O Que é Universidade
-
Upload
felipe-both -
Category
Documents
-
view
1 -
download
0
description
Transcript of O Que é Universidade
UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL
CURSO DE GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA – LICENCIATURA
ADADÊMICO: FELIPE ALFREDO BOTH
DISCIPLINA: INTRODUÇÃO A PRÁTICA CIENTÍFICA
PROFESSOR: GERSON EGAS SEVERO
WANDERLEY, Luiz Eduardo W. O que é universidade. 5 ed. São Paulo.
Brasiliense, 1985.
“O termo universidade está ligado a muitos outros – cultura, ciência, ensino
superior, pesquisa, autonomia etc. – que devem ser conjuntamente compreendidos. ” (p.7)
“Certas funções, como as de qualificar os mais aptos para diversas profissões,
diferenciar o saber científico e o pré-científico, a cultura erudita e a popular, tornar a
universidade mais democrática, tanto no sentido do poder interno, quanto no sentido de
abri-la para camadas mais vastas da população, transformaram-se em problemas. ” (p.7)
Pode-se afirmar que a universidade, atualmente está ligada a funções que por muitas
vezes não se tem o conhecimento, já que por muitos anos a universidade foi apenas para
a aristocracia ou para clérigos.
“Se encararmos as visões globais que se têm hoje da universidade, num plano bem
geral, elas seguem distintas orientações. ” (p.8)
“Nos países capitalistas, as universidades apresentam um grau de autonomia e de
avanço tecnológico e científico variáveis, sendo condicionadas de modo diferenciado
pelo tipo de desenvolvimento seguido, quer pelos países desenvolvidos, como do nosso
país. ” (p.8)
Ou seja, as universidades não possuem um meio de se organizar padronizado e de
autonomia, sendo que nos pises capitalistas, assim como no Brasil, as universidades
possuem certa autonomia, que nos casos dos países socialistas, as universidades são
submetidas ao Estado, seguindo em certos casos a hierarquização e certa rigidez.
“Existem aqueles que veem a universidade como lugar historicamente apropriado
para a criação e divulgação do saber, para o desenvolvimento da ciência, para a formação
de profissionais de nível superior, técnicos e intelectuais que os sistemas necessitam. ”
(p.8)
“Para mim, a universidade é um lugar – mas não só ela – privilegiado para conhecer
a cultura universal e as várias ciências, para criar e divulgar o saber, mas deve buscar uma
identidade própria e uma adequação à realidade nacional. ” (p.11)
“Suas finalidades básicas são o ensino, a pesquisa e a extensão. ” (p.11)
“Ela é a instituição social que forma, de maneira sistemática e organizada, os
profissionais, técnicos e intelectuais de nível superior que as sociedades necessitam. ”
(p.11)
“Estas interpretações sobre a missão e finalidade da universidade ressoam na
América Latina, cuja dependência cultural externa é estrutural, e são repetidas ou
recriadas com matrizes peculiares à situação de cada país. ” (p.11)
Universidade, na mente de muitos – população leiga – é o lugar onde se aprende
uma profissão, pilhar conhecimento, não obstante, o autor propõe que tias instituições
seriam, na sua concepção, ambientes onde se teria contato com a cultura universal, e que
essas universidades fossem projetadas para atender as necessidades da sociedade
nacional. Na américa latina, as universidades de forma geral estão estruturadas de acordo
com a necessidade de cada país.
“Como consequência desses movimentos e das novas ideias gestadas pelo
desenvolvimento científico e tecnológico dos países industrializados [...]. ” (p.12)
“Projetos tecnocráticos, que veem a educação coo instrumento para o
desenvolvimento econômico e social, [...]. ” (p.12-13)
“Projetos autonomistas, que veem a universidade em sua missão de crítica, de
formação da liderança e da ciência apropriadas a Nação. ” (p.13)
“Em termos gerais, que se aplicam a quase todos os projetos latino-americanos de
reforma universitária, a constatação é a de que eles têm sido geralmente parciais,
limitados, experimentais, sendo seu destino os arquivos, ou uma execução falha com
rápido abandono. ” (p.13)
A partir de do desenvolvimento científico e tecnológico, começou-se a discutir
mudanças buscando novas formas de educar, e reestruturar toda a comunidade
universitária. Contundo, pode-se afirmar que no contexto latino-americano essas
mudanças não correram de maneira completa.
