O sistema braille uva
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UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA
A LINGUAGEM DOS CEGOS
ALESSANDRA SOARES ROSA DOS SANTOS
ALEXSANDRA SANTOS DE LIMA
DAIANE GONZAGA DE JESUS
DANIELE DE JESUS SANTOS
FABIANA FARIAS DE LIMA
NAZARÉ SANTOS DE LIMA
THAMILLES DE OLIVEIRA WANDERLEI
VERA LÚCIA BARRETO DA F. SANTANA
TOBIAS BARRETO – SE
DEZEMBRO / 2008
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UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA
A LINGUAGEM DOS CEGOS
Trabalho apresentado a disciplina Linguagem
e meios de comunicação ministrada pela Profª.
Anna Karla Cardoso, com objetivo de
obtenção de nota na referida disciplina.
TOBIAS BARRETO – SE
DEZEMBRO / 2008
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INTRODUÇÃO
Aprender uma língua nova é sempre uma coisa bacana. O inglês, hoje, já é o básico
para se entrar no mercado de trabalho. Espanhol, todo brasileiro acha que sabe. Os mais
desenvoltos procuram o francês, o italiano, o alemão... Nos últimos anos, o mandarim também
está virando um negócio da China. Mas você só fica nessa de aprender línguas para se
comunicar com estrangeiros? Que tal uma coisa universal? Que tal uma língua para se
corresponder com alguém que pode estar aí do seu lado? Que tal uma língua que você pode
ler até no escuro? Então... Vamos todos aprender Braille! A linguagem dos cegos.
O alfabeto Braille, criado em 1821 pelo sujeito que lhe emprestou o nome, é um
código tátil com uma combinação de seis bolinhas dispostas em duas colunas de três para
cada letra. Parece difícil. Mas não é. É uma questão de frear a nossa leitura naturalmente
apressada, para dar atenção especial a cada letra. Cada palavra é uma vitória. Já pensou?
Código é definido com qualquer conjunto de símbolos capaz de ser estruturado de
maneira a ter significado para alguém. Existem vários tipos de código, como os códigos
práticos, que são as sinalizações, os códigos auxiliares da Língua como a voz, os gestos, a
postura e as expressões fisionômicas, e os códigos de apoio da Língua, como a linguagem de
sinais ou o Braille.
O Braille é, portanto um dos códigos de apoio da Língua, e sua importância reside no
fato de habilitar o ser humano a compreender o mundo através de um sistema organizado de
símbolos, substituindo o alfabeto convencional por um alfabeto de pontos em relevo, o que
possibilita ao deficiente visual a escrita e a leitura.
As primeiras tentativas de criar um método de acesso à linguagem escrita aos cegos
datam do século XVI e XVII. Entre eles estavam a gravação de letras e caracteres em madeira
ou metal (usando parte da idéia da imprensa de Gutenberg), sistemas de nós em cordas,
caracteres recortados em papel e até mesmo alfinetes de diversos tamanhos pregados em
almofadas.
Até 1829, os portadores de deficiência visual aprendiam a ler através desses e de
outros complicados métodos de leitura. Naquele ano um jovem francês de 15 anos cego desde
os 3 anos de idade, chamado Luis Braille, desenvolve o sistema que é até hoje o mais efetivo
recurso para a educação de cegos. Braille era aluno da escola Haüy, a primeira escola para
cegos do mundo e foi influenciado por um método de transmissões de mensagens sigilosas
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criadas pelo oficial de exército francês Charles Barbier, que consistia na combinação de 12
pontos em relevo com valor fonético.
O Braille é composto por 6 pontos, que são agrupados em duas filas verticais com três
pontos em cada fila (cela Braille). A combinação desses pontos forma 63 caracteres que
simbolizam as letras do alfabeto convencional e suas variações como os acentos, a pontuação,
os números, os símbolos matemáticos e químicos e até as notas musicais. Para os cegos
poderem ler números ou partituras musicais, por exemplo, basta que se acrescente antes do
sinal de 6 pontos um sinal de número ou de música.
O Braille antes do invento da máquina Braille, e ainda no Brasil por razões
econômicas, era escrito com reglete e punção. Como isso é feito? Numa prancheta de madeira
de 30x20 cm prende-se o papel e se encaixa a reglete, uma reguinha de metal com pequenos
retângulos vazados (as celas) onde estão os pontos a serem impressos com o estilete chamado
de punção (a caneta do cego). É um processo relativamente complicado, lento e trabalhoso,
pois o texto deve ser escrito da direita para a esquerda e lido pelo verso, onde aparecem em
relevo os pontos pressionados pelo punção.
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A LINGUAGEM DOS CEGOS
Desde a antiguidade, a cegueira vem sendo considerada como algo de difícil
compreensão. As pessoas cegas, segundo Lorimer (2000), foram sempre consideradas como
incapazes e dependentes, maltratadas e negligenciadas, sendo que algumas civilizações
chegavam mesmo a eliminá-las. Somente há 200 anos atrás é que a sociedade começou a
perceber que as pessoas cegas e com baixa visão poderiam ser educadas e viver
independentemente. Este percurso histórico e a forma como a cegueira era considerada e
tratada em diversas regiões do mundo, o que será apresentado abaixo, ajudam-nos a
compreender as razões pelas quais a sociedade, em geral, ainda associa algumas profissões,
mitos e idéias pré-concebidas às pessoas cegas.
