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O POVO DE RIO TINTO O POVO DE RIO TINTO O POVO DE RIO TINTO O POVO DE RIO TINTO Publicação Mensal| Paroquia de Rio Tinto Rua da Lourinha, 33 4435-308 Rio Tinto | [email protected] |http://www.paroquiariotinto.pt/ Ano 39 N.º 43 - Abril- 2015 TIMERE NOLITE Sintomas duma sociedade doente Quando falamos de saúde somos inclinados a pensar apenas em doenças visíveis que atin- gem o nosso organismo: doenças do coração, doenças oncológicas, diabetes, coluna e tan- tas outras. Mas há outras menos faladas ou invisíveis. Alguns dados estatísticos que nos últimos meses os Meios de Comunicação social referi- ram ajudam-nos a compreender que há outro tipos de doenças não menos graves. Revestem -se dum carater social, psicológico e mental. Afetam muito negativamente o doente e a vi- da dum povo. Em 2014 a delinquência juvenil aumentou 23,4 por cento 8% dos jovens portugueses apresentam sinto- mas de depressão mais ou menos graves. Detetadas duas drogas novas por semana na União Europeia. Queixas por violência no namoro em meio es- colar aumentam 50% num só ano. Procuro sempre olhar com os dois olhos pa- ra os problemas que a todos nos preocupam. Não obstante a lamúria que por aí vai, en- contramos gente, adulta e jovem, com senti- do de responsabilidade e coerência de vida admirável. Todavia creio que os dados referidos nos fa- zem refletir. Adaptando a frase célebre de “Hamlet”, so- mos levados concluir que algo está podre no “reino” de Portugal. Assim como olhamos para o firmamento a ver se virá sol ou chuva e estamos atentos à meteorologia, importa perscrutar o que estes sinais tão eloquentes anunciam e preanunci- am. As gerações sucessivas são um pouco como as ondas do mar ; umas enrolam-se nas outras.

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Rua da Lourinha, 33 4435-308 Rio Tinto | [email protected] |http://www.paroquiariotinto.pt/

Ano 39 N.º 43 - Abril- 2015

TIMERE NOLITE

Sintomas

duma sociedade

doente

Quando falamos de saúde somos inclinados a

pensar apenas em doenças visíveis que atin-

gem o nosso organismo: doenças do coração,

doenças oncológicas, diabetes, coluna e tan-

tas outras.

Mas há outras menos faladas ou invisíveis.

Alguns dados estatísticos que nos últimos

meses os Meios de Comunicação social referi-

ram ajudam-nos a compreender que há outro

tipos de doenças não menos graves. Revestem

-se dum carater social, psicológico e mental.

Afetam muito negativamente o doente e a vi-

da dum povo.

Em 2014 a delinquência juvenil aumentou 23,4 por cento 8% dos jovens portugueses apresentam sinto-mas de depressão mais ou menos graves.

Detetadas duas drogas novas por semana na

União Europeia.

Queixas por violência no namoro em meio es-

colar aumentam 50% num só ano.

Procuro sempre olhar com os dois olhos pa-

ra os problemas que a todos nos preocupam.

Não obstante a lamúria que por aí vai, en-

contramos gente, adulta e jovem, com senti-

do de responsabilidade e coerência de vida

admirável.

Todavia creio que os dados referidos nos fa-

zem refletir.

Adaptando a frase célebre de “Hamlet”, so-

mos levados concluir que algo está podre no

“reino” de Portugal.

Assim como olhamos para o firmamento a

ver se virá sol ou chuva e estamos atentos à

meteorologia, importa perscrutar o que estes

sinais tão eloquentes anunciam e preanunci-

am. As gerações sucessivas são um pouco

como as ondas do mar ; umas enrolam-se

nas outras.