“Herdeiras das instituições do mundo greco-romano, as universidades foram
assumindo uma forma específica no contexto religioso do Oriente islâmico e do Ocidente
cristão. ” (p.15)
“Para terem o direito de ensinar ou de conferir graus, eles precisavam uma licença
do papa, do rei ou do imperador. ” (p.15)
“Os estudantes, professores e clérigos desfrutavam de privilégios e imunidades, tais
como proteção contra prisão injusta, permissão para morar em segurança, direito de
interromper os estudos, proteção contra extorsão em negócios financeiros etc. ” (p.15)
“Criadas para formar uma elite aristocrática, depois complementadas por uma elite
de mérito, elas irão sofrendo mutações através dos tempos e se adequando às novas
condições impostas pela realidade. ” (p.18)
Pode-se destacar que ao longo de muitos anos as universidades era lugares de
poucos, havia a necessidade de se ter permissão para poder ingressar em uma faculdade
durante muito tempo, ou seja, havia uma classificação dos estudantes, portanto apenas
uma a alta aristocracia possuía condições de cursar uma graduação. Geralmente, no
contexto medieval, eram os clérigos que tinha acesso a essas oportunidades.
“Sob o influxo e a disseminação das ideias liberais, buscou-se a integração entre o
ensino e a pesquisa, e nesta perspectiva vai nascer a Universidade de Berlim, em 1810. ”
(p.15)
“Pouco a pouco elas se transformam no lugar apropriado para conceder a permissão
para o exercício das profissões, através do reconhecimento dos títulos e diplomas
conferidos por órgãos de classe e governamentais. ” (p.18)
Neste contexto, vê-se que as universidades passaram a se adequar aos processos
ocorrentes na sociedade, ou seja, ao passar tempo coma ascensão da burguesia e também
pela crescente necessidade de mão-de-obra qualificada, as universidades passaram a
exercer a função de preparar e de certa forma autorizar – por meio te títulos expedidos –
profissionais qualificados para as necessidades da sociedade.
“Diferentemente de Portugal, o sistema universitário da Espanha foi trazido para a
América Latina desde o início do século XVI, [...]. ” (p.19)
“No Brasil, o sistema implantado foi fragmentado em escolas de ensino superior, e
a criação da primeira universidade se deu em 1920 no Rio de Janeiro, sem ser
concretizada. ” (p.19)
As universidades propriamente ditas surgem, no brasil, já no século XX, ou seja, os
intelectuais brasileiros até essa época, recorriam a universidade no exterior, geralmente
portuguesas, ao contrário dos países vizinhos que desde muito sedo, ainda no período
colonial já possuíam instituições de ensino superior para atender as demandas locais.
“Com o esvaziamento progressivo da Inquisição, os novos ares de mudança que
sacudiam a Europa chegam à Espanha e foram criadas instituições ais liberais fora das
universidades. ” (p.19)
“Posteriormente às guerras de independência, houve mudanças nas universidades
latino-americanas, que seguiram o modelo napoleônico francês. ” (p.19)
“O exemplo que o modelo francês trouxe para a América Latina foi o
estabelecimento de faculdades para cada profissão, que diplomam os alunos para o
exercício profissional outorgando títulos e qualificações, com reconhecimento dado pelo
governo. ” (p.20)
“Dois problemas crônicos agitam a universidade na América Latina, que se ligam
a influência de modelos do exterior. Um deles é o de como conciliar o ensino profissional
com a atividade científica. ” (p.20)
“Outro problema diz respeito à formação de dirigentes de alto nível e se ela está
afeta às instituições universitárias. ” (p.21)
Percebe-se que numa Europa em marcada pela Inquisição, as instituições de ensino
possuíam padrões nos quais visavam a doutrinação dos alunos passando por cima da
ciência, ou seja, a ciência moderna encontrava-se excluída das universidades que eram
dominadas elo clero. As universidades latino-americanas, por muito tempo seguiram e de
certa forma ainda seguem o padrão francês, no qual visava a obtenção de um título, no
qual a prioridade exclusiva era de formar trabalhadores qualificados.