Na China, a cegueira era comum entre os moradores do deserto. A música era uma
alternativa para se ganhar a vida e, para isto, os cegos precisavam exercitar o ouvido e a
memória. Os japoneses, desde os tempos mais remotos, desenvolveram uma atitude mais
positiva com relação às necessidades das pessoas cegas, enfatizando a independência e a auto-
ajuda. Além da música, poesia e religião, o trabalho com massagem foi encorajado. Muitos
cegos se transformaram em contadores de história e historiadores, gravando na memória os
anais do império, os feitos dos grandes homens e das famílias tradicionais, sendo
encarregados de contar isto para outras pessoas, perpetuando, assim, a tradição.
O Egito era conhecido na antiguidade como o país dos cegos, tal a incidência da
cegueira, devido ao clima quente e à poeira. Referências à cegueira e às doenças nos olhos
foram encontradas em papirus e os médicos que cuidavam dos olhos se tornaram famosos na
região mediterrânea.
Na Grécia, algumas pessoas cegas eram veneradas como profetas, porque o
desenvolvimento dos outros sentidos era considerado como miraculoso. Em Roma, alguns
cegos se tornaram pessoas letradas, advogados, músicos e poetas. Cícero, por exemplo, orador
e escritor romano, aprendeu Filosofia e Geometria com um tutor cego chamado Diodotus.
Entretanto, a grande maioria vivia na mais completa penúria, recebendo alimentos e roupas
como esmola. Os meninos se tornavam escravos e as meninas prostitutas.
No Reino Unido, as primeiras referências às pessoas cegas datam do século XII, e
mencionam um refúgio para homens cegos, perto de Londres, aberto por William Elsing. Os
cegos eram geralmente mendigos que viviam da caridade alheia.
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Na Idade Média, mais atenção foi dada às pessoas pobres e deficientes, principalmente
devido à lei - "The Poor Law Act", lavrada em 1601, que mencionava, explicitamente, os
pobres, os incapazes e os cegos, prevendo abrigo e suporte para estas pessoas. Desta data em
diante e por mais uns duzentos anos, os cegos viveram em suas casas ou em instituições, os
chamados "asylums", contando com algum suporte dos governantes.
Na Bíblia, a cegueira é sinônimo de escuridão, de pecado. Deus é luz, é claridade. O
pecado é a escuridão, a ausência de Deus. Segundo Hull (2000), a Bíblia foi escrita por
pessoas que enxergam e os textos bíblicos traduzem imagens negativas da cegueira e da
deficiência. A cegueira é símbolo da ignorância, de pecado e falta de fé. Além disto, é
considerada como um castigo enviado por Deus. A cura do cegos, na Bíblia, está sempre
ligada à remissão dos pecados, à confissão dos pecados. De uma certa forma, conforme
comentado por Barasch (2001), a Bíblia reflete o pensamento cultural da antiguidade em
relação à cegueira, tendo grande influência sobre artistas e escritores da época e também
colaborando para manter o círculo vicioso do preconceito.
Em suma, a história, as lendas, a literatura e a própria Bíblia contribuíram para
perpetuar as idéias negativas, os mitos sobre o efeito da falta da visão na vida das pessoas. A
falta de conhecimento e entendimento sobre o tema, segundo Hutchinson et al (1997), acaba
resultando em uma limitação das oportunidades que são oferecidas às pessoas cegas e com
baixa visão. A cegueira e a baixa visão não deveriam ser barreiras para uma participação
maior na sociedade e na escola. Estas barreiras são, na grande maioria, construídas pela
própria sociedade, sendo traduzidas na linguagem utilizada para descrever as pessoas com
deficiência pela cultura da normalidade, que discuto a seguir.
A LINGUAGEM DO PRECONCEITO E OS SIGNIFICADOS DA CEGUEIRA.
Além da influência dos fatores históricos, já mencionados anteriormente, a forma
como a mídia usa os significados da deficiência e mostra a figura do cego e das pessoas com
deficiência, infiltra-se na vida das pessoas, contribuindo para a construção dos sentidos
negativos e a manutenção do estigma, criando um círculo vicioso.
Com o objetivo de investigar os significados e referências à cegueira, Hull (2001) fez
uma busca em um conceituado jornal britânico, The Guardian, cuja linha editorial se preocupa
com justiça social e educação. Hull coletou 750 usos da palavra, classificando-os quanto ao
significado literal e metafórico. O que mais chamou a sua atenção foi o uso metafórico,
carregado de um significado extremamente negativo, que relacionava a cegueira à ignorância,
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à indiferença, à falta de sensibilidade, à falta de inteligência crítica e à violência. Os poucos
usos metafóricos que não foram negativos se referiam ao amor e à justiça.
Hull comenta que, mesmo sendo a cultura britânica tão preocupada com o uso
discriminatório das palavras, evitando aquelas que possam traduzir preconceito, o mesmo
cuidado não foi verificado com relação à cegueira.
As imagens negativas, não somente na língua inglesa, vão se infiltrando na vida,
atitudes e linguagem, colaborando para manter o estigma e a discriminação com relação à
deficiência. Os discursos carregam e perpetuam essa posição negativa, vetando ao cego e às
pessoas com outras deficiências o direito à participação plena na sociedade.
