Opinião - agencia.ecclesia.pt · “esquema pastoral” que corresponda ao contexto geográfico da...

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04 - Editorial: Paulo Rocha06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional22 - Opinião Elias Couto24 - Semana de.. Henrique Matos26 - Dossier Sínodo dos Bispos 2015

50- Estante52 - Concílio Vaticano II54- Agenda56 - Por estes dias58 - Programação Religiosa59 - Minuto Positivo60 - Liturgia62 - Ano da Vida Consagrada66 - Fundação AIS68 - LusoFonias

Foto da capa: News.vaFoto da contracapa: Agência ECCLESIA

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,.Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Bispo coadjutorpara a Diocese deAngra[ver+]

Papa Franciscoem defesa dosrefugiados[ver+]

Sínodo 2015[ver+]

D. Manuel Clemente |Paulo Rocha|Elias Couto | Manuel Barbosa

| Paulo Aido | Tony Neves | HenriqueMatos

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Família Silva

Paulo Rocha Agência ECCLESIA

A família Silva participa ativamente na paróquia.Já passou por ambientes urbanos e rurais e emtodos manifesta o mesmo empenho nasatividades da comunidade, sejam sociais,litúrgicas e administrativas.O pai, pelo perfil profissional, pertence aoConselho Económico Paroquial; o gosto da mãefaz com que reserve algum tempo da semanapara a animação litúrgica; o mais novo, o filho,começou nos escuteiros, e dedica já tardesinteiras do sábado para as atividadespedagógicas, quando não são fins-de-semanaem acampamentos; as outras duas filhas, maisvelhas, terminam os anos de catequese ecomeçam as dinâmicas dos grupos de jovens,que não se circunscrevem a atividades à quintaou sexta-feira à noite, mas motivam muitosencontros com os jovens que participam, háalguns anos, em caminhadas de educação eaprofundamento da fé.Uma ocasião, após quatro semanas departicipação na comunidade e ajustadas todas asrotinas, a família Silva tentou fazer um planosemanal das atividades que reunisse os várioscompromissos: os tempos a azul mostravam aocupação do pai, a rosa os da mãe e outrascores para cada um dos filhos. Resultado, unsandavam pela paróquia um dia, outros noutro,umas vezes durante o dia, outras durante anoite. Os desencontros eram tantos que nãoapenas determinavam a permanência da famíliana comunidade em ocasiões diferentes, comotambém impediam o encontro familiar em casa.

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Chegado um tempo de férias, ocenário aqui descrito mereceuconversa animada da família Silva.E surgiu a questão: a comunidadecrente, a paróquia, é causa deconsolidação da família ou, sem darpor isso, está a contribuir paradesagregação familiar? Não serápossível encontrar espaços etempos de realização da experiênciacrente para todos os membros dafamília? E recordaram: quando osfilhos eram ainda bebés, até aparticipação familiar na Eucaristiateve de ser “por partes” para que ochoro não incomode o ambiente…Esta história pode não acontecertotalmente assim com a família Silva(designada com este nome familiarapenas porque é o mais popularapelido em Portugal). Mas há muitoscapítulos desta história que fazem oquotidiano da família em Igreja.No congresso que antecedeu oEncontro Mundial das Famílias(Filadélfia, 22 a 27 de setembro de2015), esta circunstância foianalisada por famílias de todo omundo, para rapidamente afirmar aurgência de planear dinâmicaspastorais que

fomentem a estabilidade familiar.Nas Jornadas Nacionais deComunicação Social, sobre o tema“Comunicação e Família”, D. ManuelClemente valorizou estadeterminação e colocou anecessária reconfiguração dascomunidades crentes em torno dafamília. Disse o cardeal-patriarca deLisboa: “Trata-se de levar por dianteo propósito repetido de fazer decada comunidade uma autêntica‘família de famílias’, fazendo dafamília o critério de toda areconfiguração comunitária da vidaeclesial e ultrapassando quer oindividualismo quer a massificaçãomais vulgares”.O tema vai cruzar-se na sala doSínodo, que decorre no Vaticanonas três semanas de Outubro. Nestecomo em todos os temas, a históriade cada família, tanto dos Silvacomo de outro qualquer apelido, temde estar presente quando fornecessário determinar normas paraa realização da experiência familiarem qualquer parte do mundo.Porque a família é sempre umahistória muito concreta. As normas,absolutamente necessárias e deorientação, são abstratas.

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Quando chegamos a este ponto… A via do diálogo nãofuncionou.

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«O país mudou e o PS estavadistraído. Acreditou que para ganharfolgadamente as eleições bastavacomo dantes, sacar o voto dodescontentamento» - (João MiguelTavares – In: Jornal «Público»; 01de outubro 2015) «Não se trata de um enganomenor, mas de uma manipulaçãoimoral e criminosa em escalaglobal» [A invenção dodispositivo eletrónico einformático da marca de carrosalemã] – (Viriato SoromenhoMarques – In: Jornal de Letras;30 de setembro 2015). «O Papa Francisco já acusa o pesoda idade e a fragilidade da suasaúde. Mesmo assim, não poupouesforços na sua longa viagem aCuba e aos Estados Unidos daAmérica» - (Rui Osório – In: Jornal«Voz Portucalense»; 30 de setembro2015). «A classe dirigente adora opoder e não olha a meios para oalcançar» - (José VicenteFerreira – In: Jornal «Notícias daCovilhã»; 01 de outubro 2015)

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D. João Lavrador é novo bispocoadjutor da Diocese de AngraO Papa nomeou esta terça-feiracomo bispo coadjutor da Diocese deAngra D. João Lavrador, até agoraauxiliar do Porto. O prelado tem 59anos, é natural da Diocese deCoimbra, onde foi ordenadosacerdote em 1981 e bispo em2008, após ter sido reitor doSeminário Maior, professor deTeologia no Instituto Superior deEstudos Teológicos de Coimbra edinamizador da Pastoral da Culturae Universitária.D. João Lavrador afirmou que foicom “surpresa” que recebeu anotícia da nomeação para bispocoadjutor de Angra do Heroísmo eestá com “grande confiança” para ir“ao encontro” e “poder servir” osaçorianos. “Estou sedento e comuma grande confiança de ir aoencontro deste povo para oconhecer nas suas raízes, na suahistória, tudo o que ele é e a belezaque tem para oferecer, não sópaisagística, mas sobretudo abeleza das pessoas”, disse D. JoãoLavrador em declarações à AgênciaEcclesia, ao portal “Igreja Açores” eà Rádio Renascença.Para o novo bispo coadjutor, énecessário encontrar um

“esquema pastoral” quecorresponda ao contexto geográficoda diocese, integrado na “realidadeconcreta” do arquipélago e, com aspessoas, deseja encontrar “a melhorforma” de dinamizar a Igreja local.Já o bispo de Angra, D. AntónioBraga, desejou “fecundo apostoladoepiscopal” a D. João Lavrador,naquela que é a “ultraperiferia daEuropa e o ponto de encontro comas Américas”.“Dando Graças a Deus, queroexprimir publicamente o meureconhecimento a D. João dando-lhe as boas vindas e desejando-lhefecundo apostolado

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episcopal nestas ilhas que são aultraperiferia da Europa e o pontode encontro com as Américas”,escreveu.D. António Braga adianta que onovo coadjutor vai ter aoportunidade de conhecer as noveilhas do arquipélago acompanhandoa Imagem Peregrina de NossaSenhora de Fátima. “A Diocese deAngra vai ter um momento especialde Graça, em janeiro e fevereiropróximos, quando a imagem deNossa Senhora de Fátimaperegrinar pelas nove ilhas dosAçores, esperamos que D. Joãopossa ter o primeiro contactosistemático com a Diocese,acompanhando

a Imagem Peregrina deNossa Senhora pelas ilhas”, refere.Para D. António Francisco, bispo doPorto onde D. João Lavrador eraauxiliar desde 2008, fica na diocesea memória de uma “entrega alegre,serena e feliz à missão”. “Sabemosbem como foi importante para toda adiocese, para as comunidadesparoquiais, para os movimentosapostólicos, para os serviçospastorais e para os secretariadosdiocesanos a sua presença noPorto, a sua palavra evangelizadora,o seu conselho prudente e o seutrabalho incansável”, lembra.

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Caminhos de Fátima mais segurosO Santuário de Fátima e váriosmunicípios e associaçõesportuguesas uniram-se para lançaro projeto ‘Caminhos de Fátima’, afim de melhorar a segurança dosperegrinos e valorizar estepatrimónio cultural. A iniciativa foihoje apresentada em conferênciade imprensa, recordando que cercade cinco milhões de peregrinosvisitam anualmente a Cova da Iria,muitos dos quais percorrem a pé asestradas até ao santuário nacional.Os promotores do projeto sublinhamque, a menos de dois anos doCentenário das Aparições e com avisita prevista do Papa Francisco,em maio de 2017, a prioridade é“estruturar, tornar mais seguro,certificar, interpretar e gerir todas asetapas deste percurso cultural ereligioso”.A primeira etapa já estudada - queligará Porto a Fátima, numadistância de 212 quilómetros -, épercorrida por 80% dosperegrinos/caminhantes quechegam ao Santuário.O itinerário alternativo vaidesenrolar-se, em 96% da sua

distância, fora das EstradasNacionais (N1), com um acréscimode 8% na distância total dopercurso.Com a concretização deste trajetovai ser possível “recuperar calçadasromanas, atravessar valesagrícolas, aproveitar canaisferroviários desativados ou adesativar, incorporar margensribeirinhas, integrar caminhos ruraise atravessar povoados”.Os municípios envolvidos jáavançaram para a constituição deuma Associação dedicada ao tema,aberta a todas as participaçõesprivadas e públicas.Os serviços do Santuário registaramem 2014 a presença de peregrinosoriundos de 84 países.

