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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS
EDUCACIONAIS PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
PROFESSORA PDE: ADRIANA TOZETTO LOPES
CADERNO PEDAGÓGICO
TEMA: PROBLEMATIZANDO AS AULAS DE QUÍMICA NA EJA A PARTIR DO TEMA ÁGUA
PROFESSORA ORIENTADORA Patrícia Los Weinert
PONTA GROSSA – PARANÁ 2013
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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA
TURMA - PDE/2013
Título: PROBLEMATIZANDO AS AULAS DE QUÍMICA NA EJA A PARTIR DO TEMA ÁGUA
Autor Adriana Tozetto Lopes
Disciplina/Área (ingresso no PDE)
Química
Escola de Implementação do Projeto e sua localização
CEEBJA PaschoalSalles Rosa
Município da escola Ponta Grossa
Núcleo Regional de Educação
Ponta Grossa
Professor Orientador Patricia Los Weinert
Instituição de Ensino Superior
Universidade Estadual de Ponta Grossa
RelaçãoInterdisciplinar Biologia, Geografia, sociologia
Resumo
Esta unidade didática busca trabalhar a química com os alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) em uma perspectiva de alfabetização científica e técnica, através da problematização das aulas de química baseando-se em ideias sócio-construtivistas. Estes alunos possuem muitos conhecimentos e para que a aprendizagem seja significativa deve-se,considerar esse conhecimento prévio, que faz sentido para o aluno. Partindo deste pressuposto o aluno é capaz de refletir sobre seus próprios conhecimentos e expressa-los de modo mais científico.Neste contexto pretende-se trabalhar com uma proposta de ensino CTS, empregado a estratégia das Ilhas de Racionalidade com preocupação central nos aspectos sociais relativos à aplicação da ciência e da tecnologia para a formação da cidadaniaa partir do tema: “Como purificar a água e a sua importância”. Os objetivos deste projeto são: viabilizar um ensino de química centrado na relação entre a educação química e o contexto social, compreender os ensinamentos químicos relacionados ao seu dia a dia, avaliar como o conhecimento químico está sendo aplicado na sociedade,
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analisar a sociedade que está inserida para que possa transformá-la, desenvolver a capacidade de participar, tomar decisões criticamente.
Palavras-chave Água, Ilhas de Racionalidade, Alfabetização científica
Formato do Material Didático
Unidade Didática
PúblicoAlvo Alunos de ensino médio do CEEBJA Paschoal Salles Rosa
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APRESENTAÇÃO A presente unidade didática é resultado de uma das atividades realizadas pelo
Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), que é uma política de formação
continuada e de valorização dos professores da Rede Pública Estadual de Ensino do
Paraná em parceria com o Ensino superior, objetivando a melhoria na Educação
Básica. O retorno à universidade possibilitou condições de atualizar e aprofundar os
conhecimentos aproximando teoria e prática.
Este material tem por objetivo apresentar uma metodologia Ilhas Interdisciplinares de
Racionalidade proposta Gerard Fourez, na perspectiva de uma alfabetização científica
e técnica que faz uma reflexão sobre o ensino da química, sua relação com o
cotidiano e o universo de interesse dos estudantes.
A falta de relação deste ensino com a realidade vivenciada pelos alunos faz com que
tenham um menor engajamento neste processo de aprendizagem, para o qual não
veem muito significado. Uma das razões deste problema está na seleção dos
conteúdos disciplinares e na forma como são trabalhados nas aulas de química e a
questão que se coloca neste trabalho é: como devemos proceder para que os alunos
possam compreender o conhecimento científico como resposta a uma questão ou a
um problema?
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INTRODUÇÃO
Na prática observa-se que o sistema educacional atual enfatiza a
aprendizagem da informação de fatos. De forma mais ampla e caricata, a aprovação
ou reprovação dos alunos depende do domínio ou da memorização de certos pedaços
de informação. Assim, quando o aluno adquiriu certa competência na apresentação
dos pedaços adequados de informação, ele é considerado apto.
Segundo os PCNs espera-se na formação no nível de ensino médio:
“Propõe-se no nível do Ensino Médio, a formação geral, em oposição à formação específica; o desenvolvimento de capacidades de pesquisar, buscar informações, analisa-las e seleciona-las; a capacidade de aprender, criar, formular, ao invés do simples exercício de memorização”. (BRASIL, 1999, p.16).