“Com os acontecimentos universitários e políticos que se sucederem em Córdoba
(1918), e a publicação do ‘Manifesto de Córdoba’, surge naquela cidade o movimento
reformista que abalou a universidade de toda a América Latina. ” (p.23)
“Criado e impulsionado pelo movimento estudantil, o movimento de reforma
universitária ultrapassa seus limites e tem por contexto condicionante dois
acontecimentos externos – a guerra europeia e a Revolução Russa – em um acontecimento
que irrompeu no continente latino-americano – Revolução Mexicana. ” (p.23)
“Com a Revolução Mexicana, a consciência nacionalista alcança o seu ápice,
floresce uma visão americana a partir daquela experiência vitoriosa, e ela se expandirá
em forma de uma ideologia para os setores médios, na esperança de um renascimento
cultural do continente. ” (p.24)
“Como pano de fundo se pode afirmar que o movimento refletiu o inconformismo
das classes médias na América Latina, [...]. ” (p.24)
“Assim, desde a reforma universitária funcionou como reduto político da classe
média. ” (p.24).
“ Dentre os objetivos estabelecidos pela reforma, as reivindicações básicas giravam
em torno de maior democratização interna e de autonomiza frente ao Estado. ” (p.24)
“A derrota trouxe uma radicalização, as reivindicações adquiriam um cunho mais
político, buscando-se a obtenção de mais aliados e atravessar as fronteiras da província.
” (p.25)
“Os estudantes elaboraram um documento (21 de junho de 1918), que se
transformou no ‘Documento Preliminar’ da reforma universitária, assinado pela direção
da Federação Universitária de Córdoba e redigido por Deodoro Roca, [...]. ” (p.25)
“Os acontecimentos de Córdoba extravasaram para outros países, dando razão aos
anseios dos estudantes argentinos de alcançar uma dimensão americana para a reforma
universitária. ” (p.26)
“Em cada país ela adquirirá características singulares. ” (p.26)
“A reforma universitária constituiu-se na maior escola ideológica para os setores
avançados da pequena burguesia, no espaço de onde se recrutaram as oligarquias. ” (p.26)
As reivindicações da juventude acadêmica de Córdoba eram de possuir maior
terminar com as interferências do clero nas atividades acadêmicas que não eram de agrado
a igreja. Ou seja, aproveitando o cenário mundial e também regional de fortalecimento da
cultura nacional, foi um momento decisivo para se mudar as estruturas universitárias, as
quais se mantinham num estilo europeu. Sendo assim, as classes medias, aproveitam-se
desta reforma num caráter político, passando para outros países, cada qual ocorria de
maneiras distintas.
“Se há consenso unânime no sentido de e conferir à universidade a função de
produzir e difundir conhecimentos, há também uma aceitação válida para a maioria dos
países, de que é nela que se pode ter contato sistemático com a cultura universal. ” (p.29)
“E a troca de informações, experiências e saberes é aprofundada em debates,
seminários, conferências, encontros, simpósios, nacionais e internacionais, ademais do
intercâmbio permanente entre cientistas, técnicos, professores e estudantes, e do comércio
da literatura publicada a nível mundial. ” (p.30)
A universidade é o lugar onde se produz e repassa o conhecimento, a cultura, usando
da troca de saberes e práticas entres técnicos, professores, alunos e cientistas para
enriquecer ainda mais o conhecimento de ambos.
“ [...]a cultura, que possui uma autonomia relativa, está em correspondência com as
relações sociais que os homens estabelecem em função do desenvolvimento de sua
produção material. ” (p.30)
“Quaisquer que sejam os indicadores e a concepção que se tenha desta condição de
um e de outro, o importante é registrar que a cultura dos países dominantes atravessa a
dos países dependentes. ” (p.31)
“Se a cultura domina as mentes e as ações da população em geral, ela vai atingir
também a universidade e as atividades dos cientistas, negando a tese da ciência neutra. ”
(p.31)
A cultura capitalista é generalizada, ou seja, ela se encontra em todos os lugares, ao
mesmo tempo que de pensar e agir dadas pela exigência da reprodução do capital. Suas
ideias e valores dos países dominantes se impõem sobre os países dependentes.
