l i n t r i n c a d o

ciertamente que en hombre tal era buena" ( 5 , 3 ) . La lectura individual en voz alta fue un hábito persistente hasta mucho después de la invención de la impren­ta, según P. ZUMTHOR, Essai depoétique médiévale, Seuil, París, 1 9 7 2 , pp. 3 7 - 4 2 . Véa­se también M. FRENK, "Lectores y oidores. La difusión oral de la literatura en el Siglo de Oro", CH(7), pp. 1 0 1 - 1 2 3 . En el Quijote se da precisamente uno de los primeros testimonios escritos en lengua silenciosa, según M. FRENK, "Ver, oír, leer...", Homenaje a Ana María Barrenechea, eds. Lia Schwartz Lerner e Isaías Lerner, Castalia, Madrid, 1 9 8 4 , p. 2 4 0 , aunque ella misma señala.e jemplos ante­riores en un texto de Antonio de Guevara.

1 2 Este sería el motivo, según M. M C L U H A N (La galaxia Gutenberg, Planeta, Barcelona, 1 9 8 5 , p. 1 1 1 ) , por el que los médicos prohiben leer, incluso silen­ciosamente, a los pacientes que sufren de alguna dolencia en la garganta, para evitar que muevan involuntariamente los órganos bucales.

1 3 La lectura solitaria desarrolla la capacidad de abstracción, porque redu­ce la dispersión sinestésica de las sensaciones y se concentra sobre una sola fuen­te perceptiva; así lo explica M C L U H A N , op. cil, p. 5 4 .

Page 7: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

NRFH, XLV DON QUIJOTE EN LA ENCRUCIJADA: ORALIDAD/ESCRLTURA 343

univer so de los s ignif icados d e l l i b r o , h e c h o de palabras sin rela­c i ó n aparente c o n e l m u n d o que le rodea .

E l m i s m o efecto cinético de l a l e c t u r a sol i tar ia que p r o v o c a b a la r e a c c i ó n d e l caba l lero ante los i m a g i n a d o s jayanes p o d r í a e x p l i c a r l a g l o b a l i d a d de sus acciones . E n c ier to sent ido , sus actos n o son m á s que el gesto voci ferante d e l l ec tor sol i tar io , e l a d e m á n que ma­ter ia l iza e l p o d e r evocador de l a pa l abra escrita. S e r á e l p r o p i o d o n Qui jote q u i e n lo p o n g a e n evidencia , a l intentar expl icar e l v íncu lo entre l a l ec tura y l a a c c i ó n , e l paso d e l goce sol i tar io de l a lec tura , c o m p l e t a m e n t e int raver t ido , a l gesto, al aspaviento extravert ido, al esfuerzo p o r convertirse e n u n personaje de l i b r o de caba l ler ía s ; ne­cesita darse u n a t e o r í a que mot ive esa t e n d e n c i a suya a l a mímica imitadora - l a cua l , p o r c ier to , es cons iderada c o m o u n a caracte­r í s t ica d e f i n i t o r i a de los genios p o r M . J ous se 1 4 - ; l a e n c u e n t r a en l a t e o r í a de l a i m i t a c i ó n y, a d e c i r verdad , n o h u b i e r a p o d i d o ha l l a r u n p u e n t e m á s robusto entre l i t e ra tura y v ida , entre ficción y rea­l i d a d , entre pa l abra y gesto. E s c u c h e m o s c ó m o jus t i f i ca ante San­c h o su d e c i s i ó n de i m i t a r a A m a d í s e n P e ñ a P o b r e :

Digo asimismo que, cuando algún pintor quiere salir famoso en su arte, procura imitar los originales de los más únicos pintores que sabe; y esta mesma regla corre por todos los más oficios o ejercicios de cuenta que sirven para adorno de las repúblicas, y así lo ha de hacer y hace el que quiere alcanzar nombre de prudente y sufrido, imitando a Ulises, en cuya persona y trabajos nos pinta Homero un retrato vivo de prudencia y de sufrimiento, como también nos mos­tró Virg i l io , en persona de Eneas, el valor de u n hijo piadoso y la sagacidad de un valiente y entendido capitán (I, 25, 257).

L a e x p o s i c i ó n que hace d o n Qui jote de la t e o r í a de l a i m i t a c i ó n lo convier te e n u n artista p o t e n c i a l 1 5 ; e l suyo es, e n efecto, e l p u n t o de vista d e l c reador , que sigue l a precept iva a r i s to té l i ca allí d o n d e sugiere l a i m i t a c i ó n de l a natura leza , inc lu so e n e l reflejo de otras imi tac iones . D o n Qui jote , c o m o es obv io , n o p r e t e n d e a lcanzar c o n sus acciones e l goce ar t í s t ico , s ino l a f a m a de los pa ladines l ibrescos ; l o cua l , e n c ier to sent ido , i m p l i c a l a o p e r a c i ó n inversa a l a de los creadores : él n o aspira a m o d e l a r e l arte s e g ú n l a v ida ,

14 Le style oral rythmique chez les verbo-moteurs, Gabriel Beauchesne, Paris, 1925, pp. 21 ss.

1 5 En opinión de M. I. GERHARDT (Don Quijote: la vie et les livres, K. N. A. van Wetenschappen, Amsterdam, 1955, p. 19), don Quijote se comporta como un creador literario que utliza, para imitar, la acción en lugar de la creación.

Page 8: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

344 JOSÉ MANUEL MARTÍN MORAN NRFH, XLV

s ino viceversa. Cervantes , a l hacer consc iente a d o n Qui jote de los mecan i smos de su a c c i ó n , lo d o t a de u n a m e n t a l i d a d de l i terato - e n e l d o b l e sent ido de l a pa labra , de h o m b r e de letras y conoce­d o r de l a e scr i tura- , que cont rad i ce l a m e n t a l i d a d o r a l sobre l a que se f u n d a e l p r o p i o m e c a n i s m o de su a c c i ó n . D o n Qui jote mez­c la las dos á r e a s cul tura les de sus actitudes mentales , p o r u n l ado l a a scendenc ia i n d i s c u t i b l e m e n t e cu l ta , c lá s ica , e levada de l a teo­r ía de l a i m i t a c i ó n ; p o r e l o t ro , l a a p l i c a c i ó n d e l m i s m o c o n c e p t o a l a v i d a de las personas, o sea, l a p a r t i c i p a c i ó n per sona l , i n d i v i ­d u a l , e n l a l ec tura de los textos, hasta e l p u n t o de m o d i f i c a r l a v ida ; u n a c a r a c t e r í s t i c a de l a l ec tura par t ic ipat iva de l a d i f u s i ó n o r a l , mientra s que m á s p r o p i o de l a l ec tura s i lenciosa i n d i v i d u a l p a r e c e r í a l a d i s tanc ia respecto a l o l e í d o , e l anál i s i s y l a e labora­c i ó n r a c i o n a l de lo a p r e n d i d o .

D O N QUIJOTE Y L A N O R M A ESCRITA

H a y a ú n o t ro e l e m e n t o d i g n o de n o t a e n esta a f i r m a c i ó n de d o n Qui jote , y es l a s u g e s t i ó n de u n a n o r m a socia l basada e n e l m o d e ­lo l i terar io , u n m o d e l o cons t i tu ido , h e m o s de suponer , p o r e l c o n ­j u n t o de los personajes-epíteto ("que s irven para a d o r n o de las r e p ú b l i c a s " ) presentes e n l a l i t e ra tura c l á s i ca y los l ibros de caba­l lerías ; c o n su act i tud d o n Quijote salva lo que hoy l l a m a r í a m o s lite­ratura de evasión, los l ibros de c a b a l l e r í a s , de las cr í t icas que h a b í a c o n c i t a d o sobre su t e n d e n c i a a l escapismo, y l a hace m e r e c e d o r a de los honore s de l a percept iva ar i s toté l ica . P e r o si s e ñ a l o e l aspec­to socia l de las ideas l i terarias d e l h i d a l g o , n o es para a t r ibu i r l e unas dotes de precept i s ta m á s que dudosas, s ino para a p u n t a r l a matr iz o ra l de l a r e d u c c i ó n a u n a c u a l i d a d de los personajes, c o m o e x p r e s i ó n de su va lor m o d é l i c o . Es dec i r , p a r a d o n Qui jote , e l resorte catár t ico de l a p e r c e p c i ó n ora l de u n texto, p o r e l que todo u n p u e b l o rec ibe las e n s e ñ a n z a s de l a t r a d i c i ó n a través d e l m o d e ­l o de c o m p o r t a m i e n t o de los persona jes 1 6 , p u e d e ser ap l icab le a l a l e c tura sol i tar ia y s i lenciosa ; p e r o a l p r o p o n e r l o a c t ú a , e n real i ­d a d , c o m o h o m b r e le t rado , que c o n o c e l a t r a d i c i ó n y l a au tocon-c i e n c i a de l a escr i tura -es d e c i r l a precept iva . C l a r o que , e n este

1 6 S e g ú n J . M. FOLEY ("Man, muse and story: Psychohistorical patterns in oral epic poetry", OT, 2, 1987, p. 95), en cada actuación oral el cantor y el auditorio reviven, releen, la tradición y la historia en lo más profundo de los contenidos de la sabiduría psicológica acumulada sobre la evolución de la humanidad y el individuo.

Page 9: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

NRFH, XLV DON QUIJOTE EN LA ENCRUCIJADA: ORALIDAD/ESCRITURA 345

caso, tal vez d o n Quijote se deje llevar p o r e l ímpetu de la letra, c o m o veremos que h a r á e n repet idas ocasiones, ya que si r e a l m e n t e cre­yera que l a s o l u c i ó n de los males sociales pasa p o r l a i m i t a c i ó n de los m o d e l o s l i terar ios , n o se e x p l i c a r í a que se h u b i e r a d a d o a sí m i s m o l a tarea de resuci tar l a E d a d D o r a d a , es dec i r , e l t i e m p o de la u t o p í a , e n vez de aplicarse a l a e j e c u c i ó n de l o que él p r e g o n a . L o que desde luego resul ta evidente es que hace der ivar l a fe l ic i ­d a d social de l a le tra ; y n o e n ba lde , d a d o que los l ibros de caba­l ler ías son u n h o n t a n a r inagotable de s a b i d u r í a y c i e n c i a pa ra él, c o m o le o í m o s d e c i r c u a n d o aspira a hacer prose l i t i smo c o n e l c a n ó n i g o de T o l e d o :

Y vuestra merced créame, y como otra vez le he dicho, lea estos libros, y verá cómo le destierran la melancolía que tuviere, y le mejo­ran la condición, si acaso la tiene mala. De mí sé decir que después que soy caballero andante soy valiente, comedido, liberal, biencria-do, generoso, cortés, atrevido, blando, paciente, sufridor de trabajos, de presiones, de encantos (I, 50, 539).

T o d a su c o m p e t e n c i a socia l p r o c e d e de l a escr i tura ; su s a b i d u r í a se h a l l a toda encer rada e n los l ibros de caba l l e r í a s , d o n d e encuen­tra l a ley, l a n o r m a , l a au tor idad , pues "modos hay de c o m p o s i c i ó n e n l a o r d e n de l a c a b a l l e r í a p a r a t o d o " (I, 19, 185), y n o p o d í a ser de o t r a m a n e r a , si, c o m o asegura m á s tarde, es l a c a b a l l e r í a " u n a c i e n c i a . . . que e n c i e r r a e n sí todas o las m á s c iencias d e l m u n d o , a causa de que e l que l a profesa h a de ser j u r i s p e r i t o , y saber las leyes de l a ju s t i c i a d i s t r ibut iva y comutat iva , para dar a cada u n o lo que es suyo y l o que le c o n v i e n e " (II, 18, 710) ; y pros igue e n u m e ­r a n d o los diversos saberes, entre los que se e n c u e n t r a n l a t e o l o g í a , l a m e d i c i n a , l a a s t r o l o g í a , las m a t e m á t i c a s , etc. L a c a b a l l e r í a h a pasado de ser u n s imple mues t ra r io de h a z a ñ a s o e jemplos a seguir , a ser u n a n o r m a capaz de regu lar c u a l q u i e r t ipo de rela­c i ó n socia l o na tura l ; h a de jado de ser u n m o d e l o de v i d a y se h a c o n v e r t i d o e n e l c o n o c i m i e n t o m i s m o , e l logos, l a pa l abra d e l p o d e r , l a V o z d e l Padre que dec ide l o que p u e d e y n o p u e d e exis­t ir e n e l i n t e r i o r de los l ími te s de l a soc iedad c iv i l izada ; c u a l q u i e r t ipo de m a n i f e s t a c i ó n c u l t u r a l p u e d e caer bajo su j u r i s d i c c i ó n .

