O PAPEL DO PROFESSOR E A UNIVERSIDADE EM RELAÇÃO AO MEIO AMBIENTE - AVM PASSOS PEREIRA DE...

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES CURSO DE DOCÊNCIA SUPERIOR PROJETO A VEZ DO MESTRE PROFESSORA: MARIA ESTHER DE ARAUJO ALUNO: FRANCISCO PAIXÃO DE OLIVEIRA O PAPEL DO PROFESSOR E A UNIVERSIDADE EM RELAÇÃO AO MEIO AMBIENTE Rio de Janeiro - RJ 2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

CURSO DE DOCÊNCIA SUPERIOR

PROJETO A VEZ DO MESTRE

PROFESSORA: MARIA ESTHER DE ARAUJO

ALUNO: FRANCISCO PAIXÃO DE OLIVEIRA

O PAPEL DO PROFESSOR E A

UNIVERSIDADE EM

RELAÇÃO AO MEIO AMBIENTE

Rio de Janeiro - RJ 2005

2

FRANCISCO PAIXÃO DE OLIVEIRA

O PAPEL DO PROFESSOR E A

UNIVERSIDADE EM

RELAÇÃO AO MEIO AMBIENTE

Monografia apresentada ao curso de Docência Superior, pela Universidade Candido Mendes, como requisito para obtenção do diploma de Docente em Nível Superior, sob a orientação da Professora Maria Esther de Araújo.

Rio de Janeiro - RJ 2005

3 SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 2

RESUMO 4

INTRODUÇÃO 5

CAPÍTULO I – O PAPEL DO PROFESSOR FRENTE À ED. ATUAL 8

1.1- O que é Educação? 8

1.1. 1 – Considerações Preliminares sobre o Processo Educativo 8

1.2 – O Papel do Professor 17

CAPÍTULO II – O PAPEL DA UNIVERSIDADE 25

2.1 – A escola para a vida 25

2.2 – O papel da Universidade 28

2.2.1 – Um breve histórico 28

CAPÍTULO III - O PAPEL DO PROFESSOR E A UNIVERSIDADE

EM RELAÇÃO AO MEIO AMBIENTE

36

CONSIDERAÇÕES FINAIS 43

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 45

CONVITES 46

4 RESUMO

Em um mundo tão conturbado e em uma sociedade tão dinâmica e diversificada como a que vivemos, o professor acaba tendo um papel muito importante, não de mero transmissor, mas de mediador de conhecimentos, tendo como objetivo a busca constante de momentos que propiciem a aprendizagem, sendo capaz de observar, criar e intervir nesse processo. O professor deve estar sempre atento aos anseios e necessidades de seus alunos e sempre buscar o crescimento junto aos mesmos. deverá estar consciente deste papel e da sua importância. Deverá entender que sua tarefa não é apenas inserir na cabeça dos alunos, sejam eles crianças, adolescentes, adultos um número crescente de ensinamentos e sim, antes de tudo, exercer certa influência sobre a personalidade, como um todo. A atuação do professor sobre a personalidade do aluno é, em alguns casos, mais importante do que as atividades curriculares. A Universidade tem como objetivo socializar e construir novos saberes, através da capacitação de profissionais em áreas específicas, sem perder de vista o pluralismo de idéias, a liberdade de pensamento e, sobretudo o seu compromisso com a sociedade. O conjunto destas dimensões (o engajamento social e as atividades de ensino, pesquisa e extensão) é o que torna possível o reconhecimento de uma instituição de ensino superior como universitária, e o que a diferencia daquelas que entendem a educação como mera mercadoria a serviço do mercado.

5 INTRODUÇÃO

Em um mundo tão conturbado e em uma sociedade tão dinâmica e

diversificada como a que vivemos, o professor acaba tendo um papel muito

importante, não de mero transmissor, mas de mediador de conhecimentos,

tendo como objetivo a busca constante de momentos que propiciem a

aprendizagem, sendo capaz de observar, criar e intervir nesse processo. O

professor deve estar sempre atento aos anseios e necessidades de seus

alunos e sempre buscar o crescimento junto aos mesmos.

O ensino-aprendizagem deve ser um momento de prazer e

felicidade, além disso, o conhecimento deve sempre acontecer, sendo assim,

partimos do pressuposto de que o professor é visto ainda hoje como um

transmissor de informações, e o aluno é 'treinado ' a aprendizagem, no qual o

trabalho por projetos, está se tornando a melhor forma do professor estar se

atualizando frente as novas tecnologias, e dentro desta perspectiva a arte de

ensinar se torna melhor, as condições de aprendizagem para o aluno, faz com

que o professor passe a ser apenas um mediador , fazendo com que o aluno

busque, pesquise, sendo assim, o aluno aprende mais, ouvindo e reproduzindo

as suas experiências, seus conhecimentos, isto o tornará um cidadão

consciente e crítico das situações que o rodeia.

A expectativa de nossa sociedade, quanto à educação, é a

preparação de cidadãos/alunos para a vida e sua formação para o exercício

profissional, porém observamos vários fatores que têm desmotivado

6 professores e alunos nesse processo, dentre eles destacamos: a falta de

material didático-pedagógico; baixos salários; o sentimento de impotência,

gerado pela ideologia decorrente de um sistema sócio-econômico baseado no

desejo (ganância?) do lucro fácil e rápido, em detrimento da qualidade e dos

objetivos a que se propõe a educação; a falta de condições instrumentais do

professor, que lhe garantam a capacitação adequada para o exercício

profissional.

Dessa forma compreendemos que realmente o papel do professor do

século XXI mudou e podemos esperar que ainda irá mudar mais, por isto não

podemos nos acomodar, devemos estar sempre buscando nos capacitar para

não ficarmos fora da evolução.

Em busca de soluções que levem modificações ao ensino,

ressaltamos a importância daquelas que possibilitem a valorização e o

aperfeiçoamento do professor, devido ao seu papel direcionador na relação

pedagógica, de inegável relevância política e social.

Partindo desse pressuposto, torna-se imprescindível a participação

das universidades, criando novas metodologias, levantando e discutindo

propostas para a melhoria da qualidade da educação, cabendo à sociedade a

decisão quanto à efetivação das mudanças.

Os valores e a realidade da educação variam conforme as

tendências sócio-históricas que a envolvem, podendo transformar a função de

educar em um simples ato mecânico, rotina de sala de aula.

Conseqüentemente, o professor deve manter-se atento à sua maneira de ser e

agir enquanto profissional.

7 O reconhecimento da importância do professor no desempenho de

seu papel de educador não depende exclusivamente dele, mas principalmente

da escola como instituição social, o que somente se efetiva em decorrência dos

valores determinados pela sociedade.

Essa monografia tem como objetivos: verificar qual o papel do

professor frente a universidade em relação ao Meio Ambiente; conscientizar o

professor quanto ao seu papel diante de uma universidade em relação ao Meio

Ambiente; conscientizar que o professor é a ponte mais importante da

passagem do mundo infantil para o mundo adulto, pois junto com os pais, os

professores são responsáveis pelo encorajamento ao crescimento e

independência das crianças e que este continua sendo um grande exemplo na

idade adulta; identificar o professor como tendo a principal função social, como

personalidade e não como um mero transmissor de conhecimento.

Para tanto faremos um diálogo com alguns autores: BRANDÃO

(1995), BRANDÃO (1995), ARANHA (2003), CHAUÍ (1995), GILES (1987),

FREIRE (1979), LUCKESI (1994) e outros que se fizerem necessário.

No primeiro capítulo, faremos uma breve conceituação sobre a

educação, processo educativo, o papel do professor na atualidade. No segundo

capítulo enfocaremos o papel do ensino nas escolas e o papel da universidade

junto à educação. Para o terceiro capítulo, deixamos para dissertar sobre o

papel do professor e da universidade em relação ao Meio Ambiente e como

vem sendo trabalhado o tema em questão. Por fim, faremos as considerações

finais de tudo o que foi falado durante todo o trabalho.

