ópera barroca Didon
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Transcript of ópera barroca Didon
Apresentação:
A ópera barroca francesa é pouco divulgada
no Brasil. Gerada durante o reino
absolutista de Luís XIV na França, a
tragédie lyrique permaneceu ligada ao nome
de Jean-Baptiste Lully até os dias de hoje.
Este versátil compositor, favorecido e
protegido pelo rei Sol, eclipsou a presença
de qualquer outro compositor que tentasse
sua sorte na carreira lírico-dramática da
corte. Somente após a morte de Lully,
Henry Desmarest pôde apresentar – e com
enorme sucesso – sua própria versão do IV
livro da Eneida de Virgílio, que conta a
história do amor trágico de Dido por Enéias.
O tema, graças a seu conteúdo catártico e
atemporal, tem sido, desde a antiguidade
clássica, assunto predileto de compositores
e autores teatrais ou literários. Esta ópera
nunca foi encenada depois de sua estréia
no século XVII.
Silvana Scarinci Diretora Musical
Sobre o figurino
O barroco é opulento, teatral e
desgovernado. Como criar trajes
opulentos para Dido e Enéas residentes
da corte de Luís XIV sem ouro algum?
Assumimos o lixo!
Foi com o lixo, cheio de alma e
história, que trabalhamos para
desenvolver esta indumentária. “Pegue
seu jeans velho, sua camiseta que não te
serve mais e aí temos a base de nossas
roupas”. Os rolinhos de papel higiênico,
novamente, viraram peruca e os próprios
sacos de lixo viram nossos babados e
frufrus.
...figurino
Foi o jeito certo?
Não sei!
No meio de tantos restos surge a
dúvida de saber se o meu trabalho é
realmente um trabalho ou o delírio de quem
um dia achou que está fazendo arte.
Na falta de estrutura do país que cresce
sem saber crescer, minha inspiração é a
beleza do barroquismo de um Goya
revoltado com sua sociedade em uma fase
negra profunda e a grandeza de um João
Trinta que pede para ratos e urubus
largarem sua fantasia na maior ópera do
mundo.
Se nessas terras tudo se dá um jeitinho,
esse é o jeito que encontramos para realizar
nossos sonhos, pois os sonhos não custam
nada.
Gustavo Krelling
Figurinista.
Elenco:
Didon: Josianne dal Pozzo
Enée: Maico Sant’Anna
Iarbes: Thiago Monteiro
Mars e L’ombre de Sichée: Paulo Barato
Vénus: Márcia Kaiser
La Renomée e Anne: Julcynara Rodrigues
Deux Nymphes: Ariadne Melchioretto, Anna
Cecília Ellendersen
Arcas: Jocir Macedo
Acate e Jupiter:José Brazil
Une magiciènne: Viviane Kubo
Les plaisirs: Anna Cecília Ellendersen, Ariadne
Melchioretto,
Jonatas Monteiro, Jocir Macedo
Les amours: Anna Cecília Ellendersen, Ariadne
Melchioretto
Mercure: Jocir Macedo
Prólogo
Marte, a Fama e sua Comitiva cantam os triunfos, o poder e a glória do Rei, elevando um troféu em sua honra. Mas todos estes ruídos guerreiros perturbam Vênus, que se queixa de não poder restabelecer seu império. Marte e Vênus discutem sobre a superioridade do Amor ou da Glória. Marte anuncia que somente o triunfo na guerra permite a paz no reino para que possa imperar o Amor, ilustrado pela história de Dido.
Ato I
A angústia agita o espírito de Dido no dia
em que desposará o herói troiano Enéias. A
ameaça da cólera de Iarbas, cujo amor tinha
sido por ela desprezado, pesa em sua
consciência. Mas ela está atormentada,
sobretudo pela visão de Siqueu
assassinado reprovando-a por ter traído sua
promessa de fidelidade. Enéias reaparece,
impaciente para se unir à rainha. Os dois
amantes se prometem um amor eterno. Mas
os habitantes de Cartago, com pressa em
render homenagem aos futuros protetores
de sua cidade, vêm celebrar e cantar a
felicidade dos futuros esposos. A festa
acabada, Dido e Enéias decidem apressar
seu casamento, a fim de evitar a cólera de
Iarbas, que acaba de chegar a Cartago.
Ato II
Agitada por um obscuro pressentimento,
Iarbas envia Arcas para buscar
esclarecimentos. Sozinho, Iarbas chora sua
sorte. Mas a cólera abafa seu lamento.