A veces, e l conf l i c to entre e l o r d e n socia l v igente y l a l e t ra de los l ib ros de c a b a l l e r í a s se hace mani f ies to . E n esos casos l a exce­siva fidelidad de d o n Qui jote a l a l e t ra p u e d e l levarle inc lu so a colocarse a l m a r g e n de l a l ega l idad y convert irse e n u n proscr i to , c o m o e n e l ep i sod io de los galeotes, c u a n d o p a r a h u i r de l a San­ta H e r m a n d a d se re fug ian d o n Qui jote y S a n c h o e n e l c o r a z ó n de

Page 10: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

346 JOSÉ MANUEL MARTÍN MORAN NRFH, XLV

S ier ra M o r e n a . As í n a c í a , e n aque l l a o c a s i ó n , l a d e c i s i ó n de d o n Qui jote de i n t e r v e n i r c o n t r a los representantes d e l o r d e n p ú b l i c o y e l rey:

-Esta es cadena de galeotes, gente forzada del rey, que va a las galeras. - ¿ C ó m o gente forzada? - p r e g u n t ó don Quijote-. ¿Es posible que el rey haga fuerza a ninguna gente? - N o digo eso - re spond ió Sancho-, sino que es gente que por sus delitos va condenada a servir al rey en las galeras, de por fuerza. - E n resolución -repl icó don Quijote-, como quiera que ella sea, esta gente, aunque los llevan, van de por fuerza, y no de su voluntad. -Así es -di jo Sancho. -Pues desa manera -di jo su amo-, aquí encaja la ejecución de m i ofi­cio; desfacer fuerzas y socorrer y acudir a los miserables (I, 2 2 , 2 2 1 ) .

E l resorte de l a a c c i ó n salta e n l a mente d e l cabal lero loco c u a n d o su e scudero p r o n u n c i a l a pa l abra c o n t e n i d a e n su l e m a per sona l , "desfacer fuerzas y socorrer y a c u d i r a los miserables" , a p r e n d i ­d o , ¿ q u é d u d a cabe?, e n los l ibros ; l a e scr i tura se erige e n n o r m a c o n t r a l a a u t o r i d a d socia l , si e l i n t é r p r e t e n o ve e l e sp í r i tu de l a letra . D o n Qui jote esc inde l a n o r m a de l a a u t o r i d a d que debe­r ía p o n e r e n e j e c u c i ó n y subvierte e l o r d e n socia l d a n d o l i b e r t a d a u n o s de l incuentes , p o r a m o r de l a letra . U n a e x p r e s i ó n m á s d e l con f l i c to entre l i t e ra tura y v ida , o m e j o r e n este caso entre le t ra escrita y le tra v iv ida , c o n l a s u p l a n t a c i ó n de l a a u t o r i d a d viva p o r l a n o r m a escrita.

L a reminiscencia de la letra de l a c a b a l l e r í a , e l r e t o r n o c o n t i n u o a las fuentes, a los or ig inales de su i n s p i r a c i ó n , le alejan inc luso de l a ficción, d e l m u n d o pos ib le que su l o c u r a h a b í a c reado y a l que r e n u n c i a m o m e n t á n e a m e n t e p o r m a n t e n e r su fe e n l a pa l ab r a escrita. D o n Qui jote l l ega i n c l u s o a o lv idar l a ex i s tencia de D u l c i ­nea , p e r n i o e n t o r n o a l c u a l g i r a n su ex i s tencia y sus acciones , c u a n d o , en las alas de l a i lu s ión , e x p o n e a S a n c h o sus expectativas de car rera cabal leresca s e g ú n e l m o d e l o es tructura l de c u a l q u i e r l i b r o de c a b a l l e r í a s (I, 21, 213-218), que h a de c o n c l u i r , c o m o es l ó g i c o , c o n l a b o d a d e l cabal lero c o n u n a h e r m o s a pr incesa . N a d i e m e j o r que él p u e d e saber si h a matado o n o h a matado a otros aventureros , p o r l o que l a ú n i c a e x p l i c a c i ó n pos ib le para l a re­f e r e n c i a a l a sangre de los enemigos " a ú n n o . . . en juta e n l a cu­c h i l l a de su espada" (II, 3, 596) , c u a n d o aguarda c o n i m p a c i e n c i a l a l l egada d e l b a c h i l l e r S a n s ó n Carrasco c o n las noticias acerca d e l l i b r o que trata de sus aventuras, s ó l o p u e d e ser d e b i d a a l a reemer­gencia de la escritura, de las f ó r m u l a s r e t ó r i c a s de las c a b a l l e r í a s , e n

Page 11: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

NRFH, XLV DON QUIJOTE EN LA ENCRUCIJADA: ORALIDAD/ESCRITURA 347

su m e n t e . L o m i s m o c a b r í a dec i r pa ra su propues ta de c r e a c i ó n de u n e jé rc i to de caballeros andantes a emplear c o n t r a e l turco (II, 1) desde e l m o m e n t o e n que él sabe que es e l ú n i c o representante de l a o r d e n de l a c a b a l l e r í a e n su é p o c a . S u a u t o c o n s i d e r a c i ó n c o m o cabal lero invenc ib le , e l descarado a u t o b o m b o que le l leva a hablar de sus gestas, a ú n e n c i e rne , c o m o "mis famosos fechos " (I, 2, 41) y de sí m i s m o c o m o " e l m á s valeroso andante que j a m á s se c i ñ ó e spada" (I, 3, 51) , s in que hasta entonces se le haya o f rec ido l a o p o r t u n i d a d de demos t ra r lo , t odo e l lo r e s p o n d e m á s a l a aflora-c i ó n e n su m e n t e de l a r e t ó r i c a cabal leresca que a u n a verdadera f o r m a de a u t o c o n c i e n c i a . D e l m i s m o m o d o se e x p l i c a r í a e l cla­m o r o s o d e s m e n t i d o de su c o n o c i m i e n t o de D u l c i n e a , c u a n d o , e n c o n t r a de l o d i c h o e n repet idas ocasiones, asegura que n o l a h a visto e n todos los d í a s de su v i d a y que s ó l o e s t á e n a m o r a d o de o í d a s (II, 9, 640) , c o n lo que e c h a m a n o de u n o de los t ó p i c o s m á s r e c u r r i d o s de l a l e t ra d e l a m o r c o r t é s . E n estos casos, d o n Qui jo­te se desconstituye c o m o personaje c o n u n p r o g r a m a de acciones p r o p i o , basado e n e l acto de v o l u n t a d i n i c i a l , y se de ja leer p o r los l ibros , se deja traspasar p o r l a pa l abra escrita de autores ajenos a su his tor ia . L l e g a a negarse l a existencia para dejar que l a escritura perviva a través de él. S u ser se cent ra e n l a pa labra a jena y presc in­de de los p r o p i o s actos: es lo que d ice , o l o que otros h a n d i c h o , y n o l o que hace , o sea, p o c o m e n o s que e l e m b l e m a de l a e s p a ñ o ­l i d a d e n o p i n i ó n de A . C a s t r o 1 7 .

D o n Qui jote a s imi la l a le tra e n su persona , u t i l i z a l a pa labra aje­n a escrita c o m o mot ivo de i d e n t i d a d . N o s ó l o eso, s ino que a d e m á s t iene c o n c i e n c i a de e l lo , se ve transf igurado e n ser escr i tural , c o m o d e m u e s t r a c u a n d o se i m a g i n a las p r imera s palabras escritas sobre él y las recita: " ¿Quién d u d a sino que e n los venideros t iempos, cuan­d o salga a luz l a ve rdadera h i s tor i a de mis famosos hechos , que e l sabio q u e los e scr ibe n o p o n g a , c u a n d o l l e g u e a c o n t a r esta m i p r i m e r a sal ida tan de m a ñ a n a , desta manera? . « A p e n a s h a b í a e l r u ­b i c u n d o A p o l o . . . » " (I, 2, 41) , y antes a ú n de salir de casa se h a b í a i m a g i n a d o así l a p r e s e n t a c i ó n de su p r i m e r a v í c t ima ante D u l c i n e a :

Yo, señora, soy el gigante Caraculiambro, señor de la ínsula Mal in-drania, a quien venció en singular batalla el j a m á s como se debe ala­bado caballero don Quijote de la Mancha, el cual me mandó que me presentase ante vuestra merced, para que la vuestra grandeza dis­ponga de mí a su talante (I, 1, 39).

17 Cervantes y los casticismos españoles, Alfaguara, Madrid-Barcelona, 1966, p. 31.

Page 12: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

348 JOSÉ MANUEL MARTÍN MORAN NBFH, XLV

Es m á s , l a l e t ra p o d r á resolver i n c l u s o e l m a y o r i m p e d i m e n t o q u e se le representa p a r a su c o m p l e t a r e a l i z a c i ó n c o m o caba l lero , y es que s e r á i m p o s i b l e demos t ra r su parentesco c o n n i n g ú n l ina je r eg io , c o n d i c i ó n é s t a ind i spensab le pa ra p o d e r aspirar a l a m a n o de l a p r i n c e s a que e l des t ino le t iene ya asignada; p e r o hete a q u í que e n ese p u n t o y m o m e n t o . . . " P o d r í a ser que e l sabio que escri­be m i h i s to r i a desl indase de tal m a n e r a m i pa ren te l a y d e c e n d e n -c i a que m e hallase q u i n t o o sesto n ie to de reyes" (I, 21, 217) . L a e scr i tura posee e l p o d e r de t rans formar l a r e a l i d a d de los hechos , p e n e t r a n d o e n las zonas m á s oscuras de l a r e a l i d a d para hacerlas manif iestas e i m p o n e r l a j u s t i c i a en e l m u n d o . E l ser de d o n Q u i ­jo te , su fu turo , su r e a l i z a c i ó n c o m o h é r o e cabal leresco e s tá e n p o t e n c i a e n esa dote m á g i c a de l a escr i tura .

D o n Qui jote siente especia l apego p o r las palabras, que repre­sentan p a r a él algo m á s que u n s imple s igni f icado : son e l s í m b o l o de l a h u m a n i d a d , e l i n s t r u m e n t o de l a u r b a n i d a d , e l t ó t e m de l a n o r m a social ; p o r eso r e a c c i o n a de m a n e r a descompues ta c u a n d o J u a n H a l d u d o , e l l a b r a d o r que azota a l inde fenso A n d r é s , se atre­ve a d e s m e n t i r lo d i c h o p o r e l m u c h a c h o e n su pre senc ia c o n u n s o n o r o " m i e n t e " , s in tener e n c u e n t a e l respeto que debe a l caba­l l e r o : " ¿ M i e n t e delante de m í , r u i n v i l lano? - d i j o d o n Q u i j o t e - . P o r e l sol que nos a l u m b r a que estoy p o r pasaros de parte a parte c o n esta l a n z a " (I, 4, 57) . L a o s a d í a d e l l a b r a d o r e s t á a p u n t o de costarle cara , d e b i d o a l a excesiva a t e n c i ó n de d o n Qui jote a l a pa labra , a l a f o r m a c o m o sustento de l a c o h e r e n c i a c o m p o r t a -m e n t a l . E n otras ocasiones r e c l a m a l a a d h e r e n c i a de sus in te r lo ­cutores a ese c ó d i g o social , basado e n l a f ó r m u l a y e l e u f e m i s m o , c o n m e n o s fo r tuna , a d e c i r ve rdad , pues su respuesta a l cuadr i l l e ­r o que se interesa p o r su sa lud e n l a venta le cuesta e l descalabro de u n cand i l azo b i e n dado :

-Pues ¿cómo va, buen hombre? -Hablara yo más bien criado - re spondió don Quijote-, si fuera que vos. ¿Usase en esta tierra hablar desa suerte a los caballeros andan­tes, majadero? (I, 17, 166).

