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Historia de uma grande casa de candomblé

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OPO AFONJA E SUA HISTORIA IBA MOJUBA YAMIN AGBA!!!

Eugnia Anna Santos - Me Aninha, Oba Biyi

Nome de batismo Eugnia Anna Santos

Data de nascimento 13 de julho de 1869

Local de nascimento Salvador

Incio no cargo 1909

Fim no cargo 1938

Sucessora Me Bada de Oxal

Data da morte 3 de janeiro de 1938 (68 anos)

Local da morte Salvador

Cargo na hierarquia 1 Iyalorix do Il Ax Op Afonj

Eugnia Anna Santos, Me Aninha, b Biyi, (Salvador, 13 de julho de 1869 Salvador, 3 de janeiro de 1938) Iyalorix, fundadora do terreiro de candombl Il Ax Op Afonj em Salvador e no Rio de Janeiro.

Vida:

Eugnia Anna Santos nasceu no dia 13 de Julho de 1869, s dez horas da manh, na rua dos Mares 76, em Salvador, Bahia. Filha de Srgio Jos dos Santos (chamado em gurunsi Anii), brasileiro, e Leondia Maria da Conceio Santos (chamado em gurunsi Azambri), brasileira. No h informao sobre os avs paternos e maternos. Seu registro de nascimento fora efetuado pela prpria Eugnia Anna Santos, no cartrio do sub distrito do Pao, rua do Tingui 97, CEP 40040-380, Salvador, Bahia, no dia 7 de Junho de 1937.

Foi iniciada na nao de Ketu em 1884, aproximadamente, pela iyalorix Marcelina da Silva, Ob Tossi, na rua dos Capites, residncia de Maria Jlia Figueiredo, Omonik. Maria Bibiana do Esprito Santo, Me Senhora, Oxum Muiw, conta que depois da morte de Marcelina da Silva, Eugnia Anna Santos, fez santo Afonj no Engenho Velho, com Tia Tefila, Bamboxe Tio Joaquim. Indagada sobre essa segunda feitura no santo, Maria Bibiana do Esprito Santo afirmou que isso tinha que ser feito, porque Xang deu dois nomes na terra de Tapa, Ogod e Afonj.

Fundou o Il Ax Op Afonj no Rio de Janeiro em 1895 e em Salvador em 1910. Em 1936, reinaugurou o Il Iy, instituiu o Corpo de Obs de Xang (Ministros de Xang) com Martiniano Eliseu do Bonfim, lanou a pedra fundamental no novo barraco Il N'L e fundou a Sociedade Cruz Santa, no Il Ax Op Afonj em Salvador. Em 1937, participou do II Congresso Afro-Brasileiro em Salvador, a convite do escritor e etnlogo Edison Carneiro. Influenciou Getlio Vargas, na promulgao do Decreto-Lei 1.202, no qual ficava proibido o embargo sobre o exerccio da religio do candombl no Brasil - contou com a ajuda de Oswaldo Aranha, seu filho-de-santo e chefe da Casa Civil e do Ogan Jorge Manuel da Rocha.

Comeou a mostrar-se doente em junho de 1936. Seu ltimo barco, com suas ltimas filhas-de-santo, saiu no dia 13 de dezembro de 1937. No dia 3 de janeiro de 1938, s quinze horas, ela faleceu - vtima de arteriosclerose, conforme atestado apresentado por seu mdico Dr.Rafael Menezes, na casa de Iy no Il Ax Op Afonj. s dezenove horas, o corpo foi transportado, em carro morturio, do Il Ax Op Afonj para a Igreja de Nossa Senhora do Rosrio dos Pretos, no centro histrico de Salvador, Pelourinho, onde ficou exposto at as quinze horas do dia seguinte, quando saiu o cortejo fnebre. No dia 4 de janeiro de 1938 foi sepultada no Cemitrio da Quinta dos Lzaros, Irmandade de So Benedito, com todas as formalidades de praxe do candombl e da religio catlica. Ento, seguiu-se o axex no Il Ax Op Afonj.

Em 3 de Janeiro de 1945, foi realizada a obrigao de Aku (ou obrigao dos sete anos), o ltimo dos compromissos da Sociedade para que a sua Iy Ob Biyi obtivesse luzes e descanso eterno. Eugnia Anna Santos repousa num mausolu, oferecido pela Sociedade Cruz Santa Op Afonj, no Cemitrio da Quinta dos Lzaros, Irmandade de So Benedito, Salvador, Bahia.

Eugnia Anna Santos por Deoscredes Maximiliano dos Santos, Mestre Didi

imprescindvel citar como fonte para o artigo do perfil biogrfico de Eugnia Anna Santos o livro "Histria de Um Terreiro Nag" de Deoscredes Maximiliano dos Santos, Mestre Didi, porque ele compartilhou da vida dela, como agente direto e tambm espectador, e registrou, nesse livro, o dia-a-dia do Il Ax Op Afonj desde sua fundao. Para maiores detalhes sobre a importncia desse livro para o estudo da biografia de Eugnia Anna Santos, ler o artigo do livro Histria de Um Terreiro Nag. Nesse documento, Mestre Didi escreve o nome de Me Aninha como "Eugnia Anna dos Santos" e a filiao como nome do pai "Srgio dos Santos (Aniy)" e da me como "Lucinda Maria da Conceio' (Azambriy)". Essas informaes so diferentes das registradas na certido de nascimento.