8 CAPÍTULO I

O PAPEL DO PROFESSOR FRENTE À EDUCAÇÃO ATUAL

1.1 - O que é Educação?

1.1. 1 - Considerações Preliminares sobre o Processo Educativo

Conceituar educação é tarefa por demais complexa, porque a

compreensão do processo educativo pode enveredar por múltiplos caminhos.

Essa é a razão da confusão que comumente se faz, por exemplo, entre alguém

que tem educação, tem cultura, ou tem instrução. Há ainda a concepção de

educação do "berço" que remete à educação que a pessoa recebeu no seio da

família, a educação formal de base religiosa, técnica ou pragmática, a informal,

etc. Assim sendo, deve-se ter cautela ao se conceituar o termo educação,

porque está claro que não é expressão de significado único.

Apesar da fragmentação que o conceito de educação comporta, há

um consenso em torno da relação que a educação estabelece com o ser

humano, que é o fato de que todos nós, de algum modo, entraremos em

contato com ela. E aí reside o fundamento de sua complexidade, porque se

todo ser humano experiência algum tipo de educação, esta variará de acordo

9 com os contextos sociais, políticos, econômicos e culturais aonde cada

indivíduo está inserido. Tomando emprestadas as palavras de BRANDÃO1:

(... ) ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de outro todos nós envolvemos parte da vida com ela: para aprender e ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias: educação? Educações. É por isso sempre achamos que temos alguma coisa a dizer sobre educação que nos invade a vida. (BRANDÃO; 1995: p28),

Mesmo em algumas sociedades primitivas, quando o trabalho que

produz os bens e quando o poder que reproduz a ordem são divididos e

começam a gerar hierarquias sociais, também o saber comum da tribo se

divide, começa a se distribuir desigualdade e pode passar a servir ao uso

político de reforçar a diferença, no lugar de um saber anterior, que afirmava a

comunidade.

Então é o começo de quando a sociedade separa e aos poucos

opõe: o que faz, o que se sabe, é quando, entre outras categorias de

especialidades sociais, aparecem as de saber e de ensinar a saber, este é o

começo do momento em que a educação vira ensino, que inventa a pedagogia,

reduz a aldeia à escola e transforma todos no educador.

O autor entende a educação como um processo de humanização

que se dá ao longo de toda a vida, ocorrendo em casa, na rua, no trabalho, na

igreja, na escola e de muitos modos diferentes. Como processo, ela é anterior

ao aparecimento da escola. Com o aparecimento desta e do sistema escolar,

1 BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O Que é Educação. 33 ed. – São Paulo: Brasiliense, 1995. (Coleção Primeiros Passos: 203).

10 cada vez mais a educação vai se institucionalizando para orientar e controlar o

desenvolvimento humano.

Percebe-se que BRANDÃO2 (1995) introduz um elemento importante

a ser discutido quando se quer compreender o processo educativo, que é a

apropriação política que se faz de um fenômeno tão essencial à existência

humana.

Pode-se fazer já algumas considerações, no sentido de que a

educação deve servir ao indivíduo e a sua sociedade, sendo que para o

indivíduo deve ajudá-lo primeiro a compreender sua situação no mundo, sua

existência, a dimensão humana do seu ser e de sua comunidade; em seguida

deve guiá-lo, da melhor forma possível, na busca de um trabalho através do

qual possa produzir riqueza para si e para o seu grupo.

Para o grupo? Sim, a perspectiva do autor direciona-se para uma

sociedade diferente, aonde nem todos podem produzir o tempo todo, aonde

crianças vivem o seu tempo, enfermos são assistidos e idosos que não mais

podem trabalhar são respeitados pelo que já contribuiu, pela experiência e

saber acumulados. Portanto, todos devem produzir numa perspectiva individual

sim, mas também coletiva, como acontecia com os grupos primitivos.

De acordo com BRANDÃO3 (1995), a educação é um processo de

construção histórico-cultural do homem que envolve as dimensões individual e

social visando o bom viver pessoal e social no deleite da herança histórico-

cultural renovada constantemente.

E continua:

2 Id.

11 (...) a educação existe no imaginário das pessoas e na ideologia dos grupos sociais e, ali, sempre se espera de dentro (...) na missão de transformar sujeitos e mundos em alguma coisa melhor”. (BRANDÃO, 1995, p. 35).

A apropriação política da educação, ainda seguindo a concepção de

Brandão, acontece quando se hierarquiza a sociedade pelo jogo do poder, da

apropriação da riqueza coletiva por alguns e pela necessidade de controlar

todos com o objetivo de atender as necessidades de poucos.

É quando surge a escola formal, as certificações, as validações do

ensino que hierarquizam as pessoas dentro do nível de submissão à educação

mais adequada ao sistema social no qual estão inseridas e que, nesse nível, já

comporta muitos elementos artificiais de divisão de classes, de cultura, de

trabalho, enfim, já possui um "metabolismo" social voltado ao atendimento dos

interesses de pessoas que dominam o tecido social.

Não se pode generalizar uma crítica à escola formal, porque nem

todas as formas de educação formal são "desumanas", mas pode-se afirmar

que foi seu advento o fator responsável pela transformação da educação nisto

que ela é hoje em dia, de modo generalizado, com raras exceções.

Um emaranhado de conteúdos obrigatórios, técnicos e distantes dos

interesses dos educandos, cujo objetivo primeiro, não é a humanização do

indivíduo, mas simplesmente sua adaptação, sua formação no sentido de

moldá-lo à "forma" que a sociedade o reservou. Isso explica a apatia e o

desinteresse de crianças, jovens e adultos pela educação de um modo geral.

A educação formal por mais que se esforce, não consegue agregar os

elementos lúdicos da educação livre, informal e espontânea.

3 Ibdem.

12 A história da educação registra um elenco de teóricos que se

preocuparam em "melhorar" o processo de ensino. Não queremos neste

trabalho avaliar o mérito de suas concepções, mas apenas constatar que todos

tentavam ao seu modo, desvencilhar a educação do emaranhado de

artificialismo, das incoerências e poupá-la da rejeição dos educandos que, ao

longo do tempo, foi sua companheira.

Contemporaneamente temos assistido à mudanças radicais na

educação por motivos variados, sendo tal fenômeno resultante do

desenvolvimento social e da complexificação das relações, que tem no sistema

produtivo e na ciência, que por sua vez é responsável pelas novas tecnologias,

o seu motor. Em desdobramento, novas teorias educacionais vão surgindo,

ampliando ou modificando as concepções anteriores. Isso apresenta-se em

COSTA4 (2000: 48) para quem a concepção tradicional de educação sofreu

alterações ao longo do tempo. No mesmo sentido direciona-se SOARES5

(2000), lembrando que na concepção tradicional de educação:

“(...) a criança chega à escola, como uma tabula rasa – cabeça vazia. Cabendo um conjunto de conhecimentos factuais testando periodicamente aquisição destes conhecimentos através de provas e exames”. (SOARES, 2000, p.18).

Nesse contexto de educação há poucas oportunidades para a

simulação de eventos naturais ou imaginários, tanto para aumentar a

4 COSTA. José Carlos. (org.) Pesquisa Participante. São Paulo: Brasiliense, 1982. 5 SOARES, Magda. Linguagem e escola: uma perspectiva social. 17ª ed. São Paulo: Ática , 2000.

13 compreensão de conceitos complexos como para estimular a imaginação.

Outro grande inconveniente desta concepção tradicional de educação é o

procedimento que realiza uma divisão do conhecimento (Matemática,

Geografia, História, Física e etc), não havendo a possibilidade de ver os

possíveis inter-relacionamentos entre eles.

