O Preço Da Magia - Cap.1

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O PREÇO

DA MAGIA

TODA MAGIA TEM SEU PREÇO, COM NADIA NÃO SERIA DIFERENTE...

T.M. FOSTER

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QUEIMANDO NO INFERNO

Lisbeth estava sentada em sua poltrona de couro todo enfeitado com presas de tigre e leão, penas de pavão, de corvos e algumas figuras míticas. A Bruxa branca governava seu pequeno império que chamava de lar. Seus escravos eram negros que trabalhavam 24 horas por dia para satisfazer as vontades da majestosa bruxa. O que ninguém sabia até então era que Lisbeth torturava os pobres negros por ser racista, estamos falando de uma época que a escravidão já havia acabado há alguns anos. Ela os torturava por prazer, além de ser uma ótima bruxa. Pernas e braços eram mutilados quando ainda estavam vivos, os glóbulos oculares também. E por fim, ela os fazia beber do próprio sangue. Uma crueldade que naquela época era implícita e que se alguém descobrisse com certeza a puniria. E foi numa noite calorosa de janeiro que a vida de Lisbeth mudou. Uma grande massa de pessoas

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da cidade foi alertada de sua crueldade e foi feito um mutirão com tochas de fogo e frases de justiça. Ela foi pega desprevenida e amarrada em uma estaca. Todos a queriam morta pelos crimes horrendos que fizera.

-Queimem a bruxa assassina! –Gritavam o povoado.

E foi o que fizeram. Mas antes de ser cremada para sempre ela sussurrou algumas palavras e seus olhos ficaram totalmente brancos.

-Crépitus Almás Lacrédus in Fortonus Sétrus… -Lisbeth sussurrou as palavras várias e várias vezes.

Não só seu corpo como também sua alma foram queimados, mas de repente todos que a rodeavam gritando e festejando sua morte ficaram paralisados.

E suas almas foram saindo pelas bocas e olhos indo direto para fogueira e crepitando... Crepitando e crepitando. Como se estivessem queimando no inferno para sempre.

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NOVO LAR, A CASA, SEGREDOS

Nova Baby da banda The Black Keys tocavam altos nos fones de Nadia que estava sentada no banco de trás do carro de seus pais. Eles estavam de mudança, iriam morar em uma casa que situava-se a uns quilômetros fora da cidade. Os pais de Nadia a conseguiram por um preço assustadoramente baixo e aproveitaram a oferta.

A casa era sem dúvida incrível, com dois andares de um espaço enorme em sua volta todo gramado. Era tão perfeita que Nadia se recusava a acreditar que aquilo a partir daquele dia seria somente dos três. Na verdade eram quatro. Sinthia, a mãe de Nadia descobrira que estava grávida dias depois.

Mas no primeiro dia na casa, Nadia explorou todo o lugar. Tudo parecia tão rústico e ao mesmo tempo moderno. Era uma mistura interessante de antiguidade e modernidade. Perfeita, pensou ela.

A noite se aconchegou naquele dia e no segundo andar da casa Nadia já se preparava para dormir.

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Vestiu seu pijama branco de bolinhas pretas e deitou-se na cama. E adormeceu.

Sussurros gritantes, desesperados, milhões de sussurros. E Nadia foi acordada no meio da noite pelo barulho assustador. Uma luz diferente tomava conta de seu quarto, tons alaranjados que se mexiam conforme um barulho familiar se estralava lá fora. A garota saiu de sua cama hesitante ao ir até a janela. E quando chegou mais perto... Fogo!

Lá em baixo uma fogueira de alguns metros de altura crepitava meio que silenciosa e ameaçadoramente assustadora. Nadia estava hipnotizada com a chama gloriosa e ficou admirando por alguns segundos. Até que uma silhueta foi se transfigurando no fogo e a chamou.

-Nadia!

Mas quando Nadia piscou não havia mais fogo. Não havia mais fogueira. Nada.

O despertador tocava Are You What You Want To

Be da banda Indie Foster The People. Nadia

despertou-se foi logo preparar seu café da

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manhã. Seus pais, Sinthia e Carlos já estavam na

cozinha sentados conversando sobre algo que

chamou atenção de Nadia.

-Era um pesadelo horrível... –Sinthia contava a

Carlos sobre sua primeira noite na casa. –Havia

fogo e mais fogo por toda parte!

-Deve ter sido a mudança que te deixou com os

miolos fervendo. –Brincou Carlos.

-Hey, eu tive uma espécie de sonho parecido. –

Nadia se aproximou colocando o leite no copo. –

Havia uma fogueira lá fora, foi sinistro. –Ela

sentou-se.

-Isso só está acontecendo por causa da mudança.