Também no cinema e na televisão, a figura da pessoa com deficiência está,
geralmente, ligada a alguma figura monstruosa em filmes de suspense ou terror, ao humor
grotesco, à amargura e desesperança em dramas. A deficiência é, assim, retratada com um
teor melodramático e, segundo Longmore (2003), nos filmes de terror e suspense, onde fazem
o papel de monstros, o texto que está implícito traduz o medo e a aversão pelas pessoas com
deficiência.
Estes personagens, geralmente, aparecem com alguma deformidade física e, nas
caracterizações de criminosos, também com uma deformidade da alma. Estas imagens
refletem o que Goffman (1988) descreve como a essência do estigma: a pessoa que é
estigmatizada é considerada, de alguma forma, como desumana e exemplifica o efeito
multiplicador e devastador do preconceito.
Nesse caso, os vilões com deficiência destilam o seu ódio e o rancor pelo seu destino
cruel e despejam sua ira naqueles que escaparam desta sina, numa retaliação à normalidade. O
exposto acima reflete e reforça três preconceitos muito comuns: a deficiência como uma
punição para o mal; as pessoas com deficiência são amargas devido ao seu destino; as pessoas
com deficiência sentem inveja das pessoas normais e querem destruí-las. A história,
entretanto, revela uma realidade diferente em que as pessoas é que foram, durante muito
tempo e, de uma certa forma, até hoje, os algozes das pessoas com deficiência.
Além do vilão e do monstro, as pessoas com deficiência também começaram a
aparecer na televisão e no cinema, principalmente nos anos 70 e 80, como pessoas
desajustadas, que não se conformam com a deficiência imposta devido a algum acidente ou à
guerra. A culpa de seus males está sempre neles próprios e não no ambiente restritivo da
sociedade e na atitude preconceituosa das pessoas. Estes dramas ignoram ou distorcem as
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possibilidades de inclusão social e uso da moderna tecnologia assistiva, apresentando a morte
como uma das únicas soluções possíveis para tanto sofrimento.
Ultimamente, a televisão, jornais e revistas, têm mostrado pessoas com deficiência que
"superaram" sua deficiência, tornando-se profissionais bem sucedidos ou pessoas ativas em
busca de seus objetivos pessoais e profissionais. Estas histórias são a antítese dos criminosos,
dos monstros e das pessoas desajustadas mostradas nos filmes, mas ainda assim, traduzem
uma visão distorcida da deficiência, considerando-a como um problema emocional de
aceitação pessoal. O sucesso ou fracasso de uma pessoa com deficiência estaria ligado muito
mais a fatores individuais, como coragem, determinação e equilíbrio emocional, deixando de
levar em consideração o estigma, a discriminação, a limitação e falta de oportunidades
impostos pela sociedade.
As questões discutidas, as quais incluem o conhecimento sobre a cegueira, as raízes
históricas da deficiência e a linguagem do preconceito, me possibilitaram entender os sentidos
que eu, professora e pesquisadora, atribuía e atribuo à cegueira, para entender a constituição
do sujeito cego e com baixa visão e para analisar os sistemas de atividade, nos quais
participam, dentre eles a sala de aula. Além disso, permitiram que eu pudesse entender melhor
as possíveis barreiras para a inclusão escolar e social.
O SISTEMA BRAILLE
O Braille é um sistema de leitura tátil e escrita para pessoa cega, que consta da
combinação de seis pontos em relevo, dispostos em duas colunas de três pontos. O espaço
ocupado pelos seis pontos forma o que se convencionou chamar "cela Braille". Para facilitar a
sua identificação, os pontos são numerados da seguinte forma: do alto para baixo, coluna da
esquerda: pontos 1, 2, 3; do alto para baixo, coluna da direita: pontos 4, 5, 6.
As diferentes combinações desses seis pontos permitem a formação de sessenta e três
símbolos Braille. As dez primeiras letras do alfabeto são formadas pelas diversas
combinações possíveis dos quatro pontos superiores (1-2-4-5); as dez letras seguintes são as
combinações das dez primeiras letras, acrescidas do ponto 3 e formam a segunda linha de
sinais. A terceira linha é formada pelo acréscimo dos pontos 3 e 6 às combinações da primeira
linha.
Os símbolos da primeira linha são as dez primeiras letras do alfabeto latino (a-j). Esses
mesmos sinais, na mesma ordem, assumem as características dos valores numéricos 1-0,
quando precedidos do sinal de número, formado pelos pontos 3-4-5-6.
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No ocidente, vinte e seis sinais são utilizados para o alfabeto; dez para os sinais
internacionais de pontuação, que correspondem aos dez símbolos da quinta linha, localizados
na parte inferior da cela Braille (pontos 2-3-5-6). Os vinte e sete sinais restantes são
destinados às necessidades específicas de cada língua (letras acentuadas, por exemplo) e para
abreviaturas.
Doze anos após a invenção desse sistema, Louis Braille acrescentou a letra "w" ao
décimo sinal da quarta linha para atender às necessidades da língua inglesa.
