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Abril, 2017 O PAPEL DE UMA DELEGAÇÃO NO CONTRIBUTO DO SERVIÇO PÚBLICO TELEVISIVO EM PORTUGAL: O CASO DA RTP COIMBRA Daniela Filipa Ferreira Santos Relatório de Estágio de Mestrado em Ciências da Comunicação: Estudo dos Media e Jornalismo

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Abril, 2017

O PAPEL DE UMA DELEGAÇÃO NO CONTRIBUTO DO

SERVIÇO PÚBLICO TELEVISIVO EM PORTUGAL: O CASO DA RTP COIMBRA

Daniela Filipa Ferreira Santos

Relatório de Estágio de Mestrado em Ciências da Comunicação:

Estudo dos Media e Jornalismo

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Relatório de Estágio apresentado para cumprimento dos requisitos necessários

à obtenção do grau de Mestre em Ciências da Comunicação - vertente Estudo

dos Media e Jornalismo, realizado sob a orientação científica de Paulo Nuno

Vicente, professor auxiliar do Departamento de Ciências da Comunicação da

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

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“A formação total de um jornalista está sempre incompleta se se restringir à

formação académica. Mesmo que esta inclua uma alargada componente prática,

há muita coisa prática que só se aprende com a experiência em contextos

profissionais – e em contacto direto, ativo, quotidiano, com outros profissionais”.

Joaquim Fidalgo

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A todos os que me deram força.

Aos meus pais. Todos os dias.

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RESUMO

ABSTRACT

O PAPEL DE UMA DELEGAÇÃO NO CONTRIBUTO DO SERVIÇO

PÚBLICO TELEVISIVO EM PORTUGAL: O CASO DA RTP COIMBRA

[DANIELA FILIPA FERREIRA SANTOS]

Este relatório pretende refletir sobre a importância da Delegação da Rádio e

Televisão de Portugal situada em Coimbra para o contributo no Serviço Público

Televisivo em Portugal. Para tal, serão analisadas as rotinas de produção da

delegação e a importância e especificidade que os conteúdos informativos

produzidos por estes profissionais têm no panorama televisivo do canal público.

A edificação deste relatório surge após a realização de um estágio nas instalações

da delegação da Rádio e Televisão de Portugal de Coimbra durante três meses.

A aprendizagem permitiu conhecer como são produzidos conteúdos noticiosos

através da necessária relação estabelecida entre uma delegação e outros

Centros de Produção, nomeadamente o de Lisboa e Porto, bem como

compreender os obstáculos e desafios quotidianos de uma instituição com estas

caraterísticas, agregadora de dois meios: a televisão e a rádio.

Com o objeto de definir a importância da produção de conteúdos informativos

da delegação, o estudo empírico do relatório procedeu à análise dos conteúdos

produzidos durante a terceira semana de cada mês do estágio, relativamente ao

tipo de conteúdos, às categorias temáticas onde se inserem, ao destaque que

possuem nos alinhamentos dos noticiários do canal público - considerando a

RTP1, RTP2 e RTP3-, à origem e à forma.

PALAVRAS-CHAVE: Televisão, Serviço Público, Conteúdos Informativos, RTP

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This report intends to address the significance of the Delegation of Radio and

Television of Portugal, located in Coimbra, and its contribution to the Television

Public Service. In order to address this issues, it will be analyzed the production

routines of the delegation, and the importance and specificity that the

informative content produced by these professionals have in the television

panorama of the public channel.

The construction of this report emerges after the realization of a three-month

internship in the Delegation of Radio and Television of Portugal facilities.

The apprenticeship allowed to understand how is news content produced,

through the necessary relationship established between a delegation and other

Production Centers, specifically Lisbon and Porto, as well to recognize the

difficulties and challenges faced by an institution with these physiognomies,

aggregator of two resources: television and radio.

In order to define the importance of the delegation production of informative

contents, the empirical study of this report analyzed the contents produced

during the third week of each month of the internship, in relation to the content

type, thematic categories in which they are inserted, the highlight they have in

the alignments of the public channel news - considering RTP1, RTP2 and RTP3 –

and to the origin and form.

KEYWORDS: Television, Public Service, Informative Content, RTP

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO………………………………………………………………………………………………………...…….1

CAPÍTULO I: RTP-O O ÓRGÃO DE COMUNICAÇÃO DE

ACOLHIMENTO…..……………………………………………………………………………………….……………….4

1.1Breve História da Rádio e Televisão em Portugal………………………………………………………5

1.1.2 O Nascimento da EN e televisão pública em Portugal…………………………………………..5

1.1.3 Pós-25 de Abril de 1974: as mudanças na EN e na RTP…………………………………………7

1.1.4 Década de 90: O aparecimento das televisões privadas em Portugal……………………8

CAPÍTULO II: O SERVIÇO PÚBLICO

..................................... …………………………………………………………………………..……10

2.1 Serviço Público - Da origem do conceito à realidade Portuguesa………………….…..……11

2.2 O Serviço Público de televisão em Portugal: Legislação, Missão e Desafios....………..15

Capítulo III: A TELEVISÃO…………………………………………………………………………………………….21

3.1 O poder da televisão………………………….…………………………………………………………………..22

3.2A imagem aliada ao som………………………………………………………………………....................25

3.3O poder da televisão na construção da realidade social……………….…………….…………..26

CAPÍTULO IV: O ESTÁGIO NA EMPRESA DE ACOLHIMENTO……………………………………...28

4.1O Estágio na Delegação da RTP Coimbra………………………………………………………………...29

4.2. O quotidiano na delegação da RTP Coimbra: tarefas desempenhadas…………………..32

CAPÍTULO V: A DELEGAÇÃO DA RTP EM COIMBRA……………………………………………………..35

5.1 A delegação da RTP em coimbra: nascimento e evolução……………………………………….36

5.2 A Convergência da Rádio e Televisão: práticas e implicações de redações

Integradas……………………………………………………………………………………………………………………37

5.3 O Papel da Delegação Coimbra no Serviço Público de Televisão e a Relação com os

centros de Produção em Lisboa e Porto……………………………………………………………….………41

4.3 Obstáculos e desafios do serviço público na informação televisiva – o caso da RTP

Coimbra………………………………………………………………………………………………………….……………43

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CAPÍTULO VI: METODOLOGIA APLICADA……………………………………………………………………48

6.1 Estratégia Metodológica……………………………………………………………..……………………….49

6.2 Procedimentos………………………………………………………………………………..…………………..49

6.3 Algumas Considerações sobre o Estudo Empírico………………………………..……………….50

6.4 Recolha e Tratamento de dados empíricos………………………..…………………………………51

CAPÍTULO VII: DISCUSSÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS………….………………………………...59

7.1 Discussão e Análise dos resultados obtidos em Estudo Empírico….……….……………..60

CONCLUSÃO…………………………………………………….……………………………………………………….81

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………….………………………………………………….………...….83

ANEXO(S)……………….………………………………………………………………………………….………….....87

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LISTA DE ABREVIATURAS

RTP – Rádio e Televisão de Portugal

SPT – Serviço Público de Televisão

SIC – Sociedade Independente de Comunicação

TVI – Televisão Independente

EM – Emissora Nacional

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INTRODUÇÃO

No momento em que tanto se discute a legitimidade do serviço público

um pouco por toda a Europa e também em Portugal, torna-se imperativo dar a

conhecer o papel e contributo da estação pública na construção da cidadania,

para uma espírito mais informado e mais atento, capaz de responder aos

desafios quotidianos de uma forma mais informada e ponderada.

A Rádio e Televisão de Portugal (RTP) chega, além da casa de todos os

portugueses, também a diversas partes do mundo, estabelecendo o contato

através dos seus canais de rádio e televisão com vários portugueses e

comunidades que residem fora de Portugal. A rádio pública chega primeiro a

Portugal, com a criação da Emissora Nacional, nos anos 30. Só mais tarde, nos

anos 50, viria a aparecer a RTP – designada inicialmente Radiotelevisão

Portuguesa –, em 1955. Contudo, só aproximadamente dois anos mais tarde

ocorreria a primeira emissão oficial de televisão regular.

Com a discussão envolta da necessidade da existência ou não de um

serviço público de rádio e televisão, defendida por uns pela programação

diferenciada que oferece (ou deveria oferecer), num mercado composto

também por operadores privados, e por outros criticado pelo mimetismo que

representa face à programação dos operadores comerciais, importa conhecer o

trabalho da estação pública produzido de dia para dia, para honrar o Contrato

de Concessão acordado.

Com esse objetivo, tornava-se essencial para um estudante de jornalismo

aprender e compreender, no seio prático da profissão jornalística, como são as

rotinas de produção e o processo de construção de conteúdos informativos no

serviço público, dada a sua importância no mercado português.

A Delegação da Rádio e Televisão de Portugal em Coimbra foi o local

escolhido para esta experiência em contexto prático e profissional da profissão,

uma vez que oferecia condições de aprendizagem em dois meios distintos.

Embora o relatório desenvolva e se debruce mais acerca da televisão pública e

da sua essência no mercado audiovisual português, considerando este meio para

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efeitos de estudo empírico, o estágio permitiu a produção de conteúdos para

rádio e televisão, bem como o contato com as rotinas de produção específicas

de cada um.

O primeiro capítulo (RTP: O órgão de Comunicação de acolhimento), o

segundo capítulo (Serviço Público) e o terceiro capítulo (A televisão)

representam espaços de enquadramento ao tema, de conteúdo mais genérico e

teórico. O quarto capítulo (O estágio na empresa de acolhimento) e quinto

capítulo (a delegação da RTP coimbra) respeitam ao processo de estágio em si e

das suas implicações, mas também às ilações retiradas após esse período, acerca

das funções de uma delegação da RTP no panorama geral do serviço público, das

relações que estabelece para a concretização dos conteúdos informativos, da

realidade que enfrenta de redações integradas e os desafios que enfrenta no

quotidiano.

Os dois capítulos finais, sexto (metodologia aplicada) e sétimo capítulo

(discussão e análise de resultados) respeitam ao estudo empírico realizado

referente aos conteúdos informativos pela delegação da RTP Coimbra durante a

terceira semana de cada mês do período de estágio – setembro, outubro,

novembro e dezembro de 2016.

Com a finalização do relatório presente, o objeto é adquirir a perceção

que a delegação em causa tem no serviço público televisivo português e perceber

se, depois dos centros de produção de Lisboa e Porto, a delegação do país da

Rádio e Televisão de Portugal, é a instituição que maior destaque confere na

produção de conteúdos informativos.

No contexto dessa produção, solicita-se compreender com o estudo

empírico o número de conteúdos informativos produzidos e a sua tipologia, a

forma e categoria temática correspondente, o seu poder nos alinhamentos dos

telejornais da estação pública, a origem dos conteúdos e a forma que lhes foi

conferida aquando a sua produção.

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Trata-se de um produto resultado de uma aprendizagem inserida naquilo

que deverá ser o futuro de um estudante desta área – a integração numa redação

e nas rotinas do mundo jornalístico.

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CAPÍTULO I

RTP: O ÓRGÃO DE COMUNICAÇÃO DE ACOLHIMENTO

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1.1 Breve História da Rádio e Televisão em Portugal

1.1.2 O Nascimento da EN e televisão pública em Portugal

A Rádio Pública portuguesa nasceu a 1 de agosto de 1935 como Emissora

Nacional de Radiodifusão (EN), coincidindo com a afirmação do Estado Novo.

Sendo este o veículo mais antigo, a EN teve como primeiro diretor Henrique

Galvão e, “numa primeira fase as pessoas reuniam-se em locais públicos e

espaços comerciais para ouvirem as emissões de rádio, já que os recetores

tinham um preço elevado”. A generalização de aparelhos radiofónicos nas casas

portuguesas surgiu com a venda pela EN de rádios de baixo custo1. Começava

assim a profissionalização da rádio em Portugal, com a oferta de uma

programação assente na música erudita e na emissão falada2. No ano seguinte,

em 1936, a EN iniciava a gravação de emissões.

Em setembro de 1940, é publicada a primeira Lei Orgânica da Emissora

Nacional, com objetivo de organização dos seis serviços e a execução do Plano

de Radiodifusão Nacional, prevendo a criação também de emissores regionais na

cidade do Porto, Coimbra e Faro.3 É depois, fundada a União Europeia de

Radiodifusão (UER) e, em 1955, a Emissora Nacional inicia as emissões, mas desta

vez em frequência Modelada (FM).

A televisão surge como uma conquista “maravilhosa” e, ainda que atrasada pela

II Guerra Mundial, explode como o novo “mass media” após o conflito.

1 Informações em Ensina RTP. Disponível em http://ensina.rtp.pt/artigo/emissora-nacional/

2Arquivo RTP. Disponível em http://media.rtp.pt/80anosradio/historia/criacao-da-emissora-nacional/

33Arquivo RTP. Disponível em http://media.rtp.pt/80anosradio/historia/criacao-da-emissora-nacional/

TP. Disponível em http://ensina.rtp.pt/artigo/emissora-nacional/

3Arquivo RTP. Disponível em http://media.rtp.pt/80anosradio/historia/criacao-da-emissora-nacional/

33Arquivo RTP. Disponível em http://media.rtp.pt/80anosradio/historia/criacao-da-emissora-nacional/

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A Televisão chega a Portugal - ainda que mais tarde que a maioria dos

países - por entusiasmo do último chefe da censura, Marcello Caetano, e cedo se

tornou um meio de comunicação popular entre as pessoas. “A RTP foi

inicialmente uma entidade mista, pública e privada”, o que justificava “a sua

relação umbilical com o poder político (..) de dependência e propaganda” mas

também a existência de publicidade comercial e uma programação orientada

para o que alguns intelectuais chamam “o maior denominador comum” (Cintra

Torres: 2011:47).

Enquanto Marcello Caetano se revela entusiasta com a “caixinha

mágica”, António Oliveira Salazar não lhe via as potencialidades associadas e, por

isso, assumia uma posição receosa: “O governo espera que os dirigentes do novo

serviço público saibam fazer desse instrumento um meio de elevação moral e

cultural do povo português (Teves, 1998:31).

Em Portugal, só em 1946, um engenheiro da Emissora Nacional, Francisco

Bordalo Machado, apresentou um trabalho intitulado “Televisão – O Estado

Atual, Possibilidades de Instalação em Portugal”, um acontecimento

fundamental para instalação de televisão em Portugal. Posteriormente, “um

grupo de Estudos e Ensaios da Emissora Nacional iniciou trabalhos, em 1953,

para instalar uma rede distribuidora de sinal de TV”.4

Depois da Comissão de Televisão entregar um relatório sobre o estudo

para instalação dos serviços nacionais de televisão, o Governo elaborou, a 9 de

setembro, o Decreto-lei nº40 341 que “promovia a constituição de uma

sociedade anónima, de responsabilidade limitada, para prestação de um serviço

público de televisão”.5

4RTP. 50 anos de História. Disponível em

https://museu.rtp.pt/livro/50Anos/Livro/DecadaDe50/TVEMPORTUGALOEstudoEALegislacao/Pag7/defa

ult.htm

5RTP. 50 anos de História. Disponível em

https://museu.rtp.pt/livro/50Anos/Livro/DecadaDe50/TVEMPORTUGALOEstudoEALegislacao/Pag7/defa

ult.htm

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Em 1955, a 15 de dezembro, nasceu a RTP (Radiotelevisão Portuguesa)

mas a primeira emissão oficial de televisão regular chegaria apenas a 7 de março

de 1957.

Durante esse período, em 1956, a RTP fazia as suas primeiras emissões

experimentais na Feira Popular e, a 4 de setembro, chegou a fazer uma “pré-

inauguração” com o intuito de familiarizar o público lisboeta com as

particularidades e potencialidades da “caixinha mágica” que viria a mudar o

mundo. Na década de 60, alargar-se-ia as emissões ao resto de Portugal e a

criação do segundo canal da televisão pública chegaria em 1968. Salazar acabou

por “ser liquidado e Marcello Caetano continuou a sua política de controlo do

Serviço Público de televisão até ao 25 de Abril de 1974, sempre em nome do

interesse nacional” (Cádima apud Carneiro, 2006: 22).

Quanto à Emissora Nacional de Radiodifusão, são inaugurados dois

primeiros emissores FM em Lisboa e na Lousã em 1956. “Assim cresce a EN nos

anos 50, sempre com a divulgação do ideário do Estado como motor: apetrecha-

se tecnicamente, inaugura novas instalações, expande a rede de emissores

nacionais, transmite dois programas nacionais e aumenta as emissões para fora

da metrópole”. (Santos, 2013:66).

1.1.3 Pós-25 de Abril de 1974: as mudanças na EN e na RTP

A revolução dos cravos teve como instrumento fundamental a rádio, que

fez com que a canção “Grândola, Vila Morena”, de José Afonso e “E depois do

Adeus”, de Paulo Carvalho servissem de “código”6 ao plano organizado pelo

Movimento das Forças Armadas.

Chegava assim o fim da censura e um novo cenário político para o país. A

televisão passa a designar-se Radiotelevisão Portuguesa, EP7, foi nacionalizada e

6 Rádio TSF. Informação disponível em http://www.tsf.pt/vida/interior/radio-foi-factor-fundamental-

para-o-exito-do-25-de-abril-frisa-otelo-2301645.html

7 Com a Lei nº 21/92 de 14 de agosto 1992 a televisão torna-se uma sociedade anónima apenas de

capitais públicos, a Radiotelevisão Portuguesa, S.A –)

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tornada empresa pública, a 25 de Abril de 1975. Apesar do argumento cair por

terra mais tarde, mantinha-se “a justificação tecnológica para a continuação do

monopólio na RTP” do Estado, por “limites nos espetro das ondas hertzianas”

(Cordeiro, 2006: 22).