Vocês precisam relaxar e aproveitar a nova casa!

–Carlos sorriu para as duas e logo em seguida

saiu para trabalhar.

Nadia e Sinthia de entreolharam confusas, mas

logo sorriram e começaram a coversar.

-O que achou da casa? –Sinthia perguntou a sua

filha.

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-É incrível esse lugar. Tem espaço de sobra... –

Nadia sorriu maravilhada. –Realmente vocês

escolheram algo certo.

-O que você quis dizer com isso? –Sinthia ficou

séria.

-Vamos ser sinceras. Você e papai só fizeram

burradas durante todo esse tempo, escolheram

daquela vez uma casa tão pequena que parecia

um ovo, logo em seguida trouxeram a vovó pra

morar conosco e você sabe... ela se foi. Foi difícil

para nós, mas não seria se você a tivesse

internado em alguma clínica.

-Nossa, você realmente não entende... –Sinthia se

explicou. –Salário baixo é igual a casa pequena. E

não tínhamos dinheiro para internar a vovó em

uma clínica. E mesmo se tivéssemos eu não faria

isso, eu queria passar os dias restantes ao lado

dela. –Os olhos de Sinthia se encheram de água.

-Talvez você esteja na sua razão... –Nadia disse

baixo. –Só achei tudo aquilo uma loucura e

sinceramente, eu não queria ter passado por

aquilo.

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-Ninguém quer passar por situações difíceis, mas

todos nós temos. Temos que aprender por meio

dessas situações a ser fortes e enfrentar a vida

como ela é dada a nós.

Nada poderia ser comparada aquela doce melodia

que só os pássaros conseguiam tocar, nada

poderia ser tão sincronizado e ao mesmo tempo

paralelo. Misturando sons de arvores ao vento, a

sinfonia era completa naquele lugar de paz.

Nadia caminhou até a floresta perto de sua casa

já que não havia nada muito importante para

fazer, aquilo tudo era seu destino? Morar numa

bela e grande casa cercada por uma floresta

sinfônica? Mas quando estava pensando nisso ela

ouviu um barulho que fugia dos padrões da

natureza a sua volta. E logo em seguida viu um

vulto muito rápido que deixava rastros de uma

densa fumaça negra. Nadia então correu mais que

depressa sentindo que aquela coisa a rondava e a

seguia. Ela sentiu um calafrio horrível e as

batidas de seu coração aumentaram.

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Logo ela já estava ao lado de sua casa, mas não se

sentia segura ainda. Correu para dentro e foi

direto para seu quarto.

-Droga! Atende... Atende, vamos... –Ela dizia

quando estava ligando para seus pais, mas

nenhum deles atendeu. Parecia que do nada

aquele local não dava mais área.

Nadia começou a ouvir passos vindos da escada e

um longo respiro ofegante ao mesmo tempo. Ela

sentiu que estava prestes a ter um infarto. Medo.

Pavor. Arrepio. Coração acelerado. Foi então que

ela percebeu que suas vistas estavam embaçadas

e algo negro atravessou sua porta que

permanecia trancada, mas era tarde para ver o

que era aquilo ou pensar em qualquer outra

coisa. Nadia desmaiou.

-Hey... Hey, Nadia! –Uma voz acordou

sacundindo-a. - Ah, Querida! O que houve aqui?

Era Sinthia, sua mãe. Ela parecia preocupada.

Quando a garota levantou-se percebeu que o

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quarto estava diferente, havia algo errado, mas

ela não sabia exatamente o que.

-Oh, minha querida. O que houve? –Carlos

chegou mais perto. –Nós chegamos e a

encontramos jogada no chão.

-Eu não sei... Eu não sei. –Nadia murmurou. –Eu

estou bem!

Então quando Nadia se levantou, sentiu seu

corpo mais leve. Decidiu que não iria mais andar

pela floresta, não depois do que vira. Ela sabia

que algo estava errado com aquela casa, ela era

perfeita de mais, num lugar perfeito demais. E as

coisas estavam muito perfeitas para ser verdade.

Quando anoiteceu, Nadia não conseguia dormir.

Deitada em sua cama, a imagem do vulto não

parava de se projetar em sua mente perturbada.

Foi então que seus olhos se fecharam por alguns

segundos e quando abriram-se aquela mesma luz

alaranjada tomava conta de seu quarto.

A garota sabia o que era, levantou-se e foi até a

janela. A fogueira queimava gloriosa, enorme e

voraz. Havia algo mágico naquelas labaredas de

fogo. Algo misterioso que chamou atenção de

Nadia que sem pensar duas vezes desceu as

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escadas e foi até onde a fogueira estava. Lá fora

estava mais frio que o normal, mas a chama ainda

estava acesa. Nadia se aproximou corajosa, mas

ainda hesitante. Olhando para a chama.