A educação ao longo da vida dever ser encarada como uma

construção contínua de uma pessoa humana, dos seus saberes, aptidões e da

sua capacidade de discernir e agir. Dessa forma a escola deveria desempenhar

um papel fundamental em todo o processo de formação de cidadãos aptos

para viverem em uma sociedade.

Quando se realiza reflexões sobre educação, não se pode deixar de

considerar um componente central do processo ensino x aprendizagem que é o

professor. É ele o principal responsável pela interação educativa com os alunos

e o agente que deverá estar preparado para enfrentar as inúmeras dificuldades

que se apresentam em sala de aula, cabendo-lhe a tarefa de criar estratégias

para que suas aulas saiam da rotina que poderá provocar tédio, que às vezes,

é transmitido pelo próprio ministrante quando não é dotado de competência

para dar um esclarecimento agradável ao aluno.

Diante do dinamismo atual e das inúmeras situações que se

apresentam como problemas a serem desvendados, é o professor quem tem o

papel de estimular a busca de soluções, apresentar caminhos que levem o

educando a compreensão da realidade que o cerca e possibilitar a formação de

um cidadão crítico. Cabe aos educadores estimular o aluno a pensar, guiar sua

14 aprendizagem, pesquisar, analisar, problematizar, buscar respostas às novas

perguntas.

Sendo assim, o aluno construirá, ou seja, produzirá o seu

conhecimento a partir do já existente e não simplesmente o reproduzirá.

Saberá lidar com as diferenças, identificará os vários caminhos para sair de

uma idéia fechada, abrindo novos horizontes de conhecimentos, sem ter medo

de sair do tradicional costume e ir a procura de novas descobertas. Conclui-se

então, que o professor tem a responsabilidade de formar um cidadão

consciente, seguro e com direito de construir sua identidade e reconhecer uma

semelhante e respeitar outra diferente.

Outra característica atual do ensino, é a mudança de relacionamento

entre professor e educando, superando também uma perspectiva tradicional

que mantinha no professor a suprema autoridade e o saber inquestionável.

Um ambiente escolar mais democrático e livre, possibilitador de

questionamentos e críticas construtivas favorecem o aprendizado, valoriza a

amizade, o bom relacionamento, a aula bem esclarecida, cheias de dinâmicas,

não rotineiras, revela maior identidade entre os sujeitos do processo de ensino

e motiva um professor responsável comprometido com a efetiva aprendizagem

do aluno.

Escolas com métodos inovadores são quotidianamente apresentados

e prometem que seus educadores vão ao encontro do educando na formação

de um cidadão responsável, capacitado à escolhas futuras com uma

consciência de direitos e deveres individuais, mas também para com a

sociedade em que vive.

15 Há muito se entende que a educação não se deve orientar apenas

para a formação em direção ao mundo produtivo, mas também deve servir para

formar o homem e situá-lo em sua sociedade, respeitando os limites de

exploração da natureza, do seu semelhante e aprimorando técnicas para

garantir a sua própria sobrevivência e melhorar sua qualidade de vida.

No entanto, apesar das descobertas e das elaborações de teorias

educacionais sofisticadas e, mesmo da legislação brasileira em vigor, como é o

caso da nossa LDB que é considerada muito avançada, decisões e

procedimentos políticos ainda retardam a realização de tais objetivos.

Estas considerações preliminares acerca da educação tem o objetivo

de introduzir a abordagem central do trabalho que é a educação profissional

brasileira no período colonial e império, tentando facilitar a compreensão da

educação profissional a partir das inúmeras influências que a mesma pôde ter

absorvido, o lugar social, o prestígio e por conseguinte a (des) atenção que

recebia do poder constituído.

É necessário ter-se consciência de que os fatos passados e recentes

compõe o processo histórico, porque um fato leva a outro, por isso é importante

analisar os conflitos e lutas que está inserido em todo processo histórico.

Portanto, o passado continua e continuará sendo a ferramenta analítica mais

útil para lidar com a mudança constante do caráter social na descoberta da

história. Portanto, fica claro que o presente deverá ser visto diante de uma

retrospectiva do passado.

Há desde então uma diferenciação na educação a ser dada para

aqueles que ocuparão trabalhos braçais e aqueles que desenvolverão

16 trabalhos intelectuais, ou seja, diferente educação para o que fazem parte da

elite e aqueles que fazem a classe dos pobres.

Esta herança a sociedade brasileira carrega até os dias de hoje,

porque se criou uma dicotomia que de um lado separa trabalho intelectual e do

outro trabalho manual; exclui os filhos dos trabalhadores manuais de uma

educação que possibilite ascensão a um trabalho intelectual, criando uma

escola dualista, com objetivos diferentes: para a Elite, uma escola de formação

que pode se estender até os graus superiores, enquanto para os trabalhadores

restam os rudimentos do ler e escrever e o encaminhamento para a

profissionalização.

Mesmo quando as crianças mais pobres tentam estudar,

esbarram em dificuldades inúmeras e, geralmente, não prosseguem sua

escolarização. Explicações foram dadas para os fenômenos de exclusão,

evasão repetência, mas tendem a tornar-se justificações ideológicas quando

escamoteiam os verdadeiros motivos, impedidos dessa forma a solução do

problemas.

(...) Há quem pense – e não são Poucos! – que para a sociedade funcionar é preciso que uns saibam e outros executem, uns mandem e outros obedeçam.” (ARANHA6, 1989).

Nesse caso, a função da escola limita-se a transmitir informações.

Também é meio de consagrar o desprezo pelo trabalho e a profissionalização,

pois a sociedade se baseia na escravidão, estigmatizando-se, portanto, o

6 ARANHA. Maria Lucia de Arruda. História da Educação. São Paulo: Moderna, 2003.

17 trabalho manual, e as profissões técnicas. A única possibilidade é,

consequentemente, a formação acadêmica (GILES7, 1987).

“A posterior introdução da indústria resultará em mais uma importação, em termos do processo educativo, desta vez baseado em modelos provindos dos Estados Unidos e da Europa Ocidental”. (GILES, 1987:284).

No local, no qual, a industrialização ainda não chegou, o processo

educativo serve para conservar e transmitir o acervo de valores tradicionais.

Nos primeiros momentos da industrialização, o processo educativo sofre um

período de tumulto, pois sente-se a falta de adequação entre o sistema de

educação e a demanda de mão-de-obra qualificada.

1.2 - O papel do professor

Compreendemos que realmente o papel do professor do século XXI

mudou e podemos esperar que ainda irá mudar mais, por isto não podemos

nos acomodar, devemos estar sempre buscando nos capacitar para não

ficarmos fora da evolução. Dessa forma nosso questionamento é: Qual o papel

do professor frente a universidade em relação ao Meio Ambiente?

O professor deverá estar consciente deste papel e da sua

importância. Deverá entender que sua tarefa não é apenas inserir na cabeça

dos alunos, sejam eles crianças, adolescentes, adultos um número crescente

de ensinamentos e sim, antes de tudo, exercer certa influência sobre a

7 GILES, Thomas Ranson. História da Educação. São Paulo: EPU, 1987.

18 personalidade, como um todo. A atuação do professor sobre a personalidade

do aluno é, em alguns casos, mais importante do que as atividades

curriculares.

Visto desta maneira, o professor é a ponte mais importante da

passagem do mundo infantil para o mundo adulto, pois junto com os pais, os

professores são responsáveis pelo encorajamento ao crescimento e

independência das crianças. Ouvimos muitas vezes que o adolescente está

destinado para o mundo e não para permanecer agarrado a seus pais. Mas

como introduzir este jovem no mundo adulto de maneira segura e sem

traumas?

O professor tem aí o cerne de sua função social, porém como

personalidade e não como um mero transmissor de conhecimento. O ser

humano é prático, ativo, uma vez que é pela ação que modifica o meio

ambiente que o cerca. É um ser que age no contexto da trama das relações

sociais, que, em última instância, caracteriza-se pela posse ou não de meios

sociais de produção.

