Oposiçao a ditadura
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Em Portugal, Salazar impunha o Estado Novo, um regimeinspirado nos ideais fascistas de Mussolini, mas sem osexageros da violência nazi.
O regime salazarista impôs-se através de um aparelhorepressivo que fortalecia e perpetuava a suaacção, combatendo toda a contestação.
Deste aparelho repressivo fazia parte a PIDE, polícia política do regime, apoiada numa vasta rede de informadores que fiscalizava, amedrontava a população eprendia os opositores.
O destino dos opositores eram as prisões do regime espalhadas pelo país e nas colónias, onde aqueles eram torturados física e psicologicamente, quando nãoassassinados.
Prisões
Politicas
do Regime
Prisão
do
Aljube
Prisão
de
Caxias
Prisão
de
Peniche
Prisão
da
PIDE
no Porto
A Prisão de Peniche
O Forte de Peniche, durante o Estado Novo, converteu-
se numa prisão politica de alta segurança.
Presos de Peniche Álvaro Cunhal
Joaquim Gomes
Carlos Costa
Jaime Serra
Francisco Miguel
José Carlos
Guilherme Carvalho
Pedro Soares
Rogério de Carvalho
Francisco Martins Rodrigues
E muitos outros…Francisco Martins Rodrigues
Álvaro Cunhal
A Fuga de Peniche – episódio insólito
A 3 de Janeiro de 1960, deu-se a “Fuga de
Peniche", protagonizada por prisioneiros comunistas
como Álvaro Cunhal, Joaquim Gomes, Carlos
Costa, Jaime Serra, Francisco Miguel, José Carlos
Guilherme Carvalho, Pedro Soares, Rogério de
Carvalho e Francisco Martins Rodrigues.
A operação foi organizada internamente por uma comissão depresos e no exterior, por outros dirigentes comunistas.
Na data combinada, ao final da tarde, um automóvel parou emfrente ao Forte, com o porta-bagagens aberto. Esse era o sinalcombinado para que, no interior da prisão, se soubesse que, noexterior, estava tudo a postos para a fuga.
Desenho
de
Álvaro Cunhal
O carcereiro foi neutralizado com o emprego de uma anestesiae, com a ajuda de um sentinela – o guarda José Alves – quefazia parte do plano de fuga, os prisioneiros atravessaram oespaço mais exposto do percurso.
Do piso superior desceram para o piso inferior com o recurso auma árvore. Aqui correram para o pano exterior da muralha quedesceram com o auxílio de uma corda feita com lençóis, atéalcançarem o fosso exterior.
Depois tiveram que saltar um muro para chegar à vila, onde seencontravam à sua espera os automóveis que os haviam detransportar para as casas clandestinas onde deveriam passar anoite.
Cunhal passou a noite na casa de Pires Jorge, em São João doEstoril, onde ficou a viver clandestinamente durante algumtempo.
Álvaro Cunhal
Em 1931, com 17 anos, aderiu ao Partido ComunistaPortuguês. Estudava então na Faculdade de Direito de Lisboa.
As suas primeiras tarefas partidárias foram ligadas à Liga dosAmigos da URSS, ao Socorro Vermelho Internacional e aosGrupos de Defesa Académica.
Em 1934, foi eleito pelos estudantes de Lisboa seurepresentante no Senado Universitário.
Teve a seu cargo a reorganização da Federação dasJuventudes Comunistas Portuguesas (FJCP) em Lisboa.
Em 1935, foi eleito Secretário-Geral das JuventudesComunistas e participou no IV Congresso daInternacional Juvenil Comunista, em Moscovo.
Começava então a sua vida clandestina .
Em1936, passou a integrar o Comité Central do PartidoComunista Português.
Desenhos da prisão de Álvaro Cunhal
Peniche no dia da Libertação Depois do derrube do regime, a 25 de Abril de 1974, a
Prisão de Peniche foi utilizada como abrigo para os
retornados das ex-colónias portuguesas da África que
regressaram a Portugal quando se deu a descolonização.
