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Ana Filipa Touro Pereira Marques de Moura
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem
da Universidade Fernando Pessoa do Porto
Universidade Fernando Pessoa
Faculdade Cincias da Sade
Porto, 2010
Ana Filipa Touro Pereira Marques de Moura
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem
da Universidade Fernando Pessoa do Porto
Universidade Fernando Pessoa
Faculdade Cincias da Sade
Porto, 2010
Ana Filipa Touro Pereira Marques de Moura
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem
da Universidade Fernando Pessoa do Porto
__________________________________________
Ana Filipa Touro Pereira Marques de Moura
Monografia apresentada Universidade Fernando
Pessoa como parte dos requisitos para obteno
do grau de Licenciada em Enfermagem.
Muitos indivduos que se acham apenas "gordinhos", sofrem de Obesidade e o seu
nmero tem aumentado assustadoramente nos ltimos anos, ao ponto desta doena se
ter tornado a nova pandemia do sculo XXI.
Sumrio
Para que os enfermeiros respondam com competncia e sejam uma mais valia no
contexto da equipe multidisciplinar, quer a nvel da promoo da sade, quer na
preveno da doena, de extrema importncia, dar desde cedo ateno formao
holstica dos alunos de enfermagem. Como tal pareceu-nos pertinente desenvolver um
estudo com a finalidade de analisar os conhecimentos dos alunos do 4 ano da
licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa (UFP) do Porto sobre a
Obesidade.
Para a concretizao e realizao deste estudo foi feita uma pesquisa bibliogrfica em
Portugus, Ingls e Espanhol, relacionada com a problemtica - Obesidade. Pretendeu-
se realizar um estudo do tipo descritivo, baseado numa abordagem quantitativa e
transversal sobre o tema: Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da
Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto.
A populao alvo foram os alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da
Universidade Fernando Pessoa do Porto, a frequentar o ano 2009/2010, tendo sido
seleccionada uma amostra de 45 alunos pelo mtodo de amostragem no aleatria
acidental. Como mtodo de colheita de dados foi utilizado o questionrio.
Sucintamente, relativamente aos dados obtidos, podemos dizer que 62% apresenta
valores de ndice de Massa Corporal (IMC) relativos a Peso Normal, ainda o mesmo
nmero de alunos apresenta Conhecimentos Bons sobre a Obesidade e para 71% dos
alunos a UFP no fomenta o exerccio fsico e o mesmo se passa para a alimentao
saudvel (69%).
Palavras-chave: Obesidade, UFP, Qualidade de Vida.
Many individuals who consider themselves only chubby, suffer from obesity and their
number has increased alarmingly in the recent years to the extent that the disease has
become a new pandemic of the 21st century.
Abstract
For nurses to respond with competence and to be an asset in the context of the
multidisciplinary team, both in health promotion or in disease prevention, it is of
paramount importance, to give early attention to the holistic education of nursing
students. As such we felt it is pertinent to develop a study aimed at assessing the
knowledge of Obesity of the 4th year students' of the Nursing degree at the University
Fernando Pessoa.
To accomplish of this study a review of the literature, in Portuguese, Spanish and
English, related with obesity was performed. It was intended to conduct a descriptive
study, based on a quantitative and transversal approach of the topic: "Obesity:
Knowledge of this issue by the 4th year students of the Nursing Degree at the
University Fernando Pessoa."
The target population is the students who attended the 4th year of the Nursing Degree
during 2009/2010 at the University Fernando Pessoa in Porto. A sample of 45 students
was selected by random non accidental sampling method. For the data collection the
questionnaire method was used.
In a few words, 62,2% of the students have BMI values related to normal weight, the
same number have Good Knowledge about Obesity and to 71% of students say that
UFP doesnt encourage physical activity and the same goes for the healthy eating
(69%).
Key words: Obesity, UFP, Life Quality.
A meus pais e minha irm por sempre me terem apoiado.
Este trabalho resultou de um percurso de grande esforo e dedicao de todos os seus
intervenientes, no sendo nunca um trabalho individual. Deste modo, no culminar deste
percurso, sinto a necessidade de expressar os meus sinceros agradecimentos a todos os
que tornaram possvel a realizao deste projecto:
Agradecimentos
Aos meus pais pela formao dada at ao momento, pelos valores e princpios ticos e
morais que me incutiram, pela compreenso, pelo carinho e apoio que sempre me
deram.
minha irm Joana, por ter estado sempre presente em todos os momentos bons e
menos bons, pelo incentivo e convico de que juntas iramos superar todas as barreiras
que nos foram impostas.
minha av, por ter estado sempre presente, pela confiana que depositou em mim,
pelos conselhos e carinho que me transmitiu no dia-a-dia e pelo desejar, com tanta fora
quanto eu, que esta etapa que agora termina seja rodeada de sucessos. No posso deixar
de lembrar ainda toda a minha famlia.
Ao Ivo, por me ter ensinado a acreditar em mim e nas minhas capacidades, por toda a
sua ajuda, companheirismo, amor, amizade e pacincia.
minha amiga de longa data, Patrcia, pela sua amizade incondicional e pelos bons e
divertidos momentos que passamos juntas.
Aos meus colegas de curso e a todos os professores que me acompanharam e tornaram
positiva toda a minha passagem pela Universidade Fernando Pessoa.
professora Filomena Cardoso, por me ter orientado no projecto de investigao,
pela disponibilidade, pelas preciosas indicaes e formao transmitida.
ndice Pgina
0 Introduo 15
I Fase Conceptual
1. Enquadramento Terico 18
18
1. 1. Obesidade 18
1.1.1. Morfofisiologia da Obesidade 22
1.1.2. Tipos morfolgicos da Obesidade 23
1.1.3. Classificao da Obesidade 24
1.1.4. Preveno 26
1.1.5. Complicaes 33
1.1.6. Obesidade Infantil 34
1.1.7. Tratamento 37
1.1.8. Obesidade e Qualidade de Vida 39
1.2. UFP - Alimentao Saudvel e Exerccio Fsico 40
II Fase Metodolgica
1. Princpios ticos 43
43
2. Questes de investigao 44
3. Objectivos do estudo 44
4. Desenho de investigao 45
4.1. Tipo de estudo 45
4.2. Meio 46
4.3. Populao 46
4.4. Processo de amostragem 46
4.5. Amostra 47
4.6. Variveis 47
4.7. Operacionalizao da parte III do questionrio 47
4.8. Instrumento de colheita de dados 48
4.9. Pr-teste 49
4.10. Tratamento e Anlise dos Dados 49
III Fase Emprica
1. Apresentao e Anlise de Resultados 50
50
2. Discusso dos Resultados 64
IV Concluso 68
V Bibliografia 70
VI Anexos
75
ndice de Figuras
Figura 1- Caracterizao dos dois tipos de Obesidade: Ginide e Andride 24
Pgina
Figura 2- Primeira Roda dos Alimentos - 1977 28
Figura 3- Nova Roda dos Alimentos - 2003 28
Figura 4- Curva de crescimento - IMC/Idade (dos 2-20 anos) no sexo feminino 36
Figura 5-Curva de crescimento-IMC/Idade (dos 2 aos 20 anos) no sexo masculino 36
ndice de Grficos
Grfico 1- Distribuio de frequncias do gnero dos alunos, segundo a amostra 51
Pgina
Grfico 2-Distribuio de frequncias dos alunos que conhecem o tema da Obesidade
52
Grfico 3- Distribuio de frequncias dos alunos segundo a opinio se o tema foi
leccionado nas aulas 52
Grfico 4- Distribuio da frequncia absoluta relativamente s Unidades Curriculares
onde foi leccionado o tema da Obesidade segundo a opinio dos alunos 53
Grfico 5- Distribuio da frequncia absoluta do nmero de grupos em que est
dividida a NRA, segundo os alunos 57
Grfico 6- Distribuio da frequncia absoluta do grupo da NRA que deve ser ingerido
em maior quantidade por dia, segundo os alunos 57
Grfico 7- Distribuio da frequncia absoluta do grupo da NRA que deve ser ingerido
em menor quantidade por dia, segundo os alunos 58
Grfico 8- Distribuio de frequncias da opinio dos alunos sobre se a UFP fomenta
uma alimentao saudvel 59
Grfico 9- Distribuio percentual dos alimentos disponveis nos bares da UFP,
segundo os alunos 62
Grfico 10- Distribuio de frequncias da opinio dos alunos sobre se a UFP fomenta
a prtica de exerccio fsico 62
Grfico 11- Distribuio de frequncias do conhecimento por parte dos alunos dos
desportos da UFP 63
Grfico 12- Distribuio de frequncias sobre se os alunos praticam algum desporto na
UFP 63
ndice de Quadros
Quadro 1- Prevalncia da Obesidade em Portugal em 2001 (dos 18 aos 65 anos) 20
Pgina
Quadro 2- Prevalncia da Obesidade Infantil em Portugal dos 7 aos 9 anos (2007) 21
Quadro 3- Classificao da Obesidade segundo o IMC e o risco de co-morbilidade 25
Quadro 4- Valores de referncia do Permetro Abdominal para os caucasides 26
Quadro 5- Proporo e pores de uma alimentao diria 29
Quadro 6- Valores de Referncia das necessidades energticas dirias 29
Quadro 7-Exerccios relativos a Actividade Fsica leve/moderada e Actividade Fsica Vigorosa 32
Quadro 8- Diagnstico da Sndrome Metablica 34
Quadro 9- Classificao dos conhecimentos relativos parte III do questionrio 48
Quadro 10- Distribuio nominal da idade dos alunos, segundo a amostra 50
Quadro 11- Distribuio de percentual do IMC dos alunos, segundo a amostra 51
Quadro 12- Distribuio de frequncia absoluta da fonte de conhecimento da Obesidade, segundo a amostra 52
Quadro 13- Distribuio nominal da relevncia da abordagem deste tema no curso de Enfermagem de 1 a 8, segundo a amostra 53
Quadro 14- Respostas dos alunos relativamente opinio dos mesmos sobre a Obesidade 55
Quadro 15- Respostas dos alunos relativamente aos seus conhecimentos sobre a Obesidade 56
Quadro 16- Classificao obtida pelos alunos na parte III do questionrio 58
Quadro 17- Distribuio de frequncias da alimentao das trs cantinas da UFP, segundo os alunos 61
Quadro 18- Distribuio nominal do que os bares da UFP tm para oferecer nos lanches da manh/tarde, segundo a amostra 61
Lista de Siglas
DGS Direco Geral da Sade
EIFC - Enfermagem Interveno Familiar e Comunitria
EMC - Enfermagem Mdico-Cirrgica
EMI - Enfermagem Materno-infantil
FCNAUP - Faculdade de Cincias da Nutrio e Alimentao da Universidade do Porto
Fi - Frequncia Absoluta
fi - Frequncia Relativa
FPE - Fundamentos e Procedimentos de Enfermagem
IMC ndice de Massa Corporal
IOTF - International Obesity Task Force
LE - Lnguas Estrangeiras
NIH - National Institutes of Health
NRA - Nova Roda dos Alimentos
NS/NR - No sabe/ no responde
OMS Organizao Mundial de Sade
SPEO - Sociedade Portuguesa de Estudo da Obesidade
UFP Universidade Fernando Pessoa
Cal - calorias
Abreviaturas
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
15
A Obesidade caracteriza-se por um aumento de peso devido a um excesso de gordura
(Nobrega, 2008). Quem sofre desta doena "admite que gordo, mas normalmente no
gosta que lhe chamem obeso" (Pvoas, 2009, p.25).