Segundo LUCKESI8 (1994):

A ação humana exercida coletivamente sobre a natureza, possibilita ao ser humano compreender e descobrir o seu próprio modo de agir. Para este autor, a ação prática sobre a realidade desperta e desenvolve o entendimento, a capacidade de compreensão e a emergência de níveis de abstração mais complexos. (LUCKESI, 1994, p. 48).

8 LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da educação. São Paulo: Cortez, 1994.

19 Para Paulo Freire9 (1979), o conceito de ação ao conceito de

compromisso. Segundo ele, compromisso é decisão lúcida e profunda do

homem em usar sua capacidade de agir e refletir para se inserir criticamente no

mundo numa atitude objetiva de compreensão da realidade, de luta para

transpor os limites impostos pelo mundo, e atuando sobre ele, transformá-lo.

Essa inserção crítica produz efeitos no exercício profissional que contribuem

para o bem estar coletivo.

"O trabalho alienado é aquele no qual o produtor não pode reconhecer-se no produto de seu trabalho, porque as condições desse trabalho, suas finalidades reais e seu valor não dependem do próprio trabalhador, mas do proprietário das condições do trabalho. Como se não bastasse, o fato de que o produtor não se reconheça no seu próprio produto, não o veja como resultado de seu trabalho, faz com que o produto surja como um poder que o domina e o ameaça". (CHAUÍ, 1995, p. 28).

Porém, historicamente, o ser humano é dimensionado tanto pela

complexidade, sagacidade, inteligência, entendimento, quanto pela alienação,

pelo afastamento de si próprio, pois que ele é construído pelo trabalho que ao

mesmo tempo constrói e aliena. Não podemos separar esses dois elementos, o

criativo e o alienado. Esta é a enorme contradição, o trabalho que cria e aliena.

Portanto, torna-se normal nos discursos, a contradição. A personalidade

humana é contraditória como contraditória é a sociedade.

"O ser humano não é o que ele diz de si mesmo, mas aquilo que as condições objetivas da história possibilitam que ele seja. A alienação surge, individualmente, pela alienação do produto do próprio trabalho, da própria ação." (CHAUÍ10, 1995)

9 FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. 10 CHAUI, Marilena. O que é ideologia. 39.ed São Paulo : Brasiliense, 1995.(Coleção primeiros passos).

20 Qual seria, portanto, o papel do professor e como ele estaria

enfrentando essa dualidade de trabalho que constrói e aliena?

O professor, segundo LUCKESI (1994), é um ser humano construtor

de si mesmo e da história através da ação, é determinado pelas condições e

circunstâncias que o envolvem. É condicionado e condicionador da história.

Tem um papel específico na relação pedagógica, que é a relação de docência.

Na práxis pedagógica, o educador é aquele que, tendo adquirido o

nível de cultura necessário para o desempenho de sua atividade, dá direção ao

ensino e à aprendizagem. Ele assume o papel de mediador entre a cultura

elaborada acumulada e em processo de acumulação pela humanidade, e o

educando.

Ele exerce o papel de um dos mediadores sociais entre o universal

da sociedade e o particular do educando. Para tanto, o educador deve possuir

algumas qualidades, tais como: compreensão da realidade para a qual

trabalha, comprometimento político, competência no campo teórico de

conhecimento em que atua e competência técnico-profissional.

A ação docente tem sentido e significado crítico, consciente e

explícito. A alienação de seu trabalho ocorre quando ele ignora a realidade à

sua volta, e reduz seu trabalho a uma rotina de sala de aula, cujo objetivo

restringe-se à mera transmissão de informações, postura que não condiz com

seu papel de educador.

Segundo FREIRE (1979), educar é, completar, porque o homem é

ser inacabado, que sabe disso e por isso se educa. O saber se faz através de

21 uma superação constante, por isso não pode o professor se colocar na posição

do ser superior que ensina um grupo de ignorantes, mas sim na posição

humilde daquele que comunica um saber relativo (é preciso saber reconhecer

quando os educandos sabem mais e fazer com que eles também saibam com

humildade).

O discurso autoritário perde seu sentido na prática pedagógica.

Segundo proposta de ORLANDI11 (1987), o discurso do professor deve se

tornar polêmico, "efeito de sentidos e não transmissão de informação". Tornar o

discurso polêmico é "ser ouvinte do próprio texto e do outro".

A transformação do discurso pedagógico possibilitará a revisão da

práxis pedagógica, que sairá de dentro das escolas para as ruas, invadindo a

vida, o mundo. A postura do professor influencia a postura do aluno, e o seu

posicionamento de ouvinte, de aceitação da polêmica no diálogo, abrirá o

caminho para a crítica e a conseqüente discussão da realidade.

O discurso autoritário não cria contexto para a transformação. serve

de instrumento para a acomodação, porque condena o homem à repetição

histórica, impedindo a polêmica que questione o sentimento de impotência do

homem frente à sua realidade, impedindo o resgate da confiança de que o

homem pode criar no presente ações que concretizem um futuro novo, que

rompa com a tradição do passado.

O discurso autoritário é surdo. O debate que levanta sobre a

realidade e os problemas enfrentados só transfere responsabilidades, e por

transferir responsabilidades, não é capaz de mobilizar a sociedade. Se a

11 ORLANDI, Eni P. A linguagem e seu funcionamento. São Paulo: Pontes, 1987.

22 discussão gira em torno dos problemas educacionais, afirma que o problema é

de responsabilidade do aluno que não estuda mais, que não demonstra

interesse pelas aulas, da direção da escola que não orienta ou não apóia

adequadamente os professores, dos políticos que impõem diretrizes sem ouvir

os profissionais da educação, ou dos professores que não se preparam

devidamente para exercer o magistério, etc. É um discurso que impede a

organização dos homens e sua visão crítica sobre os problemas, impedindo

ações eficazes.

O discurso polêmico inverte os efeitos do discurso autoritário. Ele

assume a responsabilidade individual pela transformação da realidade coletiva,

ao permitir que os homens se ouçam, que os problemas sejam discutidos

racionalmente, de forma objetiva, possibilitando a conscientização da realidade,

e a enumeração dos obstáculos.

Amadurecida a compreensão dos problemas, as causas são

relacionadas e os homens podem então elaborar planos de ação conjunta, que

viabilizem ações que levem à real solução dos problemas encontrados.

O objetivo da prática pedagógica é promover o homem a sujeito de

sua própria educação. Despertar no homem a consciência de que ele não está

pronto, despertar nele o desejo de se complementar, capacitá-lo ao exercício

de uma consciência crítica de si mesmo, do outro e do mundo.

Segundo Jean Foucambert12 (1994), todo aprendizado é uma forma

de resposta ao desequilíbrio, portanto, desenvolver a consciência crítica acerca

do nosso valor como seres humanos e de nosso trabalho enquanto

12 FOUCAMBERT, Jean. A leitura em questão. Porto Alegre : Artes Médicas, 1994.

23 profissionais, é imprescindível para o estabelecimento do equilíbrio na auto-

estima humana.

A baixa na auto-estima impede o desenvolvimento das

potencialidades do homem, reduz sua capacidade de agir porque o faz

desacreditar de seu valor e da importância de seu trabalho, portanto se

relaciona ao não aprendizado do valor de si mesmo.

Por outro lado, a auto-estima elevada se relaciona ao não

aprendizado do valor do outro, o que causa distanciamento entre os homens,

impede a troca de experiências, o crescimento conjunto, e a união de esforços

para a solução de problemas comuns, desvirtuando a finalidade real do

trabalho, que é tanto servir à promoção individual quanto ao bem estar coletivo.

A proteção ao meio ambiente vem se tornando uma preocupação de

muitas empresas, de formadores de opinião e de parcela significativa da

população, em várias partes do mundo. Isso decorre do elevado nível de

degradação do Patrimônio Ambiental da humanidade e leva as organizações a

se adaptarem para que haja uma convivência equilibrada com o meio

ambiente.