Neste sentido, Fourez (1997apud Schmitz, 2004) propõem a construção de
Ilhas de Racionalidade (IR), na perspectiva de uma Alfabetização científica e técnica
(ACT), como sendo uma estratégia pedagógica e epistemológica para lidar com o
ensino, capaz de cruzar saberes oriundos de várias disciplinas e conhecimentos da
vida cotidiana, inventando uma modelização apropriada para representar uma dada
situação.
É importante destacar que esta valorização do processo em detrimento do
conteúdo, se não for feita com cuidado, pode levar para um relativismo e
superficialismo ingênuos no tratamento com as disciplinas. Neste sentido,na
construção de uma IR, Fourez (1997apud Schmitz, 2004) sugere algumas etapas
onde o professor não deveria ser somente um simples organizador na execução do
projeto, seria também um especialista a ser consultado. Ele deveria indicar como os
conteúdos estudados nas disciplinas envolvidas no projeto podem ajudar no processo;
indicar bibliografias e/ou especialistas; fazer uma abordagem inicial procurando
ampliar o horizonte dos atores envolvidos e cruzar os saberes oriundos das várias
disciplinas. Mas no momento oportuno, deixar espaço para o rigor e o aprofundamento
necessário que o conhecimento disciplinar e a escola exigem.
Uma particularidade da metodologia é tomar emprestados os conhecimentos das
diversas disciplinas, quer dizer, é necessária uma interdisciplinaridade. Entretanto, é
importante o entendimento de interdisciplinaridade e das diferentes abordagens que
podem ser desenvolvidas em função dos elementos que a mesma pode acolher. Por
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isso julgamos necessários colocar, do ponto de vista de Fourez, o significado de cada
uma destas abordagens, mesmo sabendo que elas são objeto de debate e discussão.
Em especial, discute-se a necessidade de certas atitudes e modos de ação do
professor, como a mediação e a negociação, associados ao Construtivismo (mais
particularmente com o Sócio-construtivismo), fundamentais para atingir os objetivos da
metodologia proposta por Fourez.
Uma pessoa alfabetizada cientificamente se caracteriza principalmente em
termos de atitudes e não somente de conhecimentos. Ou seja, ela possui um
entendimento geral dos fenômenos naturais básicos, interpretando as informações
relacionadas com a ciência e com a tecnologia, dentro de um contexto tal que lhe seja
possível discutir, e tomar posição frente a estes assuntos.
Agindo desta maneira, o indivíduo “alfabetizado” deixaria de ser um receptor
passivo e passaria a ser um indivíduo com certa autonomia (componente pessoal) no
mundo científico e tecnológico no qual ele está inserido.
A autonomia, de certa forma, permite evitar que o indivíduo atue através de
receitas ou de fórmulas, ou ainda, na prescrição de um comportamento ou de uma
atitude.
Em síntese, para Fourez, uma ACT significa promover no indivíduo a
autonomia, o domínio e a comunicação baseados na negociação, utilizando para isso
a construção de uma teoria. Dependendo de como é feita esta construção, ela
possibilitará o desenvolvimento de capacidades individuais e sociais, envolvendo um
saber fazer e um poder fazer, dando um sentido para a teorização.
O professor através de um “ir e vir” contínuo entre teoria e prática, torna-se um
profissional reflexivo, capaz de analisar suas próprias práticas, inventar estratégias;
sua formação baseia-se nas contribuições dos praticantes e dos pesquisadores; está
voltado para abordagens do tipo “ação-conhecimento-problema”, unindo teoria e
prática para construir no profissional, capacidades de análise de suas práticas e de
metacognição. O professor deve desenvolver certas características para auxiliar em
uma boa formação dos estudantes:
Autonomia – significando manter uma relação com os conhecimentos teóricos, não de
reverência e dependência a receitas prontas, mas sim crítico e pragmático.
Reconhecer e buscar informações sobre a sua prática docente, antes de tomar
decisões.
Domínio com relação aos recursos didáticos (saber fazer uso das técnicas de ensino,
dos recursos áudio visuais e humanos) e com relação aos conhecimentos próprios da
sua disciplina.
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Comunicação –um saber dialogar com os seus pares e com os alunos. Procurando
atingir os objetivos da ACT, demonstrando conhecimento sobre o assunto e
adequando a linguagem para cada situação – pode significar trabalhar em equipe,
convencer através da argumentação, demonstrar segurança nas suas ações entre
outros.
