O que é conhecimento

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O QUE É CONHECIMENTO?

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O QUE É CONHECIMENTO?

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• Esforço psicológico pelo qual procuramos nos apropriar intelectualmente dos objetos;

• Quando falamos em conhecimento, podemos nos referir ao ato de conhecer ou ao produto do conhecimento;

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Ato de Conhecer:• Diz respeito à relação que se estabelece

entre a consciência que conhece e o objeto a ser conhecido;

Produto do Conhecimento:• É o que resulta do ato de conhecer, ou

seja, o conjunto de saberes acumulados e recebidos pela tradição.

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O que é conhecimento• Por enquanto nos ocuparemos com o ato

de conhecer, ou seja:

• O que é conhecer? Como conhecemos? O que é possível conhecer? O que é a verdade do conhecimento? Qual é o critério da verdade?

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• É importante frisar, entretanto, que o que se entende por conhecimento e verdade tem assumido formas diferentes, dependendo da maneira pela qual os filósofos explicam como se dá nosso contato com as coisas que nos cercam para tentar compreendê-las. Isso significa que a razão é histórica.

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1. FORMAS POSSÍVEIS DE CONHECER: Intuição e Conhecimento discursivo.

1.1. Intuição:• Nós conhecemos não apenas pela

razão, pelo discurso capaz de encadear juízos e chegar a uma conclusão mas, apreendemos também o real pela intuição;

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• A intuição é uma forma de conhecimento imediato;

• Como a própria palavra indica (tueri em latim significa “ver”), intuição é uma visão súbita. Enquanto o raciocínio é discursivo e se faz por meio da palavra, a intuição é inefável, inexprimível;

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• A intuição é o ponto de partida do conhecimento, a possibilidade da invenção, da descoberta, dos grandes saltos do saber humano;

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A Intuição pode ser de vários tipos:

a) Intuição Sensível: é o conhecimento imediato dado pelos órgãos dos sentidos: sentimos calor; vemos a blusa azul; ouvimos os sons; percebemos o paladar das frutas.

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b) Intuição Inventiva: é a intuição do sábio, do artista, do cientista, quando criam novas hipóteses; também na vida diária, enfrentamos situações que exigem soluções criativas, verdadeiras invenções súbitas.

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c) Intuição Intelectual: é a que se esforça por captar diretamente a essência do objeto; por exemplo, a descoberta de Descartes do cogito (eu pensante), como primeira verdade indubitável.

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1.2. Conhecimento Discursivo:

• Para compreender o mundo, não “entrar no caos” a razão supera as informações concretas e imediatas que recebe, organizando-as em conceitos e idéias gerais que, articulados, podem levar à demonstração e a conclusões consideradas válidas.

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• Chamamos conhecimento discursivo ao conhecimento mediato, isto é, aquele que se dá por meio de conceitos.

• Esse tipo de pensamento opera por etapas, por encadeamento de idéias, juízos e raciocínios que levam a determinada conclusão.

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• Para tanto, a razão precisa realizar abstrações. Abstrair significa “isolar”, “separar de”.

• Ex.: quando vemos um cinzeiro de forma hexagonal e de cristal, ao abstrairmos, isolamos essas características por serem secundárias, e consideramos apenas o “ser cinzeiro”, representação intelectual do objeto. Se refere a qualquer objeto que sirva para recolher cinzas.

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• O matemático reduz as coisas que têm peso, dureza e cor à pura quantidade. Quando dizemos 2, consideramos apenas o número, sem nos importarmos se são duas pessoas ou duas frutas.

• A lei científica também é abstrata. Quando concluímos que o calor dilata os corpos, abstraímos as características que distinguem cada corpo.

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• Quanto mais abstrato um conceito, mais nos distanciamos da realidade concreta. No entanto, toda vez que a razão se distancia do vivido, o conhecimento se empobrece, sob algum aspecto.

• Da mesma maneira, permanecer no nível do vivido e da intuição impede o distanciamento fecundo da razão que interpreta e critica.