0 - Introduo
A investigao em Enfermagem surgiu no seguimento das ideias e das prticas
veiculadas por Florence Nightingale, no decorrer da segunda metade do sculo XX,
durante a Guerra da Crimeia (Fortin, 2003).
Segundo a Ordem dos Enfermeiros (2006), a investigao em enfermagem :
" (...) um processo sistemtico, cientfico e rigoroso que procura incrementar o conhecimento nesta
disciplina, respondendo a questes ou resolvendo problemas para benefcio dos utentes, famlias e
comunidades. Engloba todos os aspectos da sade que so de interesse para a enfermagem."
Sendo a Obesidade segundo a Organizao Mundial de Sade (OMS) a "epidemia do
sculo XXI" e da responsabilidade dos profissionais de sade a sua preveno e
tratamento, considerou-se pertinente o projecto subordinado ao tema: "Obesidade:
Conhecimentos dos alunos do 4 Ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade
Fernando Pessoa do Porto" para o trmino da Licenciatura em Enfermagem.
Para a realizao deste estudo foram propostos alguns objectivos para que se
conseguisse responder s questes de investigao. Os objectivos deste estudo so:
Analisar os conhecimentos dos alunos do 4 Ano da Licenciatura em
Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto sobre a Obesidade;
Conhecer a opinio dos alunos do 4 Ano da Licenciatura em Enfermagem da
Universidade Fernando Pessoa do Porto quanto relevncia da Obesidade para a
Enfermagem;
Perceber se os alunos do 4 Ano da Licenciatura em Enfermagem da
Universidade Fernando Pessoa do Porto aproveitam os recursos que a faculdade lhes
proporciona para prevenir a Obesidade.
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
16
Segundo Filho (cit. in Nobrega, 2008) a Obesidade uma doena multifactorial,
caracterizada por um balano calrico positivo. O excesso de peso e a Obesidade
afectam 66.3% da populao adulta e esto na origem de diversas doenas crnicas
(Joseph et al., 2009), que provocam uma diminuio da esperana de vida e deteriorao
da qualidade da mesma. Cerca de um milho de mortes ocorrem anualmente na Europa
por um incremento da carga ponderal (OMS, 2006).
Visto ser objectivo da enfermagem promover, conservar e restabelecer a sade, com
especial interesse pelos factores biolgicos, psicolgicos e scio-culturais e respeitando
as necessidades e direitos da pessoa a quem presta cuidados vital os enfermeiros terem
presente esta patologia como algo a debelar (Costa, 2000).
Partindo dos pressupostos anteriores elaboraram-se como questes de investigao:
Quais os conhecimentos dos alunos do 4 Ano da Licenciatura em Enfermagem da
Universidade Fernando Pessoa do Porto sobre a Obesidade? Qual a opinio dos alunos
do 4 Ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
quanto relevncia da Obesidade para a Enfermagem? Ser que os alunos do 4 Ano da
Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto aproveitam os
recursos que a faculdade lhes proporciona para prevenir a Obesidade?
Surge desta forma, um tema, adequado no s s Cincias de Enfermagem, mas a todas
as vertentes da sade, actual, exequvel e de grande influncia prtica profissional.
Assim sendo, para a realizao deste estudo de investigao, aplicou-se um instrumento
de recolha de dados (questionrio) a uma amostra de 45 alunos do 4 Ano da
Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto.
A nvel acadmico, o estudo ser realizado com vista concretizao dos seguintes
objectivos:
Aprofundar os conhecimentos da temtica em estudo;
Servir de instrumento de avaliao da unidade curricular;
Aplicar a metodologia cientfica aprendida;
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
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Demonstrar os conhecimentos adquiridos e as capacidades desenvolvidas
durante a Licenciatura.
O presente projecto de investigao encontra-se dividido em trs captulos principais.
Para alm da presente introduo, consta uma primeira parte referente fase conceptual,
onde apresentada a fundamentao terica do projecto, sendo abordado o tema da
Obesidade, a sua prevalncia, o IMC, o tratamento mais indicado, as complicaes e a
qualidade de vida e ainda a UFP na preveno da Obesidade.
A segunda parte refere-se fase metodolgica. Neste captulo so apresentados os
objectivos do estudo, bem como as questes de investigao, so descritos os princpios
ticos, o tipo e meio de estudo, a populao e amostra, o processo de amostragem, as
variveis em estudo e a sua operacionalizao, o instrumento de colheita de dados, o
pr-teste e a previso do tratamento estatstico.
A terceira parte a fase emprica, caracterizada pela apresentao e anlise dos
resultados obtidos e discusso dos dados relevantes, permitindo assim concluir o estudo.
Aps estes trs pilares elaborados, apresentada a concluso, toda a recolha
bibliogrfica usada para auxiliar na elaborao do presente projecto e ainda no final os
anexos (Anexo I- Ementas semanais; Anexo II- Plano Curricular do curso de
Enfermagem; Anexo III- Parte III do questionrio correctamente preenchida; Anexa IV-
Questionrio).
No que concerne aos resultados, muito sucintamente de destacar que a maioria dos
alunos (62,2%) encontra-se com valores de IMC normais, o mesmo nmero de alunos
apresenta Conhecimentos Bons sobre a Obesidade. Os alunos consideram que o tema da
Obesidade pertinente para a Enfermagem, a mdia que lhe atriburam foi de 6,58
(sendo 1 menos relevante e 8 mais relevante). A maioria dos alunos considera que a
UFP no fomenta a prtica de exerccio fsico (71%) nem a alimentao saudvel
(69%).
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
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I. Fase Conceptual
O enquadramento terico o primeiro pilar para o desenvolvimento do estudo.
Apresenta como funo principal proporcionar um suporte terico, para a prtica da
investigao. Para alm disso tem ainda funo de apoiar, responder e fundamentar a
problemtica em estudo - a Obesidade.
1. Enquadramento terico
1.1. Obesidade:
Desde tempos remotos, que a Obesidade est presente na sociedade, e na pr-histria
era smbolo de beleza e fertilidade (Cunha, Neto, Junior, 2006). Segundo Cunha (1998,
cit. in Cunha, Neto, Junior, 2006) as deusas no perodo Neoltico, eram admiradas pelos
seus seios, quadris e coxas volumosas, e simbolizadas em esttuas e pinturas. So
exemplos destes smbolos a Deusa de Willendorf e a Deusa de Milo, os "nus" de
Rubens e as "mulheres" de Renoir (Seleces do Readers Digest, 1998, Carrada, 2002).
Hipcrates, considerado por muitos autores como o "pai da medicina", foi um mdico
greco-romano que j considerava a Obesidade como uma doena e num dos seus
escritos mencionou os perigos da Obesidade para a sade e afirmou que a morte sbita
era mais comum em indivduos gordos do que em magros (Cunha, Neto, Junior, 2006).
Ainda Galeno, discpulo de Hipcrates subdividiu a Obesidade em natural ou moderada
e mrbida ou exagerada. Este considerava a Obesidade uma consequncia da
indisciplina do indivduo, seleccionando como tratamento corridas, massagens, banho,
descanso e a refeio devia ser predominante em alimentos com baixo valor calrico
(Cunha, Neto, Junior, 2006).
Com as mudanas nos padres de beleza, a apreciao de corpos robustos foi trocada
por corpos esbeltos e magros o que obrigou a um sofrimento de jejuns prolongados por
parte de muitas mulheres, no entanto os grandes senhores das sociedades continuaram
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
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com os maus hbitos alimentares (Cunha, Neto, Junior, 2006). Ainda hoje a magreza
extrema tida como sinal de beleza e jovialidade. No entanto, devido ao incremento de
alimentos hipercalricos sem valor nutricional, a Obesidade est cada vez mais patente
na sociedade, sendo por isso motivo de diversos estudos (Teles, Reis, Dias, 2008).
Segundo Teles, Reis, Dias (2008, p. 33) a Obesidade:
" (...) uma sndrome de origem multifactorial, em que factores relacionados com o ambiente, (...)
alimentos ricos em gorduras e acares, o sedentarismo, o stresse, e as alteraes do comportamento, se
interligam com factores de origem gentica".
O mdico Claude Bouchard, realizou uma experincia onde demonstrou que mesmo
havendo uma predisposio gentica para a Obesidade, possvel evit-la mantendo
uma dieta equilibrada e actividade fsica (Cunha, Neto, Junior, 2006).
A experincia foi realizada com ndios da regio sul dos Estados Unidos, Arizona. Estes
indivduos eram fisicamente activos, com peso normal e aparentemente saudveis,
ingeriam alimentos saudveis e naturais. Quando estes foram transferidos para reservas,
no tendo necessidade de trabalhar na agricultura para obter alimentos e mudando os
seus hbitos alimentares, passando a ingerir bebidas alcolicas e alimentos
hipercalricos, estes indivduos tornaram-se obesos (Cunha, Neto, Junior, 2006).
A Obesidade uma doena crnica prevalente tanto em pases desenvolvidos como em
desenvolvimento e apesar do esforo que os profissionais de sade esto a ter, quer a
nvel nacional quer internacional, para combater esta doena, ela continua a evoluir de
forma drstica, assumindo nos nossos dias propores preocupantes, atingindo j as
faixas etrias mais jovens (OMS, 2000).
