O uso do lúdico como estratégia de desenvolvimento das inteligências múltiplas maria angélica...
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS XIV
COLEGIADO DE LETRAS INGLÊS
MARIA ANGÉLICA DE JESUS MORAES SILVA
O USO DO LÚDICO COMO ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DAS
INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
CONCEIÇÃO DO COITÉ
2012
MARIA ANGÉLICA DE JESUS MORAES SILVA
O USO DO LÚDICO COMO ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DAS
INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
Monografia apresentada a Coordenação do Colegiado de Letras, Departamento de Educação, Campus XIV da Universidade do Estado da Bahia, como requisito para a obtenção do titulo de Licenciatura em Letras com Inglês. Professora orientadora: Monica Veloso
CONCEIÇÃO DO COITÉ
2012
Dedico este trabalho especialmente a minha família, toda minha turma, em
especial a Paulo Cristiano e Leidiane Maia.
Sabemos que passamos por momentos de muitas frustrações e decepções,
mas nada se compara a felicidade que existiu e existirá em nossos corações.
AGRADECIMENTO
Começo agradecendo a Deus, nosso Pai, por tudo que fez e faz por mim.
Pelo Seu amor incondicional.
À minha querida família, razão da minha existência, pelo carinho e apoio de
todas as horas.
Não poderia deixar de agradecer de coração a meu amado esposo Ernandes
Lopes pela paciência e compreensão e incentivo que sempre me proporcionou
durante todo este árduo período. Agradeço pelo amor e atenção que sempre teve
comigo.
Lembro aqui a pessoa de João Neto, meu amado colega. Talvez, se não
fosse por ele me avisar, não estaria neste momento concluindo esta graduação.
A Professora Maiana Rose, que com seu carisma e autoestima soube
influenciar-nos da melhor forma possível. Da mesma forma que Neila Santana soube
nos orientar brilhantemente no caminho da pesquisa e redação dos trabalhos
acadêmicos.
Como esquecer o carinho com que Letícia Teles desenvolve seu trabalho. És
uma professora digna de admiração por sua meiguice e simplicidade.
E em especial a minha professora orientadora que, como bem cita uma
música, “entrou de gaiata no navio”, e mesmo assim soube conduzir com uma
eficiência magistral. E pela paciência que teve em auxiliar-me nesses últimos
semestres.
Obrigada Mônica Veloso por seu carinho e eficiência nas orientações. Tenha
a certeza que sempre estará em minha memória como uma professora de qualidade
e não de quantidade, aquela que é tia, psicóloga, intelectual, mãe, e acima de tudo
amiga dos alunos.
Finalizo agradecendo a todos que, direta ou indiretamente, influenciaram na
minha vida acadêmica, particularmente a minha turma 2009.1.
A todos, meu muitíssimo obrigado!
A tarefa do professor: mostrar a frutinha. Comê-las diante dos olhos dos alunos. Provocar a fome. Erotizar os olhos, fazê-los
babar de desejo. Acordar a inteligência adormecida. Aí a cabeça fica grávida: engordar com ideias. E quando a cabeça
engravida não há nada que cegue o corpo. (ALVES)
LISTA DE ABREVIATURAS
LI - Língua Inglesa
LE - Língua Estrangeira
PCN’s - Parâmetros Curriculares Nacionais
IM - Inteligências Múltiplas
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..........................................................................................................10
1 LÍNGUA INGLESA, LÚDICO E AS MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS......................12
1.1 Inglês como língua internacional..........................................................................13
1.2 Ludicidade e Língua Inglesa................................................................................16
1.2.1 Cuidado e planejamento dos jogos educativos.................................................20
1.3 A teoria das Múltiplas Inteligências e a Ludicidade no âmbito escolar................21
2 METODOLOGIA.....................................................................................................27
2.1 Os sujeitos e lócus da pesquisa...........................................................................28
2.2 A técnica utilizada para obtenção dos dados.......................................................29
3 ANÁLISE DOS DADOS.........................................................................................30
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................34
REFERÊNCIAS........................................................................................................36
APÊNDICE: Questionário avaliativo para docentes de LI........................................38
RESUMO
Discorre-se neste trabalho o uso da Ludicidade para desenvolver as Inteligências Múltiplas dos educandos. Levando-seem consideração que cada indivíduo possui suas competências, habilidades, estilos e estratégias para viver em sociedade. O que não difere quando se trata do ensino de Língua Inglesa. Para tanto, o professor de Língua Inglesa é um dos pontos chaves para um melhor ensinar e um melhor aprender. Neste trabalho aborda-se o ensino de Língua Inglesa, focando o uso de jogos educativos aliados ao desenvolvimento das inteligências múltiplas, tendo em vista que toda pessoa utiliza de jogos e brincadeiras como forma de crescimento físico e intelectual para a vida social. Para se obter o resultado desta pesquisa, utilizou-se da pesquisa descritiva, numa abordagem qualitativa, com a utilização de questionários, os quais foram endereçados a professores de Língua Inglesa, que possibilitou afirmar que o jogo sendo utilizado de forma educativa e com objetivos claros podem proporcionar o desenvolvimento das inteligências dos estudantes. Palavras chaves: Ludicidade. Professor de Língua Inglesa. InteligênciasMúltiplas
ABSTRACT
This text is about using the Playfulness to develop the multiple intelligences of students. Taking into consideration that each individual has their skills, abilities, styles and strategies to live in society. This is not different when it comes to teaching English Language. To this finality, the teacher of English Language is one of the keys to a better teaching and better learning. This work addresses the teaching of English language, focusing on the use of educational games together with the development of multiple intelligences, in order that everyone uses games and play as a form of physical and intellectual growth for social life. To obtain the result of this research, we used the descriptive, a qualitative approach with the use of questionnaires, which were addressed to teachers of English language, that made possible to consider that if the game being used in an educative way and with clear objectives, they can provide the development of the intelligence of the students.
Key Words: Playfulness. Teacher’s English Language. Multiples Intelligences
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INTRODUÇÃO
Nenhum ser humano é igual ao outro, eles podem ter competências iguais,
mas cada ser utiliza da sua maneira. E no processo educacional não é diferente,
cada educando tem um jeito próprio de aprender, estilos e habilidades que o
caracterizam e os auxiliam na busca do conhecimento.
É neste sentido que segue esta linha de pesquisa, a qual procurou à luz de
teóricos como: Antunes (1998 e 2001), Cunha (1994), Freire (2009), Gardner (2001),
Huizinga (2000), Lima (2009 e 2011), Leffa (2011), Rajagopalan (2011), dentre
outros, mostrar que a aula de Língua Inglesa (LI) pode ser muito mais gratificante e
significativa para o educando, ao utilizar da ludicidade, dos jogos e estes sendo
utilizados para aprimoramento e/ou desenvolvimento das inteligências múltiplas dos
aprendizes. Por isso, o foco aqui é dado ao ensino da LI.
Logo no início deste trabalho mostra-se a importância e o valor dado ao
ensino da língua inglesa que, por sua vez, tem ganhado vários títulos de acordo com
o crescimento e a dimensão cada vez maior que esta língua tem tido. Como por
exemplo, pode-se intitular de Língua Franca, World English, English as a
International Language, e outros.
Todos esses títulos, para dizer que a LI atualmente, não tem
proprietário,tornou-se uma língua mundial, sem privatizações. Ainda no primeiro
capítulo procurou-se enfatizar a importância do uso de atividades lúdicas no ensino
de LI, como um meio de modificar as aulas, propiciando aos sujeitos deste processo,
aulas mais cativantes e motivadoras, objetivando assim desenvolver as Inteligências
Múltiplas no educando de forma que o aluno aprenda brincando, valorizando as suas
especificidades.