Em 1976, a Emissora Nacional altera a sua designação para Radiodifusão

Portuguesa (RDP) e é criada a Antena 2, “cuja programação é baseada na música

erudita e programas culturais”8, tal como hoje. Com a revisão do regulamento

das Radiocomunicações, em 1959, desenrolou-se a manifestação de rádios

livres/piratas pela Europa (em Portugal, legalizadas apenas em 1988).

Década de 90: O aparecimento das televisões privadas em Portugal

Entre as décadas de 50 a 70, a televisão de serviço público dominava e

com grande êxito pela Europa. Porém, nos anos 70 e 80, “perante um público

que queria mais imagens na proporção do crescimento do parque televisivo e a

reticência da televisão pública em se abrir e renovar” (Wolton, 1994:27) o

sentimento pelo desejo do “fruto proibido” crescia: a televisão privada. Com

uma televisão pública que se confundia com a televisão política, servindo de

instrumento ao poder político, e que não servia às mentalidades do público, a

televisão privada começava a impor-se por quase todo o lado, sendo a França,

em 1984, o primeiro país a criar um canal privado9 (Wolton, 1994:29,30,31).

Em Portugal, a chegada operadores privados de televisão revelou-se bem

mais tardia. A Constituição Portuguesa de 1976 proibia ainda a existência de

canais privados de televisão, assunto referenciado no artigo 38º, alínea 6: “A

televisão não pode ser objeto de propriedade privada10”.

8Perfil da Antena 2. Disponível em http://www.rtp.pt/antena2/geral/perfil-de-canal-antena-2_3142#

9 O primeiro canal público foi criado em França em 1984, com a designação de Canal Plus.

10 Constituição da República Portuguesa, aprovada em 2 de Abril de 1976. Disponível em

https://www.parlamento.pt/parlamento/documents/crp1976.pdf

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Em 1986, com entrada de Portugal na Comunidade Económica

Europeia11, com o fenómeno das televisões piratas e a internacionalização do

espaço televisivo - 10 de Junho de 1992 marcou ao início das emissões regulares

da RTP internacional, com o intuito de levar a estação pública aos portugueses

residentes pelo mundo – propiciou-se a discussão para a abertura aos

operadores privados.

Só em 1990 foi aprovada, em Diário da República, a Lei da Televisão, que

definia a possibilidade de exercício da atividade televisiva por operadores

públicos e privados (artigo 3º)12, com condição de licença, a conferir por

concurso público (alínea 3 do mesmo artigo). Assim, só a 6 de outubro de 1992

aparece o primeiro operador privado de televisão, a SIC (Sociedade

Independente de Comunicação), e seguidamente a TVI (Televisão

Independente), uma televisão de influência cristã, a 20 de Fevereiro de 1993.

A televisão de serviço público teria agora, a partir dos anos 90, de se

defrontar com a concorrência, contando já o espetro televisivo com dois canais

públicos (RTP1 e RTP2) e dois canais privados (SIC e TVI). Em 1995, a SIC

“conseguia não só suplantar as audiências da Radiotelevisão Portuguesa, como

apresentar um relatório de contas com resultados positivos (Lopes, 2000: 2). No

panorama Audiovisual Português, a RTP era a estação que mais dificuldades

atravessava e não conseguia responder ao que prometera: “um serviço público

de qualidade, com uma programação dirigida a todos os portugueses,

respeitador da identidade cultural do país e independente das forças de

financiamento que, em Portugal, se repartem pelas verbas do Estado e pela

publicidade” (ibidem).

Para Adriano Duarte Rodrigues (1999:113) a televisão tornara-se “para

uns num fator de maior independência em relação ao poder político e para

outros uma nova dependência, desta feita em relação ao mercado. A RTP não

conseguia apresentar resultados financeiros desde 1991 e estava em falência

técnica desde 1995 (Lopes, 2000:2), uma situação que pedia uma urgente

solução e exigiu, em tempos futuros, uma profunda reestruturação.

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CAPÍTULO II

O SERVIÇO PÚBLICO

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2.1 Serviço Público - Da origem do conceito à realidade Portuguesa

Para compreender o conceito de Serviço Público, torna-se indispensável

uma breve explanação do nascimento da televisão, não só nos Estados Unidos

mas também na espetro Europeu. Em 1928, os Estados Unidos e a França fazem

progressos técnicos na bem-sucedida descoberta “técnica da transmissão de

imagens animadas e sonorizadas, através de ondas hertzianas”, pelo britânico

John Logie Baird, mas insuficiente pois “comportava apenas dezasseis linhas”

(RUIVO, 2013:4).

As emissões experimentais de televisão haviam começado na Grã-

Bretanha via BBC, a 30 de Setembro de 1929, com meia hora por dia de emissão,

cinco dias por semana. Os programas “chegavam a diversos pontos do país e

quando Baird pensava que não existiam mais de 50 aparelhos recetores de TV

em Inglaterra, a Estação Regional de Londres deu novo alento aos serviços

experimentais graças à transmissão simultânea de imagem e som”. 13

A primeira emissão oficial da televisão foi em França, em 1935. Dois anos

depois, “difundia um programa regularmente, a partir de um emissor instalado

na Torre Eiffel” e foi “daí que parte para Susse Downs, a considerada primeira

transmissão internacional com considerada alta definição e também o primeiro

programa de uma televisão estrangeira vista na Grã-Bretanha”14. Segundo a

mesma página dedicada aos 50 anos de história da RTP15, a data oficial da

1313RTP: 50 anos de história:1957-2007. Disponível em

https://museu.rtp.pt/livro/50Anos/Livro/DecadaDe50/TELEVISAOUmaHistoriaComMuitosProtagonistas/

Pag8/default.htm

14RTP: 50 anos de história:1957-2007. Disponível em

https://museu.rtp.pt/livro/50Anos/Livro/DecadaDe50/TELEVISAOUmaHistoriaComMuitosProtagonistas/

Pag8/default.htm

15RTP: 50 anos de história:1957-2007. Disponível em

https://museu.rtp.pt/livro/50Anos/Livro/DecadaDe50/TELEVISAOUmaHistoriaComMuitosProtagonistas/

Pag7/default.htm

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televisão na Grã-Bretanha ergue-se a 2 de novembro de 1936, considerado o

primeiro serviço regular de programação de TV em todo mundo, em espaço

hertziano.

Assim, em Fevereiro de 1937, o Television Advisory Committe escolhia o

sistema eletrónico EMI para sistema oficial do serviço público de televisão deste

país e, pouco tempo depois, esse serviço foi testado frente a milhares de

londrinos na Coroação do rei Jorge VI.

Anteriormente, nos Estados Unidos, “a RCA promovia as primeiras

sessões públicas de projeção de televisão sobre grande ecrã com o intuito de

conquista de um lugar privilegiado na venda de televisores”. Em 1931, a NBC

instalou um emissor no edifício mais alto do mundo (à época) – o Empire State

Building, em Nova Iorque. Em menos de uma década, a televisão torna-se assim

num meio de comunicação de massas.

Porém foram adotados dois modelos institucionais diferentes para o

funcionamento deste meio. Nos Estados Unidos o modelo televisivo adotado

entregou a atividade do meio à iniciativa privada, cabendo ao Estado a

fiscalização. A escolha deve-se ao receio que o poder do Estado na televisão

resultasse “na intromissão das liberdades estabelecidas, pois entendia que

qualquer ação do Estado na produção de conteúdos informativos ou outros

originaria tomadas de posição e até propaganda” (Cintra Torres, 2011:13].

Contudo, o modelo seguido pela Europa, inclusive em Portugal, foi

distinto. O modelo adotado definiu que a televisão permanecia como

“monopólio dos Estado”, com a justificação da escassez no espectro

radioelétrico” (Cintra Torres, 2011:13)”. Todavia, o motivo era outro: a televisão

era “um poderoso instrumento de orientação política, social e cultural” do qual

o Estado não queria abdicar. (ibidem)

O conceito de Serviço Público conhece os seus primeiros passos em França, onde

primeiro se teorizou e desenvolveu nos finais do séc. XIX. Contudo, segundo

Chevallier (apud Santos 2013: 3) esse progresso só foi praticável por dois tipos

de mudanças ocorridas: o surgimento de um novo posicionamento do Estado e

uma procura de solidificação do direito público. Recorrendo novamente a Sílvio

Santos (2013:4) no seu livro “Os Media de Serviço Público”, é percetível que as

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conjunturas que se reuniam “no seguimento da Revolução Industrial e da

Revolução Francesa” e da perceção “de que o movimento do liberalismo

económico não podia satisfazer todas as necessidades do povo”, propiciavam o

reforço do papel Estatal, “com uma ação mais interventiva, nomeadamente em

serviços que garantissem a coesão social” (Santos 2013:4). Ou seja, “o conceito

de SP foi tomando forma ligado à noção de coletivo, no seio da doutrina

francesa”, sendo Leon Duguit o principal teorizador da Escola de Bordéus ou

Escola de Serviço Público (Santos, 2013:13).

Em 1922, no Reino Unido, o conceito de Serviço Público aglomera mais

evoluções, com a criação da BCC16, a primeira emissora pública de rádio e

televisão do Reino Unido, sendo a única fornecedora de informação de rádio e

televisão durante alguns anos. É ainda, nos dias de hoje, uma referência nacional

e internacional no mundo em conteúdos informativos. Segundo Carneiro (2006:

10) é à BBC “que se deve o modelo de SP Europeu, baseado nos princípios

informar, educar e divertir.”

Contudo, a nível nacional, quando falamos em serviço público,

associamos o conceito instantaneamente à RTP.

Em Portugal, as experiências para a rádio começaram nos anos 20 e em 1935

nasceu a Emissora Nacional de Radiodifusão, atual Antena 117.

Contudo, a criação da Emissora Nacional coincidiu com a afirmação do

Estado Novo e, por isso, os conteúdos, a programação e a sua estrutura de

funcionamento, foram sendo definidos pelo Estado Novo.

O caminho para que se conseguisse “uma televisão para todos os

portugueses” começou na mais tarde, na década de 50, quando já se contavam

poucos países europeus sem emissões regulares de TV18. Foi nesta década que,

16BBC significa British Broadcasting Corportation (Corporação Britânica de Radiodifusão) e foi a primeira

emissora pública de rádio e televisão do Reino Unido.

17Emissora Nacional de Radiodifusão. Disponível em http://ensina.rtp.pt/artigo/a-historia-da-radio/

18RTP: 50 anos de história:1957-2007. Disponível em

https://museu.rtp.pt/livro/50Anos/Livro/DecadaDe50/TVEMPORTUGALOEstudoEALegislacao/default.ht

m

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14

quem ainda não tinha televisão, pensava urgentemente em tê-la, mesmo nos

países em que a IIº Guerra Mundial havia deixado marcas profundas. A

Radiotelevisão Portuguesa (designação da televisão da estação pública até 2004)

nasceu então, por iniciativa do Governo, a 15 de dezembro de 1955, com

escritura no gabinete da direção da Emissora Nacional de Radiodifusão,

estabelecida com sede em Lisboa. Contudo, arrancou com as emissões

oficialmente em 1957.

Marcello Caetano defendia a urgência para que a televisão se tornasse

uma realidade para o país, também pelo avanço “inerente à sociedade de

consumo”, mas fundamentalmente pela pressa “em se dispor de um meio de

comunicação que iria tornar tudo diferente e servir os desígnios do Poder.19

Assinava-se então o primeiro Contrato de Concessão de Serviço Público

de Televisão a 16 de janeiro de 1956, subscrito pelo Presidente da administração

da RTP à data, Camilo de Mendonça, e por Marcello Caetano, Ministro da

Presidência e Ministro das Comunicações Interino.20

O movimento de democratização em Portugal, a 25 de Abril de 1974,

significou o fim da censura e o início da liberdade de expressão, com mudanças

na estação pública tanto de rádio como de televisão. Uma das grandes mudanças

foi, segundo Manuela Carneiro (2006:22) “a criação de legislação para a

independência da atividade com a Lei da Imprensa de 1975, a Constituição de

1976 e o Estatuto dos Jornalistas em 1979”. Com a revolução, o Monopólio do

Estado continuava a justificar-se pelas “alegadas” limitações tecnológicas” do

espetro das ondas hertzianas, utilizadas para a transmissão do sinal radiofónico

e televisivo. (Ibidem). Contudo, a desregulamentação do setor viria a alterar o

panorama televisivo no mercado português e abrir portas a canais privados nos

19RTP: 50 anos de história:1957-2007. Disponível em

https://museu.rtp.pt/livro/50Anos/Livro/DecadaDe50/TVEMPORTUGALOEstudoEALegislacao/default.ht

m

20Informação disponível em https://arquivos.rtp.pt/conteudos/assinatura-do-contrato-de-concessao-de-

servico-publico/

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15

anos 90: a SIC, primeiro operador privado de televisão (6 Outubro de 1992) e

depois a TVI (20 Fevereiro de 1993).

Para Tadayoni, Henten e Skouby (apud Fidalgo, 2003: 2) “o SPT, nos seus

primórdios, acabou por desempenhar um papel importante no contexto de

afirmação dos Estados-Nação, (…) favorecendo a identidade nacional”. Esse SP

primordial tinha como “principais objetivos a proteção dos interesses

estratégicos do Governo e da nação e pela promoção do desenvolvimento

industrial e económico dos novos sistemas de comunicação (McQuail apud

Jakubowicz, 2011:3), numa altura em que a “ideologia do serviço público

consistia em fazer programas educativos e populares (Wolton, 1994:25).

2.2 O Serviço Público de televisão em Portugal: Legislação, Missão e Desafios

O serviço público é, como referido no ponto anterior, regulado com legislação

própria. Na Constituição Portuguesa, está presente no Artigo 38º21 - Liberdade

de imprensa e os Meios de Comunicação Social -, na alínea 5, o seguinte: “O

Estado assegura a existência e o funcionamento de um serviço público de rádio e

televisão”. Para além da alínea 5, pode ler-se no Contrato de Concessão em vigor

estabelecido entre as duas partes – o Estado Português e a Rádio e Televisão de

Portugal, S.A. - o seguinte:

“É imperativo do Estado assegurar a existência e o funcionamento de um

serviço público de rádio e televisão (…) Tanto a estrutura como o

funcionamento da concessionária do serviço público de rádio e televisão devem

garantir a sua independência do governo, a Administração e os demais poderes

públicos (…)

21Constituição da República Portuguesa, VII Revisão Constitucional Disponível para consulta em

http://www.parlamento.pt/Legislacao/Documents/constpt2005.pdf

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16

É portanto, preponderante um afastamento necessário às estruturas e

grupos políticos, com a intenção de manter o Serviço Público de Televisão

independente dos interesses subjacentes a esse mundo. Apresentada a

legislação que o sustenta, importa agora debater a Legitimidade do Serviço

Público televisivo em Portugal.

Tanto se discute hoje, por toda a Europa, Portugal incluído, a necessidade

ou não da existência de serviço público. O debate eclodiu mesmo em Portugal

com a polémica na “sequência das intenções manifestadas pelo Governo

PSD/CDS-PP, saído das eleições legislativas de 17 de março de 2002, de alterar o

quadro até então de funcionamento da televisão, seja com uma profunda

reestruturação da RTP, seja com a própria redefinição do modelo global de

prestação de um Serviço Público de Televisão do nosso país (Fidalgo, 2003:7).

Porque deve, então, de ser assegurada a sobrevivência destas

organizações de serviço público? Numa altura em que a legitimidade do serviço

público de televisão é tão discutida e se há ou não espaço no mercado para este

tipo de serviço, no futuro, nesta nova era do audiovisual, há acérrimos autores

que defendem a televisão enquanto serviço público.

Jakubowicz (2011:10) refere que a ambição pelo lucro e sobrevivência

dos operadores comerciais favorece a prestação cada vez mais diminuída de

conteúdos verdadeiramente de serviço público, ao retirar significativamente da

emissão conteúdos de qualidade em detrimento de audiências. Surge então um

novo espaço para os canais públicos voltarem a informação televisiva para

acontecimentos de “interesse público”, em quese exige do destinatário um

esforço intelectual para compreender aquilo que se passa” sendo que, nestes

casos, “a contextualização se revela fulcral” (Lopes, 1999: 93,94).

A contextialização dos factos é essencial para uma informação de

qualidade pois, para Patrick Charaudeau, uma informação contextualizada é uma

mensagem que agrega explicações adicionais e por isso o telespectador tende a

tomá-la como mais credível (apud Lopes, 1999:190-194). Charaudeau defende

que o “fazer saber” deve sempre acompanhar-se do “fazer crer”, que pode

assumir modalidades como “problematizar causas e consequências

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17

possibilitando ao telespetador a liberdade para formular os respectivos juízos de

valor, elucidar significados latentes (…) e avaliar o que aconteceu/acontecera,

reforçando aí o lado subjectivo daquilo que é proferido (Charaudeau apud Lopes,

1999:90-94).

A contextualização agregada à informação que a televisão disponibiliza é

fundamental no sucesso da formação da opinião pública em conteúdos

relevantes, de interesse público.

Para Eduardo Cintra Torres, a fragmentação de audiências resultante “da

explosão de canais e explosão de plataformas” e consequente “individualização

de indivíduos” conduziu a que a “TV fornecesse conteúdos mais diversificados”

e levou a programadores a criar para minoria, na contingência de já não poderem

contar com maioria” (Cintra Torres, 2011:30).