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• Assim, o conhecimento se faz pela relação contínua entre intuição e razão, entre vivência e teoria, entre concreto e abstrato.

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2. A VERDADE:

• Todo conhecimento coloca o problema da verdade, quando nos perguntamos se o que está sendo enunciado corresponde ou não à realidade.

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Verdade x Realidade:

• No cotidiano os dois conceitos tendem a se confundir;

• Se dizemos que um determinado colar é falso, devemos reconhecer que o “falso” colar é uma verdadeira bijuteria;

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• O falso e o verdadeiro não estão na coisa mesma, mas no juízo, e portanto no valor da afirmação;

• Há verdade ou não, dependendo de como a coisa aparece para o sujeito que conhece;

• Algo é verdadeiro quando é o que parece ser;

• A verdade ou falsidade existe apenas no juízo no qual se estabelece o vínculo entre sujeito e objeto, típico do processo do conhecimento.

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2.1 O critério da verdade:

• Qual o sinal que permite reconhecer a verdade e distingui-la do erro? A resposta a essa pergunta tem variado no tempo;

• Para os gregos a verdade é o que se desvela, o que é visto, o que é evidente;

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• Os escolásticos, filósofos medievais, seguindo a tradição aristotélica, repetem que “a verdade é a adequação do nosso pensamento às coisas”;

• Ou seja, o juízo seria verdadeiro quando a representação é cópia fiel do objeto representado.

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• Na Idade Moderna a questão do conhecimento passa a ser mais complexa: como saber se a definição de verdade é verdadeira?;

• Os filósofos da modernidade questionam a possibilidade mesma de conhecimento do real;

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• Para Descartes (século XVII), o critério de verdade é também a evidência. Para ele trata-se de uma evidência resultante da intuição intelectual;

• No século XIX há uma crítica a esses critérios puramente intelectuais e teóricos;

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• Para Nietzsche, é verdadeiro o que contribui para fomentar a vida da espécie e falso tudo o que é obstáculo ao seu desenvolvimento;

• Para o pragmatismo norte-americano, a prática é o critério da verdade. Ou seja, a verdade de uma proposição se estabelece a partir de seus efeitos;

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• No pensamento contemporâneo, a filosofia analítica se volta para os estudos da linguagem e da lógica e buscam o critério da verdade na coerência interna do argumento;

• Seria válido o raciocínio que não encerra contradições e é coerente com um sistema de princípios estabelecidos;

• A verdade pode ainda ser entendida como resultado do consenso, como conjunto de crenças aceitas pelos indivíduos em determinado tempo e lugar e que os ajuda a compreender o real e agir sobre ele;

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3. Ceticismo e dogmatismo: Tendências do conhecimento humano para

atingir a certeza.

• Dogmatikós em grego, significa “o que se funda em princípios”;

• Do ponto de vista religioso, dogma é a verdade fundamental;

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• Na religião cristã, por exemplo, segundo o dogma da Santíssima Trindade, as três pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo) são apenas um, Deus;

• Não importa se a razão não consegue entender, porque esse princípio deve ser aceito pela fé e o seu fundamento é a revelação divina.

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• Quando a idéia de dogma é transposta para o campo não-religioso, ela passa a designar as verdades não-questionadas e inquestionáveis;

• A pessoa fixa-se nela e abdica de continuar a busca;

• Nietzsche disse que “as convicções são prisões”. Resistindo ao diálogo, o dogmático teme o novo e não raro torna-se intransigente e prepotente.

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• São também dogmáticos os seguidores de escolas e tendências quando se recusam a discutir suas verdades, permanecendo refratários às críticas;

• Quando o dogmatismo atinge a política, assume um caráter ideológico que nega o pluralismo e abre caminho para a imposição da doutrina oficial do Estado ou do partido único. Conseqüência: censura e repressão;

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• Ceticismo vem do grego sképsis, que significa “investigação”, “procura”: a sabedoria não consiste em alcançar a verdade, mas somente em procurá-la;

• O cético tanto observa e tanto considera que conclui, nos casos mais radicais, pela impossibilidade do conhecimento.

