O uso da água servida, na minha vida!

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 8 • nº1738 Gurjão O uso da água servida, na minha vida! Eunice Maria da Silva Dantas, conhecida como Dona Nicinha, tem 75 anos e mora na comunidade Pascácio, no município de Gurjão, Cariri paraibano. Hoje, apenas um de seus seis filhos, Antônio Dantas Junior, que mora perto dela, contribui na re- alização das tarefas mais pesadas da propriedade. Há 11 anos, a família recebeu a cisterna para captação da água da chuva, apoiada pelo Programa 1 Milhão de Cisternas (P1MC), através do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Soledade-PB. Esta cis- terna armazena água para o consumo da família. Dona Nicinha conta que, durante os períodos de seca, carregava água na cabeça com ajuda dos fi- lhos de um açude que fica a 30 min de distância da casa da família. Apenas, há cinco meses, a agricultora conquis- tou a construção de mais uma cisterna para capta- ção de água da chuva, a cisterna-calçadão, com o apoio do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), em parceria com o Patac. Dessa vez a cisterna é pa- ra contribuir na produção de alimentos. Com tanta vegetação verde, ao redor de sua ca- sa, a propriedade de Dona Nicinha se destaca das demais da comunidade durante a seca. Ela conta que mesmo quando não tinha nenhuma cisterna, ela sempre cuidou de suas plantas regando com a água aproveitada do uso doméstico. Sempre aproveitei a água que a gente usa em casa. Mesmo com a chegada das cisternas eu tenho cuidado pra não destruir a água. Porque eu já sofri com falta de água e a água era ruim, mas criava as verduras!” (Dona Nicinha) Setembro/2014

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Dona Nicinha, tem 75 anos e mora na comunidade Pascácio, no município de Gurjão, Cariri paraibano. Com a reutilização da água servida, a agricultora consegui diversificar e manter o seu arredor de casa rico com plantas medicinais, frutíferas e hortaliças.

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 • nº1738

Gurjão

O uso da água servida, na minha vida!

Eunice Maria da Silva Dantas, conhecida como Dona Nicinha, tem 75 anos e mora na comunidade Pascácio, no município de Gurjão, Cariri paraibano. Hoje, apenas um de seus seis filhos, Antônio Dantas Junior, que mora perto dela, contribui na re-alização das tarefas mais pesadas da propriedade.

Há 11 anos, a família recebeu a cisterna para captação da água da chuva, apoiada pelo Programa 1 Milhão de Cisternas (P1MC), através do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Soledade-PB. Esta cis-terna armazena água para o consumo da família.

Dona Nicinha conta que, durante os períodos de seca, carregava água na cabeça com ajuda dos fi-lhos de um açude que fica a 30 min de distância da casa da família.

Apenas, há cinco meses, a agricultora conquis-tou a construção de mais uma cisterna para capta-ção de água da chuva, a cisterna-calçadão, com o apoio do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), em parceria com o Patac. Dessa vez a cisterna é pa-ra contribuir na produção de alimentos.

Com tanta vegetação verde, ao redor de sua ca-sa, a propriedade de Dona Nicinha se destaca das demais da comunidade durante a seca. Ela conta que mesmo quando não tinha nenhuma cisterna, ela sempre cuidou de suas plantas regando com a água aproveitada do uso doméstico.

“Sempre aproveitei a água que a gente usa em casa. Mesmo com a chegada das cisternas eu tenho cuidado pra não destruir a água. Porque eu já sofri com falta de água e a água era ruim, mas criava as verduras!” (Dona Nicinha)

Setembro/2014

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Paraíba

Encontramos no arredor da casa de Dona Nicinha, fruteiras, hortaliças e plantas medicinais, como: graviola, goiaba, acerola, pitanga, coco, maracujá, seriguela, laranja, mamão, pimentão, tomate, hortelã, abóbora, cidreira, saião, mastruz, quebra pedra.

Ela lembra que sempre produziu e conservou suas próprias sementes, chegando até a distribuir sementes entre as vizinhas da comunidade. Dessa forma, percebemos a prática das trocas solidárias na comunidade. Dona Nicinha diz que é comum ele doar e receber de presente sementes, animais, ovos, mudas, entre tantas outras coisas.

A agricultora cria alguns animais na propriedade, tais como: boi de serviço, vaca, bode, cabras, galinhas, porcos e guiné. No quintal ela tem a estratégia de proteger o arredor de cada planta dos animais, com obstáculos, como cacos de telhas e cactos. Para alimentar os animais durante o período de seca ela utiliza cardeiro, mancambira e xique-xique.

Além de regar suas plantas com a água reciclada da casa, Dona Nicinha também utiliza defensivos naturais para proteger suas plantações de pragas e doenças. A receita de um dos defensivos é esta, bem simples:

“Eu aproveito a água da louça que eu lavo, boto nas plantas. Não boto no tronco das plantas, tem que botar nas laterais. A gente não pode estragar água a toa, porque chuva não tem toda vida, todo dia, todo mês! Até um litro d'água, eu tenho pena de destruir a água!” (Dona Nicinha).

Realização Apoio

Em 5 litro água,você adiciona 2 colheres de detergentee 1 colher de óleo, mistura tudo e rega as plantas.

Dona Nicinha tem muito carinho pelo seu arredor de casa, cuida das suas plantas como parte de sua família.