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PANORAMA 2 IDADE MAIOR

Manoel Oliveira Deixou-nos

O mais galardoado entre os cineastas portugueses, Ma-noel Oliveira, acaba de partir do nosso meio, com a linda idade de 106 anos. Nascido em 12 de dezembro de 1908, começou por fazer desporto em várias modalidades mas, nos seus vinte e tal anos, começou a dedicar-se ao cine-ma, para nunca mais deixá-lo até à sua morte. Realizou muitas dezenas de filmes mas, um que ficou sempre na memória dos portuenses, foi Aniki Bóbó, onde a estrela era uma linda menina, com cerca de 9 anos, cujo nome é Fernanda Matos, hoje com quase 80 anos.

Bebidas Alcoólicas

Cada português bebe, em média, 12,5 litros de bebidas alcoólicas por ano. Isto significa que Portugal é um dos países do mundo onde há mais consumo de bebidas alco-ólicas per capita. Está, assim, justificada a decisão go-vernamental de proibir a venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos. Até agora, podia vender-se cerveja e vinho a jovens a partir dos 16 anos, e bebidas brancas só a partir dos 18. Agora, qualquer bebida alcoólica, só a partir dos 18 anos.

Patrão Sobe Salários, Tirando do Seu

Dan Price, dono de uma empresa norte-americana tinha um salário anual de cerca de 944 mil euros, mas começou a reparar na diferença do seu salário para o de alguns tra-balhadores, e resolveu baixar o seu para cerca de 66 mil. Esta diferença veio a ser distribuída pelos trabalhadores, equitativamente, de forma que a média anual dos salários dos trabalhadores passou de 45 mil euros para 66 mil.

30 dos 70 trabalhadores viram o seu salário aumentar para o dobro. Este tipo de patrões é um autêntico achado, pois, nos dias de hoje, não se vê consciências como a de este Homem justo.

Desporto

A I Liga continua interessante no que diz respeito ao títu-lo. Talvez fique decidido o título, no jogo entre o Benfica e o Porto, em finais deste mês.

Ambos estão a jogar bem, pelo que é sempre imprevisível qualquer resultado acontecer.

Continuam em suspenso as decisões para os lugares que dão direito à Liga Europa, bem como os que irão descer de divisão. O Porto venceu o Bayern por 3-1, o que signi-fica um bom resultado para defender no jogo da segunda mão, na próxima semana, na Alemanha. O Porto mos-trou ser muito superior aos alemães, pelo que será natural eliminar o Bayern.

