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www.gazetarural.com Director: José Luís Araújo | N.º 363 | Periodicidade Quinzenal | 31 de Maio de 2020 | Preço 4,00 Euros “Todos teremos que contribuir para sairmos desta situação”, diz presidente da Câmara de Sever do Vouga Festa do Município de Proença-a-Nova 2020 em formato diferente Estreia: “Diário de Bordos”, por Luís Serpa Setor do vinho vive dias difíceis Chuva e granizo causam elevados prejuízos na agricultura

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Director: José Luís Araújo | N.º 363 | Periodicidade Quinzenal | 31 de Maio de 2020 | Preço 4,00 Euros

• “Todos teremos que contribuir para sairmos desta situação”,

diz presidente da Câmara de Sever do Vouga

• Festa do Município de Proença-a-Nova 2020 em formato diferente

• Estreia: “Diário de Bordos”, por Luís Serpa

Setor do vinho vive dias

difíceis

Chuva e granizo causam

elevados prejuízos na agricultura

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Ano XV | N.º 363Periodicidade: Quinzenal

Director: José Luís Araújo (CP n.º 7515)E-mail: [email protected] | 968 044 320

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Redacção: Luís PachecoOpinião: Luís Serpa | Jorge Farromba | Júlio

Sá RegoDepartamento Comercial: Beatriz Fonte

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Serviços, Unip. LdaAdministrador: José Luís Araújo

Sede: Lourosa de Cima - 3500-891 ViseuCapital Social: 5000 Euros

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Execução Gráfica: NovelgráficaR. Cap. Salomão, 121 - Viseu | Tel. 232 411 299

Estatuto Editorial: http://gazetarural.com/estatutoeditorial/

Tiragem Média Mensal: 2000 exemplaresNota: Os textos de opinião publicados são da

responsabilidade dos seus autores.

04 Setor do vinho vive dias difíceis e a região do Dão não é exceção

06NERGA e ADSI criam plataforma digital para dinamizar a economia

regional

08“Todos teremos que contribuir para sairmos desta situação”, diz

presidente da Câmara de Sever do Vouga

10 Festa do Município de Proença a Nova 2020 em formato diferente

11 Chuvas fortes e granizo causam prejuízos elevados na agricultura

12Ministério da Agricultura ‘procura’ 35 milhões de euros de apoios ao

setor

14 Porbatata quer colocar a batata na mesa dos portugueses

16 CIM Região de Coimbra lança candidatura para promover a Arte

Xávega

18Estudo europeu analisa consumo de vinho durante o confinamento.

22Frederico Falcão é o novo presidente da ViniPortugal

23Nova plataforma permite aos portugueses fazer ‘Férias em Portugal’

24Município de Manteigas quer ser alternativa às praias do litoral

26Opinião: Mudar a floresta ou mudar as atitudes?

28Regiões de Viseu Dão Lafões e Coimbra lançam concurso para video-

vigilância

29Revista Nature destaca trabalho de cientista portuguesa

32 Opinião: CiB reage às estratégias “Do Prado ao Prato” e “Biodiversida-

de 2030”

34 Vinho Tinto Casa da Ínsua Reserva 2014 medalhado com ouro em

França

36 Gazeta Auto: Hyundai I30N Fastback

38 Diário de Bordos - Todos gostam de Palma I, por Luís Serpa

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nacionais”. Em Portugal, o Governo decidiu atribuir uma ajuda de 10 milhões de euros ao setor, valor que será tirado do ‘envelope’ nacio-nal, ou seja, daquilo que foi atribuído a Portugal para o setor, após a reforma da PAC em 2013, nomeadamente para a promoção em países terceiros e para a reestruturação das vinhas, no quadro do programa VITIS”.

“Em termos globais 10 milhões de euros representam muito pouco, para não dizer quase nada”, defende o dirigente, lembran-do que “se retirássemos do mercado 10% de vinho da última cam-panha (cerca de 650 mil hectolitros), pago a 50 cêntimos o litro, precisaríamos de cerca de 30 milhões de euros apenas para a intervenção no mercado”.

A acrescer a isso, “o que neste momento podemos dizer, com segurança, é que, o que foi decidido e ainda nem sequer está regulamentado, é muitíssimo pouco para aquilo que o setor precisa”, sustenta o presidente da CVR Dão.

Há produtores do Dão em dificuldades

Na região do Dão, e Arlindo Cunha já o afirmou, há produ-tores em dificuldades. “O Dão não é excepção, em relação ao que se passa noutras regiões, com a perda de alguns ca-

nais de comercialização”, lembra o presidente da CVR Dão, lembrando que “houve uma interrupção nos diferentes canais de distribuição e há, efecti-vamente, um lapso de tempo em que não houve procura, pelo que, nesta altura, há vinho a mais no mercado que tem que ser escoado”.

O dirigente mostra-se consciente das dificuldades que esperam o setor na região, pois “a recuperação vai ser muito lenta”, considerando que as duas me-didas excepcionais acima referidas “são fundamen-tais para que o setor se consiga aguentar”. Apesar de tudo, Arlindo Cunha tem esperança que “sendo os vi-nhos do Dão conhecidos pela sua capacidade de guar-da, o setor tenha alguma resiliência e consiga resistir para ultrapassar esta crise”.

Os produtores de vinho em Portugal atravessam dias difíceis. Com os mercados fechados há mais de dois meses, com as vendas para-das, a grande maioria tem as ‘adegas’ cheias e o futuro é incerto, quando se aproxima mais uma vindima. A juntar a isso, com a União Europeia indecisa e sem saber o que fazer, aguarda-se que o Gover-no atenda às propostas do setor, que passam por uma intervenção no mercado e medidas de apoio à armazenagem privada, mas os 10 milhões de euros são insuficientes para as necessidades do setor.

“É reconhecido que os setores da agricultura que mais sofre-ram com esta crise foram as flores e do vinho”, afirmou o

presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Dão à Gazeta Rural. Arlindo Cunha salienta que “os vinhos de gama media baixa, no-meadamente em bag-in-box, vendidos essencialmente nos super-mercados e nas grandes superfícies, e os vinhos de gama media e alta que iam para o canal Horeca sofreram de maneira diferente”. Se os primeiros ainda foram vendendo, os segundos viram as “por-tas fechadas”, não só no canal Horeca como na exportação.

As empresas dos produtores engarrafadores “que nas últi-mas décadas fizeram a imagem do Dão, são as que estão a so-frer mais, pois o mercado está praticamente parado, tal como a exportação, cujos mercados foram muito atingidos, como os Estados Unidos, Brasil, China, França, Alemanha, Suíça, entre outros”, referiu o presidente da CVR Dão.

intervenção no mercado do vinho e apoio à armazenagem privada

Para ajudar a minorar os problemas, as organizações ligadas ao setor, - nomeadamente a ViniPortugal e a ANDOVI, (que congrega as comissões vitivinícolas), mas também as asso-ciações de produtores, - fizeram sentir ao Governo a neces-sidade de atuar e tomar medidas que procurem equilibrar o mercado antes da próxima colheita. É que, lembrou Arlindo Cunha, “nesta altura, e podemos dize-lo com segurança,

grande parte da colheita de 2019 está em stock e estamos a três meses de uma nova vindima”. Por isso, sustenta, “temos que encontrar um destino para os vinhos que não forem vendidos e, pior, não há procura, para evitar que os preços não caiam muito e se deprima os preços das uvas da próxima vindima”.

O presidente da CVR Dão lembra o trabalho feito nas últimas décadas “para conseguir, aos poucos, que os preços médios do vinho fossem subindo, mas com esta crise todo esse trabalho pode ir por água a baixo, o que será uma tragédia”. Nesse senti-do “foram sugeridas ao Governo duas medidas que consideramos fundamentais, - uma intervenção no mercado do vinho e uma medida de apoio à armaze-nagem privada, - para manter o equilíbrio do mercado e evitar que os preços do vinho a granel e das uvas da próxima vindima desçam muito”.

A primeira passa por uma intervenção no mercado, ou seja, “a compra, por um preço garantido, de uma certa quantidade de vinho, destinada sobretudo aos de menor qualidade, que não se aguentam, nomeadamen-te alguns brancos. A segunda é uma medida de apoio à armazenagem privada de vinhos de qualidade, de guar-da. A estes vinhos seria atribuído um subsídio em função do tempo armazenamento, até voltarem a ser colocados no mercado à medida que este fosse reabrindo”, esclare-ceu Arlindo Cunha.

Bruxelas “não está preparada para lidar com esta cri-se”

As medidas propostas não receberam luz verde na reu-nião dos ministros da agricultura da União Europeia. Arlindo Cunha diz que Bruxelas “não está preparada para lidar com esta crise, e remeteu as medidas de apoio para os planos

Enquanto se aguardam as medidas do Governo

Setor do vinho vive dias difíceis e a região do Dão não é exceção

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“BEIRANOSSA” é a nova plataforma digital que permitirá as empresas da região da Guarda e Serra da Estrela beneficiar das vantagens da economia digital e surge com o objetivo de apoiar as empresas da região, em particular do comércio, na procura de novas oportunidades de negócios, de modo a potenciar os seus negócios e superar os constrangimentos do mercado.

A Associação Empresarial da Região da Guarda (NERGA) e a Associação Distrital para a Sociedade de Informação (ADSI)

anunciaram a criação da plataforma ‘online’ para comerciali-zação de produtos locais a nível nacional e internacional, que, segundo os promotores, funciona como um ‘marketplace’ e pretende “ser uma nova ferramenta de vendas para as empre-sas da região, com realce para o comércio local, capaz de abrir novas oportunidades e dinamizar a economia local”.

O presidente do NERGA, Pedro Tavares, disse que a plata-forma digital arrancou com a participação de 20 empresas de vários ramos de atividade. “É uma plataforma em constante atualização e queremos ser aglutinadores de toda a região. Por isso, os novos empresários e produtores que adiram ao projeto serão gradualmente adicionados, pois trata-se de uma plataforma que pretende ter dimensão para as pessoas terem os melhores resultados possíveis”, explicou.

Segundo aquele responsável, a ideia “foi agregar” a região da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela, embora “com o sonho” de também “tentar agregar” o terri-tório da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa. “A ideia é ligar os produtores e os comerciantes no mercado global, primeiro em Portugal e, depois, a nível internacional, para o denominado mercado da saudade”, disse Pedro Tavares.

Segundo as entidades parceiras no projeto, a iniciativa pretende “disponibilizar ao consumidor, num só local e à

distância de um clique, um conjunto variado de bens e serviços, quer para mercado nacional quer interna-cional”. A plataforma, acessível na internet em www.beiranossa.pt, promove venda de produtos dos comer-ciantes e dos produtores da região das Beiras e Ser-ra da Estrela, assumindo-se como um canal de venda alternativo, que permitirá que as empresas da região beneficiem das vantagens da economia digital, numa altura em que o país e o mundo enfrentam a pandemia causada pela covid-19.

“O encerramento da maioria dos estabelecimentos comerciais e o confinamento da população, provocada por esta crise pandémica, trouxeram à tona a importân-cia de as empresas encontrarem canais de vendas alter-nativos, impeditivos da paragem total dos seus negócios”, referem o NERGA e a ADSI em comunicado.

A nota acrescenta que a nova plataforma de vendas ‘online’ permite às empresas “a comercialização, cobran-ça, expedição e gerir o serviço pós-venda dos produtos”, sendo, nos primeiros seis meses, “totalmente gratuita pa-ras os estabelecimentos aderentes”.

A “BEIRANOSSA” agrupa produtos por categorias que se dividem em “Alimentação e Bebidas”, “Beleza, Saúde e Bem-Estar”, “Decoração/Lar”, “Produtos Regionais”, “En-tretenimento”, “Equipamento Tecnológico e Eletrodomésti-cos”, “Escritório e Papelaria” e “Moda e Calçado”.