L A P A L A B R A C O M O M O T O R D E L P E N S A M I E N T O

E n todos estos e jemplos revela d o n Qui jote que su ac t i tud m e n t a l e n l a c o n c a t e n c i ó n de las ideas es t í p i c a m e n t e verba l , y se repre­senta a sí m i s m o c o m o u n i n d i v i d u o verbomotorio que se deja c o n -

Page 13: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

NEFH, X L V DON QUIJOTE EN LA ENCRUCIJADA: ORALIDAD/ESCRITURA 349

d u c i r p o r las palabras e n sus actos e ideas. S e g ú n Jousse (p. 58 et passim) h a b r í a dos grandes c a t e g o r í a s de personas, las que p iensan d e j á n d o s e gu ia r p o r las remin i scenc ia s menta les de los objetos y las que l o h a c e n a p o y á n d o s e e n las palabras; estos ú l t i m o s s e r í a n los que él def ine c o m o verbomotorios18; u n b u e n e j e m p l o de l a p r i ­m e r a c a t e g o r í a p o d r í a ser S a n c h o , y u n e j e m p l o de l a segunda, c o m o ya he d i c h o , d o n Qui jo te . Esta d i s t i n c i ó n n o l a p o d e m o s ad jud ica r a l a d i ferente mat r i z c u l t u r a l de ambos , pues, c o m o sugiere Jousse, tan o r a l p u e d e ser l a d e p e n d e n c i a de las palabras c o m o l a de los objetos e n l a c o n s t r u c c i ó n d e l pensamiento , y p o n e e l e j e m p l o de las f ó r m u l a s de l a c u l t u r a o r a l , frases p r o p o s i c i o n a -les que e n c i e r r a n u n a v e r d a d y que s irven p a r a es tructurar e l pen­samiento , dar f o r m a a las pu l s iones significativas pro fundas de los i n d i v i d u o s , s in que ellos , a veces, se perca ten de que n o e s t án e n u n c i a n d o l a p r o p i a idea , s ino r e t o m a n d o u n a t r a d i c i ó n repre­sentativa de l a m i s m a . D i s t ingue , e n consecuenc ia , entre q u i e n e n u n a d i s c u s i ó n e n á m b i t o o r a l p o p u l a r usa citas y q u i e n usa argu­mentos . E n nuestro caso, c reo que para Sancho se p o d r í a p lantear su a d s c r i p c i ó n a l m e c a n i s m o de l a c i ta c o m o fuente de sus pensa­m i e n t o s , baste pensar e n l a e n o r m e c a n t i d a d de refranes que usa; d o n Qui jote , e n c a m b i o , parece usar u n sistema m i x t o , a veces cita (al fin y a l cabo su p r o p i a ca r re ra andantesca n o es m á s que u n a c i ta de l o l e í d o ) y a veces r azona , mani f ies ta u n a m e n t a l i d a d silo-gista. U n e j e m p l o de su recurso a l a c i ta , y de l a t r a d i c i ó n o r a l , l o t enemos e n los versos d e l r o m a n c e usados p a r a presentarse: "mis arreos son las armas, m i descanso e l pelear , etc . " (I, 2, 44) , y c o n ­cluye c o n ese " e t c é t e r a " que demues t r a hasta q u é p u n t o busca l a c o n f i r m a c i ó n de su i d e n t i d a d e n l a r e m i n i s c e n c i a de l a pa labra e n los d e m á s , h e c h o é s te que , si p o r u n l ado c o n f i r m a l o d i c h o sobre l a d e p e n d e n c i a de l a pa l abra ajena, p o r e l o t ro n i e g a e l apoyo exclus ivo de d o n Qui jote e n l a t r a d i c i ó n cul ta ; su a u t o c o n c i e n c i a c o m o personaje va m u y l i gada t a m b i é n a l a t r a d i c i ó n o r a l , sol ic i­tada d i rec tamente p o r e l caba l lero c o n l a ci ta d e l resto d e l r o m a n ­ce c a m u f l a d a bajo u n g e n é r i c o y c ó m p l i c e " e t c é t e r a " .

O t r o r o m a n c e le sirve de tarjeta de p r e s e n t a c i ó n ante las damas d e l p a r t i d o que le r e c i b e n a l a p u e r t a de l a venta : " N u n c a fuera cabal lero / de damas tan b i e n servido / c o m o fuera d o n Q u i ­j o t e / c u a n d o de su a ldea v i n o : / donce l la s c u r a b a n d e l ; / p r ince-

1 8 M C L U H A N , op. cit, pp. 1 0 9 - 1 1 3 et passim, explica que hoy en día es difícil ima­ginar un pensamiento sin palabras, a pesar de que, según él, tal hábito se remonta a la difusión de la imprenta y sus efectos sobre la mentalidad de los lectores.

Page 14: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

350 JOSÉ MANUEL MARTÍN MORAN NBFH, XLV

sas, d e l su r o c i n o , o R o c i n a n t e , que és te es e l n o m b r e s e ñ o r a s m í a s de m i caba l lo , y d o n Qui jote de l a M a n c h a e l m í o " ( I , 2, 45-46). Se d i r í a que l a v i s ión d e l m u n d o de d o n Qui jote consta de u n a serie de i m á g e n e s estereotipadas, verdaderos c l i chés representativos , que le evitan l a b ú s q u e d a de u n a i d e n t i d a d fuera de lo evocado p o r l a r e m i n i s c e n c i a de las f ó r m u l a s . Se c o m p o r t a e n esto c o m o u n m i e m b r o de u n a soc iedad ora l , s in escr i tura : rehuye l a i n n o ­v a c i ó n y r e c u r r e a las f ó r m u l a s t rad ic ionales p a r a asegurarse l a c o m p r e n s i ó n de los oyentes 1 9 , e l ventero , p o r su parte, d a mues­tras de h a b e r c o m p r e n d i d o c u a n d o r e s p o n d e a los versos d e l r o m a n c e citados p o r e l h i d a l g o c o n su c o n t i n u a c i ó n , aprove­c h a n d o a su vez l a f ó r m u l a p a r a de sc r ib i r i n d i r e c t a m e n t e los apo­sentos de su venta : " S e g ú n eso, las camas de vuestra m e r c e d s e r á n duras p e ñ a s , y su d o r m i r , s iempre velar; y s iendo así , b i e n se p u e d e apear, c o n segur idad de ha l lar e n esta c h o z a o c a s i ó n y ocasiones para n o d o r m i r e n todo u n a ñ o , cuanto m á s en u n a n o c h e " (I, 2, 45) .

L a ex i s tenc ia m i s m a de d o n Qui jote se f u n d a e n u n a c o n c e p ­c i ó n verbomotoria: sus actos p r o c e d e n de las palabras y a palabras son r e d u c i d o s p o r él , c o n l a i n t e r p r e t a c i ó n final de lo suced ido p a r a restablecer e l e q u i l i b r i o de su m u n d o cabal leresco previa­m e n t e descabalado p o r él ; n o der ivan de otros actos, s ino de sus lecturas ; n o son l a r e a c c i ó n l ó g i c a a las acciones de otros perso­najes y ra ramente r e s p o n d e n a s i tuaciones de l a v i d a e n las que prev iamente n o haya i n t e r v e n i d o l a m e n t e d e l caba l lero para de­formarlas s e g ú n e l p a t r ó n l i te rar io . M á s útil a ú n para c o m p r e n d e r l a p e r s o n a l i d a d d e l h i d a l g o tal vez sea e l desarro l lo u l t e r i o r d e l c o n c e p t o de l a verbomotricidad e n l a t e o r í a de H a v e l o c k 2 0 , p a r a q u i e n u n p r o c e d i m i e n t o t íp i co de lo que él l l a m a l a m e n t e logo-basada es l a a d s c r i p c i ó n de u n a idea abstracta a u n objeto, u n a per­sona, u n lugar , u n pensamiento , solamente d e s p u é s de que h e m o s a c u m u l a d o e n t o r n o a e l l a u n a serie de carac ter í s t i ca s ; n o hay d u d a de que és te es e l m e c a n i s m o m e n t a l p o r e l que d o n Qui jo­te cons igue que l a a ldeana A l d o n z a L o r e n z o se convier ta e n e l de­c h a d o de virtudes que t o m a r á e l n o m b r e de D u l c i n e a . As í es c o m o conc luye e l cuento de l a v i u d a y e l m o z o m o t i l ó n - d e m a r c a d o sabor p o p u l a r , p o r c i e r t o - que le h a servido de e j emplo para reva-l o r i z a r a A l d o n z a L o r e n z o a los ojos de Sancho :

1 9 Cf. JOUSSE, op. cit, p. 61 etpassim; O N G , op. cit, p. 47 etpassim; P . ZUMTHOR, La presenza della voce. Introduzione alia poesía órale, II Mulino, Bologna, 1984, pp. 172 ss.

2 0 "The alfabetic mind", OT, 1 (1986), 134-150.

Page 15: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

NRFH, XLV DON QUIJOTE EN LA ENCRUCIJADA: ORALIDAD/ESCRITURA 351

Por lo que yo quiero a Dulcinea del Toboso, tanto vale como la más alta princesa de la tierra. . . y así, bástame a mí pensar y creer que la buena de Aldonza Lorenzo es hermosa y honesta... y yo me hago cuenta que es la más alta princesa del mundo . . . y para concluir con todo, yo imagino que todo lo que digo es así, sin que sobre n i falte nada, y pintóla en m i imaginación como la deseo (I, 25, 267-268);

l a " b u e n a de A l d o n z a L o r e n z o " acaba de r e c i b i r su inves t idura de alta y p r i n c i p a l d a m a :

su nombre es Dulcinea; su patria, el Toboso, u n lugar de la Mancha; su calidad, por lo menos, ha de ser princesa, pues es reina y señora mía; su hermosura, sobrehumana, pues en ella se vienen a hacer ver­daderos todos los imposibles y quiméricos tributos de belleza que los poetas dan a sus damas: que sus cabellos son oro, su frente campos elíseos, sus cejas arcos del cielo, sus ojos soles, sus mejillas rosas, sus labios corales, perlas sus dientes, alabastro su cuello, mármol su pecho, marfil sus manos, su blancura nieve (I, 13, 131-132).

L o s c l i chés l ingüí s t i cos preexis ten e n l a mente de d o n Quijote a su v i s ión de l a amada . D u l c i n e a n o es m á s que e l e j e m p l o e m b l e m á ­t ico de l a ac t i tud ante l a r e a l i d a d d e l h i d a l g o l o c o , e l cua l necesi­ta u n objeto rea l a l que ap l i car su i d e a abstracta, l ibresca y escr i tura l , p a r a que su m u n d o cabal leresco p u e d a existir .

L A S P R E V A R I C A C I O N E S D E S A N C H O Y E L R A Z O N A M I E N T O

" A U T O C O N S C I E N T E " D E D O N Q U I J O T E

L a c o n s e c u e n c i a l ó g i c a de l a mentalidad logo-basada de d o n Qui jo­te es q u e p r i m e r o existe e l s igno, y luego l a p e r c e p c i ó n de l a cosa; p a r a él , l a pa labra es u n a e n t i d a d i n d e p e n d i e n t e , desconectada d e l m u n d o , que debe ser respetada e n su f o r m a ; p o r eso exige de San­c h o l a c o r r e c c i ó n l ingü í s t i c a y le r e p r e n d e sus prevar icac iones d e l lenguaje . Sancho , p o r su parte, es incapaz de m a n t e n e r las palabras e n su f o r m a establecida. H a y otra d i ferencia m á s , e n este p u n t o , que d a l a m e d i d a d e l conf l i c to de menta l idades entre los dos persona­jes: S a n c h o , e n casi todas las prevar icac iones i d i o m á t i c a s , sigue u n p a t r ó n ú n i c o , que es e l de l a e t i m o l o g í a p o p u l a r , s e g ú n mues t ra A . A l o n s o e n su c o n o c i d o estudio que ya he c i tado , a c o m o d a l a p a l a b r a nueva a l s ignif icante de u n a pa l abra c o n o c i d a , y t e r m i n a p o r e q u i p a r a r los dos referentes; l o c u a l es tanto c o m o d e c i r que S a n c h o , m á s que c o n palabras p iensa mate r i a lmente c o n cosas, y

Page 16: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

352 JOSÉ MANUEL MARTÍN MORAN NRFH, XLV

lo demues t ra , p o r e j emplo , c u a n d o convier te a los a lmohades e n "a lmohadas" , las tocas e n "tocadas", F i e r a b r á s e n "feo B las " y M a m -b r i n o e n " M a l a n d r i n o " . Las cor recc iones de d o n Qui jote a S a n c h o son prop ia s de a l g u i e n que ve las palabras, así c o m o los errores de S a n c h o son de a l g u i e n que las oye. D o n Qui jote refleja e l p u n t o de vista m o d e r n o , escr i tura l , que acepta las palabras e n su f o r m a externa , c o m o c o n t e n e d o r abstracto de sí mismas, u n a a b s t r a c c i ó n d e l s igno s igni f icante . S a n c h o n o se r ige p o r l a pa labra , s ino p o r e l d i c h o , p o r l a frase, l a sentencia, e l proverb io . N o es impor tante para él r e c o r d a r l a f o r m a c o n c r e t a de l a pa l abra precisa . L o que i m p o r ­ta es e l d i scurso c o m p l e t o , e l saber que e n c i e r r a y l a p o s i b i l i d a d de a p l i c a r l o e n u n m o m e n t o d e t e r m i n a d o 2 1 .

Es ta c o n t r a p o s i c i ó n de d o n Qui jote y S a n c h o tal vez se capte m e j o r sobre e l f o n d o d e l aná l i s i s a n t r o p o l ó g i c o rea l izado p o r G o o d y 2 2 sobre pob lac iones pr imit ivas que son i n t r o d u c i d a s e n e l m u n d o de l a escr i tura ; r echaza G o o d y l a i d e a de que entre los pr imi t ivos n o exista e l pensamiento abstracto, lo que sucede, argu­m e n t a e l a n t r o p ó l o g o , es que ese p e n s a m i e n t o , esos conceptos se c i m e n t a n s i empre e n objetos y s i tuaciones de l a v i d a co t id i ana . L a l i t e r ac ión , representada a q u í p o r d o n Qui jote , i m p l i c a s i empre u n a d e s c o n t e x t u a l i z a c i ó n d e l c o n o c i m i e n t o , u n a t e n d e n c i a a l a m a y o r a b s t r a c c i ó n , a l a s e p a r a c i ó n de l o c o t i d i a n o , necesaria , e n o p i n i ó n de M c L u h a n (p. 254) , p a r a m a n t e n e r u n a capac idad de perspect iva que cons ienta a l sujeto l i terato , a d i f e r e n c i a d e l o r a l , l a o r i e n t a c i ó n i n t e r i o r h a c i a fines remotos ; s in u n a c o n c e p c i ó n perspectivista d e l espacio, s in l a i lus ión de l a tercera d i m e n s i ó n de l a t é c n i c a d e l p u n t o de fuga i n t r í n s e c a a l a t e c n o l o g í a escr i tura l , n o hay o p c i ó n a u n a v i s ión p r o g r a m á t i c a d e l fu turo y d e l p r o p i o proyecto vital . D o n Quijote posee u n claro proyecto de futuro , que se p u e d e ident i f i ca r c o n los pasos y l a m e t a de c u a l q u i e r a de los cabal leros andantes de sus l ibros , y c o n su u t o p í a social ; él n o m i r a a l presente p a r a c o n s t r u i r su fu turo ; su capac idad de a b s t r a c c i ó n , e n c u a n t o l i terato , se h a e x t r a l i m i t a d o , h a c i é n d o l e volver e n cada m o m e n t o a l a le t ra m i s m a , a l a ley de lo escrito, que regu la sus pos ib i l idades de v ida . S a n c h o , p o r su l ado , t a m p o c o m i r a a l pre­sente, a l o que es, p a r a representarse su fu turo ; p e r o , a d i f e r e n c i a de su a m o es incapaz de verse e n perspectiva, o de i m a g i n a r u n a t r a n s f o r m a c i ó n social ; h a de volver a t rás , re leer su v ida an ter io r , p a r a dejarse in sp i r a r p o r su e x p e r i e n c i a de m u ñ i d o r de c o f r a d í a ,

2 1 La oralidad delega el significado al contexto, afirma O N G , op. cit, p. 153. 22 Op. cit, pp. 22 ss.