Iniciao Religiosa

Segundo Marcos Santana, as possibilidades de pesquisa sobre os processos de iniciao de Eugnia Anna Santos "ainda no foram esgotadas". Em seu livro Me Aninha de Afonj: um mito afro-baiano, escreve:

"(...) de aceitao universal que a jovem Eugnia Anna Santos teria sido iniciada na nao de Ketu em 1884, aproximadamente, pela insigne Iyalorix Marcelina da Silva, Ob Tossi, na rua dos Capites, residncia de Maria Jlia Figueiredo, Omonik."

Maria Salete Joaquim cita Me Stella:

"Para se tornar me-de-santo tem que nascer, uma escolha do Orix. Ser me-de-santo dom, porque a pessoa tem que ser dotada para exercer o cargo. Se a pessoa no for dotada ela pode saber o mximo, mas nunca ser Me."

Os pais de Eugnia Anna Santos imprimiram-lhe um sentido religioso profundo, advindo das antigas tradies gurunsi. Segundo Agenor Miranda Rocha, Pai Agenor:

"Foi iniciada ainda criana para I Grimbor, divindade da nao grunci, de seus pais africanos"

Me Stella, em seu livro Meu Tempo Agora escreve:

"A Iylria era descendente de africanos Grunci. Foi iniciada no culto aos Ori Yoruba, popularmente chamado KETU, cultuando, tambm, as divindades familiares, grunci. Construiu uma casa para Iy, Ori Obinrin correspondente Yemja dos Yoruba. Outras divindades grunci so cultuadas na casa de Iy; um culto parte, diferenciado."

"(...) Me Aninha era de ng, filha-de-santo de Iy Marcelina - ba Tosin, do Candombl do Engenho Velho, o A Iy Naso Ok."

O antroplogo e professor emrito da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Vivaldo da Costa Lima, em seu texto Candombls da Bahia na dcada de 30 escreve:

"Utilizo aqui as informaes que me foram confiadas pela ialorix Senhora, Maria Bibiana do Esprito Santo, filha-de-santo de Aninha e bisneta-de-sangue de Marcelina Obatossi: Depois da morte de minha v Marcelina que minha me fez santo no Engenho Velho. Fez Afonj, com minha tia Tefila, Bambox e Joaquim. Indagada sobre essa segunda feitura no santo, Senhora me respondeu que isso tinha que ser feito, porque Xang deu dois nomes na terra de Tapa, Ogod e Afonj. Senhora me disse ainda que o ajibon de sua me-de-santo foi homem, no foi mulher Pedro do Cabea, marido da finada Tia Tiana, Oloxun, me-de-santo de Pop, que morava na rua das Campelas."

Deoscredes Maximiliano dos Santos, Mestre Didi, em seu livro Histria de Um Terreiro Nag, escreve:

"Fez Xang Rua dos Capites, em casa de Maria Jlia Figueiredo (filha de Iyanass), que chefiava a casa, junto com Marcelina da Silva (Ob Tossi) e tio Rodolpho Martins de Andrade (Bambox), conhecido tambm como ssa Obotik. O Xang de Aninha deu-lhe o nome de Ob Biyi." "Passados alguns anos, quando chegou o tempo determinado e Aninha completou os sete anos de iniciada, foram feitas novas obrigaes, conforme determinao dos orixs, de modo que ela obtivesse poderes suficientes para exercer o cargo de uma das zeladoras do culto afro da Bahia, ou seja, para que fosse Iyalorix do tradicional Ax de Ketu, de acordo com a histria, ficando conhecida como Iy Ob Biyi. Eis por que, mesmo sendo descendente da nao Grunci, fez Xang Ogod e Afonj na nao Ketu."

Resumo do percurso religioso de Me Aninha:

Data Local

no disponvel Casa Branca do Engenho Velho

no disponvel Roa do Camaro (Rio Vermelho)

no disponvel Santa Cruz (Rio Vermelho)

no disponvel Rua dos Capites

1903 Corriachito

1907 Ladeira da Praa

1910 Ladeira do Pelourinho, 77

Comerciante no Pelourinho

Tinha como atividade civil o comrcio de quitutes, artesanato e produtos rituais africanos, com estabelecimento na Ladeira da Praa, no Pelourinho. Foi uma empreendedora muito bem sucedida. Segundo Marcos Santana:

"Diversos relatos do conta de que Me Aninha era uma comerciante bem sucedida que ajudava os mais necessitados amparando-os e encaminhando-os para trabalhar na sua residncia. Essa posio social iria refletir na aquisio em 1909, das terras no alto de So Gonalo para a criao definitiva do Ax de Xang Afonj."