NERGA e ADSI criam plataforma digital beiranossa.pt

Plataforma ‘online’ comercializa produtos da região das Beiras e Serra da Estrela

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Parque Industrial Coimbrões, Lote 76Apartado 5002, 3501-997 VISEU

Tel.: 232 470 760 | Fax: 232 470 769 | E-mail: [email protected]

www.soveco.pt

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Como ‘viveu’ o concelho de Sever do Vouga os últimos três meses e que efeitos a pandemia está a ter na vida do concelho foi o mote para a conversa com o presidente da Câmara de Sever do Vouga. António Coutinho salientou o trabalho que a autarquia fez para tentar minorar os danos, numa situação nova para todos. Ainda a recuperar dos efeitos da intempérie que no final de 2019 afetou o concelho, o autarca diz que as duas situações “deixam grande marcas”, de forma diferente. Uma das situações é a praia fluvial, destruída pelas cheias, mas cuja abertura está a ser pondera-da pela Câmara, em função das restrições impostas devido ao Covid 19. O próximo futuro não será fácil e António Coutinho lembra que “todos teremos que contribuir para sairmos desta situação”.

Gazeta Rural (GR): Como se viveram os últimos três meses em Sever do Vouga?

António Coutinho (AC): Não foram, com certeza, muito dife-rentes de outros lados. Inicialmente tivemos uma situação rela-tivamente calma, fizemos uma forte sensibilização às pessoas, apelando ao confinamento. Penso que surtiu efeito e foi bené-fico.

Houve empenho da Câmara, colocando todos os meios dis-poníveis, para acompanhamento, sensibilização, proteção e hi-gienização, bem como de apoio às Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) e outras.

Penso que se fez um trabalho perfeitamente visível e re-conhecido por toda a gente. A dada altura tivemos um surto maior, num lar de uma IPSS, e isso resultou num aumento do número de casos. Foi uma situação vivida com grande agita-ção e preocupação.

Neste momento, penso que está controlado e todos os dias temos novos recuperados, o que é encorajador, e te-remos nos próximos dias uma situação bem mais calma, o

que não quer dizer que estejamos menos preocu-pados. Esta foi uma situação completamente nova, que alarmou toda a gente. Contudo, estivemos sempre muito atentos e fomos tentando, por todos os meios, que o problema fosse menor e penso que o conseguimos.

Fizemos tudo o que era humanamente possível, com a disponibilização de todos os meios, com o fornecimento de refeições aos mais carenciados, de máscaras às IPSS, às associações e, de uma forma ge-ral, às pessoas que tiveram que sair dos lares e foram para suas casas.

Criámos um banco de voluntários, um gabinete de crise e de emergência, que fez muitas entregas domi-ciliárias de mantimentos, de medicamentos, de bens de primeira necessidade, para além de máscaras e ou-tro material de proteção.

Estivemos em todo o lado e de forma coordenada. Agora, com mais conhecimento, vamos continuando a fazer o acompanhamento dos casos positivos e da evo-lução dos mesmos. Penso que, até agora, correu bem, dentro de uma normalidade anormal, porque nada será como dantes.

“Estamos a ponderar se vamos abrir, ou não, a praia fluvial”

GR: O concelho de Sever passou no último meio ano por duas situações quase consecutivas, que foram as cheias de Dezembro e agora o Covid. Que marcas isto dei-xa?

aC: Deixam grande marcas. As cheias deixaram marcas mais ao nível da destruição material, de infraestruturas, com

Presidente da Câmara de Sever do Vouga à Gazeta Rural

“Todos teremos que contribuir para sairmos desta situação”

prejuízos bastante elevados. Estamos ainda a travar uma luta grande no sentido de tentarmos obter comparticipação para a recuperação dos espaços degradados e destruídos, quer ao nível governamental, mas também da responsabilidade que a empresa que gere a barra-gem possa ter. É um processo que vínhamos a acompanhar e que não deixámos cair.

Juntando os efeitos do mau tempo a esta pandemia, diria que es-tamos com graves problemas ao nível da reabertura da praia fluvial, porque sofreu grandes danos com as intempéries, que ainda não es-tão recuperados, embora já tenhamos adjudicado uma primeira fase de trabalhos, que irá avançar em breve. A juntar a isto surgem as restrições impostas e as regras para utilização de espaços públicos e das praias que nos vem complicar a situação ainda mais, até porque a praia fluvial tem pouco espaço e estamos a ponderar muito bem se a vamos abrir, quando e como. As coisas conjugadas agravaram ainda mais a situação.

GR: A Câmara cancelou os diversos eventos que tinha previsto para este ano, pelo menos até 30 de Setembro. Que efeitos prá-ticos teve essa decisão e quais os prejuízos?

aC: Têm prejuízos grandes e efeitos práticos diferentes. Desde logo, no início desta crise, o cancelamento da Rota da Lampreia e da Vitela, um evento em que pretendemos valorizar e promover a nossa gastronomia e que é também um incentivo ao comércio local, nomeadamente à restauração. Este setor foi ‘apanhado’ de várias maneiras, desde logo com a não realização de um gran-de evento gastronómico, que habitualmente trás muita gente ao concelho, e de seguida pelo cancelamento da atividade, perden-do a possibilidade de fazer algum negócio. Para a restauração foi muito mau e agora tem que fazer um grande esforço para se manter e para se reorganizar.

GR: Como está a decorrer essa reabertura?aC: Está a ser muito lenta. Alguns restaurantes do nosso con-

celho nem a 50% (longe disso) da sua capacidade estarão a tra-balhar. Neste setor, penso que haverá uma recuperarão gradual, mas é preciso estofo e muita força para aguentar. A restauração foi, seguramente, dos setores mais afetados, mas acredito que vão conseguir recuperar, ainda que lentamente.

A hotelaria e o alojamento local também estiveram parados, mas acredito que estes se vão reerguer mais rapidamente.

GR: Voltando aos efeitos do cancelamento dos eventos…aC: O cancelamento de alguns eventos também afetou este

e outros setores. Umas coisas implicaram noutras. Sabíamos que isso iria acontecer, mas não tivemos alternativa.

Não há condições para a realização de grandes eventos, como a Feira do Mirtilo ou a Ficavouga, que implicam um grande movimento de pessoas. No caso do mirtilo, sabemos que a feira é um grande incentivo aos produtores. Ao nível do município estamos a apoiá-los de outra forma, no tratamento à produção, de modo a que não seja muito afetada com esta situação. A perspetiva é que seja um ano razoável e acredi-tamos que o escoamento do produto se faça com norma-lidade, nomeadamente a exportação, que está, ao que sei, assegurada por parte das empresas de comercialização.

Portanto, há um conjunto de situações que vão afetar toda

a gente, começando pelos comerciantes locais, como os restaurantes, os alojamentos, as lojas comerciais e também os produtores locais. Esta é uma crise generalizada, que afetou todos por igual. Alguns setores vão recuperar mais rapidamente, outros irão demorar mais tempo, com cuidados re-dobrados e com muita força para que tudo volte à normalidade possível.

GR: ninguém tem uma varinha mágica, mas con-segue antecipar alguma coisa do que serão os pró-ximos tempos?

aC: Não quero antecipar, mas vamos ter, segura-mente, uma crise económica e financeira. Isto não nos tocou só a nós, mas nível mundial, e vamos le-var um choque bastante grande e teremos que nos aguentar e todos teremos que contribuir para sairmos desta situação o mais rapidamente possível, sendo certo que os próximos dois anos serão complicados, mas também importantes para a recuperação econó-mica. Certo é que todos vamos sentir isso na pele.

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A Festa do Município de Proença-a-Nova será uma realidade a 12 e 13 de Junho, este ano num formato diferente e nunca antes rea-lizado, mantendo o tema inicial ‘Plantas Aromáticas e Medicinais’.

Proença-a-Nova On Festa será uma emissão online em direto e sem interrupção durante 17 horas, à semelhança de uma emis-

são de um canal televisivo. A transmissão, via Youtube e Facebook, arranca na sexta-feira, dia 12, a partir das 22 horas até às 24 horas, e sábado, dia 13, a partir das 9 horas, com a transmissão em direto das comemorações do Dia do Município. O hastear da bandeira será ao som do hino nacional interpretado por Ana Sofia Ventura, seguindo-se a sessão solene e a transmissão, igualmente em di-reto, da missa a partir da capela de Santo António.

A programação inclui apontamentos de cultura e arte, repor-tagens sobre diversos temas como a ciência e o Centro Ciência Viva da Floresta, o turismo de natureza e as potencialidades dos percursos pedestres, das praias fluviais e da diversidade da nossa flora e fauna ou as nossas associações; nos conteúdos de entretenimento destaca-se a música com o Grupo Coral de Proença-a-Nova, os grupos de música jovem, DJ’s e os tra-dicionais animadores de concertina, a cozinha ao vivo com alguns “chefs” nossos conhecidos e ainda contamos com a

tradicional animação teatral, tudo com um ponto em comum: todos os intervenientes são naturais ou têm raízes no concelho, incluindo o cabeça de cartaz, o humorista Nilton, cujo espetáculo irá ser transmitido no sábado à noite.

“A pandemia deu-nos a oportunidade de inovar, de fazer diferente. Valorizar os nossos recursos é e sempre será uma prioridade do atual Executivo. É da capacidade de nos reinventarmos que dependerá o impacto desta situação no nosso concelho”, afirma João Manso, vice-presidente da Câmara Municipal. Em breve será divulgada toda a programação e os res-

petivos horários. As novidades estarão disponíveis na página oficial do Facebook do Município.

Acontecem nos dias 12 e 13 de Junho

Festa do Município de Proença-a-Nova 2020 em formato diferente

O último fim de semana de Maio não deixa boas recordações aos agricultores de diversas regiões do país. Chuvas fortes e in-tensas quedas de granizo, em vários pontos do Centro e Norte do país, deixaram marcas profundas nas colheitas, nomeadamente ce-reja, maçã, vinha e mirtilo.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfe-ra (IPMA), previa condições meteorológi-

cas adversas para algumas regiões, onde a eleva-da precipitação e a queda de granizo repentina surpreendeu os residentes e provocou estragos em muitos campos agrícolas.

Em Moimenta da Beira e tarouca “a situação é dramática”

No sábado, o mau tempo afectou o norte do dis-trito de Viseu, nomeadamente os concelhos de Ar-mamar, Tarouca e Moimenta da Beira, onde o gra-nizo destruiu pomares de maçã, vinha e cereja. As freguesias do sul do concelho de Armamar foram as mais afectadas. Segundo o presidente da Associação de Fruticultores de Armamar, José Osório, numa pri-meira estimativa, “na freguesia de Cimbres o granizo destruiu por completo vinhas e pomares. Já nas fre-guesias de S. Martinho e São Cosmado a produção está comprometida em cerca de 70%”.

No concelho de Moimenta da Beira “a situação é dra-mática”, referiu Ana Pinto, na Associação de Fruticulto-res Beira-Varosa. Ao que apurámos, a diretora regional de Agricultura e Pescas do Norte visitou a região para se inteirar dos estragos provocados pelo granizo, que des-truiu milhares de hectares de maçã e vinha. Os produ-tores mostram-se desolados e garantem que a produção deste ano ficou arruinada. Recorde-se que a produção de maçã nesta região represente um volume de negócios que ronda os 60 milhões de euros.

Em Moimenta da Beira “a situação é dramática”

Chuvas fortes e granizo causam prejuízos elevados na agricultura

Também o concelho de Tarouca foi muito afectado. Fonte da Câmara local adiantou que “a agricultura no concelho de Tarouca está completa-mente destruída”, nomeadamente cereja, maçã e vinha.

No sul do distrito de Viseu, algumas freguesias dos concelhos de Man-gualde e Nelas foram as mais afetadas, mas Rui Costa, da COAPE, adian-tou à Gazeta Rural que ainda não tem uma estimativa e que vai ser feito o levantamento dos estragos.

Em Sever do Vouga produção de mirtilo foi afetada

O concelho de Sever do Vouga também foi afectado com a queda de granizo, que destruiu muitos pomares de mirtilo e outras culturas. Segundo fonte da autarquia local, as freguesias de Rocas do Vouga e Couto Esteves foram as mais atingidas. Relatos nas redes sociais davam conta da queda de granizo de “dimensões atípicas”, que “caiu intensamente em alguns locais durante vários minutos”.

Cereja da Cova da Beira “muito afectada”

Em plena época de panha da cereja, a região da Cova da Beira também foi fortemente afetada. Para além da cereja, os pomares de maçã e as vinhas também foram atingidos. O presidente da Câmara da Covilhã admite que a produção “está totalmente per-dida”. Em declarações à Rádio Renascença, Vítor Pereira admite um cenário “difícil” para os agricultores.

