O Sermão Do Monte

18
Reflexões sobre O SERMÃO DO MONTE Os primeiros ensinos de Jesus para os seus primeiros seguidores. Por: Linda S.T.C. Pestana Com comentários de: Ana Paula Duarte Pereira Carla Sampaio Costa (Cacau) Gabriela Pestana Gislene Arantes Marisa Lorenzoni Monique Shelley Campo Grande-MS/2007

description

Reflexões à luz do ensino de Jesus no Sermão do Monte

Transcript of O Sermão Do Monte

Page 1: O Sermão Do Monte

Reflexões sobre

O SERMÃO DO MONTE Os primeiros ensinos de Jesus para os seus primeiros seguidores.

Por: Linda S.T.C. Pestana

Com comentários de: Ana Paula Duarte Pereira

Carla Sampaio Costa (Cacau)

Gabriela Pestana

Gislene Arantes

Marisa Lorenzoni

Monique Shelley

Campo Grande-MS/2007

Page 2: O Sermão Do Monte

O SERMÃO DO MONTE 2007 Linda S T C Pestana

2

ÍNDICE

Página

Introdução...................................................................................................03

Mt 5.1-12 O caráter do discípulo de Jesus...............................................05

Mt 5.13-16 O discípulo faz a diferença no mundo..................................08

Mt 5.17-48 Muito acima das “leis”..........................................................10

Mt 6.1-18 Devoção a Deus e não a homens............................................12

Mt 6.19-34 Ambições e preocupações na vida.......................................14

Mt 7.1-14 Não julgue os outros. Ore a Deus...........................................16

Mt 7.15-29 Ouvir e praticar: difícil, mas necessário..................................18

Page 3: O Sermão Do Monte

O SERMÃO DO MONTE 2007 Linda S T C Pestana

3

Introdução

Logo no início do ministério de Jesus, com a chegada das multidões, Jesus começa a ensiná-las, mostrando o que significa ser discípulo dele.

Sua pregação convida seus seguidores a uma vida excelente, muito superior àquela demonstrada pelos maiores religiosos da época. Seu apelo não só envolve mudança de ações, mas transformação de caráter, motivações, valores e decisões de cada um de seus discípulos.

É o que se vê na pregação inaugural de Jesus no Sermão do Monte (Mt 5, 6 e 7). É impressionante ouvir e aprender diretamente do Mestre o que é o Reino de Deus e como fazer parte dele, praticando uma vida íntegra e muito além da mediocridade, motivadas por gratidão e muito temor diante da imensa Graça divina que Jesus traz.

Convido-lhe a abrir sua Bíblia nesse magnífico Sermão de Jesus e acompanhar a sua leitura com esses pensamentos sobre o texto, que estão longe de explicar ou substituir as palavras do Mestre, mas têm a intenção de ajudá-la a refletir sobre cada uma delas.

Boa leitura, estudo e decisões!

Um grande abraço,

Linda

<[email protected]>

Page 4: O Sermão Do Monte

O SERMÃO DO MONTE 2007 Linda S T C Pestana

4

Essa apostila é resultado de uma série de estudos feitos com discípulas de Jesus, na cidade de Campo Grande-MS, baseados no Sermão do Monte.

( Da esquerda para a direita: Ana Paula, Cacau, Gabriela, Linda, Marisa, Gislene, Monique).

Page 5: O Sermão Do Monte

O SERMÃO DO MONTE 2007 Linda S T C Pestana

5

“Vendo as multidões, Jesus subiu ao monte e se assentou. Seus discípulos aproximaram-se dele, e ele começou a ensiná-los dizendo: Bem-aventurados... pois... deles é o Reino dos céus...” (Mt 5.1-12).

O CARÁTER DO DISCÍPULO DE JESUS Estar no Reino dos Céus não é descrever um lugar, mas sim, uma situação onde a vontade de Deus é soberana e praticada pelos que nela vivem. Ser bem-aventurada nesse Reino é muito mais do que estar alegre e sem problemas, mas é ter plenitude de vida e desfrutar do bem-estar de ser totalmente preenchida pelo que Jesus oferece: a salvação da alma. É viver numa condição em que o próprio Pai nos consola, nos dará a Terra Prometida e pode ser visto face a face! É viver na presença e sob a Graça divina diariamente, já nessa vida e, com certeza, no porvir.