A fragmentação de audiências surge como a disponibilização de

conteúdos não lineares acedíveis “Anytime, Anyway, Anyplace”. Um dos serviços

favoráveis a essa dispersão do público foi a Pay TV22. A penetração deste serviço

em Portugal tem revelado uma tendência crescente de ano para ano, como

demonstra a Figura 1.

22Expressão inglesa para Televisão Paga ou televisão por assinatura em que o consumidor paga por um

número de canais de televisão que não estão disponíveis em canal aberto.

FIGURA 1

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18

Com essa fragmentação de audiências e com a ausência de conteúdos de

verdadeiro serviço público nos operadores comerciais, o serviço público de

televisão, neste caso a RTP, tem ainda um papel mais preponderante e

determinante no que respeita a uma programação de relevância,

qualitativamente exigente.

É urgente, como refere Jean-Jacques Jespers (apud Brandão, 2010:16)

“uma informação diversificada enuma estação de serviço público, estando em

causa decisões que comprometem a vida das pessoas, independentemente do

interesse que cada cidadão lhe dedique, o seu tratamento noticioso não deve ser

comprometido. Estamos a falar de interesse público e não de informação

produto escolhida e divulgada em função do seu valor de mercado”.

Ao longo dos seus 60 anos de história, a RTP, como refere no seu site

oficial, tem vindo a construir um trajeto, “procurando informar e documentar,

educar e entreter, sempre na consciência da grande responsabilidade que nos

cabe, enquanto prestadores dum serviço público sério e credível”23. Mas como

se constrói essa credibilidade?

Estabelecido no contrato de concessão do serviço público de rádio e

televisão pode ler-se na cláusula nº 4,no ponto 2, que a concessionária (a RTP),

assegura o seguinte:

“Uma programação variada, contrastada e abrangente, que corresponda às

necessidades e interesses dos diferentes públicos”;

“Uma programação de referência, qualitativamente exigente e que procure a

valorização cultural e educacional dos cidadãos”;

“Uma programação globalmente diferenciadora face à oferta do mercado

audiovisual português”

23Informações recolhidas no Arquivo RTP. Disponível em

http://rtp.pt/arquivo/index.php?tm=31&headline=14&visual=5 [consultado a 28 fevereiro 2017]

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Para além dos pontos enumerados, a concessionária deve caminhar no

sentido da valorização da criatividade, da língua e da promoção do país no

estrangeiro, mas também de uma informação precisa, independente e

contextualizada que permita o contraditório e distintos pareceres, num cenário

de aposta tecnológica e acessível em diversas plataformas e contextos24. Para

tal, a RTP deve atender a princípios, por missão de serviço público, “da

universalidade e da coesão social, da diversificação, da qualidade, da

diferenciação e da indivisibilidade da programação, do pluralismo e do rigor, da

isenção e da independência da informação, bem como do princípio da inovação”.

É neste último princípio – o da inovação - que o serviço público televisivo

pode caminhar quando se depara e compete no panorama da fragmentação de

audiências. Com o fim da maioria de audiências, que se assumia há algumas

décadas como uma “ferramenta de unificação” que operava como “principal

fonte de informação e de formação de gostos e escolhas”, a televisão pública e

os seus “conteúdos têm de se renovar para servir novos públicos,

nomeadamente minorias exigentes (Cintra Torres, 2011:29,30).

Apesar de estabelecido no contrato de concessão do serviço público de

televisão (pode ler-se acima) que o Serviço Público televisivo deve “dotar-se de

uma programação globalmente diferenciadora face à oferta do mercado

audiovisual português, não faltam críticas a uma “tendência global generalizada

no sentido da uniformização e do mimetismo concorrencial”, tendência em que

as televisões públicas entraram na mesma onda” (Fidalgo, 2003:4). Falta à

Televisão Pública uma oferta diferente dos operadores privados, SIC e TVI, para

que a minorias se possam sentir-se representadas.

A par da crise que atravessou e da reestruturação que a estação pública

de televisão ainda está a sofrer, Rui Cádima (2011:3) afirma que a RTP conseguiu

24No ponto nº2, respeitante aos Princípios, Finalidades e Obrigações (Parte 2) da concessionária, estão

descritos os deveres da RTP para a defesa do serviço público. Online.

http://media.rtp.pt/institucional/wp-content/uploads/sites/31/2015/07/contratoConcessao2015.pdf

[consultado a 25 fevereiro 2017]

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criar “consenso na sociedade portuguesa a dois níveis, no que respeita aos

“portugueses não têm dúvidas” da necessidade de um serviço público de

televisão mas que, como foi dito, não corresponde ao contratualizado no

contrato de concessão respeitante à diferenciação concorrencial. Para o autor,

os portugueses “concordam genericamente também que o principal canal de

televisão do Estado Português - a RTP1, não faz mais que mimar a oferta dos

operadores comerciais” (Ibidem). E esse paradoxo entre a comprovada

necessidade de existência e o mimetismo aos operadores privados deve,

segundo o autor, levar à reflexão e ao debate público (Cintra Torres, 2011:12).

Eduardo Cintra Torres (2011:12) questiona o perigo “para um país cuja

TV generalista quase desapareça, e com ela a função de “cimento social” ligando

os cidadãos de uma comunidade nacional”, mas também se “será razoável que

os cidadãos continuem a suportar com os seus impostos um sistema de serviço

público de televisão que ora fornece programas que não são considerados

consensualmente de “serviço público”, ora são vistos por pequenas minorias”.

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Capítulo III

A televisão

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22

3.1 O poder da televisão Dominique Wolton (1997:103) no seu livro Pensar a Comunicação

defendia, à data, a televisão como “um dos principais elos sociais da sociedade

individual de massas (…) é a única atividade partilhadapor todas as classes sociais

e por todos os grupos etários”.

Porém, a televisão como a conhecíamos compete, atualmente, com o

surgimento de novos modelos de comunicacionais. Um relatório filandês,

intitulado “Highlighting Media & Journalism Futures 2030”25, antecipa algumas

transformações futuras : “The production and consumption of media contents is

personalized, and mass media as it was used to be known has ceased to

exist.”(Taylor, Heinonen,, Ruotsalainen , & P, 2015:38). Traduzindo, o relatório

filandês considera que “ a produção e o consumo de conteúdos dos media são

personalizados e os meios de comunicação de massa, tal como eram conhecidos,

deixaram de existir”.

A emergência é por conteúdos personalizados e individualizados, numa

informação exequível através de tecnologias móveis, como resultado de

integração de todas as plataformas, inclusive a Televisão.

Na era da “Internet of things” (Internet das Coisas), a tendência é para

que os cidadãos descartem, progressivamente, a televisão enquanto “mass

media” para se informarem e sintonizarem em conteúdos importantes para cada

cidadão.

“One-person media outlets are emerging, large media companies TV

stations disrupted. With the Internet of things, chips and sensors will make each

individual journalists. People seek information from the collective intelligence

portals and Social media outlets, rather than newspapers or TV news

channels.”(Taylor, Heinonen,, Ruotsalainen , & P, 2015:17). Traduzindo, os

autores defendem que “os media individualizados estão a emergir e as estações

de televisão de grandes empresas de media a ser interrompidas. A Internet das

25 Filand Futures Research Centre. Authors: Amos Taylor, Sirkka Heinonen, Juho Ruotsalainenand Marjukka Parkkinen. Disponível em http://www.utu.fi/fi/yksikot/ffrc/julkaisut/e-tutu/Documents/FFRC_eBook_3-2015.pdf [consultado a 10 de março de 2017]

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Coisas, os Chips e os sensores farão de cada um, um jornalista individual. As

pessoas procuram informação nos portais de inteligência coletiva e nos meios

sociais, em vez de jornais ou canais de notícias de televisão”.

E essa procura pela informação na televisão sofre um declínio visivel já

nos dias de hoje. Contrariando o que Wolton Dominique(1997:103) anunciava, a

televisão não é mais partilhada por todos os grupos etários.

Numa conferência26, Jon Steinberg, presidente do BuzzFeed, anunciava

que o “espetador de televisão tem agora, em média, entre os 40 e muitos e os

50 anos. Quando avaliamos certas notícias por cabo, a média é ainda mais alta.

Então, existem duas hipóteses: Ou aos 47 anos de idade todos começam a ver

televisão. Improvável. Ou já não existem novos assinantes de jornais a nascer. E

não há novos telespetadores a nascer. Acho que esta é a escolha mais provável

(“The average television viewer right now, for right now, for network television,

late 40s, early 50s. When you look at certain cable news networks it goes even

higher. So you have one of two possibilities: Either at 47 years old, everybody

starts watching television. Unlikely. Or there's no new newspaper subscribers

being born, for print. And there's no new television viewers being born. I think

that's probably the likely choice).

Num artigo de Andrew Beaujon para o Poynter em 201327, refere-se que

o centro de pesquisa PEW has consistently found that the audience for news on

TV and print has aged, and a recent report claimed that "by 2015, almost half of

all television viewing will be done by folks over the age of 50…”. Traduzindo, o

Centro de Pesquisa PEW “tem sistematicamente descoberto que o público para

as notícias de televisão e jornais envelheceu e um relatório recente afirmou que

26 Disponível emhttps://www.youtube.com/watch?v=r4Py9-hMDNY&feature=youtu.be&t=19m7s

[consultado a 10 março 2017]

27Disponível em http://www.poynter.org/2013/no-new-tv-viewers-or-newspaper-subscribers-are-being-

born-buzzfeed-president-says/224269/ [consultado a 10 março de 2017]

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“até 2015, quase metade de toda a televisão será feita por pessoas com mais de

50 anos”.

As conclusões da audiência de televisão entre os perfis mais jovens e mais

velhos são completamente distintas. A televisão continuará no futuro, a ser

associada a uma audiência mais envelhecida, consequência da deslocação da

audiência mais jovem para conteúdos disponibilizados na internet.

Para refletirmos no caso português, podemos consultar um estudo

esmiuçado online pelo Jornal Público28, intitulado “As novas dinâmicas do

consumo audiovisual em Portugal”. Executado no final de 2015 pela

Universidade Católica e pela empresa de análise de mercado GfK, o estudo

concluiu que 99% dos inquiritos numa amostra de 1018 pessoas, admitem ver

televisão pelo menos uma vez por semana. Apesar do estudo não indicar o

tempo dispendido dos inquiridos em cada media, “a resistência da televisão é

explicada pelo fosso digital que deixa algumas gerações fora da internet e pela

grande presença da TV nos hábitos dos consumidores de todas as idades, mesmo

entre aqueles que mais acedem a conteúdos online.” Apesar da audiência mais

jovem em portugal ainda ver televisão, o estudo revela que “a televisão seria um

hábito dificil de abandonar para a maioria das pessoas, com excepção da faixa

etária entre os 15 e os 34 anos, que já está mais apegada à internet.”

Assim, a realidade portuguesa permite concluir que a televisão ainda tem

um papel central no dia-a-dia dos portugueses apesar do crescente cenário

digital. Contudo, os telespectadores mais jovens admitem conseguir abandonar

o hábito de ver televisão sem grande problema comparativamente aos mais

velhos, que, devido ao seu desligamento do cenário digital, consagram a

audiência da televisão explicando a resistência ainda deste meio nos lares dos

portugueses.Por este prisma, a tendência é que, no futuro, a televisão veja o seu

papel reduzido para dar lugar a conteúdos acedidos noutros ecrãs pelas gerações

28Jornal Público. A televisão continua a ser central nos hábitos dos portugueses. Artigo disponível em

https://www.publico.pt/2016/05/15/sociedade/noticia/a-televisao-continua-a-ser-central-nos-habitos-

dos-portugueses-1731956 [consultado a 10 de março de 2017]

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25

agora jovens e pelos que venham a nascer, já familiarizados com a realidade

digital.

Mas, ainda que numa tendência descendente no que respeita ao seu

papel na sociedade, a televisão permite “ver de longe” e trazer ao público

acontecimentos que, com a ausência deste meio não chegariam ao

conhecimento do público. Como não seriam do conhecimento público, para esse

público, eles não teriam acontecido. É com base nesta ideia que Giovanni Sartori

(2000: 81) no livro “Homo Videns: televisão e pós-pensamento” defende que as

“chacinas atrozes no passado, em Madagáscar, no Uganda e na Nigéria”,

acontecimentos que, “nunca niguém viu (na televisão)” acabam por “não existir

para a maioria”.

Sendo assim, o poder da televisão é ainda descomunal - apesar de

decrescente - em informar o telespetador, esteja ele em qualquer lugar ou

qualquer distância. É, antes de mais, pelo poder que detém na construção da

realidade social que as suas potencialidades devem ser repensadas e usadas com

fidelidade à realidade que representa.

3.2 A imagem aliada ao som

Quando John Logie Baird desvendou a técnica de transmissão de imagens

animadas e sonorizadas e, em 1930, começou a ser enviado som e imagem em

conjunto, estabeleceria a força extraordinária que este media viria a conseguir

em relação a todos os outros. A televisão consagra aptidão no que respeita à

relação de complementaridade entre a imagem e o som e é por esse motivo que

“as palavras devem, então, servir de suporte a essa imagem, dar apoio,

complementá-la” (Paternostro, 1999: 12).

Segundo Jean-Jacques Jespers (1998:88), a memória humana é mais

eficaz se o objeto for mostrado e simultaneamente nomeado, enquanto que uma

mensagem visual diferente da mensagem auditiva provoca uma memorização

deturpada.

Paternostro defende que “a televisão surge com uma arma poderosa e

infalível: a informação visual, a imagem em movimento.” (Ibidem 199: 13).

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Para Wolton Dominique, no livro “Elogio do Grande Público” (1994:71) a

imagem é o fundamento do êxito da televisão”, depois do som representar o

êxito da rádio.

Neste meio, a imagem é um poderoso instrumento se comparado com o

som em que para o “telespetador as coisas representadas em imagens contam e

pesam mais do que as coisas ditas com palavras”(Sartori, 2000:22). Neste

sentido, a imagem constrói a história e a voz falante deve ser construída envolta

nas imagens disponíveis, sendo a primeira prevalece sobre o falar, que comenta

a imagem.

Para Robert Hackett (apud Brandão 2010: 17) a televisão surge como “o

meio de informação mais credível do público e o telejornal como uma forma

particularmente potente de realismo” que, para Nuno Goulart Brandão

(2010:17) se deve “ao poder de combinação da narrativa com o nível visual do

seu discurso”.

A imagem traz consigo o mistério da receção pela sua polissemia “com

todas as discrepâncias possíveis entre a significação intencional do autor e a

perceção e a interpretação do espetador, ao mesmo tempo idênticas e

diferentes de espetador para espetador” (Wolton, 1994:72). A ambiguidade da

imagem, o êxito da televisão, pode potenciar um choque entre a significação

intencional da imagem e o quadro de perceção em que a mesma se insere de

espetador para espetador.

A televisão pode ser responsabilizada pelo reforço de determinada

perceção do mundo consoante o que divulga e, por esse mesmo motivo, deve

ter uma atenção extraordinária na transmissão dos conteúdos que promove.

3.3 O poder da televisão na construção da realidade social

Com o mundo fugaz das tecnologias e a Era da Informação, a

compreensão da informação televisiva disponibilizada ao telespectador na

programação informativa é essencial para a formação cívica e política dos

cidadãos. Contudo, essa compreensão informativa – e não apenas a ilusão do

saber - exige mais tempo. Esse tempo favorável à assimilação dos conteúdos é

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27

muitas das vezes descartado devido ao que Nuno Goulart Brandão designa de

“velocidade audiovisual”, o que conduz à “formatação da mentalidade pública”

em vez da racionalidade ponderada dos acontecimentos (Brandão, 2010: 27/28).

Os conteúdos dos media e, em específico, os conteúdos informativos

influenciam a opinião pública e geram conhecimento, tendo um papel

determinante na construção da realidade social. É por essa razão que os

conteúdos não podem ser vistos apenas como produto, nem o telespetador

como audiência. A televisão surge como uma “fonte de socialização através da

interpretação que faz da realidade (Ferrés apud Brandão 2010:31).

Ao assumir esse papel de mediador na realidade social, é necessário que

a televisão seja dotada de conteúdos com significação e sentido para a vida de

quem interage com esta, para que o conteúdo contribua para uma

“responsabilidade educativa, virada para o conhecimento e para a cidadania.”

(Brandão, 2010:31).

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IV. O Estágio na empresa

de Acolhimento

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4.1 O Estágio na Delegação da RTP Coimbra

O Centro Regional de Coimbra é um dos treze Centros Regionais da Rádio

e Televisão em Portugal (RTP) dispersos pelo país, que tem a sua sede em Lisboa.

O estágio teve início no dia 19 de setembro e término no dia 14 de Dezembro,

contado para efeitos de obtenção do grau de mestre em Ciências da

Comunicação – vertente Estudo dos Media e Jornalismo pela Universidade Nova

de Lisboa.

A referida delegação não presta cobertura informativa apenas a região

de Coimbra, mas a uma extensa área de Intervenção, seguidamente enumerada:

Leiria; Batalha; Ourém; Marinha Grande; Pombal; Alvaiázere; Figueiró dos

Vinhos; Soure; Ansião; Figueira da Foz; Águeda; Albergaria-a-Velha; Anadia;

Arganil; Aveiro; Cantanhede; Castanheira de Pera; Coimbra; Condeixa-a-Nova;

Góis; Ílhavo; Lousã; Mealhada; Mira; Miranda do Corvo; Montemor-o-Velho;

Mortágua; Oliveira do Bairro; Oliveira do Hospital; Pampilhosa da Serra;

Pedrogão Grande; Penacova; Penela; Santa Comba Dão; Tábua; Tondela; Vagos;

Vila Nova de Poiares. A delegação de Coimbra é atualmente coordenada por

Pedro Ribeiro, também jornalista da Antena 1. No momento em que o relatório

é produzido, trabalham na delegação de Coimbra, integrados na redação de

televisão, os jornalistas Carolina Ferreira, Paula Costa, Paulo Rolão e Álvaro

Coimbra e três repórteres de imagem: Cláudio Calhau, Pedro Teodoro e Paulo

Oliveira. Para além da televisão, este espaço integra também as valências de

jornalismo radiofónico (Antena1), onde trabalham os jornalistas Horácio

Antunes, Joaquim Reis e Pedro Ribeiro.