O Sistema Braille é utilizado por extenso, isto é, escrevendo-se a palavra letra por
letra, ou de forma abreviada, adotando-se códigos especiais de abreviaturas para cada língua
ou grupo lingüístico. O Braille por extenso é denominado grau 1. O grau 2 é a forma
empregada para representar, de maneira abreviada, as conjunções, preposições, pronomes,
prefixos, sufixos, grupos de letras que são comumente encontradas nas palavras de uso
corrente.
A principal razão do emprego da forma abreviada é reduzir o volume dos livros em
Braille e permitir o maior rendimento na leitura e na escrita. Uma série de abreviaturas mais
complexas forma o grau 3, que necessita de um conhecimento profundo da língua, uma boa
memória e uma sensibilidade tátil muito desenvolvida por parte do leitor cego.
O tato é também um fator decisivo na capacidade de utilização do Braille.
O Sistema Braille aplica-se à estenografia, à música e às notações científicas em geral,
através da utilização das sessenta e três combinações para códigos especiais.
O Sistema Braille permite uma forma de escrita eminentemente prática. A pessoa cega
pode satisfazer o seu desejo de comunicação. Abre-lhe os caminhos do conhecimento
literário, científico e musical, permitindo-lhe, ainda, a possibilidade de manter uma
correspondência pessoal e a ampliação de suas atividades profissionais.
COMO O BRAILLE É PRODUZIDO?
O aparelho de escrita usado por Louis Braille consistia de uma prancha, uma régua
com duas linhas de retângulos vazados correspondentes às celas Braille - que se encaixa, pelas
extremidades laterais, na prancha - e de um punção. O papel era introduzido entre a prancha e
a régua, o que permitia à pessoa cega, pressionando o papel com o punção, escrever os pontos
em relevo.
Hoje, as regletes, uma variação desse aparelho de escrita de Louis Braille, são ainda
muito usadas pelas pessoas cegas. Todas as regletes, quer sejam modelos de mesa ou de
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bolso, consistem essencialmente de duas placas de metal ou plástico, fixas de um lado com
dobradiças, de modo a permitir a introdução do papel.
A placa superior funciona como a primitiva régua e possui os retângulos vazados
correspondentes às celas Braille. Diretamente sob cada retângulo vazado, a placa inferior
possui, em baixo-relevo, a configuração da cela Braille. Ponto por ponto, a pessoa cega, com
o punção, forma o símbolo Braille correspondente às letras, números ou símbolos desejados.
Na reglete, escreve-se o Braille da direita para a esquerda, na seqüência normal de
letras ou símbolos. A leitura é feita normalmente da esquerda para a direita. Conhecendo-se a
posição dos pontos correspondentes a cada símbolo, torna-se fácil tanto a leitura quanto a
escrita feita em regletes. A escrita na reglete pode tornar-se tão automática para o cego quanto
a escrita com o lápis para a pessoa de visão normal.
Além da reglete, o Braille pode ser produzido através de máquinas especiais de
datilografia Braille, que contêm seis teclas para representação do símbolo. O papel é fixado e
enrolado em rolo comum, deslizando normalmente quando pressionado o botão de mudança
de linha. O toque de uma ou mais teclas simultaneamente produz a combinação dos pontos
em relevo, correspondente ao símbolo desejado. O Braille é produzido da esquerda para a
direita, podendo ser lido normalmente sem a retirada do papel da máquina. Existem diversos
tipos de máquinas de datilografia Braille, tendo sido a primeira delas inventada por Frank H.
Hall, em 1892, nos Estados Unidos.
Hoje, as imprensas Braille produzem livros a partir de matrizes de metal ou
formulários contínuos, utilizando máquinas eletrônicas com sistemas informatizados. A
impressão do relevo pode ser feita dos dois lados do papel ou da matriz. Esse é o Braille
interpontado: os pontos são dispostos de tal forma que a impressão de uma lado não coincide
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com a impressão da outra face, permitindo uma leitura corrente, um aproveitamento melhor
do papel, reduzindo o volume dos livros transcritos.
Novos recursos para a produção do Braille têm sido empregados de acordo com os
avanços tecnológicos de nossa era. O Braille, hoje, é produzido por equipamentos e sistemas
informatizados.
COMO O BRAILLE É LIDO?
A maioria dos leitores cegos lê preferencialmente com a ponta do dedo indicador de
uma das mãos. Um número indeterminado de pessoas, entretanto, que não são ambidestras em
outras atividades, podem ler o Braille com as duas mãos. Algumas pessoas utilizam o dedo
médio ou anular, ao invés do indicador. Os leitores mais experientes comumente utilizam o
dedo indicador da mão direita, com uma leve pressão sobre os pontos em relevo, o que lhes
permite uma ótima percepção, identificação e discriminação dos símbolos Braille.
Este fato acontece somente através da estimulação consecutiva dos dedos pelos pontos
em relevo. Essa estimulação ocorre muito mais quando se movimenta a mão ou mãos sobre
cada linha escrita num movimento da esquerda para a direita. Alguns leitores são capazes de
ler cento e vinte e cinco palavras por minuto com uma só mão. Alguns outros, que lêem com
as duas mãos, conseguem dobrar a sua velocidade de leitura, atingindo duzentas e cinqüenta
palavras por minuto.