A pregação que antecede o sermão do Monte é: “Arrependam-se, pois, o Reino dos Céus está próximo” (Mt 4.17). Isso significa que as características dos que vivem nesse Reino nada têm a ver com o que entendemos por pessoas “felizes” nesse mundo. Por isso, o que Jesus propõe é outro tipo de vida e o convite é: “Arrependam-se!”, ou seja, parem com o que estão fazendo e vivam de modo diferente!

Numa época em que se fala tanto em auto-estima e a necessidade de se ter ambições cada vez maiores, Jesus valoriza os que se humilham e oram (“Se o meu povo... se humilhar e orar, buscar a minha face e se afastar dos seus

maus caminhos, dos céus o ouvirei...” 2 Cr 7.14); em relação a esses, Deus está perto (“O Senhor está perto dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito

abatido” Sl 34.18), faz morada e pode ajudar (“...habito também com o contrito e humilde de espírito, para dar novo ânimo ao espírito do humilde e novo alento ao coração do contrito” Is 57.15).

Vivemos numa sociedade em que para não sentir dores e desconfortos, pessoas tomam analgésicos, calmantes e antidepressivos como se fossem vitaminas, fogem das conseqüências de seus atos impensados, ou ainda, pecam para serem “felizes”.

Jesus nos convida a viver uma vida de responsabilidade, obedecendo aos preceitos do Criador deste Universo e enfrentar com fé e coragem um caminho difícil, porém, que leva a uma vida plena que só se obtém buscando, acima de tudo, a Deus.

Page 6: O Sermão Do Monte

O SERMÃO DO MONTE 2007 Linda S T C Pestana

6

Ele não promete alívio imediato, nem bem-estar instantâneo, mas fortalecimento de caráter, amadurecimento e a própria natureza divina em nós mesmas. Isso pode significar muitas lutas, dores e lágrimas, mas com certeza, um resultado em nossas vidas que só Deus pode produzir. A vitória e o conforto do Pai celeste nos aguardam para todo o sempre.

“... não abram mão da confiança que vocês têm; ela será ricamente recompensada. Vocês precisam perseverar, de modo que, quando tiverem feito a vontade de Deus, recebam o que ele prometeu; pois em breve, muito em breve ‘Aquele que vem virá, e não demorará. Mas o meu justo viverá pela fé. E, se retroceder, não me agradarei dele’. Nós, porém, não somos dos que retrocedem e são destruídos, mas dos que crêem e são salvos.” (Hb 10.35-39).

Misericórdia, pureza e promoção de paz são atos constantes na vida da discípula de Jesus. Ela não aceita fazer menos do que seu Senhor espera dela e oferece aquilo que nem sempre recebe dos outros, mas, com certeza, receberá do Pai que está nos céus. É assim que participamos no Reino de Deus, inaugurado por Jesus, com cumprimento total previsto para o fim dos tempos, mas já derramando suas promessas no presente.

Essa não é uma condição interessante àqueles que anelam nessa vida por sucesso material, aplausos humanos ou uma vida sem problemas. A esses, Jesus nada tem a oferecer. A proposta de Jesus é clara e radical, mas só a quem quiser segui-lo. Não é possível praticar esses ensinos sem obedecê-lo como um discípulo a seu mestre.

O sermão do Monte é o ensino inaugural de Jesus. Ele se assenta tal qual o mestre diante de seus discípulos e passa a ensiná-los o que significa segui-lo e assumir um compromisso com ele. Mostra que isso inclui uma vida diferente daquilo que o mundo ao redor pratica e que é como “nadar contra a corrente”, ou seja, desafiando a natureza humana e a cultura de uma sociedade inteira. A implicação desse desafio são dificuldades e perseguições de vários tipos, afinal, não é a coisa mais natural do mundo ser como Jesus, Filho de Deus... Deus Unigênito.