A Delegação de Coimbra relevou-se um primeiro contacto fundamental

com o significado de fazer jornalismo, ainda para mais em contexto de serviço

público.

O primeiro dia foi ocupado a conhecer os espaços de trabalho de que o

centro da RTP em Coimbra dispunha: as duas redações – onde os jornalistas de

rádio, televisão e repórteres de imagem se encontram mesclados -, dois estúdios

de rádio e as respetivas salas de controlo, três ilhas de montagem de peças

televisivas, uma régie e uma sala para realização de duplex - para uma eventual

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comunicação bidirecional com os estúdios de televisão da RTP em Lisboa ou no

Porto. Para além de jornalistas, na delegação de Coimbra trabalham técnicos de

informáticas, pessoal dos serviços de secretariado e administração, assistentes

de produção e realização, seguranças e trabalhadores que asseguram a

manutenção e limpeza das instalações. A empresa dispõe de viaturas

devidamente identificadas para assegurar o cumprimento dos serviços e das

saídas necessárias para a concretização de peças.

Logo no segundo dia de aprendizagem, a primeira saída para um serviço

– um evento solidário de magia que tinha como palco o Centro Hospital

Universitário de Coimbra – revelou-se um primeiro teste: o jornalista Paulo Rolão

depositara a sua confiança no estagiário para realização de algumas entrevistas,

que viriam a ser aproveitadas para a peça final. Chegada a redação, o jornalista

acompanhou o estagiário à ilha de montagem e cedeu todas as correções sobre

o trabalho que havia sido feito. Depois do regresso, seguia-se sempre o mesmo

processo: a elaboração de um texto escrito com base nas informações recolhidas

em campo e que dava voz às imagens, seleção de imagens/sons e gravação dos

Offs. As correções eram feitas peça a peça, saída a saída, o que permitiu melhoria

das aptidões do estagiário dia-a-dia no processo jornalístico.

Ao longo deste processo de aprendizagem, conheci a denominada

“pressão do tempo”, muito instaurada nas atuais redações. A falta de tempo

para concretizar uma peça e enviar o produto finalizado era frequentemente

evidente, com “timings” impostos e apressados. Apesar disso, a perícia dos

jornalistas profissionais, com experiência longa em redações, fazia-se notar

comparativamente ao tempo que um estagiário despendia na construção de um

texto para acompanhar as imagens, na escolha de “vivos” até à peça final

(processo moroso comparativamente à rapidez dos profissionais que,

frequentemente, ainda nem chegados à redação, têm já uma ideia da peça final).

Para além das saídas, havia uma aprendizagem em estúdio, referente aos

noticiários radiofónicos: com o auxílio do coordenador de estágio, Pedro Ribeiro,

o estagiário selecionava, de forma autónoma, sete notícias da Agência Lusa que

integrariam o noticiário. Desta feita, era testado o critério de relevância do que

deveria ser noticiado. Neste processo, aprende-se a corrigir erros cometidos na

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produção de conteúdos para este media – siglas pouco claras, distinção entre o

lançamento e notícia em si, a não utilização de valores numéricos no mesmo

parágrafo, entre outros. A Rádio dispensa textos complexos, mas torna

fundamentais aspetos como a colocação de voz, a dicção e as pausas para que o

noticiário chegue de forma clara e precisa ao ouvinte. Depois do primeiro

noticiário gravado em estúdio, o coordenador aconselhou a gravação trava-

línguas e, depois desse investimento pessoal, a diferença para o segundo

noticiário foi colossal. Realmente, a experiência no jornalismo é um passo

fundamental para a qualidade.

Durante todo o processo, acompanhei vários trabalhos. Dependendo das

especificidades, algumas peças eram adaptadas para os dois meios – rádio e

televisão. Num contexto de transmedialidade, os profissionais adaptam e

produzem trabalhos para os dois meios, num contexto de profissionais

multifacetados que são capazes de produzir para dois suportes.

A Delegação de Coimbra produz trabalhos pedidos pelas suas congéneres

Lisboa e Porto mas também algumas peças por iniciativa própria, que chegam

como possíveis temas de interesse através de contato telefónico, correio

eletrónico ou assuntos publicados, muitas das vezes, nos jornais regionais.

Diariamente, a Delegação recebia dois jornais regionais – Diário das Beiras e

Diário de Coimbra –, todos os jornais generalistas nacionais – Público, Correio da

Manhã, Diário de Notícias, Jornal I, Jornal de Notícias – e dois jornais desportivos

– A Bola e o Record.

Apesar das peças dos estagiários não poderem ser emitidas, o aprendiz

não assimila as práticas jornalísticas apenas observação direta, mas no terreno

com os profissionais.

Aprende-se a fazer e, por isso, o estagiário goza de todos os processos de

aprendizagem no jornalismo (exceto a publicação do produto final). Durante o

tempo de estágio, o estagiário faz diversas pesquisas prévias para conseguir

informação prévia para as entrevistas, realiza entrevistas e auxilia na escolha dos

vivos e os planos de imagem que suportavam a peça. Ao longo do tempo, através

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de observação participante, o estagiário acompanha e vive como um jornalista,

com rotinas e desafios adjacentes ao trabalho jornalístico.

Mas o crescimento profissional não foi a única razão para validar este

estágio e o processo de aprendizagem que dele resultou. Na ordem do dia,

haviam sempre questões que era discutidas e que potenciavam o crescimento

do estagiário enquanto aprendiz da profissão e enquanto pessoa. Todas as

minhas curiosidades eram facilmente satisfeitas se dependessem da

disponibilidade dos profissionais. Esta abertura permitia eliminar os prováveis

constrangimentos entre seres humanos experienciados no jornalismo e um

estudante que está a ter o primeiro contacto com a profissão (inclusive, muitas

das vezes, os profissionais pediam uma opinião acerca do que eles próprios

produziam). Talvez porque, tal como afirmavam, o jornalismo não é um ciência

exata: há diversas formas de fazer e levar um assunto ao público.

4.2. O quotidiano na delegação da RTP Coimbra: tarefas desempenhadas

O dia-a-dia na delegação era propiciador ao desenvolvimento de

competências jornalísticas. O Estágio possibilita ao estagiário a aquisição de

competências em dois meios: a rádio e televisão. Desde a pesquisa de

informação, preparação e realização de entrevistas, escrita de peças televisivas

e radiofónicas, gravação e edição, o estágio foi valioso pelo contacto com o

jornalismo em contexto real.

Como se constrói o processo de aprendizagem numa delegação da RTP?

No caso em concreto, o estagiário acompanha constantemente as equipas ao

exterior para trabalho de campo, seja no caso da rádio ou em televisão. Em

contexto real, ao estagiário é permitido colocar todo o tipo de questões que

possam esclarecer as suas dúvidas ao contexto profissional, sejam a nível de

imagem, entrevistas, ou qualquer outra prática. Os profissionais mostraram-se,

sempre, prontamente disponíveis. Em determinadas situações, era dada a

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liberdade para o estagiário colocar perguntas ao entrevistado, sendo depois esta

entrevista aproveitada para o produto final a ser emitido. Para as saídas em

terreno, o bloco de notas era uma permanente aliado pois, segundo o jornalista

Joaquim Reis, da Antena 1, “as saídas não eram passeio” mas sim trabalho.

Todavia, antecedia a todas as saídas para o terreno uma pesquisa elaborada

sobre o assunto a ser tratado para efeitos jornalísticos. Nesse processo, a

consulta de informações era efetuada, a título de exemplo, em sites de outros

órgãos de comunicação social ou em agências noticiosas, maioritariamente -

senão todas no caso da delegação da RTP Coimbra – nacionais.

Depois de cumpridos os serviços29, era tempo de regressar à redação. Aí,

o acompanhamento dos trabalhos do estagiário – de rádio ou televisão – era

constante, sempre feito pelos jornalistas que o acompanhavam, mesmo com a

pouca disponibilidade que muitas vezes usufruíam.

No regresso à redação o processo era sempre semelhante: Escrever o

próprio texto jornalístico – independente do meio a que se destinava – e

adicionar, posteriormente, as declarações dos entrevistados. As declarações

eram, obrigatoriamente, selecionadas mediante a visualização de imagens ou

mediante a audição dos RM´s30 recolhidos.

Concluídos estes passos e supervisionados pelo jornalista que se

acompanhava em campo, seguia-se a gravação da peça. No caso da rádio, o

estagiário dirigia-se para o estúdio de forma independente para gravar a peça e,

no final, editados os RM´s de relevância a utilizar, procedia-se à montagem da

notícia na sua totalidade no Software Dalet Plus, muitas das vezes adicionando

contextualização sonora ou efeitos musicais (recolhidos online desde que

pertinente com a temática ou recolhidos em pleno ambiente exterior para

contextualizar as produções).

29 Denominação atribuída pelos profissionais de jornalista da delegação RTP Coimbra a todas as saídas

para o terreno.

30 Designação dada aos sons dos entrevistados para a rádio.

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Apesar de, no processo radiofónico, o estagiário ter maior liberdade na

criação e autonomia na rotina das práticas jornalísticas, no caso da televisão, o

processo de edição e gravação do off é sempre acompanhado pelo operador de

imagem nas ilhas de montagem. O Software utilizado para edição de peças

televisivas era o Edios7 e, depois de escrito o texto e efetuadas as devidas

correções, seguia-se a escolha dos planos que o estagiário considerava

pertinentes para pintar31 a peça, a gravação do off32 e a escolha dos vivos33 ou

parte destes que se consideraria pertinente para a peça em causa. Durante este

processo, era dados feedbacks importantes, sobre a colocação da voz, a

produção de um texto para televisão, a utilização de planos de corte, entre

outras aprendizagens.

No final do período de estágio, contabilizaram-se, produzidas pelo

estagiário, 22 peças radiofónicas, sete noticiários radiofónicos e cinco peças

televisivas finalizadas34.

31 Imagens selecionadas que iriam acompanhar o texto em determinada peça televisiva

32 Texto que iria sonorizar a peça e acompanhar as imagens escolhidas

33 Imagens dos entrevistados que testemunhavam sobre determinado assunto retratado.

34 Face a uma autonomia superior na produção radiofónica durante o período de estágio relativamente

à produção televisiva, o número de conteúdos radiofónicos produzidos é visivelmente superior. A

dependência dos operadores de imagem para edição dos conteúdos televisivos determinaram que

apenas cinco peças fossem finalizadas, ficando outras - com a saída para o terreno, os offs escritos e os

planos definidos já concretizados pelo estagiário – por finalizar.

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CAPÍTULO V

A DELEGAÇÃO DA RTP EM COIMBRA

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5.1 A delegação da RTP em coimbra: nascimento e evolução

José Manuel Portugal, em 2012, numa entrevista realizada em direto a

partir da Delegação da RTP em Coimbra para o programa “Portugal no Coração”,

em Lisboa, detalhava a validade das delegações da RTP espalhadas pelo país: “O

facto de estarmos mais próximos dos portugueses. É o grande objetivo desta

nossa distribuição geográfica dos centros da RTP por todo o país. Queremos ter

uma presença efetiva junto dos portugueses, dos seus problemas, dos seus

anseios, das suas questões, enfim: queremos ser uma televisão de proximidade

e estar a dar voz e também mostrar aquilo que vai da mais pequena aldeia até à

grande cidade”.

A Lei 58/90, de 7 de setembro, define como um dos princípios específicos

da atividade de televisão a competência de “contribuir para a informação, a

recreação e a promoção educacional do público em geral, atendendo à sua

diversidade de idades, interesses e origens” (artigo 6º). Esta premissa

fundamentada na preocupação com a pluralidade e heterogeneidade foi

assumida enquanto valor estruturante da RTP que, como constata Felisbela

Lopes (1999:136) “tentou responder a essa exigência (…), multiplicando

delegações e centros regionais por todo o território nacional”.

Depois da inauguração do Centro de Produção do Porto, em 1959, da

Madeira (1972) e dos Açores (1975), a estação pública instalou, em 1988,

diversas delegações35e centros regionais pelo país, sendo uma delas na cidade

de Coimbra. Essa decisão, a favor da distribuição estratégica do serviço público

português, pretendia alcançar uma cobertura equilibrada e, para José Manuel

35Em 1988, a RTP instalou delegações nas cidades de Vila Real, Viseu, Coimbra e Évora. Nesse mesmo ano, o equipamento da Delegação de Faro foi também renovado.

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37

Portugal36, só assim se cumpria “de facto, o serviço público dando voz a todo o

país”.

De seguida, descrever-se-á algumas das especificidades desta delegação

da Rádio e Televisão de Portugal, instalada na Rua Dr. José Alberto Reis, em

Coimbra.

5.2 A Convergência da Rádio e Televisão: práticas e implicações de redações integradas

Em contexto de redações integradas, a delegação da RTP Coimbra tem

especificidades e contextos particulares subjacentes à produção para os dois

meios – rádio e televisão.

Se recuarmos no tempo, até ao aparecimento da Televisão em Portugal,

o presidente da Rádio Clube Português, o major Jorge Botelho Moniz37,

respondia: “Acredito que o advento da TV nada prejudicará a radiodifusão

sonora. Pelo contrário, os dois serviços tenderão a complementar-se

mutuamente, mais do que a prejudicar-se entre si.”

A Administração da Rádio e Televisão de Portugal assumia assim, e em

pleno, a necessidade de mudança na cultura da empresa. Em 2003, a

aproximação entre a RTP (Radiotelevisão portuguesa) e RDP (Radiodifusão

portuguesa) “era ponto assente para o Conselho de Administração que

respondia pelas estações de rádio e televisão de serviço público”38.

36Declarações do jornalista da delegação de Coimbra e subdiretor de informação José Manuel Portugal em entrevista no programa Portugal no Coração, referentes ao papel e conteúdos produzidos pelo centro da RTP instalado na cidade de Coimbra.

37Presidente do Rádio Clubes Português e representante das estações particulares de radiodifusão na

Comissão que elaborou o relatório sobre o advento da TV. Museu RTP. Disponível em

https://museu.rtp.pt/livro/50Anos/Livro/DecadaDe50/TVEMPORTUGALOEstudoEALegislacao/Pag7/defa

ult.htm

38 50 anos história RTP. Disponível em

https://museu.rtp.pt/livro/50Anos/Livro/DecadaDe00/RadioETelevisaoDePortugal-

OCicloDasGrandesDecisoes/default.htm

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38

Assim, as entidades que antes estavam separadas e representavam

entidades jurídicas independentes foram alvo de restruturação em 2004,

fundidas numa só empresa pública, denominada Rádio e Televisão de Portugal.

Esta reestruturação visava, fundamentalmente, promover o

aproveitamento de sinergias através da “integração de todos os serviços

administrativos e de suporte, da concentração das instalações físicas das duas

empresas em Lisboa e da utilização comum de estruturas regionais e

internacionais.”39

Neste contexto de mudanças, as estruturas físicas dos centros regionais

sofreram alterações e a RTP Coimbra não foi exceção. Segundo o relatório de

contas de 2004 da RTP40, este foi o ano não só da inauguração da Nova Sede, na

Av. Marechal Gomes da Costa (31 de Março de 2004), que representou “a

primeira fase de um processo que visa concentrar num único local a globalidade

das atividades da RTP e RDP que se exercem na área de Lisboa”, mas também de

mudanças na rede das delegações regionais. Ainda no relatório de contas

designado, é descrito que “o edifício histórico da RDP sofreu uma profunda

renovação, instalando-se um estúdio de televisão completo e transferindo-se a

RTP para as novas instalações.”

Esta foi uma missão que desejava o aproveitamento das estruturas

comuns e da consequente exploração de sinergias na área técnica e produtiva. A

delegação da RTP instalada em coimbra passou assim a funcionar com as

valências de jornalismo radiofónico e televisivo.

Essa agregação na mesma casa de dois meios distintos promoveu

intermerdialidades que segundo Mendes (2011:3) deve ser tido como “as

práticas comunicacionais desenvolvidas simultaneamente em, ou para,

diferentes media, ou usando meios e dispositivos comuns a diferentes media”,

39 50 Anos História RTP. Disponível em

https://museu.rtp.pt/livro/50Anos/Livro/DecadaDe00/RadioETelevisaoDePortugal-

OCicloDasGrandesDecisoes/Pag3/default.htm

40 Relatório de Contas RTP (pág. 15) Disponível para consulta em http://media.rtp.pt/empresa/wp-

content/uploads/sites/31/2015/07/2004-relatorio-contas.pdf

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neste caso a rádio e televisão. Neste contexto, importa referir também o

conceito de transmedialidade, tendo em conta a produção de conteúdos que

ultrapassam a barreia de vários media.

Na delegação de coimbra, a par das sinergias das estruturas físicas em

que as redações de rádio e televisão estão integradas no mesmo edifício,

também as sinergias produtivas se faziam notar. Frequentemente, o

coordenador Pedro Ribeiro e os jornalistas previam as potencialidades futuras

ou não da produção de um mesmo conteúdo tanto para rádio como para

televisão. Esse era também um dos objetivos da sinergia na mesma delegação,

podendo ler-se no relatório de contas de 200441 que “os jornalistas, sempre que

se justificou, realizaram trabalho de reportagem para a RDP e RTP, em

simultâneo, cumprindo a satisfação de sinergias possibilitadas pela criação do

Centro Regional Comum”.