Page 17: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

NRFH, XLV DON QUIJOTE EN LA ENCRUCIJADA: ORALIDAD/ESCRITURA 353

p o r e j e m p l o , y e n c o n t r a r e l f u n d a m e n t o de su a u t o r i d a d de c o n ­de e n l o que p o d r í a m o s l l a m a r su parte y e leganc ia naturales : " D i g o que le s abr í a b i e n a c o m o d a r [el « d i c t a d o » ] , p o r q u e p o r v ida m í a que u n t i e m p o fu i m u ñ i d o r de u n a c o f r a d í a , y que m e asen­taba t a n b i e n l a r o p a de m u ñ i d o r , q u e d e c í a n t o d o s q u e t e n í a p r e s e n c i a p a r a p o d e r ser prioste de l a m e s m a c o f r a d í a " (I, 21, 218) . S a n c h o mater i a l i za lo abstracto y proyecta e l fu turo sobre su pasado; d o n Qui jote , e n l a m i s m a s i t u a c i ó n , proyecta e l fu turo sobre los l ibros , y sobre e l acto m i s m o de escr ibir . A m b o s m a n i ­fiestan defectos oculares que c o r r i g e n c o n las lentes propias de su á m b i t o t e c n o l ó g i c o y c u l t u r a l .

E l ser de d o n Qui jote se f u n d a e n l a pa l abra escrita, fijada es­tab lemente de m o d o que n o p u e d a ser e q u í v o c a ; l a r e a l i d a d pue­de ser a m b i g u a , p o r q u e los e n c a n t a d o r e s l a c a m b i a n , p e r o l a pa l ab r a n o ; lo escrito es m á s v e r d a d inc lu so que e l m u n d o , e l cua l se e m p e ñ a e n presentarse e n diferentes formas y dejarse m a n i p u ­lar p o r e l p r i m e r o que l lega. A n t e l a ev idenc ia de que e l v e n c i d o C a b a l l e r o d e l Bosque posee " E l rostro m e s m o , l a m i s m a figura, e l m e s m o aspecto, l a m i s m a fisonomía, l a m e s m a efigie, l a perspectiva m e s m a d e l bach i l l e r S a n s ó n Carra sco" (1 ,14,682) , d o n Quijote nie­ga l a e v i d e n c i a u sando l a r a c i o n a l i d a d y d u d a precar tes ianamen-te: " ¿ E n q u é c o n s i d e r a c i ó n p u e d e caber que e l b a c h i l l e r S a n s ó n Carrasco viniese c o m o cabal lero andante . . . a pelear c o n m i g o ? " (II, 16, 688) ; se aferra a l p r i m e r o de los f u n d a m e n t o s de l a l ó g i c a , e l p r i n c i p i o de i d e n t i d a d , s e g ú n e l c u a l cada cosa es i d é n t i c a a sí mis­m a s in que p u e d a ser algo diferente, de d o n d e se deduce que si San­s ó n Carrasco es e l b a c h i l l e r , ¿ c ó m o p o d r í a ser s i m u l t á n e a m e n t e e l C a b a l l e r o d e l Bosque? D e l m i s m o m o d o la d u e ñ a D o l o r i d a n o pue­de ser e l m a y o r d o m o de los duques , pues, a u n q u e " e l rostro de l a D o l o r i d a es e l d e l m a y o r d o m o . . . n o p o r eso e l m a y o r d o m o es l a D o ­l o r i d a ; que a serlo, i m p l i c a r í a c o n t r a d i c i ó n m u y grande , y n o es t i e m p o a h o r a de hacer estas averiguaciones, que s e r í a entrarnos e n in t r i cados l aber in to s " (II, 44, 908) .

D o n Qui jote cons igue separar las cosas (el C a b a l l e r o d e l Bos­que , l a d u e ñ a D o l o r i d a ) de su i m a g e n ( S a n s ó n Carrasco, e l mayor­d o m o ) , c o n u n esfuerzo de a b s t r a c c i ó n l ó g i c a que so lamente los letrados p u e d e n r e a l i z a r 2 3 . P e r o a d e m á s demues t ra que es capaz de rea l izar u n a r e f l e x i ó n sobre las reglas d e l pensamiento , que le p e r m i t e rechazar las tentaciones positivistas d e l m u n d o , y ha l l a r l a

2 3 Para GOODY (p. 220), la lógica es una función de la escritura. Cf. O N G , op. cit, pp. 52 ss.

Page 18: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

354 JOSÉ MANUEL MARTÍN MORAN NRFH, XLV

c o h e r e n c i a de lo d i c h o e n l a c o n g r u e n c i a l ó g i c a de las ideas. E l r a z o n a m i e n t o de d o n Qui jote h a l l a l a v e r d a d e n sí m i s m o , es auto-consistente, c o m o e l s i l o g i s m o 2 4 . E l r iesgo que corre es e l de c o n ­f u n d i r l a esencia de las cosas ( S a n s ó n Carrasco , e l m a y o r d o m o ) c o n su a p a r i e n c i a (el C a b a l l e r o d e l Bosque , l a d u e ñ a D o l o r i d a ) , y t e r m i n a r p o r ser v í c t i m a de su p r o p i o c a n d o r . L a p r e d i s p o s i c i ó n a l a c r e d u l i d a d p o r parte de d o n Qui jote nace de u n defecto de p e r c e p c i ó n ocas ionado p o r e l cruce de dos aptitudes de s igno c u l ­tura l d i ferente : p o r u n lado se c o n c e n t r a tanto e n l a s i t u a c i ó n c o n c r e t a que n o cons igue r e l a c i o n a r c o n otras s i tuaciones a n á l o ­gas, y p o r e l o t ro cons igue abstraer su p e n s a m i e n t o s i tuac iona l y elevar l a mate r i a l idad de l a escena a u n n ive l de c o n c e p t u a l i z a c i ó n e n que las cosas se c o n v i e r t e n e n propos i c iones l óg i ca s , o p o c o menos . Se c o m p o r t a c o m o u n i n d i v i d u o o ra l , i l e t rado , e n e l ape­go excesivo de contexto s i tuacional ; pe ro inmedia tamente l a inter­f e r e n c i a d e l l ado cu l to de su m e n t e , l a capac idad de a b s t r a c c i ó n a d q u i r i d a e n l a l ec tura i n d i v i d u a l , e n los l ibros , le o b l i g a a extra­p o l a r l a s i t u a c i ó n d e l s intagma de las s i tuaciones, p a r a l ee r l a e n e l p a r a d i g m a m e n t a l que l a c u l t u r a l ibresca le h a c o n s t r u i d o . C o n esta o p e r a c i ó n revela d o n Qui jote e l hibridismo de su m e n t e , su defecto de p e r c e p c i ó n de l a r e a l i d a d , d e b i d o a l cruce de las dos formas de m e n t a l i d a d , l a le t rada y l a o r a l .

I N T E R F E R E N C I A S D E L A O R A L I D A D E N L A M E N T E D E D O N Q U I J O T E

L a l e c t u r a i n d i v i d u a l p r o p o r c i o n a a d o n Qui jote l a capac idad de anál i s i s y a b s t r a c c i ó n que a veces d i r ige t a m b i é n sobre sí m i s m o , d a n d o lugar a esa f o r m a de a u t o c o n c i e n c i a que mani f ies ta ya des­de su p r i m e r o s pasos p o r los c a m i n o s manchegos , c u a n d o l l ega i n c l u s o a inventar a l c roni s ta de sus hechos , y, s e g ú n ya v imos , a inventarse a sí m i s m o c o m o personaje de u n a c r ó n i c a . L a auto-c o n c i e n c i a nace d e l acto i n d i v i d u a l de l a l ec tura , y n o de l a pecu­l iar f o r m a de l o c u r a d e l caba l lero . D o n Qui jote es u n lec tor q u e

2 4 O N G (p. 84) contrapone el silogismo a la adivinanza, ecuaciones de la escritura y la oralidad: el silogismo requiere la capacidad de abstracción sufi­ciente para comprender que sus conclusiones derivan de las premisas, mientras que la adivinanza requiere la astucia de una mente situacional. Sobre el modo en que el acto monológ ico del silogismo autoconsciente resulta superado en la dialéctica don Quijote/Sancho puede verse C. GUILLEN , "Cervantes y la dialécti­ca, o el diá logo inacabado", en El primer Siglo de Oro. Estudios sobre géneros y mode­los, Barcelona, 1988, pp. 212-233.

Page 19: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

NRFH, XLV DON QUIJOTE EN LA ENCRUCIJADA: O RA LI DAD / ESC RIT U RA 355

p i e r d e e l n o r t e de l a l ec tura y, en vez de pararse a r e f l e x i o n a r crí­t icamente y, p o r tanto, desarrol lar u n a c o n c i e n c i a de sí e n r e l a c i ó n c o n lo escrito, hace der ivar todo h a c i a su p e r s o n i f i c a c i ó n e n lo leí­do ; es dec i r , su defecto es, c o m o ya d i j imos antes, que t iene m e n ­ta l idad de o i d o r que t o d a v í a n o h a a p r e n d i d o a leer solo. E l n a r r a d o r o r a l , s e g ú n O n g (p. 76) , t iene e n su r e p e r t o r i o l a posi­b i l i d a d de d ir ig i r se a l h é r o e de su n a r r a c i ó n e n p r i m e r a per sona , c o m o f o r m a de i d e n t i f i c a c i ó n c o n él ; l levado a l e x t r e m o , e l recur­so p u e d e hacer que sea e l p r o p i o h é r o e e l que se d i r i j a a l trans-c r i p t o r de sus h a z a ñ a s . E v i d e n t e m e n t e d o n Qui jote , e n cuanto oidor de historias, s a b í a que , c o m o protagonis ta de la p r o p i a , p o d í a d ia logar c o n e l c roni s ta de sus hechos . V u e l v e a hacer uso de este d e r e c h o que l a o r a l i d a d le o torga c u a n d o e x p l i c a su c a m b i o de n o m b r e p o r o b r a y grac ia de su escudero d e l s iguiente m o d o : " E l sabio a cuyo cargo debe de estar e l e scr ib i r l a h i s tor i a de mis haza­ñ a s , le h a b r á p a r e c i d o que s e r á b i e n que yo tome a l g ú n n o m b r e apela t ivo" (I, 19, 191); y c u a n d o , a l p r i n c i p i o de l a S e g u n d a par­te, emi te j u i c i o s acerca de l a l a b o r d e l n a r r a d o r e n l a P r i m e r a ; de m a n e r a que , e n c ier to sent ido , e l h e c h o de que l a S e g u n d a parte se conv ie r t a e n u n a suerte de glosa a l a P r i m e r a , n o es m á s que l a p r o l o n g a c i ó n de esta prerrogat iva de los h é r o e s orales y la conse­c u e n c i a l ó g i c a de l a capac idad de a u t o c o n c i e n c i a desarrol lada p o r d o n Q u i j o t e 2 5 .

E l c u a l t o d a v í a demues t r a e n otras c ircunstancias esa mezco­l anza de carac te r í s t i ca s de lec tor i n d i v i d u a l y sujeto o ra l . L o hace, p o r e j emplo , y n o deja de ser cur io so , e n e l m o m e n t o e n que declara ante e l c a n ó n i g o de T o l e d o e l contrato de veros imi l i tud en que se f u n d a su l ec tura sol i tar ia de los l ibros de c a b a l l e r í a s :

¡Bueno está eso! - re spondió don Quijote-. Los libros que están impresos con licencia de los reyes y con aprobación de aquellos a quienes se remitieron, y que con gusto general son leídos . . . ¿habían de ser mentira, y más llevando tanta apariencia de verdad, pues nos cuentan el padre, la madre, la patria, los parientes, la edad, el lugar y las hazañas, punto por punto y día por día, que el tal caballero hizo, o caballeros hicieron? (I, 50, 537).