Já a Câmara do Fundão apelou à “urgente” aprovação de apoios para os agricultores, na sequência da trovada, que ar-ruinou “completamente” o ano agrícola, com prejuízos que podem ascender os 20 milhões de euros só naquele concelho.

“O ano agrícola está completamente arruinado e se não houver rapidamente uma resposta concertada de todos e de diferentes linhas de apoio, estaremos a pôr em causa, para muitos anos, aquilo que é uma das maiores fontes de rendi-mento e de sustentabilidade económica, social e ambiental, como é a agricultura na região”, afirmou o presidente da Câ-mara do Fundão, Paulo Fernandes.

Mas o mau tempo afetou outras regiões do país, nomea-damente no Minho e em Trás-os-Montes, causando estra-gos e prejuízos elevados aos agricultores.

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Está em curso a negociação de medidas adicionais para apoiar o setor agrícola, face ao impacto da Covid-19, através do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR), que podem mobilizar 35 milhões de euros, segundo adiantou Maria do Céu Albuquerque, numa au-dição parlamentar na Comissão e Agricultura e Mar.

“Está em curso a negociação de uma proposta da Comissão Europeia sobre a possibilidade de mais medidas com vista a

apoiar os setores afetados, recorrendo ao Programa de Desenvolvi-mento Rural (PDR), na medida Covid-FEDER [Fundo Europeu de De-senvolvimento Regional], que pode vir a mobilizar até 35 milhões de euros”, avançou a ministra.

A governante sublinhou ainda que o Governo vai reprogramar o PDR 2020, através das medidas já anunciadas e de outras, mi-nimizando as perdas pela diminuição da procura e garantindo as condições para os agricultores e produtores responderem à rea-bertura do canal Horeca (hotéis, restaurantes e cafés).

A ministra da Agricultura vincou também que o Orçamento do Estado está a ser utilizado para garantir que a atividade agrícola não pára, sublinhando que o abastecimento não foi comprome-tido perante a pandemia.

“O Orçamento do Estado contempla aquilo que é necessário para garantir que a atividade não para, nomeadamente a con-trapartida pública nacional do PDR (Programa de Desenvol-vimento Rural) 2020, que chega a todos os agricultores, nas medidas de desenvolvimento rural”, afirmou Maria do Céu Albuquerque, em resposta aos deputados, numa audição parlamentar na Comissão de Agricultura e Mar.

Conforme apontou a governante, todas as linhas de cré-dito, avançadas para travar o impacto da pandemia de Co-

vid-19, são alavancadas com dinheiros públicos do Orçamento do Estado.

A líder do Ministério da Agricultura precisou que, numa primeira fase, foram utilizados mais de dois milhões de euros do orçamento nas linhas de crédito, acrescentando que montante igual vai ser colocado para alavancar a linha de 30 milhões de euros para o setor das flores.

Paralelamente, entre um a dois milhões de euros do orçamento podem ser aplicados na linha que o Governo está a avaliar para apoiar as quebras na pro-dução de cerejas, decorrentes do mau tempo verifica-do entre Março e início de Abril.

Na mesma audição, Maria do Céu Albuquerque no-tou que o abastecimento não foi comprometido face à pandemia, tendo-se registado uma descida na pro-cura devido a alterações nos hábitos de consumo, ao encerramento do canal Horeca (hotéis, restaurantes e cafés), bem como à retração no turismo. “Há um exces-so de oferta e diminuição da procura, portanto há exce-dentes de produção e o que fizemos, até à data, foi para minimizar esta situação”, referiu a ministra da Agricultura, destacando as portarias destinadas às cadeias curtas e a retirada de produtos do mercado.

Exportações agroalimentares subiram mais de 5% por ano na última década

A ministra da Agricultura avançou também que as expor-tações de produtos agroalimentares subiram a um ritmo su-

perior a 5% por ano na última década, acima das importações que avançaram 2,9%. “Nos últimos 10 anos, as exportações cresceram a um ritmo superior a 5% ao ano, quando com-paramos com importações que cresceram 2,9% ao ano, contribuindo para equilíbrio da balança comercial”, indicou Maria do Céu Albuquerque.

A governante sublinhou ainda que este setor “tem um importante peso na economia nacional”, gerando cerca de 4% do valor acrescentado bru-to (VAB) e quase 11% do emprego, representando mais de 7% das exportações de bens e serviços da economia.

Durante a sua intervenção, a ministra notou ainda que, nos últimos tempos, o setor foi sujeito a um “de-safio ímpar”, devido à pandemia de Covid-19, garan-tindo produtos seguros e de qualidade, mas com um aumento de custos e redução das margens de lucro.

Maria do Céu Albuquerque garantiu que é uma prio-ridade do Ministério da Agricultura mitigar os efeitos que a pandemia teve no setor, assegurando, por outro lado, o crescimento económico. Posto isto, a governante agradeceu aos agricultores, produtores, empresários e restantes trabalhadores, associações e entidades do setor agrícola, que asseguraram o abastecimento de alimentos à população, apesar do impacto da Covid-19.

Através do Programa de Desenvolvimento Rural

Ministério da Agricultura ‘procura’35 milhões de euros de apoios ao setor

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A época da batata nova chegou e a Por-batata - Associação da Batata de Portugal lançou o desafio aos consumidores de “pôr a batata em pratos limpos”. Até setembro, está em curso a colheita deste alimento e, para de-safiar os consumidores a colocarem a batata à sua mesa, a Porbatata lançou uma campanha nas suas redes sociais.

“Vamos pôr a batata em pratos limpos?” é o desafio lançado num vídeo que pre-

tende enaltecer os atributos da batata e apelar ao consumo, naquela que é a época de produção mais forte do ano.

Este ano a fileira da batata enfrenta enormes di-ficuldades. A pandemia de COVID-19 praticamente paralisou as vendas para o canal horeca. A par dis-so, são poucas as perspetivas de exportação.

“Amada por uns, incompreendida por outros, a batata é um alimento incontornável da gastronomia portuguesa. Com esta iniciativa queremos lembrar a importância nutricional da batata e o seu papel de destaque na nossa mesa e também na Dieta Mediter-rânica. Estamos na época da batata e, por isso, este é o momento ideal para lembrar os portuguesas da sua importância. É fundamental desfazer mitos e promover o consumo, sobretudo, no contexto atual”, diz Sérgio Ferreira, presidente da Porbatata.

O lançamento oficial desta iniciativa decorreu num webinar que contou com a participação de Nuno Rus-so, Secretário de Estado da Agricultura; Pedro Pimentel, diretor-geral da Centromarca; Rui Paulo Figueiredo, pre-sidente da SIMAB; César Machado, da direção de Marke-ting Estratégico do Crédito Agrícola; Sérgio Ferreira, presi-

Em pratos limpos

Porbatata quer colocar a batata na mesa dos portugueses

dente da Porbatata e Tânia Fonseca, vogal Conselho Fiscal da Porbatata. O evento foi transmitido em simultâneo do canal de YouTube da Por-batata, do Facebook da associação e também do Facebook da revista Frutas Legumes e Flores.

Pilar da gastronomia portuguesa

Esta campanha da Porbatata tem o apoio institucional do Minis-tério da Agricultura e conta com a parceria do Crédito Agrícola. No vídeo, já divulgado, é sublinhado que a batata é uma excelente fonte de energia, utilizada da cabeça aos pés (zero desperdício) e fonte de vitaminas, potássio e cálcio. É um pilar da gastronomia portuguesa, presente nos momentos de maior partilha. “Sou batata portuguesa – No lugar certo, na sua mesa” é o repto deixado.

Em Portugal, o consumo per capita de batata é de 93,6 quilos por ano. É produzida em todo o país, com destaque para as zonas Entre Douro e Minho, Trás-os-Montes, Beira Interior, Beira Lito-ral, Oeste, Ribatejo, Península de Setúbal e Costa Alentejana. No total, a área ocupada pelo cultivo deste alimento totaliza 22 mil hectares e a produção média atinge as 400 mil toneladas anuais.

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Aceitando o desafio lançado pelo Município de Mira, a Comu-nidade Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra reuniu os Municípios de Cantanhede, Figueira da Foz e Mira, as Univer-sidades de Coimbra (UC) e NOVA de Lisboa e o Iceland Ocean Cluster numa parceria para a salvaguarda e sustentabilidade do património singular da Arte Xávega, consolidando as estra-tégias municipais de valorização desta arte.

Historicamente, os três municípios da zona costeira da Re-gião de Coimbra partilham uma tradição de usos e costu-

mes ligados ao mar, o que faz com que esta Região seja uma das zonas de maior expressão da Arte Xávega em Portugal. A can-didatura “Xávega em rede”, inserida no programa EEA Grants, consiste na criação de centros de memórias de Arte Xávega, através da requalificação de imóveis relacionados com esta prática ancestral. Um dos principais objetivos passa por valo-rizar e preservar a memória do conhecimento e exercício das práticas das artes xávegas, promovendo contextos de forma-ção e aprendizagem colaborativa junto de diversos públicos, em particular mais jovem, contribuindo para a promoção da literacia do mar e da sustentabilidade dos oceanos.

É do interesse de todos os parceiros transformar a Arte Xávega em património de interesse municipal. Nesse senti-do, a CIM Região de Coimbra, como entidade promotora da candidatura, vai coordenar o desenrolar das atividades nas suas diversas vertentes, assegurando uma comunicação efi-caz entre os participantes e o cumprimento dos objetivos propostos.

Dotados de conhecimento local privilegiado, os Municí-pios de Cantanhede, Figueira da Foz e Mira serão respon-

sáveis pela implementação das metodologias afetas ao projeto, nomeadamente a requalificação do patri-mónio arquitetónico, estruturas e áreas circundantes, bem como à recolha, partilha e divulgação da memó-ria social e cultural junto das respetivas comunidades, assegurando a sua continuidade a longo prazo. A rede criada pelos municípios promoverá as melhores práti-cas de colaboração entre entidades públicas.

A UC e a NOVA de Lisboa contribuirão para a informa-ção científica acerca da arte xávega e o parceiro islan-dês Iceland Ocean Cluster colaborará com a realização de workshops para dinamizar o intercâmbio entre vários stakeholders.

Consolidando as estratégias municipais de valorização desta arte

CIM Região de Coimbra lança candidatura para promover

a Arte Xávega

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website ou e-mailtodos os dias

Conscientes da importância económica, social e cultural do vi-nho em vários países da União Europeia, a European Association of Wine Economists (EuAWE) e a Cátedra Wine and Spirits do INSEEC, da Universidade de Bordéus, realizaram um inquérito em Espa-nha, Bélgica, Itália, França, Áustria, Alemanha, Portugal e Suíça, a fim de perceberem de que forma o confinamento, durante a pandemia COVID-19, afetou o comportamento dos consumidores europeus de vinho.

A aplicação do inquérito decorreu entre 17 de abril e 10 de maio de 2020. Porém, este primeiro estudo tem por base

6600 respostas obtidas até 30 de abril, em Espanha, França, Itália e Portugal. Os responsáveis do estudo salientam “que a amostra não pretende ser representativa da população dos países estuda-dos, mas corresponder, sobretudo, à população de consumidores de vinho e de outras bebidas alcoólicas”.

Os resultados desta fase do estudo encontram-se disponíveis em www.euawe.com. Posteriormente, e com os dados totais re-colhidos, será efetuada uma “análise estatística e econométrica mais complexa e complementar”.

Frequência crescente no consumo

Nos quatro países, a frequência do consumo de vinho “au-mentou acentuadamente” com o confinamento, tendo “di-minuído” na cerveja e nas bebidas espirituosas. A maior fre-quência no consumo ocorreu na classe etária 30-50 anos e, distintamente, menos nos jovens. Foi em França que este au-mento foi mais acentuado. Também em Espanha, Itália e Por-tugal foi verificado que nas faixas de idade “mais elevadas” a tendência para consumir vinho “é maior”. Fatores como o rendimento familiar e não ter crianças no agregado, “contri-buíram para este aumento”, com as famílias de “rendimen-tos mais baixos a aumentarem a frequência do consumo de cerveja”.

alteração nos padrões de compra e consumo

Os resultados mostram uma redução das des-pesas em bebidas alcoólicas, especialmente em bebidas espirituosas. Também “O preço médio de compra do vinho diminuiu significativamente”. Os supermercados foram, durante o confinamento, o principal local de aquisição de vinhos. As garrafeiras pessoais tornaram-se a “segunda fonte mais impor-tante de abastecimento”, a seguir aos supermerca-dos.