Em geral, a média atingida pela maioria de leitores é de cento e quatro palavras por
minuto. É a simplicidade do Braille que permite essa velocidade de leitura. Os pontos em
relevo permitem a compreensão instantânea das letras como um todo, uma função
indispensável ao processo da leitura.
Para a leitura tátil corrente, os pontos em relevo devem obedecer às medidas padrão e
a dimensão da cela Braille deve corresponder à unidade perceptual tátil da ponta dos dedos.
Todos os caracteres devem possuir a mesma dimensão, obedecendo aos espaçamentos
regulares entre as letras e entre as linhas. A posição de leitura deve ser confortável, de modo a
que as mãos dos leitores fiquem ligeiramente abaixo de seus cotovelos.
O SISTEMA BRAILLE NO MUNDO
Inventado em 1825, o Sistema Braille foi empregado inicialmente por Louis Braille e
seus alunos no Instituto Real de Jovens Cegos de Paris. Em 1829, a administração do Instituto
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Real de Jovens Cegos publicou, com a intenção de difundir e divulgar oficialmente o sistema,
um livro intitulado "Método de palavras, escritas, música e canções por meio de sinais, para
uso dos cegos e adaptados para eles". Uma nova edição desse método foi feita em 1837 com
algumas modificações.
O sistema de sessenta e três sinais que conhecemos até hoje foi então codificado.
Somente em 1847, entretanto, devido à política interna do próprio Instituto Real, voltou a ser
utilizado o Sistema Braille para a impressão de livros por essa instituição, sendo proclamado
oficialmente. Em 1854, o Instituto publicou em Braille o primeiro trabalho em língua
estrangeira: um livro de leitura em português. Os recursos para essa impressão foram doação
pessoal do Imperador do Brasil.
Paris finalmente venceu e outras cidades da França foram seguindo seus passos na
medida em que as escolas especiais eram criadas nas províncias. A adoção do Sistema Braille
na Europa foi mais lenta. Em 1860, foi impresso o primeiro livro em Sistema Braille fora da
França, em Lousane, na Suíça. Apesar da incontestável vantagem do Braille, a completa
adoção do sistema levou muitos anos.
De 1860 a 1880, o Sistema Braille foi adotado em toda a Europa, em sua forma
original, com pequenas alterações devidas às particularidades de cada língua. Mas a luta pela
introdução do sistema em outros países fora da Europa esta longe de terminar.
Na América do Norte, o Sistema Braille foi introduzido em 1860, mas houve muita
relutância em sua aceitação. Somente em 1918, após quinze anos de trabalho de um comitê
especial, a unificação foi possível. O comitê aceitou o Braille francês inicial, restabelecendo a
uniformidade não só no próprio país como entre os Estados Unidos e a Europa. Em 1932, foi
feito um acordo para o estabelecimento da unificação do Sistema Braille padrão da língua
inglesa.
Na Ásia, as primeiras adaptações do Braille às línguas não européias datam do período
de 1870 a 1880. O Braille foi adaptado inicialmente às línguas mais conhecidas e toda a honra
da introdução do Braille na Ásia, África e nos territórios mais longínquos cabe aos
missionários europeus e americanos.
Nos seus postos avançados e isolados, eles procuraram dar atendimento aos cegos que
chegavam às missões e, sem premeditação, criaram as primeiras escolas para cegos nessas
regiões. Para proporcionar um ensino sistemático, os missionários fizeram o melhor que lhes
foi possível para adaptar o Braille aos seus dialetos.
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O Braille no Extremo Oriente teve grande dificuldade para ser introduzido. Foi preciso
muito esforço e criatividade para condensar os longos alfabetos a fim de exprimir os milhares
de ideogramas utilizando as sessenta e três combinações do sistema.
A introdução do Braille foi então sendo feita através das adaptações necessárias a cada
língua ou dialeto, de uma forma desordenada. Entretanto, em 1949, a Índia fez um apelo à
UNESCO para que essa organização mundial contribuísse de alguma forma positiva para a
racionalização do Braille nas diversas partes do mundo.
Os sessenta e dois anos de discussões e estudos sobre as diversas aplicações do Braille
foram sem dúvida inevitáveis. Mas, diante dessa solicitação da Índia, o Conselho Executivo
da UNESCO reconheceu a importância internacional do problema, decidindo que aquele
organismo deveria contribuir ativamente para encontrar uma solução satisfatória tanto aos
governos quanto aos cegos de todo o mundo. A UNESCO aceitou o desafio e começou os
seus trabalhos sobre o Sistema Braille em primeiro de julho de 1949, terminando-o em 31 de
dezembro de 1951.
Em março de 1950, realizou-se a Conferência Internacional de Braille, em Paris. Para
essa reunião, foram convidados especialistas em Braille das diversas zonas lingüísticas,
especialistas na educação de cegos e dirigentes de imprensas Braille.
Os técnicos convocados pronunciaram-se a favor de um Sistema Braille mundial
unificado e estabeleceram os princípios sob os quais esse sistema deveria ser baseado. O
estabelecimento do Braille mundial e as modalidades de sua aplicação nas principais línguas
constituiu a fase seguinte dos trabalhos.
A Conferência Geral da UNESCO autorizou a convocação de reuniões regionais para
a elaboração de um código Braille uniforme aos países de fala árabe como Egito, Iraque,
Jordânia, Líbano, Paquistão, Irã e Síria, além de Sri-Lanka, Índia e Malásia. Outras
conferências regionais também foram realizadas para a unificação do Braille abreviado para o
português e espanhol.