No momento em que se propõe desenvolver uma IR, o professor encontrará
dificuldades em cruzar os saberes oriundos das várias disciplinas; em organizar as
atividades em sala de aula; em estabelecer uma ligação entre os conteúdos
tradicionais ensinados na escola, entre outras. Estas dificuldades podem estar
relacionadas com a importância de se estabelecer uma formação renovada que não
descuida do valor que deve ser dado ao sujeito que elabora o saber.
Numa análise crítica, deve se demonstrar que as ciências não desvelam a
verdade do mundo, mas sim elaboram representações particulares provenientes da
ação humana, as quais nos permitem comunicar e agir. Isto implicará em uma série de
atitudes e de procedimentos didáticos, ligadas ao construtivismo, que devem se
adaptar a cada uma das etapas da IR.
O professor com procedimentos construtivistas, no sentido mais amplo, se
coloca como um dos muitos recursos de onde os alunos podem aprender, mas não é
o recurso mais importante. Para estes autores, os alunos devem ser envolvidos em
experiências que desafiam concepções prévias do seu conhecimento, as respostas
dos alunos devem ser incentivadas e as aulas elaboradas sobre essas primeiras
respostas.
O professor, numa atitude dialética, estimula o espírito de questionamento
colocando questões profundas e abertas e encoraja a discussão entre os alunos.
Utiliza terminologia do tipo "classificar", "analisar" e "criar" quando propõe tarefas
encorajando e aceitando a autonomia e a iniciativa dos alunos. Além disso, deve
permitir utilizar dados de fontes primárias, deve incentivar a “interferência” de outras
fontes de informação. Deve-se insistir na necessidade de que os alunos se exprimam
com clareza, apresentando justificativas, por entender que, quando os alunos
conseguem comunicar o seu conhecimento, eles o aprenderam verdadeiramente.
As várias atividades oferecidas devem ser flexíveis, permitindo ajustes no plano
de aula. Isto significa que o professor não deve ficar “engessado” pela metodologia ou
pela organização inicial, porém deve estar atento aos objetivos e potencialidades que
cada etapa da metodologia contém, para poder explora-las da melhor maneira
possível. Como veremos mais adiante, a metodologia proposta por Fourez, prevê esta
transferência de responsabilidade, no sentido de permitir que os alunos escolham os
caminhos que serão seguidos.
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Outra forma de mediação do processo de construção pelo professor é saber
transformar o conteúdo a ser aprendido em problemas significativos para seus alunos.
Toda estrutura cognitiva tem lacunas, todos os conceitos são inacabados e isso ocorre
principalmente na zona de desenvolvimento potencial. Conseguir perceber estas
lacunas e saber criar questionamentos significativos é o que entendemos por
problematização.
Em particular, no caso da IR, o diálogo deve ser incentivado para que o aluno
desenvolva a capacidade de comunicação, e uma maneira é promover situações para
compartilhar os conhecimentos, os resultados das pesquisas e as entrevistas com os
especialistas.
Papel do professor na construção da Ilha de Racionalidade
O papel do professor na construção das Ilhas de Racionalidade (IR) é de um
mediador, um especialista, auxiliando os alunos na construção da IR. A participação
do professor na construção da IR é importante, porém sutil, ao professor cabe
algumas tarefas como,evitar que a IR se torne excessivamente técnica ou superficial,
que na sua construção não adquira somente os contornos de uma disciplina em
particular, deve auxiliar os alunos no sentido de evitar escolhas relacionadas com o
projeto, sem critérios definidos, ou que não utilizem os conhecimentos escolares para
ajudar na construção da IR.
No início do desenvolvimento do projeto o professor deve deixar claro o
contrato didático, se mal colocado ou mal entendido, pode trazer dificuldades ao
ensino-aprendizagem. A imagem do aluno traçada pelo professor, por exemplo, pode
ser percebido por esse e influenciar no seu desempenho, ou o professor limitar sua
exigência à imagem que fez da capacidade dos alunos.
O professor deve ficar atento para na ânsia de que seus alunos obtenham
bons resultados tende a facilitar suas tarefas de diferentes modos, com explicações
abundantes, “dicas”, “macetes”, afastando-se ou mesmo esquecendo-se dos objetivos
iniciais propostos, desvirtuando o saber.