Vários foram os trabalhos acompanhados pelo estagiário em que o

jornalista saía em trabalho para dar cobertura a determinado acontecimento e

produzia para ambos os meios, rádio e televisão. Um exemplo prático desta

situação em que o jornalista assume um papel multitasking, aconteceu a 11

novembro. Neste dia, o jornalista Horácio Antunes foi destacado, em conjunto

com o operador de imagem Paulo Oliveira, para dar cobertura à plantação de

árvore na mata do Buçaco, protagonizada por José Cid. O jornalista Horácio

Antunes é jornalista da Antena 1, mas algumas vezes é lhe solicitado para

trabalhar em conteúdos televisivos e por isso, neste caso, produziu uma peça

para a Antena 1 e outra para a RTP sobre a plantação de uma árvore por José Cid

na mata do Buçaco.

Mas a incorporação da RDP e da RTP no mesmo edifício em Coimbra

promoveu outro tipo de sinergias, mesmo sendo os mesmos conteúdos

produzidos por um jornalista proveniente da rádio e outro pela televisão. Era

41 Relatório de Contas RTP (pág. 33) Disponível para consulta em http://media.rtp.pt/empresa/wp-

content/uploads/sites/31/2015/07/2004-relatorio-contas.pdf

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frequente política da delegação de coimbra a sinergia a nível dos veículos da

empresa, por exemplo. Em diversas situações durante o período de estágio, era

habitual o jornalista de rádio, de televisão e operador de imagem deslocarem-se

no mesmo veículo da empresa para dar cobertura a determinado

acontecimento. Se esta sinergia pode revelava diversas vantagens para a

empresa pode, porém, revelar algumas dificuldades ao entendimento entre

diferentes meios.

As práticas de produção para a rádio e televisão são distintas. Enquanto

o jornalista de rádio deve conseguir envolver o ouvinte na estória, descrevendo

tudo o que vê pela ausência da imagem e captando os sons do meio que envolve

o acontecimento para melhor descrever a estória, um direto televisivo pode

simplificar o processo através da imagem. Contudo, estas práticas jornalísticas

diferenciadas podem dificultar a recolha de informações no terreno por

profissionais de rádio e televisão que, sustentados pela política das sinergias,

precisam de espaços temporais diferenciados para a recolha de dados,

incompatibilidades que se verificavam, em muitos casos, na delegação em causa.

Esta sinergia dos equipamentos da empresa era frequente. A título de

exemplo, das 22 peças radiofónicas que segui e realizei acompanhada por um

jornalista de rádio, 16 foram produzidas também para a televisão.

O processo de sinergia de redações integradas de rádio e televisão na

delegação de Rádio e Televisão de Coimbra, situada na Rua Dr. José Alberto Reis,

fez-se acompanhar de proveitos para a empresa e para a produção multifacetada

de conteúdos mas também de alguns inconvenientes em situações específicas:

incompatibilidades horárias para os dois meios, sendo que os profissionais de

televisão usufruem de isenção de horário; a capacidade de produzir para os dois

meios de alguns jornalistas em relação a outros, o que pode trazer complicações

na coordenação da agenda e na relação profissional; a pouca disponibilidade de

cedência de conteúdos de um meio para o outro, em que um vivo televisivo

poderia ser reaproveitado, através da sua prévia conversão, para utilização de

RM radiofónico, a título de exemplo.

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5.3 O Papel da Delegação Coimbra no Serviço Público de Televisão e a Relação com os centros de Produção em Lisboa e Porto

Uma televisão de serviço público deve sustentar-se de diferentes vozes,

pensamentos, mas também de díspares fontes, temas e territórios que mediatiza

para conseguir sucesso na proximidade de públicos distintos, quer em literacia

quer em modos de vida.

No artigo 50.º42, o ponto 2 da Lei nº27/2007, de 30 de junho, define um

dos princípios do serviço público de televisão como garante da “observância dos

princípios da universalidade e da coesão social (…)”. Mas para Felisbela Lopes

(1999:87) só é possível que um telejornal de serviço público promova o

fortalecimento da coesão social se “os factos noticiados forem diversificados

quer na temática quer geograficamente”. Esta distribuição geográfica deve ser

visível e promovida na informação televisiva de serviço público, que aliás é

facilitada em Portugal pela presença das delegações de Rádio e Televisão de

Portugal em pontos estratégicos do país.

A Delegação da RTP Coimbra teve já a seu cargo a produção de

programas. Contudo, atualmente é responsável pela produção de conteúdos

informativos televisivos, para integrar posteriormente os vários noticiários da

RTP1 e RTP3 (Bom dia Portugal, Jornal da Tarde, Portugal em Direto, Telejornal

e todos do canal 3) e, esporadicamente, para os noticiários da RTP2.

A delegação tem um papel substancial na produção de informação para

a estação pública televisiva, nomeadamente no que respeita a ocorrências em

Coimbra, cidade muitas vezes escrutinada nos noticiários (depois de Lisboa e

Porto). Na apreciação de Cebrián Herreros43 (apud Lopes, 1999:74) a delegação

da RTP em Coimbra produz conteúdos de prioridade uma vez que “mais do que

42O artigo 50.º da Lei da Televisão indicado na Lei nº27/2007, de 30 de junho, manteve-se inalterado

com as alterações pela Lei n. º8/2011, de 11 de Abril e Lei n.º 40/2014, de 9 de julho

43Num livro da sua autoria dedicado à informação televisiva, Herreros afirma “que os telejornais

ganharam uma autonomia tal que podem ser considerados os eixos ao redor dos quais gira toda a

programação (apud Lopes, 1999:74)

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outro tipo de programas, a informação tem sempre o seu lugar cativo numa

estação generalista situando-se em momentos de grande audiência, onde este

tipo de conteúdos se “assume como coluna vertebral da programação

conferindo ao respetivo canal um certo prestígio.”

As televisões generalistas parecem atender aos conteúdos informativos

como prioritários. Recorrendo a um estudo realizado pela MediaMonitor, entre

1 de Janeiro e 15 de Novembro de 2015, essa situação é verificável relativamente

à tipologia de programas emitidos pela RTP1, RTP2, SIC e TVI que a informação

lidera a oferta programática destes canais. Na página online do Grupo Marktest44

(anexo 1) - onde é possível aceder a esta análise de dados – é observável que

mais de um em cada cinco minutos de emissão foi relativo a programas de

informação (21% da oferta total).

Para além de conteúdos televisivos, a delegação produz conteúdos

informativos para os noticiários da Antena 1 (noticiários de hora a hora, Portugal

em Direto), daí providenciar a convergência de redações de rádio e televisão

como referido no ponto anterior.

A ocupar o papel de delegação, este centro em Coimbra estabelece uma

relação naturalmente vincada e dependente dos centros de produção de Lisboa

e do Porto, locais onde estão instalados os estúdios televisivos para os noticiários

a partir dos quais os mesmos são emitidos. Todavia, esta relação que a delegação

da RTP Coimbra estabelece com a sede em Lisboa o centro de produção do Porto

é acompanhada de dificuldades45 – essencialmente comunicacionais, mas

também técnicas - que irão ser descritas daqui em diante.

O planeamento da delegação de coimbra com Lisboa e Porto é baseado

em reuniões maioritariamente concretizadas através de videoconferência,

habitualmente realizado uma vez por semana, às quintas-feiras. A articulação é

44 O Grupo Marktest é constituído por várias empresas especializadas na área de estudos de mercado e

processamento de informação. Disponível em http://www.marktest.com/wap/a/n/id~1fd2.aspx

[consultado a 4 de março 2017]

45As dificuldades comunicacionais e técnicas descriminadas correspondem às notadas na duração

correspondente ao estágio, durante os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro de 2016.

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feita através do coordenador da delegação de coimbra e dos coordenadores de

programas, sobretudo do Bom dia, do Jornal da Tarde, do Portugal em Direto e

do telejornal.

A articulação entre a delegação da delegação em Coimbra e os Centros

de Produção nem sempre é bem-sucedida. No que respeita à produção de

conteúdos, a dependência face aos centros de produção de Lisboa e Porto é

elevada e a maioria dos conteúdos são solicitados por estes centros. Porém,

ainda que esporadicamente, a falta de comunicação promoveu casos em que os

conteúdos solicitados por profissionais da RTP em Lisboa, não tiveram depois

lugar no alinhamento de nenhum dos blocos noticiosos.

A coordenação de programação em Lisboa, com a frequente alteração de

responsáveis, pode promover situações como esta, em que a falta de

comunicação entre coordenadores do mesmo noticiário, deixa “cair em

esquecimento” um conteúdo que havia sido solicitado e produzido

atempadamente pela delegação de coimbra. Ainda a acrescentar que esses

conteúdos, quando emitidos, não identificavam, esporadicamente, os autores

(não destacando que o trabalho pertencia aos profissionais da delegação em

causa) ou não atribuíam oráculos aos vivos.

4.2 Obstáculos e desafios do serviço público na informação televisiva – o caso da RTP Coimbra

Apesar de edificar a principal Delegação da Rádio e Televisão de Portugal

a nível nacional - a maior em termos dimensionais e pelo número de profissionais

que emprega – e da relevância que detém no processo noticioso imediatamente

após os Centros de Produção de Lisboa e do Porto, pode afirmar-se que existem

especificidades de um jornalismo de proximidade, nomeadamente na gestão da

proximidade dos jornalistas com as próprias fontes. Esta particularidade reflete-

se, para Carlos Cipriano46num verdadeiro desafio para a profissão: “Muitos

46Declarações de Carlos Cipriano, diretor da Gazeta das Caldas, no 4º congresso de jornalistas

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jornalistas cruzam-se com assessores de imprensa, membros do governo,

administradores de grandes empresas... (…) No final de contas, é tudo uma

grande aldeia. E de facto, conhecemos as fontes todas (…) Isto, de facto, coloca

um desafio para o jornalista (...) Como é que isto se resolve? Resolve-se se

fizermos um trabalho sério, se formos jornalistas”.

Carlos Cipriano admite a inevitável proximidade diária com as fontes e a

dificuldade para os jornalistas em não se imiscuírem nessa realidade, isto se o

jornalismo for tomado como um trabalho sério. O facto da delegação em análise

estar instalada em Coimbra - e apesar agregar outras áreas de intervenção em

distritos como Aveiro e Leiria – propicia a que se verifiquem mais

acontecimentos mediatizados na cidade de Coimbra. Os profissionais desta

delegação da RTP, cruzam-se repetidamente com as mesmas fontes políticas, os

mesmos assessores de imprensa, os mesmos dirigentes desportivos ou

associações porque possuem todos, na sua essência, a mesma área de atuação

e, por esse motivo se trata de “um jornalismo de proximidade,

fundamentalmente comprometido com a sua região e as suas gentes” (Lopes. R.,

2003: 37).

No decorrer do estágio, ficou a compreensão de que tempo na delegação

para produção dos conteúdos é frequentemente escasso, com visíveis deadlines

apertados que condicionam o modo de produção dos conteúdos em que “ao

jornalista estabelecem-se dispositivos de temporalidade que o obrigam a uma

prática sob o signo da rapidez (ou precipitação) e da renovação permanente”

(Lopes R., 2003:19). Mas este condicionalismo à prática jornalística é apenas uma

reflexão “do tempo que se torna cada vez mais intensivo, como um sistema de

representação do mundo, sobretudo devido à televisão”. (Brandão: 2010: 28).

Apesar de bem equipados ao nível de meios técnicos, os profissionais da

Delegação da RTP Coimbra, falta tempo, como se supõe na maioria das redações

de jornalismo, para confirmação de fontes e informações, por vezes porque o

tempo entre o acontecimento e a reprodução do mesmo em meios televisivos é

escasso. Como defende Jean-Jacques Jespers (1998:66) “quanto mais se reduz o

tempo entre o acontecimento e o seu relato televisivo, menos é possível

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assegurar este relato de forma deontológica e metodologicamente aceitáveis. A

título de exemplo, muitos dos conteúdos informativos produzidos no telejornal

(noticiário noturno) eram produzidos a meio da tarde desse mesmo dia, o que

pode prejudicar a produção - quer na escolha de melhores imagens, entrevistas

significativas ou na confirmação de fontes – desses conteúdos. Esta atitude

promovida pela falta de tempo nas redações pode favorecer mutabilidades na

opinião pública já que “a escolha de imagens, dos testemunhos e dos

comentários pode influenciar negativamente a visão dos factos que será grava

no espírito do público, e por vezes de maneira definitiva” (ibidem).

A complexidade de tarefas subjacente ao jornalismo televisivo são ainda

mais agravadas na delegação da RTP Coimbra pela quantidade de profissionais

disponíveis, provocando a acumulação de tarefas inevitáveis. O jornalista

televisivo reúne uma complexidade de tarefas para chegar “à mensagem

virtual”, tais como “encontrar pessoas para entrevistar, combinar encontros,

dirigir-se ao local, dar instruções para a gravação, realizar as entrevistas e

eventuais vivos, consultar os arquivos (..), voltar a escrever a informação numa

linguagem televisiva e gravar um comentário” (Jespers, 1998:84). Porém, a

juntar a todas estas missões do jornalista televisivo, este têm ainda proceder à

edição da mensagem visual recolhida, em conjunto com o operador de imagem.

Em outras circunstâncias, se estes mesmos conteúdos informativos

fossem produzidos pela sede da RTP em Lisboa, haveria um profissional

disponível e com funções específicas de edição e de construção da peça. A

acrescentar a esta multiplicidade de tarefas, o planeamento de “trabalhos

jornalísticos” sofria, frequentemente alterações face à disponibilidade de

entrevistas ou até mesmo à recusa de entrevistados em participar quando

ocupavam o papel de protagonistas na história. Cedendo exemplos práticos do

que foi referenciado, uma situação ocorrida durante o período de estágio são

agora oportunas de revelação. A 29 de setembro, o jornalista da Antena 1,

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46

Joaquim Reis, estava escalado para a realização de uma reportagem televisiva47,

em conjunto com o operador de imagem Cláudio Calhau, acerca de um protesto

junto à câmara municipal de Penacova, protagonizado por jovens Guineenses

que estudavam em Portugal durante três anos. O encontro com dois jovens

guineenses – marcado previamente ainda na delegação via contato telefónico –

estava decidido frente à câmara municipal de Penacova e assim aconteceu.

Importa referenciar que estes mesmos jovens haviam sido protagonistas, no dia

anterior, de uma reportagem radiofónica, realizada pelo mesmo jornalista

(Joaquim Reis), acerca do mesmo acontecimento. Porém, quando chegados ao

local e combinadas as instruções para a gravação, os dois jovens recusaram

participar na reportagem pois haviam ponderado sobre o assunto e não queriam

tal protagonismo. Alegaram que não queriam expor a imagem mas

posteriormente foi-lhe dada a possibilidade de manter o anonimato com

alteração do nome e descrição na filmagem, apenas filmando as próprias

sombras. Os jovens recusaram ainda assim, alegando que o assunto ganhara já

as proporções que desejavam e, desta feita, a reportagem acabou por não se

concretizar pela falta de protagonistas na história.

Um outro problema destacado na delegação da RTP Coimbra é a falta de

profissionais que, muitas das vezes, não conseguem responder aos trabalhos

pedidos pela simultaneidade de acontecimentos. No dia 25 de outubro, a

delegação tinha apenas uma equipa disponível na delegação que estava

destinada ao reportar do acontecimento do bebé desaparecido em Amieira, em

Ourém, local a partir de onde faziam constantes diretos. Porém, o bebé, a meio

da manhã, foi encontrado e a mesma equipa – a única disponível para a

cobertura – teve de se deslocar ao Hospital de Leiria para outros diretos

televisivos.

Antes do Hospital, foi solicitado à mesma equipa para uma entrevista às

autoridades que estavam a tomar conta do ocorrência, no posto da polícia, com

47Na delegação da RTP Coimbra, depois da reestruturação da RDP e RTP e união dos profissionais no

mesmo espaço, propiciou o aparecimento do jornalista multitasking (multitarefa), virado para a

transmedialidade (capacidade de produzir para diferentes media).

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o objetivo de o mesmo jornalista fazer diretos para a rádio Antena 1. Porém,

depois de todo este processo, foi novamente solicitado à equipa de serviço –

Álvaro Coimbra e Pedro Teodoro – que regressassem a Amieira, em Ourém, para

uma entrevista à avó do bebé em causa. Para além dos equipamentos serem já

insuficientes na resposta – as baterias tinham já esgotado -, os profissionais

estavam saturados e com dificuldades na concretização eficaz do trabalho

jornalístico (dado o tempo alargado de trabalho, tendo em conta as viagens

também entre a cidade de Leiria e Coimbra).

Nesta situação, os outros meios de comunicação presentes – SIC, TVI,

CMTV contavam ao seu dispor, sem qualquer exceção, de duas equipas cada um

para dar cobertura ao acontecimento. Este esgotamento profissional repetiu-se

na cobertura de outros casos em que, por exemplo, a 25 de outubro, foram

realizadas buscas ao Bairro do Ingote e todos os outros meios de comunicação

presentes, mais uma vez, dispunham de duas equipas para a cobertura e a RTP

apenas tinha uma equipa estava destacada.

Esta situação pode ser um risco a dois níveis: o condicionamento da

missão televisiva, pela incapacidade de resposta a possíveis casos que até teriam

significação para a cidadania ou, por outro lado, o reportado não corresponder

ao exigido para o caso, pela incapacidade de resposta a todos os pormenores do

caso devido ao esgotamento profissional da dupla jornalística destacada para o

processo.