Apesar de mais de 80% dos inquiridos não ter uti-lizado a opção de compra online, “8,3% dos italianos, 6,6% dos espanhóis, 5,2% dos portugueses e 4,6% dos franceses compraram vinho pela primeira vez via Internet”.

No entanto, deu-se a “explosão do fenómeno das provas/degustações digitais”, (provas guiadas através de webinars ou teleconferências). A emergência deste fenómeno é relevante entre jovens estudantes Italianos e entre os franceses “jovens e adultos na classe etária entre os 30 e os 50 anos nas zonas urbanas e com ren-dimentos confortáveis”.

Verificou-se também “um aumento significativo” do consumo de vinho por “pessoas que bebem sozinhas, especialmente entre os homens com rendimentos mo-destos e desempregados”.

Os jovens e os habitantes das zonas urbanas que tra-balham no setor terciário “tendem a beber vinho rapida-mente após a compra”. Uma possível interpretação para este comportamento poderá estar ligada à falta de espaço na habitação ou de garrafeira, e à fraca cultura vínica, por parte dos mais jovens. Os franceses são os mais “propen-sos a guardar o vinho antes de o beberem”, especialmente em agregados familiares com pelo menos dois filhos, ten-dência que “permitiu consumir mais do que inquiridos dos outros países”, durante o confinamento.

Portugal participou com um investigador da UTAD e vice-presidente da EuAWE

Estudo europeu analisa consumo de vinho durante o confinamento aceleradores de consumo

Foi verificado neste estudo que a ansiedade gerada pela pandemia foi “fator impulsionador do consumo de bebidas alcoólicas em todos os países”. Também, além do medo do vírus, os inquiridos expressa-ram um “receio muito forte das consequências económicas da crise sanitária”. Esta “ansiedade económica” teve impacto, no “aumento da frequência do consumo de bebidas alcoólicas”.

Por outro lado, a dimensão do agregado familiar, especialmente no estar sozinho ou sem crianças, verificou-se que foi “maior a ten-dência para consumir bebidas alcoólicas e com maior frequência durante o confinamento”.

Neste sentido, pode ser considerado que fatores como a “soli-dão, o desemprego e o baixo rendimento” originaram o aumento da frequência do consumo de bebidas alcoólicas, mas também, outros, sobretudo por razões pessoais, como “gosto do sabor” ou “o vinho relaxa-me”. Já por razões sociais, a partilha com amigos, provas e degustações coletivas, “tendeu a diminuir ou a estagnar”. No entanto, o confinamento fez com que aqueles que gostam de “vinho sobretudo pelo vinho” bebessem com “mais frequência” do que os outros.

Também a receção de informação e de oferta pelos pro-dutores ou distribuidores parece estar associado a um “au-mento significativo do consumo”, o que pode significar uma

“estratégia de comercialização bem-suce-dida por parte desses agentes económi-cos”.

Que sinais para o setor?

Cerca de “70% dos inquiridos consideram que é necessário favorecer a compra de vi-nho local” neste período de crise. Resultado que aponta para a preferência por circuitos curtos na indústria alimentar e para os pro-dutores reaprenderem a “seduzir e acolher os compradores locais, mas também ante-cipar mercados de exportação de menor di-mensão”.

A maioria das pessoas pensa deixar de “or-ganizar uma prova/degustação on-line após o confinamento, embora 25% dos inquiridos que participaram nesta experiência gostariam de continuar”. Ao desviar-se do modo tradicional de promoção do vinho, “esta nova prática levan-ta muitas questões em termos de marketing, vendas e serviços” ao consumidor.

O elevado consumo de vinho em stocks pes-soais conduzirá a uma “reconstituição das exis-tências esvaziadas durante o confinamento? Os autores sugerem que é de “prever uma retoma nas compras de vinhos mais caros (vinhos de guarda), no curto prazo”.

Um uma forma geral as conclusões deste estudo preliminar, apontam para uma “eventual mudança no comportamento e hábitos do consumidor”, con-sequência da epidemia COVID-19, a que a “fileira vitivinícola deve estar atenta”.

Por parte dos investigadores o “compromisso passa pelo aprofundamento dos resultados obtidos nesta consulta, utilizando métodos estatísticos e ecométricos mais profundos”, salienta João Rebelo, investigador da UTAD que representa Portugal neste estudo.

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O vinho Quinta de Gomariz Colheita Seleccionada Avesso 2019 foi considerado o melhor vinho do ano no Concurso “Os Melhores Ver-des”, promovido anualmente pela Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), que elegeu os 14 melhores Vinhos Ver-des da Região em 13 categorias distintas. O mesmo vinho foi tam-bém premiado na categoria Ouro para Vinho Verde Avesso.

Entre 243 amostras em prova cega, o júri destacou 13 vinhos na categoria Ouro, 14 na categoria Prata e 149 na categoria Hon-

ra, num total de 177 vinhos seleccionados por um júri constituído por Óscar Pereira (Direcção Regional da Agricultura e das Pescas do Norte), Luís Correia (Instituto Politécnico do Porto), dois repre-sentantes da Junta de Recurso (Carlos Teixeira e António Sousa), quatro elementos da Câmara de Provadores da CVRVV (Maria José Pereira, Sandra Pereira, Celeste Pereira e Bárbara Roseira) e José Augusto Moreira (Jornal Público).

Nas categorias Vinho Verde e Vinho Regional Minho com co-lheita igual ou inferior a 2017, a edição de 2020 registou um aumento de inscrições em relação ao ano anterior, sublinhan-do a crescente aposta no potencial de guarda dos vinhos da Região. As categorias Grande Medalha de Ouro, Ouro e Prata totalizam 28 vinhos escolhidos em prova cega pelo painel de provadores nacionais.

“Num ano em que, mais do que nunca, é necessário destacar a excelência dos produtos portugueses, este concurso afirma-se como uma

importante ferramenta de promoção dos Vinhos Verdes, apresentando diferentes perfis que se afir-mam pela qualidade de um vinho único no Mundo. Registamos com entusiasmo que as colheitas iguais ou superiores a três anos continuam a aumentar as inscrições, confirmando o enorme potencial de guarda dos Vinhos Verdes, que tem sido uma aposta

estratégica da CVRVV na valorização do nosso produ-to e da nossa marca”, destaca Manuel Pinheiro, presi-dente da CVRVV.

Recorde-se que “Os Melhores Verdes” são seleccio-nados em duas etapas, com todos os vinhos provados em regime de absoluto anonimato. Na primeira etapa

(pré-seleção), a prova incide nos vinhos das categorias mais concorridas, cabendo ao júri escolher os dez melho-res para a etapa seguinte. O júri de pré-seleção é cons-tituído por quatro representantes da Junta de Recurso e três elementos da Câmara de Provadores da Comissão dos Vinhos Verdes.

A segunda etapa atribui os prémios Ouro, Prata e Honra

aos melhores vinhos do ano e o júri que os elege é constituído por re-presentantes da Região dos Vinhos Verdes, da Câmara de Provadores da Comissão dos Vinhos Verdes e de outras Câmaras de Provadores nacio-nais, de institutos de investigação, da Direção Regional de Agricultura, escanções e comunicação social.

O júri de 2020 provou 243 amostras a concurso, agrupadas em oito grandes categorias: Vinhos Verdes Brancos, Rosados, Tintos, de Casta, Colheita Igual ou Inferior a 2017, Espumantes de Vinho Verde, Aguar-dentes de Vinho Verde e Vinho Regional Minho. Os prémios Ouro e Prata foram atribuídos ao primeiro e segundo classificados em cada ca-tegoria e os prémios Honra aos restantes concorrentes com pontuação igual ou superior a 80 pontos.

Avesso destaca-se entre os melhores verdes 2020

Vinho da Quinta de Gomariz recebeu Grande Medalha de Ouro

“Os Melhores Verdes 2020” | Grande Medalha de Ouro:

Quinta de Gomariz Colheita Seleccionada Avesso 2019

“Os Melhores Verdes 2020” | Categoria Ouro:

Vinho Verde Branco | Abcdarium Superior 2019;

Vinho Verde Branco | Casal da Torre de Vilar Escolha 2019;

Vinho Verde Rosado | Abcdarium Escolha 2019;

Vinho Verde Tinto | Dom Diogo Colheita Seleccionada Vinhão 2019;

Colheita < 2017 | Pluma Reserva Alvarinho 2017;

Vinho Verde Alvarinho | Quinta de Alderiz Alvarinho 2019;

Vinho Verde Arinto | Abcdarium Arinto 2019;

Vinho Verde Avesso | Quinta de Gomariz Colheita Seleccionada Avesso 2019;

Vinho Verde Loureiro | Opção Loureiro 2019;

Vinho Verde de Casta | Quinta da Levada Azal 2019;

Aguardente de Vinho Verde | Adega de Ponte da Barca Aguardente Vínica Velha XO;

Espumante de Vinho Verde Branco | Valados de Melgaço Reserva Extra Bruto Alvarinho 2017;

Vinho Regional Minho | Abcdarium Alvarinho 2019;

“Os Melhores Verdes 2020” | Categoria Prata:

Vinho Verde Branco | Pecado Capital Escolha 2019;

Vinho Verde Rosado | Raza Escolha 2019;

Vinho Verde Tinto | Adega Ponte de Lima Vinhão 2019;

Vinho Verde Tinto | Via Latina Grande Reserva Vinhão 2018;

Colheita < 2017 | Vila Nova Reserva Avesso 2015;

Vinho Verde Alvarinho | Solar de Serrade Alvarinho 2019;

Vinho Verde Arinto | Modestu’s Arinto;

Vinho Verde Avesso | Abcdarium Avesso 2019;

Vinho Verde Loureiro | Quinta D’Amares Loureiro 2019;

Vinho Verde Loureiro | Vila Nova Loureiro 2019;

Vinho Verde de Casta | Abcdarium Azal 2019;

Aguardente de Vinho Verde | Dona Paterna Aguardente Vínica XO Alvarinho;

Espumante de Vinho Verde Branco | Alvaianas Reserva Extra Bruto Alvarinho 2016;

Vinho Regional Minho | Manhufe Alvarinho 2019.

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Frederico Falcão é o novo presidente da direcção da ViniPortugal, associação interprofissional para a promoção internacional dos Vi-nhos de Portugal. O novo líder sucede a Jorge Monteiro na presidên-cia executiva da associação.

Os novos órgãos sociais para o triénio 2020/2023 foram eleitos na Assembleia Geral que teve lugar nas instalações do CNE-

MA, em Santarém. A direcção liderada por Frederico Falcão integra ainda Jorge Basto Gonçalves, presidente do Conselho de Adminis-tração da Fenadegas – Federação Nacional das Adegas Cooperati-vas, em representação da Produção, e João Gomes da Silva, admi-nistrador de marketing e vendas da Sogrape, em representação do Comércio.

Natural da Chamusca, Frederico Falcão é licenciado em Agro-nomia pela Universidade de Évora, com pós-graduação em Eno-logia pela Universidade Católica do Porto. Desenvolveu a sua carreira como enólogo em vários produtores de vinho (Espo-rão, Companhia das Lezírias, Pegos Claros e Fundação Abreu Callado). Entre 2012 e 2018 foi presidente do Instituto da Vi-nha e do Vinho (IVV), tendo sido o mais jovem presidente des-te instituto. Entre 2018 e 2019 foi CEO da Bacalhôa.

“É com muita satisfação que assumo a liderança da Vi-niPortugal. É uma associação que conheço bem, que tem vindo a desenvolver um trabalho muito meritório na pro-

moção dos Vinhos de Portugal a nível global e é nesse caminho que pretendo prosseguir nos pró-ximos anos, colocando ainda mais energia para tentar ajudar o sector a crescer de uma forma mais rápida”, afirma Frederico Falcão.

O novo presidente da ViniPortugal aponta três prioridades para o mandato que acaba de iniciar e que passam por criar um observatório de mercados internacionais; reforçar a aposta na formação dos agentes económicos e promover mais acções para valorizar os vinhos portugueses no mercado inter-nacional, procurando aumentar o preço médio por

garrafa. Responder aos desafios colocados aos vinhos portugueses pela pandemia da Covid-19 é outra das prioridades.