A prisão de Aljube A cadeia do Aljube foi uma prisão
situada na freguesia da Sé, na
cidade de Lisboa, Portugal.
O estabelecimento prisional
recebia presos comuns até o início
da década de 1930, quando passou
a ser lugar de reclusão de presos
políticos do Estado Novo.
O cárcere foi fechado em Agosto
de 1965.
Presos do Aljube
António
Borges Coelho
José Manuel
Tengarrinha
Urbano Tavares Rodrigues
Miguel Torga
José Medeiros Ferreira
Vasco Granja
Carlos Brito
Luís de Sttau Monteiro
Escritor português, acusado de defender ideias
subversivas, foi preso pela PIDE e colocado na prisão do
Aljube.
Seria libertado em Fevereiro de 1940.
Várias vezes nomeado para o Prémio Nobel da Literatura,
tornou-se um dos mais conhecidos autores portugueses
do século XX.
Miguel Torga
Em 1961, publicou a peça de teatro Felizmente HáLuar, distinguida com o Grande Prémio de Teatro.
Foi proibida a representação da peça pela Censura. Sóviria a ser representada em 1978 no Teatro Nacional.
Foi preso em 1967 pela PIDE, no Aljube, após apublicação das suas peças de teatro.
Luís de
Sttau Monteiro
“Há homens que obrigam
outros homens a reverem-se
por dentro…Luís de Sttau Monteiro
A prisão de Caxias Começou a ser utilizada como prisão politica em 1936.
As condições físicas eram mais toleráveis do que no
Aljube, embora existissem celas subterrâneas de
castigo.
Um irónico acontecimento ocorrido nesta prisão foi a
fuga de oito detidos, todos altos funcionários do PCP .
Presos de Caxias
Albertina Diogo
Albina Pato
Aida Magro
Aida Paula
António Manuel
Fernanda Tomás
Hermínio Inácio
Joaquim Gorjão Duarte
José Magro
Julieta Gândara
Luísa Paula
Marcos Rolo Antunes
Mário Henriques
Manuel M. Felizardo
Maria Eugénia Varela Gomes
Mateus Branco
Natália David
Nuno Teotónio Pereira
Piedade Gomes
Virgínia Moura
Vítor Serra Lopes
«Podem traçar meu corpo à chicotada
Podem calar meu grito enrouquecido
Para viver de alma ajoelhada
Vale bem mais morrer de rosto erguido.»
Fuga de Caxias
No dia 4 de Dezembro de 1961, oitomilitantes comunistas evadiram-se doReduto Norte da prisão de Caxias numcarro blindado, perante o olharimpotente dos carcereiros.
Realizada em poucos segundos eapenas com recursos do interior daprisão, tratou-se de uma das maisaudaciosas fugas dos cárceresfascistas.
Com os 8 homens dentro do carro, este
arranca em direcção ao portão principal,
que não resiste ao embate e cede.
Dez segundos depois, o carro está
fora da prisão e ruma à auto-estrada,
sob os disparos da GNR.
Chegados a Lisboa, a viatura é
abandonada e os seus ocupantes
refugiam-se em casas seguras.
Presa em Caxias …
Maria Eugénia Varela Gomes
1956 – Dirige o Serviço Social do Hospital de Santa
Maria, que é obrigada a abandonar, dois anos
depois, devido a um processo disciplinar, por motivos
políticos.
1958 - Participa activamente na Campanha eleitoral de
Humberto Delgado.
1959 - Envolve-se directamente na Revolta da Sé eacompanha de perto o julgamento e a prisão dosimplicados.
revolta contra o regime salazarista.
As reuniões conspiratórias
ocorriam na Sé de Lisboa, com o
conhecimento do pároco, o padre
Perestrelo de Vasconcelos. Depois
de julgados e presos, os
implicados são repartidos por
Caxias, Aljube, Trafaria e Elvas.