Portanto, pesquisas relatam que há uma necessidade cada vez mais urgente
de se modificar a forma como a Língua Inglesa (LI) está sendo ensinada. Neste
contexto, fatores relevantes na aprendizagem de LI aparecem quando se percebe
que o modelo de ensino dessa Disciplina não está sendo exposto de forma eficiente
e significativa para os sujeitos desse processo. Deixando os educandos cansados
de aulas rotineiras e passivas, pois para estes, o espaço escolar deveria ser um
local em que o conhecimento fosse construído de forma prazerosa trazendo o lúdico.
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E nesta pesquisa, associado às IM, como um elemento catalizador dessa nova
forma de aprender.
A ludicidade não é algo novo na vida do ser humano. As atividades lúdicas
estão presentes no dia a dia de cada individuo desde sua existência. Basta que
tenha competência e profissionalismo naquilo que faz e consciência de que está
fazendo o melhor que pode. Isso faz parte de um professor pesquisador, aquele que,
dentre muitas coisas, anseia conhecer sua turma; estudar, observar as
competências de cada um, pois ninguém aprende da mesma forma, justamente
porque cada indivíduo possui Inteligências Múltiplas distintas. Que torna cada ser
humano ímpar, com estilos, competências e forma de pensar diferentes.
Por conseguinte, dispõe-se a metodologia adotada para obtenção dos
resultados. Utilizando-se de questionários para os professores e observações em
sala de aula de Língua Inglesa. Tendo a base de uma pesquisa etnográfica de
cunho qualitativo, do método indutivo.
E por último, faz-se a análise de dados obtidos através dos questionários dos
professores e por meio da observação da aula de alguns dos professores
entrevistados.
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1 LÍNGUA INGLESA, LÚDICO E AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
Ao se tratar do ensino da Língua Inglesa (LI) percebe-se que, apesar da
importância da LI, ainda são muitos os problemas encontrados nas salas de aula
como, por exemplo: a falta de dinamismo, a falta de material adequado, carga
horária reduzida, apresentação de conteúdos descontextualizados. Esta situação
pode ser revertida, a partir do momento em que o professor passe a ser mais
criativo, fazendo do ensino de LI algo que atraia a atenção dos alunos, tornando as
aulas mais cativantes.
Desta forma, reflete-se a inserção de atividades lúdicas, associadas ao
desenvolvimento das Inteligências Múltiplas (IM), para tentar sanar, ou ao menos
diminuir, esse tipo de deficiência encontrado no ensino de LI, uma vez que, cada
indivíduo tem um jeito próprio de aprender e de criar suas próprias estratégias de
aprendizagem. Sabe-se que nenhum ser humano é igual ao outro, e todos possuem,
como parte da bagagem genética, habilidades básicas de questionar e procurar
respostas utilizando as Inteligências Múltiplas. Entretanto, o desenvolvimento de
cada inteligência, além de ser determinado por fatores genéticos, existe também as
condições ambientais e neurobiológicas. Vale ressaltar que tanto o lúdico quanto as
IM tem a característica de auxiliar o indivíduo na resolução de situações-problemas.
Os jogos proporcionam e estimulam a aquisição de novos conhecimentos,
despertando o desenvolvimento dessas habilidades e/ou inteligências. A ludicidade
acompanha o ser humano desde o seu nascimento, instigando o estudante a ser
sujeito autônomo na vida em sociedade.
Para tanto, é relevante que essa mudança aconteça primeiro na formação do
docente. Os educadores tem fundamental importância no desenvolvimento das
inteligências, por isso a necessidade de,os mesmos, observarem as diferentes
inteligências presentes nos alunos, e de acordo com esse conhecimento adquirido,
poderem traçar aulas que valorizem os aprendizes e suas múltiplas formas de
aprender.
Partindo deste pressuposto, mostra-se necessário uma reavaliação dos
conceitos relacionados ao ensino de LI, os quais têm sido tradicionalmente
apresentados aos alunos, e estes por sua vez têm se mostrado cada vez menos
interessados nos conteúdos da segunda língua aprendida. Diante disto, vê-se no
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lúdico, através dos jogos e brincadeiras, associado ao desenvolvimento das
inteligências múltiplas uma porta de entrada para a motivação e o despertar do
interesse dos alunos na aprendizagem de Língua Inglesa.
1.1 Inglês como Língua Internacional
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) 1998, o ensino
de Língua Inglesa (LI) no Brasil não tem sido visto como elemento importante na
formação do aluno e como um direito que lhe deve ser assegurado.
Ao contrário, frequentemente, essa disciplina não tem lugar privilegiado no
currículo, sendo ministrada, em algumas regiões, em apenas uma ou duas séries do
ensino fundamental. Em outras, tem o status de simples atividade, sem caráter de
promoção ou reprovação. E ainda revela as dificuldades reais que a rede escolar
tem em relação ao ensino de LI, como: classes superlotadas, pouca propriedade
sobre as habilidades orais por parte da maioria dos professores e escassez de
material didático, que por vezes é reduzido a giz e livro didático, em algumas
regiões, etc.
Menciona-se ainda que em sala de aula, o foco tem sido dado à leitura, não
que a mesma não seja importante, entretanto a língua estrangeira, em nosso caso
de estudo a LI, deve ser ensinada em toda a sua amplitude, sendo desenvolvida as
quatro habilidades: writing, speaking, listening e reading. Desta forma, o aluno
poderá comunicar-se na língua em estudo, tendo a consciência do uso da língua
aprendida, a qual está, cada dia mais sendo utilizada ao redor do mundo, das mais
diversas formas.
Tais problemas acabam interferindo nos resultados dos aprendizes, pois o
comportamento dos alunos é muito mais uma forma de resistência a práticas
pedagógicas que não lhes são significativas, nem estimulantes. E é nesta parte que
entra o papel do novo professor, aquele que é pesquisador e formador de cidadãos.
O papel do novo professor é o de usar a perspectiva de como se dá a aprendizagem, para que, usando a ferramenta dos conteúdos postos pelo ambiente e pelo meio social, estimule as diferentes inteligências de seus alunos e os leve a se tornarem aptos a resolver problemas ou, quem sabe, criar “produtos” válidos para o seu tempo e sua cultura. (ANTUNES, 2010, p. 43)
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Leffa (2011) relata que ensinar inglês já é uma tarefa difícil, contudo ensinar a
LI em escolas públicas brasileiras se torna mais árdua ainda, pois a qualidade do
ensino não depende somente do aluno ou do educador, mas de todo o sistema
educacional, o qual tem se mostrado cada vez mais distante das reais necessidades
dos sujeitos deste processo tão importante e tão desvalorizado pelos órgãos e pela
rede de educação. Compete a ambas as partes saber e transmitir que a LI deixou de
ser patrimônio privado e passou a ser um patrimônio público em que todos podem
usufruir.
Geralmente, ao se deparar com tal situação costuma-se querer dar nomes
aos culpados, uns dizem que a culpa é do aluno que não tem interesse em
aprender; outros culpam o professor que está despreparado para tal ensinamento; e
outros ainda culpam o governo, entretanto não conseguem chegar a lugar nenhum.
O autor ainda discorre que termina por fazer uma carnavalização do ensino da LI, no
qual ninguém tem culpa de nada, em que fica tudo por isso mesmo e nada acontece.
“O mundo sem culpa da dialética da malandragem de Antônio Candido mistura-se,
na escola pública, com a música de Chico Buarque, pregando que não existe
pecado no sul do equador”, (LEFFA 2011, p. 26).
A rede educacional brasileira tem tido todos esses problemas mesmo
sabendo que a Língua Inglesa, presentemente, é uma das mais faladas no mundo, é
chamada de Língua Global, pelo seu grande avanço na área da cultura, economia e
da política.
Rajagopalan (2009) defende a ideia de que a língua inglesa precisa ser vista
como uma língua internacional, ou seja, World English, haja vista que este fenômeno
linguístico se espalhou por todo o mundo, e assim sendo, trás consequências tanto
para o professor quanto para tudo que engloba o ensino desta disciplina.