Fernando Marçal

Nova esperança. Tratamento para ALzheimer mais próximo de ser

uma realidade

Um grupo de cientistas da Universidade de Duke, na Carolina do Norte, Estados Unidos, descobriu uma potencial causa da doença, que pode vir a ser tratada com medicação. Os especialistas garantem que esta desco-berta pode abrir novas portas para melhorar a pesquisa para o tratamento da demência. Percebendo a causa, encontrar a cura toma-se mais acessí-vel. O estudo concluiu que no Alzheimer as células imunitárias, em vez de protegerem o cérebro (que á a sua função normal) estão a consumir um nutriente vital chamado arginina. Ao bloquearem este processo com medicação, os cientistas conseguiram prevenir a formação de plaquetas no cérebro, uma das características da doença, e ainda foram capazes de interromper a per da de memória. "Vemos este estudo como a abertura de uma porta para pensar no Alzheimer de uma forma completamente diferente, para quebrar o impasse nas ideias sobre a doença. Nos últimos 15, 20 anos o que tem estado em cima da mesa é o amiloide, temos de olhar para as coisas porque ainda não conseguimos entender o mecanis-mo da doença nem desenvolver terapias eficazes", disse Carol Coltan, professora universitária e autora do novo estudo, citada pelo jornal "The Independent". O medicamento utilizado para bloquear a repostas das células imunitárias à arginina, a eflomitina (DMFO), já é atualmente investigado para o tratamento de certos tipos de cancro. Assim, é mais simples e adequado testar como potencial tratamento do Alzheimer. A arginina é um aminoácido e um nutriente essencial para vários processos no corpo humano, onde se incluí a divisão de células, processo de cura e reposta imunitária. Está presente em alimentos que ingerimos diaria-mente, como por exemplo carne, nozes e grão. No entanto, a equipa de cientistas deixa bem claro que não é com o aumento da dose diária des-tes alimentos, ou seja consumindo mais arginina, que há redução do risco de Alzheimer. As experiências foram realizadas em ratos e, apesar do potencial da descoberta, há que ter em atenção que as técnicas estu-dadas em animais não funcionam, garantidamente, no Homem. E por isto que alguns especialistas se mostram ainda apreensivos. "Os testes clínicos são essenciais antes de qualquer potencial novo tratamento ser dado às pessoas, mas estas recentes descobertas pode abrir novas portas para futuros tratamentos", explica Laura Phipps, do Centro Britânico de Investigação de Alzheimer, citada pelo jornal "The Independente". A nova esperança é bem-vinda, pois nos últimos tempos o financiamento e a vontade da indústria farmacêutica têm diminuído, apesar do aumento do custo humano e económico da doença e de outros tipos de demência. Esta é uma descoberta particularmente encorajadora, porque até agora o papel do sistema imunitário e da arginina no Alzheimer era completa-mente desconhecido. Números citados pelo jornal "The Independent" avançam que em 2050 existirão 135 milhões de pessoas a viver diaria-mente com alguma forma de demência. Em Portugal, segundo dados da Associação Alzheimer Portugal, existem cerca de 90 mil pessoas diag-nosticadas com a doença. O Alzheimer é a forma mais comum de de-mência, cerca de 50% a 70% dos casos. Provoca a degeneração progres-siva, irreversível e global de várias funções cognitivas como a memória, concentração, linguagem e pensamento, afetando a realização das ativi-dades do quotidiano. O que acontece é que as células cerebrais sofrem uma redução, em tamanho e número, formando uma espécie de placa no espaço exterior entre elas. Este fenómeno impossibilita a comunicação dentro do cérebro e estraga as ligações existentes entre as células cere-brais. Estas acabam por morrer e isto traduz-se numa incapacidade de lembrar de algo. Quando se perde uma capacidade, muito raramente é possível recuperá-la ou reaprendê-la.

AnaPereira

Assistente Social

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ORIENTAÇÃO PSICLÓGICA EDUCAÇÃO FÍSICA 3

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CUIDE DA SUA SAÚDE NAS ASAS DA POESIA

* Silva Pinto

* Médico

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COLESTEROL O principal fator de risco de ataque cardíaco

A causa mais frequente de morte no homem, em países desenvolvidos, é a aterosclerose. A doença aterosclerótica é caracterizada pela deposição pro-gressiva de colesterol na parede das artérias, pro-vocando a sua obstrução progressiva, muitas ve-zes com oclusão, e está na origem da doença car-dio e cerebrovascular. O colesterol é uma gordura essencial do organis-mo, mas quando está em excesso, deposita-se nas paredes das artérias constituindo placas de ateros-clerose que reduzem o calibre dos vasos e dificulta a chegada de sangue aos órgãos e tecidos; isto pode acontecer nas artérias que irrigam o coração – as coronárias e provocar angina ou enfarte do miocárdio, nas carótidas que irrigam o cérebro pro-vocando acidente vascular cerebral (AVC) ou nas dos membros inferiores. Estima-se que mais de 50% dos enfartes do mio-cárdio e 20% dos AVC, estejam associados ao co-lesterol elevado. Em geral, quando se faz a análise do colesterol são determinados o colesterol total, o colesterol das HDL e os triglicerídeos, conjunto a que chama-mos perfil lipídico. O colesterol LDL (lipoproteínas de baixa densida-de) é vulgarmente conhecido como “mau”, por ser aquele que provoca a aterosclerose; quanto mais alto o colesterol LDL, maior o risco de doença car-diovascular. Já o colesterol HDL (lipoproteínas de alta densida-de) também conhecido por colesterol “bom”, tem um papel na limpeza das artérias pelo que quanto mais alto, melhor. Os triglicerídeos são outro tipo de gordura que cir-cula no sangue e que é causado por uma alimenta-ção excessivamente rica em calorias, açucares ou álcool. A maior parte do colesterol é produzido no fígado e só cerca de 20% é devido aos alimentos que inge-rimos e, provém exclusivamente dos alimentos de origem animal (carnes, ovos, produtos lácteos, pei-xes e aves de criação).