Sucede a Jorge Monteiro na presidência executiva da associação

Frederico Falcão é o novo presidente da ViniPortugal

Já está disponível uma plataforma de marcação de férias em Portu-gal que vai facilitar o acesso dos portugueses ao melhor que têm cá dentro, permitindo fazer reservas simples e flexíveis de alojamento e atividades em território nacional.

O desafio que este novo serviço lança é simples e visa aprovei-tar este ano, com menos ocupação turística estrangeira, para

gozar em pleno do que é nosso. “Nem tudo é mau neste contexto de pandemia e, por pior que seja o impacto da falta de turistas em Portugal, trata-se também de uma oportunidade única para usufruir dos recantos mágicos que temos por cá, sem as grandes enchentes que nos fazem sentir estrangeiros no nosso próprio país”, referem os promotores da iniciativa.

O Férias em Portugal “surge num contexto desafiante, de muita turbulência no sector, para apelar a um esforço conjunto de apos-ta no melhor do que temos cá dentro e para que o turismo não registe perdas (ainda mais) significativas”, referem.

A história é simples. João, que deu início a este projeto com a sua mulher e mais dois amigos Sérgio e Catarina, apercebeu--se do problema em conversa com um casal que trabalha numa agência de viagens e que cedo sentiu as consequências que esta pandemia ia ter no sector do turismo. “Turismo estrangeiro em Portugal, principalmente com os números que tínhamos até à data, só daqui a dois anos, na melhor das hipóteses. Os por-tugueses irem lá para fora também não é para breve”, afirma João, dando voz às palavras do casal amigo e aos estudos mais recentes sobre o turismo a médio-longo prazo.

Portugal é, há 3 anos consecutivos, considerado o melhor destino do mundo. “Temos um país incrível, com imenso para descobrir e com uma oferta cultural extremamente rica, que atrai todos os anos mais de 20 milhões de turistas de todos os cantos do mundo. Mas e nós, o que conhecemos verda-

deiramente deste nosso cantinho? Este é o tem-po para (re)descobrir as maravilhas nacionais, ao mesmo tempo que contribuímos para a riqueza interna”.

Com experiência nesta área e o apoio da comu-nicação da Make It Digital, planearam as ‘Férias em Portugal’ para mudar o paradigma do turismo na-cional e fazer ver os portugueses que, ficar “tranca-dos” em Portugal é verdadeiramente um privilégio.

A maior parte dos parceiros e agentes de turismo contactados para fazer parte do ‘Férias em Portugal’ percebeu de imediato a mais valia deste projeto. “A adesão tem sido fantástica em termos de parceiros, mas acreditamos que, com o crescente desconfina-mento e o lançamento da plataforma, muitos outros vão perceber que este é um veículo de reservas que os vai ajudar a manter a sua atividade e não vão querer ficar de fora”, sublinhou o fundador.

O site pode ser visitado em https://www.ferias-em--portugal.pt/.

Para mostrar o melhor que temos cá dentro

Nova plataforma permite aos portugueses fazer ‘Férias em Portugal’

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O município de Manteigas, no distrito da Guarda, pretende ser uma alternativa às praias do litoral, devido às limitações causadas pela pandemia da covid-19, e quer captar turistas para o território.

O presidente da autarquia de Manteigas disse que o muni-cípio, que se situa na Serra da Estrela, decidiu fortalecer

a promoção das potencialidades locais, para captar visitantes nos próximos meses. “Face à situação que se vive neste mo-mento no país, não haverá grandes possibilidades de se fazer turismo nas praias e o nosso território, com espaços abertos, no âmbito do denominado turismo de natureza, pode ser uma alternativa às famílias impedidas de fazer praias no litoral”, afirmou Esmeraldo Carvalhinho.

O Conselho Empresarial Municipal de Manteigas (CEMM) decidiu desenvolver “uma campanha de ‘marketing’ territo-rial planeada, tendo em vista a captação do turismo interno nesta primeira fase, através da criação de diversas ações de comunicação”, nomeadamente o “fortalecimento ao nível da publicidade do território”, segundo o autarca. O objetivo de analisar os efeitos da pandemia da covid-19 foram expli-cadas as medidas já adotadas pela Câmara de Manteigas e decididas iniciativas para dinamizar a economia local.

O município refere em comunicado que foi decidido o “reforço financeiro do Fundo Municipal de Emergência Social para resolução de situações emergentes da quebra de rendimentos das famílias” e realizar um investimento público, na ordem dos 600 mil euros, “designadamente ao nível da construção de obras municipais por forma a mitigar os efeitos da pandemia na economia local (área da construção civil)”.

O município também determinou aderir à plataforma digital de vendas ‘online’ ‘Marketplace’ “BEIRANOSSA”, apoiada pelos 15 municípios da Comunidade Intermu-nicipal das Beiras e Serra da Estrela e administrada e desenvolvida pela Associação Empresarial da Região da Guarda - NERGA.

Esmeraldo Carvalhinho adiantou que a autarquia a que preside pretende “reforçar a economia local”, para continuar “a criar postos de trabalho” e manter as taxas de crescimento que se verificavam antes da

Tenciona captar turistas para o território

Município de Manteigas quer ser alternativa às praias do litoral

Aproveitar a oportunidade neste período negativo através de uma campanha de sensibilização articulada, de modo a potenciar os re-cursos naturais e as ofertas culturais existentes no concelho, deverá ser o ponto de partida para atrair turistas durante a época de vera-neio que se aproxima. Esta foi uma das conclusões da reunião entre os proprietários de alojamentos turísticos a operar no concelho de Proença-a-Nova e o Executivo Municipal.

Numa altura em que as pessoas têm mais restrições em viajar para o estrangeiro e para os locais habitualmente designados

como de turismo de massas, o interior do país tem sido apontado como uma alternativa importante pela tranquilidade, a segurança e saúde que proporciona. Desta forma, “este período diferenciado que nos toca a todos deve ser encarado como uma ferramenta de atra-tividade. É verdade que nos condicionou durante um largo período de tempo, mas agora poderá servir para estes territórios de baixa densidade como um elemento de atratividade no que se prende com a segurança e os nossos alojamentos possuem essa condi-ção”, incentivou João Lobo, presidente da Câmara de Proença.

Todos os alojamentos têm que ter um “Protocolo Interno” onde devem constar as normas de utilização e de limpeza, além de que podem fazer programa de formação online sobre o Selo “Clean & Safe” do Turismo de Portugal, o qual já foi atribuído a alguns agentes em Proença-a-Nova. Esta iniciativa destina-se a empreendimentos turísticos, alojamento local, empresas de animação turística e agências de viagem e turismo que adotem os procedimentos mínimos de limpeza, higiene e medidas bási-cas de prevenção e controlo da COVID-19.

Neste encontro, os agentes turísticos manifestaram as suas preocupações relativamente à chegada dos turistas, partilha-ram a sua experiência e foram tranquilizados por parte do exe-cutivo municipal relativamente àquilo que está a ser feito e ao manual de boas práticas que está a ser elaborado, por exem-plo, no que toca à abertura da época balnear que irá aconte-cer a 15 de Junho e se prolongará até 13 de Setembro.

Haverá novas regras de acesso às praias fluviais, zonas de lazer e piscinas públicas do concelho de Proença-a-Nova e

que ainda estão a ser definidas pelo Governo, por in-termédio da Agência Portuguesa do Ambiente e da Direção-geral de Saúde, mas algumas já estão a ser implementadas, tais como a sinalização e delimita-ção dos espaços a ocupar com distanciamento nun-ca inferior a 1,5 m; zona de solário demarcada com guarda-sol com três metros de distanciamento entre cada guarda-sol; estacionamento com nova marcação; vigilante na praia para apoio aos condicionalismos dos espaços, além dos nadadores-salvadores.

Foram ainda apresentadas as formações online e os ciclos de videoconferências temáticas “Vê Portugal ON” promovidas pelo Turismo Centro de Portugal e as medi-das de apoio existentes para a economia em geral e para o setor do turismo em particular, estando o Gabinete de Apoio ao Empresário e Agricultor disponível para prestar esclarecimento de dúvidas.

Proprietários de alojamentos turísticos reuniram com o Executivo Municipal

Proença-a-Nova prepara o arranque da época alta no turismo

pandemia. O município decidiu aplicar verbas que não foram gastas em atividades canceladas, e em ou-tras áreas que não são prioritárias, em ações mais ur-gentes como o reforço do Fundo Municipal de Emer-gência Social. “É absolutamente necessário que todo e qualquer município faça a redefinição das rubricas or-çamentais à nova realidade, para mitigar os efeitos da pandemia junto das famílias e das empresas”, afirmou.

O presidente da Câmara de Manteigas preside ao CEMM (que visa colaborar na definição das políticas municipais de desenvolvimento económico), que é cons-tituído por representantes locais dos setores primário, secundário, terciário e economia social, do NERGA e do Instituto de Emprego e Formação Profissional.

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ASS. FLORESTALDO BAIXO VOUGA

As florestas na Europa desempenham um papel fundamental para atingirmos os objectivos da sustentabilidade. A floresta portuguesa tem pelo menos uma singularidade, pois mais de 90% é de proprie-dade privada, de famílias ou empresas, e na região Norte e Centro essas parcelas são de muito pequena dimensão e fragmentadas. A falta de gestão florestal é comum, mas como já foi demonstrado, essa gestão proporciona melhores rendimentos e melhor quali-dade ambiental. Há bons exemplos de mudança de paradigma, e para criar uma transformação na floresta é necessário que as po-líticas públicas incorporem a mudança sistémica na sua atuação, envolvendo os que trabalham ou vivem nas comunidades rurais na definição das necessárias transições.

Um terço da área da Europa, 215 milhões de hectares, tem florestas, das quais 14% (30 milhões ha) tem fins exclusivos

de conservação e 76% (166 milhões ha) são florestas destinadas à produção de madeira para os mais diversos fins (State of Europe’s Forests 2015). Em Portugal, a floresta de produção é também maioritária, mas tem uma característica singular no contexto eu-ropeu, a floresta é predominantemente privada, e mais de 90% pertence a famílias e empresas privadas. A legislação nacional existente é complexa e com múltiplos níveis de planeamento e decisão, e uma parte significativa dos proprietários florestais tem dificuldade na sua apreensão. Sabemos que são, na sua maioria, idosos e reformados, que a madeira e a cortiça constituem os produtos a que atribuem maior importância e que têm pouco interesse nos serviços ambientais, sendo o investimento reduzi-do e feito com recursos a capitais próprios, tendo como destino privilegiado a arborização (Batista et al, 2005).

Os instrumentos de planeamento florestal têm em geral uma visão macroscópica e de integração das principais políticas a desenvolver nas áreas de ambiente, energia, clima, biodiversi-dade, economia e valores culturais. A participação pública é di-minuta e/ou pouco considerada pelas tutelas, criando-se uma desconexão entre autoridades públicas e cidadãos, o que ex-plica, em parte, o falhanço dos modelos tradicionais da acção pública (Crespo, 2013). Atualmente emerge a noção de que, sendo importante o planeamento territorial estruturado, é crucial para uma boa governança haver uma abordagem fo-cada na participação comunitária, e de gestão participativa, direcionada à governança ampliada. É difícil entender como poderemos transformar a floresta portuguesa sem uma mobilização para a gestão florestal dos proprietários que se estima ultrapassarem os 400 mil, com maior incidência no

Norte e Centro. Principalmente nessas regiões a floresta tem um elevado nível de abandono, não se efectuando práticas de gestão florestal.

É amplamente reconhecido que sem intervenção e gestão, nas nossas condições climáticas, estamos a aumentar o risco de incêndio, a diminuir a capaci-dade produtiva e a diminuir a resiliência da floresta, que independentemente de ser autóctone ou exó-tica, vai assim contribuir para as emissões de CO2 e negativamente para a economia, bem-estar social e biodiversidade.

Num recente projeto da Navigator e Raiz em co-laboração com Associação Florestal do Baixo Vouga, foram avaliadas as consequências económicas da au-sência de gestão florestal. Na região de Aveiro, terri-tório habitado e do litoral, com mais de 50% de área florestal, comprovou-se que mais de 60% da área de eucaliptal não tinha sinais de gestão (Navigator, 2019).