“A universidade sempre importou o pensamento, as teorias e os métodos do
exterior. ” (p.32)
“No Brasil, a dependência cultural perpassa toda a história do ensino superior,
desde o período colonial em que tudo se resumia em copiar o que se produzia nas
universidades europeias, passando pelas ideias liberais e positivistas que formavam a
ideologia de muitos estudantes e professores e que influenciavam os setores progressistas
das classes dominantes e média. ” (p.33)
“As escolas superiores livres transferiram modelos didáticos estrangeiros. ” (p.33)
“O que se pode afirmar é que, em nossa tradição universitária, como nos demais
espaços intelectuais, sempre houve um predomínio dos modelos e soluções importados,
inadequados à nossa realidade. ” (p.34)
“Processo de evasão de cérebros, resultante do fato da saída do país de pessoas que
vão aprofundar seus estudos no estrangeiro e lá permanecem, por encontrarem ali os
meios apropriados e facilidades ao seu desenvolvimento cientifico e atividades criativas,
retirando assim de nosso país e dos países dependentes em geral as pessoas com
capacidade e preparo. ” (p.34)
“Ainda há a considerar o expressivo contingente de professores e estudantes que
foram expulsos e obrigados a ir para o exílio, por força de repressão e da perseguição que
marcam a triste história política da vida do nosso país. ” (p.36)
“Uma universidade que não objetive se dedicar exclusivamente à formação de
profissionais para o mercado de trabalho, mas que queira educar, não pode ficar
circunscrita à realidade de uma só cultura. ” (p.36)
As universidades latino-americana não seguiam padrões próprios, elas se usufruíam
de modelos do exterior, o mais empregado foi modelo francês, que visava preparar
profissionais para o mercado de trabalho. Durante o período da ditadura militar, muitas
das figuras intelectuais do Brasil tiveram que deixar o país, sendo que alguns deixavam o
Brasil para aprofundar o conhecimento porem não voltavam mais, ou seja, o país careceu
de mentes pensantes e com capacidade e preparo, além disso vários professores e alunos
também foram obrigados a se exilar.
“As universidades de todo o mundo foram buscando articular o ensino com a
pesquisa, e sem sombras de dúvida, naqueles onde recursos substanciais foram
concedidos à pesquisa, houve um crescimento seguro e o aprendizado científico avançou.
” (p.38)
“Ainda que não dependa exclusivamente destes dois fatores, os países que alcançam
alto grau de industrialização e de desenvolvimento privilegiam, com recursos e aplicação
de políticas bem elaboradas, uma dinamização do ensino e da pesquisa. ” (p.38)
Com a necessidade de ampliação e descoberta, passou a dar ênfase a pesquisa, como
método de ensino, enfatiza ainda a grande importância do impulso que é necessário, para
que o estudo e a pesquisa mantenham um elevado padrão de qualidade, sendo que
separado, deve ser supervisionado e questionado, em função e sua importância social.