A prevalncia da Obesidade est a aumentar por todo o mundo, variando a sua
distribuio consoante a localizao geogrfica, tornando-se uma ameaa sade para a
populao mundial (OMS, 2000, Swinburn, et al., 2004).
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
20
Segundo Swinburn et al. (2004) esta doena mais comum em pessoas de estrato
socioeconmico alto e nas zonas urbanas. Estes autores referem ainda uma maior
prevalncia nas mulheres, no entanto com tendncia para diminuir.
Mais de 1,1 bilio da populao mundial tem excesso de peso e desses, 300 milhes so
obesos. Os Estados Unidos lideram na prevalncia apresentando 60 milhes de obesos
(International Obesity Task Force (IOTF), Rucker et al., 2007).
Na Unio Europeia mais de 200 milhes de pessoas adultas so obesas ou tm excesso
de peso. Segundo valores da IOTF na maioria destes 25 pases registou-se um aumento
de 10 para 40% da Obesidade nos ltimos dez anos (Carmo et al., 2006)
Em 2001 a Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO), juntamente com
a Direco Geral da Sade (DGS) e a Faculdade de Cincias da Nutrio e Alimentao
da Universidade do Porto (FCNAUP), elaborou um estudo de prevalncia da Obesidade
a nvel nacional onde os principais resultados esto presentes no quadro abaixo.
Classificao Homens Mulheres
Pr-obeso 41,1% 30,8%
Obeso grau 1 11,3% 12,2%
Obeso grau 2 1,2% 2,2%
Obeso grau 3 0,4% 1%
Quadro 1- Prevalncia da Obesidade em Portugal em 2001 (dos 18 aos 65 anos). Retirado de SPEO.
Dados de 2006 indicam que em Portugal 37% da populao tinha excesso de peso e
14.5% era obeso (SPEO).
Relativamente prevalncia da Obesidade em idade peditrica inquietante a
proporo que ela est a tomar. Esta tem vindo a aumentar gradualmente e na
actualidade cerca de dez vezes mais alta do que em 1970 (OMS, 2006).
Segundo a OMS (2007 cit. in Tauber, 2010) em Portugal nas crianas dos 7 aos 9 anos a
prevalncia da Obesidade est apresentada no seguinte quadro:
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
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Quadro 2 - Prevalncia da Obesidade Infantil em Portugal dos 7 aos 9 anos (2007). Retirado de OMS
(2007 cit. in Tauber, 2010).
Com o nome vindo do latim obesus, a Obesidade definida como o aumento da
quantidade de gordura corporal ou de tecido adiposo (Matos, 2005 cit. in Claudino,
Zanella 2005).
A OMS (cit. in Teles, Reis, Dias, 2008, p. 23) definiu a Obesidade como:
" (...) uma doena em que o excesso de gordura corporal acumulada pode atingir graus capazes de afectar
a sade, tanto mais que, uma vez instalada, tende a autoperpetuar-se, constituindo-se como verdadeira
doena crnica."
A Obesidade a acumulao excessiva de tecido adiposo onde o indivduo tem um
aumento de peso superior a 25% do que seria normal. Pode ser de causa exgena ou
endgena se for devido a uma "superalimentao" ou devido a perturbaes metablicas
(Manuila, et al., 2003).
A Obesidade uma doena crnica que com o decorrer do tempo conduz a mltiplos
riscos para a sade. Esta doena ocorre devido ao excesso na ingesto de alimentos em
relao ao que o indivduo geneticamente predisposto gasta, ficando portanto com um
balano energtico positivo (Teles, Reis, Dias, 2008).
Barbosa (2004) elaborou duas definies para distinguir a Obesidade do Excesso de
Peso, pois existe uma linha muito tnue entre elas. Excesso de peso o estadio que
antecede a Obesidade, caracterizado pelos valores de IMC situados entre o normal e a
Obesidade. Obesidade a condio na qual o indivduo apresenta uma quantidade
excessiva de gordura corporal.
Raparigas Rapazes
Excesso de Peso 21.4% 19.1%
Obesidade 12.3% 10.3%
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
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Em linhas gerais a Obesidade simplesmente o desequilbrio que ocorre entre a
ingesto e o gasto de energia, em que o excesso do primeiro conduz a um aumento do
peso corporal quando no h gasto de energia, estando associado a uma mortalidade
prematura, uma morbilidade crnica e necessidade de um aumento dos cuidados de
sade.
1.1.1. Morfofisiologia da Obesidade
O corpo humano controla com grande preciso o peso e a massa gorda ao regular as
entradas e sadas de energia. A alimentao a forma de entrada de energia no
organismo, sob a forma de calorias (cal), pelos glcidos, lpidos e protenas, que
posteriormente vo ser armazenados nas clulas do tecido adiposo, os adipcitos. J os
gastos energticos esto divididos em trs nveis, como explica Tauber (2010):
O primeiro prende-se com a taxa metablica de repouso e entende-se pela energia que o
organismo necessita quando est em repouso representando aproximadamente 70% do
dispndio total de energia. Varia de indivduo para indivduo pois tem como variveis a
idade, o sexo e a estatura.
O segundo o gasto de energia necessria para a digesto, que representa 10 a 20% do
dispndio total de energia. O terceiro nvel corresponde actividade fsica quotidiana
que tal como o anterior representa entre 10 a 20 % do dispndio total de energia.
O nvel trs o nico passvel de ser modificado pelo que quando ocorre um aumento
da entrada de energia, deve tambm ser aumentada a actividade fsica para que a
balana mantenha o peso equilibrado.
O tecido adiposo tem como funo sintetizar cidos gordos e armazen-los sob a forma
de triglicerdeos nas suas clulas, no entanto tambm capta glicose em perodos de
abundncia (Fortunato, Silva, Pinheiro, 2005).
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
23
Este tecido pode ser dividido em tecido adiposo castanho e branco. As clulas adiposas
castanhas tm como principal funo produzir calor ao organismo e por esta razo
tendem a atrofiar-se na idade adulta, pois os mecanismos de regulao j esto
totalmente desenvolvidos nesta fase (Fortunato, Silva, Pinheiro, 2005, Gomes,
Cerqueira, 2009).
Quanto ao tecido adiposo branco a sua principal funo a acumulao de lpidos que
vo constituir as reservas energticas. Tem ainda a funo de produzir hormonas como a
leptina que actua sobre o hipotlamo inibindo o apetite e a de regular o metabolismo dos
glcidos e lpidos (Gomes, Cerqueira, 2009).
No entanto tambm outras hormonas como a grelina (do estmago), alguns pptidos (do
intestino), a insulina (do pncreas) e a melancortina (do crebro) contribuem para o
controlo da Obesidade e das suas complicaes na medida em que induzem a saciedade
e aumentam o consumo energtico quando existe muita quantidade de lpidos e glicose
em circulao (Fortuna, Silva, Pinheiro, 2005).
1.1.2. Tipos Morfolgicos da Obesidade
A Obesidade pode ser classificada segundo a classe, tema que ser abordado adiante
neste estudo ou segundo a morfologia da distribuio do tecido adiposo. Em relao
morfologia esta pode ser subdividida, segundo a maioria dos autores, em dois grupos:
Obesidade Andride e Obesidade Ginide (Teles, Reis, Dias, 2008).
Esta subdiviso importante quando se consideram os riscos e complicaes que
podem advir da Obesidade, pois a Obesidade Andride est na origem de complicaes
mais graves do que a Obesidade Ginide, no entanto no possvel ao indivduo
escolher qual o seu tipo de Obesidade pois esta inerente ao prprio.
A Obesidade Ginide pode tambm ser designada por Obesidade tipo "pra" e
caracterizada pela distribuio de gordura especialmente na metade inferior do corpo
que engloba os glteos e as coxas. Esta o tipo de Obesidade caracterstica no sexo
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
24
feminino e acarreta problemas de carcter psicolgico e mecnico (Ministrio da Sade,
Teles, Reis, Dias, 2008).
A Obesidade Andride mais complexa e pode tambm ser chamada de Obesidade tipo
"ma" ou ainda Obesidade Visceral pois a gordura acumula-se sobretudo na metade
superior do corpo, principalmente na regio abdominal e mais caracterstico nos
homens. Acarreta problemas como Hipertenso Arterial, Diabetes Mellitus,
Dislipidemia, Arteriosclerose e problemas Cardiovasculares (Ministrio da Sade,
Teles, Reis, Dias, 2008).
Figura 1: Caracterizao dos dois tipos de Obesidade: Andride e Ginide. Retirado de Pvoas (2009).
1.1.3. Classificao da Obesidade
Para uma avaliao rigorosa da presena da Obesidade seria necessrio obter o valor
correcto de massa gorda corporal, que geralmente corresponde 10 a 25% de peso nos
homens e 20 a 35% de peso nas mulheres porm os mtodos que conferem mais
preciso no diagnstico so caros e mais ou menos complexos (Teles, Reis, Dias, 2008).
Tauber (2010) refere alguns dos mtodos que, pelas razes acima descritas, so menos
usados para o diagnstico da Obesidade, so eles: a medio da espessura das pregas
cutneas, que consiste em apertar a pele com uma pina especial em diferentes zonas do
corpo como nos braos, anca e regio dorsal e a densitometria ssea bifotnica ou
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
25
DEXA, que consiste em medir o nvel de massa gorda, de massa muscular e a
quantidade de clcio sseo, atravs de um raio-x.
Na prtica, os mtodos mais usados so a Bioimpedncia, o IMC e como co-adjuvante a
avaliao do permetro abdominal. A Bioimpedncia um mtodo facilmente aplicvel
que determina a quantidade total de gua corporal, a massa magra e a massa gorda
(Bassett, et al., 2000, Tauber, 2010).
O IMC pode tambm ser designado por ndice de Quetelet, pois foi Lambert Quetelet,
matemtico, astrnomo e sociolgo belga, que desenvolveu o clculo do IMC em 1969
(Tauber, 2010). Este um mtodo analtico, no laboratorial, que mede a corpulncia e
determinado pela diviso do peso (em quilogramas), pela altura (em metros) elevada
ao quadrado (Teles, Reis, Dias, 2008).
A OMS (cit. in Teles, Reis, Dias, 2008) classificou a Obesidade segundo a classe em
funo do IMC e do risco de co-morbilidade, apresentado no quadro abaixo. Sendo
assim, estamos perante Excesso de Peso quando o IMC igual ou superior a 25 Kg/m2 e
Obesidade quando o IMC igual ou superior a 30 Kg/m2.
