O reino de deus na pregação de jesus (correcao) (1)

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“Queremos ver Jesus!” (Jo 12,20)

Curso de cristologia e soteriologia

Estudo bíblico, histórico e sistemático

FAJE - Belo Horizonte, MG

Segundo Semestre 2014

Aluno: CRISTOBAL AVALOS, CRSP.

O REINO DE DEUS NA PREGAÇÃO DE JESUS

Introdução

Este estudo pretende pesquisar o significado do Reino de Deus na pregação de Jesus

considerado nos evangelhos e no interior do cristianismo nascente, tendo em conta os câmbios

e a evolução na compreensão.

Evidentemente é necessário aprofundar o contexto vital onde foi pregado o Reino de

Deus por Jesus, porque já existiam ideias e peculiaridades nesse tempo no judaísmo tardio.

A Igreja primitiva compreende que o Jesus exaltado está sentado na direita do Pai,

governando de um modo peculiar, porém é conveniente fazer a pergunta que relação existe

entre Reino de Deus e Igreja? A Igreja é semente do Reino?

O estudo vai ter um método de caráter teológico bíblico com tal de oferecer uma

reflexão aprofundada desde o teólogo Rudolf Schanackenburg... Note-se que mesmo no

âmbito pastoral de Igreja católica não se consegue explicar com claridade este tema central no

evangelho de Jesus, tendo em contra que si também existem desvios na maneira de conceber.

No fundo o objetivo é propor uma explicação sobre o sentido ou significado originário

da mensagem de Jesus na sua pregação, assim as citações de textos acompanharam o

desarrolho.

Uma limitação presente é que tampouco o Novo Testamento da uma explicação

delimitada dos conceitos sobre o Reino de Deus.

Em suma o estudo vai tratar de diferenciar o reino presente e futuro de Deus, a relação

entre reino e Igreja. Todo com um sentir próximo com a Igreja, assim que sirva também para

a discussão e diálogo.

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O caráter escatológico do Reino de Deus

Até hoje não é compreendido por muitos cristãos o verdadeiro significado do Reino de

Deus. Segue o desejo de aprofundar como fez o teólogo Rudolf Schnackenburg, autor que vou

seguir neste estudo.

A doutrina de Jesus integramente não foi entendida pelas pessoas de sua época. Os

judeus estavam maravilhados com sua doutrina porque Ele ensinava com autoridade, mas não

temos certeza que Ele aclarou completamente o significado do Reino de Deus (Mc 1,22), em

suma, a novidade de Jesus inquietou e criou curiosidadenas pessoas de seu tempo, tal como

vemos em Mc 10, 17: “Que devo fazer para conseguir a vida eterna?”. Então em que consiste

esta doutrina? Efetivamente, todo o ensino de Jesus está ordenado à vida, olhando a Deus e ao

próximo. Jesus evidencia uma coerência entre a interpretação da vontade de Deus e o seu

modo de se comportar, a cercania com os pecadores e não aos piedosos, demonstrou a

presença de Deus aos homens. Justamente o modo de vida de Jesus foi mais como um profeta

convencido de suas palavras que um mestre, a escolha e formação dos discípulos não eram

para fundar uma nova escola de rabinos, uma forma muito peculiar naquela época.

O centro da pregação e da mensagem de Jesus foi o reino. Nos evangelhos

sinópticos1aparecem más de 100 vezes a expressão ἡ βασιλεία τοῦθεοῦassim se pode

encontrar que na mesma comunidade nascente houve um seguimento e aplicação do kérigma

de Cristo,bom, Mateus usa ἡ βασιλεία τῶν οὐρανῶν, (em hebraico “Malkhutha Shamáyim”) na

verdade responde ao uso rabínico daquela época.

Qual é a novidade ou a mesma atitude de Jesus diante do reino de Deus? Como vimos,

o conceito “reino de Deus” tem um enfoque escatológico, que não vai ter fim, em suma, é

escatológico porque a afirmação “está perto” é uma proximidade profética futura, incluso, já

realizado.

No judaísmo, era esperado um messias, com expectativa escatológica grande. Mesmo,

os discípulos acharam que o reino de Deus aparecerá segundo o pensamento deles (19,11).

Caráter salvifico da

Na mensagem de Jesus não escutamos vingança ou ódio aos inimigos. A sua

motivação foi o anuncio da salvação, no qual se incluem os pecadores e as prostitutas (Mc 2,

15-17), uma misericórdia oferecida para todos, no entanto exige conversão e piedade com os

1 Mateus, Marcos e Lucas.

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outros, como aconteceu com Zaqueu (Lc9, 1-10) onde houve uma reação positiva diante da

proposta salvifica.