Neste contexto, a variável ambiental vem se transformando num

importante diferencial competitivo, com o qual as organizações devem se

preocupar. E foi com o interesse de oferecer subsídios aos gestores de

empresas, aos estudantes e professores universitários que propusemos esse

projeto monográfico.

A metodologia usada será a pesquisa bibliográfica com o intuito de

descobrir qual, na realidade é o papel do professor e da universidade em

24 relação ao Meio Ambiente, pois atualmente, o volume de conhecimentos do ser

humano dobra, em média, a cada cinco anos, principalmente por causa do

"boom" da Internet que, a partir da década de 90, passou gradativamente a tirar

das Instituições Acadêmicas o papel de únicas geradoras e mantenedoras do

conhecimento. Neste contexto, tampouco o professor pode ser considerado o

detentor de todo o saber.

Por terem acesso fácil às novas fontes do conhecimento, os alunos

estão mais bem informados e, portanto, mais questionadores. Isto exige do

professor uma nova postura que, por sua vez, implica na reformulação de

estratégias e, do ponto de vista do relacionamento humano, a reestruturação

de inúmeros conceitos. Apesar de ainda ter grande importância no processo

educativo, o foco não está mais no professor, no aluno, ou nas instituições

acadêmicas.

A ênfase está na seleção, registro e organização dos conhecimentos

disponíveis na Internet e nos mais variados meios de comunicação. Assim, o

professor deve adquirir uma formação pedagógica mais sólida, capaz de

transformá-lo, efetivamente, num educador – preparado para enfrentar os

novos desafios interdisciplinares que as novas tecnologias nos proporcionam a

cada dia. Desta forma, o simples acúmulo e domínio de conhecimentos – em

suas respectivas áreas – não são mais suficientes para conferir-lhe a

competência necessária para transmiti-los de maneira adequada e

interdisciplinar.

25 CAPÍTULO II

O PAPEL DA UNIVERSIDADE

2.1 – A escola para a vida

A palavra "escola" sempre esteve muito presente, e é deste lugar

que colocamos o olhar e fazer as reflexões. Pensamentos que são construídos

pelas nossas experiências individuais, e experiências de outros, que me

contaram e que agora também fazem parte de nossa vida. Estes outros, é justo

ressaltar, são diferentes de nós, com uma outra história e desejos, porém não

tão diferentes, pois ainda não fomos capazes de conhecer valores que

consigam por em questão o solo que pisamos.

E para nós, seres ocidentais com forte influência na formação

histórica européia, achamos que a escola é algo importante. Achamos que ela

é peça fundamental para a formação de conhecimentos e valores que norteiam

nossa civilização, ou seja, através dos conteúdos programados abriremos as

portas do conhecimento universal.

Não é de hoje que os homens ensinam para as futuras gerações o

que lhes é importante. O que vai variar é justamente o que lhes é importante, e

por isso como fazer com que as gerações vindouras aprendam. Por isso,

dificilmente entenderia a resposta dos homens que habitavam as Américas

antes dos europeus se perguntássemos: qual é a importância da escola para

aquele povo?

26 É provável que as artes da pesca, da caça, do ócio e da liberdade

não eram transmitidas em quatro paredes, com carteiras alinhadas e quadro

negro. Mas não é disto que quero falar, pois estes homens já foram vencidos,

estes homens apenas sobrevivem em uma cultura material e simbólica que não

os pertence, que não os dá sentido.

A escola que temos hoje, é fruto (pelo menos uma boa parte) das

idéias de homens de um outro lugar: homens que venceram, e que hoje me

condicionam a falar somente a partir dos seus olhos. Foi a racionalidade do

período da modernidade que sistematizou os saberes e estabeleceu as

verdades científicas. Foi neste período que história virou história, que a

sociologia virou sociologia, as humanidades viraram ciências. Foi quando os

homens puderam ser objeto de ciência, e que através do empírico e racional

que levariam ao conhecimento das verdades universais.

E para que se universalize foi necessário a criação do espaço

escolar, o lugar onde corpos dóceis observariam inquestionavelmente os

saberes. Mas como transformar estas coisas em coisas importantes? Basta

dizer para as pessoas que isto é importante e sem isto não haverá

possibilidade de ascensão social.

Foi preciso dizer que a passagem de dominado para dominador se

dará somente através do funil escolar, com suas verdades, sua moral, sua

disciplina. Pois, para estes homens racionais da modernidade, a palavra mais

importante é o "progresso", e assim como o mundo teria evoluído linearmente,

as cabeças pensantes também: nasceriam vazios como um coco e

cotidianamente seriam preenchidos com as verdades universais. E se acaso

27 alguns destes não forem capazes de se adaptar, ou não quiserem se adaptar,

se tornarão "o burro", "aquele que não serve", "o fracassado", "o preguiçoso",

"o idiota".

Cria-se então, este sujeito um tanto incomum: o professor. Que com

firmeza na voz e no olhar, com sua segurança no andar, seria capaz de

preencher de conteúdo aqueles sujeitos que sedentos de conhecimentos se

apresentam como páginas de um livro em branco. Este semi-deus, chamado

professor, teria a responsabilidade de escrever e preencher este livro.

Na escola apesar da hierarquia ser reforçada a todos os instantes,

através dos autoritarismos do professor; para os alunos a escola seria sinônimo

de igualdade. Igualdade sentida nas carteiras alinhadas, na uniformização do

uniforme, na uniformização do pensamento. Uma igualdade tão gélida e triste,

que toma a proporção da frieza dos altos muros cinza que cercam a escola.

A escola tem sido um dos lugares que não levam em consideração

as diferenças culturais, de gênero, de classe... dos indivíduos. Coloca-se na

possibilidade de promover a igualdade, no entanto acaba perpetuando a

naturalização da exclusão, uma vez que não reconhece as desigualdades

sociais que a sociedade contemporânea nos impõe.

Assim, os sujeitos que já são marginalizados em outras estruturas

sociais, influenciados pelo discurso de que a escola é sinônimo de ascensão

social, procuram na escola um lugar de consolo para suas frustrações. Mas o

que encontram é outra frustração. Encontram uma instituição frustrada por não

conseguir reavaliar seu modelo. Encontram profissionais frustrados que a cada

28 dia vendem suas utopias a preço de banana. Encontram uma pedagogia

frustrada, pois se baseia em um mundo autoritário, alienante e disciplinador.

E depois de tudo isto o que nos resta? Em momento algum quero

que entendam que somos contra a escola. Porém, sem dúvida alguma, isto não

me impede de querer e lutar por uma escola que nos ajude a voar, que seja um

espaço de sociabilidade fundado em valores como a solidariedade e a

coletividade. Vou lutar para que as escolas não sejam gaiolas. Porque as

gaiolas nos tornam apáticos e estéreis.

2.2 – O papel da universidade

2.2.1 - Um breve histórico

Para que se possa compreender a Universidade em seu sentido mais

amplo, deve-se ir além da relação professores, alunos e funcionários,

envolvendo a sociedade na qual ela está inserida, e analisando de que maneira

esta comunidade a reconhece e se relaciona com ela.

A Universidade tem como objetivo socializar e construir novos

saberes, através da capacitação de profissionais em áreas específicas, sem

perder de vista o pluralismo de idéias, a liberdade de pensamento e, sobretudo

o seu compromisso com a sociedade.

O conjunto destas dimensões (o engajamento social e as atividades

de ensino, pesquisa e extensão) é o que torna possível o reconhecimento de

uma instituição de ensino superior como universitária, e o que a diferencia

29 daquelas que entendem a educação como mera mercadoria a serviço do

mercado.

A Universidade serve normalmente à manutenção da lógica

capitalista, mas pode também servir como espaço de fomento para a

transformação social. E para isso, faz-se necessário que o "saber" construído

contemple os anseios da comunidade, e que esta se sinta inserida em seu

meio.