Classificao IMC (Kg/M2) Risco de co-morbilidade
Baixo Peso < 18.5 Baixo
Normal 18.5 - 24.9 -------
Excesso de Peso 25.0 -------
Pr-Obesidade 25.0 - 29.9 Aumentado
Obesidade de grau I 30.0 - 34.9 Moderado
Obesidade de grau II 35.0 - 39.9 Grave
Obesidade de grau III 40.0 Muito Grave
Quadro 3- Classificao da Obesidade segundo o IMC e o risco de co-morbilidade. Retirado de OMS (cit. in Teles, Reis, Dias, 2008).
A principal vantagem deste mtodo usar medidas simples, como o peso e a altura e
aplicvel a qualquer que seja o grau de Obesidade, pelo que o mtodo de referncia a
nvel nacional e internacional (Teles, Reis, Dias, 2008). Como desvantagem, os autores
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
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afirmam que nos atletas com elevada massa muscular, o IMC vai ser elevado, no pela
gordura, mas devido ao peso muscular (Bassett, et al., 2000, Ministrio da Sade).
Como co-adjuvante ao IMC, surge a avaliao do permetro abdominal que indica o
risco de complicaes metablicas associadas Obesidade. So admitidos dois nveis
de risco de complicaes, atravs da determinao isolada do Permetro Abdominal,
segundo Lean (cit. in Teles, Reis, Dias, 2008). importante salientar que os valores de
referncia do Permetro Abdominal variam consoante a etnia. No quadro abaixo esto
apresentados os valores de referncia para os caucasides.
Gnero Risco Aumentado Risco Muito Aumentado
Homem 94 cm 102 cm
Mulher 80 cm 88 cm
Quadro 4 - Valores de referncia do Permetro Abdominal para os caucasides. Retirado de Lean (cit. in Teles, Reis, Dias, 2008).
1.1.4. Preveno
A preveno pode ser vista sob trs perspectivas diferentes, so elas: a preveno geral,
a preveno selectiva e a preveno dirigida (Bassett, et al., 2000).
A preveno geral tem como grupo alvo a populao em geral, pelo que as medidas a
tomar devem passar por Educaes para a Sade, Intervenes na Comunidade,
Polticas Nacionais e Legislao, para assim evitar que os indivduos, adquiram maus
hbitos, como uma alimentao rica em alimentos com alto valor calrico e uma vida
sedentria (Teles, Reis, Dias, 2008).
A Educao para a Sade deve assentar essencialmente em dois pilares, a prtica de
exerccio fsico e uma alimentao saudvel. A enfermagem tem um papel essencial na
promoo da sade pelo que o principal responsvel por este ponto (Bassett, et al.,
2000, Teles, Reis, Dias, 2008).
Ainda faz parte deste tipo de preveno o aparecimento de polticas que premeiem os
promotores de estilos de vida saudveis e que apliquem sanes aos que tenham um
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
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papel contrrio (Gonzalez, 2005). As autarquias devem ser incentivadas a criar locais
que propiciem a actividade fsica em zonas urbanas, nas escolas devem ser
implementados programas que fomentem o aumento de horas para a prtica de exerccio
fsico assim como a implementao de alimentos saudveis, ao invs de alimentos
hipercalricos nas cantinas (Teles, Reis, Dias, 2008). Devem ainda ser proibidos os
anncios publicitrios alusivos a alimentos hipercalricos ao redor das instituies
escolares assim como na comunicao social (Gonzalez, 2005, Petry, Marques, 2010).
A preveno selectiva dirige-se aos indivduos com elevado risco de desenvolver
Obesidade, com ou sem susceptibilidade gentica e indivduos sujeitos a factores
capazes de induzir o aumento de peso, como o consumo de certos frmacos e o excesso
de lcool. Neste nvel esto tambm enquadradas todas as pessoas que perderam peso e
para essas as medidas a tomar so as mesmas que so utilizadas na preveno geral, no
entanto a sua execuo deve ser mais dirigida, se necessrio individualizada (Teles,
Reis, Dias, 2008).
O terceiro nvel o mais especfico tendo como populao alvo indivduos com excesso
de peso ou Obesidade e em risco de desenvolverem complicaes metablicas,
cardiovasculares, entre outras, tendo por isso como principais objectivos prevenir o
aumento de peso e o desenvolvimento de co-morbilidades (Teles, Reis, Dias, 2008).
de facto importante neste nvel educar com alta eficcia os indivduos para que seja
possvel obter resultados positivos (Bassett, et al., 2000). Por exemplo, no que diz
respeito actividade fsica, estudos comprovaram que um aumento desta, contribui para
a preveno da evoluo da Diabetes tipo 2 em indivduos com diminuio da tolerncia
glicose, permite ainda uma actuao favorvel num conjunto de factores de risco da
doena coronria e uma reduo ponderal associa-se a uma diminuio da mortalidade
cardiovascular (Teles, Reis, Dias, 2008).
A preveno da Obesidade tem ento dois pilares que pertencem aos hbitos de vida
saudveis, so eles a alimentao saudvel e a actividade fsica e para obter um
equilbrio entre a energia consumida e a energia gasta necessrio que estes pesem o
mesmo nos pratos da balana (Ministrio da Sade, Tauber, 2010).
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
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Segundo Rodrigues et al. (2006) a alimentao saudvel tida como tal quando
completa, onde so introduzidos alimentos de cada grupo da Roda dos Alimentos e
ingerida gua diariamente, equilibrada, quando so introduzidas maiores quantidades
de alimentos pertencentes aos grupos de maior dimenso e menos dos de menor
dimenso e variada quando so ingeridos diferentes alimentos dentro de cada grupo
alternando diariamente.
A Roda dos Alimentos surgiu em 1977, aquando da campanha "Saber comer saber
viver". Esta continha cinco grupos de alimentos, de diferentes tamanhos, sugerindo
assim as propores de alimentos, mediante os grupos, que deviam ser ingeridos
diariamente, no entanto no eram especificadas pores como ilustra a figura 2
(Rodrigues et al., 2006).
Em 2003, aps a avaliao da evoluo dos conhecimentos cientficos e da alterao dos
hbitos alimentares em Portugal foi desenvolvido um projecto, ao abrigo do programa
Sade XXI com a colaborao da FCNAUP, onde foi reestruturada a Roda dos
Alimentos, (FCNAUP, 2006) ilustrada na figura 3.
Figura 2- Primeira Roda dos Alimentos - 1977. Figura 3- Nova Roda dos Alimentos - 2003.
Retiradas de Rodrigues et al. (2006).
As alteraes passaram pela subdiviso de alguns dos anteriores grupos, foi
acrescentada a gua como elemento central e integrante de todos eles, pois esta faz parte
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
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da constituio de quase todos os alimentos e o estabelecimento de pores dirias
equivalentes (Bastos, 2006).
A Nova Roda dos Alimentos continua disposta de forma circular, tendo esta
apresentao sido mantida por ser j identificada e associada vulgarmente a um prato.
composta por sete grupos de alimentos de diferentes dimenses, que indicam a
proporo com que cada um deve estar presente na alimentao diria (Candeias et al.,
2005).
Grupos Proporo Poro
Cereais e derivados, tubrculos 28% 4 a 11
Hortcolas 23% 3 a 5
Fruta 20% 3 a 5
Lacticnios 18% 2 a 3
Carnes, pescado e ovos 5% 1,5 a 4,5
Leguminosas 4% 1 a 2
Gorduras e leos 2% 1 a 3
Quadro 5- Proporo e pores de uma alimentao diria. Retirado de Candeias et al. (2005).
Os valores limites das pores recomendadas correspondem aos valores energticos,
sendo que valores dos limites mnimos so um guia para as crianas at aos 3 anos, os
rapazes adolescentes e homens activos devem guiar-se pelos limites superiores e a
restante populao deve orientar-se pelos valores intermdios (FCNAUP, 2006).
As necessidades energticas dependem do dispndio com a actividade fsica, no entanto
existem valores mdios de referncia e valores abaixo dos quais as necessidades
nutricionais fundamentais podem no estar asseguradas. No quadro abaixo encontram-
se os valores mdios de referncia das necessidades energticas dirias (Candeias, et al.,
2005).
Valores mdios Valores desaconselhados
Mulheres 1500 - 1800 cal
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
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Quando um indivduo pretende perder peso, deve ter em conta que as suas necessidades
energticas devem ser mantidas, pois planos alimentares muito restritos esto
frequentemente na origem de carncias que debilitam o estado de sade (Candeias et al.,
2005).
Assim para manter um peso adequado a cada indivduo a DGS (2005), elaborou uma
srie de recomendaes para uma alimentao saudvel, so elas:
O pequeno-almoo saudvel e completo indispensvel para iniciar o dia. Deve
incorporar leite ou derivados com baixo teor em gordura, po escuro ou de mistura,
sendo excelentes fornecedores de energia e fibras e ainda fruta fresca ou sumos naturais;
Evitar estar mais de 3 horas e meia sem comer; aconselhado fazer pequenos
lanches nos intervalos das trs principais refeies (devem conter o mesmo que a
primeira refeio do dia);
Limitar o consumo total de gorduras (preferir sempre o azeite a outros tipos de
gordura, evitar fritar os alimentos, restringir os produtos de charcutaria, evitar os
molhos gordurosos e retirar toda a gordura visvel dos alimentos);
Aumentar o consumo de frutas, hortalias e legumes (ingerir sopa, os sumos
naturais devem ser ingeridos de imediato para no perderem as vitaminas);
Preferir cereais integrais, pois tm mais fibras, vitaminas e minerais;
Reduzir o consumo de acares simples, pelo que no deve ser adicionado
acar quer aos alimentos quer s bebidas, devem ser evitados os refrigerantes e sumos
de fruta artificial;
Reduzir o consumo de sal, nunca ingerir mais de 5 gramas de sal por dia, no
usar sal fino, moderar a ingesto de guas minerais gaseificadas, limitar a ingesto de
alimentos salgados, optar pelo uso de ervas aromticas e especiarias ao contrrio de sal;
Beber gua simples, em abundncia diariamente;
Ao ingerir bebidas alcolicas faz-lo sempre com moderao e estas devem ser
proibidas em mulheres grvidas, mes a amamentar, e crianas e jovens com menos de
17 anos.