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Santo Egídio lança projetonos bairros de Alfama e Mouraria A Comunidade de Santo Egídioiniciou atividades junto dos bairrosde Alfama e da Mouraria, com oobjetivo de ir ao encontro dasnecessidades das populações maiscarenciadas daquela região deLisboa. Em entrevista à AgênciaECCLESIA, o padre Edgar Clara,pároco local, disse que o principalobjetivo é contribuir para aresolução de problemas como a“pobreza” e a “violência que existemuitas vezes no seio familiar” e que“tem de ser apaziguada”.Um dos projetos que a Comunidadede Santo Egídio quer implementarem Alfama e na Mouraria é achamada “Escola da Paz”, em queos membros da Comunidadededicam especial atenção àscrianças de famílias marcadas pelaviolência doméstica.Frisando que estes problemas nãosão específicos daqueles bairros, osacerdote chamou ainda a atençãopara os “muitos focos de tensão”que se geram “entre os jovens” eque também devem funcionar comoum desafio à ação pastoral ecomunitária.O início das atividades daComunidade de Santo Egídio nos

dois bairros históricos da Diocesede Lisboa foi marcado por umaMissa na igreja de São Miguel,presidida pelo cardeal-patriarca deLisboa, D. Manuel Clemente.Destaque para a presença nacelebração de Marco Implagliazzo,presidente internacional daComunidade de Santo Egídio.D. Manuel Clemente classificou oprojeto como “um grande sinal deesperança”, recordando que naorigem da Comunidade de SantoEgídio, em Roma, esteve o desejode ir ao encontro de uma “realidadepróxima” da dos bairros de Alfama eda Mouraria, de “acompanhar todo otipo de carências de corpo e deespirito, que não faltam”. “Por issofoi com muito gosto queimediatamente acompanhei ainiciativa”, salientou.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosemwww.agencia.ecclesia.pt

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Encerramento das Jornadas Nacionais de Comunicações Sociais

Novo Ano Pastoral na Diocese de Santarém

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Papa denuncia «indiferença» e«silêncio» perante sofrimento demigrantes e refugiadosO Papa Francisco denunciou hoje a“indiferença” e “silêncio” dacomunidade internacional perante osofrimento dos migrantes erefugiados que procuram fugir dapobreza e das guerras. “Todos osdias, as histórias dramáticas demilhões de homens e mulheresinterpelam a comunidadeinternacional, testemunha deinaceitáveis crises humanitárias quesurgem em muitas regiões domundo”, escreve, na sua mensagempara o Dia Mundial do Migrante eRefugiado 2016 (17 de janeiro).O texto foi divulgado pela sala deimprensa da Santa Sé e tem comotítulo “Os emigrantes e refugiadosinterpelam-nos. A resposta doEvangelho da misericórdia”,colocando a celebração no quadrodo Ano Santo Extraordinário, oJubileu da Misericórdia, convocadopor Francisco.O Papa sustenta que a indiferençae o silêncio “abrem caminho àcumplicidade”, incluindo a de todosos que assistem sem agir às“mortes,

privações, violências e naufrágios”.“De grandes ou pequenasdimensões, são sempre tragédias,mesmo quando se perde uma únicavida humana”, adverte. A mensagemassinala que com cada vez maisfrequência, aqueles que são“vítimas da violência e da pobreza”acabam nas mãos de traficantes depessoas “na viagem rumo ao sonhodum futuro melhor”. Perante fluxosmigratórios em contínuo aumento,escreve Francisco, faltam normaslegais “claras e praticáveis” queregulem o acolhimento e prevejam“itinerários de integração” a curto ea longo prazo, atendendo aosdireitos e deveres de todos.Segundo o Papa, esta é já uma“realidade estrutural”, pelo que épreciso pensar para lá da “fase deemergência” e dar espaço aprogramas que tenham em conta ascausas das migrações. “Hoje, maisdo que no passado, o Evangelho damisericórdia sacode asconsciências, impede que noshabituemos

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ao sofrimento do outro eindica caminhos de resposta que seradicam nas virtudes teologais dafé, da esperança e da caridade,concretizando-se nas obras demisericórdia espiritual e corporal”,escreve.O Papa apresenta os migrantes erefugiados como “irmãos e irmãs”que procuram uma vida melhor“longe da pobreza, da fome, daexploração e da

injusta distribuição dos recursos doplaneta, que deveriam ser divididosequitativamente entre todos”. “Apresença dos emigrantes e dosrefugiados interpela seriamente asdiferentes sociedades que osacolhem”, acrescenta, pedindodinâmicas de “enriquecimentomútuo” que previnam “o risco dadiscriminação, do racismo, donacionalismo extremo ou daxenofobia”.

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O Papa do povo nos EUAO Papa Francisco encerrou estedomingo em Filadélfia a suaprimeira viagem aos Estados Unidosda América, onde multiplicou gestosde apoio aos mais desfavorecidos emensagens religiosas e políticassobre família, ecologia, migrações esolidariedade.Francisco foi o primeiro pontífice adiscursar perante o Congresso,manifestando admiração pelahistória norte-americana antes deapelar ao fim da pena de morte,bem como a uma maior ação na lutacontra a pobreza e em defesa doambiente.Apesar da barreira da linguagem –apenas quatro intervenções eminglês – e das evidentes limitaçõesfísicas, por causa dos problemas naciática, Francisco ultrapassoudistâncias e ganhou simpatias como'o Papa do povo', com multidões aacompanharem as suas passagenspor Nova Iorque e Filadélfia.Na sede das Nações Unidas, ondefoi o quinto a Papa a discursar atéhoje, o pontífice argentinoaproveitou o palco global paraapresentar uma série

de preocupações: a reforma daprópria ONU e das organizaçõesfinanceiras internacionais, apobreza, a crise ambiental, aperseguição dos cristãos.Em Filadélfia, cidade símbolo daindependência dos EUA, o Papaapelou à defesa da liberdadereligiosa e ao diálogo entre osvários credos para promover orespeito pelo ser humano.Uma semana antes de dar início auma nova assembleia do Sínododos Bispos, Francisco encontrou-secom milhares de famílias de todo omundo e pediu aos responsáveiscatólicos um discurso mais positivosobre os temas do matrimónio e davida familiar.

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Comunicação e Misericórdia:um encontro fecundoA Santa Sé anunciou o Dia Mundialdas Comunicações Sociais em 2016vai ter como tema “Comunicação eMisericórdia: um encontro fecundo”.Em 2016 assinala-se a 50º JornadaMundial das Comunicações Sociais,celebrada desde 1966 no domingoanterior à festa do Pentecostes, nopróximo ano no dia 8 de maio.O Conselho Pontifício para asComunicações Sociais (CPCS)afirma em comunicado que aescolha do tema é “certamentedeterminada pelo Jubileuextraordinário da Misericórdia”,convocado pelo Papa Francisco, eque vai decorrer entre os dias 8 dedezembro de 2015 e 20 denovembro de 2016.“O tema evidencia que uma boacomunicação pode abrir um espaçopara o diálogo, para umacompreensão recíproca e areconciliação, permitindo que destamaneira brotem encontros humanosfecundos”, afirma o CPCS.O documento assinala que, nummomento em que a atenção se voltapara “a natureza centralizada earbitraria dos múltiplos comentários”dos novos media, “este tema querconcentrar-se sobre o poder das

palavras e dos gestos, para superaras incompreensões, para curar asmemórias, para construir a paz e aharmonia”.No comunicado, o ConselhoPontifício para as ComunicaçõesSociais refere que o Papa Franciscoajuda novamente “a descobrir queno coração da comunicação existe,antes de tudo, uma profundadimensão humana”, que “não ésomente uma atual ou modernatecnologia, mas uma profundarelação interpessoal”.O Dia Mundial das ComunicaçõesSociais foi a única celebração dogénero estabelecida pelo ConcílioVaticano II, no decreto ‘Inter Mirifica’,em 1963.A mensagem do Papa vai serpublicada na véspera da festalitúrgica de São Francisco de Sales,padroeiro dos jornalistas, no dia 24de janeiro.

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Papa visita presos

Papa Francisco no Encontro Mundial das Famílias

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Tráfico de pessoas Para que sejaerradicado otráfico depessoas, aformamoderna deescravidão [IntençãoUniversal doPapaFrancisco parao mês deoutubro]

1. O tráfico de pessoas – para a prostituição, apedofilia, o trabalho escravo... – vive das muitasmisérias que afligem tantas comunidades humanas epessoas, individualmente. Mas vive também, esobretudo, do facto de haver clientes para o “produto”que este tráfico oferece. Esse é, em muitos aspectos,o sinal maior das profundezas a que pode descer omal no coração humano. Mal palpável, físico. Que hajaseres humanos capazes de usar outros sereshumanos para os fins mais abomináveis e de, com oseu dinheiro, alimentarem a violência dos gruposcriminosos dedicados a tal tráfico é simplesmenteindescritível. E é lamentável a sociedade ainda não teracordado para a necessidade de punir tais pessoasde modo tão ou mais rigoroso do que os traficantes. 2. As redes de tráfico de pessoas (não me refiroàquelas que se dedicam ao transporte de imigrantesclandestinos) cometem crimes perfeitamenteenquadráveis na categoria de “crimes contra ahumanidade”. E se há um Tribunal Penal Internacional,este deveria ter competência em crimes deste tipo,transnacionais por natureza e profundamenteofensivos da dignidade humana. Enquanto, porexemplo, raptar jovens mulheres (em favelas daAmérica Latina ou em bairros de lata do SudesteAsiático), metê-las em contentores e “despachá-las”para os mercados da prostituição da Europa, dosEstados Unidos ou do Médio Oriente não for tratadocomo um crime contra a humanidade, este tráfico nãoterá fim. E enquanto os clientes destas redes nãoforem tratados do mesmo modo (criminosos quedevem

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ser perseguidos em qualquer partedo mundo e condenados comextremo rigor), haverá sempreincentivo para os traficantescontinuarem a sua acção. 3. No fim, o que está em causa é anossa humanidade. E não adianta odiscurso de que certas culturas

olham estes fenómenos de mododiferente do nosso. Uma civilizaçãoque promove ou tolera aescravatura, em qualquer das suasformas, não é civilizada e nãomerece ser respeitada. O relativismomoral não nos leva a lado nenhum,a não ser ao inferno...

Elias Couto

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Advento...