2 5 La autoconciencia de los personajes, la distancia del autor hacia lo narra­do, son la condic ión necesaria para que se desarrolle esa posición irónica hacia el relato que hizo posible el nacimiento de la novela moderna. Cf. R . SCHOLES, y R . KELLOGG , "L 'eredi tà orale della narrativa scritta", en La natura della narrativa, Il Mulino, Bologna, 1 9 7 0 , pp. 6 4 - 6 8 ; y O N G , op. cit., pp. 2 1 0 - 2 1 3 .

Page 20: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

356 JOSÉ MANUEL MARTÍN MORAN NBFH, XLV

M i e n t r a s conf iesa e l e jerc ic io so l i tar io de l a lec tura , d o n Qui jote r e c o n o c e que n o p u e d e establecer u n a d i s tanc ia entre l o l e í d o y él, y que su m a n e r a de leer es par t ic ipa t iva c o m o e n u n a s e s i ó n de narrat iva o r a l . P a r a él , l a pa l abra escrita posee e l m i s m o p o d e r m á g i c o que le a t r ibuyen las sociedades orales s in escr i tura ; c o n e l agravante, e n su caso, de que se s i túa e n l a p o s i c i ó n d e l hech ice­ro que e n u n c i a l a pa l abra de p o d e r , a l ident i f i ca r v i r t u a l m e n t e su p e r s o n a y su t i e m p o e n l a pa l abra escrita, que es e l m e c a n i s m o r e c ó n d i t o de l a f ó r m u l a m á g i c a e n las sociedades ora le s 2 6 .

D o n Qui jote n o d a e l brazo a torcer tan f á c i l m e n t e y busca a rgumentos que p u e d a n c o n v e n c e r a l c a n ó n i g o de T o l e d o , c o n q u i e n e s t á d i s c u t i e n d o sobre l a v e rac idad de los l ibros de caballe­r ías ; su estrategia consiste e n m e z c l a r sucesos y personajes reales c o n los ficticios, C a r l o m a g n o , H é c t o r , A q u i l e s , T r o y a , e l rey Ar tús , F i e r a b r á s , etc., a ñ a d i r detalles inút i le s a los hechos - s u t i l estrate­g ia de l a v e r o s i m i l i t u d - y acercarlos a l m o m e n t o presente , ofre­c i e n d o tes t imonios d irectos de l o suced ido , t íp i co m e c a n i s m o de ver i f i cac ión de l a n a r r a c i ó n fo l c ló r i ca y e n genera l de l a n a r r a c i ó n o r a l , q u e se basa e n l a fuerza de v e r i d i c c i ó n de l a pre senc ia d e l emi sor d e l t e s t i m o n i o 2 7 :

Habiendo personas que casi se acuerdan de haber visto a la dueña Quintañona, que fue la mejor escanciadora de vino que tuvo la Gran Bretaña. Yes esto tan ansí, que me acuerdo yo que me decía una m i agüela de partes de m i padre, cuando veía alguna dueña con tocas reverendas: "Aquélla, nieto, se parece a la dueña Quintañona". De donde arguyo yo que la debió de conocer ella o, por lo menos, debió de alcanzar a ver algún retrato suyo ( I , 49, 534).

- S i no, d íganme también que no es verdad.. . las aventuras y desafíos que también acabaron en Borgoña los valientes españoles Pedro Bar­ba y Gutierre Quijada (de cuya alcurnia yo deciendo por línea recta de varón) (I, 49,535).

A tanto n o se h a b í a atrevido, c u a n d o in tentaba cert i f icar su con­d i c i ó n de andante y aventurero a los caminantes que se h a b í a n de

2 6 Cf. GOODY, op. cit.,p. 172. 2 7 La oralidad goza del privilegio de una mayor sinceridad que lo escrito

porque quien habla está implicado en primera persona (cf. ZUMTHOR, Lapresenza della voce, p. 31). En opinión de T. Moi (Teoría literaria feminista, Cátedra, Madrid, 1988, p. 117), la voz es fuente del habla viva y autopresente; la escritura, por el contrario, es una amenaza contra la creencia tradicional de la autopresencia como verdad.

Page 21: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

NIiITí, XLV DON QUIJOTE EN LA ENCRUCIJADA: ORALIDAD/ESCRITURA 357

hal lar m á s tarde en las exequias de G r i s ó s t o m o : "Cas i que e n nues­tros d í a s v imos y c o m u n i c a m o s y o í m o s al invenc ib l e y valeroso ca­ba l lero d o n Be l i an í s de G r e c i a " (1 ,13,128) . A s i m i l a d o e l recurso de ver i f i cac ión , se l imi ta rá a expresar sus dudas para conseguir e l mis­m o efecto: "Estoy p o r dec i r que c o n mis p r o p i o s ojos v i a A m a d í s de G a u l a , que era u n h o m b r e alto de c u e r p o , b l a n c o de rostro, b i e n puesto de barba, aunque negra , de vista entre b l a n d a y r igurosa , cor­to de razones, tardo e n airarse y presto e n d e p o n e r l a i r a " (II, 1,588).

E l p r i m e r m o v i m i e n t o de su acto par t ic ipa t ivo de l ec tura es l a fe absoluta de l o escrito, pues l o que e s t á p u b l i c a d o c o n l i c e n c i a d e l rey t iene que ser ve rdad . E l ventero P a l o m e q u e p iensa a l res­pecto exactamente i g u a l que él :

¡Bueno es que quiera darme vuestra merced a entender que todo aque­llo que estos buenos libros dicen sea disparates y mentiras, estando im­preso con licencia de los señores del Consejo Real, como si ellos fue­ran gente que habían de dejar imprimir tanta mentira junta y tantas batallas y tantos encantamentos que quitan el ju ic io ! (I, 32, 351).

E n t e n d e r de q u é m o d o J u a n P a l o m e q u e se h a i d o f o r m a n d o su o p i n i ó n nos a y u d a r á a c o m p r e n d e r hasta q u é p u n t o l a de d o n Quijote es reflejo de su c o n d i c i ó n de m i e m b r o de u n a co lect iv idad o r a l . E l ventero c o m i e n z a p o r descr ib i r u n a s e s i ó n de l ec tura e n su l o c a l : " C u a n d o es t i e m p o de l a siega, se r e c o g e n a q u í , las fies­tas, m u c h o s segadores, y s i empre hay a lgunos que saben leer , e l c u a l coge u n o destos l ib ros e n las manos , y r o d e á m o n o s d e l m á s de t re inta , y e s t á m o s l e e s c u c h a n d o c o n tanto gusto, que nos q u i ­ta m i l canas" (I, 32, 347) . P o c o m á s adelante , P a l o m e q u e e x p l i c i -t a rá a ú n m á s su grado de i m p l i c a c i ó n , j u n t o c o n los d e m á s o idores e n esa l ec tura p ú b l i c a : "De m í sé dec i r que c u a n d o oyó dec i r aque­llos f u r i b u n d o s y terribles golpes que los cabal leros pegan, que m e t o m a g a n a de hacer o t ro t a n t o " (I, 32, 347) . S u h i j a se compade­ce de las lamentac iones de los pobres caballeros d e s d e ñ a d o s de sus damas, y se deja l levar d e l m i s m o entus iasmo par t ic ipat ivo que P a l o m e q u e : " L u e g o ¿ b i e n las r e m e d i á r a d e s vos [las l amentac io­nes ] , s e ñ o r a d o n c e l l a - d i j o D o r o t e a - , si p o r vos l l o r a r a n ? " (I, 32, 348) . L o ú n i c o que i m p i d e a P a l o m e q u e salir e n busca de aven­turas es que , e n sus prop ia s palabras: " N o s e r é yo tan l o c o que m e haga caba l le ro andante ; que b i e n veo que a h o r a n o se usa lo que se usaba e n aque l t i e m p o , c u a n d o se d ice que a n d a b a n p o r e l m u n d o estos famosos caba l leros " (I, 32, 351) .

P a l o m e q u e se det iene e n e l u m b r a l m i s m o de l a l o c u r a ; hasta allí l o h a l levado e l m i s m o proceso m e n t a l que a d o n Qui jote :

Page 22: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

358 JOSÉ MANUEL MARTÍN MORAN NRFH, XLV

ambos e m p i e z a n p o r dar c r é d i t o a l a pa labra escrita e impre sa c o n l i c e n c i a rea l , p a r t i c i p a n emot ivamente de los hechos de los caba­l leros y, a h í es d o n d e sus act i tudes d i f i e r e n , d e c i d e n i m i t a r o n o a sus maestros. L a i m p r e n t a , esto se sabe, c a m b i ó l a ac t i tud h a c i a l a le tra i m p r e s a ; u n a n u e v a fe e n l a escr i tura se d i f u n d i ó c o n l a pro­p a g a c i ó n de los l ibros i m p r e s o s 2 8 - a lgo que h i z o posible , p o r ejem­p l o , e l a d v e n i m i e n t o de l a r e f o r m a protestante. E l ventero y d o n Qui jote e s tán e n u n m u n d o e n t r ans i c ión e n que se va pasando de la c o n f i a n z a c iega e n l a pa l abra h a b l a d a a l a m a g i a de l a pa l abra escrita. L a escr i tura e m p i e z a a abr i r u n a b r e c h a e n l a r e l a c i ó n c o n la pa labra , s in que l legue a i m p o n e r sus m o d o s de r e f l e x i ó n .

E n l a m i s m a t r a m p a de l ec tura par t ic ipat iva de d o n Qui jote y el ventero e s t á a p u n t o de caer, s e g ú n p r o p i a c o n f e s i ó n , e l c a n ó ­n i g o de T o l e d o , p e r o es prec i samente l a c o n c i e n c i a de que los l ibros de c a b a l l e r í a n o d i c e n verdad , a u n q u e e s tén publ i cados c o n rea l l i c e n c i a , l o que le salva:

De mí sé decir que cuando los leo, en tanto que no pongo la imagi­nación en pensar que son todo mentira y liviandad, me dan algún contento; pero cuando caigo en la cuenta de lo que son, doy con el mejor dellos en la pared, y aun diera con él en el fuego si cerca o pre­sente le tuviera ( I , 4 9 , 5 3 2 ) .

E l c a n ó n i g o a p u n t a a q u í hasta dos di ferentes m o d o s de lec tura ; p o r u n l ado , l a l ec tura i m p l i c a n t e , que se deja capturar p o r e l pla­cer d e l texto y e n c u e n t r a e n él u n a f o r m a de i d e n t i d a d ; y p o r e l o t ro , l a l ec tura ana l í t i ca , que busca l a c o h e r e n c i a ú l t i m a d e l rela­t o 2 9 . E l c a n ó n i g o es u n h o m b r e l e í d o , de c u l t u r a , y eso le p e r m i t e abstraer l a a t e n c i ó n par t ic ipa t iva d e l l i b r o , separar e l s e n t i m i e n t o d e l in te lec to , y adoptar l a pos tura cr í t ica p r o p i a de l a l ec tura soli­taria. E l es capaz de d i v i d i r su p e r s o n a d e l l i b r o , r e l ac ionar lo que a p r e h e n d e a través de l a l e c t u r a c o n su c a u d a l de c o n o c i m i e n t o s y, sobre esa base, c o n s t r u i r l a c o h e r e n c i a textua l de l o que va l eyendo ; p a r a él u n texto h a de poseer u n a es tructura expos i t iva que r e s p o n d a a u n p r o g r a m a establecido apriori, es dec i r , se c o m ­p o r t a c o m o u n le t rado que espera ver e l sent ido ú l t i m o de las cosas e n los l ibros .

2 8 Cf. M C L U H A N , op. cil, p. 1 7 4 . 2 9 E . L. RÍVERS ("Plato's Republic", p. 1 7 4 ) ve en el tipo de lectura defendi­

do por don Quijote la misma postura que pod ía adoptar el públ ico de Lope de Vega. E L SAFFAR (art. cit., p. 2 3 8 ) señala c ó m o la alta cultura tecnológica del pre­lado lo aleja del placer del texto y lo condena a una lectura de tipo intelectual.