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CAPÍTULO VI

METODOLOGIA APLICADA

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6.1 Estratégia Metodológica

O Corpus pretende focar-se no estudo alusivo ao papel desempenhado

por uma delegação da RTP – neste caso a Delegação da RTP instalada na cidade

de Coimbra – para contributo no serviço público de televisão em Portugal.

Neste capítulo, desenvolver-se-á um estudo empírico efetuado em

contexto de relatório para conclusão de Mestrado em Ciências da Comunicação

– vertente Estudo dos Media e Jornalismo, frequentado na Universidade Nova

de Lisboa, na Faculdade Ciências Sociais e Humanas.

Os estudos empíricos realizados e agora sintetizados, acompanhados

com os seus resultados, foram efetuados no âmbito individual de investigação,

durante o período de estágio. Neste contexto, foram analisados 52 blocos

noticiosos para os quais a Delegação da RTP Coimbra contribuiu através da

produção de conteúdos noticiosos, correspondentes à terceira semana de cada

mês de estágio – Setembro, Outubro, Novembro, Dezembro de 2016.

6.2 Procedimentos

A recolha de dados realizou-se entre Janeiro e Marco de 2017, através da

observação de telejornais disponíveis para consulta online na RTPPLAY. Os

telejornais em análise correspondem a quatro blocos noticiosos da RTP1 (Bom

dia Portugal; Jornal da Tarde; Portugal em Direto; Telejornal), a nove blocos

noticiosos da RTP3 (Bom dia Portugal que ocorre em simultâneo com a RTP1; 3

às 10; 3 às 11; 3 às 14; 3 às 15; 3 às 16; 3 às 17; 24 Horas; Horas Extraordinárias)

e ao noticiário da RT2, o Jornal2.

Procurando não arriscar que os dados obtidos, após a observação de

noticiários, se assemelhassem nas mesmas categorias temáticas dominantes,

tanto produzidas por outras delegações da RTP e centros de Produção de Lisboa

e Porto como pela própria Delegação da RTP instalada em Coimbra, foi

estipulado que a observação não seria eficaz e apropriada a um mês de estágio

num todo, mas feita uma análise de um mês estruturado, isto é, proceder a

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análise de uma semana (dias úteis e não úteis) de cada mês correspondente ao

período de realização do estágio.

Assim, a terceira de semana surge como base ao referido estudo empírico

por questões convenientes temporais aquando a realização desse mesmo

período de aprendizagem (já que o estágio teve início apenas na terceira semana

de setembro de 2016 e terminou também na terceira semana respeitante ao mês

de dezembro de 2016).

6.3 Algumas Considerações sobre o Estudo Empírico

O programa “Bom Dia Portugal”, noticiário matutino do serviço público,

tem lugar em simultâneo nos canais RTP1 e RTP3. Assim, as peças realizadas por

a delegação da RTP Coimbra que foram divulgadas neste bloco noticiário foram

contabilizadas uma única vez para efeitos de estudo.

Apenas os noticiários do canal RTP1 contém intervalos, por isso quando

é analisado o alinhamento da notícia produzida pela delegação da RTP Coimbra

deve ser tido em conta que nos blocos de noticiários da RTP3 (3 às 10/3 às 11/3

às 14/ 3 às 15/ 3 às 16/ 3 às 17/ 3 às 18/ 3 ás 19/ 3 às 20/ 24 horas) existe apenas

a primeira parte – e única – desse noticiário. Apenas é indicado na tabela se a

notícia ocupou a primeira ou última parte (no caso do Bom dia Portugal serão

oito partes de informação interrompidas por intervalos) nos blocos de

informação que têm lugar na RTP1.

Quando é referido o tipo de conteúdo estamos a identificar se, à data de

envio, os trabalhos produzidos pela delegação da RTP Coimbra se tratavam de

peças finalizadas – notícias – ou apenas do envio de imagens e entrevistas para

os centros de produção de Lisboa ou Porto a pedido dos mesmos para integração

posterior em peças/ reportagens.

No caso de se tratarem de imagens ou entrevistas, é necessário assumir que

estes conteúdos foram enviados pela delegação de Coimbra em bruto, isto é,

sem qualquer tipo de edição.

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O Duplex é um sistema de comunicação composto por dois interlocutores

– neste caso estabelecendo a comunicação entre a delegação da RTP coimbra e

o Centro de Produção de Lisboa ou Porto – que podem comunicar, numa

transmissão em direto, em ambas as direções.

6.4 Recolha e Tratamento de dados empíricos

Os dados recolhidos dos conteúdos produzidos pela delegação da RTP Coimbra

serão agora detalhados, em forma de tabela, mês a mês. A primeira semana de

análise corresponde ao mês de Setembro.

TABELA 1. ANÁLISE REFERENTE À SEMANA 3 DO MÊS DE SETEMBRO (SEM. 19 A 25)

CONTEÚDOS PRODUZIDOS PELA

RTP COIMBRA

ENCONTROS DE MAGIA

(2:55min) (22SET)

PRAXE ACADÉMICA EM COIMBRA

(1:49min) (23SET)

BENÇÃO DOS CAPACETES EM FÁTIMA

(2:35min) (25 SET)

TIPO DE CONTEÚDO NOTÍCIA NOTÍCIA DIRETO

PROGRAMA (S) PORTUGAL EM DIRETO (RTP1)

3 Às 14 (RTP3)

PORTUGAL EM DIRETO (RTP1) JORNAL DA TARDE (RTP1)

3 Às 15 (RTP3) JORNAL DA TARDE (RTP1)

ALINHAMENTO PD: PENÚLTIMA (1ºPARTE DE

2) 3 ÀS 14: PENÚLTIMA NOTÍCIA

PD: ÚLTIMA NOTÍCIA (1ºPARTE DE 2)

JT: 1ºMETADE DO NOTICIÁRIO (EM 2 PARTES) 3 ÀS 15: ÚLTIMAS CINCO DO

NOTICIÁRIO

JT: ANTEPENÚLTIMA NOTÍCIA DO JORNAL (NUM TOTAL DE

2 PARTES)

VALÊNCIA DE CONTEÚDOS POSITIVA POSITIVO NEUTRO

CATEGORIAS-TEMÁTICAS SOCIEDADE SOCIEDADE SOCIEDADE

SUB-CATEGORIAS TEMÁTICAS ARTES E ESPETÁCULOS EDUCACÃO RELIGIÃO

ORIGEM SUGERIDO COIMBRA PEDIDO PEDIDO

AUTOR: JORNALISTA E REPÓRTER DE IMAGEM

JORNALISTA: PAULO ROLÃO

R.I: CLÁUDIO CALHAU

JORNALISTA: ÁLVARO COIMBRA

R.I: CLAUDIO CALHAU

JORNALISTA: PAULO ROLÃO

R.I: PEDRO TEODORO

FORMA DIFERIDO DIFERIDO DIRETO

No total do mês de Setembro, a delegação da RTP instalada na cidade de

Coimbra produziu quatro conteúdos: Encontros de Magia Solidária, Praxe

Académica em Coimbra e dois conteúdos relativos à Bênção dos capacetes

Motards em Fátima. Neste mês, o primeiro de estágio e de análise empírica, a

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delegação de Coimbra produziu três reportagens e um direto (na tabela

seguinte).

ANÁLISE REFERENTE À SEMANA 3 DO MÊS DE SETEMBRO (SEM. 19 A 25- CONTINUAÇÃO)

MOTARDS EM FÁTIMA PARA BENÇÃO DOS CAPACETES EPEDIR PROTEÇÃO (1:35min) (25SET)

A segunda semana de análise corresponde à terceira semana do mês de

Outubro. No total foram produzidos, em Outubro, nove conteúdos noticiosos

pela delegação da RTP em Coimbra.

TABELA 2: ANÁLISE REFERENTE À SEMANA 3 DO MÊS DE OUTUBRO (SEM. 17 A 23)

CONTEÚDOS PRODUZIDOS

PELA RTP COIMBRA

DÍVIDAS AVULTADAS DO

SISTEMA PRISIONAL

(1:30min) (17 E 18OUT)

MINISTRA DA JUSTIÇA SOBRE ENDIVIDAMENTO DAS CADEIAS

(1:51min) (18 E 19 OUT)

30 DOENTES SUBMETIDOS A IMUNOTERAPIA

(1:44min) (18 OUT)

TIPO DE CONTEÚDO

NOTÍCIA IMAGENS E ENTREVISTA NOTÍCIA

PROGRAMA (S)

24 HORAS (RTP3-17OUT) 3 Às 10 (RTP3)

BOM DIA PORTUGAL (RTP1/3 18OUT)

24 HORAS (RTP3-18OUT) 3 As 16 (18- OUT RTP3) 3 Às 11 (RTP3 – 19OUT)

BOM DIA PORTUGAL (RTP1/3)

ALINHAMENTO

24H: 2ºMETADE DO NOTICIÁRIO 3 ÀS 10: ENTRE 3º E 5º PÓS-

INTERVALO BDP: ANTEPENÚLTIMA NOTÍCIA PRÉ-INTERVALO; 1º METADE DO NOTICIÁRIO

3 ÀS 16: MEIO NOTICIÁRIO 24 H: 1º METADE DO NOTICIÁRIO

3 ÀS 11: 2º METADE DO NOTICIÁRIO

BDP: 2º METADE DO NOTICIÁRIO

VALÊNCIA DE CONTEÚDOS

NEUTRA NEUTRA POSITIVA

CATEGORIAS TEMÁTICAS

ECONOMIA ECONOMIA SOCIEDADE

SUB-CATEGORIAS TEMÁTICAS

ORDEM E SEGURANÇA INTERNA ORDEM E SEGURANÇA INTERNA SAÚDE

ORIGEM PEDIDO PEDIDO PEDIDO

TIPO DE CONTEÚDO NOTÍCIA

PROGRAMA (S) TELEJORNAL (RTP1)

ALINHAMENTO TJ: ÚLTIMA NOTÍCIA (1º PARTE EM 2)

VALÊNCIA DE CONTEÚDOS NEUTRA

CATEGORIAS TEMÁTICAS SOCIEDADE

SUB-CATEGORIAS TEMÁTICAS RELIGIÃO

ORIGEM PEDIDO

AUTOR: JORNALISTA E REPÓRTER DE IMAGEM

JORNALISTA: PAULO ROLÃO

R.I: PEDRO TEODORO

FORMA DIFERIDO

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AUTOR: JORNALISTA E REPÓRTER DE

IMAGEM

JORNALISTA: PAULO ROLÃO

R.I: PEDRO TEODORO

JORNALISTAS: PAULO ROLÃO (Coimbra) /RAQUEL

AMADO) R.I: PAULO MAIA GOMES (fora de

Coimbra)

JORNALISTA: ALVARO COIMBRA

R.I: PEDRO TEODORO

FORMA DIFERIDO DIFERIDO DIFERIDO

ANÁLISE REFERENTE À SEMANA 3 DO MÊS DE OUTUBRO (SEM. 17 A 23 - CONTINUAÇÃO)

CONTEÚDOS PRODUZIDOS PELA RTP

COIMBRA

DEGRADAÇÃO DA

SECUNDÁRIA JOSÉ

FALCÃO

(1:51min) (17, 18 e 19

OUT)

JULGAMENTO DE FAMÍLIA ACUSADA DE

ESCRAVIZAR UM HOMEM EM ÉVORA (2:40min) (20 OUT)

CRITICAL SOFTWARE CRIA SOFTWARE NA MISSÃO A MARTE

(1:20min) (20 OUT)

TIPO DE CONTEÚDO NOTÍCIA IMAGENS E ENTREVISTA DIRETO

PROGRAMA (S)

PORTUGAL EM DIRETO (RTP 1 – 17OUT)

BOM DIA PORTUGAL (RTP1/3- 18OUT)

3 Às 14 (RTP3)

3 Às 14 (RTP3) JORNAL DA TARDE (RTP1)

TELEJORNAL (RTP1)

PORTUGAL EM DIRETO (RTP1)

ALINHAMENTO

PD: 3º O 5º PÓS-INTERVALO BDP: 2ºMETADE (5ºPARTE);

2º METADE (8ºPARTE) 3 ÀS 14: ANTEPENÚLTIMA

NOTÍCIA

3 ÀS 14: 2º METADE NOTICIÁRIO

JT:1º METADE (EM 2) TL: 11º 1º METADE (EM 2)

PD:3º O 5º PÓS-INTERVALO

VALÊNCIA DE CONTEÚDOS NEGATIVO NEUTRO POSITIVO

CATEGORIAS TEMÁTICAS SOCIEDADE SOCIEDADE SOCIEDADE

SUB-CATEGORIAS TEMÁTICAS

EDUCAÇÃO TRIBUNAIS E JUSTIÇA TECONOLOGIA E CIÊNCIA

ORIGEM PEDIDO PEDIDO PEDIDO

AUTOR: JORNALISTA E REPÓRTER DE IMAGEM

JORNALISTA: PAULO ROLÃO

R.I: PEDRO TEODORO

JORNALISTAS: PAULO ROLÃO (Coimbra) /RAQUEL GOMES/TERESA

MARQUES R.I: PEDRO TEODORO

(Coimbra) /JOSÉ CARRILHO

JORNALISTA: ÁLVARO COIMBRA

R.I: PAULO OLIVEIRA

FORMA DIFERIDO DIFERIDO DIFERIDO

ANÁLISE REFERENTE À SEMANA 3 DO MÊS DE OUTUBRO (SEM. 17 A 23 - CONTINUAÇÃO)

CONTEÚDOS PRODUZIDOS PELA

DELEGAÇÃO DA RTP COIMBRA

GOVERNO APROVA

PLANO DE PRIORIDADE

AO INTERIOR

(4:28min) (20OUT)

NOTAS INFLACIONADAS PODERÃO SER

REAJUSTADAS NO ENS. SUPERIOR

(1:52 min) (21 OUT)

PROFESSOR UNIVERSITÁRIO ENSINA

OBRA DE BOB DYLAN (2:04 min) (21 OUT)

TIPO DE CONTEÚDO DUPLEX ENTREVISTA NOTÍCIA

PROGRAMA (S)

JORNAL 2

TELEJORNAL (RTP1)

JORNAL DA TARDE (RTP1)

ALINHAMENTO JORNAL 2: 3º DE ABERTURA TL: 1º METADE (1ºPARTE EM

2) JT: ÚLTIMA NOTÍCIA DO

NOTICIÁRIO

VALÊNCIA DE CONTEÚDOS POSITIVO NEUTRO NEUTRO

CATEGORIAS TEMÁTICAS POLÍTICA SOCIEDADE SOCIEDADE

SUB-CATEGORIAS TEMÁTICAS

ESTADO (GOVERNO) EDUCACÃO EDUCAÇÃO

ORIGEM PEDIDO PEDIDO SUGERIDO COIMBRA

AUTOR: JORNALISTA E REPÓRTER DE IMAGEM

JORNALISTA: PAULO ROLÃO

R.I: PAULO OLIVEIRA

JORNALISTAS: PEDRO RIBEIRO (Coimbra) /DIANA PALMA DUARTE

R.I: PEDRO TEODORO (Coimbra) /MARQUES

ALMEIDA

JORNALISTA: ÁVARO COIMBRA

R.I: CLAÚDIO CALHAU

FORMA DIRETO DIFERIDO DIFERIDO

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No total foram produzidos nove conteúdos pela delegação da RTP

Coimbra no mês de Outubro referentes: Governo aprova plano de prioridade ao

interior; Possível reajustamento de notas inflacionadas; Professor Universitário

ensina obra de Bob Dylan; Degradação da Secundária José Falcão; Julgamento de

Família acusada de escravizar homem em Évora; Critical Software cria software

na missão a Marte; Dividas avultadas no sistema prisional; Ministra da Justiça

comenta dividas avultadas no sistema prisional; 30 doentes submetidos a

tratamentos de Imunoterapia. No total, foram contabilizadas quatro notícias, um

duplex, um envio exclusivo de entrevista, um direto e dois envios de imagens e

entrevistas para os Centros de Produção de Lisboa e Porto.

No total, a delegação da RTP Coimbra produziu dez conteúdos

informativos ao longo da terceira semana do mês de Novembro (a terceira de

análise neste estudo empírico).

Esta é a semana de análise que mais conteúdos contabilizou, produzidos

pela RTP Coimbra.