Henrique Matos Agência ECCLESIA

Pelo calendário litúrgico, o Tempo do Adventoainda dista dois meses. Porém, a atualidadecoloca-nos desde já, perante uma expetativa,uma espera que já mobiliza diversos setores dasociedade civil. A dois meses dos crentescomeçarem a sua preparação para o Natal, de setrabalharem interiormente para o acolhimento domenino que nasce pobre numa gruta de Belém,estão para chegar muitos outros meninos quevêm até nós em condições igualmente precáriase, pelo que nos dizem, vão chegar antes de seacenderem as iluminações festivas.Da Síria, caminham para nós esses dramáticospresépios vivos que se antecipam ao Advento enos impelem a uma preparação apressada.Todos os dias os noticiários nos dão conta daprogressão deste êxodo. São os meios decomunicação que fazem as vezes da estrela dosmagos e nos apontam os locais, as estradas oupraias onde chegam estes fugitivos do infortúnio.Chegam também notícias de quem já tenhadisponibilizado casa, famílias que se dispõem aacolher novos membros entre estesnecessitados... dioceses, paróquias ouinstituições religiosas que aceitaram o desafio doPapa Francisco e preparam agora para estesrefugiados, amplos espaços entretanto criadospela falta de vocações.A par desta onda de generosidade, a sociedadecivil provou que é bem mais rápida e eficaz doque o Estado e tomou a liderança ao propor umaplataforma que já articulou as diversas fases doacolhimento. Uma iniciativa solidária que não

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deixa ninguém de fora e solicita oenvolvimento de cada um de nós.Mas o que para uns é um períodode advento vivido na expetativa deajudar os mais frágeis, para outrosé uma ameaça que os faz prepararcercas de arame farpado e canhõesde água, lembram que o pouco quetemos não deve ser gasto comquem vem de fora... Uns, sabemque a dignidade humana é bemmais vasta que as fronteirasterrestres de um país, outrosfecham-se num egoísmo queacredita na autossuficiência eterna.Os factos desafiam-nos a anteciparo Advento, e este é sem dúvida umautêntico período de Advento,mesmo no seu sentido teológico.Acolher uma destas famílias, tãoparecidas com aquela de Nazaréque

também fez a experiência derefugiada no Egito, é acolher umprojeto de salvação, é criar espaçode presépio nas nossas atitudes, nonosso agir.Uma visita ao portal da Plataformade Apoio aos Refugiados é umpasso decisivo neste envolvimentosolidário. Aí percebemos como estacausa envolveu tantas instituições einúmeras vontades.Compreendemos também quefazemos falta, e falta muita coisa... osimples brinquedo, ou oenvolvimento num trabalhovoluntário como, por exemplo,ensinar português.É um itinerário de Adventoantecipado e que só pode ser vividose impregnarmos os dias e ashoras, de atitudes que nos tornematores neste resgate de dignidadepara tantas famílias em busca delugar.

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A Igreja e a FamíliaUma grande expectativa rodeia o próximo Sínodo dos Bispos,que durante três semanas vai reunir no Vaticano centenas depessoas para debater a missão e a vocação das famílias, naIgreja e na sociedade de hoje. Um tema que recentra o debatenuma dimensão mais propositiva e menos polémica, como sepode perceber da leitura das próximas páginas, com reflexõesde responsáveis portugueses e do Papa Francisco a respeitodeste momento tão importante na vida da Igreja Católica.

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"Família e comunicação"D. Manuel ClementeEm outubro de 2014, o Sínodo dosBispos versou o tema Os desafiospastorais da família no contexto daevangelização. Partiu dum grandeinquérito sobre o assunto, queconstituiu, já por si, um exercícioinédito de “comunicaçãosocial”. Os media deram granderelevância aos trabalhos, focandoespecialmente – muitas vezesunilateralmente - alguns tópicos,como o acesso dos divorciadosrecasados aos sacramentos, ou oacolhimento das pessoas cominclinação homossexual. Sente-sealguma pressão mediática nosentido de os retomar na próximaassembleia sinodal. Mas importaperceber que ela já não incidirásobre os “desafios pastorais dafamília”, mas sim sobre “a vocação ea missão da família na Igreja e nomundo contemporâneo”.

Não se iludirá questão alguma, masa acentuação agora é outra. Aliás, orecente motu proprio do PapaFrancisco sobre a “simplificação”dos processos de verificação davalidade dos casamentos jácorrespondeu a várias insistênciasda última

assembleia sinodal nesse sentido,sem pôr em causa nem aindissolubilidade da união nem aconsideração das circunstânciasque a podem pôr em causa. E nãose há de esperar dum Sínodo debispos católicos qualquer indicaçãocontrária ao ensinamento bíblicosobre o matrimónio, ou àcomplementaridade homem –mulher, tanto para o matrimóniocomo para a vida em geral. Tambémaqui, o diálogo e a comunicação hãode respeitar a identidade de quempergunta e de quem responde.Creio que o Sínodo reforçará, acimade tudo, a centralidade ativa dafamília na comunidade cristã.O Instrumentum Laboris é muitoexplícito a este propósito: «Acomunidade cristã renuncie a seruma agência de serviços, para setornar, pelo contrário, num lugar noqual as famílias nascem, seencontrem juntas, caminhando na fée partilhando percursos decrescimento e de intercâmbiorecíproco» (IL, 53). O Papa Francisco indica oisolamento e o descarte de pessoase grupos como problema maior domundo contemporâneo. Esquecidas

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e desfeitas por uma globalizaçãomais tecnológica e financeira do quehumana e promotora do bemcomum, sociedades inteiras comoque deixam de o ser, desvinculadasde antigos laços de vizinhança ecultura e transmutadas em grandesconcentrações sem passado nemfuturo. E nem a mediatização, só porsi, resolve o problema, antes ocomplica, quando nivela por baixodistrações e consumos que nemresponsabilizam, nem personalizam.

É neste contexto queo Instrumentum Laboris acentua opapel da família como lugar e motorduma sociabilidade nova, assim oqueira e possa ser, com o apoio quelhe é devido para tal. Trata-se,basicamente, duma experiência felizde comunicação humanamentemediada e garantida: «… éoportuno apresentar a família comoum lugar de relacionamentospessoais e gratuitos, do modo comonão se verifica noutros grupossociais. O dom recíproco e

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gratuito, a vida que nasce e asalvaguarda de todos os seusmembros, desde os maispequeninos até aos idosos, sãoapenas alguns dos aspetos quetornam a família única na suabeleza» (IL, 55). Também neste sentido, o PapaFrancisco apresentou a famíliacomo a melhor escola decomunicação, na últimaMensagempara o Dia Mundial dasComunicações Sociais: «A família éo espaço onde se aprende aconviver na diferença. Diferençasde géneros e de gerações, quecomunicam, antes de mais nada,acolhendo-se mutuamente, porqueexiste um vínculo entre elas.[…] O vínculo está na baseda palavra, e esta, por sua vezrevigora o vínculo. […] Podemosdar, porque recebemos; e estecírculo virtuoso está no coração dacapacidade da família de sercomunicada e de comunicar; e, maisem geral, é o paradigma de toda acomunicação».Os cristãos sabem que aUnitrindade divina é o paradigma detudo o que existe e deve ser: O Paigera o Filho e envolve-o no seuAmor [Espírito], que o Filhointeiramente Lhe retribui. Vidacomunicada, Vida retribuída, Vidapartilhada: um só Deus -comunicação. Por isso mesmo, afamília é o principal reflexo de

Deus na criação, da famíliaparental à eclesial, fermento dainteira família humana. E o Instrumentum Laboris dapróxima assembleia sinodal entendeque a estabilidade do compromissomatrimonial contribui para a própriaconsistência duma sociedade emque ninguém abandone ninguém etodos persistam num destinocomum: «É importante fazeramadurecer a ideia de que omatrimónio constitui uma escolhapara a vida inteira, que não limita anossa existência mas torna-a maisrica e completa, inclusive no meiodas dificuldades. Através destaopção de vida, a família edifica asociedade, não como soma dehabitantes de um território, nemcomo conjunto de cidadãos de umEstado, mas como autênticaexperiência de povo, e de povo deDeus» (IL, 55).Sociabilidade nova para a qual afamília pode e deve contribuir, aindaque enfrentando problemas novostambém, como sejam o do excessomediático, que agora entra muitofacilmente na casa de cada um.Várias pessoas sob o mesmo tetonão realizam, sem mais, umacomunidade de mútua informação epartilha. Na referida Mensagem, oPapa alerta

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para este ponto, nos seguintestermos: «Os meios maismodernos de hoje, irrenunciáveissobretudo para os mais jovens,tantopodem dificultar como ajudar acomunicação em família e entre asfamílias. Podem-na dificultar , se setornam uma forma de se subtrair àescuta, de se isolar apesar dapresença física, de saturar todo omomento de silêncio e de espera[…]; e podem-na favorecer , seajudam a narrar e compartilhar, apermanecer em contacto com os delonge, a agradecer e pedir perdão,a tornar possível sem cessar oencontro». E pede um grandeempenho de famílias e comunidadespara a resolução positiva ecriativadeste problema: «Tambémneste campo, os primeiroseducadores são os pais. Mas nãodevem ser deixados sozinhos; acomunidade cristã é chamada acolocar-se ao seu lado, para quesaibam ensinar os filhos a viver, noambiente da comunicação, segundoos critérios da dignidade da pessoahumana e do bem comum»(1). Trata-se de levar por diante opropósito repetido de fazer de cadacomunidade uma autêntica “famíliade famílias”, fazendo da família

o critério de toda a reconfiguraçãocomunitária da vida eclesial eultrapassando quer o individualismoquer a massificação mais vulgares.Neste sentido, escreve também odocumento preparatório: «A Igreja éum bem para a família, a famíliaconstitui um bem para a Igreja. Apreservação do dom sacramental doSenhor comporta aresponsabilidade, por um lado, docasal cristão e, por outro, dacomunidade cristã, cada qual damaneira que lhe compete» (IL, 59). A terceira parte do InstrumentoLaboris refere especificamente “Amissão da família hoje”, com oprotagonismo que as circunstânciasrequerem, na comunidade e alémdesta. «Os Padres sinodais [2014]sublinharam reiteradas vezes que,em virtude da graça do sacramentonupcial, as famílias católicas estãochamadas a ser, elas mesmas,protagonistas ativas dapastoral familiar» (IL, 71).E detalha depois o que essapastoral há de ser, com acorrespondente expressãomediática: «Cada família, inseridano contexto eclesial, volte adescobrir a alegria da comunhãocom outras famílias para servir obem