Cheio de desprezo e ira, invoca seu pai
Júpiter e clama por vingança. Júpiter surge
e promete cumprir sua resolução se Dido
lhe recusar seu amor. O deus tenta
apaziguar o furor de Iarbas chamando as
Dríades e os Faunos do bosque de Cartago.
Iarbas percebe Enéias que se prepara para
partir e os dois rivais se confrontam
exaltados: o rei de Getúlia usa várias
tentativas de intimidação, enquanto Enéias
provoca seu ciúme. Exasperado, Iarbas
empunha sua arma contra Enéias, mas
Vênus aparece e encobre seu filho sob uma
nuvem protetora, deixando Iarbas entregue
à sua dor e às suas ameaças contra a
rainha.
Ato III
Inquieta com o atraso de Enéias, Dido
apela a uma Feiticeira que invoca
Plutão. Surgem Fúrias e Demônios.
Uma Fúria revela o destino de Dido de
maneira enigmática. Encantamento
infernal. A Feiticeira recorre então aos
Demônios aéreos transformados em
Amores para trazer esperança à
rainha. Ana reaparece e conta à
rainha que Enéias se prepara para
deixar Cartago. Dido irada envia sua
irmã para procurá-lo e suplicar que
retorne. Mas a rainha deve suportar os
lamentos e recriminações de Iarbas
que acaba por deixá-la ainda mais
desesperada.
Ato IV
Enéias retorna, mas para anunciar à rainha sua partida de Cartago. Ternas recriminações e furor de Dido acabam por suavizar o coração de Enéias. A rainha ordena uma festa em honra de Cupido. Uma tempestade anunciando a chegada de Mercúrio interrompe a homenagem e dispersa os habitantes de Cartago aterrorizados. Dido se retira com sua corte, mas Enéias é interrompido por Mercúrio que o exorta, em nome de Júpiter, a deixar Cartago. Enéias se sente oprimido diante do dilema. Ele contempla o suicídio enquanto o palácio de Dido parece encoberto pelo fogo e raios. Acate o salva de seus pensamentos sombrios ao forçá-lo a dirigir-se a seus navios.
Ato V
O desespero e desvario de Dido
aumentam quando ela percebe o
navio de Enéias açoitado por uma
violenta tempestade. Ela cai sem
sentidos em meio a uma torrente de
palavras ardentes. Subitamente o
fantasma de Siqueu surge das
sombras do mundo subterrâneo e
condena ferozmente a Rainha.
Despertando de seu desmaio, Dido,
aterrorizada, compreende que ela não
pode escapar ao destino previsto
pelas Fúrias: ela rasga suas roupas,
fere o próprio coração com o punhal
de Enéias e tomba em cena, depois
de seu último lamento.
Direção Musical e Coordenação Geral
Silvana Scarinci estuda a música dos séculos XVI e XVII,
principalmente a música vocal italiana, sob perspectivas
interdisciplinares, com ênfase em literatura, gênero e a
tradição clássica. Publicou o livro acompanhado de CD,
Safo Novella: uma poética do abandono nos lamentos de
Barbara Strozzi (Veneza, 1619 – 1677) (EDUSP e ALGOL
editoras, 2008). Como alaudista, tocou sob a direção de
Nicolau de Figueiredo, Nigel North, Martin Gester, Júlio
Moretzsohn,Luis Otávio Santos, entre outros.
Assistência de Direção Musical e Spalla
Atli Ellendersen estudou violino
moderno com os profs. Arne Svendsen
em Copenhague, Dinamarca e Max
Rostal em Berna, Suiça. Estudou violino
barroco com Luis Otávio Santos,
Manfredo Kraemer e Michaela Comberti.
É membro da Camerata Antiqua de
Curitiba e Orquestra de Câmara da
PUC/Pr. Bacharelado em violino pela
EMBAP, mestrando na UFPR.
Eli Siliprandi iniciou estudos de canto com Yaeko Myamoto em Maringá, Paraná. Em 1983
ingressou no Coro da Camerata Antíqua de Curitiba. É Bacharel em Canto pela EMBAP na
classe da de Neyde Thomas. Fez curso de Regência Coral com Mara Campos, Gerard
Galloway (Inglaterra), Jeofrey Mitchel (BBC Londres), curso de Madrigal com Roberto de
Regina e Nicolau de Figueiredo.
Gustavo Krelling iniciou seus estudos de graduação
no curso de Indumentária da UFRJ. É formado em
Educação Artística – Habilitação em Artes Plástica –
pela UFPR e Jornalismo pela Universidade Positivo.
Trabalhou no desenvolvimento de fantasias e
alegorias para a Escola de Samba Imperatriz
Leopoldinense. Mas acredita que sua verdadeira
escola é o mundo, as coisas que quer ver e escutar.