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4. A crítica do conceito tradicional de verdade:

• Diz-se que o conhecimento resulta da relação entre sujeito e objeto, pela qual alcançaríamos a verdade das coisas;

• Embora o critério da evidência tenha sofrido variações, por muito tempo permaneceu a convicção – excetuando-se os céticos – de que o sujeito teria a capacidade de conhecer a verdade.

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• A partir do positivismo, no século XIX, admitiu-se que a ciência é por excelência o modelo do saber. As ciências da natureza nos levam a conclusões seguras, objetivas;

• Entretanto esse racionalismo exacerbado pelo qual haveria um mundo “objetivo” a ser desvendado pela razão, começa a sofrer críticas a partir do século XIX.

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• Para Nietzsche, por exemplo, não há fatos mas apenas interpretações;

• Marx procede a uma crítica da razão ao denunciar a ideologia como um discurso ilusório a serviço da dominação;

• Freud mostra que a consciência não está no centro do sujeito, descobrindo nos sintomas as determinações do inconsciente;

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• Assim, não há discurso neutro, uma vez que o mesmo é um lugar onde se exprimem de modo disfarçado interesses inconscientes - de tal modo que esse discurso deveria ser por sua vez interpretado e assim sucessivamente, até ao infinito;

• Consequentemente, nunca haverá verdade última que esteja absolutamente certa;

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Conclusão:

• Vimos que, no correr da história humana, existiram várias formas de compreender a verdade;

• O importante é não sucumbir ao ceticismo radical – que em última instância recusa a filosofia - nem ao dogmatismo – que se aloja na comodidade das verdades absolutas;

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• Deve-se aceitar o movimento contínuo entre certeza e incerteza. O que não significa renunciar à busca do conhecimento, porque conhecer é dar sentido ao mundo e interpretar a realidade, é descobrir formas para nela poder agir.

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A busca pela verdade

• Os filósofos modernos tinham uma enorme preocupação em achar um método que viabilizasse o conhecimento.

• Entre eles estão: Locke, Descartes e Kant.

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Descartes

• Buscava encontrar uma fonte segura para a construção do conhecimento, baseando-se na razão em detrimento dos sentidos, que para ele era uma fonte de engano.

• Descartes acreditava que existiam ideias e característica que já nascem com o ser humano (inatismo cartesiano).

• Seu objetivo era encontrar uma verdade incontestável da qual as demais derivavam. Para isso criou o método do Cogito, que consistia em duvidar de tudo a sua volta.

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Método Cartesiano

• Para evitar o erro e ter certeza do conhecimento verdadeiro, sem se deixar enganar pelos sentidos, Descartes cria um sistema universal de regras, baseado na Matemática, que busca evitar enganos e produzir resultados práticos: o Método Cartesiano.

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Fundamentos do Método Cartesiano

• Evidência – estabelece que jamais se deve admitir algo como verdadeiro, se este não se mostrar fora de qualquer possibilidade de dúvida.

• Análise – divide-se o problema em várias partes a fim de torná-lo compreensível.

• Síntese – organiza-se o pensamento reordenando-o do mais simples ao mais complexo.

• Revisão – verifica-se todas as etapas do processo de conhecimento para que não fique nada de fora.

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John Locke e o Empirismo

• Enquanto Descartes a razão em primeiro plano, Locke privilegiou a experiência, ou seja, os dados obtidos da percepção sensorial, principal fonte de apreensão da realidade, contrariando o inatismo cartesiano.

• Para Locke a mente humana é como um papel em branco sem nenhuma ideia escrita. Só passamos a preenchê-la com dados e informações a partir da experiência dos sentidos.

• A reflexão nasce da troca e da combinação de sensações com as pessoas e coisas a nossa volta.