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comum da sociedade, promovendouma política, uma economia e umacultura ao serviço da família,inclusive através do recursoaos social networks e aos meios decomunicação. Formulam-se votos afim de que haja a possibilidade decriar pequenas comunidades defamílias como testemunhas vivasdos valores evangélicos. Sente-se anecessidade de preparar, formar eresponsabilizar algumas famíliasque possam acompanhar outras aviver cristãmente. Também devemser recordadas e encorajadas asfamílias que se demonstramdispostas a viver a missão “adgentes”. Finalmente,

salienta-se a importância de unir apastoral juvenil à pastoral familiar»(IL, 72). Em suma, caberáespecialmente às famíliascomunicarem entre si e à sociedadeem geral a verdade, a bondade e abeleza disso mesmo que vivem, nomatrimónio cristão. Testemunho quese torna verdadeiramentemissionário, realizado perto oulonge. Testemunho decisivo diantede adolescentes e jovens, para aconstituição de futuras famílias.Dentro ou para fora da comunidadecristã, a comunicação – e acomunicação mediática – não é umacessório instrumental, mas sim um

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modo imprescindível de ser com osoutros e para os outros. Joga-seaqui o essencial e o futuro daproposta evangélica, e muitoespecialmente da proposta familiarcristã. As dificuldades atuaissomam-se às de sempre, poisnunca foi fácil uma vida pascalautêntica, na dimensão que Cristolhe dá e propõe. Atualmente, a redução individualistae pós moderna da proposta “moral”à subjetividade e ao sentimentorepresenta um grande desafio atodos os relacionamentos estáveis,da família à sociedade. Reduçãosubjetiva que só pode serultrapassada pela apresentaçãoserena e convincente daobjetividade dos relacionamentosduradouros, descentrados de si epor isso mesmo fecundos.

Neste ponto, a proposta familiarcristã terá como sujeito ativo os querealmente a vivem e por isso mesmoa testemunham e podem oferecer,mediaticamente também «Hoje, demodo particular, é necessário pôrem evidência a importância doanúncio jubiloso e otimista dasverdades da fé sobre a família,valendo-se inclusive de gruposespecializados, peritos emcomunicação, que saibam ter adevida consideração pelasproblemáticas que derivam dosestilos de vida contemporâneos»(IL, 79). O que se repercutiránecessariamente no todosociopolítico: «Considerando que afamília é “a célula primária e vital dasociedade” (AA, 11), ela deve voltara descobrir a sua vocação a favorda vivência social em todos os seusaspetos. Éindispensável que,

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através da sua agregação, asfamílias encontrem as modalidadespara interagir com as instituiçõespolíticas, económicas e culturais,com a finalidade de edificar umasociedade mais justa» (IL, 91).Muito depende da família, rumo auma sociocultura mais humana esolidária. O envolvimento dascomunidades cristãs na pastoralfamiliar – preparação atempada domatrimónio e apoio constante acada família – torna-se hojeabsolutamente decisivo, da Igrejapara o mundo. Outras perspetivasse apresentam, com grande impactomediático. A perspetiva cristã, quenos convence

a nós, há de ser apresentadatambém, como a devemos a todos.Retomando, também aqui,a Mensagem papal: «A família maisbela, protagonista e não problema,é aquela que, partindodotestemunho, sabe comunicar abeleza e a riqueza o relacionamentoentre o homem e a mulher, entrepais e filhos. Não lutemos paradefender o passado, mastrabalhemos com paciência econfiança, em todos os ambientesonde diariamente nos encontramos,para construir o futuro».

Jornadas de Comunicação Social,

Fátima, 25 de setembro de 2015 1. Tomem-se ainda algumas passagens do artigo de Catarina Gomes a propósito dolivro do psiquiatra Pedro Afonso Quando a mente adoece: «Prescrever a abstinênciatecnológica durante uma noite por semana pode ser visto como “uma provocação”, ouum conselho literal, mas o que Pedro Afonso pretende é que seja sobretudo umachamada de atenção contra o que chama hora do “(des)encontro” familiar, com os“jantares de tabuleiro” ou “jantares self service”, em que os vários membros dasfamílias terminam os seus dias “sequestrados pelos vários ecrãs”. / No capítulo ondeinclui indicações para “melhorar a saúde mental”, convida “a uma espécie deautodisciplina”, em que, em família, se deve fazer por criar regularmente um ambientede diálogo que potencie a partilha dos “pequenos acontecimentos do dia, os momentosmaus, bons, as dúvidas, os desejos e as frustrações que aconteceram no espaço deum dia”». E, mais à frente, sobre a ambiguidade mediática: «Pedro Afonso abordatambém a questão das redes sociais e a necessidade do seu uso “com equilíbrio eparcimónia”. Chama-lhe um mundo onde se pratica “uma comunicação poucoespessa”. Como psiquiatra, conhece os dois lados da moeda, do mundo rosa do quese posta na internet, e dos problemas e fracassos que ficam de fora. “O Facebook éuma fábrica de ilusões. Como psiquiatra, tenho oportunidade de conhecer dois ladosque não se conjugam. Há pessoas com depressões e problemas sociais gravesescondidos numa vida de aparência”, nota. “Há uma busca de autovalorização e umanecessidade exibicionista de atenção e admiração”, escreve» (Público, 22 de setembrode 2015, p. 14-15).

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Os números do SínodoA Santa Sé anunciou que mais de400 pessoas, incluindo 34 mulheres,vão marcar presença na 14ªassembleia ordinária do Sínodo dosBispos, dedicada às questões dafamília, que vai decorrer no Vaticanode 4 a 25 de outubro. A lista inclui267 padres sinodais com direito avoto, com delegados de mais demais de 110 conferênciasepiscopais.Portugal vai ter como delegados opresidente da ConferênciaEpiscopal, D. Manuel Clemente,cardeal-patriarca de Lisboa, e opresidente da Comissão Episcopaldo Laicado e Família, D. AntoninoDias, bispo de Portalegre-CasteloBranco.Os outros participantes deepiscopados lusófonos são D.Emílio Sumbelelo, bispo de Uíje(Angola); D. Francisco

Chimoio, arcebispo de Maputo(Moçambique); D. BasílioNascimento, bispo de Baucau (TimorLeste); e seis brasileiros: D. SérgioDa Rocha, arcebispo de Brasília, D.João Carlos Petrini, bispo deCamaçari; D. Geraldo Lyrio Rocha,arcebispo de Mariana; cardeal OdiloScherer, arcebispo de São Paulo;cardeal Raymundo DamascenoAssis, arcebispo de Aparecida; D.Sérgio Eduardo Castriani, arcebispode Manaus.Entre os peritos estão o sacerdoteportuguês Duarte da Cunha,secretário-geral do Conselho dasConferências Episcopais da Europa,e o religioso brasileiro AntónioMoser, especialista em TeologiaMoral.Ketty Abaroa de Rezende e Pedro

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Jussieu de Rezende, do Brasil, sãoum dos casais convidados. Outrosdois participantes lusófonos são opadre brasileiro Tiago Gurgel doVale, assistente da Secretaria Geraldo Sínodo dos Bispos, e WalterAltmann, também do Brasil, emrepresentação do ConselhoEcuménico das Igrejas.Entre os participantes estão tambémos presidentes dos dicastérios daCúria Romana, bem como 45cardeais, bispos e padresselecionados pelo Papa, queaprovou ainda a escolha de 23peritos (‘adiutores secretariispecialis’), de 51 ouvintes(‘auditores’), lote no qual se incluem17 casais de vários países (entreeles o Iraque).

14 representantes de outras Igrejascristãs vão acompanhar o desenrolar da assembleia sinodal.Os trabalhos vão ser divididos emtrês semanas, abordando cada umadas partes do instrumento detrabalho

(desafios, vocação e missão dafamília) com intervenções gerais etrabalhos de grupo (círculosmenores) semanais.O Sínodo dos Bispos, convocadopelo Papa, pode ser definido emtermos gerais como uma assembleiaconsultiva de representantes dosepiscopados católicos de todo omundo. Até hoje houve 13assembleias gerais ordinárias e trêsextraordinárias, a última das quaisem outubro de 2014.

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Um Sínodo para valorizar as famíliasA próxima assembleia do Sínododos Bispos vai sublinhar aimportância das famílias nasociedade e na Igreja, com umaabordagem de “misericórdia” pelasque vivem maiores dificuldades. Aspropostas e questões centrais dareunião consultiva de episcopadoscatólicos estão presentes nodocumento de trabalho(instrumentum laboris), após novaconsulta aos católicos de todo omundo na sequência da assembleiaextraordinária de 2014.O documento procura superar aaparente divisão entre “doutrina” e“misericórdia” que marcou algunsdos debates, afirmando que “amisericórdia é verdade revelada”.“Para a Igreja, trata-se de partir dassituações concretas das famílias dehoje, todas necessitadas demisericórdia, a começar pelas quemais sofrem”, assinala o texto.Em relação aos católicos quecontraíram um segundo casamento,civil, refere-se que há váriaspropostas de “via penitencial”, facea situações de “convivênciairreversível”, mas sublinha que issonão implica uma possibilidadeautomática de acesso à Comunhãoeucarística.O instrumento de trabalho pede

comunidades “acolhedoras” para oscasais em dificuldade e em “risco deseparação”, capazes deacompanhar também os divórcios,tendo em vista a proteção dos filhos.As propostas de “reconciliação” e avalorização de quem permanece “fielao vínculo”, não se casando depoisda separação, são outros temaspresentes.Após uma recolha de respostasjunto das conferências episcopais eoutras instituições, o ‘instrumentumlaboris’ assinala um “amploconsenso” sobre a necessidade detornar mais “rápidos e ágeis” osprocedimentos para oreconhecimento dos casos denulidade matrimonial,preferencialmente “gratuitos”.Da mesma forma, as dioceses sãoconvidadas a oferecer serviços de“informação, aconselhamento emediação” na pastoral familiar. AIgreja, atendendo à “fragilidade demuitos dos seus filhos”, convida areconhecer os valores presentesnas uniões civis e pré-matrimoniais,procurando que estas pessoascheguem ao Matrimónio cristão“após um período de discernimento”.O documento de trabalho divide-seem três partes, num total de 147números, partindo dos desafios que

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se colocam face aodesconhecimento do ensinamentocatólico sobre a família e dasdificuldades colocadas pelaseparação entre “sexualidade eprocriação”.O texto lamenta a confusão sobre a“especificidade social” dos váriostipos de união, rejeitando o‘casamento’ entre pessoas domesmo sexo, pedindo respeito pela“dignidade” de todas as pessoas,“independentemente da suatendência sexual”.