A actividade fsica outro pilar de sustentao dos hbitos de vida saudveis para a
preveno da Obesidade e para isso devia ser acessvel a toda a populao, em
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
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programas operacionais nas escolas e locais de trabalho. No entanto, diversos estudos
realizados demonstram o contrrio, mais de 60% da populao adulta tem uma
actividade fsica insuficiente, sendo o sedentarismo mais prevalente em mulheres,
idosos, indivduos de baixo nvel scio-econmico e indivduos com incapacidades
(OMS, 2003).
A reduo de peso obriga a um desequilbrio energtico negativo e a actividade fsica
torna-se o maior componente modificvel do dispndio energtico total. Para alm de
toda a energia dispendida durante a actividade fsica acresce ainda o aumento da taxa
metablica em repouso ps-exerccio (Teles, Reis, Dias, 2008).
Para a maioria dos obesos a actividade fsica deve ser iniciada de forma gradual.
Inicialmente devem ser incentivados a realizar tarefas da vida diria como subir
escadas, andar a p ou nadar. Com o tempo e avaliando o seu progresso, relativamente
perda de peso e capacidade funcional, devem impor-se exerccios mais rduos como
desportos em equipa, pois esta torna-se uma maneira agradvel de fazer exerccio
(National Institutes of Health (NIH), 2000). Ainda segundo este autor importante que
o indivduo pratique o desporto que mais lhe agradar pois ser uma forma de estar
incentivado e no desistir. Para a maioria das pessoas, a simples caminhada atractiva
como forma de actividade fsica, principalmente para indivduos que estejam j em
excesso de peso ou Obesidade.
O exerccio tem vantagens significativas no combate da Obesidade assim como na sua
preveno, como referem DGS (2005)pois potencia a perda de massa gorda e a
preservao ou aumento da massa isenta de gordura. Tem ainda capacidade para
proteger os ex-obesos contra a perda de massa ssea e da degradao ssea, comum
nestes indivduos. A actividade fsica tem ainda um efeito selectivo na Sndrome da
Obesidade Sarcopnica, isto , tende a reduzir o excesso de massa gorda e a aumentar a
massa muscular dos membros.
Para alm das vantagens na diminuio de peso do indivduo, a actividade fsica
melhora a aptido cardiorrespiratria, a coordenao msculo-esqueltica, reduz a
hipotonia muscular, previne ou reduz o risco cardiometablico, as complicaes e
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
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cardiovasculares relacionadas, o risco de cancro e depresso (Teles, Reis, Dias, 2008).
Outros autores referem ainda diminuir a ansiedade e a astenia, melhorar a auto-estima, a
qualidade do sono e a qualidade de vida em geral (OMS, 2003).
Vrias recomendaes surgiram relativamente quantidade, frequncia e intensidade de
exerccio fsico necessrias para a manuteno do peso corporal no sentido da
preveno do aumento, da perda e ainda da preveno do ganho de peso posterior
perda (Joseph et al., 2009, NIH, 2000).
Segundo Bassett, et al. (2000), a actividade fsica est dividida em duas categorias, a
leve/moderada e a vigorosa, mostrando quais os exerccios que se enquadram em cada
categoria. Para estes autores as actividades dirias podem ser transformadas em
actividade fsica se forem levadas a srio, como mostra o quadro abaixo:
Actividade fsica leve e moderada
(30 minutos)
Actividade fsica vigorosa
(10 minutos) Caminhar depressa Jogging
Andar de bicicleta em modo passeio Andar de bicicleta rpido
Jardinagem; Pintar uma casa; Limpar as janelas Carregar moblia pesada
Golf Natao
Pescar Jogar futebol
Desportos colectivos Esfregar o cho
Quadro 7- Exerccios relativos a Actividade Fsica leve/moderada e Actividade Fsica Vigorosa. Retirado de Bassett et al. (2000).
Segundo a NIH (2000), para colher os benefcios do exerccio fsico necessrio no
mnimo um programa de 30 minutos, trs a quatro vezes por semana. A actividade
efectiva no tem de ser feita apenas num nico perodo de tempo, pode ser dividida em
duas ou trs sesses de dez minutos cada.
Segundo a OMS (2003, pg. 13):
"Physical activity and exercise are recognized to be health-enhancing activities that
promise not only to add years to one's life` but also life to one's years`".
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
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1.1.5. Complicaes
O aumento de peso tem consequncias fsicas e mentais a longo prazo para a populao
e as complicaes esto acrescidas quando a Obesidade surge em idade peditrica
(Tauber, 2010).
Segundo Bassett, et al. (2000), o aumento da mortalidade nos obesos evidente devido
a vrias doenas que ameaam a vida incluindo a Dibetes Mellitus tipo 2, doenas
cardiovasculares, de vescula e cancro gastrointestinal. H tambm um alto risco de
adquirir doenas como raquialgias, artrite, infertilidade e ainda problemas psicolgicos.
Teles, Dias, Reis (2008) dividem as complicaes da Obesidade em cardiovasculares,
respiratrias, digestivas, osteoarticulares e gota, comprometimento da funo
reprodutora, cancro, e complicaes psicossociais.
Relativamente s complicaes cardiovasculares, os autores referem que ocorre uma
diminuio dos valores de presso arterial com a diminuio de peso. Ainda que o risco
de Acidente Vascular Cerebral ou Acidente Isqumico Transitrio esteja presente
quando o permetro abdominal maior que 102 cm. Como complicaes respiratrias
apontam para a Sndrome de Apneia/ Hipopneia Obstrutiva do Sono (Tauber, 2010,
Teles, Reis, Dias, 2008).
A Obesidade visceral est associada comummente ao aumento do risco de litase biliar e
refluxo gastroesofgico. Tem repercusses em ambos os sexos mas predominante no
sexo feminino na degenerao osteoarticular como a gonartrose e a coxartrose e est
associado de forma significativa Sndrome do Ovrio Poliqustico, ao cancro da
mama, do tero e do ovrio. No homem, h associao ao cancro do estmago e da
prstata (Teles, Reis, Dias, 2008).
A Obesidade causa na maioria dos doentes sentimentos de desvalorizao pessoal,
depresso, ansiedade, alterao da imagem corporal, perturbao da personalidade,
desaprovao social, e interaco social diminuda (Teles, Reis, Dias, 2008).
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
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A consequncia mais significativa da Obesidade a Sndroma Metablica que agrupa
algumas das consequncias acima descritas. Esta caracterizada pelo agrupamento de
quatro factores: a Obesidade visceral, a Hipertenso Arterial, a Dislipidemia e a
Hiperglicemia, que elevam o risco de Doenas Cardiovasculares e Diabetes Mellitus.
Este conjunto de factores multiplica por cinco o risco de desenvolver Diabetes e por
dois a possibilidade de Enfarte Agudo do Miocrdio. (Teles, Reis, Dias, 2008)
Segundo a nova definio de Alberti, Zimmet (2006), para um indivduo ser
diagnosticado com Sndrome Metablica tem de ter como critrio obrigatrio
Obesidade Andride e dois dos outros quatro factores, como mencionado no quadro
abaixo. Obesidade Andride definida por Permetro Abdominal:
94 cm (Homens)
80 cm (Mulheres)
(valores para caucasides) Mais 2 dos 4 Factores Seguintes:
Triglicerdeos elevados: >150 mg/dl (ou tratamento especfico)
HDL baixo:
< 40 mg/dl (Homens)
< 50 mg/dl (Mulheres) (ou tratamento especfico)
Presso Arterial aumentada:
85/130 mmHg (ou tratamento especfico)
Glicemia em jejum aumentada:
100 mg/dl (ou Diabetes Mellitus tipo 2 j diagnosticada)
Quadro 8- Diagnstico de Sndrome Metablica. Retirado de Alberti, Zimmet (2006).
1.1.6. Obesidade Infantil
Como referido pela OMS (2006), na Carta Europeia de Luta contra a Obesidade a
epidemia da Obesidade um dos problemas mais srios no mbito da sade pblica,
mas este problema agravado no que concerne s crianas e adolescentes. Segundo
Teles, Reis, Dias (2008), a Obesidade uma doena crnica, multifactorial e multi-
sistmica que na idade peditrica e juvenil adquiriu o estatuto de doena mais comum.
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
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A Obesidade infantil um problema de origem multifactorial que exige uma resposta
coordenada para que o seu combate seja eficaz. Para isso, necessrio tomar medidas
srias, onde todos devem estar implicados, a famlia, os professores, agentes
publicitrios, entre outros (Gonzlez, 2005).
Segundo Tauber (2010), as crianas podem perder peso facilmente, pois esto numa
fase de crescimento, devendo os pais ou responsveis actuar nesta fase, no apenas em
prol de um resultado imediato "perder peso", mas sim adquirir estilos de vida saudveis.
ento nesta fase que se devem mudar os hbitos alimentares e de actividade fsica
como refere a DGS (2006), pois se nada se fizer para combater esta epidemia muitas
crianas e adolescentes que agora esto obesos vo permanecer assim, antecipando
complicaes que eram caractersticas apenas da idade adulta.
As crianas so tentadas diariamente com publicidade de alimentos hipercalricos tanto
fora como dentro de casa, pela comunicao social. Por esta razo j diversos pases
esto a desenvolver medidas para combater esta nova e crescente realidade. A Inglaterra
e a Frana probem a propaganda de refrigerantes na televiso e a Alemanha e a Blgica
probem a venda de refrigerantes nas imediaes das escolas (Petry, Marques, 2010).
Ainda a Federao das Indstrias Portuguesas Agro-alimentares e a Associao
Portuguesa de Alimentos assinaram um acordo a 5 de Novembro de 2009, com o intuito
de a partir de 2010 acabar com as mensagens publicitrias aos menores de 12 anos. No
entanto Gonzlez (2005) refere que ainda no h estudos que comprovem realmente que
a publicidade a nica responsvel pela escolha de certos produtos nefastos para uma
alimentao saudvel, mas que sendo esta uma realidade deve ser banida.
Segundo o coordenador do Plano Nacional de Controlo da Obesidade (Breda, cit. in
Silva, 2009), o controlo da Obesidade Infantil apenas demonstrar resultados
significativos (com uma diminuio do nmero de casos) no ano de 2015, se as
recomendaes da OMS forem tidas em considerao.
A idade peditrica caracterizada por um rpido processo de desenvolvimento e
maturao, pelo que o diagnstico da Obesidade no pode ser feito de forma to linear
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
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como nos adultos (Ministrio da Sade). Em Portugal e segundo o Sistema Nacional de
Sade, recomendado que as crianas realizem todas as consultas propostas e nas
idades certas de superviso de sade infantil (Tauber, 2010).