Um monstro terrível se projetou das labaredas

gritando rumo a ela querendo agarrá-la. Um ser

em forma de fogo, como se fosse uma alma

apavorada pedindo socorro. Nadia gritou e

recuou e em segundos a chama se apagou e a

grande fogueira foi se transformando em cinzas

que com o vento se misturaram no ar. Indo para

o além, dentro da densa floresta.

A noite tinha sido longa para Nadia que não

parava de pensar no que acontecera. Com certeza

aquele lugar não era normal. E ela queria

concluir isso e mostrar a seus pais o quanto antes

possível, pois este era o segundo dia na casa e ela

já estava ficando assustada.

A garota começou logo de manhã a procurar algo

na casa que talvez desse alguma pista do que

realmente estava acontecendo. Eu não estou louca!

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Eu não pirei! Pensava ela a toda hora. E foi então

que Nadia encontrou o sótão da casa... O sótão.

Curiosa, foi logo ver o que tinha lá, qualquer

coisa talvez fizesse sentido. E realmente fez! O

sótão estava tão bem trancado que Nadia teve

que usar um martelo para invadir o local.

Ah, e o que havia lá sem dúvida alguma deixaria

qualquer um paralisado! Foi exatamente como

Nadia ficou, o medo a invadiu e seus olhos

estavam tão abertos que parecia que em qualquer

instante eles poderiam sair para fora. Se para

parecer macabro o sótão teria que ter crânios

pendurados por toda parte e nas paredes sangue

fresco desenhando um pentagrama e vários

outros símbolos míticos e frases riscadas em

todo o chão de madeira, sim, era muito macabro.

Mas não parava por aí, havia outros ossos

espalhados no local, penas e garrafas fechadas

contendo um liquido vermelho escuro. Eram

tantos os desenhos que seria possível se perder

em tantos demônios cravados na parede,

candelabros de prata estavam cheias de teia de

aranha e incontáveis velas de cores vermelhas

pretas e brancas tomavam todo o lugar, deixando

com um cheiro terrível de cera e poeira.

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E se Nadia tivesse procurado seus pais e falado

sobre aquele lugar e que ali não era um bom

lugar para se morar talvez nada do que aconteceu

aconteceria, ela não podia ter dito aquelas

palavras escritas dentro do pentagrama. Jamais!

-Regna terrae, cantate deo, psallite domínio... –A garota

pronunciou lentamente, curiosa com tudo aquilo.

Mas demônios começaram a sair daquela parede,

demônios horríveis de todos os tipos. Cascos de

cavalo no lugar pés, chifres ondulados, olhos

vermelhos e outros totalmente negros, peludos,

rugosos e estridentes, alguns haviam rachaduras

em todo o corpo, outros eram uma espécie de

fumaça negra. E todas aquelas dezenas de

demônios estavam paradas ali em frente à Nadia.

-Nadia... –Todos diziam em sincronia. –Nadia...

A garota não conseguia se mover de pavor, seus

corpo todo se enrijeceu e ela ficou pálida e fria.

Mas foi então que viu alguém tentando sair de

trás daqueles pavorosos demônios.

-Hey, hey Nadia... –Uma garotinha toda de

branco vestia um vestido assombroso que se

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esfumaçava nas pontas. –Não tenha medo de

mim, tenha medo deles...

-Quem é você? –Nadia lutou contra si para dizer

aquelas palavras.

-É uma longa história. Agora venha. –O pequeno

demônio pegou em sua mão e a conduziu para

fora dali. –Precisamos sair daqui! Hey, você... Ah,

esquece.

Em frente a casa Nadia e o pequeno anjo

brilhante estavam paradas.

-Eles vão nos pegar... –Nadia disse.

-Eles não vão. –Sorriu a garotinha. –Eles não

conseguem sair da casa, estão trancados nela.

-Mas...

-Sem perguntas Nadia. Deixe-me contar o que

houve comigo. Fui trancada no inferno por

engano... –A garotinha ficou séria e depois sorriu.

–Mas agora estou salva. Por sua causa! E é por

isso que eu vou lhe dizer como mandar aqueles

monstros horríveis para o lugar de onde vieram.

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-Hey, calma... –Nadia pôs a mão na cabeça. –Isso

tudo é muito louco. É informação demais pra

mim...

-Acostume-se. –A garotinha a olhou

profundamente. –Daqui pra frente sua vida

jamais será a mesma.

CONTINUA...

PRÓXIMO CAPÍTULO:

DEMÔNIOS, MAGIA E A BRUXA