No documento, alerta-se para asdificuldades que colocam as famíliasem risco, desde as guerras emigrações à crise económica,falando em “órfãos sociais”.A valorização da mulher, dos maisvelhos e das pessoas comdeficiência na família, contra “formasimpiedosas de estigma epreconceito”, são outros temas emdestaque, abordando-se também acrise demográfica e a “revoluçãobiotecnológica” no campo daprocriação, bem como o número

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de “abortos e esterilizaçõesforçadas”.O documento de trabalho realça aimportância do compromisso“sociopolítico” dos católicos emfavor da família e da defesa da vida,recordando a “obrigação moral” daobjeção de consciência em matériasrelacionadas com a prática doaborto.

O “Evangelho da Família, que incluia defesa da “indissolubilidade” doMatrimónio, é proposto como um“ideal de vida”, apesar de todas asdificuldades sociais e culturais, paracomunicar "a esperança".O texto incorpora os 61 números dorelatório final (relatio) da assembleiaextraordinária de 2014.

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O sacramento do matrimónio é um grande ato de fé e de amor: dátestemunho da coragem de acreditar na beleza do gesto criador de Deuse de viver aquele amor que impele a ir sempre além, além de nós mesmose da própria família. A vocação cristã para amar de modo incondicional eincomensurável é, com a graça de Cristo, quanto está também na basedo livre consenso que constitui o matrimónio. A própria Igreja éplenamente partícipe na história de cada matrimónio cristão: ela edifica-se com os seus sucessos e padece com os seus fracassos. Mas devemosinterrogar-nos com seriedade: nós mesmos aceitamos até ao fundo, comocrentes e como pastores, também este vínculo indissolúvel da história deCristo e da Igreja com a história do matrimónio e da família humana?Estamos dispostos a assumir seriamente esta responsabilidade, ou seja,que cada matrimónio percorra o caminho do amor que Cristo tem pelaIgreja? Isto é grandioso!

Papa Francisco, Audiência Geral de 6 de maio de 2015

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Não ao divórcio católicoO Papa Francisco disse que asimplificação dos processos denulidade matrimonial é diferente deum “divórcio católico” e sublinhouque a “indissolubilidade” vai sersempre a doutrina da Igreja. “Odivórcio católico não existe, anulidade é reconhecida se nãohouve matrimónio, mas se houve, éindissolúvel”, disse aos jornalistas,no voo de regresso dos EstadosUnidos da América.“Na reforma dos processos denulidade matrimonial, fechei a portaà via administrativa, através da qualpodia entrar o divórcio. Quem pensaem divórcio católico está errado”,acrescentou.Francisco explicou que a reformajurídica visa agilizar os processos,eliminando a necessidade de uma“dupla sentença”, mas a doutrinacontinua a ser a do matrimóniocomo Sacramento “indissolúvel”.“Isto é algo que a Igreja não podemudar, é doutrina, é um Sacramentoindissolúvel. O processo judicialserve para provar que aquilo queparecia um sacramento não erasacramento”, precisou.

A este respeito, deu o exemplo doscasamentos “à pressa”, quando anoiva estava grávida, para “salvaras aparências”. “Alguns delescorreram bem, mas não háliberdade”, observou.O Papa antecipou também um dostemas mais mediatizados do próximoSínodo, a situação dos católicosdivorciados que se voltaram a casarpelo civil. “Parece-me simplista dizerque para estas pessoas a solução éa possibilidade de aceder àComunhão. Não é a única solução”,alertou.Francisco recordou que, alémdestas situações, há um conjunto denovas questões, como a dos jovensque não se querem casar ou o temada “maturidade afetiva”. “Paraordenar um padre há umapreparação de oito anos, mas paracasar-se por toda a vida fazemquatro encontros de preparaçãomatrimonial”, exemplificou.

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[Aqueles que, depois do fracasso irreversível do seu vínculo matrimonial,empreenderam uma nova união]“A Igreja sabe bem que tal situação contradiz o Sacramento cristão.Contudo, o seu olhar de mestra haure sempre de um coração de mãe; umcoração que, animado pelo Espírito Santo, procura sempre o bem e asalvação das pessoas. Eis o motivo pelo qual sente o dever, «por amor àverdade», de «discernir bem as situações». (…)Se considerarmos depois também estes novos vínculos com o olhar dosfilhos pequenos — e os pequeninos veem — com o olhar das crianças,vermos ainda mais a urgência de desenvolver nas nossas comunidadesum acolhimento real para com as pessoas que vivem essas situações.Por isso é importante que o estilo da comunidade, a sua linguagem, assuas atitudes, estejam sempre atentas às pessoas, a partir dospequeninos”

Papa Francisco, Audiência Geral de 5 de agosto de 2015

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Aposta na família para transformarmodelos de desenvolvimentoO Papa Francisco recordou noVaticano a sua participação no 8.ºEncontro Mundial das Famílias, epediu um novo “modelo dedesenvolvimento”. “A família,fundada sobre o pacto entre homeme mulher, é a pedra angular de todaa sociedade humana, o lugar donosso nascimento e crescimento.Não existe um verdadeirocrescimento ou progresso real semsalvaguardar a dignidade dafamília”, declarou, perante cerca de20 mil pessoas reunidas para aaudiência pública semanal, naPraça de São Pedro.Após uma viagem de 10 dias, a maislonga do atual pontificado, que seencerrou na segunda-feira, o Papainsistiu na necessidade de propor avida familiar como “resposta” aosproblemas que afetam o mundocontemporâneo. “A família é aresposta, porque é a célula de umasociedade que equilibra a dimensãopessoal e a comunitária e que, aomesmo tempo, pode ser o modelode uma gestão sustentável dosbens e dos recursos da criação”,precisou.Partindo da “aliança fecunda entre

o homem e a mulher”,Francisco sublinhou que a vidafamiliar surge como antídoto para “afragmentação e a massificação”,que “sustentam o modelo económicoconsumista”. “A família é o sujeitoque protagoniza uma ecologiaintegral, porque é o sujeito socialprimário, que contém no seu seio osdois princípios base da civilizaçãohumana sobre a terra: o princípio dacomunhão e o princípio dafecundidade”, desenvolveu.O Papa evocou as passagens porWashington, Nova Iorque eFiladélfia, para elogiar a “basereligiosa e moral” do crescimentodos Estados Unidos da América,essencial para que o país possacontinuar a ser “terra de liberdade ede acolhimento”.“Não é um acaso, mas éprovidencial que a mensagem, mais,que o testemunho do EncontroMundial das Famílias venha nestemomento dos Estados Unidos daAmérica, isto é, do país que noséculo passado chegou ao maiordesenvolvimento económico etecnológico, sem renegar as suasraízes religiosas”, declarou.

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Durante estes dias do Encontro Mundial das Famílias, gostaria de vospedir para refletirdes de modo particular sobre a qualidade do nossoministério com as famílias, os casais que se preparam para o matrimónioe os nossos jovens. Tenho conhecimentos do que se faz nas Igrejaslocais para dar resposta às suas necessidades e apoiá-los no seucaminho de fé. Peço-vos que rezeis fervorosamente pelas famílias, bemcomo pelas decisões do próximo Sínodo sobre a família.

Papa Francisco na Catedral dos Santos Pedro e Paulo, Filadélfia,26 de setembro de 2015

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Proposta positiva sobre família ematrimónioO Papa pediu em Filadélfia umdiscurso católico mais centrado naproposta positiva sobre a família,em particular junto dos jovens, quevivem num “medo inconsciente” domatrimónio e da vida conjugal.“Enganar-nos-íamos seinterpretássemos a desafeição, quea cultura do mundo atual tem pelomatrimónio e a família, só em termosde puro e simples egoísmo. Hámuitos que adiam o matrimónio àespera das condições ideais debem-estar e, entretanto, a vida éconsumida, sem sabor”, afirmou,num encontro com cerca de 300bispos católicos que participaram no8.º Encontro Mundial das Famílias(EMF).A dias de dar início a uma novaassembleia do Sínodo dos Bispos,Francisco pediu que osresponsáveis católicos concentremenergias “não tanto para explicaruma vez e outra os defeitos dacondição atual e os valores docristianismo”, mas como sobretudopara “convidar com audácia osjovens a ser ousados na opção domatrimónio e da família”.O Papa admitiu que a cultura

contemporânea “empurra econvence os jovens a não formaruma família”, seja por falta de meios,seja por excesso de recursos ecomodismo. “A cultura atual pareceincentivar as pessoas para entraremna dinâmica de não se prender anada nem a ninguém. Não confiar,nem fiar-se”, acrescentou.Francisco alertou para a tendência,também a nível religioso, de “correratrás da última tendência”,assumindo que vive um “difícilperíodo de transição”, por causa da“profunda transformação docontexto atual, que incide sobre acultura social – e lamentavelmentetambém legal – dos laçosfamiliares”, atingindo crentes e não-crentes. “Deus nos conceda o dom de umanova proximidade entre a família e aIgreja. A família é o nosso aliado, anossa janela aberta para o mundo,a evidência duma bênçãoirrevogável de Deus”, concluiu.