Desde 1981, que Portugal adoptou as curvas de crescimento do National Centre for
Health and Statistics que do uma ideia de como est o desenvolvimento de cada
criana. Estas curvas so usadas at aos 20 anos e esto presentes no Boletim de Sade
Infantil e Juvenil. At aos dois anos apenas se considera o peso em relao idade e
aps os 20 anos o IMC calculado como para o adulto (Mdart, 2007, Tauber, 2010).
Figura 4- Curva de crescimento - IMC/idade Figura 5- Curva de crescimento - IMC/idade (dos 2 aos 20 anos) no sexo feminino. (dos 2 aos 20 anos) no sexo masculino.
Retiradas de DGS (2006).
Em 2005 e de acordo com o Programa Nacional de Combate Obesidade, foi feita uma
reviso das curvas includas no Boletim de Sade Infantil e Juvenil onde foram retiradas
as curvas de relao peso/ estatura e introduzidas as curvas de IMC/ idade, pois a DGS
considerou serem mais adequadas monitorizao do estudo da nutrio de cada
criana. As tabelas no so iguais para rapazes e raparigas, pois o crescimento tambm
no se d na mesma fase como mostram as figuras 4 e 5, acima ilustradas (DGS, 2006).
Segundo a DGS (2006) se o IMC estiver entre o percentil 85 e 95, para a idade e sexo
da criana, esta encontra-se com Excesso de Peso e os valores acima de 95 definem
Obesidade. Tal como nos adultos, o risco de co-morbilidade est presente em indivduos
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
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obesos, sendo que para valores de IMC superiores ao percentil 95 este risco aumenta
exponencialmente e perante valores de IMC acima do percentil 85 observa-se j um
risco aumentado de doena cardiovascular (Teles, Reis, Dias, 2008).
1.1.7. Tratamento
Existem cada vez mais tratamentos com vista a pr fim a esta pandemia. Dentro deles,
Cunha, Neto, Junior (2006) citam as dietas hipocalricas, a prtica de actividade fsica,
a mudana de hbitos de vida, os tratamentos farmacolgicos e mais recentemente as
intervenes cirrgicas.
Porm como referem Teles, Reis, Dias (2008), existe ainda um enorme grupo de
pessoas que tenta emagrecer, sem superviso clnica, fazendo dieta contnua ou jejum,
sendo esta uma tcnica perigosa, pois sabido que perdas de peso desequilibradas e no
vigiadas conduzem a um aumento da morbilidade e mortalidade. So vrios os
problemas ligados perda sbita de peso, so eles a perda em larga escala de massa
muscular, gua, sdio e potssio. Pode ainda ocorrer hipotenso, taqui ou bradicardia,
cibras, alopcia, amenorreia, doena cardaca, anemia, ansiedade, depresso, e
irritabilidade. Como situao extrema a morte.
Quando um indivduo perde peso, ocorre perda de aproximadamente 75% de gordura e
de 25% de massa muscular (msculo esqueltico e cardaco). Para evitar que haja perda
de massa muscular deve ser includo no tratamento, o exerccio fsico (Teles, Reis, Dias,
2008).
A maioria da populao quer perder peso mas continuar com a vida sedentria que
caracteriza a actualidade, no entanto basta uma simples caminhada de trinta minutos
dirios para que a energia dispendida aumente e evite a perda de massa muscular
(Joseph et al., 2009).
Como referido atrs neste trabalho para evitar a Obesidade essencial a aquisio de
hbitos de vida saudveis, e para isso a alimentao saudvel e a actividade fsica tm
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
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de fazer parte do quotidiano da populao. Como co-adjuvantes os autores apresentam
frmacos e cirurgias (Teles, Reis, Dias, 2008).
A teraputica farmacolgica usada no tratamento da Obesidade aprovada pela Agncia
Europeia do Medicamento tem um importante papel como co-adjuvante da dieta e
actividade fsica para pacientes com IMC 30 ou IMC 27 com co -morbilidade
associada (NIH, 2000).
Os frmacos usados so divididos em dois grandes grupos, os de aco central, a
Sibutramina e a Rimonabant, e de aco perifrica o Orlistat (Teles, Reis, Dias, 2008).
A Sibutramina tem dois efeitos relevantes no combate Obesidade, conduz ao
aparecimento precoce da sensao de saciedade e leva menor ingesto de alimentos, e
provoca o aumento do gasto energtico, por interferncia na termognese. Ocorre ainda
reduo dos nveis de triglicerdeos, colesterol LDL e cido rico (Deglin, Vallerand,
2003, Teles, Reis, Dias, 2008, Infarmed, 2006).
O Rimonabant provoca uma diminuio do apetite e melhora o metabolismo glicdico,
lipdico e do colesterol por aco directa no fgado e tecido adiposo, melhorando o
colesterol HDL e a presso arterial (Teles, Reis, Dias, 2008).
O Orlistat controla a Obesidade e reduz o risco de recuperao de peso aps perda
anterior. Tem aco local a nvel do tubo digestivo diminuindo a absoro da gordura da
dieta (Deglin, Vallerand, 2003, Teles, Reis, Dias, 2008, Infarmed, 2006).
Segundo Amorim (2008), no que concerne ao tratamento cirrgico, a cirurgia baritrica
a tcnica com mais eficcia no tratamento da Obesidade mrbida, Obesidade de grau
III. A cirurgia baritrica consiste em induzir a perda de peso atravs de meios
cirrgicos, onde no esto includos procedimentos estticos.
A cirurgia baritrica opo de tratamento perante pacientes com Obesidade severa,
isto , com IMC 40 ou IMC 35 co m co-morbilidade associada (NIH, 2000).
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
39
Segundo Teles, Reis, Dias, (2008) e Claudino, Zanella (2005) esta cirurgia apresenta
ainda alguns critrios que devem ser tidos em conta tais como:
Ter entre 18 e 65 anos;
Obesidade de longa durao e resistente ao tratamento mdico durante dois anos
(h autores que referem cinco anos) (Cunha, Neto, Junior, 2006);
No apresentar contra-indicao absoluta para cirurgia abdominal major;
Acompanhamento da equipa de psicologia;
Tem de aceitar ser acompanhado na mudana do seu estilo de vida para sempre;
Obesidade exgena;
No apresentar histria de consumo de drogas ou lcool no ltimo ano.
Segundo Teles, Reis, Dias (2008), as cirurgias aceites actualmente dividem-se em dois
grandes grupos, as cirurgias restritivas e as cirurgias redutoras e mal-absortivas.
As cirurgias restritivas tm como funo diminuir a capacidade gstrica e induzir a
saciedade precoce, dele fazem parte a gastroplastia com banda ajustvel e gastroplastia
vertical calibrada (Teles, Reis, Dias, 2008). As cirurgias redutoras e mal-absortivas,
baseiam-se apenas numa nica tcnica cirrgica e deste grupo fazem parte o bypass
gstrico e a derivao blio-pancretica (Erizzi, 2008, cit. in Amorim, 2008).
A Obesidade, doena crnica e de etiologia diversa, est normalmente associada a uma
vivncia psicolgica especfica que necessita de uma mudana comportamental e como
tal importante requerer a ajuda de equipas de sade mental. importante que os
doentes obesos sejam acompanhados durante toda a fase de tratamento para que
diminua a taxa de abandono. O doente deve sentir-se como parte activa das mudanas a
desenvolver e concretizar (Teles, Reis, Dias, 2008).
1.1.8. Obesidade e Qualidade de vida
A relevncia dada Qualidade de Vida tem-se tornado um tema importante para a
sociedade principalmente no que concerne sade (Kluthcovsky, Takayanagui, 2007).
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
40
A OMS (1993), (cit. in Silva, 2005, Bass, Beresin, 2009, Sinzato, 2007), definiu
Qualidade de Vida como:
"(...) a percepo do indivduo sobre a sua posio na vida no contexto da cultura e dos sistemas
de valores nos quais ele vive e em relao aos seus objectivos, expectativas, padres e
preocupaes."
Visto no haver muito consenso nas definies da Qualidade de Vida propostas, Sinzato
(2007, pg. 40) considera que uma possibilidade basear o modelo de Qualidade de
Vida na definio da OMS sobre a Sade: "Sade um estado de completo bem-estar
fsico, mental e social e no meramente a ausncia de doena." Os indivduos obesos
sugerem a influncia negativa que a Obesidade tem no estado de sade e na relao
social, sustentando assim a diminuio da Qualidade de Vida destes.
Como referem Segal e Fandino (cit. in Vasconcelos e Neto, 2008), em pases
industrializados, a Obesidade alvo de preconceitos e discriminao. Esta doena leva
alterao da imagem corporal e consequente desvalorizao da auto-estima, diminuio
do bem-estar e aumento da sensao de inadequao social. Esta situao mais
preocupante na actualidade pelo ideal de beleza que est bem patente na sociedade, a
ideia do corpo magro, firme e esbelto est intrinsecamente ligado beleza fsica (Silva,
2005).
Estudos realizados, sugerem que a Qualidade de Vida dos doentes obesos inferior
quando comparado com indivduos com peso normal (Silva, Ribeiro e Cardoso, 2009).
1.2. UFP- Alimentao Saudvel e Exerccio Fsico
Os programas que esto actualmente a ser aplicados nas escolas relativamente a uma
alimentao saudvel e prtica de exerccio fsico deviam ser alargados at ao ensino
superior, pois nesta faixa etria ainda bom lembrar a importncia de ter uma
alimentao saudvel e a prtica de exerccio fsico, que sob a forma de desportos
colectivos torna-se numa maneira agradvel de manter equilibrado o peso corporal e as
relaes sociais.
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
41
Para Betti e Zuliani (2002), a formao dos jovens deve ser tida como uma educao
integral (corpo, mente e esprito), para que haja um correcto desenvolvimento da
personalidade. Referem ainda que a prtica de exerccio fsico na adolescncia traz
benefcios a longo prazo com o desenvolvimento de atitudes e a adopo de estilos de
vida saudveis na idade adulta.
A Federao Acadmica do Desporto Universitrio (FADU) uma Federao
Desportiva que foca o desporto como uma "ferramenta da formao e educao". A
UFP, faz parte dessa federao e no plo do Porto, dispe de uma Associao Cultural e
Desportiva (composta por elementos da Associao de Estudantes) que d a
possibilidade a todos os alunos de praticarem desporto individual ou colectivo (FADU).