A Ciência, assim como a Universidade, precisa deixar para trás a

máscara de uma suposta neutralidade, mas, que na verdade está a serviço da

lógica do mercado. A partir do momento em que a ciência estiver a serviço de

toda a sociedade, a mesma se reconhecerá como "sujeito" do processo de

construção de saberes, defendendo Universidade como patrimônio de todos.

De acordo com Nogueira13 (2001) A Universidade é o local onde se

produz e se divulga o saber, ou numa definição de Bronetto, é onde se forma

para o desconhecido. Do século XII até o Renascimento, tivemos a "invenção"

da Universidade, em plena Idade Média. Ela se apoiava no trabalho de copistas

e tradutores do legado greco-cristão para formar clérigos e magistrados

inicialmente, e a seguir médicos.

Assim tivemos em: Paris - Universidade de Teologia; Bolonha -

Universidade de Direito; Montpellier - Universidade de Medicina. Elas se

formavam espontaneamente ou por bula papal ou imperial. Eram todas

particulares, com cobrança de anuidades.

13 Prof. Dr. Hélio Egydio Nogueira - Reitor da Universidade Federal de São Paulo

30 No século XIII, há grande expansão do número de universidades na

França, Inglaterra, Itália, Espanha (Salamanca) e Portugal (Coimbra). Com a

criação da Universidade de Valadolit, o Rei Afonso, o Sábio, cria também a

primeira legislação de uma universidade.

A partir do século XV, as sociedades européias sofrem o impacto de

transformações que mudam o perfil das universidades - a mudança mais

importante é a vinculação da universidade ao Estado.

O século XVII foi marcado, sobretudo, pelas importantes descobertas

acontecidas na Física, Astronomia e Matemática, e no século XVIII

desenvolveram-se muito a Química e as Ciências Naturais. Iniciou-se também

a profissionalização da pesquisa. O cientista perde o rótulo de "louco" e passa

a ter papel fundamental nas mudanças dentro das universidades. Nasce,

então, a Universidade Renascentista, abrindo-se ao humanismo e à ciência.

O desenvolvimento das ciências, das pesquisas, se difunde por todas

as universidades e países, desde a Universidade de Moscou, criada em 1755,

até Coimbra, já renovada pela Reforma de 1772.

Entre 1700 e 1750, as universidades inglesas dobram o valor de

suas anuidades, tornando-se acessíveis apenas à nobreza. Já na França, com

a diminuição dos salários dos professores, introduziu-se o ensino gratuito,

autorizado definitivamente em 1719.

As universidades então, já não seguem um modelo único e se

diversificam cada vez mais, até nossos dias, sujeitas também a mudanças em

seus vários setores. Um exemplo bem atual é a Escola Paulista de Medicina,

31 que em 1994, por lei federal, transformou-se de uma escola isolada em

universidade de apenas uma área do saber: a Saúde.

Mesmo diante desse “caos”, a universidade brasileira caminha e

contribui significativamente para a construção de um país melhor e uma vida

mais digna para os seus cidadãos. Hoje, são as universidades que oferecem os

melhores cursos de graduação e de pós-graduação e a quase totalidade da

produção científica, tecnológica, humanística e cultural é realizada no seu

interior.

Sabemos que a produção de conhecimento demanda tempo de

trabalho intelectual e muito esforço coletivo. E para isso, a sociedade precisa

formular as bases intelectuais e sociais para que tal conhecimento possa ser

continuamente construído e disponibilizado para esta mesma sociedade.

A sociedade precisa entender que quanto mais pública for à

universidade, mais esta se transformará na universidade da sociedade. Quanto

mais recursos forem investidos em educação, inclusive na superior, em

pesquisa e em desenvolvimento científico e tecnológico, mais se consolida a

democracia e a soberania nacional.

Para ser uma universidade da sociedade, a universidade precisa

romper com o corrosivo corporativismo acadêmico e sindical, criando

mecanismos de avaliação periódica e continuada, reorganizando a estrutura

burocrática e diretiva, descentralizando e tornando mais transparentes as

ações administrativas; enfim, criando o princípio da responsabilidade política e

social e reforçando o compromisso democrático.

32 Na medida em que o maior problema do país ainda é a miséria e a

exclusão social, na qual vivem milhões de brasileiros, é fundamental que a

Ciência, a Universidade e os cientistas envidem esforços na busca de soluções

para os problemas que o mercado e as empresas não querem e não podem

resolver.

O documento é feliz quando diz que, se se exige da Ciência e dos

cientistas considerações éticas quanto aos resultados dos seus trabalhos,

“nada pode ser mais ético do que orientar as pesquisas para o atendimento das

necessidades maiores de milhões de homens e mulheres segregados das

riquezas materiais e culturais” que o sistema vigente tem produzido.

Por isso é fundamental redefinir a inserção do povo brasileiro na

divisão internacional do trabalho, procurando introduzir o trabalho científico e

tecnológico no interior da nossa economia e da nossa sociedade. Mas isso só

será possível se redefinirmos a nossa política científica, tecnológica e

industrial.

Ela precisa ter por meta “orientar a pesquisa e o desenvolvimento

para elevar radicalmente os níveis de educação e saúde do povo, democratizar

o acesso à informação e ao conhecimento e expandir postos de trabalho nos

ramos de atividade que se mostram cada vez mais economicamente dinâmicos

e geradores de renda” (do documento citado).

Evidente que o Estado deve ter papel estratégico nessa nova

política, já que caberá a ele definir as prioridades e mobilizar a comunidade

científica. Portanto, temos um grande desafio científico e tecnológico pela

33 frente, que é incluir a maior parte da nossa população nos benefícios e

resultados dessa nova realidade da sociedade contemporânea.

As universidades desde os seus primórdios tiveram um papel

fundamental para o crescimento científico e cultural dos povos, entre outros

motivos porque à semelhança dos níveis de ensino que a precede elas estão

voltadas à produção do conhecimento e ao aprendizado, aprendizado inclusive

de como produzir novos conhecimentos.

Como diz Sara Pain14:

“O processo de Aprendizagem se inscreve na dinâmica da transmissão da cultura, que constitui a definição mais ampla da palavra educação”.

Assim sendo, temos que repensar o papel da universidade para o

desenvolvimento de nosso país. Não devemos nos limitar aos campos

econômico, social, cientifico ou tecnológico. Devemos pensar em termos

culturais, entendendo a cultura como a totalidade do nosso modo de vida e do

desenvolvimento humano.

Cultura que parte de nossas raízes, mitos e crenças, passa pelas

nossas instituições, pelo nosso cotidiano e também pelo nosso mundo

imaginário. A universidade é com certeza um rico espaço de convivência de

pessoas e idéias onde as divergências devem ser utilizadas para o

enriquecimento de todos que buscam em suas experiências promover de forma

solidária a interculturalidade, opondo-se à ignorância e a rudeza (eis a grande

questão da alteridade).

14 Psicopedagoga, doutora em Filosofia e Psicologia, Argentina, radicada na França, é, aos 61 anos, uma das maiores autoridades mundiais em sua área.

34 A missão mais fascinante da cultura é acrescentar humanidade a

vida das pessoas. Desde o inicio da história da humanidade, a Arte sempre

esteve presente em praticamente todas as formações culturais. O homem que

desenhou um bisão numa caverna pré-histórica, teve que aprender, de algum

modo, seu ofício e, da mesma maneira, ensinou para alguém o que aprendeu.

Este mesmo homem observou sistematicamente o ambiente,

desenvolvendo os primórdios da ciência e, através de suas habilidades

artísticas, deixou registros que até hoje são importantes fontes para o

conhecimento do nosso passado.