“Nas últimas décadas, em virtude da supervalorização dada universalmente às
ciências tecnológicas, as ciências humanas e sociais, a quem sempre coube mais
diretamente a crítica da sociedade [...], passaram a ser também minimizadas e até
desconsideradas. ” (p.40)
“Com relação ao ensino privado, pode-se encontrar um equilíbrio, estabelecendo
fórmulas adequadas de avaliação substantivas de cursos e programas, elaborando critérios
para a aplicação dos recursos, estudando mecanismos para bolsas de estudos, para fundos
de pesquisa etc. ” (p.42)
“A variedade e complexidade das exigências profissionais se alteram de país para
país, havendo partes comuns existentes em quase todos, que resultaram da similitude de
objetos e de condições requeridas por determinado campo profissional dentro do atual
desenvolvimento científico e tecnológico a nível mundial. ” (p.42)
“Um ensino que se preocupa quase exclusivamente em outorgar diplomas legais
para o exercício de profissões, com predominância das liberais. ” (p.43)
“Criou uma oferta de mão-de-obra qualificada bem superior à demanda do sistema
produtivo, trouxe em muitos casos uma deterioração no nível de ensino, engendrou a
desvalorização de certas profissões. ” (p.43)
A formação dos profissionais, das diversas carreiras de base técnica, cientifica e
intelectual, para o qual são compostos currículos. Uma questão ainda acentuada, nas
universidades latino-americanas é de se preocupar exclusivamente em expedir diplomas
legais para o exercício das funções. A também uma certa dificuldade do estudante de
optar por uma área, levando em conta os poucos elementos para conhecê-la.
“Ela surgiu da crítica da função da universidade e da constatação de que ela pode
e deve cumpro tarefas sociais relevantes por suas características especiais. ” (p.45)
“Sua aplicação consequentemente já tem levado a redefinir os conteúdos de
programas e cursos, reorientar as pesquisas, prestar serviços profissionais e outros que
redescobrem o sentido a ser dado à ciência e ao conteúdo da formação profissional. ”
(p.46)
Luiz E. Wanderley afirma que a extensão universitária, nasceu, pela crítica a função
da universidade e da constatação de que deve cumprir tarefas sociais relevantes por suas
características especiais, contudo essa extensão tem assumido perspectivas diferenciadas
de sua atuação, sendo assim, a esta não é pensada como função da universidade, mas
como um serviço prestado.
“A noção de educação como prática da liberdade, que redundou no Sistema Pulo
Freire de educação de adultos e questionou a tradicional visão que se tinha de relação
pedagógica entre professor e aluno e da educação na sociedade. ” (p.47)
Há duas fases, uma pré-64 onde havia uma hierarquia severa e ultrapassada, nessa
organização havia uma figura de catedrático, figura essa que exercia o mais alto grau de
docência. Porém, após o golpe de 1964, com a Lei da Reforma Universitária, extingue-se
essa função e estabelece uma universidade com estruturas orgânicas com base em
Departamentos reunidos.
“Até a bem pouco tempo, quando se pensava em comunidade universitária, a
referência básica contemplava os corpos docente e discente. ” (p.51)
“A regra hoje, com raras exceções, é no sentido de que um professor seja escolhido
por concurso, usualmente aberto por um Departamento, com exigências de títulos e
provas. ” (p.52)
“As universidades em quase sua totalidade admitem uma carreira universitária que,
com maiores ou menores variações, segue o seguinte padrão, por ordem crescente de
qualificação: auxiliar de ensino, assistente mestre, assistente doutor, adjunto (associado)
e titular. ” (p.52)
“A tomada gradual de consciência da necessidade da participação ativa e
responsável por parte de muitos, [...] conduziu-os a encontrar formas de organização da
categoria. ” (p.54)
Para o autor a comunidade universitária é formada por professores, estudantes e
funcionários. No âmbito dos docentes, o autor trata dos meios de admissão dos
professores, sendo o método atualmente vigente o de seleção por concurso com exigência
de títulos e provas. Para ao autor atualmente, as universidades quase em sua totalidade,
admitem um padrão de carreiras, seguidas por uma ordem crescente de qualificação:
auxiliar de ensino (formado em graduação), assistente mestre (título de mestre), assistente
doutor (título de doutor), adjunto (livre-docente) e titular (livre-docente).
“Com relação aos estudantes, uma questão inicial é do seu ingresso na
universidade, [...]. ” (p.54)
“[...], exame de madureza, a que os estudantes da última serie eram submetidos e
que, havendo aprovação, poderiam ingressar em qualquer ensino superior no país, [...].”