A vida santa das discípulas de Jesus incomoda os que querem viver seguindo suas próprias leis como se Deus não existisse e também, irrita os “fariseus” que, fazendo-se religiosos, deturpam a lei de Deus em função de seus próprios interesses. Por isso, tentam eliminar e perseguem aquela para a qual não basta ser “boazinha” mas exceder em muito a justiça dos “bons”

Page 7: O Sermão Do Monte

O SERMÃO DO MONTE 2007 Linda S T C Pestana

7

para ser como Jesus e ter comunhão perfeita com o Pai, afinal, para esses, nada nesse mundo é mais precioso!

Nesses primeiros versículos (Mt 5.1-12), vemos a presença de uma inclusão, que é um recurso literário onde as palavras iniciais e finais dão a idéia do assunto tratado no corpo do texto. Dessa forma, o Reino daquele que está nos Céus: Deus, é formado por pessoas pobres em espírito e perseguidas, que choram, têm sede e fome de justiça, são mansas, misericordiosas, puras de coração e pacificadoras. A todas elas, a recompensa está garantida e será dada pelo próprio Deus, e por mais ninguém.

Assim, feliz de verdade é aquele que “não está tão bem assim”, que não se acha “grande coisa”, ou melhor do que ninguém; que sofre pela sua dor e dos outros, pela injustiça ao redor e não briga pelos próprios interesses, mas, pelo contrário, faz de tudo para promover paz entre as pessoas, mesmo com prejuízo próprio e acima de tudo, é feliz porque vive pensando e depositando sua esperança só em Deus.

“... o caminho para a felicidade plena se inicia numa fétida e miserável estrebaria; atravessa uma vida de grande humildade, tendo por locomoção umas alpargatas sujas, um velho barco de pescadores ou um ordinário jumento emprestado. O caminho para a felicidade plena culmina com a morte mais degradante de uma época – a morte de cruz: Eis aí a origem da felicidade plena para toda a humanidade.”1

Ouço diariamente: “O importante é ser feliz”, ou ainda: “Você tem que ser mais você!”. Amigos e até parentes me dão “dicas” que vão totalmente contra o que Jesus me ensina. Para ser feliz de verdade, temos que estar dispostas a sofrer. Só vai ser bem-aventurada quem não ficar com autopiedade ou só indo atrás do que gosta. A felicidade está ligada a almejar uma vida nova, que só Jesus pode dar; e nos esforçarmos para fazer o certo, mesmo que pessoas falem mal da gente. Quando, fazendo o bem e dedicando-me a obedecer a Palavra de Deus, recebo o que Jesus teve em seu ministério (críticas, maus olhares, perseguições e tentações), devo alegrar-me por perceber que estou no caminho certo.

Gabriela

1 Rubem Olinto, LUTO: uma dor perdida no tempo, Niterói-RJ, Vinde Comunicações, 1993, pg216.

Page 8: O Sermão Do Monte

O SERMÃO DO MONTE 2007 Linda S T C Pestana

8

“Vocês são o sal da terra... vocês são a luz do mundo... Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus.” (Mt 5.13-16).

O DISCÍPULO FAZ A DIFERENÇA NO MUNDO.

A presença da discípula de Jesus no mundo faz toda a diferença. Ela é sal e luz para o mundo por definição de Jesus!

Dentre as funções do sal na antiguidade, havia a de ser adubo, tempero, antisséptico e, principalmente, conservante. O sal preservava os alimentos e impedia que eles se deteriorassem. O sal (NaCl-cloreto de sódio) era encontrado em pedras que também continham outros componentes (minerais, gesso e impurezas...). Quando essas pedras ficavam expostas à umidade, facilmente perdiam o NaCl e portanto, sua função como “sal”. Para nada serviam além de jogadas ao chão, serem pisadas pelas pessoas. Assim também, a discípula de Jesus que não tem o caráter de Cristo, não serve para nada além de ser desprezada pelos outros.

A seguidora de Cristo propicia ambiente fértil ao seu redor para que Deus produza seus frutos; dá sentido e sabor à vida humana e ainda, retarda e até impede a corrupção do mundo. A discípula pura e atuante é instrumento divino no plano de salvação de Deus para a humanidade.