Toda a ação de Jesus foi misericórdia, ele sabe que é o Salvador que cria um destino

deredenção. Percebemos muitas promessas na pregação, saciedade, consolo, (um Gan Eden),

a nova criação (Mt 19,28).

Caráter religioso do Reino

O brilho da anunciada por Jesus tem força porque seus fundamentos estão

fora da linha terrena e política. Sua atitude gerou esperança, tanto que desejaram elegê-lo

como rei (Jo 6, 15). Dentre o povo, os zelotes eram os mais fanatizados em ter um messias

político. Até mesmo os discípulos com um poder teocrático (Mc 10, 37), no entanto, o mesmo

Jesus manifesta que o reino de Deus é exclusivamente uma dimensão submetida a Deus, e

nenhuma especulação humana pode saber o momento (Mc 13,32: Mas daquele dia e hora

ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai).

Um reino de Deus tem um caráter universal, o interesse é a salvação da humanidade.

Não há elite, fronteiras, nem puros já escolhidos. Jesus chama a todos, não existe uma raiz

santa.

Jesus cria uma comunidade que vivencia o perdão de Deus. O evangelho de Mt 25,31-

46 é sinal desta universalidade. Todos deverão comparecer ante o Juiz das nações.

Intimação do reino de Deus

A pregação convida a se converter e submeter-se a Deus completamente Não deve

existir outro reino ou ambição.

Cristo exige umamudança interior, com um desejo de voltar para Deus. A misericórdia

divina é gratuita e está sempre esperando o perdido (Lc 15,11-32), o mesmo Zaqueu entendeu

a lógica do perdão e o que significa conversão (Lc 19, 1-10).

A mudança de vida é condição primordial para entrar no reino,visto que, Deus está

feliz com cada pecador convertido (Lc 15), até as prostitutas podem entrar como se pode

conferir em Mt 21,31: “Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram-lhe eles: O primeiro.

Disse-lhes Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de

vós no reino de Deus.”

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Como se pode ver, a conversão está muito unida ao crer na boa nova anunciada por

Jesus. Somente quem muda de vida, e tem fé, reconhece a plenitude dos tempos já iniciada e

que se estende para todas as nações, sem ter em conta a procedência, língua, nível cultural.

A vinda está próxima, já está no meio das pessoas. Os demônios são expulsos, os

pecados perdoados, por conseguinte, Jesus ensina como orar por sua vinda (Lc 11,2) pede

vigiar e estar atentos (Mt 25,1-13), é algo radical.

Este reino é uma iniciativa divina e não é fruto de uma vontade humana. Deus joga as

sementes, o homem pode somente orar, buscar e estar preparado (Lc 12,35-37). A semente

cresce por virtude e graça divina, evidentemente, todas as metáforas e parábolas dirão que a

Basiléia é saúde futura da humanidade.

As curas como sinal do reino

Todas as curas simbolizam uma liberação e abertura à saúde. A importância da vinda

de Jesus superou a expectativa dos profetas (Lc 16,16), em suma, Jesus vem a ser superior a

Jonas, Salomão, supera todo juízo, a lei de Moisés, éimpossívelcategorizá-lo por que foge de

qualquer esquema.

Jesus não se apropriou de nenhum titulo messiânico, a sua missão era puramente

religiosa, certamente a sua mensagem e obra como as quais estão intimamente unidas,

coerentes.

A resposta para João é a melhor maneira de identificá-lo em Mt 11,4-5: “E Jesus,

respondendo, disse-lhes: Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes:5 Os cegos vêem,

e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e

aos pobres é anunciado o evangelho.”

Doutrina das parábolas vegetais

E evidente que as parábolas transmitem com grande inteligência a mensagem do Reino

de Deus, poderia ser afirmado que a intenção do uso de uma parábolaquer expressar o agir de

Deus, e do ser humano, no fundo deseja criar uma atitude no ser humano, as parábolas tem

um caráter cristológico.

A parábola do semeador (Mc 4, 1-9: E outra vez começou a ensinar junto do mar, e

ajuntou-se a ele grande multidão, de sorte que ele entrou e assentou-se num barco, sobre o

mar; e toda a multidão estava em terra junto do mar.) faz referencia a semente pequena e

imperceptível, confiada a terra, mas também reconhece a falta de fertilidade do solo.