(p.55)
“[...] só a integração do ensino superior com os outros níveis de ensino numa
política concertada, o estabelecimento de outras alternativas educacionais, a separação de
formação geral e profissional, [...]são fatores que, devidamente implementados,
ajudariam a solucionar a questão do ingresso. ” (p.56)
“No Brasil, o movimento sempre esteve presente ativamente nos grandes momentos
políticos nacionais, com lutas memoráveis ao lado das forças progressistas, sem contar as
exceções de uns poucos grupos. ” (p.58)
“Permanece um distanciamento entre a base estudantil, com a maioria atomizada e
passiva, e boa parte das lideranças, ativas e críticas. ” (p.58)
Luiz aponta que o método de ingresso nas universidades realizado pelo vestibular,
é um momento crítico não só para o vestibulando, mas sim para a família dele também.
No contexto brasileiro, o ingresso às universidades no período republicano era feito por
meio de um exame de madureza submetido aos alunos da última série, obtendo aprovação,
poderiam entrar em qualquer ensino superior do país. A integração das universidades
com os outros níveis de ensino, estabelecimento de outras alternativas educacionais, a
separação da formação profissional da geral, reconhecimento do valor de capacitação e
não do título acadêmico, seriam fatores que ajudariam a resolver a problemática do
ingresso.
“Em todos os países as estruturas organizacionais da universidade e as relações de
poder interno tendem a reproduzir as estruturas da sociedade global. ” (p.60)
“Tendo como referência a situação das universidades brasileiras, as críticas
centrais, neste ponto sempre foram as de seu caráter hierarquizado, rígido, e de ser um
mero conglomerado de escolas superiores. ” (p.60)
“O poder estava centralizado na figura do catedrático, uma figura de ‘coronel’
universitário que mantinha sua cátedra como feudo e se multiplicava nos vários órgãos
colegiados. ” (p.61)
“[...] integração, quer das funções quer da estrutura, cujas consequências foram a
necessidade do estabelecimento de uma administração central, [...], o da racionalidade de
recursos, que almejava evitar a duplicação de meios para fins idênticos ou equivalentes,
que ocorriam normalmente no passado, e que pretendia atender a demanda crescente de
vagas; e o da flexibilidade de métodos e critérios, o que exigia uma administração ágil. ”
(p.61)
“Administrar uma instituição que cresce, cada vez mais complexa e especializada,
exige a tomada de medidas administrativas novas e imaginativas, um desafio crescente
para as comunidades universitárias. ” (p.62)
“No passado predominava o chamado regime de cátedra, encarado como ‘repartição
administrativa’ do ensino superior e mesmo de outros níveis, [...]. ” (p.62)
O autor expõe a afirmativa de que em todos os países, a estrutura organizacional
das universidades segue o padrão de organização da sociedade global. Luiz Eduardo
Wanderley usa como referência o caráter hierarquizado, rígido das universidades
brasileiras, algumas tentativas de construir algo novo sendo que convergiram para
experiências frustradas, já que não conseguiram concretizar seus objetivos, ou por não
terem que compactuar com elementos do passado, ou pelas pressões externas.
“Com a Lei da Reforma Universitária, estabeleceu-se que a universidade teria
como unidade básica uma ‘estrutura orgânica com base em Departamentos reunidos ou
não unidades mais amplas’. ” (p.64)
“O maior peso dado aos docentes com categorias mais elevadas e o antigo
catedrático assumindo o controle do Departamento, gerando a ‘catedralização do
Departamento’. ” (p.65)
Com o pós-68, o autor destaca os critérios adotados para a modernização
administrativa da universidade, ressaltando a integração das funções com também da
estrutura, no qual foi necessário estabelecer uma administração central, a racionalização
de recursos que pretendia eliminar a duplicação de funções com fins idênticos e a
flexibilidade de métodos e critérios que exigia uma administração ágil.
Entretanto o autor relata que de certa forma, ouve poucas mudanças nos já que o
antigo catedrático assumiu o controle do Departamento, levando assim, a uma
“catedralização do Departamento”, sendo que ainda houve a resistência dos docentes
contra integração e a burocratização geral reinante na estrutura universitária.