O inglês como língua internacional faz referencia a um idioma de contato e
comunicação entre grupos linguísticamente distintos, estabelecendo uma relação de
comércio internacional e outras interações mais amplas.
A reflexão deve ser o ápice da praxe pedagógica de todo professor. A
competência profissional dos direitos e deveres do ser professor devem perfazer a
nossa formação. O inglês está em todo lugar, no mundo inteiro em diversos
sotaques.
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“Em outras palavras o que estou chamando de “World English” é fruto da
nova realidade engendrada pelo fenômeno que conhecemos como globalização”
Rajagopalan (apud LIMA 2009, p. 43).
Com isso, observa-se que precisa haver uma profunda mudança no ensino de
LI, para que este receba a devida importância da sociedade. Uma transformação
que deve acontecer, sobretudo, em sala de aula, com a atitude do professor, em
mostrar a cada dia o valor educativo que a LI tem exercido na vida do cidadão, como
postula Rajagopalan (apud LIMA 2009)
Como professores de inglês, é nosso dever preparar nossos alunos para serem cidadãos do mundo novo que se descortina diante de nossos olhos e sobre o qual temos apenas uma ideia muito vaga. Para atuar neste admirável novo mundo, os nossos alunos têm de aprender a lidar com todas as formas de falar inglês. (p. 45)
Para tal, fica explícito que esta mudança intelectual e comportamental deve
ocorrer na formação do professor, quanto ao valor da língua que o mesmo irá
lecionar, pois se o próprio formador tem dúvidas quanto à importância de ensinar
uma nova língua, imagine o que seus educandos pensarão a respeito da mesma?
Cabe também ao educador explicar que o papel que a LI desempenha é
auxiliar as relações sociais e culturais, oferecer situações para fazer o educando
refletir sobre a língua e cultura materna, aprender sobre a diversidade que existe no
mundo, refletir o que significa ser criança, jovem, adulto em outras partes do mundo.
Educandos e educadores precisam compreender a riqueza que se tem nas
diferenças e valores que envolvem a diversidade humana, possibilitando um
desenvolvimento intelectual mais sólido de forma que desenvolva as potencialidades
de cada indivíduo.
Paiva (2010 p. 31) afirma que “uma língua é usada para, entre muitas coisas,
comunicar ideias e sentimentos, permitindo aos seus falantes participação social e
cultural”. Corroborando este pensamento, Lima (2009) postula que:
o caráter educativo de uma LE está nas possibilidades que o aluno pode ter de se tornar mais consciente da diversidade que constitui o mundo. As múltiplas possibilidades de ser diferente, seja pela cultura, seja pelas identidades individuais, podem fazer com que o individuo se torne mais consciente de si próprio, em relação ao seu contexto local e ao contexto global. (p. 163)
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Em suma, para que os educandos tenham este tipo de opinião sobre a LI, é
exigível que o professor tenha um olhar múltiplo, que neste aspecto denota que cabe
ao professor trabalhar com conteúdos de naturezas diversas, que abrangem desde
cuidados básicos essenciais dos seus estudantes, como fatores emocionais,
conhecimento de mundo, até conhecimentos específicos provenientes das diversas
áreas do conhecimento.
Todavia, para que se tenha essa característica demanda, por sua vez, uma
formação bastante ampla do profissional que deve tornar-se, ele também, um
aprendiz, refletindo constantemente sobre sua praxe pedagógica em LI, debatendo
coma escola, dialogando com as famílias e a comunidade, buscando informações
necessárias para que possa desenvolver um trabalho satisfatório.
1.2 O lúdico no ensino de Língua Inglesa
Diante de fatores e problemas tão corriqueiros na rede escolar, observa-se a
necessidade da LI ser aprendida através dos jogos, o que são importantes e cada
vez mais requisitados no processo de ensino, tendo em vista que os indivíduos já
nascem com uma predisposição em utilizar esses recursos, na vida em sociedade
para seu próprio crescimento intelectual. Há uma vasta literatura sobre a dimensão
educativa da ludicidade e os seus efeitos sobre o desenvolvimento emocional,
intelectual e social do indivíduo.
É recomendável a utilização de jogos, pois existem alguns procedimentos que
os professores, em sua maioria, desejam mobilizar no processo de ensino-
aprendizagem, como o desenvolvimento da autonomia, onde o poder de
interferência do professor seja reduzido ao máximo e da habilidade de descentrar e
coordenar diferentes pontos de vista, cooperando desta forma na construção de
valores morais de maneira mais livre.
No tocante ao aprendizado, é desejado que os educandos tornem-se alertas,
curiosos, criativos e confiantes em sua capacidade e em suas ideias, propiciando
aos alunos contextos que façam com que os alunos se relacionem com diversos
fatos, elaborando conceitos, perguntas e problemas.
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Como a realidade do jogo ultrapassa a esfera da vida humana, é impossível que tenha seu fundamento em qualquer elemento racional, pois nesse caso, limitar-se-ia à humanidade. A existência do jogo não está ligada a qualquer grau determinado de civilização, ou a qualquer concepção do universo. Todo ser pensante é capaz de entender à primeira vista que o jogo possui uma realidade autônoma, mesmo que sua língua não possua um termo geral capaz de defini-lo. A existência do jogo é inegável. (HUIZINGA 2000, p. 02)
Partindo deste ponto de vista, afirma Lisboa (2011) que a educação para
obter um ensino mais significativo optou por aperfeiçoar novas técnicas didáticas
consistindo numa prática inovadora e prazerosa.
Práticas essas que modifiquem esta forma de ver o ensino de LI que por sua
vez, tem sido visto como uma disciplina sem muita relevância no cotidiano do
aprendiz e em alguns casos pelos próprios professores da língua em questão.
Dentre essas novas técnicas é apresentado o lúdico, um mecanismo didático
dinâmico que garante resultados eficazes na educação (ANTUNES 1998).
O significado dos jogos, dos brinquedos e das brincadeiras e sua relação com
o desenvolvimento e a aprendizagem há muito tempo vêm sendo investigado por
pesquisadores de várias áreas do conhecimento com diferentes contribuições.
O lúdico é uma das técnicas que atualmente tem sido empregada na prática
pedagógica, facilitando o aprendizado dos alunos e possibilitando ao educador o
planejamento de aulas mais interessantes e participativas.
Tal mudança contribui para uma maior interação em sala de aula e com o
próprio educador, motiva o aluno a aprender, reprime a vontade de evadir, pois seu
interesse ao conteúdo aumenta e dessa maneira ele realmente aprende o que foi
proposto a ser ensinado. Estimulando-o a ser pensador, questionador e não um
repetidor de informações, pois de acordo com Johan Huizinga (2000, pf)
Não vejo, todavia, razão alguma para abandonar a noção de jogo como um fator distinto e fundamental, presente em tudo o que acontece no mundo. Já há muitos anos que vem crescendo em mim a convicção de que é no jogo e pelo jogo que a civilização surge e se desenvolve.
Observa-se ainda que o relevante papel do educador é despertar no alunado
o interesse à construção de novos conhecimentos e através das atividades lúdicas o
aluno acaba sendo desafiado e estimulado de forma prazerosa a produzir e a
oferecer soluções às situações-problema propostas pelo educador, pois a ludicidade
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trabalha como motivadora na percepção e na construção de estratégias de
raciocínio, além de ser uma forma de aprendizagem diferenciada e participativa,
fugindo dos modelos tradicionais que até hoje se mostram presentes, principalmente
em aulas de língua Estrangeira. De acordo com Silva (2010)
As atividades lúdicas estão intimamente ligadas à aprendizagem de línguas. É notável a influência que os jogos e brincadeiras exercem no contexto escolar no que diz respeito ao desenvolvimento emocional, cognitivo e social do indivíduo. Sobre isso, Antunes (2005), retrata a importância dos jogos pedagógicos para o desenvolvimento das múltiplas inteligências do aluno. (p. 14)
A prática educativa não é a mesma, variando conforme o papel de mediador
conferido ao adulto. A formação do educador, sua sensibilidade em relação aos
alunos exercem uma influência sobre sua conduta na classe e utilização que ele fará
do conhecimento adquirido ao longo do tempo.