Durante o renascimento, Artista e Cientista, comumente, eram a

mesma pessoa. Veja o exemplo de Leonardo Da Vinci. Com o desenvolvimento

do paradigma newtoniano-cartesiano houve um grande impacto na Física, na

Biologia, na Medicina, na Psicologia, na Economia, na Filosofia e na Política,

ocorrendo uma extrema fragmentação do conhecimento.

Essa idéia de Ciência como disciplina autônoma, distinta da arte, é

produto recente da cultura ocidental. Nas antigas sociedades tradicionais não

havia essa distinção: a Arte integrava a vida dos grupos humanos, impregnada

nos ritos, cerimônias e objetos de uso cotidiano; a Ciência era exercida por

curandeiros, sacerdotes, fazendo parte de um modo místico de compreensão

da realidade.

A modernidade separou essas idéias. Nos séculos que se

sucederam ao renascimento, Arte e Ciência foram consideradas cada vez mais

como áreas de conhecimento totalmente diferentes, gerando uma concepção

35 errônea, de que a Ciência seria produto do pensamento racional e a Arte,

apenas sensibilidade.

Na verdade nunca foi possível existir ciência sem imaginação, nem

arte sem conhecimento. O dinamismo do homem que aprende a realidade de

forma poética e a do homem que a pensa cientificamente são vias peculiares e

irredutíveis de acesso ao conhecimento. Há uma tendência cada vez mais

acentuada nas investigações contemporâneas no sentido de dimensionar a

complementaridade entre Arte e Ciência, precisando a distinção entre elas e,

ao mesmo tempo, integrando-as numa nova compreensão do ser humano.

Para finalizar uma questão atual. Hoje falamos muito em

globalização. Para nós, a única globalização aceitável é a multicultural. Não

podemos aceitar uma globalização alienante, onde prevaleça o pensamento

único.

O multiculturalismo significa que cada cultura é valiosa à sua

maneira. Isso não significa que as democracias possam aceitar em seu seio,

em nome da identidade cultural, todos os aspectos diversos de cada cultura. As

democracias não podem assumir aspectos culturais que agridam o ser humano

(retirada do clitóris, queima de viúvas etc). O importante é manter o pluralismo

e a diversidade da cultura mundial, tendo como objetivo aquilo que Charles

Chaplin já nos colocou há muito tempo: para sermos cidadãos do mundo.

36 CAPÍTULO III

O PAPEL DO PROFESSOR E A UNIVERSIDADE EM

RELAÇÃO AO MEIO AMBIENTE

Os problemas ambientais e as alternativas de solução devem ser

vistos como algo complexo, uma vez que a atividade humana é complexa e o

próprio homem é um ser complexo. A universidade, em geral, tem se

preocupado em gerar tecnologia e conhecimento, sem um questionamento ou

uma consciência do impacto que eles geram nas organizações, nos sistemas

produtivos, e, conseqüentemente, na sociedade.

A estrutura das universidades não é adequada ou favorável do ponto

de vista ambiental. Em qualquer estrutura, o princípio de união deve ser

perseguido. Nesse sentido, sugeriu-se uma reflexão crítica sobre o sistema

burocrático e cartesiano de funcionamento das universidades.

A fragmentação do saber é refletida na estrutura organizacional,

departamentalizada segundo as áreas de conhecimento, dificultando uma

prática interdisciplinar ou transdisciplinar. Uma organização por projeto,

permitindo maior mobilidade do corpo docente e unindo forças em torno de

determinada problemática ou objetivo foi abordada como sendo recomendável.

A institucionalização do ensino, pesquisa e extensão como atividades

distintas deve ser revista em busca de uma maior indissociabilidade entre elas,

37 da mesma forma que deve existir maior aproximação entre teoria e prática,

entre o novo e o tradicional.

A política ambiental tem de ser integradora e, para tanto, o modelo

de gestão tem de ser flexível, adequando-se às mudanças que ocorrem ao

longo do tempo, com processo decisório ágil e disposição para administrar

conflitos, pois o conhecimento se produz na tensão, no conflito.

A universidade deve buscar meios para implementar a cooperação e

a intensa troca de informações, visando produzir conhecimento e consolidando

os diversos campos do saber, proporcionando o aprendizado pleno, através da

multiplicidade de idéias.

A sustentabilidade, num campus universitário, pode ser entendida

como a manutenção, conservação e gerência do capital natural e humano e de

todos os recursos que impliquem na melhoria da qualidade de vida, em suas

múltiplas dimensões: social, econômica e ecológica. A provisão de recursos

financeiros e materiais também deve ser considerada, para que se possa

empreender ações necessárias a uma gestão ambiental efetiva.

Como desafio do presente milênio, a busca de um comportamento

ambiental como um imperativo para a sustentabilidade da vida e a eliminação

da fome e da miserabilidade humana. A emergência do conceito de

complexidade e sua relação com a construção de utopias e diferentes lógicas

de sobrevivência e a identificação de um período de mudanças de paradigmas

na organização e na produção de conhecimento.

A necessidade da busca de valores universais, fundantes de uma

nova ordem mundial, de uma ética maior: o respeito, a solidariedade e a

38 cooperação com o outro, as grandes e necessárias transformações estruturais

em termos de política mundial e o potencial da Ciência e Tecnologia nessas

mudanças estão presentes na universidade.

Há uma necessidade crescente de articulação entre ensino, pesquisa

e extensão, considerando que o tema “meio ambiente” é extremamente

favorecedor dessa integração, como também de promover processos coletivos,

por meio de metodologias participativas, na construção de propostas

inovadoras e de estimular processos que tenham como fundamento a

interdisciplinaridade, como um conceito dialético, que busque a superação das

disciplinas, sem negá-las.

A educação ambiental deixou de ser um conteúdo opcional no

currículo das escolas, para se tornar uma matéria obrigatória também nas

Universidades. Conscientizar os futuros cidadãos pode lhes garantir um mundo

com melhor qualidade de vida e até mesmo reverter alguns processos de

destruição do planeta. Um dos principais parceiros nesta empreitada tem sido a

iniciativa privada. Atualmente, já é comum ver empresas de porte nacional

destinando verbas anuais para programas ambientais em parceria com as

escolas.

A crescente preocupação com o meio ambiente e a busca por um

conceito melhor junto a sociedade, tem induzido essas empresas a uma maior

aproximação com a população. As escolas e universidades são caminho

bastante propício para estes fins.

A educação ambiental no Brasil ainda não tem uma política pública

definida. A maioria das instituições de ensino, incluindo as privadas, apenas se

39 limita a repetir conceitos que reafirma valores de uma sociedade conservadora

e voltada para o consumo.

Para o biólogo e professor da Universidade Federal do Rio de

Janeiro (UFRJ) Carlos Frederico Loureiro15, as universidades brasileiras estão

distantes da comunidade. Segundo ele, ainda hoje o mundo acadêmico

desconhece os paradigmas ambientais, e os discursos dentro das instituições

têm um conteúdo preservacionista.

O agravante, de acordo com Loureiro (2001), é que a universidade,

responsável pela formação dos professores do ensino infantil, fundamental e

médio, propõe uma grade curricular, na qual, as disciplinas são tratadas de

forma estanque. "Isso dificulta a abordagem interdisciplinar, imprescindível a

esses profissionais", explica Loureiro, que também é doutor em Serviço Social

e pesquisador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas

(IBASE).

Loureiro (2001) ressalta que ao longo da existência da Associação

Nacional de Pós-Graduação em Educação (ANPED), criada há cerca de vinte

anos, pouco se discutiu uma política ambiental ampla voltada para a educação.

"Cabe ao Ministério da Educação e Cultura (MEC), propor uma política que, sobretudo, fomente a pesquisa, o ensino e a extensão dentro da universidade, capaz de formar profissionais com visão crítica dos problemas ambientais e com consciência de cidadania", afirma Loureiro.

15 4ª Conferência Latino-americana sobre o Meio Ambiente. 15 a 18 de Outubro. Belo Horizonte – MG. www.ecolatina.com.br. Acesso em 19/03/2005.