“A vivência e a análise da estrutura universitária mostram que [...] as formas de
poder dominantes na estrutura da sociedade são transportadas para o interior da
universidade e recriadas com seus atributos próprios. ” (p.67)
“Parece-me que cada segmento universitário deveria ter um peso diferenciado e
qualificado nos órgãos e nas discussões que dizem respeito a questões especificas de cada
segmento. ” (p.68)
Na opinião do autor, essa experiência deve continuar, e com o amadurecimento
político-intelectual da comunidade como um todo e de cada segmento em especial, poder-
se-á estabelecer as condições para sua concretização. Destaca ainda que cada segmento
deveria ter um peso diferenciado e qualificado nos órgãos e nas discussões que dizem
respeito a questões específicas do segmento. No entanto, segundo o autor, é preciso
pensar na universidade em sua globalidade, ter acesso às informações, aos
esclarecimentos, ter liberdade de discutir seus pontos de vista, ter direito a defender ideias
e formas de atuação divergentes das assumidas oficialmente pelas diversas instancias.
“A reivindicação de autonomia constitui um dos pilares da vida universitária
através dos tempos e, ao mesmo tempo que ela foi considerada uma condição de
existência da própria universidade [...]. ” (p.70)
“A autonomia exige responsabilidade da universidade com todas as outras
instancias da sociedade e dela como um todo. ” (p.70)
“Na realidade latino-americana e brasileira, o controle das verbas, das pesquisas, da
orientação político-ideológica, normas curriculares, exercido pelos governos, igrejas,
grupos privados mantenedores, fez e faz da autonomia uma quase utopia. ” (p.71)
Na realidade latino-americana e brasileira, é uma quase utopia afirmar que a
universidade possui controle das verbas, das pesquisas, da orientação político-ideológica,
das normas curriculares, exercidas pelos governos, igrejas, grupos privados
mantenedores.
“A dura realidade da universidade latino-americana mostra que sua influência
social tem sido pequena e de tendências conservadora, com alguns momentos inovadores
e ações concretas de mudança mas de reduzido alcance. ” (p.76)
“A inexistência de uma verdadeira universidade[...] estão exigindo uma reforma eu
seja a expressão de toda a comunidade universitária do país e que se insira na necessária
construção de um sistema democrático para toda a sociedade. ” (p.77)
“[...]no Brasil, em particular, o relacionamento da universidade com a sociedade e
o desenvolvimento passa pela questão da democracia. ” (p.78)
“Um esforço dirige-se para reestudar a história a partir do prisma dos grupos e
classes populares [...] para criar novos conceitos adaptados às novas situações concretas.
” (p.79)
“Surgem sinais positivos de que alguns setores da universidade brasileira estão
vencendo a crise que debilita e procuram apontar caminhos que a ajudem elaborar um
projeto próprio de emancipação e de colaboração efetiva na construção de um
desenvolvimento democrático para o país. ” (p.80)
No Brasil a falta de uma verdadeira universidade, estão exigindo uma reforma em
toda a comunidade universitária do país, inserindo-se na necessidade da construção de
um sistema democrático para toda a sociedade. A ciência deve responder aos interesses
nacionais, assimilando-se o saber produzido no exterior para ser empregado de acordo
com o desejo da Sociedade Civil.
Sendo que a comunidade universitária tem a responsabilidade de defender e de
fortalecer o regime democrático na sociedade, professores, alunos e funcionários tem
procurado atuar visando à democratização da universidade, no entanto, observa-se que
essas discussões vou muito além do modelo liberal, constituindo um avanço ponderável.
A universidade é uma das instituições que apresentam um grau substancial de
autonomia, porem nas conjunturas das crises ela passa a ser cada vez mais limitada e
controlada. No entanto essas contradições estão em toda parte, sendo que na universidade
também é um campo de luta pela democratização e pelo desenvolvimento do país.
Luiz Eduardo Wanderley conclui, que as universidades assim como outras
instituições, necessitam adequar gradativamente aos processos de desenvolvimento
econômico e social. Essas instituições, por muito tempo exerceram a função de formar
apenas uma elite aristocráticas, sendo que depois foi complementada por uma elite de
mérito. As instituições sofreram grandes mutações ao longe do tempo, e necessitam cada
vez mais de estratégias para que se adequem às novas condições impostas pela sociedade.