TABELA 4: ANÁLISE REFERENTE À SEMANA 3 DO MÊS DE NOVEMBRO (SEM. 14 A 20)

CONTEÚDOS PRODUZIDOS PELA

RTP COIMBRA

SOBREVIVENTES DE CANCRO

(2:16min) (15 e 16 NOV)

CIRURGIA AUTOTRANSPLANTE DE FÍGADO

(1:34 min) (16 e 17NOV)

FALHAS NO SINAL DA TDT (2:26) (16 NOV)

TIPO DE CONTEÚDO NOTÍCIA NOTÍCIA ENTREVISTAS

PROGRAMA (S)

PORTUGAL EM DIRETO (RTP1 15NOV)

BOM DIA PORTUGAL (RTP1/3-16NOV 3 ÀS 15 (RTP3- 16NOV)

PORTUGAL EM DIRETO (RTP1 16NOV) TELEJORNAL (RTP1 16 NOV))

BOM DIA PORTUGAL (RTP1/3 17NOV)

TELEJORNAL (RTP1)

ALINHAMENTO PD: 1ºNOTÍCIA PÓS INTERVALO

BDP: 2º METADE DO NOTICIÁRIO 3 ÀS 15: ANTEPENÚLTIMA NOTÍCIA

PD: 1º NOTÍCIA DA 2ºPARTE TJ: 2º METADE DO NOTICIÁRIO

BDP: 2º METADE DO NOTICIÁRIO

TJ: ÚLTIMA NOTÍCIA PRÉ-INTERVALO

VALÊNCIA DE CONTEÚDOS

POSITIVA NEUTRO NEUTRO

CATEGORIAS TEMÁTICAS SOCIEDADE SOCIEDADE SOCIEDADE

SUB- CATEGORIAS TEMÁTICAS

SAÚDE SAÚDE TECNOLOGIA E CIÊNCIA

ORIGEM PEDIDO PEDIDO PEDIDO

AUTOR: JORNALISTA E REPÓRTER DE IMAGEM

JORNALISTA: ÁLVARO COIMBRA

R.I: PEDRO TEODORO

JORNALISTA: ÁLVARO COIMBRA

R.I: PAULO OLIVEIRA

JORNALISTA: PEDRO RIBEIRO

R.I: PAULO OLIVEIRA

FORMA DIFERIDO DIFERIDO DIFERIDO

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ANÁLISE REFERENTE À SEMANA 3 DO MÊS DE NOVEMBRO (SEM. 14 a 20- CONTINUAÇÃO)

CONTEÚDOS PRODUZIDOS

PELA RTP COIMBRA

7 MILITARES DETIDOS

POR MORTES NOS

COMANDOS (1:56min)

(17NOV)

FEIRA DO MEL E DA CASTANHA NA

LOUSÃ (2:01 min) (18NOV)

7 MILITARES PRESENTES AO JUIZ DE INSTRUÇÃO

(2:49 min) (17 e18NOV)

TIPO DE CONTEÚDO DIRETO NOTÍCIA IMAGENS

PROGRAMA (S) 3 AS 14 (RTP3

PORTUGAL EM DIRETO

(RTP1)

24 HORAS (17NOV) JORNAL 2 (17NOV)

BOM DIA PORTUGAL (18NOV)

ALINHAMENTO 3ºNOTÍCIA DE ABERTURA PD: PENÚLTIMA

NOTICIA PRÉ-INTERVALO

24 HORAS: 1ºNOTICIA DE ABERTURA JORNAL 2: 2º NOTÍCIA DE ABERTURA

BDP: 1ºMETADE NOTICIÁRIO/ 1ºMETADE DO NOTICIÁRIO/ 1º METADE DO NOTICIÁRIO/

2ºMETADE DO NOTICIÁRIO

VALÊNCIA DE CONTEÚDOS

NEGATIVO POSITIVO NEUTRO

CATEGORIAS-TEMÁTICAS

SOCIEDADE CULTURA SOCIEDADE

SUB - CATEGORIAS TEMÁTICAS

TRIBUNAIS E JUSTIÇA FESTIVIDADES/SOLENID

ADES JUSITÇA E TRIBUNAIS

ORIGEM PEDIDO PEDIDO PEDIDO

AUTOR: JORNALISTA E REPÓRTER DE

IMAGEM

JORNALISTA: PAULO ROLÃO

R.I: PAULO OLIVEIRA

JORNALISTA: PAULA COSTA

R.I: PAULO OLIVEIRA

JORNALISTAS: PAULO ROLÃO (coimbra) / MARCELO SOBRAL/ SANDRA FELGUEIRAS/DIANA DUARTE

R.I: PAULO OLIVEIRA (coimbra)

FORMA DIRETO DIFERIDO DIFERIDO

ANÁLISE REFERENTE À SEMANA 3 DO MÊS DE NOVEMBRO (SEM. 14 A 20 -

CONTINUAÇÃO)

CONTEÚDOS PRODUZIDOS

PELA RTP COIMBRA

JERÓNIMO DE SOUSA

DISCURSA EM COIMBRA

(0:55 min) (17 e 18NOV)

50 ANOS DO CÓSIGO CIVIL (3:04 min) (16NOV)

FESTIVAL CAMINHOS DO CINEMA PORTUGUÊS (55seg/1:30 min) (18

NOV)

TIPO DE CONTEÚDO

IMAGENS DUPLEX DUPLEX

PROGRAMA (S)

24 HORAS (RTP3 – 17NOV) 3 AS 10 (RTP3 – 18 NOV) 3 AS 11 (RTP3 – 18 NOV)

JORNAL DA TARDE (RTP1 – 18NOV)

3 AS 14 (RTP3 – 18 NOV)

JORNAL 2 (RTP2)

JORNAL 2 (RTP2) BOM DIA PORTUGAL)

ALINHAMENTO

24 HORAS: 1º METADE 3 ÀS 10: 1º METADE DO

NOTICIÁRIO 3 ÀS 11:2ºNOTÍCIA

ABERTURA JT: 2º METADE DO

NOTICIÁRIO 3 AS 14: ENTRE AS 5

ÚLTIMAS

JORNAL 2: ENTRE AS 5 ÚLTIMAS DO

NOTICIÁRIO

JORNAL 2 – PENÚLTIMA NOTÍCIA

BDP – ANTEPENÚLTIMA NOTÍCIA

VALÊNCIA DE CONTEÚDOS

NEUTRO NEUTRO NEUTRO

CATEGORIAS TEMÁTICAS

POLÍTICA POLÍTICA CULTURA

SUB-CATEGORIAS TEMÁTICAS

PARTIDOS POLÍTICOS FESTIVIDADES/SOLENIDADES ARTES E ESPETÁCULOS

ORIGEM PEDIDO PEDIDO PEDIDO

AUTOR: JORNALISTA E REPÓRTER DE

IMAGEM

JORNALISTA: PAULO ROLÃO

R.I: PAULO OLIVEIRA R.I: PEDRO TEODORO R.I: PAULO OLIVEIRA

FORMA DIFERIDO DIRETO DIRETO

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ANÁLISE REFERENTE À SEMANA 3 DO MÊS DE NOVEMBRO (SEM. 14 A 20 -CONTINUAÇÃO)

PRESENTES A TRIBUNAL OS 7 MILITARES DETIDOS (0:15seg) (18 NOV)

No total, a delegação da RTP Coimbra produziu, na terceira semana do

mês de Novembro, dez conteúdos informativos referentes a: Sobreviventes de

Cancro; Cirurgia de Autotransplante de Fígado; Falhas no Sinal TDT; sete militares

detidos por mortes nos comandos; Feira do Mel e da Castanha na Lousã; 7

Militares detidos presentes ao Juiz de Instrução; Jerónimo de Sousa discursa em

coimbra; 50 anos do código civil; Festival Caminhos do Cinema Português;

Presentes a Tribunal os sete militares detidos. No total, a delegação da RTP

Coimbra produziu, na terceira semana do mês de novembro, três notícias, um

direto, dois duplex, um envio de entrevistas e três envios de imagens para os

Centros de Produção de Lisboa e Porto.

TABELA 4: ANÁLISE REFERENTE À SEMANA 3 DO MÊS DE DEZEMBRO (SEM. 12 A 18)

Durante a terceira semana do mês de Dezembro, a delegação da RTP

coimbra produziu apenas quatro conteúdos.

TIPO DE CONTEÚDO IMAGENS (ACOMPANHADO COM OFF PIVOT)

PROGRAMA (S) 3 Às 10 (RTP3) 3 Às 11 (RTP3)

ALINHAMENTO 3 ÀS 10: ENTRE 3º E 5º DE ABERTURA 3 ÀS 11: 1º METADE DO NOTICIÁRIO

VALÊNCIA DE CONTEÚDOS NEUTRA

CATEGORIAS TEMÁTICAS SOCIEDADE

SUB-CATEGORIAS TEMÁTICAS TRIBUNAIS E JUSTIÇA

ORIGEM PEDIDO

AUTOR: JORNALISTA E REPÓRTER DE IMAGEM

R.I: PAULO OLIVEIRA

FORMA DIFERIDO

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58

CONTEÚDOS PRODUZIDOS

PELA DELEGAÇÃO

DA RTP COIMBRA

PISTA DE GELO

ECOLÓGICA

(3:30 min) (12DEZ)

CONFERÊNCIA SOBRE O MASSACRE DE SANTA CRUZ

ORGANIZADO PELA UNIV.COIMBRA

(1:44min) (13 DEZ)

TAPETE PARA REDUÇÃO DE VELOCIDADE

RODOVIÁRIA (2:20 min) (13 e 14DEZ)

TIPO DE CONTEÚDO

DIRETO NOTÍCIA NOTÍCIA

PROGRAMA (S) PORTUGAL EM DIRETO

(RTP1) 24 HORAS (RTP3)

PORTUGAL EM DIRETO (RTP1 – 13DEZ)

3 Às 15 (RTP3 – 14DEZ

ALINHAMENTO PD: 2ºNOTÍCIA PÓS-

INTERVALO 24HORAS: 1º METADE DO

NOTICIÁRIO

PD: 1ºNOTÍCIA PÓS-INTERVALO

3 ÀS 15: ENTRE 5 ÚLTIMAS

VALÊNCIA DE CONTEÚDOS

POSITIVO NEUTRO POSITIVO

CATEGORIAS TEMÁTICAS

SOCIEDADE SOCIEDADE SOCIEDADE

SUB -CATEGORIAS TEMÁTICAS

AMBIENTE EDUCACÃO TECNOLOGIA E CIÊNCIA

ORIGEM SUGERIDO COIMBRA PEDIDO PEDIDO

AUTOR: JORNALISTA E REPÓRTER DE

IMAGEM

JORNALISTA: PAULO ROLÃO

R.I: PEDRO TEODORO

JORNALISTA: ÁLVARO COIMBRA

R.I: PEDRO TEODORO

JORNALISTA: PAULO ROLÃO

R.I: CLÁUDIO CALHAU

FORMA DIRETO DIFERIDO DIFERIDO

ANÁLISE REFERENTE À SEMANA 3 DO MÊS DE DEZEMBRO (SEM. 12 A 18-CONTINUAÇÃO)

NOVA UNIDADE DE PEDIATRIA NO HOSPITAL DE COIMBRA (1:11 min) (16DEZ)

No mês de dezembro, foram produzidos quatro conteúdos

informativos referentes a pista de gelo ecológica; Conferência sobre o Massacre

de Santa Cruz organizado pela Universidade de Coimbra; Tapete inovador que

reduz velocidade rodoviária; Nova Unidade de Pediatria no Hospital de Coimbra.

Durante o período de análise, a RTP coimbra produziu um total de 27 conteúdos

informativos. No capítulo seguinte, vamos prosseguir com a discussão dos dados

recolhidos.

TIPO DE CONTEÚDO NOTÍCIA

PROGRAMA (S) PORTUGAL EM DIRETO (RTP1) 3 Às 15 (RTP3)

ALINHAMENTO PD:ENTRE 3º E 5º DE ABERTURA 3 Ao 15:2º METADE DO NOTICIÁRIO

VALÊNCIA DE CONTEÚDOS POSITIVO

CATEGORIAS TEMÁTICAS SOCIEDADE

SUB-CATEGORIAS TEMÁTICAS SAÚDE

ORIGEM PEDIDO

AUTOR: JORNALISTA E REPÓRTER DE IMAGEM

JORNALISTA: ÁLVARO COIMBRA

R.I: PEDRO TEODORO

FORMA DIFERIDO

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59

CAPÍTULO VII

DISCUSSÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS

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60

7.1 Discussão e Análise dos resultados obtidos em Estudo Empírico

No estudo realizado, A delegação da RTP Coimbra produziu 27 conteúdos

noticiosos (entre peças, imagens e/ou entrevistas em bruto, diretos e duplex),

sendo que esses conteúdos tiveram lugar no alinhamento dos demais programas

em análise 57 vezes. De seguida analisar-se-á para quais os canais – RTP1, RTP2,

RTP3 - a Delegação da RTP Coimbra produziu um maior número de conteúdos.

Quanto a uma análise quantitativa de conteúdos produzidos pela

delegação da RTP Coimbra, é fundamental salientar que o bloco noticioso Bom

Dia Portugal tem transmissão simultânea na RTP1 e na RTP3 e, por esse motivo,

tenha sido contabilizado para efeitos de análise do gráfico anterior em ambos os

canais da estação pública.

No gráfico é observável um maior número de conteúdos noticiosos

produzidos para o canal 1, correspondendo a um total de 27 peças destinadas

aos blocos noticiosos deste mesmo canal e perfazendo 47% da sua produção no

estudo em análise. Essa produção é maior em relação ao canal 3 da estação

público se considerarmos a distinção numerosa dos blocos noticiosos que

integram a RTP1 e a RTP3, já que o primeiro integra apenas quatro blocos

FIGURA 2

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61

noticiosos (Bom dia Portugal, Jornal da Tarde, Portugal em Direto, Telejornal), e

o segundo agrega nove blocos noticiários (Bom dia Portugal, exibido em

simultâneo na RTP1, 3 às 10, 3 às 11, 3 às 14, 3 às 15, 3 às 16, 3 às 17, 24 horas,

Horas Extraordinárias). Ainda que atentando a esse fenómeno, a produção de

conteúdos com destino à RTP3 semelhante embora ligeiramente reduzida,

representando um total de 46% da produção da RTP instalada na cidade de

Coimbra. Para a RTP3 foram produzidas um total de 26 peças e a RTP2 regista

apenas 4 peças concebidas por esta delegação (7% de conteúdos produzidos em

análise) no Jornal 2, o único bloco de informação deste canal. Contudo, os canais

subdividem-se em noticiários e para o estudo empírico foram analisados 13 dos

três canais da estação pública.

Analisando os demais blocos noticiosos em análise, o noticiário “Bom Dia

Portugal”, noticiário matutino da RTP1 e com transmissão em simultâneo na

RTP1 e RTP3 com lugar das 6h30 até às 10h00, foi o bloco de noticiário que mais

peças contabilizou no alinhamento da autoria da delegação de Coimbra, com 12

conteúdos informativos a integrarem este noticiário. Seguem-se os restantes

dois blocos noticiosos principais do canal 1 da estação de televisão pública em

Portugal – o Jornal da Tarde e o Telejornal, ambos com cinco conteúdos

noticiosos cada a integrarem o seu alinhamento. Por sua vez, a maioria dos

blocos de noticiário do canal 3 – 3 às 10, 3 às 11, 3 às 14 – contabilizou três

12

5

10

53 3

5 41 0

5

04

PROGRAMAS PARA OS QUAIS A RTP COIMBRA PRODUZIU CONTEÚDOS

(nº peças

FIGURA 3

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62

conteúdos noticiosos de coimbra, bem como o Jornal 2, da RTP2. No que respeita

ao noticiário 3 às 15 e 24 Horas, ambos do canal 3 da televisão pública,

contabilizaram cada quatro conteúdos noticiosos nos seus alinhamentos.

Porém, analisar-se-á agora o tipo de conteúdos que o programa Bom dia

Portugal, o bloco noticioso que mais conteúdos produzidos pela delegação de

Coimbra agregou, integrou no seu alinhamento, bem como se esses conteúdos

informativos foram produzidos apenas para o Bom Dia Portugal ou para outros

programas.

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Imagens

Noticia

Duplex

Tipos de conteúdos produzidos para o noticiário "Bom Dia Portugal"

3 as 15 9%

Jornal 217%

Telejornal 8%

(Só) Bom dia Portugal

8%3 às 10

8%3 às 14

8%

Portugal Direto25%

24 Horas17%

PROGRAMAS QUE INTEGRAM OS MESMOS CONTEÚDOS QUE O "BOM DIA

PORTUGAL"

58 %

34%

8 %

FIGURA 4

FIGURA 5

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63

No total dos 12 conteúdos que integraram o alinhamento do “Bom Dia

Portugal, 7, 58% dos conteúdos produzidos foram notícias (sete conteúdos), 34%

dos conteúdos são referentes a imagens (quatro conteúdos) produzidas pela

delegação e enviadas para o Centro de Produção de Lisboa e 8% dos conteúdos

produzidos foram duplex (um conteúdo).

Os conteúdos do tipo notícia que integrara o alinhamento do Bom Dia

Portugal foram os seguintes: “Dívidas do Sistema Prisional” (reproduzido duas

vezes, referente a Ordem e Segurança Interna), “Degradação da Escola

Secundária José Falcão” (reproduzido duas vezes, referente a Educação),

“Sobreviventes de Cancro”, “Cirurgia Inovadora Autotransplante de Fígado e 30

doentes que receberam tratamentos de Imunoterapia (Saúde). No alinhamento

do programa Bom dia Portugal esteve incluído um Duplex acerca do Festival

Caminhos (Artes e Espetáculos) e ainda Imagens (reproduzidas quatro vezes)

produzidas pelas delegação da RTP Coimbra acerca dos sete militares detidos por

envolvimento na morte dos comandos.

Na figura 5, verifica-se apenas um conteúdo informativo produzido pela

delegação de Coimbra que integrou exclusivamente o alinhamento do Bom Dia

Portugal, uma peça acerca de 30 doentes que receberam tratamentos de

imunoterapia (integrado na categoria temática Saúde), equivalente a 8% da

produção da delegação especificamente para o alinhamento deste noticiário.

Com o mesmo peso (8%) os conteúdos que integraram o Bom dia Portugal

integraram também outros noticiários como o Telejornal (canal 1), “3 às 10” e “3

às 14” (canal 3), cada noticiário com um conteúdo cada. Com uma frequência

ligeiramente superior, os conteúdos do Bom Dia Portugal fizeram parte do

alinhamento do 3 às 15 em 9% (1 dos conteúdos) e ainda, de forma mais

relevante, no noticiário “24 Horas” e Jornal 2 com 17% (dois dos conteúdos).