Deoscredes Maximiliano dos Santos, Mestre Didi, em seu livro Histria de Um Terreiro Nag, descreve:

"(...) Iy Ob Biyi voltou a Salvador, para sua casa, Ladeira do Pelourinho, onde tinha uma quitanda bem sortida de todos os ingredientes africanos e brasileiros para seu prprio uso e para vender tambm s pessoas que precisavam e procuravam comprar em suas mos, para os devidos fins, nos respectivos terreiros de seitas africanas."

Me Stella comenta:

"A casa de Aninha da Ladeira da Praa era um verdadeiro pensionato gratuito, onde as protegidas ajudavam na confeco de doces muito bem aceitos naquele tempo".

O socilogo e doutor pela Universidade de Chicago Donald Pierson escreve:

"(...) Possui na cidade uma pequena loja onde vende vrios artigos, inclusive usados nos rituais de culto; e sabendo os membros do mundo afro-brasileiro que esses artigos devem ser legtimos, uma vez que so vendidos por ela, a loja faz bom negcio." "Outra moda, que no sculo XIX serviu para marcar a alta classe daqueles (de qualquer sexo) que a adotassem era deixar que as unhas do indicador e polegar crescessem at bem compridas... e cort-las em ponta aguda. Hoje em dia, ao passo que os brancos, na Bahia, no mais seguem essa moda, vm-se, ocasionalmente, pessoas de destaque entre os negros - por exemplo, Me Aninha do candombl de So Gonalo - usando unhas excessivamente compridas."

Resumo dos endereos residenciais de Me Aninha:

Data Local

no disponvel Rua dos Capites

1903 Corriachito

1907 Ladeira da Praa

1910 Ladeira do Pelourinho, 77

Ialorix no Il Ax Op Afonj

Eugenia Anna Santos, comprou a roa de So Gonalo do Retiro em 1909 e l fundou o Il Ax Op Afonj. Deoscredes Maximiliano dos Santos, Mestre Didi, em seu livro Histria de Um Terreiro Nag, escreve:

"(...) Aninha Iy Ob Biyi residia na Ladeira do Pelourinho n.77, junto Igreja de Nossa Senhora do Rosrio, onde tinha posio de destaque, no s nas irmandades ali existentes como tambm na Igreja da Barroquinha. Foi quando, por ordem do seu eled Xang, comprou uma roa no alto de So Gonalo do Retiro, onde organizou seu terreiro, fazendo uma grande casa para todos os orixs e as pessoas velhas que a acompanhavam, e realizando logo a inaugurao do novo terreiro, denominado "Ax Op Afonj", com a iniciao de Agripina Souza, filha de Xang. Agripina veio a ser a Iyalorix do Ax Op Afonj do Rio de Janeiro, situado e funcionando em Coelho da Rocha, Ax que lhe foi dado pela velha Aninha e que uma espcie de sucursal carioca do Ax Op Afonj, casa matriz de onde ele nasceu. No dia 27 de agosto de 1911, j com tudo mais ou menos organizado, foi feita a iniciao de Vevlha, filha de Oxun, e, em 7 de setembro, de Inezinha, filha de Oxal, e de Faustina, filha de lansan. A essa altura, ly Ob Biyi j havia iniciado por suas prprias mos 23 pessoas (sem contar as que foram iniciadas em casas particulares, e outras dentro do Ax, cujos nomes no chegaram ao conhecimento pblico por motivo ignorado) e mais 20 homens, como Alab, Axogun, Ogan, etc. Existia tambm grande quantidade de pessoas sem postos na casa mas que tomavam parte e acompanhavam todo o ritual do Ax. Da, Iy Ob Biyi, com sua boa vontade, seu esprito batalhador e a ajuda de todos que a acompanhavam, continuou a construir o Ax, fazendo casas nos assentos j existentes para Exu, para Oxal, esta com um quarto para as Ayab, para a Iemanj denominada Il ly, onde Me Aninha adorava Iy n'il Grunci (a me da terra dos Grunci, na frica), outra para Obaluaiy, alm da de Oxossi e da casa de Il Ib Ak (casa de venerao aos mortos), que ficou situada perto da casa de Obaluaiy, pelos lados de baixo da roa."