A IR deve ter um tema que seja instigante para os estudantes, percebido como
um problema, suficientemente instigador para que os alunos sintam a necessidade de
aborda-lo, executável no intervalo de tempo disponível, fundamental que seja passível
de abordagens multidisciplinares, percebido com alguma importância extraclasse
sendo o professor responsável pela escolhida situação problema, adaptando ao nível
de conhecimento dos alunos.
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O professor sendo o mediador na construção da IR deve deixar claro alguns
pontos antes do início dos trabalhos tais como a periodicidade de apresentação dos
trabalhos desenvolvidos, a quantidade de aulas destinadas para desenvolver a IR,
deixar claro a maneira como será feita à avaliação, ver possibilidade de permitir que
os alunos escolham a forma de trabalho em pequenos grupos ou em um grande
grupo, como será feito a distribuição das tarefas ou ajudar a determinar alguns
elementos da Situação-Problema, entre os muitos que se oferecem.
Ou seja, o professor estabelece as atividades, em linhas gerais, cuidando para
não direcionar as escolhas que os alunos deverão fazer, pois isto significaria interferir
no resultado da IR.
A avaliação no caso particular da IR será feita avaliando o material produzido
pelos alunos, individual ou coletivamente, observado o grau de participação deles nas
atividades, solicitando relatório das participações dos especialistas ou resumos, entre
outros.
Na Tabela 01 está listada atitudes que fazem parte do perfil esperado do professor na
construção da IR.
Tabela 01: Atitudes do professor mediador
Pesquisadora Conhecer o aluno. Descobrir como desafiar e motivar o aluno.
Questionadora Priorizar o “perguntar” em oposição ao “informar”. Propor questões e problemas que promovam um conhecimento novo a partir do conhecimento já existente.
Flexibilidade Não se submeter a procedimentos rígidos. Adaptar-se às circunstâncias do processo. Não permitir um “laissez-faire”.
Modos de Ação
Problematizador Transformar a situação problema em um problema significativo para os alunos. Contextualizar a situação problema.
Interdisciplinar Usar os conhecimentos do senso comum. Usar os conhecimentos disciplinares. Fazer negociar a participação destes conhecimentos com relação à situação problema e ao produto final.
Dialético Promover a comunicação oral e escrita do aluno. Promover o debate técnico, ético e político. Promover o discurso do senso comum e científico.
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PROCEDIMENTO METODOLÓGICO O TRABALHO EM LINHAS GERAIS
Este projeto será realizado com alunos de ensino médio de química do
CEEBJA Paschoal Salles Rosa, esta modalidade de ensino “Educação Jovens e
Adultos”, tem uma particularidade, todo o conteúdo a ser ensinado, de química no
nível de ensino médio, será visto em 128 horas/aula.
Nesta unidade didática, será abordado o projeto, “Como purificar a água e a
sua importância”,a carga horária total a ser trabalhada com os alunos será de 32 horas
aulas. O objetivo é trabalhar de forma multidisciplinar, focando nos conteúdos
químicos, tais como: Mudanças de estado físico, substâncias puras e misturas,
separação de misturas, assuntos importantes na construção desta Ilha de
Racionalidade com o tema em questão, mas também questões éticas, por exemplo, o
uso eficiente da água, reconhecimento da qualidade da água potável, os métodos para
a purificação, tratamento e regeneração da água, sempre tendo como foco a
importância das questões ambientais, tais como sensibilização para a escassez de
água e consumo consciente da água.
Estes conteúdos didáticos serão abordados, pois os métodos de purificação
de água se baseiam nestes temas, por exemplo, no ciclo da chuva que é um método
de purificação natural das águas, percebe-se durante as aulas que os alunos definem
as transformações de estados físicos, por exemplo, a evaporação como a passagem
do estado líquido para o gasoso, mas não conseguem relacionar que este é um
evento de purificação da água suja de um rio, com posterior condensação da água
gasosa em água líquida, caindo na forma de chuva.
Outra maneira que a natureza proporcionou para a filtração da água é o solo,
que pode ser estudada como um método de separação de misturas, observando a foto
abaixo, pode ser observada uma simulação das camadas do solo.
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Foto 01: Adriana T. Lopes
Antes de iniciar o trabalho com a Ilha de Racionalidade, será mostrado um
vídeo sobre como a falta de água no organismo pode gerar problemas de saúde, com
duração de dois minutos e quarenta e um segundos, contido no seguinte endereço
eletrônico,http://www.youtube.com/watch?v=ci_DFud4TlU, e um segundo vídeo sobre
“O que é desidratação” com duração de três minutos e trinta e seis segundos, no
endereço eletrônico, http://www.youtube.com/watch?v=xGnvauTkGlM.