Da mesma forma, somos luz para revelar, esclarecer e trazer vida ao mundo. A luz não é nossa, mas vem do próprio Deus que habita em cada uma de nós e ilumina a todos ao redor.

“A vereda do justo é como a luz da alvorada, que brilha cada vez mais até a plena claridade do dia.” (Pv 4.18)

“... Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida.” (Jo 8.12)

“... o povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; sobre os que viviam na terra da sombra da morte raiou uma luz.” (Mt 4.16)

“Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” (1 Pe 2.9)

Page 9: O Sermão Do Monte

O SERMÃO DO MONTE 2007 Linda S T C Pestana

9

Jesus afirma que somos o sal e a luz do mundo. Somos sal quando preservamos a pureza que Deus nos dá, sendo pessoas íntegras em nossos relacionamentos e em tudo com que nos envolvemos. Precisamos cuidar para não perder o nosso precioso sabor, pois, ele faz toda a diferença onde quer que estejamos. Por sermos a luz do mundo, temos que nos colocar em posição apropriada, expondo os nossos talentos e fazendo boas obras. Seja em palavras ou com ações, vamos fazer a diferença no mundo, para que as pessoas possam ver o que fazemos por amor a Deus; assim, elas poderão glorificar ao nosso Pai. Brilhe e dê sabor por onde você for!

Gislene

Page 10: O Sermão Do Monte

O SERMÃO DO MONTE 2007 Linda S T C Pestana

10

“Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir... se a justiça de vocês não for muito superior à dos fariseus e mestres da lei, de modo nenhum entrarão no Reino dos céus... Vocês ouviram o que foi dito... Mas eu lhes digo...” (Mt 5.17-48).

MUITO ACIMA DAS “LEIS”... Com o caráter descrito no início do sermão e consciente da função de

ser sal e luz para o mundo, a discípula de Jesus cumpre a lei de Deus de modo excelente: não como os que fazem o mínimo para “não serem pegos”, mas cumprindo-a em sua totalidade, até nas suas entrelinhas e em seu significado mais profundo: a intenção de Deus.

Diante dos religiosos “imbatíveis” em santidade, Jesus nos convida a excedermos em muito a justiça deles. Isso só é possível quando ensinamos e praticamos todas as coisas que ele nos tem ordenado, pois é dessa forma que ele promete estar conosco todos os dias até o fim dos tempos (Mt 28.20). De fato, ele pede muito, mas sua promessa é bem maior: Ele nos deu a habitação do Espírito Santo para cumprirmos esse propósito.

Portanto, não basta “não matar”, mas também não xingar e nem ficar com raiva de alguém; não basta não ir para a cama com outro, mas nem nutrir pensamentos em que outro se torna objeto em nossos sonhos egoístas ou toma o lugar de nosso marido; não basta divorciar-se seguindo a lei, mas tentar praticar a vontade de Deus para o casamento; não basta jurar quando se fala a verdade, mas ser sempre verdadeira; é para ir muito além na bondade, no perdão e no amor, o tempo todo...

Com isso, entendemos que fazer a vontade Deus não é um simples cumprimento de regras, mas é o resultado de um relacionamento íntimo com o Pai, onde desenvolvemos um coração limpo que controla o que praticamos. É por isso que Jesus nos aconselha a amar um inimigo, perdoar e ter pensamentos puros, pois, somente cuidando do nosso interior: alimentando bons hábitos e pensamentos, e impedindo a contaminação com experiências e lembranças ruins, é que poderemos produzir o bem em palavras e ações.

“... as coisas que saem da boca vêm do coração, e são essas que tornam o homem impuro” (Mt 15.18).

Page 11: O Sermão Do Monte

O SERMÃO DO MONTE 2007 Linda S T C Pestana

11

Há o que “foi dito” pelos maiores “conhecedores da Bíblia”, mas Jesus é quem tem toda a autoridade e pode, realmente, dizer o que significa toda a Escritura Sagrada, pois, só ele conhece o coração do Pai e soube cumprir com perfeição a vontade divina para os homens.