Em 1921, Eugenia Anna Santos foi para a casa de Jos Theodrio Pimentel, Bal Xang, em Itaparica. Me Aninha era muito amiga da famlia Pimentel. Jos Theodrio Pimentel ajudava Me Aninha desde os tempos da Ladeira da Praa. Essa viagem foi muito importante porque a evidncia de que Me Aninha fez a ponte entre o Il Ax Op Afonj em Salvador e o culto aos Eguns em Itaparica e nessa casa fez a iniciao tanto de Me Senhora quanto de Me Ondina, filhas do mesmo barco, suas sucessoras no Il Ax Op Afonj. Deoscredes Maximiliano dos Santos, Mestre Didi, em seu livro Histria de Um Terreiro Nag, escreve:

"Em 1921, Iy Ob Biyi , Aninha, foi para a casa de Jos Theodrio Pimentel (Bal Xang), em Itaparica, fazer a iniciao da filha do dono da casa, Ondina Valria Pimentel, filha de Oxal - mais tarde, Iy Keker do Ax; de Senhora, filha de Xang; de Filhinha, de Oxun; de Tlia, de Iemanj, e de Vivi, de Obaluaiy. Tirou esse barco de iyaws com a ajuda de sua irm lesse-orix Fortunata de Oxossi (Dagan), me legtima de Silvnia, filha de Air, a Iymor do Ax Op Afonj."

Me Aninha estava cercada de pessoas de sua confiana e sabia delegar. Em 1934, Me Senhora tambm j demonstrava grande esprito de liderana, conforme segue o relato de Deoscredes Maximiliano dos Santos, Mestre Didi, em seu livro Histria de Um Terreiro Nag:

"Mesmo na ausncia de Aninha, prosperava o Ax, dirigido por pessoas de sua confiana. Assim, em 1934, por ocasio das festas de ano das guas de Oxal, estando Iy Ob Biyi no Rio, foi feita a remodelao de um barraco de palha que havia em frente a casa de Oxal, e Senhora, a ento Osi Dagan, mandou construir uma casa para Oxun, seu cled, ao lado da casa de Oxossi, para que os festejos fossem realizados conforme o calendrio.

Em junho de 1935 , Eugenia Anna Santos voltou do Rio de Janeiro para Salvador. Mandou desmanchar o barraco de palha em frente a casa de Oxal para construir outro bem maior, mais acima, ao lado da atual porteira de acesso ao terreiro. Conforme Vivaldo da Costa Lima, na ausncia de Me Aninha, chefiaram o terreiro sua irm-de-santo Fortunata, a dag do terreiro, Silvana, sua filha, a imor e Me Senhora, de Oxum, a ossidag. Dirigiam elas as obrigaes anuais; cuidavam dos filhos da casa; atendiam ao servio dirio dos santos, pois que certas obrigaes, como a iniciao ou feitura do santo s poderiam ser feitas com a participao pessoal de Me Aninha.

No dia 29 de junho de 1936, instituiu o Corpo de Ob (ou Ministros de Xang), tradio s conservada na Bahia no Il Ax Op Afonj. Mestre Didi comenta:

"O restabelecimento da antiga tradio dos Obs de Xang veio dar ainda maior prestgio ao Op Afonj e demonstrar as qualidades e conhecimentos da Iyalorix Aninha Iy Ob Biyi."

No dia 8 de novembro de 1936, Me Aninha, Ob Biyi, fundou a Sociedade Cruz Santa no Il Ax Op Afonj.

Me Stella escreve sobre os tempos de Me Aninha:

"Iy Oba Biyi era muito zelosa com coisas de hierarquia e awo. Tinha um grupo de filhas-de-santo mais velhas, e umas tantas quantas senhoras idosas, as gba, responsveis pela educao direta das filhas-de-santo. Depois da iniciao, me Aninha as deixava aos cuidados das velhas senhoras. Tia Cat-Ayr Tol, filha-de-santo de me Aninha, na fora de seus noventa e dois anos, nos conta muitas histrias. Ai da filha-de-santo que resolvesse passar por cima da hierarquia, indo queixar-se diretamente Me-de-Santo! No tinha nem graa... O grupo de gba, a que me referi, tinha de educar as iniciadas. Se estas no se comportassem muito bem, a culpa era atribuda incompetncia das mestras. O professor responde pelos discpulos, no assim mesmo? Da o zelo das mais velhas em transmitir conhecimentos que tinham recebido de seus mais velhos, aos mais moos. Ningum ia querer receber uma advertncia da Me-de-Santo, tendo a satisfao de mostrar que davam conta do recado, sabiam das coisas! Se a Iyalrisa entregava seu filho a uma Ojbna, para tomar conta, que confiava naquela pessoa, sentindo-se, at, desmoralizada em caso de falhas da me-pequena do Iyaw. Por tal motivo, procurou preencher seu Egb com os cargos inerentes a um Ase. Sendo ela mestra maior, orientou a todos com sua fora de carter e disciplina."