1962 - É raptada e presa pela PIDE, por alegadoenvolvimento no golpe de Beja.
Nova revolta, visando o derrube de
Salazar, dirigido pelo Capitão Varela
Gomes (sector militar) e por Manuel
Serra (sector civil).
Tentativa frustrada de tomada do
Quartel de Beja
É mantida isolada desde Janeiro até Abril, na prisão deCaxias.
É submetida à tortura do sono.
Permanece presa, em Caxias até 1963.
1963 – É libertada. Liga-se à Frente Patriótica deLibertação Nacional, integrando uma célula onde estavatambém Jorge Sampaio, entre outros.
1964 – É presente como ré, ao lado do marido, nojulgamento dos implicados de Beja. É condenada adezoito meses de prisão, enquanto João Varela Gomes écondenado a seis anos.
«Não participei nem na preparação
nem no assalto ao Quartel de Beja,
mas estou de alma e coração com
o meu marido e os companheiros
dele».
Logo que alcançou a liberdade, passou a dedicar todas as
suas energias à causa dos presos políticos.
Funda, com outras personalidades de oposição, a CNSPP
(Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos).
1969 - Participa na Campanha Eleitoral pelas listas da CDE
e, um ano depois, é novamente presa por uma semana.
1973 - Participa na campanha eleitoral para a Assembleia
Nacional. No final de um comício na Sociedade Nacional de
Belas Artes, é brutalmente espancada pela policia de
choque, juntamente com a filha mais nova.
1974 - Após o 25 de Abril, trabalha com advogados e
membros da CNSPP na libertação dos presos políticos,
bem como na posterior remodelação desta organização.
Caxias no dia da libertação
O Campo da Morte
do
Tarrafal
A Colónia Penal do Tarrafal, situada no lugar de Chão Bom do
concelho do Tarrafal, na ilha de Santiago (Cabo Verde), foi
criada pelo Governo português do Estado Novo em 1936.
Em 18 de Outubro de 1936 partiram de Lisboa os primeiros 152
detidos, entre os quais se contavam os participantes na revolta
de 18 de Janeiro de 1934, na Marinha Grande, e marinheiros
que se tinham amotinado a bordo de um navio de guerra no
Tejo.
O Campo do Tarrafal ou Campo de Concentração do
Tarrafal, como ficou conhecido, começou a funcionar em
29 de Outubro de 1936, com a chegada dos primeiros
prisioneiros.
Grupo de prisioneiros do Tarrafal
O campo do Tarrafal foi inspirado nos campos de
concentração nazis, que Hitler nessa altura começava a
montar na Alemanha.
Cela da Morte LentaPosto de socorros
No Tarrafal não havia câmaras de gás, como nos campos
de concentração nazis, mas os presos eram submetidos a
um regime de morte lenta - por isso ficou conhecido como o
«Campo da Morte Lenta».
Vista aérea do Campo do Tarrafal
O Campo do Tarrafal encerrou em 1954, tendo sido
reactivado em 1961, sob a denominação de Campo do
Chão Bom, para receber prisioneiros oriundos das
colónias portuguesas.
Testemunhos do Tarrafal «Na Achada Grande do Tarrafal montou o governo
fascista o campo de concentração. Na Achada Grande há
pântanos, mosquitos e paludismo. Era a zona mais
temida pela gente de Cabo Verde. Na ilha que o mar
guardava melhor que o arame farpado e as armas dos
carcereiros, o mosquito seria um executor discreto.
Sem possibilidade de ferver a água inquinada, sem
mosquiteiros, sem medicamentos, com má alimentação,
trabalhos forçados, espancamentos, semanas na
«frigideira», todas as resistências orgânicas se
desmoronavam abrindo caminho fácil ao paludismo.»