O controlo dos níveis de colesterol deve assentar numa dieta saudável rica em fibras vegetais e po-bre em gorduras saturadas (óleos vegetais, marga-rinas?).

O controlo do peso, a atividade física regular e não fumar são os companheiros indispensáveis da die-ta.

Seleção de Rita Sá Ferreira

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UNIDOS NA FRAÇÃO DO PÃO 5

NOVOS FILHOS DE DEUS ( durante o mês de março ) Salvio dos Reis Miguel João Filipe Cardoso da Silva Wilson da Silva Ana Leonor Marta Menezes Laura Filipa da Silva Teles Rafael Filipe Pereira Moreira Alexandra Barros Simara

PARTIRAM PARA O PAI ( durante o mês de março ) Amélia Rosa Braga – de 94 anos Maria Marques de Sousa – de 93 anos António Ferreira de Sousa – de 76 anos Laura Ribeiro – de 59 anos Alfredo da Silva – de 830anos Basílio Moreira da Silva – de 83 anos Damião Fernando Martins Ribeiro – de 75 anos Maria Augusta da Silva – de 86 anos Adelaide da Conceição Fonseca – de 82 anos Flora de Sá Rocha – de 73 anos Leonel da Purificação Caseiro Ruge – de 78 anos Joaquim Vieira de castro – de 65 anos Alcina Moreira Tadeu – de 90 anos Rosa Ribeiro da Costa – de 86 anos Isabel Clementina Soares Filipe Godinho – de 67 anos Manuel Afonso da Silva Magalhães – de 68 naos José Joaquim de Almeida – de 94 anos Francisco pinheiro Ferreira – de 62 anos Rosa Machado da Silva – de 74 anos Maria Nogueira da Silva – de 81 anos Anibal Pinto Rodrigues – de 75 anos Arlindo Joaquim do Espírito Santos – de 69 anos

“Ide por todo o mundo anunciai o evangelho a todas as criaturas bati-zando-as em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo”

irmãos e irmãs!

O IV Domingo de Páscoa apresenta-nos o ícone

do Bom Pastor, que conhece as suas ovelhas,

chama-as, alimenta-as e condu-las. Há mais de

50 anos que, neste domingo, vivemos o Dia

Mundial de Oração pelas Vocações.

Este dia sempre nos lembra a importância de

rezar para que o «dono da messe – como disse

Jesus aos seus discípulos – mande trabalhadores

para a sua messe».

Jesus dá esta ordem no contexto dum envio mis-

sionário: além dos doze apóstolos, Ele chamou

mais setenta e dois discípulos, enviando-os em

missão dois a dois . Com efeito, se a Igreja «é,

por sua natureza, missionária» , a vocação cristã

só pode nascer dentro duma experiência de mis-

são. Assim, ouvir e seguir a voz de Cristo Bom

Pastor, deixando-se atrair e conduzir por Ele e

consagrando-Lhe a própria vida, significa per-

mitir que o Espírito Santo nos introduza neste

dinamismo missionário, suscitando em nós o

desejo e a coragem jubilosa de oferecer a nossa

vida e gastá-la pela causa do Reino de Deus.

A oferta da própria vida nesta atitude missioná-

ria só é possível se formos capazes de sair de

nós mesmos.

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Conceição Gonçalves BUSCAR A FELICIDADE

“A vida é sempre o que lhe permiti-

mos ser. É sempre a forma como a

aceitamos e a forma como reagimos

ao que nos põe no caminho. É sem-

pre a diferença entre a atitude «vai-se

andando» e a da «gratidão por estar

vivo e poder escolher ser felÍ2 todos

os dias». E sempre a forma como

agarramos a certeza das infinitas

possibilidades e o saber que a vida,

esta vida, só se conjuga no presente

do indicativo. E sempre este acreditar

na felicidade que não se encontra nas

«coisas» mas no sentido que damos a

cada dia que vivemos.