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Para J. Jeremias existe um contrate entre um pequeno começo e o final gigantesco,

Deus tem a iniciativa eseus frutos vão ser incontáveis.

Aliás, no povo de Israel ninguém duvida da vinda do Reino,porém, sim tinham pouca

clareza em relação com a pessoa de Jesus.

Em certa parte vemos que o semeado talvez não apareça como o mais importante,

porém está ligado ao mistério do Reino, Deus é faz tudo o trabalho para o crescimento (Mc 4,

26-28), efetivamente, Deus é quem tem iniciativa e age continuamente, o Reino de Deus é

próximo, sensível e iminente.

A chegada do reino pleno de Deus

A tem também um caráter futuro como se expressa no “Pai nosso” (Mt

16,20; Lc 11,2), “venha teu reino” de fato a palavra “buscar” () Lc 12,31 mira para um

reino futuro.

O reino similar a um banquete (Mt 8, 11: Mas eu vos digo que muitos virão do oriente

e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino dos céus;),

refere-se a um “banquete gozoso, já usada escatologicamente no judaísmo, outra alusão a um

caráter futuro é a colheita” (Mc 4, 1-9), por outro lado, uns dos pontos fortes é sobre os

admitidos e não admitidos deste Reino.

Em síntese, a vinda do Reino aparecera um dia inesperado, visível a todo o mondo,

acorde à vontade de Deus e mediante sua ação onipotente. O protagonista será o mesmo Filho

do Homem para dar lugar a seu reino cósmico-universal.

A cegueira dos judeus, a morte expiatória de Jesus e o reino futuro

Os homens não podem deter o reino pregado por Jesus, mas sim podem obstaculizar,

evidentemente, o resultado da vida publica e a pregação parece serinútil porque o desenlace

do Mestre será terrível, ninguém duvida disso como fato histórico.

Os ouvintes (judeus) se mostram incompreensivos, incrédulos (cfr. Mc 1,21-6,6)

opoentes, adversários, cegos, etc., geralmente suas palavras foram inadmitidas, certamente

para muitosgerou uma atitude enigmática a pregação de Jesus, portanto encontramosa

separação dos que entendem e dos que não conseguem compreender por objetivo

endurecimento, veja-se em Mc 4, 12: “Para que, vendo, vejam, e não percebam; e, ouvindo,

ouçam, e não entendam; para que não se convertam, e lhes sejam perdoados os pecados”.

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O problema da expectação próxima

O problema sobre a vinda de Jesus () pressupõe grandes problemas para os

exegetas do NT. Como interpretar a expectação próxima do Reino? Na verdade os textos não

falam de dados cronológicos de quando vai ser a chegada, consideravelmente, Jesus não

pretendia dar uma doutrina escatológica oculta de tipo apocalíptico, mas era preparar lhes

para o futuro.

Se deixa em claro que a destruição do Templo de Jerusalém no ano 70 d.C não foi algo

profetizado como o momento no qual ia voltar o Cristo (Mt 10, 23; Mc 9,1), Jesus

pessoalmente se distanciou à ciência e consciência da atitude problemática doapocalipse e de

tudo computo cronológico profético do futuro (Mt 24,36: Mas daquele dia e hora ninguém

sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai).

Em suma, o pensamento histórico-salivifico se interessa do que ocorre dentro do

tempo e do agir de Deus, o seu passo na história, por conseguinte, diante de Deus não pode

existir uma interpretação ou ideologia temporal-espacial.

A comunidade salvifica de Jesus à luz da sua mensagem do Reino de Deus

A comunidade pertence ao cimento do Reino de Deus, talvez seja muito equivocado

dizer que Jesus não quis fundar uma comunidade tal como pensava A. Von Harnack, aliás,

não adianta muito discutir esse assunto, por isso e melhor falar da influência da pregação

sobre o Reino de Deus na .

A comunidade de Jesus vai ter um caráter universal porque a sua morte será para a

redenção de muitos (Mc 10, 45; 14,24), por conseguinte, a mesma comunidade primitiva

entendeu que também a mensagem de Jesus era para os pagãos.

Com efeito, a comunidade conformada por Jesus é sinal do poder do Reino de Deus,

porém o convite aos apóstolos permite entender a proximidade de Deus aos homens (Mt 11,

25: Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra,

que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos), portanto,

hoje continua chamando homens e mulheres para que sejam continuadores da missão.