Os desportos oferecidos pela UFP so o Andebol, o Atletismo, o Basquetebol, o Futsal,
o Tnis, o Tnis de Mesa e o Voleibol. tambm importante salientar que alunos que
pratiquem algum destes desportos, podem faz-lo a custo zero e tm direito a mais uma
poca de exames. No presente ano lectivo (2009/2010) por no haver Associao de
Estudantes, a participao nos desportos est suspensa (UFP).
Em 2009 foi inaugurada na UFP a Academia de Sade e Lazer que d a oportunidade
aos alunos, professores e funcionrios de usufruir de um ginsio, saunas e piscinas,
devidamente apetrechados, mas mediante o pagamento de mensalidade (UFP).
O Dirio da Repblica, 2 Srie - N 212 (2009), refere que os alunos tm o direito de
participar nas actividades culturais, recreativas e desportivas da Universidade o que
demonstra a preocupao da UFP em fomentar a prtica de exerccio.
Relativamente alimentao saudvel Costa, Ribeiro, Ribeiro (2001), explicam que a
alimentao escolar deve proporcionar aos alunos alimentos em quantidade e qualidade
suficientes para satisfazer as necessidades nutricionais dos alunos durante o tempo em
que estes permanecem na escola.
A UFP do Porto tem trs cantinas disposio de toda a comunidade acadmica: uma
no plo da Sede, outra no plo de Sade e outra no plo das Clnicas onde para as quais
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
42
so elaboradas ementas semanais facto que permite aos alunos escolher qual o Plo que
tem Alimentao mais Saudvel para os diferentes dias da semana. Foram seleccionadas
trs ementas semanais que se encontram em anexo (Anexo I).
No Dirio da Repblica - 2 srie - N 162 (2008), foi aprovado o curso de Cincias da
Nutrio na UFP, pelo que mais uma razo para que a alimentao dos alunos nesta
faculdade seja a ideal. Este curso pode elaborar ementas saudveis, excluindo alimentos
hipercalricos, refrigerantes e doces e incluir fruta, sumos naturais e vegetais na
alimentao.
A Enfermagem tem tambm responsabilidade na preveno da Obesidade, pois da
competncia do enfermeiro a realizao de Educaes para a Sade nesta rea.
Segundo Santos (2005), a promoo da sade definida pela Carta de Ottawa como o
processo de capacitao que a comunidade tem para melhorar a sua qualidade de vida e
sade, integrando-se mais neste processo.
No curso de Enfermagem da UFP, os alunos tm espao para aprender e aplicar
Educaes para a sade promovendo a sade, principalmente na Unidade Curricular de
Enfermagem de Interveno Familiar e Comunitria I e II - Ensino Clnico (Dirio da
Repblica, 2 srie - N 180, 2006). O Plano Curricular da Licenciatura em Enfermagem
encontra-se em anexo (Anexo II).
Na Unidade Curricular de Enfermagem Mdico-Cirrgica I, foi abordado o tema com
especial ateno para a Cirurgia Baritrica. Pontualmente a Obesidade foi abordada em
cadeiras como Enfermagem Materno-Infantil I e Enfermagem de Urgncia e
Emergncia I. Ainda na Lngua Inglesa I pudemos elaborar trabalhos de grupo com
temas diversos sendo a Obesidade um deles.
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
43
Para a elaborao de um trabalho de investigao essencial respeitar a metodologia,
pois atravs dela que se estabelecem as regras deste mesmo trabalho. Fortin (2003)
defende que a metodologia : o captulo do projecto de investigao que descreve os
mtodos e tcnicas utilizadas nessa mesma investigao, ou seja, o conjunto dos
mtodos e tcnicas que orientam a elaborao da investigao.
II. Fase Metodolgica
1. Princpios ticos
Segundo Fortin (2003), a tica a cincia que tem como objecto de estudo a moral e a
arte de dirigir a conduta. A tica tem como funo, distinguir os comportamentos
humanos em bons e maus segundo um conjunto de normas e valores elaborados
previamente. Para Fortin (2003) so cinco os princpios ou direitos fundamentais
aplicveis aos seres humanos: o direito autodeterminao, o direito intimidade, o
direito ao anonimato e confidencialidade, o direito proteco contra o desconforto e
prejuzo e o direito ao tratamento justo e leal.
Direito autodeterminao - o sujeito pode decidir livremente sobre a sua participao
ou no numa investigao. Tendo em conta este direito os alunos do 4 Ano da
Licenciatura em Enfermagem foram convidados a participar no estudo, tendo de livre
vontade decidido participar e de modo algum foram utilizados meios que
influenciassem os sujeitos.
Direito intimidade - faz referncia liberdade das pessoas de decidirem sobre a
quantidade de informao que querem dar ao participar numa investigao. Este
trabalho de investigao foi pensado para no ser demasiado invasivo, para que o ntimo
de cada participante fosse salvaguardado.
Direito ao anonimato e confidencialidade - est patente quando a identidade do sujeito
no pode ser associada s respostas individuais. Foi pedido a todos os inquiridos que
no se identificassem em nenhuma parte do questionrio, para que fosse garantido o
anonimato e sigilo dos participantes.
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
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Direito proteco contra o desconforto e o prejuzo - so as regras de proteco do ser
humano contra inconvenientes susceptveis de lhe fazerem mal ou de o prejudicarem.
Este trabalho de investigao teve em considerao no prejudicar os participantes.
Direito a um tratamento justo e equitativo - este direito deve ser salvaguardado antes,
durante e aps a participao num estudo. O sujeito tem o direito de ser informado
sobre a natureza, o fim e a durao da investigao para a qual solicitado, assim como
os mtodos utilizados na mesma. Neste estudo foram informados relativamente a todos
os pontos mencionados.
2. Questes de investigao
As questes de investigao so premissas sobre as quais se apoiam os resultados de
investigao (Talbot, 1995 cit. in Fortin, 2003). Para Fortin (2003), a questo de
investigao um enunciado interrogativo, que inclui geralmente a populao em
estudo, assim como uma ou duas variveis. Deste modo e de acordo com os objectivos
propostos para este estudo foram elaboradas as seguintes questes de investigao:
Quais os conhecimentos dos alunos do 4 Ano da Licenciatura em Enfermagem
da UFP do Porto sobre a Obesidade?
Qual a opinio dos alunos do 4 Ano da Licenciatura em Enfermagem da UFP
do Porto quanto relevncia da Obesidade para a Enfermagem?
Ser que os alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da UFP do Porto
aproveitam os recursos que a faculdade lhes proporciona para prevenir a
Obesidade?
3. Objectivos do estudo
Segundo Fortin (2003) os objectivos de um estudo descrevem as variveis, a populao
alvo e a orientao da investigao. Deste modo como objectivos pretende-se:
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
45
Analisar os conhecimentos dos alunos do 4 Ano da Licenciatura em
Enfermagem da UFP do Porto sobre a Obesidade.
Conhecer a opinio dos alunos do 4 Ano da Licenciatura em Enfermagem da
UFP do Porto quanto relevncia da Obesidade para a Enfermagem.
Perceber se os alunos do 4 Ano da Licenciatura em Enfermagem da UFP do
Porto aproveitam os recursos que a faculdade lhes proporciona para prevenir a
Obesidade.
4. Desenho de investigao
Como refere Fortin (2003) o desenho de investigao o plano elaborado de modo a
obter uma resposta vlida s questes de investigao ou hipteses formuladas. Tendo
em conta a definio citada pela autora o desenho de investigao deste estudo
constitudo pelos seguintes elementos: tipo de estudo, meio, populao, processo de
amostragem, amostra, variveis, operacionalizao das variveis, instrumento de
colheita de dados, pr-teste e tratamento e anlise dos dados.
4.1. Tipo de estudo
De acordo com Fortin (2003), o tipo de estudo tem como funo descrever a estrutura
utilizada, quer a questo de investigao descreva variveis, explore a relao entre
estas ou verifique hipteses de causalidade.
Deste modo, pretendemos realizar um estudo quantitativo, descritivo e transversal.
O mtodo de abordagem escolhido para esta investigao foi o quantitativo pois e
segundo Fortin (2003) o mtodo quantitativo um processo de colheita de dados
observveis e quantificveis onde o investigador tem a finalidade de contribuir para o
desenvolvimento e validao de conhecimentos assim como a possibilidade de
generalizar os resultados, prever e controlar os acontecimentos.
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
46
Sendo este um estudo descritivo e como cita Fortin (2003), este tipo de estudo tem por
objectivo descriminar os factores determinantes ou conceitos que, possam estar
associados ao fenmeno em estudo. tambm um estudo transversal pois e segundo
Fortin (2003) fornece informao acerca de uma situao num determinado momento.
4.2. Meio
Segundo Fortin (2003) o meio considerado natural quando os estudos so realizados
fora dos laboratrios. Assim, o questionrio foi aplicado em meio natural, na UFP do
Porto.
4.3. Populao
Segundo Fortin (2003) a populao o conjunto de todos os elementos de um grupo
bem definido com uma ou vrias caractersticas em comum e sobre a qual assenta a
investigao. Perante os objectivos deste estudo a populao foi constituda por oitenta
e dois estudantes do 4 ano da Licenciatura de Enfermagem da UFP do Porto.
4.4. Processo de Amostragem
Entende-se por processo de amostragem, todo o procedimento pelo qual um subgrupo
de uma populao seleccionado de modo a obter informaes relacionadas com um
fenmeno, de modo a que toda a populao esteja representada (Fortin, 2003). Nesta
investigao o processo de amostragem aplicado foi o processo de amostragem no
probabilstico acidental onde segundo Fortin (2003) os sujeitos so includos no estudo
medida que chegam a um local especfico. O instrumento de colheita de dados,
questionrio, foi aplicado aos alunos que estavam presentes no seminrio do Ensino
Clnico Integrao Vida Profissional na UFP do Porto.
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
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4.5. Amostra
Segundo Fortin (2003), a amostra o sub-conjunto da populao, que deve ter presente
as caractersticas dessa mesma populao. uma rplica em miniatura da populao
pelo que neste estudo de investigao a amostra constituda por 45 estudantes do 4
ano da Licenciatura em Enfermagem da UFP do Porto.