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O presidente da Comissão Episcopal Laicado e Família afirmou que doSínodo sobre a Família deve “resultar alguma coisa”. D. Antonino Diasparticipou nos encontros da Conferência Episcopal Portuguesa com osConselhos Pontifícios para a Família e para os Leigos, no âmbito da visita‘ad Limina’.O presidente da CELF referiu, a respeito da assembleia geral ordináriado Sínodo dos Bispos sobre a Família que está a decorrer um tempo de“reflexão”. “Estamos a caminhar, neste tempo de reflexão, de preparaçãopara que depois alguma coisa saia”, referiu o bispo de Portalegre-CasteloBranco.“O Santo Padre quer que no Sínodo se fale abertamente, sem medos,sem receios. Estamos dentro desse processo e aguardamos comesperança que alguma coisa resulte”, acrescentou.

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Ao encontro de quem se senteexcluídoO cardeal Lorenzo Baldisseri,secretário-geral do Sínodo dosBispos, disse no Vaticano que háalgumas “exclusões” na relação daIgreja com as famílias, defendendoque é preciso “ver se alguns destesmuros podem ser derrubados”. Oresponsável falava na apresentaçãodo documento de trabalho(instrumentum laboris) da próximaassembleia geral ordinária doSínodo, que vai ter lugar noVaticano entre os dias 4 e 25 deoutubro deste ano, sobre o tema ‘AVocação e a missão da família naIgreja e no mundo contemporâneo’.A mesma ideia foi defendida por D.Bruno Forte, secretário-especialdesta assembleia sinodal, paraquem é urgente uma “conversão dalinguagem” que assuma anecessidade de “mediação cultural”.A segunda etapa do Sínodo sobre afamília procura “integrar”, porqueninguém deve sentir-se recusado ouexcluído” pela Igreja Católica,falando sobretudo nas “situações defragilidade, famílias feridas”.“Nesses casos, como expressar aatitude de amor, de proximidade, demisericórdia do Senhor?”,questionou.O cardeal Baldisseri assinalou o“notável interesse” que suscitoueste

processo, que já incluiu umaassembleia sinodal extraordináriaem outubro de 2014. As propostasenviadas à Santa Sé chegaram deconferências episcopais, dioceses,organizações católicas,universidades, centros deinvestigação e estudiosos,Para o secretário-geral do Sínododos Bispos, as contribuiçõesajudaram a um “enriquecimentotemático” neste documento detrabalho.O cardeal italiano alertou ainda parao facto de a assembleia sinodal serum espaço de diálogo e não “umParlamento”, cabendo a últimapalavra ao Papa.O cardeal Peter Erdo, relator-geralda 14ª assembleia geral ordinária doSínodo, disse aos jornalistas, porsua vez, que a resposta da Igrejadeve prestar particular atenção àpreparação dos jovens para oMatrimónio. O responsávelsustentou que os trabalhos sinodaistêm como referência os“ensinamentos de Jesus”, inclusivesobre o “adultério”.Para o cardeal húngaro, a afirmaçãode uma atenção pastoral em relaçãoaos homossexuais não implica oreconhecimento como “casamento”da união entre duas pessoas domesmo sexo.

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“Pensemos na recente epidemia de desconfiança, de ceticismo e até dehostilidade, que se propaga na nossa cultura — de maneira particular, apartir de uma compreensível desconfiança das mulheres — a propósitode uma aliança entre o homem e a mulher, que seja capaz de aperfeiçoara intimidade da comunhão e, ao mesmo tempo, de salvaguardar adignidade da diferença. Se não encontrarmos um sobressalto de simpatiapor esta aliança, capaz de proteger as novas gerações contra adesconfiança e a indiferença, os filhos virão ao mundo cada vez maisdesenraizados da mesma, desde o ventre materno. A desvalorizaçãosocial da aliança estável e generativa do homem e da mulher é semdúvida uma perda para todos. Devemos restituir a honra ao matrimónio eà família!”

Papa Francisco, Audiência Geral de 22 de abril de 2015

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Uma nova geração de escritoresde espiritualidadeA Paulinas Editora vai participar naFeira Internacional do Livro deFrankfurt, na Alemanha, entre 14 e18 de outubro, com uma oferta quecombinará nomes já consagradoscom “uma nova geração deescritores de espiritualidade”.Num comunicado enviado à AgênciaECCLESIA, a editora católicadestaca obras do padre AlexandrePalma, um valor “emergente” nopanorama da “reflexão teológica ecultural em Portugal”; e do mongecisterciense Carlos Maria Antunes,um “místico em ascensão nostempos modernos”.No que toca ao sacerdote de 37anos, atualmente ao serviço doPatriarcado de Lisboa como prefeitodo Seminário dos Olivais, tambémprofessor de Teologia naUniversidade Católica de Lisboa, aPaulinas Editora vai levar aFrankfurt a obra “A Trindade é umMistério – Mas podemos falar disso”.Um livro em que, segundo asinopse, o autor “dialoga com osgrandes pensadores cristãos querefletiram o mistério trinitário,conduzindo os leitores por umasenda em que poderão detetar asmarcas do Deus Trindade nas suasvidas”.

Quanto a Carlos Maria Antunes,antigo sacerdote e coordenador doMovimento Católico de Estudantes,são duas as obras em destaque,“Atravessar a própria solidão” e “Sóo pobre se faz pão”.Nesta última publicação, o mongecisterciense, atualmente na Galiza,recorre ao mistério da eucaristiapara desafiar as pessoas “aaprenderem a arte de uma vida emcomunhão, uma arte delicada edifícil, na qual todos somosaprendizes”.Ao visitarem a Feira do Livro deFrankfurt, e o stand 5.0.C61 daPaulinas Editora, os leitorespoderão ainda encontrar obras devários autores já mais consagradosno panorama da literatura e dareflexão cristã.Destaque para a presença de seteobras do padre e poeta JoséTolentino Mendonça, vice-reitor daUniversidade Católica Portuguesa eantigo diretor do SecretariadoNacional da Pastoral da Cultura, daConferência Episcopal Portuguesa.O catálogo integra o título “Aconstrução de Jesus”, a obra maisrecente do sacerdote e que

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tem reedição prevista para outubro.Também os livros “A mística doinstante, o tempo e a promessa”; “Aleitura infinita, Bíblia e interpretação;“O hipopótamo de Deus”; “Nenhumcaminho será longo, para umateologia da amizade”; “Pai-Nossoque estais na terra”; e “O tesouroescondido”.A presença da editora católica emterras germânicas incluirá aapresentação ao público do projetomais recente do professor JoãoDuque, diretor-adjunto da

Faculdade de Teologia da UCP emBraga, a “A poética de Deus”; e dedois livros do padre José FrazãoCorreia, responsável pelaCompanhia de Jesus em Portugal,“A Fé vive de afeto” e “Entre-tanto”.De acordo com a informação avançada pela Paulinas Editora, amensagem de Fátima também vaiser levada à Feira do Livro deFrankfurt, com um primeiro relancede uma obra que ainda está emprogresso, sobre a “espiritualidadede Fátima”.

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II Concílio do Vaticano: Manifestodos «101 católicos» portugueses

As reflexões emanadas do II Concílio do Vaticano(1962-65) entraram na consciência de algunsportugueses, mesmo antes do encerramento daassembleia magna convocada pelo Papa João XXIII econtinuada pelo seu sucessor, o Papa Paulo VI.A 4 de outubro de 1965 é publicado, em Portugal, omanifesto dos «101 católicos contra a política colonialda ditadura». Convém recordar que nessa dataestava a decorrer a última sessão do II Concílio doVaticano. Para o historiador Fernando Rosas, o IIConcílio do Vaticano vai ser, no nosso país, para oscatólicos mais importante do que o 25 de Abril de1974.“Aí se vai basear toda a intensa renovação, aabertura de novas perspetivas, a tomada deconsciência sobre a ausência de democracia e de umregime de direitos e liberdades, o equacionar daquestão colonial (posta por Mounier em “L’eveil del’Afrique Noire” ou por François Mauriac a propósitoda questão argelina…”, escreveu Guilherme d´OliveiraMartins num artigo do Centro Nacional de Cultura.“As tomadas de posição de setores católicos contra oregime salazarista não eram inéditos”, escreveu NunoTeotónio Pereira no livro «Tempos, Lugares, Pessoas»editado pelo Jornal «Público». Desde a campanhaeleitoral de Humberto Delgado para a Presidência daRepública que eram divulgados abaixo-assinadossubscritos por católicos, nos quais se incluíam padres,“denunciando o conluio entre o estado e a Igreja, a

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existência da censura e asviolências da polícia política”,sublinhava o Nuno Teotónio Pereirano artigo - «Há trinta anos: omanifesto dos 101» - localizado namesma obra.É preciso não esquecer a carta dobispo do Porto, D. António FerreiraGomes, que se desmarca do regimeao visualizar situaçõesdesagradáveis na vida dosportugueses. Quando os papasJoão XXIII e Paulo VI se mostramfavoráveis da “progressivarealização do acesso à soberaniados povos da África”, no nosso paíso governo continuava a “justificar aguerra como a defesa da civilizaçãocristã”, realça Nuno TeotónioPereira.

O manifesto dos 101 católicos teveum importante impacto na vidapolítica, não só pelo claro apoiomanifestado pela primeira vez àoposição, por setores católicos,como congregar nomes que jáassumiam (ou viriam a assumir)relevo na nossa sociedade. “Entreeles, podem citar-se António AlçadaBaptista, António Barbedo deMagalhães, Francisco Lino Neto,Helena Cidade Moura, João Benardda Costa, Ruy Belo, Sophia deMelo-Breyner, Pedro Tamen e NunoTeotónio Pereira”. Ficava assimselada, dentro da Igreja, umadivisão quanto à política do país.

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outubro 2015 Dia 02 de Outubro* Porto - Escola Superior deEnfermagem de Santa Maria -Lançamento do livro «Competênciapara o Cuidado Espiritual emEnfermagem» da autoria da irmãAna Paula da Conceição comapresentação de D. Carlos Azevedo.

* Lisboa - Igreja de Miraflores(Paróquia de Algés) - Lançamentoda obra «Encarnação e Imagem» daautoria de Isabel Alçada Cardosocom apresentação do padreHenrique Noronha de Galvão e ocónego Luis Manuel Pereira daSilva.

* Leiria - Aula magna do Seminário -Conferência «Escuta-me»promovida pela Cáritas Jovem com aparticipação de Nuno Hélder,especialista em desenvolvimentopessoal.