A produção de madeira devido à seleção de varas pode duplicar (Raiz)

As áreas sujeitas a gestão (limpeza de matos, corte de varas, etc.) produziam 2,5 vezes mais madeira. Pelos da-dos do IFN6 pode-se inferir que no caso de outras ocupa-ções florestais (pinhais, etc.) a situação é idêntica, varian-do a intensidade e a localização. Mesmo nos eucaliptais, que são considerados como um dos poucos investimentos em que o proprietário privado pode esperar retorno está-vel (Pra, 2019) observa-se uma situação de falta de gestão, apesar dos resultados positivos a obter por essa gestão serem claros, o que leva a admitir que há outros factores relevantes, entre os quais podemos inferir a falta de infor-mação, a desinformação veiculada pelos media generalistas, o enquadramento legal, e outras causas diversas.

As políticas para o Clima e para a mudança global da sociedade para uma economia menos dependente dos combustíveis fósseis estão a pres-sionar a floresta para providenciar um conjunto de serviços de ecossistema, aonde se incluem os produtos florestais. Num contexto de propriedade privada e de pequena propriedade fragmen-tada vai ser preciso encontrar soluções partilhadas, e não apenas enunciações de princípios políticos ou legislativos. É preciso uma transformação de modelos lineares para modelos sistémicos, criar uma pluralidade de redes de inovação que incluam os produtores, os utilizadores (indústria, etc), os reguladores e os espe-cialistas, e com apoios públicos e privados (Knickel, 2009). No projecto europeu SI-MWood fica claro que é necessário ter mais foco nas intervenções reais para mobilizar os proprietários para a gestão florestal ativa (Lawrence, 2018). Não basta calcular o poten-cial de sequestro de carbono da floresta por-tuguesa ou a disponibilidade futura de fibras de madeira para os diversos fins (papel, novos materiais, energia), é essencial estudar e valori-zar as experiências bem-sucedidas, e entender a multiplicidade de expectativas dos milhares de famílias proprietárias de parcelas florestais, e que implicam mudanças de comportamento. Por exemplo, programas como o Projecto Melhor Eucalipto-Limpa e Aduba, com origem na Celpa, ou processos de agregação voluntária de proprie-dades, um projecto da Associação Florestal do Baixo Vouga, são recentes bons exemplos de casos desenhados com a participação ativa dos próprios atores da floresta. No primeiro caso, para mobilizar

os proprietários a limparem os terrenos e aumentar a produtividade em 100 mil hectares em 5 anos, e no segundo caso, a agregarem pro-priedades, a desenvolverem um projecto florestal comum e com ren-dimentos partilhados.

É admissível que a floresta portuguesa possa crescer e satisfazer com melhor eficiência e menor risco as expectativas da sociedade, mas será necessário encontrar modelos de mudança sistémica, que transformem o quadro atual, e sejam adaptados às características locais e regionais.

OpiniãO

Mudar a floresta ou mudar as atitudes? Eng. José Luís Carvalho – Navigator

Carvalho, J.L et al, 2019: Impacto da Gestão na Produtividade dos Eucaliptais região do Baixo Vouga, Expoflorestal 2019, Navigator (estudo não publicado)

(NR: Texto original)

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Com um valor base superior a três milhões de euros

Regiões de Viseu Dão Lafões e Coimbra

lançam concurso para videovigilância

As Comunidades Intermunicipais (CIM) Viseu Dão Lafões e da Re-gião de Coimbra lançaram um concurso internacional para aquisi-ção de um sistema de videovigilância florestal, com um valor base superior a três milhões de euros (ME).

“As Comunidades Intermunicipais de Viseu Dão Lafões e da Região de Coimbra lançaram um procedimento de contra-

tação pública internacional para a aquisição de um sistema inte-grado de videovigilância para a prevenção de incêndios florestais para o território das duas CIM”, explica um comunicado das duas entidades.

Segundo o documento, “o procedimento tem um valor base de 3.343.000 milhões de euros e visa contribuir para a dete-ção precoce dos incêndios e para o despacho rápido dos meios de combate”, assim como para a “definição de estratégias de combate e de apoio à decisão”.

“Este representa o maior procedimento alguma vez publici-tado no país e engloba a instalação de uma rede de 37 torres de videovigilância para a prevenção de incêndios florestais com abrangência nos 33 municípios de ambas as regiões”.

Com este sistema, “espera-se uma cobertura adequada de ambos os territórios, tendo em consideração as áreas de maior risco, as zonas sombra e as áreas com maior his-tórico de incêndios florestais”. E, desta forma, as comuni-dades pretendem “desenvolver uma estratégia supramu-nicipal que permita minimizar os impactos dos incêndios florestais, potenciando os meios disponíveis para a sua vigilância, deteção e combate”.

“O referido projeto é apoiado pelo Programa Ope-racional de Sustentabilidade e Uso dos Recursos (PO-SEUR), Fundo de Coesão e Portugal 2020, submetido no âmbito de uma parceria entre ambas as comunida-des intermunicipais”.

A CIM Viseu Dão Lafões é composta por 14 conce-lhos, um do distrito da Guarda, Aguiar da Beira, e os restantes do distrito de Viseu.

A CIM da Região de Coimbra engloba 19 municípios, um do distrito de Viseu, Mortágua, e outro do distrito de Aveiro, Mealhada, sendo os restantes do distrito.

A investigadora portuguesa Cristina Azevedo, diretora do depar-tamento de Biopesticidas do InnovPlantProtect (InPP), um novo Laboratório Colaborativo sedeado em Elvas, é uma percursora da redução de utilização de plásticos nos laboratórios de investiga-ção. Esse feito não passou despercebido à revista Nature, que na sua edição 581 (Maio), evidencia o esforço de Cristina Azevedo e de outros cientistas na procura de alternativas ao plástico nos la-boratórios.

Embora os materiais de plástico de uso único sejam necessá-rios para a realização de muitas experiências, a especialista em

Bioquímica não descansou enquanto não descobriu como reduzir esse desperdício, considerado atualmente um dos graves proble-mas ambientais.

A ideia surgiu quando Cristina Azevedo era investigadora no La-boratory for Molecular and Cell Biology (LMCB), integrado na Uni-versity College London, onde lhe passaram pelas mãos centenas de tubos e pipetas de plástico descartáveis. Para garantir a este-rilização - necessária para não contaminar os meios de cultivo -, usava-os uma vez e descartava-os para serem autoclavados. Esta é a realidade na maioria dos laboratórios do mundo, cuja pegada ambiental é astronómica comparada com outras atividades.

Como exemplos, a Nature refere que o consumo de energia das instalações académicas de investigação é três a seis vezes maior do que dos edifícios comerciais, devido, em grande par-te, aos sistemas de refrigeração e de ventilação. Como agravan-te, os laboratórios de investigação são também grandes pro-dutores de lixo, um problema, lê-se na Nature, que se tornou “particularmente grave desde 2017, quando a China parou de aceitar vários tipos de plástico para reciclagem vindos dos Es-tados Unidos e da Europa, fazendo com que mais resíduos fossem empilhados em aterros sanitários locais.”

No LMCB, a investigadora sentia-se cada vez mais inconfor-mada com o facto de trabalhar com grandes quantidades de plástico para usar e deitar fora. Numa semana, só ela utili-zava em média 150 tubos Falcon de 50 ml. E no LMCB eram mais de 700 tubos, por semana.

Para quem, como ela, cultivava bactérias e leveduras em frascos de vidro reutilizáveis quando fazia investigação du-

Para tornar laboratórios de investigação mais “verdes”

Revista Nature destaca trabalho de cientista portuguesa

rante o doutoramento, os tubos de plástico não faziam sentido. “O meu próprio trabalho estava a incomodar-me, porque via à minha volta uma quantidade de tubos de plástico deitados fora por causa da necessidade de trabalhar em condições assépticas”, afirmou à Nature.

Para tornar o seu trabalho em laboratório “mais verde”, Cristina Azevedo andou à procura de uma empresa que vendesse tubos de vidro. Foi difícil en-contrar, tendo em conta que o vidro entrou quase em desuso nos laboratórios e os tamanhos e volumes deixaram de ser compatíveis com as câmaras de cres-cimento. A razão é simples: embora seja caro, o ma-terial de plástico descartável é mais prático e já vem esterilizado. O material de vidro precisa de ser lavado e posteriormente esterilizado para não comprometer os resultados das experiências. Por esta razão, os labo-ratórios, sobretudo os que são financeiramente mais desafogados, foram substituindo os tubos reutilizáveis pelos descartáveis.

Quando finalmente encontrou uma empresa que co-mercializava tubos em vidro, Cristina encomendou uns quantos para se certificar que as leveduras e as bactérias cresciam tão bem em vidro como cresciam em plástico. E verificou que sim. Encomendou então a quantidade de tubos de vidro necessária para todo o instituto e, a partir de então, início de 2018, o vidro voltou a reinar no LMCB.

Feitas as contas, só no ano de 2018 no Laboratory for Molecular and Cell Biology Cristina Azevedo evitou que fossem para o lixo 252 000 tubos de plástico. Imagine--se se o mesmo acontecesse em todos os laboratórios do mundo.

Este trabalho em prol da sustentabilidade enriqueceu o Curriculum de Cristina Azevedo e ajudou-a a destacar-se quando se candidatou ao cargo atual de diretora do De-partamento de Biopesticidas do Laboratório Colaborativo InnovPlantProtect, em Elvas, onde a investigadora afirma que pretende continuar o esforço na redução do uso de ma-teriais de plástico.

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OpiniãO

A Comissão Europeia (CE) apresentou recen-temente a “Estratégia Do Prado ao Prato” (Farm to Fork ou F2F) e a “Estratégia para a Biodiversi-dade 2030” (EU Biodiversity Strategy for 2030). Em linhas gerais, na “Estratégia Do Prado ao Pra-to”, a CE pretende tornar mais sustentável toda a cadeia alimentar nos países da União Europeia, através de ações que permitam “reduzir a pegada ambiental e climática do Setor Agroalimentar da UE e reforçar a sua resiliência, protegendo a saúde dos consumidores e garantindo os meios de subsis-tência dos agentes económicos”.

Na Estratégia para a Biodiversidade 2030, a CE pretende “contrariar os efeitos de perda de biodiver-sidade, como o uso insustentável do solo e do mar, a sobreexploração dos recursos naturais, a contamina-ção e as espécies exóticas invasoras. Outro dos obje-tivos é prevenir e reforçar a resistência a pandemias futuras e trazer oportunidades de negócio e investi-mento para a recuperação da economia da UE”.

A Investigação e Inovação são referidas, em ambos os documentos, como tendo um papel importante. Na Estratégia Do Prado ao Prato, reconhece-se que “as no-vas tecnologias, incluindo a biotecnologia e o desenvol-vimento de produtos de base biológica, podem desem-penhar um papel no aumento da sustentabilidade, desde que sejam seguras para os consumidores e para o meio ambiente, trazendo benefícios para a sociedade como um todo. Também podem acelerar o processo de redução da dependência de pesticidas”.

Neste sentido, e em resposta ao pedido dos Estados--Membros, “a Comissão está a realizar um estudo que ana-

lisará o potencial das novas técnicas genómicas para melhorar a susten-tabilidade ao longo da cadeia de abastecimento alimentar.” O CiB espera que esta visão seja levada à prática e que as decisões políticas sejam consentâneas com o uso seguro e com o conhecimento científico atual dos produtos da biotecnologia, assegurando a preocupação de dar aos agricultores a liberdade de escolher as tecnologias que melhor se ade-quarão à sua exploração.

Entre as muitas medidas propostas na “Estratégia Do Prado ao Prato”, a “redução em 50% do uso e risco dos produtos fitofarma-cêuticos”, a redução em 20%, no mínimo, no uso de fertilizantes”, “a redução em 50% das vendas dos antimicrobianos utilizados na pecuária e na aquacultura” e aumentar as terras agrícolas com pro-dução biológica dos atuais 8% para 25%” são as primeiras grandes ambições para 2030.