Page 23: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

NRFH, XLV DON QUIJOTE EN LA ENCRUCIJADA: ORALIDAD/ESCRITURA 359

D o n Qui jote , e n c a m b i o , s e g ú n q u e d a d i c h o m á s ar r iba , es u n l ec tor par t i c ipa t ivo de t ipo o r a l , que n o cons igue adaptarse a l a n u e v a t e c n o l o g í a de d i f u s i ó n l i t e rar ia , p o r q u e es incapaz de real i­zar e l acto desposesivo de l a l e c t u r a i n d i v i d u a l . E n este aspecto, J u a n P a l o m e q u e e l Z u r d o t iene i m a v e n t a j a sobre e l cabal lero , y es que él n o se h a l l a a caba l lo entre de dos m u n d o s t e c n o l ó g i c o s - s i as í p o d e m o s d e f i n i r las dos menta l idades derivadas de l a d i fu s ión o r a l y escri ta de l a c u l t u r a - , y p o r l o tanto n o arriesga su sa lud m e n t a l e n e l conf l i c to , a l q u e d a r e x c l u i d o de las n o r m a s de urba­n i d a d p o r ser z u r d o y analfabeto, pues c o m o asegura e l p r o p i o d o n Qui jo te : " N o saber u n h o m b r e leer , o ser z u r d o , arguye u n a de dos cosas: o que fue h i jo de padres demas iado de h u m i l d e s y bajos, o él tan travieso y m a l o , que n o p u d o entrar e n él b u e n uso n i l a b u e n a d o c t r i n a " (II, 4, 903) . Las dos taras sociales d e l vente­r o , a l m e n o s desde e l p u n t o de vista de d o n Qui jote , l o s i túan a l m a r g e n de l a n o r m a , y l o i n c a p a c i t a n c o n s t i t u c i o n a l m e n t e para acatar l a pa labra d e l padre , l a ley, l a a u t o r i d a d 3 0 . M á s m a r g i n a l a ú n q u e e l ventero es G i n é s de Pasamonte , qu intaesenc ia d e l d e l i n ­cuente , m a r c a d o t a m b i é n él p o r u n defecto, e l estrabismo, que le p r o h i b e adoptar l a ju s ta perspect iva , c o m o tal vez se aprecie e n su m o d o de e n t e n d e r l a escr i tura :

- ¿ Y c ó m o se intitula el libro? - p r e g u n t ó don Quijote. -La vida de Ginés de Pasamonte - r e spondió el mismo. - ¿ Y e s t á acabado? - p r e g u n t ó don Quijote. - ¿ C ó m o puede estar acabado - re spondió él- , si aún no está acaba­da m i vida? L o que está escrito es desde mi nacimiento hasta el pun­to que esta última vez me han echado en galeras (I, 22, 227).

L a escr i tura n o p u e d e , e n o p i n i ó n de Pasamonte , o frecer u n sig­n i f i c a d o c o m p l e t o y coherente a los hechos ; s i m p l e m e n t e se h a de l i m i t a r a a d h e r i r a ellos, e n su p r o p i o devenir , s in que p u e d a reor-denar lo s s e g ú n u n d e t e r m i n a d o p u n t o de vista - ¿ d e a h í l a biz­q u e r a d e l personaje?-; se d i r ía que hay u n a r e l a c i ó n mater ia l entre l a p a l a b r a escrita y e l h e c h o , l a m i s m a que hace que u n i n d i v i d u o de u n a c u l t u r a o r a l in terpre te u n a p e t i c i ó n de i n f o r m a c i ó n e n m o d o interact ivo y l a rehuse e s c o n d i é n d o s e tras o t r a p r e g u n t a 3 1 . L a respuesta d e l galeote parece i n s p i r a d a e n e l final de u n cuento de nunca acabar - t í p i c a e x p r e s i ó n de l a c u l t u r a o r a l t r a d i c i o n a l - ,

3 0 No estará de más recordar aquí que los venteros de la época tenían fama de ladrones.

3 1 Cf. O N G , op. cit, pp. 73 y 102.

Page 24: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

360 JOSÉ MANUEL MARTÍN MORAN NRFH, X L V

c o n l a d e c e p c i ó n de las expectativas d e l i n t e r l o c u t o r m e d i a n t e l a a l u s i ó n a u n resorte i n t e r n o d e l re la to que i m p i d e c u a l q u i e r t i p o de c o n t i n u a c i ó n ; ese resorte i n t e r n o , tanto e n e l cuento de n u n ­ca acabar (el l ec tor seguramente r e c u e r d a e l c u e n t o de l a pas tora T o r r a l b a n a r r a d o p o r S a n c h o c o n i m p e c a b l e estilo f o l c l ó r i c o 3 2 ) c o m o e n l a respuesta de G i n é s , e s t á cons t i tu ido p o r u n v í n c u l o i n e s c i n d i b l e , casi m á g i c o , entre l a pa l abra y l a cosa, de m o d o q u e e l re lato n o p o d r á c o n t i n u a r si p rev iamente n o se h a ver i f i cado l a val idez d e l v í n c u l o : d o n Qui jote debe r e c o r d a r e l n ú m e r o exacto de cabras que h a n pasado e l r í o , G i n é s d e b e r í a haberse m u e r t o para que su a u t o b i o g r a f í a estuviese acabada.

L O S EPÍTETOS D E L O S PERSONAJES " P L A N O S "

N o s i empre d o n Qui jote p e r m a n e c e e n l a z o n a de c o n j u n c i ó n de las dos menta l idades , l a o r a l y l a escrita; a veces deja que p r e d o ­m i n e c l a ramente u n a de ellas sobre l a otra , y as í nos percatamos de que t a m b i é n él posee c ier to sent ido cr í t i co p a r a c o n l o l e í d o , a u n q u e nos cueste r e c o n o c é r s e l o y r e c o n o c e r l e , c u a n d o , p o r e j emplo , mani f ies ta sus dudas acerca d e l g r a n n ú m e r o de las h e r i ­das de Be l i an í s , e l cua l " n o d e j a r í a de tener e l rostro y todo e l cuer­p o l l e n o de cicatrices y s e ñ a l e s " (I, 1, 34) ; o c u a n d o p o n e e n e n t r e d i c h o l a a l tura d e l g igante M o r g a n t e , p o r q u e d o r m í a deba­j o de techado e n casas n o r m a l e s (II, 1, 589) , etc. A veces d o n Q u i ­j o t e se entrega de l l e n o , s in medias tintas, a l a m e n t a l i d a d de f r u i d o r o r a l de las narrac iones . E n esos casos los cabal leros se r e d u c e n e n su i m a g i n a c i ó n a u n e p í t e t o : " ¿Quién m á s hones to y m á s va l iente que e l famoso A m a d í s de Gaula? ¿ Q u i é n m á s discre­to que P a l m e r í n de Inglaterra? ¿ Q u i é n m á s a c o m o d a d o y m a n u a l que T i r a n t e e l B lanco? ¿ Q u i é n m á s g a l á n que Lisuarte de G r e c i a ? " (II, 1, 586-587). L o s h é r o e s de l a c u l t u r a o r a l t i e n e n que ser per­sonal idades fuertes, n o p r o b l e m á t i c a s o d i fuminadas e n varios matices, p a r a que e l n a r r a d o r p u e d a recordar las f á c i l m e n t e 3 3 ; p o r

3 2 Un análisis de los modos de ese estilo oral de Sancho y su relación con otros episodios de la novela se encontrará en MONER, Cervantes conteur, pp. 1 7 5 - 1 8 2 ; y "Cervantes y Avellaneda: un cuento de nunca acabar", La recepción del texto, Se­cretariado de Publicaciones, Zaragoza, 1 9 8 8 , pp. 5 1 - 5 9 . El mecanismo narrativo del cuento de nunca acabar ha sido finamente desvelado por S. HUTCHINSON, Cer-vantine journeys, The University of Wisconsin Press, Madison, 1 9 9 2 , pp. 4 5 ss.

3 3 Señala O N G (op. cit, p. 1 0 4 ) c ó m o , a medida que la escritura y la impren­ta se van afirmando va desapareciendo la exigencia de un héroe fuerte.

Page 25: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

NRFH, XLV DON QUIJOTE EN LA ENCRUCIJADA: ORALIDAD/ESCRITURA 361

eso t i e n d e n a l a t ip i zac ión : e l val iente A m a d í s , e l discreto Pa lme-rín , etc. S e g ú n e x p l i c a F o l e y 3 4 , e l poe ta o r a l , a l c o n s t r u i r o evocar a sus personajes, t iene acceso a caracteres repletos, presentes e n la t r a d i c i ó n narra t iva , p a r a los que u n s imple e p í t e t o evoca enteros m u n d o s de signif icados. Ese parece ser e l va lor que les o torga d o n Quijote a los caballeros citados; para él e l e p í t e t o caracterizante n o es m á s que l a llave bajo l a que se e n c i e r r a n los valores de l a anhe­l ada E d a d de O r o . A p a r t e , obv iamente , d e l aspecto m e r a m e n t e f u n c i o n a l de su e v o c a c i ó n , pues e l adjetivo d e f i n i d o r d e l personaje e n c i e r r a e n sí todo u n p r o g r a m a de acciones, que p o d r í a servir de m o d e l o a d o n Qui jote si se d i e r a e l caso, c o m o sucede c o n e l ena­m o r a d o A m a d í s y sus locuras (I, 25) ya evocadas c o m o p a r a d i g m a d e l e n a m o r a m i e n t o (I, 15). D o n Qui jote se h a creado u n a tradi­c i ó n cabal leresca, e n l a que u n a c o l e c c i ó n de e p í t e t o s m a n t i e n e p e r e n n e m e n t e presentes ante sus ojos sus c o n t e n i d o s y su m u n d o de re ferencia ; es dec i r , su tratamiento de la t r ad i c ión c o i n c i d e c o n e l de los narradores o ra le s 3 5 . C l a r o que n o s iempre d o n Qui jote c o m u l g a c o n l a m i s m a v e r s i ó n de los hechos , n i acepta acrí t ica-m e n t e l a pa l abra escrita, pues, s e g ú n sus propias palabras, "a fee que n o fue tan p iadoso Eneas c o m o V i r g i l i o le p i n t a , n i tan p r u ­dente Ul i ses c o m o le descr ibe H o m e r o " (II, 3, 599) ; l a c u l t u r a d e l l i b r o capaci ta a d o n Qui jote , c o m o a los d e m á s lectores, p a r a u n aná l i s i s c r í t i co i n d i v i d u a l de lo a p r e n d i d o ; p e r o ese escept ic i smo l l ega a ex t remos de i n c r e d u l i d a d , si n o inc lu so de m a l d i c e n c i a , c u a n d o tacha a J u l i o C é s a r de ambic io so y sucio, a A l e j a n d r o M a g ­n o de b o r r a c h o , a H é r c u l e s de lascivo y m u e l l e , a G a l a o r de ri jo­so, y a A m a d í s , su a d m i r a d o A m a d í s , de l l o r ó n (II, 2, 594-595); t o d o esto l o r e c u e r d a d o n Qui jote so lamente p a r a rechazar lo y reaf i rmarse e n su c r e d o cabal leresco, o ra l par t ic ipat ivo : "Así que , ¡ o h S a n c h o ! , entre las tantas ca lumnias de buenos b i e n p u e d e n pasar las m í a s , c o m o n o sean m á s de las que has d i c h o " (II, 2, 595); esas m u r m u r a c i o n e s sobre los h é r o e s c lá s i cos son c o m o los c o n ­t raep í t e to s que rea f i rman las cual idades pr imeras , y le sirven a d o n Qui jote p a r a defenderse de las cr í t icas de sus vecinos i g u a l á n d o s e a sus m o d e l o s .

N o cabe d u d a de que los personajes a los que d o n Quijote apl i­ca e l e p í t e t o r e d u c t o r e n t r a n e n u n a d e t e r m i n a d a c a t e g o r í a , los personajes p lanos de l a c la s i f i cac ión de Forster , que satisfacen

3 4 Cf. art. cit., p. 100. 3 5 Cf. O N G , op. cit, pp. 62-67; y A. B . LORD , "Characteristics of orality", OT, 2

(1978), p. 63.

Page 26: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

362 JOSÉ MANUEL MARTÍN MORAN NRFH, XLV

s iempre las expectativas d e l l ec tor s in s o r p r e n d e r l e 3 6 ; c a t e g o r í a a la que e l p r o p i o d o n Qui jote pertenece , desde e l m o m e n t o e n que su p e r s o n a l i d a d h a sido d e f e n d i d a ya desde e l e p í t e t o d e l t í tulo ; es el t ipo de personaje p r o p i o de l a narrat iva o ra l , u n personaje n o p r o b l e m á t i c o , y d a d o a l a a c c i ó n c o m o ú n i c a e x p r e s i ó n de su inte­r i o r i d a d . Las expectativas creadas p o r su c a r a c t e r i z a c i ó n i n i c i a l , b á s i c a m e n t e ina l t e rada a l o largo d e l re lato , si exceptuamos su t r a n s f o r m a c i ó n al i n i c i o de l a S e g u n d a parte, resultan a m p l i a m e n ­te satisfechas, pues Cervantes se c o m p o r t a e n esto c o n l a profesio­na l i d ad d e l n a r r a d o r ora l , y enr iquece a su personaje o rgan izando e n t o r n o a su figura u n a serie de escenas relativas a l saber tradi­c i o n a l y l ibresco acerca de la l o c u r a , h a c i e n d o resaltar e n él ese dob le c o m p o n e n t e de su p e r s o n a l i d a d que lo constituye c o m o personaje o ra l , p o r u n lado , y c o m o personaje l ibresco p o r e l o t ro .