* Leiria - Aula Magna do Seminário -O grupo missionário diocesanoOndjoyetu realiza uma sessão deapresentação.

* Lisboa – Alcobaça - Concerto deinspiração cristã «Cânticos da tardee da manhã» com interpretação deTeresa Salgueiro

* Açores - Ilhas do Faial, São Miguele Terceira - Colóquio sobre aencíclica «Laudato Si». (02 e 03)

* Évora - Convento dos Remédios eSé de Évora - Jornadasinternacionais «Escola de Música daSé de Évora» (02 a 04)

Dia 03 de Outubro* Lisboa – UCP - Início do curso on-line sobre Santa Teresa d´ Ávilapromovido pela Faculdade deTeologia da UCP

* Évora - Auditório dos Salesianos -Assembleia Diocesana de Évora

* Porto - Workshops dos Salesianossobre «E-vangelizar»

* Braga - Auditório Vita - Exibição dodocumentário «O padre dasprisões» realizado pelas irmãsDaniela e Inês Leitão.

* Aveiro – Albergaria - Encontro dobispo de Aveiro, D. António Moiteiro,com professores de EMRC deAveiro, Coimbra, Guarda e Viseu.

* Fátima - Encontro diocesano dedoentes da Diocese de Leiria-Fátima

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* Lamego – Seminário -Apresentação do plano pastoral2015-2016 da Diocese de Lamegopor D. António Couto

* Évora - Auditório dos Salesianos -Festival Jovem da Canção

* Guarda - Centro Apostólico D.João de Oliveira Matos - Encontrode movimentos, serviços e obras deapostolado com D. Manuel Felício

* Fátima - Auditório Paulo VI -Conferência sobre «Um baptismo,uma vocação, uma família, naalegria: os desafios do PapaFrancisco» por D. António Couto eintegrada na Peregrinação daFamília Franciscana.

Dia 04 Outubro* Évora - Reabertura da Igreja deSão Francisco depois das obras derequalificação.

* Leiria - Seminário de Leiria -Assembleia Diocesana de Leiria-Fátima

* Coimbra - Abertura do Anopastoral da Diocese de Coimbracom conferência sobre «Acorresponsabilidade na Igreja» porJuan Ambrósio.

* Porto - Igreja dos Clérigos - Iníciodas atividades da PastoralUniversitária da Diocese do Porto,agora sob a orientação do padreJosé Pedro Azevedo.

* Vaticano - Sínodo dos Bispossobre a Família (04 a 25)

Dia 05 Outubro* Guarda - Casa de Saúde BentoMenni - No âmbito do Dia Mundialda Saúde Mental, que se comemoraa 10 de Outubro, a Casa de SaúdeBento Menni, na Guarda, realiza aIII Semana Aberta Maria JosefaRécio. (05 a 09)

Dia 06 Outubro* Guarda - Centro Apostólico -Reunião de arciprestes da Dioceseda Guarda com D. Manuel Felício

* Porto - Biblioteca MunicipalAlmeida Garrett - Abertura dasatividades no Instituto Cultural D.António Ferreira Gomes comconferência «Pela cultura a vida»,homenagem ao bispo de Lamego,D. António Couto e anúncio doPrémio frei Bernardo Domingues.

* Aveiro – CUFC - Bênção dos novosestudantes universitários por D.António Moiteiro.

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Sábado e domingo são dias de grandes eventos emvários dioceses portugueses: Em Lamego, decorre aapresentação do plano pastoral 2015-2016 daDiocese de Lamego por D. António Couto. Em Évora, aAssembleia Diocesana, tal como em Leira. EmCoimbra, vive-se a abertura do Ano pastoral. A Diocese de Angra, nos Açores, vai promoverentre sexta-feira e sábado uma reflexão sobre aencíclica “Laudato si”, do Papa Francisco. Oportal informativo “Igreja Açores” explica que ainiciava surgiu no âmbito das festas em honra deSão Francisco de Assis e vai decorrer em trêsilhas do arquipélago, Terceira, São Miguel e Faial. Domingo é dia de eleições legislativas e a importânciado voto tem sido recordada por vários bispos. A 16 deabril, a Conferência Episcopal pronunciava-se sobre otema, no final da assembleia plenária de primavera,em Fátima: “Causas essenciais como o respeito pelobem comum, pelos princípios da solidariedade e dasubsidiariedade, pela vida empresarial criadora detrabalho e da riqueza, pela justa promoção social dospobres, pelo apoio aos mais frágeis, em particular osnascituros, às mães gestantes e às famílias deveriamconstar nas propostas concretas e consistentes dospartidos e candidatos”.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h30Domingos, 04 de setembro-Papa Francisco em Cuba enos EUA RTP2, 15h30Segunda-feira, dia 05 -Entrevista ao padre AntónioLopes, irmã Célia Cabecinhase Catarina António sobre:outubor, o mês missionário. Terça-feira, dia 06 -Informaçao e entrevista aAura Miguel sobre a viagem do Papa a Cuba e aosEUA Quarta-feira, dia 07 - Informação e entrevista aopadre Rui Pedro sobre o Encontro Mundial dasFamílias Quinta-feira, dia 08 - Informação e entrevista aMadalena Cruz sobre o projeto "Padrinhos para SãoTomé". Sex-feira, dia 09 - Análise às leituras bíblicas dasmissas de domingo com cónego António Rego e padreJoão Lourenço. Antena 1Domingo, dia 05 de setembro - 06h00 - Sínodo daFamília Segunda a sexta-feira, 05 a 09 de outubro - 22h45- Comunicação e Família

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Ano B - 27.º Domingo do tempoComum Família,bênção doamor de Deus

As leituras do 27.º Domingo do Tempo Comumapresentam, como tema principal, o projeto ideal deDeus para o homem e para a mulher: formar umacomunidade de amor, estável e indissolúvel, que osajude mutuamente a realizarem-se e a serem felizes.Esse amor de doação e entrega será para o mundoreflexo do amor de Deus.«Não separe o homem o que Deus uniu». Jesuscoloca o dedo na ferida. O divórcio é sempre umfracasso, um sofrimento. Mas entrou na sociedadecomo uma realidade normal, um direito.Jesus está contra a corrente. Na sua resposta aosfariseus, Jesus recorre a um critério a que geralmentese presta pouca atenção. Vai ao «princípio dacriação», à vontade primeira, à vontade criadora deDeus. Ora esta vontade é que os seres humanos setornem «imagens de Deus», na medida em queaceitem entrar uns e outros nas relações de amorrecíproco, porque Deus é eterno movimento de amorno seu Ser mais profundo.O casal, antes mesmo da questão da procriação, échamado por Deus a tornar-se o primeiro lugar deincarnação deste movimento de amor. O amor humanoé dom de Deus. Quando os homens e as mulheresrecusam este dom, impedem Deus de imprimir neles asua imagem. Na realidade, vão contra a vontadecriadora, introduzindo uma desordem na criação talcomo Deus a quis. Ao escutar plenamente seu Pai eao acolher sem quaisquer reticências nem recusas avontade de amor do Pai, Jesus coloca-nos na luz deDeus Criador e da sua vontade criadora.Isso supõe que aceitemos escutar Jesus, tomar Jesusna nossa vida. Só poderemos compreender aexigência de unidade e de fidelidade no amor humanose

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aceitarmos tornar-nos, dia após dia,discípulos e amigos de Jesus. Pararesolver problemas afetivos, o casalpode recorrer à psicologia ou àpsicoterapia. Mas isso não basta. Averdadeira falta está na ausência deprofundidade espiritual. De nadaservirá à Igreja repetir sem cessar asua oposição ao divórcio se,primeiro, não fizer imensos esforçospara ajudar a redescobrir umverdadeiro acompanhamento comJesus, revelador do amor do Pai.«O Senhor nos abençoe em toda anossa vida», assim repetimos nosalmo responsorial. Como seriabelo, em cada manhã destasemana,

dizer bom dia, em família, com assimples palavras do salmista: «Queo Senhor te abençoe!» Fórmula debênção, em que se deseja apenas obem, oferecendo àqueles queamamos a bênção do Senhor.Levemos a Palavra de Deus nocoração, com a graça da felizcoincidência com o início, hoje, doSínodo dos Bispos sobre a vocaçãoe a missão da família na Igreja e nomundo. Que seja uma bênção deDeus para as famílias cristãs!

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.pt

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Gratidão e laboriosidade - os conselhos do PapaPodemos ficar encastrados quandomedimos o valor dos nossosesforços apostólicos pelo critério daeficiência, do funcionamento e dosucesso externo que governa omundo dos negócios. Não digo queestas coisas não sejam importantes!Foi-nos confiada uma granderesponsabilidade e o povo de Deus,justamente, espera resultados. Maso verdadeiro valor do nossoapostolado é medido pelo valor queo mesmo tem aos olhos de Deus.Ver e avaliar as coisas a partir daperspetiva de Deus chama-nos parauma conversão constante aoprimeiro tempo da nossa vocação e– nem é preciso dizê-lo – exige umagrande humildade. A cruz mostra-nos uma maneira diferente de mediro sucesso: a nós cabe-nos semear,e Deus vê os frutos do nossotrabalho. E se, às vezes, os nossosesforços e o nosso trabalhoparecem gorar-se e não dar fruto,estamos a trilhar a mesma via deJesus Cristo; a sua vida,humanamente falando, acabou comum fracasso: com o fracasso dacruz.Um novo perigo surge quando nostornamos ciosos do nosso

tempo livre, quando pensamos querodear-nos de comodidadesmundanas ajudar-nos-á a servirmelhor. O problema, com este modode raciocinar, é que pode ofuscar aforça da chamada diária de Deus àconversão, ao encontro com Ele.Pouco a pouco mas seguramentevai diminuindo o nosso espírito desacrifício, o nosso espírito derenúncia e de laboriosidade. Eafasta também as pessoas quepadecem pobreza material, vendo-se obrigadas a fazer sacrifíciosmaiores do que os nossos, semserem consagrados. O repouso éuma necessidade, como o são osmomentos de tempo livre e derestauração pessoal, mas devemosaprender a descansar de forma queaprofunde o nosso desejo de servirde modo generoso. A proximidadeaos pobres, refugiados, imigrantes,doentes, explorados, idosos quesofrem a solidão, encarcerados emuitos outros pobres de Deusensinar-nos-á outro tipo de repouso,mais cristão e generoso.Gratidão e laboriosidade: são osdois pilares da vida espiritual quedesejava partilhar convosco,sacerdotes,

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religiosas e religiosos, nesta tarde.Agradeço-vos pelas orações,atividades e sacrifícios diários querealizais nos diferentes campos deapostolado. Muitos deles sãoconhecidos apenas de Deus, masdão muito fruto na vida da Igreja.De maneira especial, gostaria deexpressar a minha admiração e aminha gratidão às consagradas dosEstados Unidos. Que seria estaIgreja sem vós? Mulheres fortes,lutadoras; com aquele espírito decoragem que vos coloca na linha dafrente a anunciar o Evangelho. A vós

consagradas, irmãs e mãesdeste povo, quero dizer «obrigado»,um «obrigado» grandíssimo… edizer também que gosto muito devós.Sei que muitos de vós estais aenfrentar o desafio que supõe aadaptação a um programa pastoralem evolução. Como São Pedro,peço-vos que, perante qualquerprova que tenhais de enfrentar, nãopercais a paz e respondei como fezCristo: deu graças ao Pai, tomou asua cruz e seguiu em frente.