«As mortes dos antifascistas no Tarrafal foram
premeditadas. Tão claro era o objectivo que o director
do Campo não o escondeu. Afirmou-o para que todos
os presos soubessem a que estavam destinados.»
«E muitos morreram e lá ficaram no cemitério que tão
perto estava do Campo»
“Quem vem para o
Tarrafal, vem para
morrer…”
Presos do Tarrafal Bento Gonçalves
Joaquim Amaro
Francisco Miguel
Jaime de Sousa
Sérgio Vilarigues
Joaquim Montes
Manuel da Costa
António Guerra
Joaquim Marreiros
Bento Gonçalves
Bento António Gonçalves nasceu a 2 de Março de1902,
em Trás-os-Montes, e morreu em 1942 , no campo de
concentração do Tarrafal, vitima de biliosa.
Bento viria a filiar-se no PCP em 1928.
Em 1935 foi preso no Arsenal da Marinha.
Em 1936 foi enviado para o Tarrafal
Sérgio Vilarigues
Sérgio Vilarigues, militante comunista, foi um dos poucos
sobreviventes do campo de concentração do Tarrafal.
Integrou o grupo dos primeiros
presos enviados para o Tarrafal
em 1936.
Saiu do Tarrafal em 1940.
A “Frigideira”
A frigideira era uma caixa de
cimento com uma forma
rectangular.
O tecto era uma placa de
betão. Uma parede dividia-a
interiormente em 2 celas quase
quadradas.
Cada uma tinha uma porta de
ferro.
O percurso de uma parede a
outra de cada cela era de 4
passos.
Estava exposta ao sol de manhã à noite.
A luz e o ar entravam com muita dificuldade pelos
buracos na porta e em cima pela abertura junto ao
tecto.
«O sol batia na porta de ferro e o calor ia-se
tornando sempre mais difícil de suportar. Íamos
tirando a roupa, mas o suor corria
incessantemente.»
A frigideira teria capacidade para dois ou três
presos por cela.
«Chegámos a ser doze numa área de nove metros
quadrados.»
«Lá dentro era um forno.»
Presos Políticos que morreram no
Tarrafal FRANCISCO JOSÉ PEREIRA
PEDRO DE MATOS FILIPE
FRANCISCO DOMINGOS
QUINTAS
RAFAEL TOBIAS
AUGUSTO DA COSTA
CANDIDO ALVES BARJA
ABILIO AUGUSTO BELCHIOR
FRANCISCO ESTEVES
ARNALDO SIMÕES
JANUÁRIO
ALFREDO CALDEIRA
FERNANDO ALCOBIA
JAIME DE SOUSA
ALBINO COELHO
MÁRIO DOS SANTOS
CASTELHANO
JACINTO FARIA VILAÇA
CASIMIRO FERREIRA
ALBINO ANTÓNIO CARVALHO
ANTÓNIO OLIVEIRA E SILVA
ERNESTO JOSÉ RIBEIRO
JOÃO DINIS
HENRIQUE VALE DOMINGUES
BENTO ANTÓNIO GONÇALVES
DAMÁSIO MARTINS PEREIRA
ANTÓNIO JESUS BRANCO
PAULO JOSÉ DIAS
JOAQUIM MONTES
EDMUNDO GONÇALVES
MANUEL ALVES DOS REIS
MANUEL DA COSTA
JOAQUIM MARREIROS
ANTÓNIO GUERRA
FRANCISCO NASCIMENTO
GOMES
Extinção do Tarrafal
A 26 de Janeiro de 1954, o Campo de Concentração
do Tarrafal foi encerrado.
Em 1962, o Campo de Concentração do Tarrafal foi
reaberto, desta vez destinado aos patriotas dos
movimentos de libertação das colónias
portuguesas, capturados na Guerra Colonial.
O Museu da Resistência Hoje, existe no local, o Museu da Resistência
destinado a preservar a memória dos tempos em que
não havia liberdade.