L O S A G Ü E R O S

Ese d o b l e m e c a n i s m o de l a m e n t e de d o n Qui jote , que vaci la en­tre e l deseo y l a rea l idad , l a o r a l i d a d y l a escritura, se aprec ia e n u n t ema c o n c r e t o , e l de los a g ü e r o s , d o n d e l a p o s i c i ó n d e l h i d a l g o parece c u a n d o m e n o s c o n t r a d i c t o r i a , si n o inc lu so i n c o n g r u e n t e . E n efecto, d o n Qui jote parece creer en l a ef icacia de los a g ü e r o s la n o c h e a n t e r i o r a l a e x p e d i c i ó n a l T o b o s o , c u a n d o i n t e r p r e t a c o m o malos presagios las voces de los animales que a c o m p a ñ a n su velar (II, 9, 638) ; s in embargo , d e c e p c i o n a n d o las expectativas de C i d e H a m e t e que e x c l a m a "si él fuera tan agorero c o m o c a t ó l i c o cr i s t iano, lo tuviera a m a l a s e ñ a l " (II, 22, 748) , n o se deja ame­d r e n t a r p o r l a i n f i n i d a d de cuervos y grajos que salen de l a cueva de M o n t e s i n o s ; y e j empl i f i ca a Sancho , e n presenc ia de las sa­gradas i m á g e n e s , su p u n t o de vista acerca de los a g ü e r o s c o n l a a n é c d o t a de E s c i p i ó n abrazado a l a t ierra de A f r i c a , así dice él a sus soldados p a r a n o dar p á b u l o a l a m a l a i n t e r p r e t a c i ó n de su c a í d a d e l cabal lo (II, 58 ,1019 ) ; l o cua l n o obsta pa ra que a l a entrada de su p u e b l o d o n Qui jote i n c u r r a e n e l pecado de f laqueza y vuelva a creer e n los a g ü e r o s , ob l i gando a Sancho a d e s b a r a t á r s e l o s s e g ú n el m o d e l o de E s c i p i ó n .

L a aparente c o n t r a d i c c i ó n e n e l c o m p o r t a m i e n t o de d o n Q u i ­j o t e , que e n diferentes m o m e n t o s expresa o p i n i o n e s contrapues­tas a l respecto, p u e d e ser e x p l i c a d a s e g ú n l a d i ferente i n c i d e n c i a

E . M. FORSTER, Aspetti del romanzo, Il Saggiatore, Milano, 1978, pp. 46-54.

Page 27: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

NRFH, XLV DON QUIJOTE EN LA ENCRUCIJADA: ORALIDAD/ESCRITURA 363

de u n a u o t ra m e n t a l i d a d t e c n o l ó g i c a : c u a n d o se manif ies ta m á s fuer temente l a m e n t a l i d a d o r a l , t i ende a creer e n los a g ü e r o s ; c u a n d o e l p r e d o m i n i o c o r r e s p o n d e a l a c u l t u r a l ibresca , d o n Q u i ­j o t e da muestras de estar e n p o s e s i ó n de u n a m á s que saludable m e n t a l i d a d positivista, que p u e d e p o n e r e n tela de j u i c i o e l siste­m a de creencias arra igado e n l a t r a d i c i ó n , a d i f e r e n c i a de l a cu l ­t u r a o ra l , que se protege a sí m i s m a c o n t r a lo que p o d r í a s ignif icar u n d e s e q u i l i b r i o c u l t u r a l 3 7 .

L a m i s m a pos tura c o n t r a d i c t o r i a l a encont ramos e n lo que res­pecta a los encantamientos , verdadero p i l a r sobre e l que se asienta l a r a z ó n de ser de d o n Qui jote e n e l m u n d o 3 8 , y que s in e m b a r g o c o r r e e l r iesgo de ser d e r r i b a d o p o r lo que p o d r í a m o s l l a m a r u n r e l á m p a g o de luc idez e n l a m e n t e d e l caba l lero , c u a n d o exc lama : " B i e n sé que n o hay hech izos e n e l m u n d o que p u e d a n m o v e r y forzar l a v o l u n t a d , c o m o a lgunos s imples p iensan ; que es l ib re nues t ro a l b e d r í o , y n o hay yerba n i encanto que le fuerce " (I, 22, 438) . T a n t o e n e l caso de los a g ü e r o s c o m o e n e l de los encanta­miento s , p o d r í a m o s pensar que l a ac t i tud de c r e d u l i d a d corres­p o n d a a l h i d a l g o de a ldea A l o n s o Qui j ano , latente a ú n e n d o n Qui jo te , a l cua l , r e c í p r o c a m e n t e , h a b r í a que i m p u t a r l a ac t i tud c ient í f i ca , e n cuanto vert iente cu l t a d e l personaje . P e r o ya h e m o s visto c ó m o es prec i samente d o n Qui jote , y n o su soporte rú s t i co A l o n s o Q u i j a n o , e l que cree e n a g ü e r o s a l a en t rada d e l T o b o s o y de su aldea, de vuelta de sus cor re r í a s . P o r lo tanto, h a b r á que con­c l u i r que u n a y o t ra p o s i c i ó n respecto a los encantamientos o los presagios n o son p a t r i m o n i o de u n a u o t ra de las personal idades d e l caba l lero , y que ambas c o r r e s p o n d e n p o r i g u a l a d o n Qui jo­te; l o que o c u r r e es que e n e l h i d a l g o l o c o l u c h a n dos menta l i ­dades, dos vis iones d e l m u n d o derivadas de los dos m e d i o s de c o m u n i c a c i ó n : u n a es e l res iduo de su exper i enc i a c o m o i n d i v i d u o inserto e n u n á m b i t o ora l , l a o t ra c o m o lector implacab le de l ibros

3 7 Cf. GOODY, op.ciL, p. 5 4 . 3 8 El papel de los encantadores en el relato de las aventuras de don Quijo­

te ha merecido la atención de varios estudiosos entre los que se cuentan S. DE MADARIAGA, Guía del lector del Quijote, Editorial Sudamericana, Buenos Aires, 1 9 4 7 , pp. 1 3 1 - 1 3 2 ; H . HATZFELD, El Quijote como obra de arte del lenguaje, Patronato del IV Centenario del Nacimiento de Cervantes, Madrid, 1 9 4 9 , pp. 3 4 - 3 9 ; R. L. PREDMORE, "La función del encantamiento en el mundo del Quijote", ACeru, 5 ( 1 9 5 5 - 5 6 ) , 6 3 - 7 8 ; M. FOUCAULT, Las palabras y las cosas, Siglo XXI, Madrid, 1 9 8 1 , p. 5 4 ; G. TORRENTE BALLESTER, El Quijote como juego, Guadarrama, Madrid, 1 9 7 5 , p. 1 5 0 . Para R. GARAUDY (Lapoesía vivida: Don Quijote, El Almendro, Córdoba , 1 9 8 9 , p. 2 9 ) los encantadores representan la al ienación del capitalismo naciente con­tra la que don Quijote ya lucha.

Page 28: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

364 JOSÉ MANUEL MARTÍN MORAN NRFH, XLV

de c a b a l l e r í a s , s in que p o r e l lo se p u e d a d e c i r que q u i e n h a b l a e n determinadas circunstancias es A l o n s o Qui jano , e l l ado c u e r d o d e l h i d a l g o , p o r q u e si as í fuera n o se c o m p r e n d e r í a que persist iera e n su v o l u n t a d de a c c i ó n .

L A DIFÍCIL C O N V I V E N C I A D E D O N Q U I J O T E Y A L O N S O Q U I J A N O

A veces A l o n s o Q u i j a n o se s o b r e p o n e a d o n Qui jote ; p o r deba jo de su c u l t u r a l ibresca reaparece l a c u l t u r a p o p u l a r , o ra l , que s in d u d a e n los p r i m e r o s c i n c u e n t a a ñ o s de su v i d a h u b o de tener e l h i d a l g o de u n a a ldea m a n c h e g a . E n su c o m u n i c a c i ó n c o n su escu­d e r o , d o n Qui jote se de ja l levar de vez e n c u a n d o p o r c ó d i g o s expresivos que n o le d e b í a n de ser nuevos, y se p o n e a hab la r tam­b i é n él c o n refranes y m o d i s m o s populare s ("a q u i e n D i o s se l a d i o , San P e d r o se l a b e n d i g a " I, 45, 496; "a h u m o de pajas", I, 10, 108) ; m e n c i o n a versos de romances que n o p u e d e haber apren­d i d o e n l ibros ; u t i l i z a expres iones g rá f i ca s ( "quiero que m e le cla­ves e n l a f rente y p o r a ñ a d i d u r a m e hagas cuatro m a m o n a s selladas e n m i ros tro" , II, 28, 799) ; m o d o s de d e c i r tomados de l a r e a l i d a d c o t i d i a n a ("rapaza que n o sabe m e n e a r doce pa l i l los de randas", II, 6, 620); se aferra a inter jecciones populares ("zas", " ¡ m i padre ! " , I, 47, 511) ; n o d e s d e ñ a e l a p o d o de sabor p o p u l a r ( " ¡ se­ñ o r rapista, s e ñ o r rapista !" , II, 1, 585; " s e ñ o r B a c í a " , II, 1, 587) ; r e p r o d u c e creencias populare s c o m o l a de l a m u e r t e de los p io jos a l pasar e l e c u a d o r (II, 29) ; h a b l a p o r e jemplos c o m o e l d e l c u e n ­to de l a v i u d a y e l m o z o m o t i l ó n (I, 25) ; se r egodea c u a l r ú s t i c o v i l l a n o c o n l a lavativa que le a p l i c a n a l caba l lero d e l F e b o (I, 15) ; deja que la voz de A l o n s o Qui jano se escuche e n e l relato de lo que h a de ser u n s u e ñ o e n l a cueva de M o n t e s i n o s (II, 23) , e n detalles tan grotescos c o m o e l c o r a z ó n amo jamado de D u r a n d a r t e y e l m a l m e n s i l de B e l e r m a o l a m e d i a d o c e n a de reales que l a e n c a n t a d a D u l c i n e a m a n d a p e d i r a su p a l a d í n .

E l arraigo de l a c u l t u r a o ra l , p o p u l a r , e n l a l e n g u a de d o n Q u i ­j o t e es m á s que notab le ; p o r eso resulta inveros ími l que l a l e t ra i m p r e s a anule a ratos ese trasfondo cu l tura l . As í p o r e j emplo , pue­de parecer inc lu so u n a i n c o n g r u e n c i a que d o n Qui jote declare a su escudero, b i e n es ve rdad que ofuscado p o r lo c o m p r o m e t i d o de l a s i t u a c i ó n , h a b r á que d e c i r l o e n su descargo: " N o e n t i e n d o eso de hacer aguas, Sancho ; a c l á ra te m á s si quieres que te r e s p o n d a de­r e c h a m e n t e " (I, 48, 528) . C u a n d o l a c o n c i e n c i a de d o n Qui jote baja l a guard ia , a f lora e l inconsc i en te realista, p o p u l a r , e i n c l u s o

Page 29: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

NRFH, XLV DON QUIJOTE EN LA ENCRUCIJADA: ORALIDAD/ESCRITURA 365

a veces b u r l ó n y a m i g o de chanzas que e l b u e n A l o n s o Qui j ano h a b í a de poseer. Esa i n c l i n a c i ó n h a c i a e l l ado j o c o s o de l a exis­t enc ia ya se descubre e n e l baut i smo i n i c i a l bajo f o r m a de signif i­cados latentes de los n o m b r e s , ocu l to s bajo l a a p a r i e n c i a a l t i sonante d e l s ignif icante cabal leresco: "a l fin le v i n o a l l a m a r Rocinante, n o m b r e a su parecer , a l to , s o n o r o y s ignif icat ivo de lo que h a b í a s ido c u a n d o fue r o c í n , antes de l o que a h o r a era, que era antes y p r i m e r o de todos los roc ines d e l m u n d o " (I, 1, 37) ; parece c la ro que hay u n conf l i c to entre los dos s ignif icados de antes, t e m p o r a l e l p r i m e r o , espacial e l segundo, que l a c o n c i e n c i a d e l l o c o h ida lgo resuelve cance lando e l p r i m e r o - e l que d e n u n c i a , desde e l n o m b r e m i s m o , que si e l caba l lo ya antes n o pasaba de j a m e l g o , ¿ q u é n o s e r á ahora?- , r e l e g á n d o l o ju s tamente a u n t iem­p o pasado, y s i m u l a n d o que s ó l o e l segundo es v á l i d o .

E l s igni f icante , e l p a r e c i d o f ó n i c o c o n Lanzaro te , e n g a ñ a o t ra vez l a p o c o v ig i lante c o n c i e n c i a d e l caba l lero c u a n d o se escoge p o r n o m b r e e l de u n a p ieza p o c o n o b l e de l a a r m a d u r a , y le aña­de a d e m á s e l "de l a M a n c h a " , que , p o r m á s que fuera su patr ia , n o de jaba de evocar e n los lectores de l a é p o c a á r i d o s paisajes, gente p o b r e y razas espurias; l o m i s m o d í g a s e p a r a e l " d e l T o b o s o " d e l n o m b r e de su amada . Y h a b l a n d o de n o m b r e s n o p o d e m o s pasar p o r alto los inventados p o r d o n Qui jote e n l a bata l la de los dos e j é r c i t o s (I, 18) , ep i sod io e n e l que se p u e d e aprec iar p o r exten­so l a s o c a r r e n a d e l h i d a l g o Q u i j a n o , agazapada e n los pl iegues de l a l e n g u a d e l c a b a l l e r o 3 9 , e l c u a l se i n v e n t a u n combat iente vana­g lor io so ( A l i f a n f a r ó n ) , u n s e ñ o r de c i n c o c iudades s in m i e d o a quedarse m a n c o ( P e n t a p o l í n d e l A r r e m a n g a d o B r a z o ) , u n a p r i n ­cesa f e l i n a y d o m é s t i c a a l a vez ( M i u l i n a ) , u n valeroso pisa-laure­les c o n ansias de t o m a r las de V i l l a d i e g o (Laurca l co de l a P u e n t e de Pla ta ) , u n d u q u e r i joso c o m o u n m i c o c o n c o l a ( M i c o c o l e m -b o ) , o a q u e l gigante i n f i n i t a m e n t e p e q u e ñ o o in f in i t amente para­d ó j i c o que era e l C a r a c u l i a m b r o d e l p r i m e r c a p í t u l o .