Tudo muito certo, não se levantasse uma questão fundamental: é exequível para os produtores nacionais implementarem todas as medidas propostas? A concretização das metas e grandes objeti-vos têm de ter um orçamento adequado à altura das ambições. Caso contrário, estaremos perante uma estratégia completamen-te irrealista, até porque a reforma da PAC terá de incorporar ne-cessariamente estas metas e ambições, desde logo nos Planos Estratégicos dos Estados-membros.

Sem rodeios, a resposta é: não. Sem grandes apoios financei-ros não será exequível. E não se trata sequer de apenas pedir apoios. As exigências da Estratégia do “Prado para o Prato” são muito grandes e porquê? Porque os produtores nacionais terão que produzir o mesmo mas com menos e sem ferramentas al-ternativas às que a Estratégia lhes retira, agravado pelas novas ameaças emergentes de pragas e doenças ainda sem soluções no seu combate.

Preocupado com o futuro do setor agrícola nacional, o CiB--Centro de Informação de Biotecnologia levanta sérias ques-

CiB reage às estratégias “Do Prado ao Prato” e “Biodiversidade 2030” Gabriela Cruz, produtora, associada do CiB

Jaime Piçarra, Presidente da Mesa da Assembleia Geral do CiB

tões a que a “Estratégia Do Prado ao Prato” não dá resposta e que podem colocar em risco a produção de alimentos, não só em Portugal como na União Europeia e podem levar a uma perda de competitividade nas produções e da impor-tância da atividade agrícola e agroalimentar, com o abando-no das zonas rurais. Isto, com a agravante de que assistimos a fenómenos imparáveis como a globalização e o aumento da população mundial. Perguntamos: “Qual é o papel da União Europeia nos sistemas de abastecimento à escala global? Como garantir que as metas vão ser atingidas nos nossos principais parceiros e concorrentes nos mercados internacionais e uma equidade nas regras de importação? Seremos capazes de impor taxas para os produtos impor-tados desses países, sem ter em conta as regras da OMC--Organização Mundial do Comércio? Até porque, para além do peso das exportações, que continuarão a ser essenciais, importamos muitas matérias-primas de Países Terceiros.

Como grandes linhas para atingir os objetivos da “Estra-tégia para a Biodiversidade 2030”, a CE propõe: “regenerar os rios e os ecossistemas degradados”, “melhorar a saúde das espécies e dos habitats protegidos da UE”, “devolver polinizadores às terras agrícolas”, “reduzir a contaminação”, “tornar as cidades mais ecológicas”, “aumentar a agricultura biológica e outras práticas agrícolas respeitosas da biodiver-sidade” e “melhorar a saúde das florestas na UE”. E como se propõe a CE concretizar estes objetivos? Em concreto, atra-vés da “conversão, no mínimo, de 30% das terras e mares da Europa em zonas protegidas administradas com eficácia e da “devolução em mais de 10% da superfície agrícola de elementos paisagísticos muito variados”.

O problema é que as estratégias apresentadas são ambi-ciosas e muito baseadas em metas e não em caminhos, que se não forem acompanhadas da preocupação de que todos, os que do sector agrícola vivem, mantenham ou melhorem os seus rendimentos, poderão ter um impacto deveras nega-tivo no mundo rural dos países e muito particularmente de

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Portugal. Tal obrigará a um êxodo rural maior para as grandes cidades, acentuando, ainda mais, a degradação dos ecossistemas. Para os agri-cultores em geral, e de Portugal em especial, as linhas gerais apresenta-das geram alguma preocupação, porque “reduzir o uso de fitofármacos em 50% e dos fertilizantes em, pelo menos, 20%”, sem alternativas viá-veis para os substituir, pode comprometer, em muito, a competitivida-de das explorações agrícolas europeias e portuguesas, que competem com produtos vindos de países terceiros, onde os produtores não en-frentam iguais condicionantes e exigências. Produtos importados são produzidos mediante regras e recurso a fitofármacos não estão auto-rizados na EU.

De lembrar que, nos últimos anos, os agricultores já viram reduzido o número de substâncias ativas para controle de pragas, doenças e in-festantes, comprometendo o seu nível de produção e a possibilidade da tão necessária diversificação de culturas, tendo, no entanto, res-pondido, de forma eficaz, às exigências de um uso mais profissional e sustentável de fitofármacos e fertilizantes – com formação profis-sional obrigatória para todos os aplicadores, mediante a implemen-tação de Boas Praticas de na aplicação de fitofármacos, no controlo apertado de equipamentos de aplicação e do uso de fitofármacos, entre outos, o que lhes permitiu fornecer produtos seguros, sufi-cientes e com qualidade reconhecida a nível mundial.

É importante a Comissão Europeia não menorizar que, para os agricultores europeus, a disponibilidade ou não de uma ferramen-ta para proteger as suas culturas pode fazer toda a diferença em termos económicos.

Aspetos em falta na Estratégia são também os procedimentos de análise e autorização baseados na ciência, que deveriam ser mais implementados. Se o fossem, provavelmente a CE concluiria que muitos fitofármacos não teriam de ser retirados do mercado, sobretudo os mais essenciais para a produção agrícola.

Se a União Europeia reduzir a sua capacidade produtiva, o sec-tor agrícola não conseguirá enfrentar uma procura crescente por alimentos, forragens e produção não alimentar. O que levanta mais uma questão: As medidas propostas não contrariam as ne-cessidades de abastecimento na União Europeia? Contrariam. Quadruplicar a área da UE em agricultura biológica” – menos produtiva do que a agricultura convencional em mais de 30% - “converter, no mínimo, 30% das terras e mares da Europa em zonas protegidas administradas com eficácia - por quem? E devolver em mais de 10% da superfície agrícola elementos paisagísticos muito variados – são medidas que retirarão área para produção agrícola”, levando-nos a pensar que a UE verá comprometido o seu objetivo de garantir uma maior autos-suficiência do espaço europeu em alimentos. Modos de pro-dução menos produtivos, uma agricultura convencional com menos ferramentas para produzir na mesma medida de hoje, e menos área dedicada à agricultura só poderão ter como consequência uma redução na capacidade exportadora da agricultura da União Europeia, e, ainda, um aumento na sua dependência do exterior com o consequente aumento do ris-co de insegurança alimentar.

De resto, os agricultores têm vindo a implementar, nas suas explorações, práticas mais sustentáveis, bem como uma crescente prestação de serviços aos ecossistemas. Não será por acaso que as normas de segurança alimentar da UE estão entre as mais altas do mundo. A agricultura e a

agroindústria europeias já têm vindo a apostar nesta estratégia, preocupados com as emissões dos GEE, o bem-estar animal, a sustentabili-dade, a eficiência da utilização de recursos. Ou seja, nada disto é novo e disso são exemplo os inúmeros Centros de Competência e a partilha de projetos que envolvem as empresas, universida-des e investigação. A preocupação com os consu-midores também tem promovido diferentes tipos de oferta, bem como e a autorregulação, porque queremos ter sistemas de produção e de consumo sustentáveis.

A UE deveria estar preocupada, a todo o momen-to, em aumentar a competitividade da sua agri-cultura e não em sobrecarregá-la com exigências, monetariamente dispendiosas e sem alternativas viáveis, sem ter a certeza do exato impacto que as suas intenções podem ter no sector. Também, não deverão ser os agricultores os únicos a suportar os custos com uma maior preocupação ambiental e cli-mática na UE.

A CE, ao defender, justamente, no seu documento, que os consumidores devem ter acesso a dietas “sãs”, deverá ter consciência de que a escolha do que é uma dieta saudável se deve basear em recomendações fun-damentadas na ciência e não em modas ou agendas comerciais, que, em muito, podem prejudicar o rendi-mento das explorações agrícolas, ao inviabilizar, sem justificação séria, as reduzidas alternativas que muitas explorações têm em Portugal.

Para concluir, se alguma lição pode ser retirada da crise que enfrentamos com a COVID-19 é que a UE não pode arriscar-se a não ter alimentos numa outra crise futura. Porque, na próxima crise, poderemos não ter ali-mentos suficientes. As metas e ambições necessitam de tempo, de harmonização à escala global, de investimen-to em novas tecnologias e, sobretudo, de um orçamento adequado para o processo de transição.

Num cenário claramente mar-cado pelas consequências económicas e financeiras provocadas pela Covid 19, é essencial que as empresas e marcas agríco-las encontrem caminhos que lhes permitam revitalizar os seus negócios. É precisamente com este objetivo que se realiza, nos próxi-mos dias 15 e 16 de Junho, uma formação 100% online dedicada ao tema “Comunicar para Revitalizar” e especialmente pensada para o mercado agrícola.

Esta formação, organizada pela consultora PLUG More – especializada em comunicação e formação nos mercados agroalimentares – irá

abordar todas as áreas estratégicas da comunicação, passando por te-mas tão diversos como a assessoria de imprensa, a gestão de crises e a gestão de redes sociais.

Com uma carga total de sete horas distribuídas pelos dois dias de formação, o curso irá realizar-se em regime síncrono – através de pla-taforma de videoconferência – possibilitando, assim, a total interação dos participantes com o formador e a realização de dinâmicas de ca-ráter prático.

A comunicação como dinamizador do negócio

PLUGMore promove formação online para o mercado agrícola

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No Concurso Internacional de Lyon

Vinho Tinto Casa da Ínsua Reserva 2014 medalhado com ouro em França

O vinho Tinto Reserva 2014 da Casa da Ínsua, um dos mais antigos e prestigiados produto-res de vinho da Região Demarcada do Dão, foi galardoado com mais uma medalha de ouro no Concurso Internacional de Lyon, em França. O júri deste concurso, um dos de maior prestígio a nível internacional, não hesitou em atribuir a Medalha de Ouro ao vinho Casa da Ínsua Reserva 2014, a única distinção alcançada por um vinho da Região Demarcada do Dão.

Produzido pelos Empreendimentos Turísticos Montebelo, o vinho Casa da Ínsua Tinto Reserva

2014 é elaborado a partir das castas Touriga-Nacional, Tinta-Roriz e Alfrocheiro, tendo estagiado ao longo de longos 18 meses em barrica de carvalho francês. Apre-senta uma complexidade aromática em harmonia com a barrica, notas frutadas e especiarias. Revela sabores a taninos poderosos, complexo e denso, com um final de boca longo e persistente.

Com um teor de álcool de 13,5% Vol., tem grande ca-pacidade de envelhecimento, podendo, no entanto, ser apreciado no momento, sendo ideal para acompanhar pratos complexos.

Esta medalha de ouro atribuída no Concurso Internacio-nal de Lyon vem juntar-se a dezenas de outras medalhas de ouro, prata e bronze que os vinhos Casa da Ínsua têm conquistado nos últimos anos.

A consultora agrícola Espaço Visual, líder de mercado, lançou um novo curso de rega e fertilização no limão, destinado a gestores agrí-colas, técnicos, operadores e outros agricultores que pretendam ad-quirir mais conhecimentos e competências práticas ao nível da ges-tão de rega e fertilização em pomares de limão.

Este curso, disponível na plataforma e-Learning da Espaço Visual (www.espaco-visual.pt) irá dotar os formandos de conhecimen-

tos técnicos ao nível da gestão da rega e da fertilização numa perspe-tiva operacional de quem necessita de tomar decisões sobre quan-tidades de água e fertilizante a aplicar, assim como as épocas ideais para estas operações.

Entre os objetivos deste curso, destacam-se a identificação das necessidades hídricas de um pomar de limão e reconhecimento dos sistemas de avaliação da humidade no solo; compreensão dos fatores que afetam a necessidade de rega de um pomar; Identi-ficação dos constituintes de um sistema de rega; compreensão das diferenças entre os diferentes sistemas de rega; conhecimen-to dos principais parâmetros que afetam a nutrição das plantas; identificação dos métodos de avaliação na fertilidade do pomar: análise de solo e de folhas; Interpretação das análises de solo e de folhas; identificação das épocas e dos métodos de aplicação de fertilizantes; elaboração de um plano de rega e fertilização para o pomar.

“Trata-se de um curso com certificação DGERT, com acompa-nhamento ativo e permanente pelo e-tutor, através dos fóruns de dúvidas e do sistema de mensagens disponível na platafor-ma. O formando poderá estudar e realizar as avaliações ao seu próprio ritmo e nos momentos que lhe sejam mais convenien-tes. A metodologia de ensino tem por base a exposição teórica com recurso a suporte audiovisual, através de apresentações, textos de apoio, entre outros. A avaliação é composta por uma prova de conhecimentos sobre as matérias abordadas no final do curso.”, esclareceu o CEO da Espaço Visual, José Martino.