Marcos Santana oferece uma proposta de como estaria formada a hierarquia do Il Ax Op Afonj em 1938:

Iyalorix - Ob Biyi

Iy Keker - Iwin Ton

Iy Dag - Od Gid

Iy Mor - Ayir Bayi

Ossi Dag - Oxum Muiyw

Otun Dag - Maria Otun de Ossanhe

Ajimuda - Ojelad

Bal Xang - Bambox, Essa Obitic / Jos Teodoro Pimentel

ssa Obur - Ob Saya / Tio Joaquim

Assob - Bop Oi

Iy Egb - Air Tola

Oganl - Ajagun Tund

Olopond - Vevelha

Sobaloju - Ob Kayod

Segundo Vivaldo da Costa Lima, Me Aninha participava com devoo dos ritos e sacramentos da igreja catlica - atitude dominante nas antigas mes-de-santo da Bahia: era Priora das Irmandades do Senhor Bom Jesus dos Martrios e de Nossa Senhora do Rosrio, Provedora Perptua de Nossa Senhora da Boa Morte, da Barroquinha, e Irm Remida da Irmandade de So Benedito, nas Quintas.

ltimos dias

Deoscredes Maximiliano dos Santos, Mestre Didi, participou dos eventos narrados e conta em seu livro 'Histria de Um Terreiro Nag':

"No dia 6 de junho, Me Aninha fez a iniciao de Jos, de Ogun; Cantulina, de Air; Eutrpia, de Oxun. Adoecendo, teve que parar um pouco para descansar, deixando algumas iyaws para quando melhorasse - o que no aconteceu. (...) Quando a morte se aproximou de Iy Ob Biyi, s nove horas do dia 3 de janeiro de 1938, s nove horas, foi imediatamente reconhecida. Me Aninha, devido a seus profundos conhecimentos, estava ciente de seu fim e j tinha at a roupa preparada para o seu enterro. Chamou ento seu neto, Didi, o Assob, o Ob Ar Miguel de Sant'Anna, e a Ossi Dagan Senhora. Imediatamente eles chegaram e se apresentaram ao lado da cama onde ela se encontrava, em um dos quartos da casa que atualmente de Ossin. Iy Ob Biyi, j com a fala confusa, disse: "Ob Ar: Ob Abiodun fica como presidente da Sociedade, e voc eu quero que fique ao lado de Ossi Dagan, less orix" (aos ps do orix). Logo em seguida, virou a lngua e falou, em iorub, algumas coisas que nenhum deles entendeu. Ento ela disse: "No sabem o que perderam". E pediu que a levassem para a casa de Iy, onde, depois de ter feito alguns preceitos com o auxlio de suas filhas que, em sua maior parte, l estavam, alm de alguns Obs e Ogans, perdeu a fala e veio a falecer s 15 horas, na presena de seu mdico que chegou a tempo de v-la dar o ltimo suspiro. s 19 horas, depois de terem sido tomadas as providncias necessrias, o corpo de Iy Ob Biyi foi transportado, em carro morturio, do Ax Op Afonj para a Igreja de Nossa Senhora do Rosrio, onde ficou exposto at s 15 horas do dia seguinte, quando saiu o enterro. sada do carro morturio acompanhado de oito nibus, no se podia passar no Pelourinho, tal a quantidade de automveis e a mult ido de gente que acompanhava. S em um dos livros de presena colocados na entrada da Igreja, havia registro de mais de oitocentas assinaturas. Trazido para o carro morturio, o caixo foi quase que arrebatado pelo povo, que fez questo de conduzi-lo nas mos at o cemitrio das Quintas, seguido do carro morturio, dos nibus super lotados, dos automveis e de um nmero incalculvel de pessoas a p, interrompendo o trnsito por uma hora e quarenta e cinco minutos, segundo os jornais da poca. Na subida da Ladeira das Quintas, o caixo foi entregue aos Obs, Ogans e filhos da casa, para que prestassem as obrigaes que tinham por dever para com a Iyalorix morta. Ossi Dagan (Senhora) colocou-se frente, saudou Xang e, rogando a Deus pelo descanso eterno para sua Iyalorix, iniciou a cerimnia. Iniciaram-se as cantigas de preceito. As pessoas que carregavam o caixo andavam um pouco, depois davam trs passos para trs, trs para a frente, e assim sucessivamente, at chegarem ao porto das Quintas, onde entregaram o caixo para aqueles que o haviam retirado da Igreja. Ento encaminharam-se todos, no mais profundo silncio, para o cemitrio da Irmandade de So Benedito, onde foi feito o sepultamento, fazendo-se ouvir, na despedida Me Aninha, Ajimud (Martiniano Elizeu do Bonfim), e muitos outros oradores."

Vivaldo da Costa Lima, em seu texto Candombls da Bahia na dcada de 30, escreve:

"O jornal o Estado da Bahia de 5 de janeiro publicou sobre o mesmo uma ampla matria, em cinco colunas e com trs fotografias. Segundo a mesma, mais de duas mil pessoas compareceram e acompanharam, a p, o cortejo, at as Quintas; o comrcio das imediaes da Igreja do Rosrio, no Taboo e na Baixa dos Sapateiros, cerrou suas portas em homenagem a Aninha, muito querida e respeitada na rea e dela moradora, por longos anos, em casa vizinha Igreja onde foi velado o seu corpo. Diz, ainda a reportagem, que o Cnego Assis Curvelo, na capela do cemitrio, fez a encomendao do corpo, seguindo-se o sepultamento em cova recm-aberta". Falaram, na ocasio, vrios oradores, entre estes o Sr. lvaro MacDowell de Oliveira, em nome da Unio das Seitas Afro-Brasileiras da Bahia, o escritor dison Carneiro, alm de representantes do Centro Cruz Santa e da Irmandade do Rosrio. Por fim, terminada a cerimnia, duas marinettis levaram grande nmero de amigos de Aninha para So Gonalo, a fim de tomar parte nas cerimnias fnebres preparatrias do axex da querida me-de-santo". Devendo-se assinalar, aqui, o fato de entre os oradores, por ocasio do seu sepultamento, haver tambm estado o velho amigo e irmo Martiniano do Bonfim."