Uma das recomendações da Conferência Geral da UNESCO, da qual participou um
delegado da Fundação Dorina Nowill para Cegos, reunida em março de 1950 em Paris, era
que fosse criado um Conselho Mundial de Braille para promover a adoção do Sistema Braille
unificado para o uso normal e códigos especiais de matemática e música.
O Conselho Executivo da UNESCO, levando em consideração esse pedido, autorizou
em outubro de 1951, o funcionamento provisório, sob a forma de um Comitê Consultivo, do
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Conselho Mundial de Braille diretamente ligado à UNESCO, que passou a funcionar
oficialmente em 1952.
A primeira comissão indicada para estuda a criação do Conselho definiu a sua
composição, as suas funções e os seus estatutos, propondo também os membros que deveriam
fazer parte do mesmo. Atualmente, o Conselho Mundial de Braille faz parte integrante da
União Mundial de Cegos, como um de seus comitês.
Todas essas resoluções, explicações e instruções sobre o uso do Braille por extenso e
abreviado foram publicadas pela UNESCO em 1954 no livro "A escrita Braille no mundo".
Essa publicação encontra-se esgotada. Em 1975, foi indicada uma nova comissão do então
Conselho Mundial para o Bem-Estar dos Cegos para estudar a edição desse mesmo livro,
atualizado e revisto.
A música também foi objeto de estudos, a partir de 1929, por ocasião da realização da
Conferência Internacional de Braille. Entretanto, foi impossível um acordo total sobre o
código de notações musicais. Nova conferência foi organizada pela UNESCO, pela União
Mundial de Cegos e pelo Conselho Mundial de Braille, em Paris, em 1954, da qual participou
um delegado brasileiro, representante da Fundação Dorina Nowill para Cegos.
Como conseqüência do trabalho dos especialistas reunidos nessa conferência, surgiu o
"Manual Internacional de Notações Musicais em Braille". Essa publicação, compilada por H.
V. Spanner e publicada pelo Conselho Mundial de Cegos, estabeleceu normas gerais para a
transcrição de músicas para o Sistema Braille. Embora não seja de uso universal, a maioria
dos países tomam-no como base para a aplicação do Sistema Braille à música, em todos os
seus aspectos e para todos os instrumentos musicais.
O SISTEMA BRAILLE NO BRASIL
O Sistema Braille, utilizado universalmente na leitura e na escrita por pessoas cegas,
foi inventado na França por Louis Braille, um jovem cego, reconhecendo-se o ano de 1825
como o marco dessa importante conquista para a educação e a integração dos deficientes
visuais na sociedade.
Antes desse histórico invento, registram-se inúmeras tentativas em diferentes países,
no sentido de se encontrarem meios que proporcionassem às pessoas cegas condições de ler e
escrever. Dentre essas tentativas, destaca-se o processo de representação dos caracteres
comuns com linhas em alto-relevo, adaptado pelo francês Valentin Haüy, fundador da
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primeira escola para cegos no mundo, em 1784, na cidade de Paris, denominada Instituto Real
dos Jovens Cegos.
Foi nesta escola, onde os estudantes cegos tinham acesso à leitura apenas através do
processo de Valentin Haüy, que estudo Louis Braille. Até então, não havia recurso que
permitisse à pessoa cega comunicar-se pela escrita individual.
Louis Braille, ainda jovem estudante, tomou conhecimento de uma invenção
denominada sonografia ou código militar, desenvolvida por Charles Barbier, oficial do
exército francês. O invento tinha como objetivo possibilitar a comunicação noturna entre
oficiais nas campanhas de guerra. Baseava-se em doze sinais, compreendendo linhas e pontos
salientes, representando sílabas na língua francesa. O invento de Barbier não logrou êxito no
que se propunha, inicialmente. O bem intencionado oficial levou seu invento para ser
experimentado entre as pessoas cegas do Instituto Real dos Jovens Cegos.
A significação tátil dos pontos em relevo do invento de Barbier foi a base para a
criação do Sistema Braille, aplicável tanto na leitura como na escrita por pessoas cegas e cuja
estrutura diverge fundamentalmente do processo que inspirou seu inventor. O Sistema Braille,
utilizando seis pontos em relevo, dispostos em duas colunas, possibilita a formação de
sessenta e três símbolos diferentes que são empregados em textos literários nos diversos
idiomas, como também nas simbologias matemática e científica, em geral, na música e,
recentemente, na informática.
A partir da invenção do Sistema Braille, em 1825, seu autor desenvolveu estudos que
resultaram, em 1837, na proposta que definiu a estrutura básica do sistema, ainda hoje
utilizada mundialmente.
Comprovadamente o Sistema Braille teve plena aceitação por parte das pessoas cegas,
tendo-se registrado, no entanto, algumas tentativas para a adoção de outras formas de leitura e
escrita e, ainda outras, sem resultado prático, para aperfeiçoamento da invenção de Louis
Braille.
Apesar de algumas resistências mais ou menos prolongadas em outros países da
Europa e nos Estados Unidos, o Sistema Braille, por sua eficiência e vasta aplicabilidade, se
impôs definitivamente como o melhor meio de leitura e de escrita para as pessoas cegas.