Destinado à gestão de rega e fertilização em pomares de limão

Novo curso da Espaço Visual revela aposta no regadio

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Estética – Exterior e Interior Para este ensaio a marca disponibilizou o Fastback - o coupé - e não

o modelo de 2 volumes. A estética é similar até ao pilar B, sendo que depois inflecte num desenho coupé que a marca carateriza como um “Design único e elegante, primeiro coupé 5 portas do segmento e uma Silhueta estilo fastback de linhas suaves e elegantes”. Diria que ambas as variantes do I30 são elegantes, sendo que nesta se procura mais a vertente espaço disponível.

A frente deste I30 “especial”, com um filamento vermelho que percorre a frente e traseira e que nos avisa que estamos em pre-sença de uma versão diferente. A sigla N (Nurburbring) está lá para isso mesmo, para demonstrar que é um modelo diferente e que foi afinado….em Nurburbring e, num modelo que, não faz jus a gran-des apêndices aerodinâmicos, defletores, spoilers – o tal compro-misso com a elegância – diria que gostaria de ver aqui mais desta-cado o lettering N, pelo menos na cor vermelha.

Tanto a frente como a traseira têm, por questões estéticas, mas sobretudo aerodinâmicas e de sustentação, pára-choques mais pronunciados, sendo que o traseiro conta com defletor superior e inferior. Se se pretendia combinar desportividade e elegância, a marca está de parabéns, pois exteriormente essa simbiose foi possível.

No interior a marca manteve toda a estrutura que suporta o I30 “normal”, desde o painel de instrumentos ao tablier, sendo que alterou aqui os bancos para uns mais competentes ba-cquets, com bom suporte lateral e que permitem enfrentar horas de condução empenhada que não retiram em demasia espaço nos bancos traseiros.

Materiais, User Experience Neste modelo a marca ainda não utiliza a totalidade dos

plásticos moles - só na parte superior do tablier, - mas recor-

re a materiais e a uma qualidade de montagem que asseguram muitos anos sem ruídos parasitas.

Em estrada Este I30 com tração dianteira, para dar resposta

ao motor mais potente do N, conta com engrena-gens reforçadas, um anel sincronizador em carbono e uma embraiagem resistente, para suportar o mo-tor turbo de 2.0 litros com quatro cilindros e injeção direta que lhe permite ter até 275cv com a função de overboost que aumenta momentaneamente o biná-rio disponível, o que, em arranques mais intempesti-vos, provoca algumas perdas de tração.

No ecrã central ou através de 2 botões no volan-te é possível selecionar os modos de condução: Eco, Normal, Sport, N e N Custom, sendo que cada modo altera - e muito - a dinâmica do I30N nos parâmetros do motor, amortecedores, controlo Eletrónico de Es-tabilidade, diferencial Eletrónico Autoblocante N, som do motor, direção, Rev Matching (trata-se de um botão presente no volante que permite transições de mudan-ças mais suaves e rápidas)

E em que é isto se traduz? Se nos modos Eco e Nor-mal o N se comporta como um cordeiro, com conforto e “elegância”, mas sempre com um carimbo de um veículo com um comportamento acutilante e bem definido, uma direção direta e uma leitura competente da estrada; já os outros modos, transfiguram por completo o I30N e além da adrenalina sentida, o conforto é reduzido mas a eficácia aumenta ainda mais e tudo se passa ainda de modo mais rápido.

Como a marca diz, é a condução de um carro de corrida

no dia a dia. Basta apontar a frente e rapidamente o i30N está la e, consoante te-nhamos os sistemas de estabilidade ligados ou desligados, assim o I30 nos permite uma entra-da a “quatro rodas” ou com deriva da traseira e correção do volante e acelerador. Torna-se de facto cativante cada km e acabamos por km a km ir aprendendo mais e mais do I30, o que nos permite ousar mais e mais com as novas apren-dizagens.

Consumos e preçoFalar de consumos numa viatura deste género

é difícil. Gasta em média 5.3 e empenhados pode subir consideravelmente, numa viatura cujo preço final ronda os 45.000€ com um equipamento de série muito completo, que inclui todos os disposi-tivos de segurança “tradicionais”, a que se juntam as baquets (com extensão do assento) em pele e al-cântara.

Gazeta autO

Hyundai I30N Fastback Por Jorge Farromba

Criado à medida do seu lado selvagem, o Hyundai I30N Fastback apresenta-se com um design sofisticado e elegante, com uma performance de até 275 cv. Transmite a sensação de conduzir um carro de corrida em pleno quotidiano. São estas as

permissas com que a Hyundai caracteriza este modelo. E, foi isso mesmo que fomos perceber com este ensaio.

Page 20: o vive dias difíceis · 2020-06-01 · 36 Gazeta Auto: Hyundai I30N Fastback 38 Diário de Bordos - Todos gostam de Palma I, por Luís Serpa. 4 5 nacionais”. Em Portugal, o Governo

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O José Luís Araújo desafiou-me a escrever uma crónica para a Gazeta Rural. Disse logo que sim, claro. Por um lado não sou homem de nãos; por outro, gosto da ideia de escrever com pra-zos definidos, número de caracteres, datas de entrega, etc. É um desafio para quem, como eu, está habituado a escrever sem constrangimentos.

Como sempre, as dúvidas vieram depois: o tema que ele me propôs – viagens e turismo – tem sido a minha vida. Sou mari-nheiro de profissão e paixão e viajei muito. Ainda viajo, graças a Deus. Já turista fui pouco, raramente. Viajo por trabalho, vou para onde me pedem, até há bem pouco tempo não tenho casa em lado nenhum.

Trabalhei muito em turismo – seja como skipper de charter (aquilo a que em Portugal damos o nome particularmente feio de “actividades marítimo-turísticas” – seja como Tour Opera-tor. A grande maioria das minhas viagens foi feita em trabalho e isto tem uma dificuldade suplementar: a relação que um turista tem com os lugares é completamente diferente da de alguém que está ali a trabalhar.

Um grande clássico da literatura de viagem é a história dos parisienses que nunca foram à Torre Eiffel (a esmaga-dora maioria); e os outros só lá vão quando recebem visitas

de fora. Ou os londrinos à Torre de Londres. Quem vive numa cidade tem mais pressa em conhecer o restaurante barato onde se come perto do emprego, o bar com a melhor combinação de bebidas/preços/clientela/miúdas giras do que os monumentos, igrejas e outros locais que os guias mencionam como “impres-cindível conhecer”.

As primeiras crónicas serão dedicadas a Palma, ci-dade onde me encontro há dois anos (e da qual ainda não visitei a Catedral, coisa que roça o insuportável, o inconfessável, o imperdoável e o inadmissível, todos jun-tos. E desta que lá irei, antes do regresso das multidões turísticas).

Até 2008 Palma era “de Mallorca”. Nesse ano, um go-verno de esquerda mudou-lhe o nome para Palma, con-siderando que “de Mallorca” era provinciano. Em 2012 um governo de direita repôs o nome da ilha, considerando que era bom para o turismo. Em 2016 veio um governo de esquerda e... adivinharam. A cidade chama-se Palma outra vez, tem cerca de quatrocentos e dezasseis mil habitantes, é a capital da comunidade autónoma das ilhas Baleares. Co-munidade e ilhas Baleares é uma curiosidade administrativa: as quatro principais ilhas do arquipélago não se dão entre

elas, com a possível excepção de Ibiza e Formentera.

A primeira vez que vim a Palma foi em 2012, trazer um barco de Brighton, no Reino Unido. O armador – uma ho-mem de negócios, maiorquino há pro-vavelmente dez gerações – dizia-me que não fazia negócios com as outras ilhas. Preferia comprar e vender as jane-las de alumínio em que se especializara no continente (Península, para os espa-nhóis) e em Maiorca, mas com as outras ilhas não tinha contactos. Perguntei-lhe porquê. Porque eles fazem o mesmo co-migo, respondeu.

Ali em cima especifiquei que P. (o tal armador) era maiorquino há pelo menos dez gerações. Isto é importante. Os netos de um estrangeiro que tenha vindo viver aqui e casado com uma autóctone, cujo filhos tenham feito a escola aqui, casado com locais, aprendido a língua – os seus ne-tos, dizia, ainda são “estrangeiros”. Não sei qual é o número certo de gerações para que alguém possa ser visto como maiorquino, mas menos de quatro não são.

há uma pergunta universal, toda a gente que vem a Palma e por uma razão ou outra por aqui se demora a faz. Essa pergunta é: porque é que todos gostam de Palma? Que tem esta cidade de mágico, de tão atraente para que seja impossível não se ficar encan-tado desde a primeira visita? A esta pergunta tentarei responder, desajeitada, incompleta mas apaixonadamente.

Palma foi oficialmente criada no ano 123 A.C. por um general romano cujo apelido era Me-telo, que também existe em Portugal. Talvez os laços entre Maiorca e o nosso país, agora escas-sos, sejam mais antigos do que se pensa... Antes dos romanos já cá tinham estado Fenícios, Vân-dalos, alguns povos pré-históricos de que restam poucos traços.

Situada no centro do Mediterrâneo Ocidental, Palma foi desde sempre um lugar de passagem, de pilhagens, de comércio e de pirataria. Depois dos romanos vieram bizantinos, árabes – mudan-do várias vezes de mãos. Sempre foi uma presa querida por todos. No século XIII a ilha foi conquis-tada por Jaime I de Aragão e desde aí nunca mais deixou de ser um domínio católico – apesar de ain-da ter passado uns anos em mãos francesas. Uma história conturbada, no mínimo – e nem sequer falei muito dos piratas, uma constante na vida da cidade até ao século XIX. É provavelmente por isto que os maiorquinos são tão reservados. Já viram passar de tudo e preferem não se misturar.

Na verdade há duas cidades de Palma: a dos palmesanos e a dos estran-geiros – sendo que esta se subdivide em três categorias: a dos turistas, a dos residentes e a dos yachties (tripulantes de iates de luxo, de que Palma é um dos pólos mundiais). É possível viver vinte anos em Palma e não falar uma palavra de espanhol (e menos ainda de maiorquino, o dialecto local, parente próximo do catalão). Cada uma destas categorias vive se-paradamente das outras: residentes não se dão com turistas, estes não se dão com ninguém – muitas vezes por falta de vontade, outras por falta de receptividade alheia – os maiorquinos não se dão nem entre eles, os yachties flutuam nos bares da Lontja e não sabem sequer que Palma passa para lá da Rambla, os residentes estrangeiros pensam que estão no paraíso e ninguém no seu perfeito juízo faz muitas perguntas sobre o paraíso quando nele habita.

Curioso é: todos gostam de Palma. Porquê?Em primeiro lugar, porque a cidade é linda, plácida e cálida, com

uma arquitectura rica – há muito dinheiro há muito tempo – cafés e restaurantes para todos os gostos, galerias de arte, lojas de moda, livrarias (espanholas, inglesas, alemãs. A francesa fechou há um ano). Depois, porque devido à indiferença dos locais e dos diferentes gru-pos, cada um faz o que quer, vive como quer e ninguém se aborrece por isso. Acresce que a ilha é lindíssima: são duas ilhas numa só. A metade oeste é montanhosa – uma espécie de serra de Sintra com cem quilómetros e paralela ao mar em vez de perpendicular; a ou-tra é uma planície que, se formos distraídos, nos faz perguntar em sobressalto se estamos no Alentejo e porque é que as casas são castanhas e altas em vez de brancas e baixas.

Palma tem tudo: é uma cidade vibrante, cosmopolita, onde cada um encontra o que procura, seja o que for. Tem uma ilha lindíssima à volta. Está a duas horas de voo da maior parte da Europa. Há uma e uma só coisa que Palma não tem: mulheres feias. Por um milagre qualquer da evolução, nesta cidade até as feias são bonitas. Supo-nho que o mesmo se passe com os homens, não sei.

É por isto que todos gostam de Palma: é uma casa que cada um mobila à sua maneira. Nas próximas crónicas falarei da “minha” Palma, a que mobilei à minha maneira e se tornou a minha casa.

Por Luís Serpa

Todos gostam de Palma (I)

Diário de Bordos

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