Me Stella comenta sua experincia:

"(...) Deixou o As em 1938, juntando-se a outros dignos ancestrais, levando consigo muito conhecimento que no teve tempo de passar. Quando faleceu, deixou um barco de Iyw novssimo; mal tinham acabado de dar o nome. Deve ter sido horrvel! A cidade do Salvador parou com o falecimento de Iy Ob Biyi."

"Lembro-me de minha tia, muito sria, conversando com o titio sobre a perda de uma jia rara da Bahia. Nesse dia 3 de janeiro de 1938, vi titia chorar... Tinha doze anos. Tia Menininha (Archanja) era Soblju do terreiro de me Aninha."

Segundo depoimento de Me Cici, que ouviu uma histria, no axex de Me Aninha apareceram alguns eguns.

"Tinha um grande barraco, de taipa e palha de dend. Ento, quando teve o axex de Me Aninha, o povo da parte de egun foi fazer. A o egun dela saiu e chamaram pra pegar o carneiro. Aquilo foi um assombro pro povo. Eles nunca tinham visto uma coisa daquela. Quem viu, me contou, uma criatura que era mais velha do que eu dez anos. Ela era pequena e pulava na ponta do p pra poder enxergar. O povo todo gritando, no desespero, quando viu aquela figura pegar o carneiro, trazer e desaparecer no mato."

Realizaes

Segue abaixo uma introduo das principais realizaes de Eugnia Anna Santos, Me Aninha, Ob Biyi, enquanto Iyalorix do Il Ax Op Afonj. Segundo Marcos Santana:

"1936 pode ser considerado o ano das grandes realizaes de Ob Biyi na Roa de So Gonalo. Aps o longo perodo no Rio de Janeiro ela, ao retornar a Salvador, cumpre uma agenda tpica de grandes polticos e estadistas. As metas do seu projeto de vida e da sua vocao fundadora se concretizam seguindo uma meta-pr-estabelecida."

Fundao do Il Ax Op Afonj - Sade, Rio de Janeiro - RJ, 1895

(em construo) Notas:

1886: Primeira visita de Me Aninha

1895: Me Aninha vem ao Rio com Bambox e Tio Joaquim e funda uma casa de santo no bairro da Sade

1935: Me Aninha encarrega Me Agripina para cuidar do Afonj no RJ

1944: localizado na rua bela em sao cristovao, Me Agripina transfere o Afonj para Coelho da Rocha, So Joo do Meriti - RJ

Fundao do Il Ax Op Afonj - So Gonalo, Salvador - BA, 1910

O terreiro de candombl Il Ax Op Afonj foi criado em 1910 por Eugnia Anna Santos, Me Aninha, Ob Biyi, em Salvador, Bahia. Ela adquiriu a roa de So Gonalo, de aproximadamente trinta e nove mil m, onde est situado o terreiro, em 1909. O local distante do centro histrico de Salvador - Pelourinho - onde Me Aninha tinha residncia civil na poca. So Gonalo era conhecido pelos stios de laranjais e pelos diversos quilombos. Donald Pierson detalha as direes de acesso ao terreiro:

"Para se chegar seita de uma conhecida me de santo, toma-se o bonde da Calada para a periferia da cidade, passando-se por laranjais e pastos crescidos, at o matadouro, onde se desce: sobe-se depois por uma estrada ngreme, ladeada por plantas chamadas "nativos" (que dizem ser originrias da frica), uricuris e outros coqueiros, at que depois de andar mais dois quilmetros, se chega a um cume que domina um verde vale, donde se pode ver a cidade, bem ao longe. Uma brisa fresca sopra do mar e tempera o calor do sol tropical. Entre palmeiras esparsas aninham-se vrias casas, algumas elegantemente pintadas de branco, amarelo, verde e azul."

Reinaugurao do Il Iy - So Gonalo, Salvador - BA, 1936

Em pesquisa. Aguardando livro Bahia de Todos os Santos de Jorge Amado, relanamento da Companhia das Letras, em Maio de 2010. H no livro um relato dele, com a descrio desse evento.