Será proposto para os alunos imaginarem a situação de estarem perdidos em
uma floresta e como poderiam fazer para manter a sobrevivência, principalmente no
quesito, como obter água potável. Será mostrado primeiramente o vídeo
http://www.youtube.com/watch?v=snMhgCCjBo4 com o título “Sobrevivência na selva”,
com duração de um minuto e cinquenta segundos, onde um telejornal fala sobre um
treinamento do exército, e um segundo vídeo onde um aventureiro,
http://www.youtube.com/watch?v=OEalzi6Ddis, demonstra técnicas de purificação de
água no mato com duração de oito minutos e vinte e nove segundos.
A proposta de trabalho para os alunos na forma da construção de uma Ilha de
Racionalidade,será a simulação de uma situação real, um fundo de cena, onde os
alunos colocando-se na posição de estarem perdidos em uma floresta deverão
pesquisar, elaborar esquemas e construir experimentos para obter água potável para
manter a sua vida e das pessoas que estão com eles nesta situação fictícia.
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Partindo dos vídeos apresentados, iniciam-se as etapas da ilha de
racionalidade, sendo a primeira etapa o clichê onde os alunos serão estimulados a
falar sobre o que sabem sobre o tema e como seria estar perdido em uma floresta, o
que eles sabem, do senso comum, como obter água potável ou como purifica-la,
sendo o papel do professor anotar e classificar as ideias apresentadas.
Esta etapa é importante para que os alunos percebam que o conhecimento
científico parte do saber que possuem,e que este saber pode ser utilizado em uma
situação real, sendo realmente necessário e importante. O principal ponto será
apresentar a situação problema de maneira a instigar os alunos a se colocarem como
atores desta situação e se sentirem motivados a resolvê-la como algo que possa
realmente contribuir em uma situação de emergência.
Após esse primeiro levantamento inicia-se a segunda etapa da Ilha de
racionalidade que é o Panorama Espontâneo, o objetivo desta etapa é ampliar a
discussão, tocar em temas que não foram listadas na primeira etapa (clichê), das
várias possibilidades de seguir com o projeto,nesta etapa os alunos direcionam o
caminho que seguirão no projeto. Inicia-se a discussão sobre os possíveis problemas,
e quais materiais e quais os especialistas possivelmente serão pesquisados.
Na terceira etapa os alunos iniciam a consulta aos especialistas e ao material
de pesquisa disponível, aqui se espera que inicie a discussão da equipe para decidir a
direção a ser seguida no projeto, como será possível a obtenção de água purificada
em uma situação de emergência. Estas pessoas podem ser os professores de uma
disciplina, levando em consideração que a consulta não deve se limitar às disciplinas
presentes no estabelecimento, para não levar a uma interdisciplinaridade reduzida.
O professor deve mostrar aos alunos que o ponto de vista do especialista
altera o panorama inicial, por isso a importância de se consultar vários especialistas,
neste momento também podem ocorrer a abertura das caixas pretas, ou seja, o
material didático a ser consultado, nestes momentos podem surgir várias dúvidas
sobre qual caminho seguir no projeto, ou seja surgem as bifurcações, para decidir qual
caminho será o melhor, a escolha podem ser de ordem técnica, ética ou política.
Para a construção concreta de uma IR, não é a complexidade do conhecimento
disponível que importa, mas se ele é utilizável na situação. Além disso, nunca é
demais lembrar que os critérios para um recorte, envolvendo as listas da etapa
anterior, vão depender de quem, para quem, para que e como será produzido o
produto final.
O que deve ser ressaltado que a IR deve ser produto da ação dos estudantes
então nem o professor ou os especialistas devem conduzir a situação, apenas auxiliar,
porém este auxilio, será muito importante para acrescentar seriedade, com um
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conjunto de conhecimento estruturado e organizado, refinando o processo sem correr
o risco de cair na superficialidade.
A quarta etapa da Ilha de Racionalidade é chamada de trabalho de campo,
nesta etapa ocorre um aprofundamento, definido pelo projeto e pelos produtores da
IR, este é o momento em que os participantes do projeto saem do abstrato para entrar
em contato com o concreto, ou seja, é o momento em que se fazem as visitas aos
locais envolvidos, vai se entrevistar as pessoas, montar equipamentos, realizar
procedimentos experimentais, etc. Abandonamos assim o caráter teórico, ligado à
situação, para confrontá-lo mais diretamente com a prática.