Em 1878, um congresso internacional realizado em Paris, com a participação de onze
países europeus e dos Estados Unidos, estabeleceu que o Sistema Braille deveria ser adotado
de forma padronizada, para uso na literatura, exatamente de acordo com a proposta de
estrutura do sistema, apresentada por Louis Braille em 1837, já referida anteriormente.
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Os símbolos fundamentais do Braille utilizados para as notações musicais foram
também apresentados pelo próprio Louis Braille na versão final dos estudos constantes da
proposta da estrutura do sistema concluída em 1837.
Hoje, a musicografia Braille é adotada uniformemente por todos os países. Para tanto,
contribuíram, principalmente, os congressos realizados em Colônia (Alemanha), 1888, em
Paris (França), 1929 e, finalmente, num congresso realizado em Nova Iorque, 1954, onde
foram adaptados símbolos, de acordo com novas exigências da musicografia.
A aplicação do Sistema Braille à matemática foi também proposta por seu inventor na
versão do sistema editada em 1837. Nesta, foram apresentados os símbolos fundamentais para
os algarismos, bem como as convenções para a aritmética e para a geometria.
Esta simbologia fundamental, entretanto, nem sempre foi adotada nos países que
vieram a utilizar o Sistema Braille, verificando-se, posteriormente, diferenças regionais e
locais mais ou menos acentuadas, chegando a prevalecer, como hoje, diversos códigos para a
matemática e as ciências em todo o mundo.
Com o propósito de unificar a simbologia Braille para a matemática e as ciências,
realizou-se na cidade de Viena, em 1929, um congresso, reunindo países da Europa e os
Estados Unidos. Apesar desse esforço, a falta de acordo fez com que continuassem a
prevalecer as divergências, que se acentuaram, face à necessidade de adoção de novos
símbolos, determinada pela evolução técnica e científica do século XX.
O Conselho Mundial para o Bem-Estar dos Cegos, criado em 1952, hoje União
Mundial de Cegos, com apoio da UNESCO, passou a se preocupar, através de seus
especialistas, com o problema da unificação da simbologia matemática e científica, em nível
mundial.
Com esse propósito, a Organização Nacional de Cegos da Espanha (ONCE), em
princípios da década de 1970, desenvolveu estudos, através da análise e comparação de
diferentes códigos em uso no mundo, para, finalmente, propor um código unificado que
denominou "Notación Universal".
A Conferência Ibero-Americana para a unificação do Sistema Braille, realizada em
Buenos Aires, 1973, foi uma tentativa de se estabelecer um código único para países de língua
castelhana e portuguesa. Na oportunidade, foram apresentados três trabalhos, elaborados pela
Espanha, Argentina e Brasil. A acentuada divergência entre os códigos inviabilizou um
desejável acordo.
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O Conselho Mundial para o Bem-Estar dos Cegos, reunido por seu Comitê Executivo
na cidade de Riyadh, Arábia-Saudita (1977), criou o Subcomitê de Matemáticas e Ciências,
integrado por representantes da Espanha, Estados Unidos, União Soviética, Alemanha
Ocidental e Inglaterra, com a finalidade principal de promover, em diferentes países, estudos
e experiências de âmbito nacional e regional, visando a unificação dos diversos códigos em
uso.
Em nível de países de língua castelhana, finalmente, foi possível um acordo para a
unificação da simbologia matemática, celebrado em 1987 na cidade de Montevidéu, durante
uma reunião de representantes de imprensas Braille dos países que falam o referido idioma. A
esta reunião compareceram representantes brasileiros como observadores.
Em nível mundial, o esforço para a unificação dos códigos matemáticos e científicos
ainda não alcançou o êxito desejado.
Especialistas no Sistema Braille do Brasil, especialmente ligados ao Instituto
Benjamin Constant e à, hoje, Fundação Dorina Nowill para Cegos, a partir da década de 1970,
passaram a se preocupar com as vantagens que adviriam da unificação dos códigos de
matemática e das ciências, uma vez que a tabela de Taylor adotada no Brasil desde a década
de 1940, já não vinha atendendo satisfatoriamente à transcrição em Braille, sobretudo, após a
introdução dos símbolos da matemática moderna, revelando-se esta tabela insuficiente para as
representações matemáticas e científicas em nível superior.
Deste modo, o Brasil participou inicialmente e, posteriormente acompanhou os
estudos desenvolvidos pelo Comitê de especialistas da ONCE, e que resultaram no Código de
Matemática Unificado.
Em 1991 foi criada a Comissão para Estudo e Atualização do Sistema Braille em uso
no Brasil, com a participação de especialistas representantes do Instituto Benjamin Constant,
da Fundação Dorina Nowill para Cegos, do Conselho Brasileiro para o Bem-Estar dos Cegos,
da Associação Brasileira de Educadores de Deficientes Visuais e da Federação Brasileira de
Entidades de Cegos, com o apoio da União Brasileira de Cegos e o patrocínio do Fundo de
Cooperação Econômica para Ibero américa - ONCE-ULAC. Os estudos desta comissão foram
concluídos em 18 de maio de 1994, constando das principais resoluções a de se adotar no
Brasil o Código Matemático Unificado para a Língua Castelhana, com as necessárias
adaptações à realidade brasileira.