Vale a pena ouvi-lo se queremos, de fato, obedecer a Lei de Deus.

Jesus veio ao mundo para fazer a vontade do Pai e nos dar a salvação. Ele tinha um coração puro, sabia agir com sabedoria em qualquer situação e foi um exemplo de vida para todas nós. Seguir o exemplo de Jesus realmente não é fácil; o tempo inteiro, nós temos que estar vigiando para não termos pensamentos ou atitudes que desagradam a Deus. A mudança começa no nosso interior, da vontade de querer agradar a Deus, simplesmente, por amor a Ele, e não por querer “ganhar” a salvação em troca dessa mudança. Temos que viver vontade do Pai com amor e refletir esse amor que está em nosso coração.

Marisa

Page 12: O Sermão Do Monte

O SERMÃO DO MONTE 2007 Linda S T C Pestana

12

“Tenham o cuidado de não praticar suas ‘obras de justiça’ diante dos outros para serem vistos por eles. Se fizerem isso, vocês não terão nenhuma recompensa do Pai celestial... E seu Pai, que vê em secreto, o recompensará.” (Mt 6.1-18).

DEVOÇÃO A DEUS E NÃO A HOMENS. Diante de tamanho desafio, é muito comum à seguidora de Jesus buscar em elogios e aplausos humanos a motivação para ficar firme na fé e prosseguir em sua missão. Jesus nos alerta para que não façamos isso: ser e fazer o bem com o objetivo de ser vista pelos outros traz muito perigo espiritual e armadilhas humanas que nos desviam totalmente do caminho de Deus.

Somente mantendo o foco em Deus e buscando agradá-Lo acima de tudo, que podemos desenvolver integridade no caráter cristão. Mirando-nos em pessoas, corremos o risco de nos envaidecermos ou desanimarmos diante dos seus comentários, às vezes justos, outras vezes, injustos. Só Deus pode julgar-nos e merece a nossa devoção.

A discípula de Jesus faz o bem e nem ela mesma fica reparando muito no que faz (“Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber?... O que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram.” Mt 25.37-40; “... que a sua mão esquerda não saiba o que está fazendo a direita” Mt 6.3), pois, é humilde de espírito e não soberba (“Bem-aventurados

os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos céus.” Mt 5.3) e, afinal das contas, quem tem que ver tudo é Deus! Ao mencionar os três elementos da devoção judaica: esmolas, oração e jejum, Jesus reafirma que a devoção feita a Deus é praticada com o único alvo de achegar-se a ele e não para “aparecer” diante das pessoas. Deus vê tudo e recompensa os que o buscam, mesmo “em secreto”.

Não há limites para ofertar, suplicar, agradecer, ou se abster de qualquer coisa para dedicar-se mais a Deus. Qualquer uma dessas ações, se feitas para impressionar pessoas ou manipular a Deus, perde o valor e representa uma armadilha para nos tirar do rumo certo. Deus não quer “atores”, mas verdadeiros adoradores.

“... os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura.” (Jo 4.23).

Page 13: O Sermão Do Monte

O SERMÃO DO MONTE 2007 Linda S T C Pestana

13

A oração do “Pai nosso” retrata o quanto desejamos “tudo” para Deus e o “mínimo” para nós, somente o suficiente para louvá-lo e permanecer santas, perdoando a todos e vivendo sem pecar, em seu Reino.

Assim, embora devamos ser vistas praticando boas obras, esse não é o nosso objetivo de vida. Nosso alvo é, acima de tudo, agradar àquele que está nos Céus, que a tudo vê e provê, dependendo totalmente dele para tudo.