Deoscredes Maximiliano dos Santos, Mestre Didi, conta um pouco:

"Ainda em 1936, a Iyalorix Iy Ob Biyi - Aninha - participou do II Congresso Afro-Brasileiro, realizado em Salvador, enviando uma comunicao sobre culinria litrgica baiana. Os congressistas foram festejados no Ax, por ocasio da remodelao da casa de Iy, numa cerimnia que a todos impressionou, pela pureza e formosura do ritual.

Lanamento da pedra fundamental do novo barraco, Il N'L - So Gonalo, Salvador - BA, 1936

Deoscredes Maximiliano dos Santos, Mestre Didi, escreve:

"Em 1936, como resultado do esforo e da orientao de Iy Ob Biyi, levantaram a primeira pedra para a construo do atual barraco, numa festa que contou com a presena de todos da casa e das autoridades da poca."

Instituio do Corpo de Ob - So Gonalo, Salvador - BA, 1936

Eugnia Anna Santos, Me Aninha, Ob Biyi, introduziu o Corpo de Ob, ou Ministros de Xang, no Il Ax Op Afonj no dia 29 de junho de 1936 - ato indito num terreiro de candombl, na Amrica. Foi auxiliada diretamente por Martiniano Eliseu do Bonfim, Ajimuda do Il Ax Op Afonj. Descreve Donald Pierson, num depoimento recolhido de Me Aninha a ele:

"(...) Minha seita nag puro, como o Engenho Velho. Tenho ressuscitado grande parte da tradio africana que mesmo o Engenho Velho tinha esquecido. Tm me de santo a para os doze ministros de Xang? No! Mas eu tenho."

Escreve Me Stella:

"Com dignidade, auxiliada pelo Babalawo Martiniano Eliseu Bonfim, elo de ligao do Op Afnj com a Nigria, introduziu no Novo Mundo o Corpo de ba, os Ministros de ng, responsveis pelas coisas civis da Roa. (...) seis da direita (tn) e seis da esquerda (si). Os ba da direita tm direito a voz e voto; os da esquerda, a voz. Aos ba foi entregue o destino civil do A e, tambm, religioso. Eles so os Ministros de ng, seus representantes. Ressalto que os ba da direita tambm tm o direito de pegar o ere de ng, em atos realizados no Barraco, em louvao ao referido Oria. Os ba so especialmente chamados de "pai" pelos filhos de ng. Como Ministros de Rei, sentam-se ao lado da Iylria, a qual representa ng, conforme os ttulos ocupados. Trocam o "jba" com Iyla e demais autoridades religiosas, recebendo pedidos de benos, por parte do gb. So os representantes de direito da Sociedade Civil, incumbindo-lhes a tarefa de, junto Iy e Conselho Administrativo, conduzir os bons caminhos do A, zelando, tambm, pela manuteno das tradies da Casa."

A denominao dos Ob se d conforme segue:

Os Ob da direita so: Kakanf, Tla, Abidun, r, rolu e dfun.

Os Ob da esquerda so: nakun, Arss, Eleryin, Oni Koyi, Olugbn e run.

Fundao da Sociedade Cruz Santa - So Gonalo, Salvador - BA, 1936

Eugnia Anna Santos, Me Aninha, Ob Biyi, fundou a Sociedade Cruz Santa no Il Ax Op Afonj no dia 8 de novembro de 1936, dia da festa dedicada a Oxum. Escreve Me Stella:

"(...) Em 1936 criou a Sociedade Cruz Santa do Op Afnj, preservando, assim, a continuidade de nossa casa, evitando eventuais possveis incidentes de sucesso, ps sua morte."

Deoscredes Maximiliano dos Santos, Mestre Didi, conta:

"Foi organizada ento a sociedade civil com o nome de Sociedade Beneficente Cruz Santa Op Afonj, tendo como presidente de honra o Sr. Martiniano Elizeu do Bonfim (Ajimud), e a primeira diretoria como se segue: Presidente Arkelao de Abreu (Ob Abiodun), Vice-Presidente Miguel A. de Sant'Anna (Ob Ar), Secretrio Tibrcio Muniz (Ogan Il Ogun), Tesoureiro Jacinto Souza (Ob Odfin)."

Participao no II Congresso Afro-Brasileiro - Salvador - BA, 1937

Eugenia Anna Santos, Me Aninha, Ob Biyi, participou do II Congresso Afro-Brasileiro, organizado por Edison Carneiro, com o apoio de Arthur Ramos e ydano do Couto Ferraz, quando apresentou o assunto Notas sobre comestveis africanos - 25 receitas sobre culinria ritual (sendo 24 com nome iorub, sem tratar dos processos de preparo ritual), publicado no livro de Edison Carneiro "O Negro no Brasil" (Rio de Janeiro, Civilizao Brasileira, 1940).