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Por orientação da União Brasileira de Cegos, especialistas da Comissão na área da
matemática vêm realizando estudos para o estabelecimento de estratégias para a implantação,
em todo o território brasileiro, da nova simbologia matemática unificada.
Com o patrocínio financeiro da Organização Nacional dos Cegos da Espanha (ONCE),
a Fundação Dorina Nowill para Cegos (FDNC), em 1998, publicou a primeira edição em
Braille do Código Matemático Unificado para a Língua Portuguesa.
Sob o ponto de vista histórico, a utilização do Sistema Braille no Brasil pode ser
abordada em três períodos distintos:
1854-1942
Em 1854 o Sistema Braille foi adotado no Imperial Instituo dos Meninos Cegos (hoje,
Instituto Benjamin Constant), sendo assim, a primeira instituição na América Latina a utilizá-
lo. Deve-se isto aos esforços de José Álvares de Azevedo, um jovem cego brasileiro, que o
havia aprendido na França.
Diferentemente de alguns países, o Sistema Braille teve plena aceitação no Brasil,
utilizando-se praticamente toda a simbologia usada na França. A exemplo de outros países, o
Brasil passou a empregar, na íntegra, o código internacional de musicografia Braille de 1929.
1942-1963
Neste período verificaram-se algumas alterações na simbologia Braille em uso no
Brasil.
Para atender à reforma ortográfica da Língua Portuguesa de 1942, o antigo alfabeto
Braille de origem francesa foi adaptado às novas necessidades de nossa língua, especialmente
para a representação de símbolos indicativos de acentos diferenciais.
Destaca-se, ainda, a adoção da tabela Taylor de sinais matemáticos, de origem inglesa,
em substituição à simbologia francesa até então empregada.
A Portaria nº 552, de 13 de novembro de 1945, estabeleceu o Braille oficial para uso
no Brasil, além de um código de abreviaturas, da autoria do professor José Espínola Veiga.
Esta abreviatura teve uso restrito, entrando em desuso, posteriormente.
A Lei nº 4.169 de 04/12/1962, que oficializou as convenções Braille para uso na
escrita e leitura dos cegos, além de um código de contrações e abreviaturas Braille, veio criar
dificuldades para o estabelecimento de acordos internacionais, pelo que, especialistas
brasileiros optaram por alterar seus conteúdos, em benefício da unificação do Sistema Braille.
1963-1995
Os fatos marcantes deste período podem ser assim destacados:
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Em 05 de janeiro de 1963 foi assinado um convênio luso-brasileiro, entre as mais
importantes entidades dos dois países, para a padronização do Braille integral (grau 1) e para
a adoção, no Brasil, de símbolos do código de abreviaturas usado em Portugal.
Em relação à matemática, educadores e técnicos da FLCB e do IBC, principalmente,
complementaram a tabela Taylor com o acréscimo de símbolos Braille aplicáveis à teoria de
conjuntos.
A atuação profissional de pessoas cegas no campo da informática, a partir da década
de 1970, fez com que surgissem diferentes formas de representação em Braille desta matéria,
com base, sobretudo, em publicações estrangeiras. Em nível de imprensas e centro de
produção Braille, finalmente, foi acordada em 1994, a adoção de uma tabela unificada para a
informática.
Durante todo este período, o Brasil participou dos esforços do Conselho Mundial para
o Bem-Estar dos Cegos (hoje, União Mundial de Cegos) para atualização e a unificação do
Sistema Braille, como o demonstram a contribuição brasileira à Conferência Ibero-Americana
para Unificação do Sistema Braille (Buenos Aires, 1973), a participação de técnicos
brasileiros, como observadores, na Reunião de Imprensas Braille de Países de Língua
Castelhana (Montevidéu, 1987), a criação da Comissão para Estudo e Atualização do Sistema
Braille em uso no Brasil (1991-1994), a atuação de especialistas brasileiros na Conferência "O
Sistema Braille Aplicado à Língua Portuguesa" (Lisboa, 1994), além de outras iniciativas e
atividades desenvolvidas.
Destaque-se, em todo este período, o trabalho conjunto da, hoje, Fundação Dorina
Nowill para Cegos e do Instituto Benjamin Constant, através de seus especialistas, aos quais
se reuniram, muitas vezes, competentes profissionais de outras importantes entidades
brasileiras.
As tentativas de destacadas entidades de-e-para cegos, no sentido de se criar, em
âmbito federal, uma comissão nacional de Braille não foram bem sucedidas. O insucesso,
porém, foi certamente compensado pelo trabalho profícuo e harmonioso dos especialistas em
Braille do Brasil.
A União Brasileira de Cegos, na assembléia geral ordinária de 28 de agosto de 1995,
homologou a criação, no âmbito dessa entidade, da Comissão Brasileira do Braille,
constituída de cinco membros.
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Os membros da Comissão deveriam atender aos critérios de serem, preferentemente,
usuários do Sistema Braille e de ter conhecimento e experiência reconhecidos no campo da
produção de material Braille e da educação de cegos.
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Fonte: Extraído/adaptado da segunda edição do livro "LOUIS BRAILLE, SUA VIDA E
SEU SISTEMA" com a devida autorização de seus autores.
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