Além do mais, o professor deve gostar de trabalhar essa nova técnica, sendo
motivado a fazer com que os alunos gostem de aprender; considerando que o
entusiasmo do educador pelo que ensina pode contribuir para que o aluno tenha
mais interesse na língua em estudo.
Se o educador, na sua formação, não foi sensibilizado a aprender com prazer,
sua curiosidade não foi despertada pelo conhecimento, não lhe foram apresentadas
atividades dinâmicas e desafiadoras, como poderá fazê-lo em sua prática
pedagógica aquilo que não experimentou?
O bom educador pode reverter esse quadro a partir do momento que se
dispõe a dar o melhor de si para seus alunos, atualizando-se, capacitando-se,
estando sempre em busca de novos conhecimentos, novas técnicas e métodos que
podem transformar a sua aula da melhor forma possível.
Um professor que adora o que faz, que se empolga com o que ensina, que se mostra sedutor em relação aos saberes de sua disciplina, que apresenta seu tema sempre em situações de desafios, estimulantes, intrigantes, sempre possui chances maiores de obter reciprocidade do que quem a desenvolve com inevitável tédio da vida, da profissão, das relações humanas, da turma... (ANTUNES, 2001 p.55).
A ludicidade proporciona ao meio escolar, uma relação de confiança e
compromisso mútuos, com os colegas e com o educador, para realizar as atividades
do meio lúdico, que nos auxilia por meio de brinquedo, jogos e brincadeiras a serem
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desenvolvidas. Nas quais, os permite serem mais livres de regras e normas. Não
que o lúdico não possua regras, mas suas regras nos jogos e brincadeiras são
direcionadas para o aprendizado e o desenvolvimento intelectual, por isso são mais
facilmente aceitas pelos educandos.
A atividade lúdica mais trabalhada atualmente nas escolas pelos professores
é o jogo. A palavra "jogo" foi utilizada para se referir ao "brincar", se tratando de
forma lúdica, levando em conta que o indivíduo não apenas se diverte jogando, mas
também aprende. Na atualidade, música, esporte, dança, arte e lazer, representam
uma força de franca expansão no universo econômico e cultural.
O professor que não estiver atento a estas novas formas de conhecimento e
prática social não estará respondendo às necessidades nem proporcionando novas
oportunidades para seus alunos.
Salienta-se que todos têm em relação ao ensino, uma maneira diferente de
adquirir o conhecimento proposto pelo professor. Pois, cada ser tem suas
particularidades, competências e estratégias para que se alcance um determinado
alvo.
Iniciar pelos jogos é conveniente uma vez que esta é a atividade preferida das crianças e adolescentes. Basta reunir dois ou três deles e lá estão eles chutando uma bola, tentando ver quem salta ou se equilibra melhor, ou fazendo adivinhações. Se não existirem regras eles as criam, se não existirem materiais adequados eles improvisam, espontaneamente aparece aliderança[...]. (DOHME 2009, p 18)
É importante, em se tratando de contribuição, ressaltar a interferência dos
estudiosos modernos como Vigotsky e Piaget no processo educacional. Para eles,
as relações entre os aspectos cognitivos e o seu desenvolvimento, resgatam a
grande influência dos jogos e brincadeiras na formação da inteligência.
Outra contribuição relevante é a de Jean Château. Para ele o jogo tem um papel
fundamental no amadurecimento da criança e mesmo do adulto. Pois na fase inicial
do indivíduo o jogo, ou a brincadeira é uma atividade séria em que o faz-de-conta,
as estruturas ilusórias infantis, o arrebatamento tem importância fundamental.
Sendo que para a criança, quase toda a atividade é jogo e é pelo jogo que ela
adivinha e antecipa as condutas superiores. Deixando claro que o brincar é uma
atividade inerente ao ser humano, “pois é pelo jogo, pelo brinquedo, que crescem a
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alma e a inteligência [...], uma criança que não sabe brincar, será um adulto que não
saberá pensar”, Château, (1987, p.15)
1.2.1 Cuidado e planejamento dos jogos educativos
Apesar de exigir extremo planejamento e cuidado na execução da atividade
elaborada, a ludicidade precisa ser vista como algo imprescindível à necessidade do
ser humano, um recurso que facilita os processos de socialização, comunicação,
expressão e construção do conhecimento.
É conveniente lembrar que, o educador deve ter cuidado ao desenvolver uma
atividade com o uso do lúdico, por ser uma tarefa dinâmica, o professor fica na
condição de estimulador, condutor e avaliador dos aspectos que entornam a
atividade; no entanto o educador é o elo entre o lúdico e os alunos.
Da mesma forma deve ater-se na quantidade de atividades lúdicas, uma vez
que quantidade não é sinônimo de qualidade, pois utilizadas exageradamente e
descontextualizadas acabam tornando-se rotineira e transformando-se numa aula
tradicional e\ou expondo os alunos a situações desagradáveis, como por exemplo,
jogos ou brincadeiras que não condizem com a faixa etária, deixando o educando
constrangido.
Cunha (1994) acredita que a ludicidade oferece uma “situação de
aprendizagem delicada", ou seja, que o professor precisa nutrir o interesse do aluno,
sendo capaz de respeitar o grau de desenvolvimento das múltiplas inteligências do
mesmo, do contrário a atividade lúdica perde completamente sua riqueza e seu
valor. Estudos mostraram a incidência de material e de sua disposição conforme a
qualidade do jogo conduzido pelos educandos.
Desta maneira, no que diz respeito às atividades de imitação, a diversidade, a
lógica ou coerência, a riqueza das categorias escolhidas e o isolamento do ambiente
do jogo interferem na qualidade do jogo praticado nesse espaço. Enriquecer o
ambiente permite que o estudante também enriqueça o jogo. Mas não se trata de
acumular material.
Em síntese jamais pense em usar os jogos pedagógicos sem um rigoroso e cuidadoso planejamento, marcado por etapas muito nítidas e que efetivamente acompanhe o progresso dos alunos, e jamais avalie a sua qualidade de professor pela quantidade de jogos que
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emprega e sim pela qualidade dos jogos que se preocupou em pesquisar e selecionar. (ANTUNES, 1998, p. 87)
1.3 As Inteligências Múltiplas e a Ludicidade no âmbito escolar
A teoria das Inteligências Múltiplas (IM) foi apontada pelo professor e
pesquisador Dr. Howard Gardner no ano de 1983 e indagada por vários outros
autores. De acordo com Gardner, são identificadas oito tipos de inteligência. O autor
experiência que o ser humano é dotado de inteligências múltiplas que incluem as
dimensões linguísticas, lógico-matemática, cinestésica-corporal, musical,
interpessoal, naturalística, intrapessoal e a espacial, as quais serão devidamente
descritas neste trabalho posteriormente.
O estudo das IM está longe de ser concluído, pois há várias pesquisas e
estudiosos cogitando a possibilidade de haver mais inteligências que podem está
inseridas no ser humano. O que remete a pensar que todo ser humano possui essas
inteligências e utiliza da sua maneira suas múltiplas inteligências.
O que não quer dizer que todos os indivíduos as desenvolvam ao mesmo
tempo e na mesma intensidade, dependerá de vários fatores que envolvem tanto o
ambiente escolar quanto o social de cada indivíduo.
Visto a importância global desses fatores, Gardner (2001) define a inteligência
como "um potencial biopsicológico para processar informações que pode ser ativado
num cenário cultural para solucionar problemas ou criar produtos que sejam
valorizados numa cultura" (p. 46).
O que remete pensar que todo indivíduo possui competências que poderão
ser desenvolvidas ou não, dependendo das oportunidades proporcionadas pelo meio
circundante do aluno, fatores como contexto social, escola interferem nesse
processo de desenvolvimento.