Papa Francisco, Nova Iorque,24.09.2015

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Novo superior geral dos MissionáriosCombonianos

O sacerdote etíope TesfayeTadesse Gebresilasie foi eleito comonovo superior geral do Instituto dosMissionários Combonianos,tornando-se o primeiro religiosoafricano a assumir este cargo. Opadre Tesfaye, que sucede aEnrique Sánchez González, dequem era assistente geral, nasceuhá 46 anos em Harar, a quartacidade santa muçulmana, no lesteda Etiópia, informam os

Combonianos, na sua página nainternet.Foi ordenado padre em 1995,depois de terminar o curso deteologia, em Roma, e passou doisanos no Egipto para aprender oárabe, antes de trabalhar quatroanos no Sudão.Em 2001 regressou à Etiópia, ondefoi eleito superior provincial em 2005e presidiu à Associação deSuperiores Maiores do seu país.

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Os Missionários Combonianos estãoa celebrar o 18.º Capítulo Geral emRoma, desde 6 de setembro, eforam recebidos esta quinta-feirapelo Papa.Esta congregaçãomissionária internacional foi fundadaem 1867 na cidade de Verona(Itália) por São Daniel Comboni; queconta commais de 1600 membros, atrabalhar na Europa, África,Américas e Ásia. Os religiososchegaram a Portugal em

1947; a primeira casa foi construídaem Viseu. Seguiram-se as deVila Nova de Famalicão, Maia,Lisboa, Coimbra e Santarém.Os Combonianos portugueses são93 - 70 padres e 23 irmãos: editamas revistas ‘Além-Mar’ e ‘Audácia’ eo jornal ‘Família Comboniana’,dedicam-se à animação missionáriadas igrejas locais, à pastoral juvenile à promoção de vocações.

CIRPA Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) anunciou hojeque escolheu a irmã Maria do Sameiro Magalhães Martins para presidir àinstituição até à próxima Assembleia Geral, em novembro.A superiora provincial das Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus,até agora vice-presidente, assume este cargo no seguimento do envio dopadre Artur Teixeira, que estava na presidência da CIRP, para o GovernoGeral da Congregação dos Missionários Claretianos, sediado em Roma.“A CIRP aproveita para agradecer ao padre Artur Teixeira a suadedicação nos últimos quatro anos e meio à Direção da CIRP e deseja-lhe as melhores bênçãos na nova missão”, refere a nota enviada àAgência ECCLESIA.A CIRP é um organismo de direito pontifício, com personalidade jurídicacanónica e civil, sem fins lucrativos, instituído a 16 de abril de 2005, queresultou da fusão da Conferência Nacional dos Superiores Maiores dosInstitutos Religiosos (CNIR) e da Federação Nacional das SuperiorasMaiores dos Institutos Religiosos (FNIRF).

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Nigéria. Nem as crianças estão a salvo do terror doBoko Haram

Fugir para sobreviverA Unicef publicou um relatóriosobre a Nigéria e as atrocidadescometidas pelo grupo islamitaBoko Haram. Só nos últimoscinco meses, meio milhão decrianças tiveram de fugir dassuas aldeias, para não seremmortas. Agora precisam deajuda. Há coisas que nunca maisse esquecem…

Há quem tenha cicatrizes no corpo.Como Musa Zira, que foi obrigado asair de casa com armas apontadasà cabeça, quando terroristas doBoko Haram apareceram na aldeia eentraram em todas as casas.Procuravam homens e rapazes paraos levarem. Musa Zira foi um deles.“Eram quatro horas da manhã.Mandaram-nos deitar com a caravirada para o chão”, recorda.“Depois começaram a disparar àqueima-roupa.” O barulho das balase dos gritos era ensurdecedor. Zirasentiu uma dor imensa e não semexeu mais. “Percebi que a balatinha atingido a coxa.” Ficou quieto.Ao seu lado, todos os outroshomens e rapazes da aldeiaestavam mortos. As dores eramterríveis mas Zira ficou imóveldurante horas. Sem ninguém porperto,

esvaindo-se em sangue, arrastandoa perna atingida, cheio de dores,conseguiu fugir para o mato parapedir ajuda.Sani tem apenas 10 anos. Agoravive num campo de refugiados noNíger, um dos países que fazfronteira com a Nigéria. Sani recebeapoio psicológico. Muitas vezesconta a sua história através dedesenhos. A primeira vezCom lápis de cor vai rabiscando oque lhe aconteceu quando estavana escola e, quando, de súbito,começaram a escutar tiros. “Pam,pam, pam…”. Foi a primeira vez queSani ouviu na vida o ruído dasbalas. O professor disse que era umataque do Boko Haram e que tinhamtodos de fugir o mais depressapossível. Ali ao lado corria um rio.Foi para aí que os meninos fugiram,procurando esconder-se navegetação da margem. Mas foramdescobertos. Sani viu um homem aapontar-lhe uma metralhadora àcabeça. Tinha sido apanhado. Nosdesenhos que faz agora numatenda, no campo

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de Sayam Forage, Sani conta a suahistória e explica, em detalhe, o queviu: um homem a ser degolado ouas casas em chama da sua aldeia.Capturar crianças é também umnegócio que alimenta os cofres doBoko Haram. O pai de Saniconseguiu localizá-lo e convenceuos raptores a libertá-lo a troco de 10mil Naira. Uma fortuna. O relatórioda ONU demonstra que ninguémestá a salvo e que as crianças sãoum dos elos mais frágeis nestatragédia. Só nos últimos cincomeses, meio milhão de criançasabandonaram as suas aldeias na

Nigéria para escaparem à ameaçados islamitas. E o pior é que osataques continuam. Há duassemanas, seis dezenas de pessoasmorreram em novos atentados emMaiduguri. Esta é uma das diocesesque mais tem sentido a violência doBoko Haram. Calcula-se que maisde cinco mil cristãos perderam avida aqui desde 2009, e 350 igrejasforam destruídas. Na Nigérianinguém se sente em segurança,ninguém está a salvo.

Paulo Aidowww.fundacao-ais.pt

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Doze Consagrados/as a pedalar

Tony Neves Espiritano

É ecológico e saudável andar de bicicleta. Égerador de sentido de equipa pedalar em grupo.Mas doze sentados na mesma bicicleta, a tentarchegar até lugares onde viveram santos ou ondehá Mosteiros, isso sim, é original e ultrapassa olimite do fora do comum.A Conferência dos Religiosos de Portugal (CIRP)apostou num programa muito diversificado paracelebrar o Ano da Vida Consagrada, lançadopelo Papa Francisco. Quer o Papa que seja umtempo forte de memória agradecida do passado,vivência do presente com paixão, preparação dofuturo com esperança. Para atingir estes grandesobjetivos, a CIRP traçou um programa commomentos de celebração, de formação e deimpacto social.No que à Formação diz respeito, três momentosmarcam este jubileu: já se realizaram a Semanade Estudos da Vida Consagrada 2015 e asJornadas do Episcopado, em que os Superioresmaiores foram convidados a juntar-se aosBispos. Em 2016, o Ano concluiu-se com aSemana de Estudos que inclui a Celebração maisforte que será a 7 de Fevereiro com aPeregrinação a Fátima de todos osConsagrados. Para gerar algum impacto nasociedade portuguesa, a CIRP encomendou auma empresa especializada um estudo sobre omodo como os cidadãos vêem os Consagrados emandou construir um velocípede de 12 lugarespara uma espécie de ‘volta ao Portugal dossantos e mosteiros’.A apresentação pública e o ‘test drive’ foram noLar Juvenil dos Carvalhos a 21 de agosto. O P.Artur

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Teixeira, presidente da CIRP,explicou objetivos e programa. Osdoze lugares simbolizam os dozeapóstolos e pretende-se pedalar,pelas estradas de Portugal, paradizer a todos que somos 7 mil a‘pedalar’ juntos, em comunhão, numesforço de ir a todas as periferias emargens, ‘empurrados’ pelotestemunho dos santos que nosprecederam e estimulados pelaoração de quantos, nos Mosteiros,constituem um pulmão espiritualpara a humanidade.O ‘velocípede’ do Ano da VidaConsagrada está na rua. A pedalar

estão 12 pessoas Consagradas. O ritmo não é muito acelerado, maso esforço conjunto e a alegriamostram que há vontade decomunhão e de missão.Por isso, saiamos à rua,incentivemos os ‘pedaladores’,sobretudo nas subidas. Olhemoscom admiração para a alegria dassuas consagrações a Deus.Valorizemos o sentido da VidaConsagrada hoje e criemoscondições para que mais jovensqueiram responder ‘sim’ a um Deusque continua a pedir vidasentregues à Missão.

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ouem www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

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"Os emigrantes são nossos irmãos e irmãs queprocuram uma vida melhor longe da pobreza, dafome, da exploração e da injusta distribuição dosrecursos do planeta, que deveriam ser divididos

equitativamente entre todos"

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