4.6. Variveis
Numa investigao importante definir quais as variveis que vo estar em estudo no
decorrer da mesma. Na perspectiva de Fortin (2003, p. 36), variveis so:"qualidades,
propriedades ou caractersticas de objectos, de pessoas ou de situaes que so
estudadas numa investigao."
A varivel utilizada neste estudo classificada como varivel de atributo. De acordo
com Fortin (2003) as variveis de atributo so as caractersticas dos indivduos
participantes no estudo. So geralmente demogrficas: idade, escolaridade, sexo, estado
civil, etc. Neste estudo as variveis de atributo so a idade, o gnero e o IMC.
4.7. Operacionalizao da parte III do questionrio
Segundo Costa e Melo (1998), conhecimento a relao directa que se tem perante
alguma coisa, noo, informao e experincia. Neste estudo, considerou-se o
conhecimento como o acto de conhecer; a ideia que os alunos do 4 ano da
Licenciatura em Enfermagem da UFP do Porto possuem acerca da Obesidade.
Na parte III do questionrio foram feitas 14 afirmaes com duas hipteses de resposta
cada e trs perguntas com trs hipteses de resposta cada. Posteriormente foram
atribudos valores aos itens (foi atribudo o valor de 1 (um) s respostas correctas e 0
(zero) s respostas erradas) e feito o somatrio para saber o nvel de conhecimentos dos
estudantes.
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
48
Para classificar o nvel de conhecimentos teve-se em conta o nmero de respostas certas
e foi feita a diviso em quatro nveis apresentados no quadro abaixo. Em anexo (Anexo
III) encontra-se a parte III do questionrio correctamente preenchida.
Nvel Pontuao Percentagem (%)
Conhecimentos Insuficientes [0-6[ [0-35.3[
Conhecimentos Suficientes [6-10[ [35.3-58.8[
Conhecimentos Bons [10-14[ [58.8-82.4[
Conhecimentos Muito Bons [14-17] [82.4-100]
Quadro 9- Classificao dos conhecimentos relativos parte III do questionrio.
Aps a apresentao do quadro importa definir cada um dos nveis, sendo que para
Costa e Melo (1998) Conhecimentos Insuficientes so aqueles que no chegam ao
esperado, que esto abaixo do que se quer, ou seja, inferior a 6 respostas certas.
Conhecimentos Suficientes, segundo os mesmos autores, esto presentes entre o
medocre e o bom, ou seja, neste caso inferior a 10 respostas certas. Por Conhecimento
Bom entende-se aquele que adequado, de 10 a 13 respostas certas e Conhecimento
Muito Bom aquele que est presente em abundncia, em grande quantidade, abrange
quem respondeu correctamente entre 14 e 17 questes.
4.8. Instrumento de colheita de dados
O instrumento de colheita de dados, utilizado para obteno dos resultados segundo os
objectivos deste estudo, foi o questionrio (Anexo IV). Foi escolhido tendo em conta os
objectivos traados, a populao e amostra seleccionada. Segundo Fortin (2003) este
instrumento necessita que as respostas sejam escritas pelos sujeitos. Traduz os
objectivos de um estudo com as variveis mensurveis. O questionrio elaborado pela
autora do presente projecto de investigao, foi aplicado a 45 alunos da Licenciatura em
Enfermagem da UFP do Porto e est dividido em quatro partes.
A parte I corresponde caracterizao da amostra, com quatro perguntas: 1) idade, 2)
gnero e as perguntas 3) peso e 4) altura serviram apenas para a obteno de uma nova
varivel, o IMC. A parte II corresponde opinio dos alunos, quanto relevncia da
Obesidade para a Enfermagem, e constituda por seis perguntas, abertas e fechadas. A
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
49
parte III corresponde aos conhecimentos dos alunos sobre a Obesidade, constituda
por 14 afirmaes com duas hipteses de resposta (sim e no) e por trs questes
fechadas com trs hipteses de resposta onde apenas uma opo est correcta. A parte
IV tenta perceber se a UFP fomenta a Alimentao Saudvel e o Exerccio Fsico e se os
alunos aproveitam os recursos que a faculdade lhes proporciona para prevenir a
Obesidade, e constituda por oito perguntas, abertas e fechadas.
4.9. Pr-teste
Com o intuito de verificar se as questes constituintes do questionrio eram bem
compreendidas pelos inquiridos e de avaliar a eficcia deste para a realizao desta
investigao, foi elaborado o pr-teste. Para Fortin (2003), pr-teste a medida de uma
varivel efectuada nos sujeitos, antes que seja aplicado o tratamento experimental.
Assim sendo, o pr-teste foi aplicado a um grupo de cinco alunos do 4 ano da
Licenciatura em Enfermagem da UFP do Porto, que no estiveram includos na amostra.
4.10. Tratamento e Anlise dos Dados
Os dados obtidos atravs do questionrio, foram submetidos a tratamento estatstico
atravs do programa EXCEL e SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) for
Windows, verso 17.0. A representao dos dados ser efectuada atravs de quadros e
grficos com a respectiva narrao.
No tratamento e anlise quantitativa, procedeu-se elaborao da estatstica descritiva,
em que se recorreu determinao de frequncias (absolutas (Fi) e relativas (fi)), de
medida de tendncia central (mdias, modas e medianas) e de medidas de disperso
(desvio padro e coeficiente de variao).
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
50
III- Fase Emprica
Este subcaptulo da investigao visa a apresentao e interpretao dos resultados
obtidos, aps o tratamento da respectiva informao presente no questionrio.
1. Apresentao e Anlise dos Resultados
Tal como afirma Fortin (2003), a anlise dos dados de um estudo que englobe valores
numricos comea pela estatstica descritiva o que permite descrever as caractersticas
da amostra e os valores obtidos pela medida das variveis.
Na primeira parte do questionrio obtiveram-se os seguintes dados.
No quadro 10, observa-se a mdia de idades dos inquiridos que 24,24 (tendo como
limite mnimo 21 e mximo 40), a moda 22 e a mediana 23. O desvio padro de
4,129470 e a varincia 17,052525.
Mdia Mediana Moda Desvio Padro Varincia Mnimo Mximo
Idade 24,24 23,00 22 4,129470 17,052525 21 40
Quadro 10 - Distribuio nominal da idade dos alunos segundo a amostra.
Como referido anteriormente na fase metodolgica a amostra constituda por 45
alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da UFP. Pela anlise do grfico 1
podemos verificar que pertencem ao gnero masculino Fi=13 alunos (fi= 0,29) e ao
gnero feminino Fi=32 alunos (fi= 0,71). Desta forma, observa-se que nesta amostra
predomina o gnero feminino.
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
51
Grfico 1 - Distribuio de frequncias do gnero dos alunos segundo a amostra
De acordo com o quadro 11, 8,9% dos alunos enquadram-se no parmetro de Baixo
Peso (25.0) dos quais 26,7% esto na Pr-Obesidade (25.0-29.9), 2,2% na
Obesidade de grau I (30.0-34.9) e nenhum aluno se enquadra nos parmetros de
Obesidade de grau II (35.0-39.9) e Obesidade de grau III (40.0). Podemos ento
constatar que a maioria dos alunos se encontra dentro dos parmetros normais de peso.
Classificao IMC (Kg/m2) Percentagem (%) Baixo Peso < 18.5 8.9
Normal 18.5 - 24.9 62.2
Excesso de Peso
Pr-Obesidade 25.0 - 29.9
28.9
26.7
Obesidade de grau I 30.0 - 34.9 2.2
Obesidade de grau II 35.0 - 39.9 0
Obesidade de grau III 40.0 0
Quadro 11 - Distribuio percentual do IMC dos alunos, segundo a amostra.
A segunda parte do questionrio revelou os seguintes resultados.
De acordo com o grfico 2, constata-se que a totalidade dos alunos conhece o tema da
Obesidade (Fi= 45 alunos fi=1).
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
52
Grfico 2- Distribuio de frequncias dos alunos que conhecem o tema da Obesidade
Tendo todos os alunos conhecimento sobre o tema da Obesidade, foram questionados,
onde obtiveram esse conhecimento, podendo dar mais do que uma resposta. Pela anlise
do quadro 12, 40 alunos mencionam o Curso de Enfermagem, 29 a Internet, 22 a
Comunicao Social, 8 os Conhecidos e 3 Outros. Verifica-se assim, que predomina o
Curso de Enfermagem, como fonte de conhecimento da temtica.
Curso de enfermagem Internet Comunicao Social Conhecidos Outros
N 40 29 22 8 3
Quadro 12 - Distribuio da frequncia absoluta da fonte de conhecimento da Obesidade dos alunos,
segundo a amostra.
Pela observao do grfico 3, constata-se que 80% da amostra (Fi=36) refere que a
temtica da Obesidade foi abordada nas aulas, durante o curso. Por outro lado 20%
(Fi=9) refere que a temtica no foi abordada em nenhuma unidade curricular.
Grfico 3 - Distribuio de frequncias dos alunos segundo a opinio se o tema foi leccionado nas aulas.
Obesidade: Conhecimentos dos alunos do 4 ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa do Porto
53
Para esta questo apenas se consideram 36 alunos pois foi o nmero que respondeu
afirmativamente questo anterior. Podendo os alunos escrever mais do que uma
resposta, constata-se pela observao do grfico 4 que a Unidade Curricular de
Enfermagem de Interveno Familiar e Comunitria (EIFC) foi referenciada 29 vezes,
Enfermagem de Sade Materno-Infantil (EMI) 12 vezes, Enfermagem Mdico-
Cirrgica (EMC) 9 vezes, as Lnguas Estrangeiras (LE) 4 vezes, Fundamentos e
Procedimentos de Enfermagem (FPE) 3 vezes e ainda um aluno afirma desconhecer
(NS/NR) a unidade curricular onde foi leccionada a temtica de Obesidade.
Grfico 4 - Distribuio da frequncia absoluta relativamente s Unidades Curriculares onde foi
leccionado o tema da Obesidade, segundo a opinio dos alunos.
No quadro 13 referida a mdia da relevncia atribuda ao tema da Obesidade dada
pelos alunos do curso de Enfermagem tendo sido aplicada uma escala de 1 para menos
relevante e 8 para mais relevante tendo-se obtido uma mdia de 6,58, para um limite
mnimo de 4 e um mximo de 8, (sendo a moda e a mediana 7). O desvio padro de
0,891599 e a varincia 0,794949.
N Mdia Mediana Moda Desvio Padro