Uma das formas de despertar essas inteligências pode ser traçando atividades
lúdicas que envolvam desde movimentos físicos até os movimentos intelectuais dos
seus educandos, pois a aprendizagem está intrinsecamente relacionada não
somente com a mente, mas também com o corpo. Afirma Freire (1997, p. 20)
[...] O que eu sei, sei com o meu corpo inteiro: com minha mente crítica, mas também com os meus sentimentos, com minhas intuições, com minhas emoções. O que eu não posso é parar satisfeito ao nível dos sentimentos, das emoções, das intuições. Devo submeter os
22
objetos de minhas intuições a um tratamento sério, rigoroso, mas nunca desprezá-los.
A aplicação das inteligências múltiplas funciona como facilitadoras da
aquisição da segunda língua. Estas podem suprir as dificuldades e barreiras
emergentes neste aprendizado, facilitando e agilizando o ensino da LI. Conhecer
estas inteligências mobiliza o docente a refletir sobre sua metodologia de ensino e
as abordagens manuseadas em sala de aula, pois a partir disso, o mesmo poderá
edificar novas maneiras de conseguir um resultado mais satisfatório por parte dos
aprendizes.
As IM podem auxiliar o professor na sua prática pedagógica, quando do uso
de atividades que favoreçam a utilização destas na resolução dessas atividades
elaboradas. E o lúdico pode ser uma porta de entrada para erigir avaliações
discentes, que acudam as reais carências do ensino de LI. Segundo Gardner 1991
(apud PAIVA, 2010)
No poeta fica ressaltada a inteligência verbal, no cientista a lógico-matemática, no compositor a musical, no escultor e no piloto a inteligência espacial. Os atletas e os dançarinos usam muito a inteligência corporal, o vendedor e o professor a interpessoal; e as pessoas que têm uma boa visão de si, utilizam a inteligência intrapessoal. (p.14)
Gardner (1995) relata que deve haver um afastamento total dos testes e das
ligações entre os mesmos e que, ao invés disso, deve-se notar as fontes de
informações mais naturalistas a respeito de como as pessoas, no mundo todo,
desenvolvem capacidades importantes para seu modo de vida, ou seja, deve-se
observar que uma inteligência implica a capacidade de resolver problemas ou
elaborar produtos que são importantes num determinado ambiente ou comunidade
cultural.
E partindo desse princípio é que discutimos a importância do educador
perceber e conhecer essas inteligências e/ou desenvolvê-las. O que se questiona é:
como fazer isso no ensino de língua inglesa, que hoje está cada vez mais presente
no dia-a-dia do aprendiz?
São várias as formas que o educador pode se valer para explorar essas
inteligências natas do educando através da ludicidade de acordo com Lago (2010) e
Antunes (2010). Observe o quadro a seguir composto por uma concisa definição de
23
cada inteligência e algumas atividades lúdicas propostas para se trabalhar em sala
de aula, objetivando o desenvolvimento das inteligências:
Quadro 1: As inteligências e seus estímulos
Características da Inteligência:
Linguística
Habilidade da palavra, escrita ou falada.
Facilidade em organizar palavras em uma
sentença, ler textos e criar imagens verbais.
Atividades propostas:
The opposite bingo; what’s the question;
new words; participar de palestras; ler
pequenos livros, poemas, textos jornalísticos
em pequenos recortes; crosswords.
Lógico-matemática
Relacionado com a lógica, abstrações,
razão e números. Capacidade de perceber a
geometria nos espaços.
Let’s play domino; what’s my size?; What
time is it?; Who am I; jogos de lógica e
quebra-cabeças, textos na língua alvo com
estatísticas.
Cinestésica-corporal
Possibilidade de resolver ou elaborar
problemas utilizando o corpo.
Guess what!; match the pictures; let’s repeat
it!; my favorite Sport; where’s the…?; my
store characters; memory games…
Espacial
Ligada a visão e a noção de espaços, iguais
e diferentes. Visualiza e manipula
mentalmente objetos. Identifica o mundo
visual com precisão.
Pictures, pictures; memory game; what’s
different; the right sequence; what’s this?
Grouping; miming game;
Musical
Sensibilidade ao universo do ritmo, da
musica e da audição.
What’s the sound or word?; answer my
question; matching the verses; a different
title; aulas de canto; ouvir canções, leitura
com estalar de dedos…
Interpessoal
Facilidade de interagir com outras pessoas.
Capacidade de cooperação e sensibilidade
para si e para o outro.
Who’s missing? Look into my eyes; Who am
I? working together; describing a friend; find
your peer; how do I feel today?...
Naturalística
Percepção da natureza de maneira integral
e sentir processos de acentuada empatia
com animais e com plantas. Sentimento
ecológico.
Explorando a natureza; trocando fitas; a
presa e o predador; a trilha misteriosa;
desenhando constelações; caça ao tesouro;
descobrindo segredos; Sherlock moderno...
Intrapessoal The odd one out; similarities; how much is it?
24
Relacionado à introspecção e as
capacidades de autorreflexão. Preferência
em trabalhar sozinho.
What’s the mistake; spider web; coloring the
word; question and answer…
Evidencia-se que há, além das citadas, uma multiplicidade de maneiras de
utilizar a ludicidade e desenvolver, ou fazer desabrochar, ao mesmo tempo as
inteligências múltiplas que compete a cada indivíduo. “[...] A atividade lúdica pode
ser, portanto, um eficiente recurso aliado do educador, interessado no
desenvolvimento da inteligência de seus alunos, quando mobiliza sua ação
intelectual”. (RIZZO 2001, p 40).
Explorar as inteligências dos alunos através do lúdico é um dos caminhos
para que se tenha uma melhoria no ensino de LI. Entretanto esta é uma tarefa que
não se realiza de forma instantânea, ao contrario, é necessário paciência e lucidez
do docente, é preciso que seja um trabalho contínuo e duradouro, pois não se forma
cidadãos do dia para a noite. Rajagopalan (2011, p. 58) reflete que:
“É nosso dever lutar por melhorias nesse campo. Embora saibamos que uma
andorinha só não faz verão, a menos que uma andorinha tome coragem e de o
primeiro passo, todas as demais andorinhas vão ficar acomodadas em seus galhos”.
O profissional de educação tem esse poder de transformar pensamentos,
trazer à tona o novo, o fascinante, o desconhecido, estimular situações que fazem
sentido na vida do seu alunado, ansiosos por uma aprendizagem que os ensine
mais que decorar ou imitar, mas sim, criar, refletir, capaz de conduzir seu próprio
conhecimento. Pois como afirma Lima, em seu texto Exercício docente: mal e bem
estar docente: o objetivo principal da educação não pode ser outro senão a pessoa.
Ajudá-la a ser ela mesma, no e com o mundo, a serem livres, conscientes,
comprometidas, dinâmicas e autênticas, com a vida e consigo mesma. Lago (2010)
cogita que:
Os jogos quando aliados ao desenvolvimento das inteligências múltiplas promovem a integração dos diferentes tipos de alunos em um mesmo contexto. Como consequência estes sentem-se mais valorizados e passam a vivenciar a aprendizagem de uma maneira mais significativa e personalizada. (p. 15)
Refletir sobre novas formas de auxiliar esse aprendizado precisa ser tarefa
constante no trabalho de educadores realmente comprometidos com a qualidade do
ensino. Cada vez mais é evidente as diferenças individuais entre os alunos. Por isso,
25
a procura de métodos que possibilitem suprir as necessidades atuais de alunos e
professores é tão importante e urgente. O professor precisa aprender a conhecer os
seus alunos, detectar as inteligências predominantes e propor atividades que
permitam a participação e o interesse do maior número possível de alunos.