Jesus chamou seus discípulos para serem diferentes. Sem dúvida, trata-se de algo que exige esforço, sacrifício e perseverança, ter seus ensinamentos guardados em nosso coração, e desenvolver o seu caráter em nós. Glorificar a Deus deve ser o único motivo pelo qual fazemos todas as coisas, sejam elas vistas ou não pelos outros. Qualquer outro motivo destruirá o valor espiritual daquilo que fizermos. Cristo ensinou que podemos pecar, não somente com nossas ações, mas também com os pensamentos escondidos no coração; ou seja, erramos ao esperar aplausos dos homens, tanto quanto termos um espírito de autogratificação. Infelizmente, é possível transformar um ato de amor, num ato de vaidade, quando o alvo é egoísta. Nossas “obras de justiça” devem ser secretas (com motivações puras) e feitas com humildade, pois, só assim serão recompensadas por Deus. Que todas nós possamos sempre buscar a Deus, sabendo que ele não olha só para a nossa aparência, mas para o nosso coração; não olha só para os atos de uma pessoa, mas também para as suas motivações.

Ana Paula

Page 14: O Sermão Do Monte

O SERMÃO DO MONTE 2007 Linda S T C Pestana

14

“Não acumulem para vocês tesouros na terra... Mas acumulem para vocês tesouros nos céus... Não se preocupem com sua própria vida... Não é a vida mais importante que a comida, e o corpo mais importante que a roupa?... Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas.” (Mt 6.19-34)

AMBIÇÕES E PREOCUPAÇÕES NA VIDA Há dois elementos na vida que podem tirar o nosso foco de Deus: As

ambições e as preocupações desse mundo.

Já que vivemos cercadas de atrativos e problemas, Jesus nos alerta para que esses não nos desviem os olhos de Deus, pois, certamente, com isso, perdemos o principal da vida.

É muito comum passarmos a vida acumulando ou tentando juntar tesouros para “viver mais”, porém, que só valem para este mundo e até “encurtam” a vida. Esses tesouros podem ser roubados e estragados e, se o nosso coração estiver neles, perdemo-lo também. Mais uma vez, vemos o enorme amor e cuidado de Jesus para conosco: Ele quer nos proteger para não nos escravizarmos ou limitarmos a vida abundante que ele quer dar, dedicando-nos a algo que não tem real valor.

Os tesouros que devemos buscar se referem a tudo que podemos levar para os céus, para a vida eterna: Fé, amor, amizade, perdão, fidelidade, paciência, perseverança, honestidade, integridade, esperança, temor e obediência a Deus... Esses alvos valem o nosso empenho e nos conduzem a uma vida onde, com certeza, agradaremos ao Pai. Não tem como tirar esses tesouros de nós. Podemos ser torturadas e até morrer, mas essas preciosidades vão conosco para a eternidade!

Do outro lado, as preocupações diárias com necessidades básicas, também podem desviar nossa atenção de Deus. O fato é que a vida é bem mais do que só comer e beber, e o corpo, bem mais do que a roupa que usamos; mas... como é fácil gastar a vida atrás dessas coisas!

Deus nos dá o principal: a vida e o corpo, e ainda acrescenta as outras coisas. Jesus nos convida a observar os pássaros e ver os lírios do campo... Contemplar o mundo ao redor com olhos que percebem a mão do Criador em tudo; correr atrás de tesouros que têm valor eterno; não se deixar levar pelo que “todo o mundo” deseja, faz ou precisa; ouvir do

Page 15: O Sermão Do Monte

O SERMÃO DO MONTE 2007 Linda S T C Pestana

15

próprio Deus o que ele quer e, finalmente, enfrentar cada dia tentando sobreviver, sem estresse, agradando e buscando a Deus, acima de tudo.

Esse é o caminho para realmente passar por esse mundo como discípula de Jesus: Buscar, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça todos os dias, todo o tempo...