Em síntese os objetivos desta etapa são os seguintes:
- Fazer com que o aluno tenha uma noção mais concreta da situação.
- Ampliar o panorama espontâneo.
- Mostrar a dimensão humana presente no projeto.
- Fazer o contexto do projeto interagir com o contexto escolar.
Sendo a química uma ciência experimental é provável que os alunos
encontrem muito material para purificação da água através de experimentos, assim
como acessem vídeos de experimentos na internet. Abaixo estão ilustrados métodos
alternativos que possivelmente os alunos poderão fazer para obtenção de água pura
ou potável.
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Foto 02: Adriana T. Lopes
Nas fotos acima, pode ser visto um experimento muito simples que pode ser
utilizado para a purificação da água. Coloca-se a água a ser purificada em um
recipiente e no meio um recipiente menor, onde será coletada a água purificada, em
seguida, coloca um plástico cobrindo o recipiente maior e coloca um peso ou uma
pedra no centro,o objetivo de colocar uma pedra no centro é formar um cone, onde a
água evaporada irá condensar ao tocar no plástico e escorrerá no recipiente menor.
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Foto 03 : Adriana T. Lopes
Nas fotos acima demonstram um método para obtenção de água potável,
utilizando a transpiração das plantas, que consiste em envolver uma parte da planta e
deixar por um tempo para que inicie a transpiração, pode-se ver na última foto, horas
depois, que a transpiração está intensa, com certa quantidade de água obtida.
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Foto 04: Adriana T. Lopes
O experimento acima demonstra um método simples para a purificação da
água, foi colocado um corante alimentício na água para ilustrar melhor o método. O
método é muito simples, consiste em colocar a água na chaleira e iniciando a fervura
resfria o vapor com um recipiente com gelo, por exemplo, para condensar o vapor de
água. Pode ser observado que tanto o vapor, quanto a água condensada estão
totalmente incolor evidenciando que esse método é simples, rápido e eficiente, porém
o inconveniente é que requer mais utensílios para realiza-lo.
Na quinta etapa abertura aprofundada das caixas pretas, é o momento para se
tratar com rigor conteúdos específicos de uma disciplina dentro da proposta
interdisciplinar e que pode ser desenvolvida simultaneamente com as outras etapas. É
justamente a flexibilidade de organização e as situações ligadas a cada projeto, que
estabelecerão o momento de se efetuar a abertura mais aprofundada de uma caixa
preta.
É neste momento que se faz um bom uso das caixas pretas, utilizando
modelos simples para explicar os conteúdos, promovendo o acesso a linguagem e
modelos científicos e técnicos padronizados.
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Sexta etapa chamada de abertura das caixas pretas sem ajuda dos
especialistas, consideramos a etapa 6 um momento particular da etapa 4. Este
momento pode ocorrer, porque dependendo do lugar onde está sendo aplicado o
projeto, nem sempre temos à nossa disposição especialistas para a abertura das
caixas pretas. Isto fará com que os alunos (ou o professor) assumam a
responsabilidade de fornecer as informações. Desta maneira eles constroem modelos
aproximados e provisórios, que mesmo não contendo todo o rigor necessário, tratam
de situações envolvendo o cotidiano e produzindo um sentimento de autonomia neles.
Em resumo os objetivos desta etapa são os seguintes:
- Promover autonomia dos alunos.
- Fazer o bom uso dos modelos simples.
- Fazer o bom uso dos especialistas.
- Promover o acesso a linguagens e modelos científicos e técnicos padronizados.
Etapa 7 Esquematizando a situação problema, estabelecendo os cenários:
- Organizar e selecionar os dados das pesquisas.
- Apresentar resultado das pesquisas.
- Assinalar os pontos importantes do projeto.
- Servir de referencial para a construção da representação.
- Estabelecer as condições de contorno do projeto.
- Estabelecer critérios para as tomadas de decisão.
- Ajudar a promover uma negociação compromissada.
- Mostrar que os conhecimentos não são fechados e acabados.
A Etapa 8 é chamada de “Elaborando uma síntese da IR, o produto final” ao
elaborar uma síntese da IR, haverá uma ideia da abrangência do projeto, pois a
síntese deverá conter todos os elementos pensados ao longo do projeto e deve
resultar em um produto final, com vistas à situação problema apresentada. Em outras
palavras, resumirá tudo aquilo que foi decidido levar em conta na situação.