Acredita-se, então, que o jogo será uma eficiente ferramenta para estimular
as inteligências múltiplas. Talvez o fato da agitação natural das crianças e a
constante exploração do novo, tenha se transformado num dos fatores que
fortaleceram esta técnica em sala de aula, uma vez que ambos estão
intrinsecamente ligados. As estratégias estão à disposição e o primeiro passo é ter
amor ao que faz. Ser um profissional competente, disponibilidade de se colocar a
aprender, para um melhor ensinar e a partir daí fazer o trabalho acontecer.
Sabendo que tão importante quanto o raciocínio lógico-matemático é a
inteligência musical, cinestésica-corporal, interpessoal, intrapessoal, etc. O
movimento humano, portanto, é mais do que simples deslocamento do corpo no
espaço: constitui-se em uma linguagem que permitem aos indivíduos agirem sobre o
meio físico e atuarem sobre o ambiente humano. Ao brincar, jogar, imitar e criar
ritmos e movimentos, os alunos também se apropriam do repertório da cultura
corporal na qual estão inseridas. No espaço escolar não seria diferente, pelo
contrário,
As atividades lúdicas podem colocar o aluno em diversas situações, onde ele pesquisa e experimenta, fazendo com que ele conheça suas habilidades e limitações, que exercite o diálogo, a liderança seja solicitada ao exercício de valores éticos e muitos outros desafios que permitirão vivências capazes de construir conhecimentos e atitudes. (DOHME 2009, p. 113)
Desta maneira ergue-se o conceito de que tanto a ludicidade quanto as
inteligência múltiplas são utilizadas no cotidiano de todo indivíduo. Na sua teoria,
Gardner propõe que todos os indivíduos, em princípio, têm a habilidade de
questionar e procurar respostas usando todas as inteligências. Todos os indivíduos
possuem como parte de sua bagagem genética, certas habilidades básicas em
todas as inteligências. Isto sugere que além de nascer com várias habilidades em
suas inteligências, algumas destas, sejam potencialmente determinadas pelo
ambiente cultural no qual eles são socializados, enquanto incluindo o ambiente de
trabalho.
26
Neste contexto, a Teoria das IM, de Howard Gardner, apresenta subsídios
para que o professor conheça qual das suas inteligências e de seus alunos é mais
marcante e qual é menos desenvolvida, o que torna possível, por conseguinte,
desenvolver ou estimular aquela habilidade ou inteligência que ainda não está
plenamente desenvolvida.
[...] os jogos também se prestam a multidisciplinaridade e, dessa forma, viabilizam a atuação do próprio aluno na tarefa de construir significados sobre os conteúdos da aprendizagem e explorar de forma significativa os temas transversais (meio ambiente, pluralidade cultural) que estruturam a formação do aluno-cidadão. (ANTUNES 2010, P. 43)
É fundamental na Teoria das Inteligências Múltiplas a noção de que a cultura
também é significativa. Howard Gardner (1995) afirma que alguns talentos só se
desenvolvem ou se aprimoram porque são valorizados pelo ambiente, isto é, cada
sociedade valoriza determinados talentos que devem ser dominados por uma
quantidade de indivíduos e passados de geração a geração.
Ademais, é tarefa do profissional de LI mostrar que a escola é um lugar de
descobertas, iniciativas, pesquisas, pois ela forma não apenas para o mundo
acadêmico, mas sim para a vida social. É na escola que se forma o cidadão, e muito
do que ele será, dependerá demasiadamente da forma que este ensino foi
transferido ao educando. Um bom educador provoca a sede de conhecimento nos
seus educandos, e ensina que esta sede jamais deve passar.
27
2 METODOLOGIA
Este capítulo aborda a metodologia empregada na pesquisa da presente
monografia.Partiu-se então para desenvolvimento da pesquisa etnográfica de cunho
descritivo, que segundo Barros e Lehfeld (1986), corroborando com Gil (1991)
relatam que na pesquisa descritiva o pesquisador “observa, registra, analisa e
correlacionam fatos ou fenômenos (variáveis sem manipulá-los)”.
A pesquisa etnográfica apresenta e traduz a prática da observação, da
descrição e da análise das dinâmicas interativas e comunicativas como uma das
mais relevantes técnicas. Este tipo de pesquisa proporciona uma ampla visão da
realidade em estudo.
Assim, ao se avaliar programas e projetos, visando a recomendação de
soluções para os problemas e impasses identificados. Este estudo nos permite
também o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados através de
questionários e observação sistemática, levando-se em conta as evidências da
observação e da descrição, elementos cruciais da atividade etnográfica. Este tipo de
pesquisa faz parte do dia-a-dia de todos os estudantes e pesquisadores,
preocupados em ter uma melhor aprendizagem e ensino. Esta é uma das várias
tarefas que mais impulsionam nosso aprendizado e amadurecimento na área de
estudo.
A abordagem utilizada para obtenção dos resultados foi de uma pesquisa
qualitativa, do método indutivo que Rodrigues (2007) descreve como sendo um:
“Processo mental que, partindo de dados particulares, suficientemente constatados,
infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas”.
Na pesquisa etnográfica qualitativa, os resultados dos questionários não
poderão ser quantificados, apenas analisados, servindo assim de informação para
confirmação ou solução do problema descrito no presente Trabalho de Conclusão de
Curso. De acordo com Pereira (2011),
Já a abordagem qualitativa, por ser subjetiva, descreve com detalhes os significados, tem o contexto rico de informações conservando a subjetividade dos sujeitos, permitindo assim, compreender resultados individualizados ao deixar o indivíduo interpretar e escrever livremente sobre o que esta sendo proposto, daí, ela se destaca pela riqueza de detalhes para a análise e compreensão do objeto de estudo. (p. 17)
28
2.1 Os sujeitos e lócus da pesquisa
Na realização desta pesquisa, foram escolhidos cinco professores licenciados
no ensino de Língua Inglesa, atuantes na cidade de Conceição do Coité. Os quais
lecionam no Colégio Polivalente de Conceição do Coité, Escola Estadual Almir
Passos, e no Colégio Olgarina Pitangueira Pinheiro, todos situados neste município.
Os colégios Olgarina e Polivalente possuem grande espaço físico, dispõem de
várias salas, bibliotecas e áreas que proporcionam ou ao menos deveriam
proporcionar lazer ao corpo escolar. Já a Escola Almir Passos, tem um espaço
menor, algumas salas são desproporcionais em tamanho e materiais disponíveis em
sala de aula. Mas mesmo com algumas adversidades ainda tentam desempenhar
um bom trabalho.
Os sujeitos foram escolhidos por serem de suma importância, uma vez que,
esta pesquisa visa uma reavaliação da prática pedagógica dos professores de LI,
avaliando o seu processo de ensino frente às novas técnicas e abordagens para
auxiliar o educador no cotidiano das aulas, e a utilização da ludicidade tendo em
vista um novo objetivo que é o de desenvolver as IM.
Outra razão foi pelo fato de os mesmos residirem e trabalharem nesta cidade.
O que facilitou o contato físico das aulas para observação e entrega da ferramenta
utilizada para obtenção de dados.
Quanto ao nível de formação dos referidos professores, dois tem
aproximadamente seis anos de graduados no curso e três possuem a pós-
graduação. No que se refere ao tempo de formação docente, dois professores
possuem de 4 à 8 anos de formação, os demais têm entre 10 à 15 anos de
formados. E o tempo que os mesmos ensinam varia entre 6à 17 anos.
Os professores não hesitaram em responder os questionários, que foram
entregues a eles, dando certo tempo para que os mesmos respondessem. Essa
iniciativa foi tomada para que os professores ficassem mais à vontade para
respondê-los.
29
2.2 A técnica para obtenção dos dados
Para que se obtivesse os resultados, mostrou-se necessário a utilização de
questionários com perguntas subjetivas qualitativas.