“Portanto, eu lhes digo: Não se preocupem com sua própria vida, quanto ao que comer ou beber, nem com seu próprio corpo, quanto ao que vestir...” (Mt 6.25ª) Esta afirmação de Jesus, muitas vezes, soa como uma ordem para seus discípulos que estavam junto dele no Monte. Mas, o que será que Jesus está querendo dizer com essa afirmação? Será que nós, discípulas do Mestre, não devemos nos preocupar com as coisas básicas da nossa vida? Sim, comer, beber e vestir-se são necessidades fisiológicas e naturais do homem, porém, Jesus nos convida a não andarmos ansiosas com coisa alguma, pois, Deus, nosso Pai, sabe do que precisamos e nos abastece diariamente. Uma das coisas que me chamou à atenção nesse texto (Mt 6.25-34), foi a comparação que Jesus fez entre as aves e o homem. Numa pesquisa recente, feita por uma equipe de biólogos realizada com pássaros, descobriu-se que as aves têm uma característica muito interessante com relação a seu modo de vida: elas não ficam ansiosas. Ao contrário, estão constantemente alegres e cantando. No Reino animal, os pássaros são a única espécie que não armazena seus alimentos, pois têm a esperança de encontrar algo todos os dias1. “... Não é a vida mais importante que a comida, e o corpo mais importante que a roupa?” (Mt 6.25b). Não sou eu mais importante para Deus do que um pássaro? Se Deus o sustenta, quanto mais a mim, filha dele! Quando Jesus diz: observem... vejam” (v.26 e 28), ele nos convida a uma reflexão sobre o quanto ele cuida de cada uma de nós. Jesus não deseja que sejamos como os pagãos que vivem a correr atrás de “coisas e mais coisas”, e nunca se contentando; ao contrário, ele quer que sejamos cada vez mais parecidas com ele, buscando em primeiro lugar o Reino e a sua justiça e todas as coisas como: comer, beber e vestir, serão acrescentadas pelo nosso Pai que nos ama e sempre cuida de nós.

Monique

1. Dados extraídos de www.google.com.br/passaroseanimaissilvestres

Page 16: O Sermão Do Monte

O SERMÃO DO MONTE 2007 Linda S T C Pestana

16

“Não julguem, para que vocês não sejam julgados... Não dêem o que é sagrado aos cães... Peçam, e lhes será dado; busquem, e encontrarão... em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam... Entrem pela porta estreita... Como é estreita a porta, e apertado o caminho que leva à vida! São poucos os que a encontram.” (Mt 7.1-14).

NÃO JULGUE OS OUTROS. ORE A DEUS. Ao tentarmos colocar em prática as recomendações do Mestre, uma

grande tendência que temos é reparar se os outros também estão cumprindo-as ou não. Ao nos compararmos com outras pessoas, corremos o risco de julgá-las, medi-las e até condená-las.

Essa é uma prática totalmente inaceitável aos olhos de Deus, já que isso produz em nós uma atitude negativa que só nos distancia dos propósitos de Deus: de tornar-nos suas filhas, à imagem de Jesus (Ef 1.5,11; Rm 8.29). Só ele sonda os corações das pessoas e sabe exatamente o que está se passando com cada uma de nós. Seus mandamentos são para que cada seguidora de Jesus os tome para si, ao invés de aplicar sobre os outros.

Procure obedecer a Deus, mas não imponha o mesmo para sua irmã ou irmão. Julgar os outros é tão feio e absurdo como dar o que é sagrado para os cães ou pérolas a porcos; quem assim faz vai se dar mal. Não leia a Bíblia para “consertar” os outros... Tem muito serviço para fazer na sua própria vida! Não desperdice esse sermão tão maravilhoso jogando-o para outra pessoa. Ele foi feito para você! Leia-o, aplique-o em sua vida e ajude os outros a fazerem o mesmo, por amor a Jesus, e por mais nenhum outro motivo.

Se está difícil para você praticar as recomendações divinas, não tente diminuir o valor de quem está fazendo bem e nem se diminua perante os outros... Ore a Deus e espere nele! Temos um Pai muito bondoso e compreensivo que quer nos melhorar e dar o que precisamos para isso; que espera o melhor de cada uma de nós e está disposto a nos ajudar em tudo; é só pedir!

Com isso em mente, façamos o bem a todos, sem limites e sem medo de faltar para nós. Em outras palavras, ajamos com fé, na certeza de que

Page 17: O Sermão Do Monte

O SERMÃO DO MONTE 2007 Linda S T C Pestana

17

mesmo não vendo, Deus nos recompensará por amarmos e fazermos aos outros como gostaríamos de receber.