O primeiro Congresso Afro-Brasileiro foi realizado na cidade do Recife, em Pernambuco no ano de 1934, sob a liderana de Gilberto Freyre e tendo tambm como um dos idealizadores o poeta brasileiro Solano Trindade que alm de poeta e folclorista era militante ativista que participou da fundao da Frente Negra Pernambucana, Centro de Cultura Afro-Brasileiro, Teatro Experimental do Negro. Waldir Freitas Oliveira, professor, escritor e membro da Academia de Letras da Bahia, comenta sobre o segundo Congresso Afro-Brasileiro:

"(...) Naquela reunio pretenderam, de uma certa forma, mostrar aos pernambucanos que haviam realizado em Recife, em 1934, liderados por Gilberto Freyre, o I Congresso Afro-Brasileiro. Ns, em Salvador, tnhamos idias prprias sobre o problema do negro. Isso porque no concordvamos, integralmente, com a concepo de Gilberto Freyre sobre a formao social do Brasil e com a sua teoria sobre relaes raciais. Naquele encontro houve a tentativa da criao em Salvador de um ncleo de pesquisas dedicadas ao estudo da escravido. Mas esse objetivo no foi adiante porque, com a insurreio comunista de 1935, dison Carneiro esteve ameaado de ser preso. E tambm porque, logo em seguida, veio o Estado Novo. Desse modo, aconteceu uma paralisao nessas atividades e ficamos, por algum tempo, sem estudos africanistas na Bahia. Mesmo assim, em 1937, dison Carneiro publicou seu livro de estria Negros bantus, editado no Rio de Janeiro."

Deoscredes Maximiliano dos Santos, Mestre Didi, conta:

"Ainda em 1936, a Iyalorix Iy Ob Biyi - Aninha - participou do II Congresso Afro-Brasileiro, realizado em Salvador, enviando uma comunicao sobre culinria litrgica baiana. Os congressistas foram festejados no Ax, por ocasio da remodelao da casa de Iy, numa cerimnia que a todos impressionou, pela pureza e formosura do ritual."

Segundo Vivaldo da Costa Lima:

Ela havia voltado do Rio, um pouco adoentada, e nunca mais recuperou inteiramente a sade. Mas fez uma festa, l em So Gonalo, no dia 14 de Janeiro, quando o terreiro est fechado. O noticirio do congresso diz que essa festa foi a melhor que houve durante o congresso. bom que evoquem esses fatos, 50 anos depois de ocorridos: isso tudo aconteceu em 1937, quando uma me de santo tradicionalista e rigorosa no hesitou em organizar uma festa em seu terreiro, fora do calendrio ritual, para uma finalidade que ela considerou, e o Xang da casa com certeza confirmou, necessria a um propsito vlido. No houve, nesse caso, qualquer concesso indevida, nenhuma quebra de normas, mas o pleno exerccio da capacidade de decidir. Dentro da coerncia e dos princpios, e do ritmo da casa, como costumava dizer a ialorix Senhora, Aninha cumpria o prometido a Carneiro e preparou depois, um pequeno trabalho sobre culinria africana, muito interessante, que est publicado no Negro no Brasil. Um trabalho sinptico, extremamente despojado, mas suas receitas revelam claramente, no campo da comida ritual, o que significava para o povo de santo a reserva nas 'coisas de fundamento', porque Aninha apenas descreve 25 qualidades das comidas, todas com os nomes nags, menos uma, a "farofa", descritas - as que o foram - com extrema simplicidade, com breves referncias ao ingrediente bsico utilizado, mas nenhuma informao, no entanto, sobre a maneira de fazer e menos ainda ao seu possvel emprego ritual no candombl.

Promulgao do Decreto-Lei 1.202 - Rio de Janeiro - RJ, 1939

O Decreto-Lei nmero 1.202, publicado em 8 de Abril de 1939, dispe sobre a administrao dos Estados e dos Municpios, ou seja, descreve qual a competncia de cada esfera do Estado e da Administrao Pblica. No artigo 33, pargrafo 3, l-se: " vedado ao Estado e ao Municpio: Estabelecer, subvencionar ou embargar o exerccio de cultos religiosos;".

Esse fato de suma importncia porque, na poca de Me Aninha, o exerccio livre da religio do candombl sofria de preconceito e perseguio policial. Embora o Decreto-Lei tenha sido publicado somente em 1939, consta que Me Aninha teria se encontrado antes com o presidente Getlio Vargas em data anterior, atravs de Oswaldo Aranha - filho-de-santo de Me Aninha -, chefe da Casa Civil e do Ogan Jorge Manuel da Rocha.

Escreve Me Stella:

"Foi a responsvel pela liberao do culto afro-brasileiro, bastante perseguido, nos primrdios do sculo, pela polcia. Candombl era coisa de negros ignorantes, prtica fetichista, a vergonha da Bahia - diziam. ba Biyi no hesitou: no Rio de Janeiro, onde residia na poca, foi ter com Getlio Vargas, obtendo a liberdade para a prtica da religio dos Oria, pelo Decreto n.1202. A Entrevista com o "Presidente" foi conseguida graas ajuda de Oswaldo Aranha, ento chefe da Casa Civil, amigo de me Aninha, e esforos do Ogan Jorge Manuel da Rocha."