A vida será sempre a melhor profes-

sora que algum dia podemos conhe-

cer, aquela que nos muda pelo exem-

plo e pela decisão que nos permite

tomar todos os dias:

- escolher vivê-la como se fosse o pri-

meiro dia ou como se fosse o último.

A melhor maneira de ser feliz é... ver

a vida de outro ângulo”.

Sofia Femandes

Cristina Babosa

Directora Técnica

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MELHOR MANEIRA DE SER FELIZ...

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1 – A cerca de cinco meses das eleições legislativas, que se deverão realizar no último domingo de Setembro, pouco se tem falado das propostas políticas que cada partido pretende apresentar aos eleitores. Aliás, esta nem parece ser, sequer, uma pre-ocupação dos directórios políticos, inclusive do Partido Socialista, que tudo tem feito para adiar a divulgação do seu progra-ma eleitoral, ainda em fase de elaboração. Compreende-se que assim seja apenas e só por tacticismo eleitoral, pois quanto mais cedo forem conhecidas as propostas para a próxima governação, mais depressa elas se esgotam no imaginário dos elei-tores. Do lado dos partidos do Governo a situação não é muito diferente, ainda que os efeitos, esses sim, possam ser muito distin-tos. PSD e CDS tudo têm feito para adiar a divulgação de um acordo conjunto, que há-de servir de base à consagração da coligação pré-eleitoral. De facto, nem PSD nem CDS têm interesse em apressar um tal acordo, utilizando cada partido este tempo para ir testando o sentir do eleitorado, enquanto o Governo se vai reinventando em divulgar e aprovar algumas peque-nas benesses para eleitor ver. 2 – O quadro atrás descrito distorce as regras da ciência política, criando o que tecnicamente se designa por “vazio de idei-as”. E como o universo do debate político é avesso a toda a forma de “vazio” gera-se assim o que se chama “retórica de oportunidade”, estufa de ocasião propícia à criação de epifenómenos políticos. Esta é a explicação técnica para o apareci-mento de sucessivos candidatos a candidatos presidenciáveis, que nas últimas semanas têm ocupado o espaço mediático de uma forma particularmente intensa. De tal sorte que mesmo os cidadãos mais avisados e experientes são por vezes arrastados para uma espécie de mundo político onde a ficção se confunde com a realidade. Pergunta-se: e vem daí algum mal para o nosso destino colectivo? Objectivamente, NÃO. Mas no subconsciente dos portu-gueses estes fenómenos contribuem para desacreditar ainda mais o nosso sistema político, e para a banalização das institui-ções democráticas. O facto de assistirmos a debates intermináveis sobre os pré-anúncios de potenciais candidaturas ao palá-cio de Belém esvazia de conteúdo a função presidencial, sedimentando a ideia de que, afinal, querer ser Presidente da Repú-blica é tão banal como aspirar a ser presidente da comissão de moradores da nossa rua ou do nosso bairro. 3 – Sejamos claros: o desfile de alegados presidenciáveis não é mais do que, em muitos casos, um truque de marketing pes-soal, ou de indirecto ajuste de contas entre políticos de quinta linha que, em algum momento das suas vidas partidárias, en-frentaram problemas no interior das suas famílias ideológicas. A oportunidade de tornarem públicas as suas intenções de po-derem vir a candidatar-se ao mais alto cargo do Estado é apenas uma tentativa de recuperar no espaço público a notoriedade perdida no interior dos partidos a que pertencem ou pertenceram… O mais grave de tudo isto é constatar que a galáxia dos media não só acolhe estes epifenómenos como lhe dá ênfase e projec-ção, por vezes parecendo que aceita como coisa séria o que não passa também de uma óbvia forma de instrumentalização dos órgãos de comunicação social. O velho e consagrado princípio segundo o qual só existe o que é conhecido – e que os jorna-listas aprendem no primeiro ano de faculdade – é aqui atirado para o caixote das velharias. Porque bastaria que os media ignorassem este exercício de quem gosta de andar em bicos de pé, e o desfile de candidatos a candidatos desapareceria da “passerelle” das vaidades pessoais, e dos pelourinhos imaginários.