Ao invés de olhar para os outros, competindo, comparando-se, defendendo-se, atacando, admirando ou invejando (acumulando pecado dentro de si), olhe para o nosso Pai e entregue tudo a Ele em oração. Derrame boas obras e bons sentimentos para todas as pessoas. Faça a sua parte e confie em Deus... Ele está vendo tudo!

Esse jeito de viver não é nada fácil: é como passar por uma porta bem estreita e trilhar um caminho muito difícil. Poucos conseguem, mas, orando e fazendo o bem sem cessar, vamos chegar à vida eterna.

“E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos. Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé” (Gl 6.9).

“... visto que temos este ministério pela misericórdia que nos foi dada, não desanimamos... De todos os lados somos pressionados, mas não desanimados... perplexos, mas não desesperados; perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não destruídos... Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia... Assim fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno” (2 Co 4.1-18).

Jesus está nos ensinando que a vida é como um espelho: reflete aquilo que colocamos diante dela. Ele está nos dando a oportunidade de sermos julgadas da mesma forma que agimos com os outros. Se queremos que Deus tenha misericórdia de nós, devemos agir dessa forma para com os outros; pois com a medida que usamos para julgar, vamos ser julgadas. Se nós que somos “más” sabemos dar coisas boas àqueles que amamos, quanto mais Deus, que é infinitamente melhor que nós, que tem todo o poder nos céus e na terra e ainda, deu sua vida por nós. Deus nos convida a amar, servir e perdoar, ao invés de nos vingar. Ele ensina que o amor nunca fica sem recompensa, que a bondade não é vã e que perdoar é uma benção; pois, é dando que se recebe, é buscando que se encontra e é batendo que a porta vai ser aberta. Busque, pois a Deus, ore e peça para que Ele a ajude a permanecer firme no caminho que é apertado, e que poucos estão dispostos a percorrer. Assim, não estaremos desperdiçando o que Deus deu de mais precioso: Jesus, o Cristo.

Cacau

Page 18: O Sermão Do Monte

O SERMÃO DO MONTE 2007 Linda S T C Pestana

18

“Cuidado com os falsos profetas... pelos seus frutos vocês os reconhecerão! Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade do Pai que está nos céus... Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha... as multidões estavam maravilhadas com o seu ensino, porque ele as ensinava como quem tem autoridade...” (MT 7.15-29).

OUVIR E PRATICAR: DIFÍCIL, MAS NECESSÁRIO.

No final do sermão, Jesus nos alerta para tomarmos cuidado com falsos mestres. Ele nos responsabiliza por buscarmos a verdade e não acreditarmos em mentiras, ainda que bem contadas por “pregadores” muito conceituados ou por mulheres “maravilhosas”. Temos a obrigação de conhecer nosso Senhor e suas palavras. No dia do julgamento final, perante Jesus, não se aceitarão desculpas por não obedecê-lo.

O critério para avaliar o ensino de alguém é o próprio fruto que ele produz: Como é a sua família? Quantas pessoas têm aceitado o Evangelho, voltado a Cristo e ficado firme na fé pela sua influência? Faz fofocas que afastam pessoas umas das outras? Promove consagração a Deus e paz entre os irmãos? Valoriza as reuniões da igreja? Que testemunho tem dos outros ao redor? Pratica o que a Bíblia ensina? Sua companhia traz temor a Deus ou pensamentos humanos?

Não é para julgar as pessoas, mas temos que ter consciência que nem todos são discípulos fiéis de Jesus e consagrados a Deus, mesmo que assim aparentem. Temos que lembrar que a vida cristã não é fácil e não podemos aceitar qualquer ensino que “gostamos”, nem fazer coisas sem avaliar com bastante atenção se é realmente de Deus.

Essa é a diferença entre os que “sabem” da Palavra de Deus e não a praticam, e os que conhecem e obedecem as Escrituras Sagradas com profundidade e empenho. Enquanto aqueles não têm fundamento para suas obras e um dia vão cair (tomara que se arrependam!), os que temem a Deus e guardam seus mandamentos, resistirão às maiores provações e permanecerão firmes e inabaláveis até a volta do Senhor.

“Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai...” (Mt 13.43).