Os questionários, por sua vez, tem sido um instrumento de pesquisa
largamente utilizado para coleta dedados em áreas diversas tais como as ciências
sociais, economia, educação e administração. Como ferramenta operativa, ele é
usado em pesquisas nas quais se investiga de modo sistemático a opinião de dada
população sobre um assunto específico, auxiliando o pesquisador no acesso a
eventos ocorridos no passado, na elaboração de perfis de comportamento e de
diagnósticos.
O intuito da subjetividade, dentre outros, foi o de avaliar o conhecimento
adquirido ao longo do tempo de aprendizagem dos sujeitos graduados, dando
respostas mais concretas e significativas para nossa avaliação, podendo
proporcionar respostas mais reflexivas. O questionário foi composto por dez
questões, todas subjetivas.
A princípio observou-se a aula de alguns dos professores, para que houvesse
uma interação maior entre os colaboradores da pesquisa, esta técnica possibilitou
uma análise maior quanto ao que se escreve e o que se pratica de fato. Refletindo
sobre a teoria, e como se pode adequar o que dizem os teóricos na prática, em sala
de aula.
Dias seguintes à observação, foi marcada algumas datas para a entrega do
questionário, a maioria dos professores colaboradores, preferiram que o questionário
fosse enviado por e-mail, alegando falta de tempo, e também por ser mais eficaz e
rápida, tanto a entrega quanto o recebimento dos questionários devidamente
respondidos. Alguns entrevistados não demoraram em responder e entregar, dois
(2) deles entregaram em quatro dias, um (1) professor entregou em uma semana.
E outros dois (2) não responderam o questionário, alegando falta de tempo e
conhecimento sobre o assunto. É valido constar que estes são os professores com
maior tempo de profissão e atuação no campo de trabalho.
Eles têm mais de 15 (quinze) anos de ensino em escolas públicas, estão
cansados de ensinar, segundo relatos dos mesmos, não aguentam mais ouvir a
palavra “alunos”.
30
3 ANÁLISE DOS DADOS
Neste capítulo serão abordados os resultados da pesquisa realizada através
dos questionários. A partir deste, pôde-se perceber que os professores têm
conhecimento sobre o assunto em questão, às inteligências múltiplas e a ludicidade
no ensino de língua inglesa. Alguns dos professores relataram que ainda não tinham
utilizado os jogos com este objetivo, mas que achou a proposta interessante e
relevante na sua praxe.
Os professores lecionam no ensino fundamental e dois lecionam tanto no
ensino fundamental quanto no médio. Eles serão nomeados usando os seguintes
critérios A, B, C.
Quando questionados sobre os jogos como processo social, à luz do teórico
Huizinga (2000), as respostas foram bem significativas, pois todos os professores
disseram que os jogos, brinquedos e as brincadeiras fazem parte da vida do ser
humano, desde o seu nascimento, ressaltando o cuidado que se deve ter ao utilizar
este recurso, contextualizando as atividades para a realidade dos alunos, levando
também em consideração a faixa etária da turma e suas competências. Quanto a
isto respondeu o Professor A:
“Pois é preciso estar consciente e teoricamente planejado o objetivo do jogo,
o que os alunos irão tirar de proveito dele, e não apenas usá-lo para
preencher o plano e ou diversificar a aula, mesmo não tendo um objetivo claro
com tal jogo”.
Entretanto, diante das observações feitas no período desta pesquisa em sala
de aula, constatou-se que mesmo com o conhecimento sobre a importância de
utilizar a ludicidade, como uma ferramenta que pode contribuir de forma perspicaz e
estimuladora no processo de aprendizagem e ensino, muitos deles ainda hesitam
bastante em manusear este tipo de recurso educativo.
Mesmo assim, vale ressaltar que como já foi dito anteriormente, na maior
parte das vezes os educadores não dispõem de mecanismos, materiais que possam
facilitar este processo, sem contar que a maioria desta classe reclama em relação à
remuneração. Sendo que alguns deles já precisaram lecionar em outras áreas do
conhecimento, sem formação acadêmica. Isto tudo para que sua renda salarial
31
aumentasse. Casos como estes, são tão frequentes, quanto preocupantes, pois se
tem um déficit de qualidade de ensino na área de atuação acadêmica do professor,
imagina-se, então, o quão delicado pode estar sendo este tipo de situação.
Além disso, ainda há grande resistência por parte dos estudantes quanto ao
aprendizado desta disciplina. Diante deste, responde o Professor B sobre as
dificuldades encontradas em utilizar atividades lúdicas,
“Geralmente as dificuldades partem de alguns alunos que tem problema de
interação, ou até mesmo turmas que tem déficit de atenção, com isso muitas
vezes a sala fica fora de controle. Porém, nunca encontrei dificuldades graves
que pudessem anular a execução dos jogos”.
O que instiga a discussão sobre os objetivos de utilizar atividades lúdicas
aliadas as inteligências múltiplas, há um leque de possibilidades que diferem das
atividades já utilizadas, refletindo que não é do feitio deste apontar quem está certo
e quem está errado. Pois vários autores e pesquisadores da área de ensino de LI,
dispõem em suas obras um considerável número de atividades que os professores
podem se valer para tornarem suas aulas mais desafiadoras e criativas, ativando e
desenvolvendo as inteligências dos mesmos.
Isso foi notado quando no estagio IV, em 2012 no Colégio Professora
Olgarina Pitangueira Pinheiro, utilizou-se certa atividade lúdica com o objetivo de
estimular a inteligência interpessoal. Com isso observou-se que o resultado foi
benéfico aos estudantes e o professor conseguiu alcançar o objetivo desejado com
esta atividade.
Perguntamos aos professores se eles já utilizaram a ludicidade em favor das
inteligências múltiplas, e a resposta foi unânime, nenhum deles haviam trabalhado
desta forma, outros ainda que nem se lembravam mais do que se tratava
exatamente as IM, mas que poderiam começar a pensar desta forma, pois esta era
uma maneira de eles serem mais estimulados, atingindo dois pontos de uma vez só.
E em conversas informais com os mesmos pude mostrá-los algumas das atividades
e obras de autores renomados como: Antunes, Dohme, Paiva, Prescher, dentre
outros que podem fornecer a eles uma gama de atividades aliadas às inteligências.
Um dos professores ressaltou que esta era uma vertente valorosa ao ensino,
pois quanto mais maneiras criativas e descontraídas forem as atividades, melhores
32
serão os resultados. Os professores forma questionados sobre sua crença em
relação a trabalhar a inteligência aliada à ludicidade, se eles acreditavam que isso
pode trazer resultados satisfatórios na educação de LI. As respostas foram bem
significativas, todos disseram que sim, pois sabiam que todo indivíduo possui
inteligência, uns desenvolvendo mais um lado do que outros. Entretanto todos são
dotados de saberes, de inteligências e sendo ímpares eles também têm suas
particularidades, pois ninguém é igual, podemos ter características em comum, mas
somos diferentes.
Na aprendizagem uns assimilam mais os conteúdos de algumas Disciplinas,
outros tem maior dificuldade, em quaisquer disciplinas. E se tratando da LI, essa
verdade se torna mais evidente ainda. A questão é que se é conveniente trabalhar
as duas vertentes, tanto a ludicidade quanto as IM, em favor de colaborar para que o
ensino da LI seja mais proveitoso, mais gratificante e mais condizente com a
realidade dos alunos, então por que não aproveitar? Quanto a isso o Professor C
responde:
“o que nos falta realmente é mais estudo sobre isso. Muitos de nós
estagnamos no tempo, paramos de estudar pensando que o que
sabemos e o que nos ensinaram, há tempos, é suficiente. Contudo,
com o passar do tempo estou percebendo que precisamos nos
adequar as novas demandas e necessidades dos alunos.”
Quando se questionou se os jogos podem ser utilizados para desenvolver as
Inteligências Múltiplas, responderam que sim, o difícil era saber como
aplicá-los desta forma, já que na maioria das vezes, eles não dispõem de
mecanismos e/ou materiais para tal finalidade.