E l con f l i c to entre A l o n s o Qui j ano y d o n Qui jote a f lora a l a superf ic ie de l a c o n c i e n c i a d e l caba l lero , se manif ies ta expl íc i ta­m e n t e e n e l d i scurso c o n l a c o n f r o n t a c i ó n de l a c u l t u r a elevada, o f i c i a l , c o n a lgunos rasgos de c u l t u r a p o p u l a r , o c o n actitudes menta les prop ia s de l a o r a l i d a d , c o m o p u e d e ser p o r e j emplo , e l

3 9 P. SALINAS ("El polvo y los nombres", Ensayos de literatura hispánica, Agui-lar, Madrid, 1961, pp. 127-142) ve en la doble tendencia idealizante y desacrali-zante de la creación de estos nombres una suerte de condensado mecanismo constitutivo de toda la novela.

Page 30: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

366 JOSÉ MANUEL MARTÍN MORAN NJRFH, XLV

a fán p o r prec i sar e l p e r í o d o de t i e m p o que A m a d í s p a s ó e n P e ñ a P o b r e : " n o sé si o c h o a ñ o s o o c h o meses" (I, 15, 153); o e l lugar exacto de las c o r r e r í a s de A p o l o tras Da fne : " p o r los l lanos de Tesa l ia , o p o r las r iberas de P e n e o , que n o m e acuerdo b i e n p o r d ó n d e corr is te entonces celoso y e n a m o r a d o " (I, 43, 479); m e z c l a de registros l ingü í s t i co s y valores de v i d a que vac i lan entre e l v u l ­gar i smo mater ia l i s ta de " tomara yo a h o r a m á s a í n a u n cuar te l de p a n , o u n a hogaza, y dos cabezas de sardinas arenques" (1,18,182) y e l l u c i m i e n t o e r u d i t o de su p r o s e c u c i ó n "que cuantas yerbas des­cr ibe D i o s c ó r i d e s , a u n q u e fuera e l i lus t rado p o r e l d o c t o r L a g u ­n a " ; v a c i l a c i ó n que se aprec ia t a m b i é n entre lo c o t i d i a n o de a lgunas expres iones y l a t r a scendenc ia d e l ep i sod io r e m e m o r a d o e n l a p e n i t e n c i a de l a S ierra , d o n d e se p u e d e d e c i r que m á s q u e a u n m o n ó l o g o asistimos a u n d i á l o g o entre A l o n s o Qui j ano y d o n Qui jote : Roldan "era encantado y n o le p o d í a matar nadie si n o era m e t i é n d o l e u n alf i ler de a blanca p o r l a p u n t a d e l p ie " ; A n g é l i c a " h a b í a d o r m i d o más de dos siestas c o n M e d o r o , u n morillo de cabellos enr izados" ; D u l c i n e a , e n c a m b i o , "no h a visto e n todos los d ía s de su v ida m o r o a l g u n o . . . y se es tá hoy como la madre que la parió" (I, 26, 272-273), que n o d e b í a n i p o d í a ser p a r a d i g m a de l a v i r g i n i d a d c o m o parece pre tender d o n Quijote , d e j á n d o s e llevar, qu izás , p o r e n é s i m a vez p o r l a r emin i s cenc i a de l a pa labra co loqu ia l .

MOVIMIENTOS DE LA MENTE DEL CABALLERO. L A DESMEMBRACIÓN POR LA LECTURA

L a l o c u r a de d o n Qui jote , c o m o ya he d i c h o , parece d e b i d a al c o n ­f l ic to existente entre dos formas de p e r c e p c i ó n d e l re lato : l a per­c e p c i ó n de t ipo o r a l par t ic ipat ivo y l a ana l í t i c a e x i g i d a p o r l a l e c t u r a sol i taria . L o s i n d i c i o s d e l conf l i c to se e n t r e v é n e n l a repre­s e n t a c i ó n m e n t a l d e l m u n d o de d o n Qui jote ; su p e r c e p c i ó n de l a r e a l i d a d consta b á s i c a m e n t e de dos m o v i m i e n t o s : e s c i s ión y asi­m i l a c i ó n , o anál i s i s y r e c o n t e x t u a l i z a c i ó n , a l in tegrar lo e n o t ro contexto de existencia , e n u n m u n d o pos ible que l a escr i tura le h a revelado; de ah í que , p o r e j emplo , tras l a po lvareda de los r e b a ñ o s vea e j é rc i to s , o tras e l b r i l l o de l a b a c í a , e l y e l m o de M a m b r i n o . E l p r i m e r m o v i m i e n t o es p r o p i o de l a m e n t e ana l í t i ca d e l l ec tor soli­t a r i o 4 0 ; e l s egundo es p r o p i o , c o m o ya h e m o s d i c h o , de l a c u l t u r a

4 0 Esta deformación es propia de las mentes literatas, como señala O N G (op. cit, p. 106) y es la que abre el camino a la lectura escapista. Sancho, por su par-

Page 31: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

NRFH, XLV DON QUIJOTE EN LA ENCRUCIJADA: ORALIDAD/ESCRITURA 367

ora l logo-basada, e n l a que los narradores proyec tan sobre u n per­sonaje c o n c r e t o u n a i m a g e n abstracta pa ra hacer le depos i tar io de los valores conten idos e n el la ; es l a o p e r a c i ó n que hemos visto rea­l izar a d o n Qui jote c o n D u l c i n e a . P r i m e r o secc iona c o n m e n t a l i ­d a d de l ec tor so l i tar io y luego se a b a n d o n a a su m e n t a l i d a d de o i d o r . A d o n Qui jote n o le interesa ver l a r ea l idad , s ino escuchar su voz i n t e r i o r , par t ic ipar , a rmonizarse , unif icarse a los objetos d e l d iscurso . S u c u l t u r a es escrita, p e r o su a s i m i l a c i ó n es l a d e l o i d o r , n o la d e l l ec tor . T a l vez e l e j e m p l o e m b l e m á t i c o de esa neces idad de d i v i d i r para c o m p r e n d e r se encuent re e n l a e x p l i c a c i ó n que d a a S a n c h o y a sí m i s m o , de reflejo, de l o suced ido c o n e l a r r i e ro de A r é v a l o : " A l t i e m p o que yo estaba c o n e l l a [Mar i tornes ] e n dulc í­simos y a m o r o s í s i m o s co loqu io s , s in que yo l a viese n i supiese de d ó n d e ven ía , v i n o u n a m a n o pegada a a l g ú n brazo de a l g ú n desco­m u n a l gigante y a s e n t ó m e u n a p u ñ a d a e n las quijadas" (1 ,17 ,164) .

D e su c o n t i e n d a c o n e l par iente de C i d e H a m e t e p o r l a b e l l a f r e g o n a de l a venta n o re t iene d o n Qui jote , fuera de las evidentes consecuencias , m á s que u n a parte, e l brazo y e l p u ñ o - l a o scur idad ayuda al caba l lero a d e s m e m b r a r e l c u e r p o a jeno- , para i n m e d i a ­tamente i m p l a n t á r s e l o a u n i m a g i n a r i o gigante, q u i e n p o r l o d e m á s , n i s iqu iera se h a b r í a t o m a d o l a mole s t i a de presentarse e n p e r s o n a para , d igamos que por brazo interpuesto, p r o p i n a r e l mere­c i d o castigo al casi i n f i e l d o n Qui jote . D o n Quijote perc ibe e l m u n ­d o a su a l r ededor c o m o u n sistema sin o r d e n n i valores, u n c u e r p o d e s m e m b r a d o , u n caos e n e l que debe i n t e r v e n i r p a r a restablecer l a a r m o n í a entre las partes, l a i n t e g r a c i ó n e n u n todo o m n i c o m -prens ivo . Sus dotes ana l í t i ca s h a n p e r t u r b a d o su v i s ión de l a rea­l i d a d hasta tal p u n t o que todo se le representa separado, s in c o n t e x t o r e l a c i o n a l , s in e sp ina dorsa l , p a r a seguir c o n l a m e t á f o ­r a d e l c u e r p o . S u i d e a l social , su n o r m a , l a mani f ies ta e n d i á l o g o c o n su escudero , p o r m e d i o prec i samente de u n a i m a g e n a n a t ó ­m i c a : " C u a n d o l a cabeza due le , todos los m i e m b r o s d u e l e n ; y así , s i endo yo tu a m o y s e ñ o r , soy tu cabeza, y tú m i parte, pues eres m i c r i a d o ; y p o r esta r a z ó n e l m a l que a m í m e toca, o tocare, a t i te h a de d o l e r , y a m í e l t u y o " (II, 2, 52) . D o n Qui jote parece a l u d i r a u n pasaje de l a B i b l i a , concre tamente a l a i d e a p a u l i n a de l a igle­sia c o m o cuerpo mís t i co de Cris to (Epístola a los romanos, 12, 5; Epís­tola I a los Corintios, 10, 16-17); i dea que h a b í a servido, lo r e c u e r d a

te, no parece seccionar, al principio; él liga los hechos entre sí para sacar sus pro­pias conclusiones: el últ imo eslabón de esa cadena es él mismo, su situación, el aquí y ahora de su circunstancia.

Page 32: ORALIDAD/ESCRITURA - aleph.academica.mxaleph.academica.mx/jspui/bitstream/56789/27163/1/45-002-1997-0337.… · DON QUIJOTE EN L ENCRUCIJADAA : ORALIDAD/ESCRITURA LA CRÍTIC Y LAA

368 JOSÉ MANUEL MARTÍN MORAN NRFH, X L V

M c L u h a n (p. 21) , de soporte t e ó r i c o al estado feuda l , u n c u e r p o c o n u n a cabeza vis ible que era e l rey e i n f i n i d a d de m i e m b r o s representados p o r los subditos ; e l estado renacentis ta , e n c a m b i o , d iv ide su c u e r p o , lo anal iza , se descentral iza ; e l estado feuda l , cen­tra l izado , u n i f i c a d o e n e l s í m b o l o a n a t ó m i c o , r e sponde a u n a vi­s ión o r g á n i c a , integrada d e l m u n d o , que desaparece c o n l a di fusión de l a i m p r e n t a , e l y u n q u e e n que se for ja l a v i s ión estatal moder ­na , caracter izada p o r l a d iv i s ión y l a d e l e g a c i ó n de los poderes .

E n 1542, c u a n d o ev identemente a ú n l a t e c n o l o g í a de l a i m ­p r e n t a n o h a b í a i n f l u e n c i a d o l a c o n c e p c i ó n d e l m u n d o d e l rey E n r i q u e V I I I , p e d í a és te e n u n c i a r la t e o r í a d e l c u e r p o mí s t i co apl i ­cada a su r e i n o : " N u n c a estamos m á s altos e n nues tro estado rea l que e n t i e m p o par l amentar io , c u a n d o N o s c o m o cabeza y vosotros [el consejo] c o m o m i e m b r o s estamos con juntados y u n i d o s e n u n c u e r p o p o l í t i c o " 4 1 . D o n Qui jote y e l rey a n g l i c a n o p a r e c e n tener l a m i s m a c o n c e p c i ó n de l a r e l a c i ó n c o n sus subord inados ; u n a c o n c e p c i ó n feuda l , en l a que l a i n t e g r a c i ó n de todos los m i e m b r o s e n u n solo c u e r p o p u e d e s imbo l i za r e l deseo de a r m o n í a e n u n a u n i d a d s u p e r i o r p r o p i a de l a u n i d a d s o c i a l de t i p o o r a l 4 2 . D o n Qui jote expresa a q u í u n deseo, e n e l que ve c i f rada l a s o l u c i ó n de los males sociales e n t é r m i n o s de o r g a n i c i d a d e i n t e g r a c i ó n : bas­tar í a que los h o m b r e s p u d i e r a n volver a re lac ionarse c o n e l m o d o o r a l , p r e t e c n o l ó g i c o , s in l a e sc i s ión de los m i e m b r o s achacable a l a d i fu s ión de l a nueva t e c n o l o g í a , c o n el m i s m o sen t imiento de s o l i d a r i d a d , de c o m u n i ó n e n los mi smos objetivos, pa ra que l a E d a d de O r o vo lv iera a r e l u m b r a r e n e l m u n d o .

JOSÉ MANUEL MARTÍN M O R A N

4 1 M C L U H A N , op. cit, p. 1 5 0 . 4 2 Cervantes presenta en la figura de don Quijote, según M C L U H A N (p. 2 5 2 ) ,

al hombre feudal enfrentado con un nuevo mundo cuantificado.