Adicionalmente, Jesus deu poder () e autoridade () para que os

apóstolos proclamem o, tendo como chefe a Pedro,consequentemente a

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comunidade terrena de Jesus não carece de relação mutua com o Reino de Deus, pela mesma

razón a é a sociedade aspirante do Reino de Deus porque conta com a promessa.

Significado do Reino de Deus para a comunidade

Quem é membro da Igreja deve ter uma vocação ao reino futuro, com as veste nupcial

e preparado para o banquete (Mt 22, 1-10), claro que quando falamos de comunidade nos

evangelhos, variam de contexto, (Sitz im Lebem), por exemplo, a comunidade de Mt é mais

eclesial e tem em conta a liderança, especificamente o papel de Pedro como chefe, por outro

lado, Lc enfoca o para os outros povos num contexto mais universal e aberto (Lc 8,

16;11,33).

Em outro aspecto, não se pode negar que a Igreja primitiva tinha acreditado na

de Cristo, deste modo à vigilância escatológica (cfr At 3,3; 16,15), em suma o

Senhor virá como Juiz e Salvador e receberá a seus escolhidos.

Em particular a se sentia como o povo de Deus, reunida em seu nome, sua

presencia (Mt 18, 20) a comunidade constitui uma nova família, de irmãos e irmãs (cfr Lc

23,34).

Logo, a mensagem de Jesus tem força na comunidade nascente, influi nos sentimentos

e na conduta (caráter parenético), então, o grupo é consciente no pensamento da e

está expectante, está presente o Reino de Deus no da comunidade nascente.

A celebração eucarística da comunidade sub o pensamento do Reino de Deus

Certamente, a eucaristia será o centro da comunidade salvifica, Jesus pelo seu sangue

faz um pacto salvifico com o seu povo, na verdade a nova aliança supõe uma a nova meta, a

mudança da relação entre Deus e o homem, o cumprimento perfeito da lei de Deus, mostra

eficiente da plenitude divina. Por outro lado, além do novo testamento que começa, é

oferecido o sangue por todos.

Para Paulo a eucaristia deve ser celebrada liturgicamente e ligada ao amor fraterno,

porque os sacramentos são dons e meios de salvação que compromete no amor ao próximo.

Em conclusão, pode ser afirmado que a instituição da eucaristia é um fundamento

básico para a auto - compreensão da comunidade nascente.

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Considerações finais

A compreensão do Reino de Deus deve ser aprofundada no circulo católico e nas

pesquisas teológicas, de fato pode ser complicado interpretar no mesmo campo bíblico.

O Reino de Deus na pregação de Jesus continua sendo estudada nos evangelhos pelos

exegetas, por conseguinte é um problema cristológico que tem vigor e desafia entender

melhor a pessoa e obra de Jesus, em suma para Jesus o Reino de Deus consiste no governo

dinâmico que penetra no mundo por meio de sua pessoa e missão... e que vai-se manifestar de

novo no fim do mundo para levar até a plenitude esta mesma redenção.

Com efeito, Jesus resolve o problema apocalíptico das datas cronológicas por meio da

concentração das no sentido existencial do anuncio do Reino, assim o anuncio está muito

ligado à pessoa de Jesus, por isso não se deve ter preocupação pelo tempo cronológico do

encontro com Deus. Evidentemente, é o Reino que vem até nos e não de forma contraria.

Foi encontrada a dificuldade de identificar (nos evangelhos) as palavras de Jesus

referentes ao Reino de Deus, diante da formulação seguida da situação da Igreja nascente. Em

definitiva, se pode notar verdadeiramente a intenção de Jesus? Existe uma formulação

interpretativa das palavras de Jesus? Há uma formulação nova que se aplica já a uma situação

avançada? Porém o desafio está feito, se deve buscar por todos os lados, acudir todos os

métodos ao alcance para encontrar a intenção original das palavras de Jesus transmitidas nos

evangelhos, sem desestimar a interpretação paleo-cristã.

Enfim a Igreja e o Reino de Deus na pregação de Jesus estão intimamente vinculados,

isso deve ser posto em claro sempre no pensamento eclesial no Novo Testamento,

pensamento que foi considerado no percurso do estudo.

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BIBLIOGRAFIA

BÍBLIA SAGRADA – Tradução da CNBB – Editora Canção Nova, 2012.

SCHNACKENGURG, Rudolf. Reino y reinado de Dios. Madrid: Fax, 1974., pp. 65-238.