* Jornalista

e Professor Universitário

“O Povo de Rio Tinto” 16/04/2015 Opinião

DEBATE DOS “PRESIDENCIÁVEIS” OFUSCA ELEIÇÕES LEGISLATIVAS

M. Pinto Teixeira*

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TORTA DE OVOS OU LARANJA Batem-se bem 6 ovos inteiros Até ficarem espumosos e durante O máximo de tempo possível. Junta-se depois 25 gr. de açúcar refinado , 1 colher de chá de fermento em pó e casca ralada de um laranja. Deita-se a massa dentro de um tabuleiro que já deve estar untado e coze em forno de temperatura média. Quando cozido , volta-se em cima dum papel gramelado e enrola-se imediatamente.

Glória Branco

Doença rara Não consegues dormir à noite? Sofres de insónias? Sim, de insónias caninas. Nunca ouvi falar!... Não é propriamente uma doença. É o cão do vizinho que não me deixa dormir. Num inquérito de rua, um repórter pergunta a um transeunte: O senhor é contra ou a favor das greves do pessoal dos barcos que fazem a travessia no Tejo? A favor, claro! Repare: a minha sogra mora na outra banda e costuma visitar-nos quase todos os dias... Grande diferença Sabes qual é a diferença entre o governo do país e o da minha casa? Hum... não, qual é? O governo do país é parlamentar e o de minha casa é para lamentar.

SORRIA

Consultório Jurídico – “O quê de Justiça?” – O novo Código do Procedimento Administrativo – Princípios de atuação da Administração Pública

O novo Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo decreto-Lei nº 4/2015, de 7 de janeiro revogou o Decreto -Lei n.º 442/91, de 15 de novembro, que havia sido revisto pelo Decreto -Lei n.º 6/96, de 31 de janeiro, tendo entrado em vigor no passado dia 8 de abril.

As exigências colocadas à Administração Pública e a constante evolução da sua relação com os cidadãos, impu-nha uma alteração ao seu modo de funcionamento e ao acatamento de novas responsabilidades, nomeadamente ao nível do dever de boa gestão, da realização das conferências procedimentais e da responsabilidade pelo in-cumprimento de prazos.

No prazo de um ano, a contar da data da entrada em vigor do presente decreto -lei, o Governo aprova, por Reso-lução do Conselho de Ministros, um «Guia de boas práticas administrativas», documento que será orientador dos padrões de conduta a assumir pela Administração Pública. Os órgãos da Administração Pública (AP), nas suas relações com os cidadãos devem atuar no estrito cumprimen-to dos seguintes princípios: princípio da legalidade (obediência à lei e ao direito, dentro dos limites dos poderes que lhes forem conferidos e em conformidade com os respetivos fins); princípio da prossecução do interesse público e da proteção dos direitos e interesses dos cidadãos; princípio da boa administração (exercendo as suas funções com base em critérios de eficiência, economicidade e celeridade, devendo ser organizada de forma a aproximar os serviços das populações e de forma não burocratiza-da; princípio da igualdade (não podendo privilegiar, beneficiar, prejudicar, privar de qualquer direito ou isentar de qualquer dever ninguém em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual); princípio da proporcionalidade (as decisões da AP que colidam com direitos subjetivos ou interesses legalmente protegidos dos particulares só podem afetar essas posições na medida do necessário e em termos proporcionais aos objetivos a realizar); princípios da justiça e da razoabilidade (todos os que entram em relação com a AP devem por ela ser tratados de forma justa, devendo ser rejeitadas as soluções manifestamente desrazoáveis ou incompatíveis com a ideia de Di-reito, nomeadamente em matéria de interpretação das normas jurídicas e das valorações próprias do exercício da função administrativa); princípio da imparcialidade (todos devem ser tratados de forma imparcial, considerando com objetividade todos e apenas os interesses relevantes no contexto decisório e adotando as soluções organizatórias e procedimentais);

Na próxima edição falaremos dos restantes princípios da atuação administrativa. Manuela Garrido