Para realiza-la, é necessário fazer as simplificações e resumos, Aqui temos
uma etapa difícil para executar com os alunos, seja no sentido técnico, quando for
para esquematizar, estruturar, teorizar e fazer um resumo para encerrar o trabalho, ou
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no sentido pedagógico, onde o professor deve tomar cuidado para não descaracterizar
as escolhas feitas pelos alunos.
Os principais pontos desta etapa são:
- Fazer resumos e simplificações.
- Considerar as condições de contorno estabelecidas pela Situação-problema.
- Promover uma negociação compromissada.
- Apresentar uma solução para a situação problema (não significa dar a resposta para
uma pergunta).
- Elaborar um produto final, sendo os alunos que decidem, pode ser um texto, um
teatro, um experimento, panfleto, seminário, etc., os alunos irão decidir.
A última etapa, 9 chama-se “Teste da representação construída, a qualidade
da IR”, a inclusão desta etapa reflete a necessidade de se estabelecer critérios, uma
espécie de controle de qualidade. Isto impede que a atividade seja tratada de modo
superficial pelos alunos e pelo professor, inclusive.
Dimensão institucional, envolve uma análise do ponto de vista do conteúdo
programático da disciplina no sentido de verificar se o professor e os alunos estão
desenvolvendo as atividades e os conteúdos previstos no currículo, solicitados pelos
órgãos oficiais, pela direção, pelos colegas de profissão e pela comunidade como um
todo.
Em linhas gerais os objetivos desta etapa são:
- Testar a representação construída e verificar se o modelo elaborado atende a
situação-problema.
- Diminuir a possibilidade da atividade ser tratada de modo superficial.
- Corrigir equívocos conceituais, funcionais, éticos e morais, entre outros.
- Verificar se IR assume as características interdisciplinares no sentido restrito.
- Analisar se os objetivos pedagógicos da Alfabetização Cientifica e Técnica foram
privilegiados.
- Analisar se as atividades atendem o programa regular de ensino.
Para finalizar e resumir as atividades da Ilha de Racionalidade, abaixo a tabela
demonstra os principais objetivos de cada etapa e a carga horária prevista para ser
trabalhada.
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Tabela 02: Objetivos e carga horária para a execução de cada etapa
Etapas da IR Objetivos Carga horária
ETAPA 1: Clichê contextualização da Situação-Problema, representação inicial do problema
1 horas aula
ETAPA 2: Panorama Espontâneo
Ampliar o panorama espontâneo 2 horas aula
ETAPA 3: Consultas aos Especialistas
Escolher os especialistas e especialidades, buscar informações, promovendo os objetivos operacionais
8 horas aula
ETAPA 4: Trabalho de campo
Abandonar o caráter teórico, ligado à situação, para confrontá-lo mais diretamente com a prática
8 horas aula
ETAPA 5: Abertura Aprofundada das Caixas pretas
Momento para se tratar com rigor conteúdos específicos dentro da proposta interdisciplinar, utilizando modelos simples para explicar os conteúdos.
4 horas aula
ETAPA 6: Abertura das Caixas pretas Sem ajuda dos Especialistas
Promover autonomia dos alunos, fazer o bom uso dos modelos simples, fazer o bom uso dos especialistas,acesso a linguagens e modelos científicos e técnicos padronizados
3 horas aula
ETAPA 7: Esquematizando a situação
Organizar, selecionar e apresentaros resultados das pesquisas.
3 horas aula
ETAPA 8: Síntese da IR Fazer resumos e simplificações, apresentar a solução para a situação problema, elaborar um produto final.
2 horas aula
ETAPA 9: Teste da Representação
Testar e verificar se a representação construída atende a situação-problema.
1 hora aula
REFERENCIAS NEHRING, C.M.; SILVA, C.C.; TRINDADE, J.A. DE O.; PIETROCOLA, M.; LEITE, R.C.M.; PINHEIRO, T.F.As ilhas de racionalidade e o saber significativo: o ensino de ciências através de projetos. ENSAIO – Pesquisa em Educação em Ciências,v. 2, n.1. 2002
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SCHMITZ, C. Desafio docente: as ilhas de racionalidade e seus elementos interdisciplinares Uniersidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, agosto de 2004.