40 Philippe Pomier Layrargues16, lembra que os princípios da educação

ambiental propõem três ordens de mudança: valores, atitudes e

comportamento. Para ele, a educação, inclusive a ambiental, pode ser

transformadora ou apenas trabalhar para a manutenção do status quo.

"A degradação ambiental é mais grave nas periferias das grandes cidades e em regiões muito pobres do meio rural. Daí a necessidade de uma leitura mais crítica dessa sociedade, que produz desigualdade, o que faz as questões ideológicas permearem a lógica educativa", admite.

Os impactos ambientais, segundo Layrargues (2001), podem ser

minimizados a partir da mudança do conceito de desenvolvimento sustentável,

que possa de fato propor a redução do consumo. Daí a dificuldade da parceria

de governos e empresários na adoção de programas efetivos de educação

ambiental. Nos Estados Unidos, por exemplo, 99% de tudo que é retirado da

natureza é transformado em resíduo e apenas 1% do total dessas riquezas

chegam aos consumidores na forma de mercadorias.

"Hoje, a parceria com os empresários se limita a programas de ecoeficiência para a redução do desperdício. Isso é compreensível se pensarmos no objetivo final dos empresários, que é de vender cada vez mais e para um maior número de pessoas", explica Layrargues.

Philippe Pomier Layrargues, afirma que educadores e pesquisadores

brasileiros precisam refletir sobre o papel desempenhado pela Educação

Ambiental. Se a educação tradicional é um aparelho ideológico que pode tanto

16 Professor do curso de Pedagogia da Universidade do Grande Rio (Unigranrio) in. www.ecolatina.com.br. Acesso em 19/03/2005.

41 trabalhar no sentido da transformação como da conservação das forças

sociais, isso pode ocorrer também com a educação ambiental.

"É importante algumas indagações. Quais são por exemplo, as correntes pedagógicas que orientam a prática dessa modalidade educativa? A quem interessa ter pessoas "educadas para o meio ambiente?", sugere. Para ele, é necessário buscar elementos na sociologia da educação e os indicadores que permitam avaliar se a Educação Ambiental hoje praticada e refletida no Brasil representa um projeto de transformação social, ou de conservação do status quo”.

Cabe destacar que não tem sido os inúmeros desastres ecológicos,

ou o surgimento de grupos ambientalistas radicais que tem despertado a

sociedade para a preservação do meio ambiente. Ele se torna importante, na

medida em que vá se degradando, ficando escasso e pelo tanto convertendo-

se num bem econômico.

É exatamente isto que gera a oportunidade de novas atividades no

meio rural, que visam reduzir as externalidades negativas geradas pelo

processo produtivo de alta intensidade no uso de recursos naturais. Estas

atividades estão ligadas basicamente à produção "biológico-artesanal" de

alguns produtos, o turismo ecológico e rural, as "chácaras" de recreio e lazer

de fim de semana (segundas residências), e uma novíssima atividade: o

"preservador meio ambiental", pago para não produzir e sim para manter

intacta a paisagem.

Ele deixa de produzir, não por que tenha-se convertido à nova

religião ambientalista, e sim por que não tem condições de competir, mesmo

utilizando as técnicas que agridem o meio ambiente, com as novas técnicas de

bio-engenharia utilizadas pelas grandes empresas agroalimentarias, que além

42 de não poluentes, reduzem o custo à níveis jamais vistos desde a "revolução

verde".

As novas tecnologias que são introduzidas no processo produtivo, e

o desaparecimento dos mercados nacionais gerado pela

globalização/regionalização, permitem concluir que essas novas tecnologias ao

contrario de suas predecessoras, ajudarão a preservar o meio ambiente. A

preservação ambiental é dada pela redução dos deslocamentos para o local de

trabalho, o que permite diminuir a poluição ambiental gerada pelos automóveis;

a produção de alimentos e matérias primas a partir da engenharia genética, o

que tornará obsoleto o uso do solo com fins produtivos, diminuindo a erosão e

outros problemas ambientais gerados pela produção predatória; e a própria

produção industrial a medida que se automatiza deverá reduzir a emissão de

poluentes.

Em síntese, à medida que o dinamismo da atividade econômica se

desloca da industria para o setor financeiro, de informação e de comunicações

a tendência é de uma utilização mais racional dos recursos meio ambientais.

43 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através de um trabalho reflexivo, procuramos repensar, analisar e

estudar mais o tema o papel do professor e a universidade em relação ao meio

ambiente, natureza e educação ambiental e percebemos que o mesmo está

ligado diretamente à cidadania. O que nos levou a este estudo foi que a

convivência com o meio que nos abriga e nos envolve é requisito vital, faz parte

do esforço de sobrevivência de cada um de nós e é inerente à vida de todos os

seres vivos, de seu habitat e da nossa condição planetária.

Entre o conhecimento e o comportamento harmônico com a

natureza, existe uma grande distância que precisa ser compreendida,

empregando-se os meios apropriados para que propiciem as mudanças

almejadas. É vital levar a todos com os quais convivemos o saber-instrumental

necessário para a construção da cidadania.

Comunidades biológicas que levaram milhões de anos para se

desenvolverem vêm sendo destruídas e isto se deve ao uso crescente dos

recursos naturais por uma população humana em expansão.

Mais do que nunca, justifica-se a necessidade de se buscar a

conservação e a preservação da biodiversidade sendo significativa a proteção

de áreas que venham a abranger os diversos tipos de ecossistemas além do

uso racional ecológico da fauna e flora. O grande desafio é o de se construir

uma sociedade sustentável, o que exige a aquisição de conhecimentos,

habilidades e mudança de valores.

44 A Educação Ambiental surge como um processo educativo, de

formação da cidadania ecológica, com princípios que rompem frontalmente

com a idéia de que as causas dos impactos ambientais residem apenas, entre

outros fatores, na explosão demográfica, na agricultura intensiva e na

crescente urbanização e industrialização. É prioritária uma mudança de

postura, de hábitos e de costumes. É preciso conservar e preservar, mas,

principalmente, educar.

A degradação do meio ambiente e a utilização irracional e de forma

predatória dos recursos naturais tem sido a grande preocupação de toda a

humanidade.

Concluindo podemos dizer que de uns tempos para cá, verificamos

que temas ligados ao meio ambiente invadiram as universidades e institutos de

pesquisas e passaram a receber a atenção de pesquisadores das mais

diversas áreas da ciência. Um dos indicadores disso é o número de cursos de

graduação ligados ao meio ambiente, que passou de 33, em 2000, para 176,

em 2004, segundo dados do Ministério da Educação (MEC).

45 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARANHA. Maria Lucia de Arruda. História da Educação. São Paulo: Moderna, 2003. ALTHUSSER, Louis. Aparelhos ideológicos de estado. Rio de Janeiro : Graal, 1992. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O Que é Educação. 33 ed. – São Paulo: Brasiliense, 1995. (Coleção Primeiros Passos: 203). BRANDÃO, Helena H. Nagamine. Introdução à análise do discurso. Campinas : Editora da UNICAMP, 1995. CHAUI, Marilena. O que é ideologia. 39.ed São Paulo : Brasiliense, 1995.(Coleção primeiros passos). COSTA. José Carlos. (org.) Pesquisa Participante. São Paulo: Brasiliense, 1982. FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 1979. FOUCAMBERT, Jean. A leitura em questão. Porto Alegre : Artes Médicas, 1994. GILES, Thomas Ranson. História da Educação. São Paulo: EPU, 1987.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da educação. São Paulo : Cortez, 1994. ORLANDI, Eni P. A linguagem e seu funcionamento. São Paulo : Pontes, 1987. SOARES, Magda. Linguagem e escola: uma perspectiva social. 17ª ed. São Paulo: Ática, 2000. www.ecolatina.com.br

46 CONVITES