Disseram ainda que frequentemente utilizam atividades lúdicas já
bastante conhecidas para maioria dos alunos e percebem um certo
desinteresse pela mesma, justamente por não ser mais novidade e não
trazerem algo novo para atribuir ao conhecimento. Às vezes até, não
atingem seus objetivos e tampouco os alunos. Pois, dependendo da série,
alguns deles falam que é atividade de criança, brincadeira fácil demais e
etc.
33
Sem dúvida a ludicidade deve estar aliada e respeitar o fator inteligência
múltipla, pois assim atinge de forma satisfatória e eficaz o alunado. O Professor A
disse:
Com certeza a ludicidade pode ser utilizada para tal fim, pois tenho alunos
que deixam transparecer a inteligência corporal, adoram dançar, mexer o
corpo, outros gostam de falar na língua alvo, outros ainda amam cantar. E é
justamente aí que busco nas redes educativas, atividades que contemplem
tais habilidades, não só fazendo aumentar a inteligência destes, mas
desenvolvendo nos alunos que ainda não deixaram aflorar essas
inteligências.
Sendo assim é importante refletir então a teoria desenvolvida por
Gardner, que percebeu que cada ser é singular, na aprendizagem mais ainda, que
não se pode medir a inteligência apenas por um viés, pois a inteligência como era
medida tradicionalmente não respeitava a variada capacidade cognitiva presente no
ser humano.
[...] as abordagens de QI, a piagetiana e a de processamento de informações, todas focalizam um determinado tipo de problema lógico ou lingüístico; todas ignoram a biologia; todas falham em lutar corpo-a-corpo com os níveis mais elevados da criatividade; e todas são insensíveis à gama de papeis relevantes na sociedade humana. Consequentemente, estes fatos geraram um ponto de vista alternativo que focaliza precisamente estas áreas negligenciadas. (GARDNER, 2002, p. 19)
34
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta pesquisa procuramos dar enfoque ao uso da ludicidade como um meio
de desenvolver as Inteligências Múltiplas dos educandos na sala de aula de Língua
Inglesa. Uma vez que esta disciplina está a cada dia perdendo seu valor educacional
e social, pois ela é vista como uma disciplina marginal, que não reprova. Contudo o
ensino da Língua Inglesa possui um valor educacional e social imenso dada a
influencia da globalização. Muito do que foi pesquisado permitiu dizer que falta
qualificação profissional, conhecimento sobre a teoria e como fazer este
conhecimento chegar até o aluno de forma que o torne um ser autentico e autônomo
no seu processo de aprendizagem.
Ao considerar que os jogos e as brincadeiras perfazem a vida de todo ser
humano desde o seu nascimento, é inevitável afirmar que em sala de aula o
professor não pode ignorar este fator tão preponderante no cotidiano do estudante.
Pois a ludicidade possibilita ao estudante crescer e se desenvolver para a vida em
sociedade.
O que é de suma importância, então, neste sentido, é a prática, pois ela
instiga o desenvolvimento, sendo assim os jogos irão corroborar para que as
inteligências sejam desenvolvidas. Antigamente muitas pessoas não tinham acesso
a diversos meios de informações e com isso não viabilizava a oportunidade de
desenvolver outras habilidades existentes em cada indivíduo. Todavia atualmente há
vários meios em que o professor de LI pode-se apoiar para fazer da aula de inglês,
uma aula tão valiosa quanto qualquer outra disciplina.
Dispondo-se de atividades que valorizem cada ser, com suas competências e
habilidades. Neste intuito é que diz-se que erigir a ludicidade neste propósito é de
suma relevância. Deixando claro que o objetivo desta pesquisa foi ajudar aos
professores na sua praxe pedagógica, para que eles encontrem um novo
mecanismo auxiliador capaz de tornar sua aula mais cativante e desafiadora para os
estudantes e para os próprios educadores preocupados com um melhor ensinar
para um melhor aprender.
Alertas de que a ludicidade não é solução de todos os problemas de sala de
aula, conscientes de que nem sempre a atividade que você escolheu dará bons
frutos e que seus objetivos serão alcançados, mas certos de que fizeram o melhor
que puderam naquele momento.
35
Refletindo-se por este viés, ao final desta pesquisa conclui-se que os
objetivos foram alcançados, de maneira satisfatória, uma vez que trabalhamos com
os professores que estão na ativa em sala de aula, como também através das
observações que foram de extrema importância para a análise dos dados.
Possibilitando refletir sobre o que propõe a teoria e o que acontece de fato em sala
de aula, sob a ótica do professor e do aluno.
No decorrer desta pesquisa houve algumas dificuldades para se chegar ao
resultado final, como datas dos professores, observações devido às várias
paralisações na rede pública, mas que não interferiu na conclusão da mesma.
Ressalta-se que é um trabalho bastante relevante, e que utilizar a ludicidade
para desenvolver as Inteligências Múltiplas pode proporcionar tanto para o professor
quanto para o aluno de LI, um ensino que se preocupa com a singularidade do
individuo.
Pois uma maneira de aplicar a teoria das inteligências múltiplas é tentar
estimular todas as habilidades potenciais dos alunos quando se está ensinando um
mesmo conteúdo. Sendo que o que leva as pessoas a desenvolverem capacidades
inatas são a educação que recebem e as oportunidades que encontram. Para
Gardner, cada indivíduo nasce com um vasto potencial de talentos ainda não
moldado pela cultura, o que só começa a ocorrer por volta dos 5 anos.
O intuito deste trabalho não foi supervalorizar a LI, ou colocar o lúdico como
um novo método ou nova abordagem a ser incutida na sala de aula de LI, ou mesmo
dizer que utilizando as atividades lúdicas objetivando o despertar das inteligências
dos alunos, eles terão uma completa aprendizagem da língua em estudo. Nem
mesmo que será uma tarefa fácil de cumprir, este desenvolvimento é contínuo, pois
o saber é ilimitado assim como a busca pelo conhecimento.
Pretendeu-se sim, mostrar aos educadores que, apesar dos pesares, de toda
a carência que rodeia este ensino, a ludicidade como uma maneira de aprimorar ou
mesmo despertar as IM dos educandos, pode ser um elemento catalisador neste
processo educacional. Uma técnica, um recurso que pode, se não sanar, ao menos
amenizar esse déficit de valorização das aulas de Língua Inglesa, principalmente
quando o profissional da educação tem em suas mãos o poder de ajudar a formar
cidadãos comunicativos, críticos na sociedade e para a sociedade.
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REFERÊNCIAS
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APÊNDICE
Questionário avaliativo para docentes de LI
1 De acordo com Johan Huizinga (2000), “[...] é no jogo e pelo jogo que a
civilização surge e se desenvolve”. Comente.
2 O jogo para o desenvolvimento das atividades pedagógicas, depende da
concepção que se tem de jogos e de aprendizagem. Você concorda? Justifique.
3 Você considera importante a prática de jogos e brincadeiras dentro da sala de
aula de língua inglesa? Comente.
4 Como você avalia seus alunos durante o desenvolvimento das atividades lúdicas?
Há alguma diferença significativa no aprendizado do conteúdo dado? Quais?
5 Quais os percalços que você encontra ao trabalhar com a ludicidade na aula de
Língua Inglesa?
6 Você tem conhecimento teórico sobre o tema das Inteligências Múltiplas?
Comente.
7 Ao considerar a "Teoria das Inteligências Múltinplas", quais são, basicamente, os
tipos de inteligência que você, como profissional, é capaz de perceber?
8 Você acredita que trabalhar a inteligência aliada a ludicidade pode
trazer resultados satisfatórios na educação? Explane sua ideia.
9 Na sua opinião, os jogos podem ser utilizados para desenvolver as
Inteligências Múltiplas?Você já os utilizou com este propósito? Discorra
10 Quais atividades lúdicas são capazes de contribuir no desenvolvimento das
Inteligências Múltiplas? Dê exemplo.