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Apriorismo de Kant

• Para Kant existem dois tipos de conhecimento:• Conhecimento a priori (puro) – vinculado ao

racionalismo de Descartes (conhecimento anterior à experiência). Ex: uma fórmula matemática como o Teorema de Pitágoras (soma dos catetos igual ao quadrado da hipotenusa).

• Conhecimento a posteriori (empírico) – remete a Locke e ao conhecimento derivado dos sentidos, posterior a experiência. Ex: quando dizemos “o vento está gelado”.

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Formas de juízos em Kant

• A verdade e o conhecimento se dão nas afirmações, que ele chama de juízos.

• Um juízo é um julgamento sobre algo ou alguém. Para Kant existem dois tipos de juízos: juízo analítico e juízo sintético.

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Juízo analítico e Juízo sintético

• Analítico - é aquele que numa preposição, o predicado apenas esclarece algo que já está contido no sujeito. Ex: “o triângulo tem três lados”.

• Sintético – é aquele que numa preposição o predicado esclarece ou acrescenta algo novo ao sujeito. Ex: “a água aumenta de volume ao se solidificar”.

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Juízo analítico e Juízo sintético

• Kant chegou as seguintes constatações:• 1º - os juízos analíticos são conhecimentos a

priori, enquanto os sintéticos são conhecimentos a posteriori.

• 2º - os juízos analíticos são universais e pertencem ao racionalismo (de Descartes), enquanto os juízos sintéticos trazem o novo por meio da experiência sensível (de Locke).

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Juízos sintéticos a priori• Kant então concluiu que ambos os juízos não

contribuem isoladamente para a construção do verdadeiro conhecimento.

• O analítico, por ser a priori, afirma mas não agrega conhecimento.

• O sintético, por ser a posteriori, agrega conhecimento mas não explica.

• Mas se combinarmos ambos na forma de juízos sintéticos a priori, ampliaremos o conhecimento, ao apurar seus fundamentos e validade (como os juízos sintéticos a posteriori), ao mesmo tempo que se tornam necessários e universais (como os juízos analíticos a priori).

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Idealismo transcendental

• Kant conclui então que o conhecimento deve conter juízos necessários e universais (a priori) e, ao mesmo tempo, começar com a experiência sensível (a posteriori). Ou seja, o conhecimento é o resultado de um elemento externo com um elemento interno à mente.

• De nada adiantaria a experiência sensível se não fosse organizada pela razão, da mesma forma que de nada adiantaria a pura razão sem a experiência.

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Dogmatismo e Ceticismo

• São correntes teóricas que não se preocupam tanto com o modo como o conhecimento ocorre ou com a busca pela verdade. Nem se é a priori ou a posteriori. Mas se o conhecimento é ou não possível, se a verdade pode ou não ser atingida.

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Dogmatismo• Para o dogmatismo, o conhecimento é possível e a

certeza pode ser alcançada. As crenças derivadas dai são consideradas absolutas e verdadeiras. Seus adeptos acreditam que existe uma realidade exterior já dada e que pode ser conhecida pela religião ou pela ciência.

• Baseado em suas crenças, o dogmático que impor suas verdades e despreza o diálogo.

• O dogmatismo pode ser observado na religião (Igreja católica na Idade Média), na política (regimes totalitários: nazismo e socialismo soviético) e no comportamento cotidiano (futebol, partidarismo politico, crença religiosa)

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Ceticismo• O ceticismo duvida da possibilidade de se chegar

ao conhecimento verdadeiro e nega a capacidade de se atingir a verdade. Para o cético, mais importante do que encontrar a verdade é procurá-la.

• O ceticismo costuma ser dividido segundo o grau da crença na impossibilidade do conhecimento: para os radicais, a verdade é inalcançável, para os moderados ela é relativa pois depende da perspectiva que se adota.

• Na antiguidade, o ceticismo começou com os sofistas. Na era moderna, o francês Michel de Montaigne a retomou para criticar os dogmas cristãos.