Porém, os conteúdos que integraram o alinhamento do Bom Dia Portugal têm

também uma expressão muito significativa e mais frequente no programa

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Portugal em Direto do canal 1 da estação pública televisiva com 25%, três dos

conteúdos, a integrarem os alinhamentos dos dois noticiários.

O noticiário apresentado por Dina Aguiar, denominado Portugal em

Direto, foi o que contabilizou o maior número de conteúdos noticiosos depois do

programa Bom Dia Portugal. Este programa é um espaço de informação nacional,

com transmissão habitualmente duas horas antes do noticiário noturno do canal

1 – o telejornal – e que tem como objetivo escrutinar os problemas das

populações. Na totalidade, dos 27 conteúdos produzidos durante o estudo

empírico (referentes á terceira semana de cada mês no período de estágio), 10

desses conteúdos foram produzidos para o programa Portugal em Direto.

Como referido acima, o Portugal em Direto foi o segundo noticiário que

mais conteúdos agregou no seu alinhamento produzidos na Delegação da RTP

instalada em Coimbra. Importa então expor os tipos de conteúdos produzidos

para este noticiário e se outros blocos noticiosos integraram esses conteúdos ou

apenas foram produzidos com destino ao “Portugal em Direto”.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Notícia

Direto

Tipo de conteúdos produzidos para o noticiário "Portugal em Direto"

FIGURA 6

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65

Ao consultar a página oficial da RTP48 especificamente no programa

“Portugal em Direto”, é visível que este bloco noticioso é construído através da

cooperação dos vários centros regionais da RTP e “dispõe de vários meios

técnicos e meios humanos especiais que lhe permitem deslocar-se às localidades

mais recônditas de Portugal, para garantir em cada emissão, um debate alargado

sobre um tema de interesse local e nacional”. Esta breve exposição pode

elucidar, em grande parte, a produção mais elevada de conteúdos produzidos

pela delegação da RTP Coimbra para este noticiário.

Na totalidade, foram produzidos dez conteúdos noticiosos para o

Portugal em Direto, dos quais nove são notícias – o que representa 10% da

produção da delegação de Coimbra para este noticiário - e um direto com

duração de três minutos e trinta, equivalente a 10% da produção (gráfico 4). O

direto deu a conhecer a da pista de gelo ecológica instalada em Montemor-o-

Velho e as diversas diversões associadas à época festiva natalícia nessa mesma

localidade.

48 Página RTP. Disponível em http://www.rtp.pt/programa/tv/p19455 [consultado a 18 abril 2017]

Jornal da tarde 7%

Telejornal 7%

Bom dia Portugal 22%

3 às 1414%

3 às 1529%

(Só)Portugal Direto21%

Programas que integraram os mesmos conteúdos que o "Portugal em Direto"

FIGURA 7

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66

Quanto aos conteúdos produzidos para este noticiário, é evidenciado no

gráfico 7 que os conteúdos noticiosos produzidos pela delegação de Coimbra

com destino ao “Portugal em Direto” foram retransmitidos noutros noticiários

tais como o Jornal da Tarde e o Telejornal, com transmissão de 7% cada desses

mesmos conteúdos, o 3 às 14 com 14%, o Bom dia Portugal com 22% e o 3 às 15

com 29%, sendo este o noticiário que mais retransmitiu os conteúdos que

integraram também o alinhamento do Portugal em Direto.

Contudo há a destacar uma parte da produção de conteúdos noticiosos

pela delegação de Coimbra do total das 10 peças produzidas para este programa

que integraram apenas o alinhamento do Portugal em Direto. Essa produção

exclusiva de conteúdos representa 21% da produção de Coimbra para o

noticiário -um valor significativo – e foi concebido com uma notícia acerca do

software criado pela empresa Critical Software para uma destaca missão a

marte, uma notícia para dar a conhecer a feira do mel e da castanha na Lousã e

ainda um direto acerca da pista de gelo ecológica em Montemor-o-Velho. Este

fenómeno que suporta a produção de peças apenas com destino único ao

noticiário Portugal em Direto pela essência deste espaço informativo que, 49“sem

menosprezar a atualidade, procura dar mais atenção aos assuntos e às pessoas

da nossa terra o que diferencia o seu conteúdo da restante informação

funcionando como um complemento informativo do telejornal, por exemplo”.

Assim, é produção de peças por uma delegação da RTP como a de

Coimbra é importante para a especificidade deste noticiário porque escrutina a

atualidade nacional mas também local, onde a delegação de Coimbra usufrui de

recursos privilegiados pela proximidade que tem da grandes aldeias e pequenas

aldeias que ganham assim voz nos noticiários e na programação da estação

pública.

49 Página RTP. Disponível em http://www.rtp.pt/programa/tv/p19455 [consultado a 18 abril 2017]

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67

A delegação da RTP Coimbra é uma instituição que não produz apenas

conteúdos finalizados e editados para integração imediata nos alinhamentos dos

jornais televisivos. A articulação com outras delegações mas principalmente com

os dois centros de produção de Lisboa e Porto é constante e por isso a construção

de conteúdos noticiosos resulta, muitas das vezes, da cooperação entre os

mesmos.

A cooperação entre delegações e os centros de produção de Lisboa e

Porto é uma caraterística comum desta delegação quer para o planeamento quer

para a concretizados dos conteúdos. Apesar dos conteúdos enquanto peças

finalizadas e editadas seja dominante – a representar 52% da produção em

análise (14 conteúdos no total) -, também outras assumem relevância no que

respeita à produção da delegação. Em análise, o duplex, o envio de imagens em

bruto e o direto assumem a mesma relevância, representando 11% da produção

em análise (equivalente à produção de três duplex, três diretos e envio três vezes

de imagens em bruto sem edição para os centros de Produção de Lisboa e Porto.

O envio conjunto de imagens e entrevista ou apenas de entrevista em

bruto, para posterior integração em peças construídas de raiz por Lisboa/Porto

ou outras delegações da RTP instalada pelo país, ocupa uma relevância

semelhante ainda que ligeiramente menor. Este tipo de conteúdos referidos

Peça52%

Direto11%

Imagens (bruto)11%

Entrevista8%

Imagens e entrevista

7%

Duplex11%

Peça Direto Imagens (bruto) Entrevista Imagens e entrevista Duplex

FIGURA 8

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68

assumem 7 e 8% da produção da produção da RTP Coimbra, com a produção de

dois destes conteúdos produzidos.

Depois da análise ao alinhamentos da totalidade dos 13 noticiários, dos

27 conteúdos produzidos, um dos mesmos foi notícia de abertura do noticiário –

no noticiário 24 Horas, da RTP3 com a notícia dos sete militares detidos

presentes a juiz de instrução no caso das 2 mortes dos comandos – no dia 17

novembro. Porém um dos conteúdos surgiu também em último no noticiário de

21 outubro no noticiário Jornal da tarde - professor que ensina a obra de Bob

Dylan - da RTP1.

Assim como quantitativamente os conteúdos de abertura e de fecho

criados pela delegação de Coimbra estão equiparados, no que respeita à segunda

notícia de abertura e penúltima do fim do noticiário a situação é semelhante,

com o registo de duas situações para ambos.

Na figura 9 é observável que foram registadas quatros situações em que

os conteúdos produzidos por Coimbra se situaram entre os cinco primeiros da

abertura do bloco noticioso, um número inferior se comparado com os cinco

0 2 4 6 8 10 12 14 16

1º noticia de abertura

2º noticia de abertura

entre 3º e 5º notícia de abertura

1º metade do noticiario (de 6º notícia até antepenultima)

Antepenúltima pré-intervalo

Penúltima pré-intervalo

Última pré-intervalo

Meio noticiario

1º noticia pós intervalo

2º noticia pós intervalo

entre 3º e 5º notícia pós-intervalo

2ºmetade noticiario (de 6ºnotícia até antepenultima)

5º última

Antepenúltima

Penúltima

Última

ALINHAMENTO DE CONTEÚDOS PRODUZIDOS PELA DELEGAÇÃO DA RTP COIMBRA

FIGURA 9

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últimos conteúdos de fecho do noticiário, situação registada pelos conteúdos

desta delegação em sete vezes. Por três vezes, os conteúdos produzidos por

Coimbra foram notícia de abertura pós-intervalo, também em três vezes foram

o último conteúdo noticioso a ser noticiado antes do intervalo e ainda existem

três registos dos conteúdos se situarem entre o terceiro e quinto lugar de

conteúdos de abertura pós-intervalo.

O estudo empírico permitiu identificar ainda um registo de conteúdos

noticiosos posicionados precisamente ao nível intermédio do bloco noticioso e o

mesmo número de registos de conteúdos na antepenúltima posição pré-

intervalo e no registo na posição de segundo conteúdo de abertura já pós-

intervalo. Por fim, de salientar o registo de duas ocorrências de conteúdos a

ocuparem a penúltima posição pré-intervalo.

Em suma, a figura 9 permite retirar a seguinte ilação: dos 57 registos de

divulgação de conteúdos noticiosos em 27 conteúdos produzidos durante o

período estruturado de análise, 28 dos registos surgiram na primeira

metade/primeira parte do noticiário (dependendo dos casos de blocos

noticiosos sem interrupção ou com interrupção), um registo a nível intermédio e

28 dos conteúdos produzidos surgidos na segunda metade/segunda parte do

noticiário (dependendo dos casos de blocos noticiosos sem interrupção ou com

interrupção). A posição assumida pelos conteúdos produzidos pela delegação da

RTP Coimbra nos alinhamos dos blocos noticiosos é exatamente intermédia, com

50% dos mesmos a integrar a primeira parte/primeira metade e 50% a integrar

a segunda parte/segunda metade.

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70

Mas ao proceder-se à comparação exaustiva dos conteúdos produzidos

que constituíram o início do alinhamento da globalidade dos noticiários

televisivos em análise, é evidenciado que os conteúdos produzidos pela

delegação da RTP em Coimbra ocuparam uma disposição superior no fecho dos

blocos noticiosos se atentarmos aos últimos cinco lugares desse noticiário

informativo, comparativamente aos cinco primeiros lugares no alinhamento dos

telejornais.

Os conteúdos em análise produzidos pelos profissionais desta delegação,

registaram-se 10 vezes nesta posição, o que perfaz um total de 32% da totalidade

dos conteúdos registados, comparativamente ao espaço ocupado pelos outros

posicionamentos em análise (cinco notícias de abertura do bloco noticioso, nas

três últimas notícias no pré intervalo, no meio do noticiário e entre as cinco

primeiras notícias pós-intervalo). Na posição intermédia regista-se apenas um

conteúdo noticioso produzido, equivalente a 3 %. Porém a posição assumida em

análise entre as cinco primeiras notícias de abertura (pré-intervalo) e as cinco

primeiras notícias pós-intervalo é igual, com sete conteúdos produzidos para

ambos as frações, equivalente a 23%. Todavia, a proporção de conteúdos da

delegação é menor quanto se atenta ao número de conteúdos integrados no

Entre as 5 primeiras notícias

de abertura 23%

Entre as 3 últimas da 1º parte

19%

Meio noticiario 3%

Entre as 5 primeiras notícias

da 2ºparte 23%

Entre as 5 últimas do noticiário

32%

ALINHAMENTO DOS CONTEÚDOS PRODUZIDOS POR COIMBRA EM PERCENTAGEM

FIGURA 10

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71

alinhamento imediatamente antes da interrupção do bloco noticioso,

representado 19% dos conteúdos, isto é, seis conteúdos neste segmento.

Apenas um dos conteúdos informativos produzidos por esta delegação

foi notícia de abertura do noticiário da RTP3 “24 Horas”, relativamente à

subcategoria temática “Justiça e Tribunais” sobre a detenção de 7 militares por

duas mortes nos comandos. Assim, quatro das sete notícias que ocuparam os

primeiros cinco lugares de destaque no alinhamento estão relacionadas com a

detenção dos 7 militares no caso dos comandos, sendo a subcategoria Justiça e

Tribunais, dos conteúdos produzidos pela delegação, o conteúdo que maior

destaque recebeu nos alinhamentos. O fenómeno pode ser explicado pelo

envolvimento do exército e pelas vítimas mortais em causa.

Porém, a categoria temática “Política” assume uma posição de destaque,

já que dois dos três conteúdos informativos produzidos pela delegação desta

categoria temática está entre as cinco primeiras posições do alinhamento.

Na subcategoria temática “Partidos políticos” as imagens enviadas do

discurso em Coimbra do Líder do PCP, Jerónimo de Sousa, foram o segundo

conteúdo de abertura do programa “3 às 11” e o duplex para o “Jornal 2” sobre

a aprovação do plano prioritário do Governo para o interior foi o 3º conteúdo

informativo de abertura deste noticiário (subcategoria Governo-Estado). Por fim,

as dívidas avultadas do sistema prisional português, noticiado no “3 às 10”, na

Conteúdos posicionados entre os cinco primeiros de

abertura de noticiários Programa Alinhamento

Categoria Temática

Subcategoria Temática

Tipo de Conteúdo

Líder do PCP, Jerónimo de Sousa, discursa em Coimbra

3 Às 11 2º Notícia Politica Partidos políticos Imagens

Presentes a tribunal os 7 militares detidos

3 Às 10 4ºnotícia Sociedade Justiça e Tribunais Imagens

7 Militares detidos por morte nos comandos

3 Às 14 3º Noticia Sociedade Justiça e tribunais DIRETO

7 Militares detidos presentes a juiz de instrução

24 Hora24s

1º Noticia Sociedade Justiça e tribunais Envio de

imagens (peça conjunta)

7 Militares detidos presentes a juiz de instrução

Jornal 2 2ºnoticia Sociedade Justiça e tribunais Envio de

imagens (peça conjunta)

Governo aprova plano prioritário para o Interior

Jornal 2 3ºnoticia Politica Governo (Estado) Duplex

Dividas avultadas do sistema prisional

3 Às 10 4º Noticia Economia Ordem e Segurança

interna Notícia

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72

subcategoria ordem e segurança interna, ocupou a quarta posição no

alinhamento.

Dos sete conteúdos produzidos pela delegação de Coimbra que

mereceram destaque, três resultaram da cooperação com o centro de Produção

de Lisboa – duplex (Jornal 2) e detenção dos sete militares por mortes nos

comandos para os programas 24 Horas e Jornal 2. Porém, quatro dos conteúdos

foram produto exclusivo de criação da delegação – discurso do líder do PCP

(envio de imagens do discurso de Jerónimo de Sousa), detenção dos sete

militares (direto/ imagens acompanhadas com voz off do pivot) e dívidas do

sistema prisional (notícia). Todavia, torna-se visível que nenhum dos conteúdos

foi destaque na abertura dos noticiários principais do canal 1 da estação pública

– Bom dia Portugal, Jornal da Tarde, Telejornal -, tendo estes apenas destaque

nos diversos blocos noticiosos da RTP3 (3às 10, 3 às 11, 3 às 14, 24 Horas) e RTP2

(Jornal2).

Conteúdos posicionados entre os Cinco últimos de noticiários

Programa Alinhamento Categoria Temática

Subcategoria Temática

Tipo de Conteúdo

Professor Universitário ensina obra De Bob Dylan

Jornal da Tarde Última notícia Sociedade Educação Notícia

Encontros de Magia Solidária 3 Às 14 Penúltima Cultura Artes e Espetáculos Notícia

Festival Caminhos Jornal 2/BDP Penúltima/Antepenúltima ma Cultura Artes e Espetáculos Duplex

Bênção dos capacetes Motards em Fátima

Jornal da Tarde Antepenúltima Sociedade Religião Direto

Sobreviventes de Cancro 3 Às 15 Antepenúltima Sociedade Saúde Notícia

Degradação Sec. José Falcão 3 Às 14 Antepenúltima Sociedade Educação Notícia

Líder do PCP, Jerónimo de Sousa, discursa em Coimbra

3 Às 14 4º Última Politica Partidos Políticos Imagens

Praxe académica em Coimbra 3 Às 15 5º Última Sociedade Educação Notícia

50 Anos do Código Civil Jornal 2 5º Última Política Festividades/Solenidades Duplex

Tapete Inovador de Redução Rodoviária

3 Às 15 5º Última Sociedade Tecnologia e Ciência Notícia

Por sua vez, também apenas um dos conteúdos informativos produzidos

por esta delegação ocupou a última posição do alinhamento no noticiário da

RTP3 “24 Horas”, relativamente à subcategoria temática “Educação” sobre o

Professor Universitário que ensinava a obra de Bob Dylan. A falta de destaque

do conteúdo no programa “Jornal da Tarde” pode ser explicado por assumir

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73

quase um papel de “fait-divers”, relativo ao Nobel da Literatura recentemente

entregue ao cantor.

A análise determina a falta de destaque a temas relacionados com

cultura, na subcategoria temática de Artes e Espetáculos, sendo que os dois

conteúdos produzidos pela delegação da RTP Coimbra – Festival Caminhos e

Encontros de Magia Solidária - ocupam a penúltima posição nos alinhamentos

dos blocos noticiosos.

Também a Política mereceu parco destaque quando respeita a

celebrações dos 50 anos do Código Civil (quinta última notícia do noticiário), bem

como as imagens do discurso de Jerónimo de Sousa (quarta última notícia) que,

curiosamente, mereceram destaque no alinhamento de outro noticiário

(segunda notícia de abertura no noticiário “3às 11). Um direto produzido pela

delegação para o “Jornal da Tarde” sobre a bênção dos capacetes em Fátima,

registou a antepenúltima posição do noticiário, tal como os conteúdos

“Sobrevivente de Cancro” (integrada na subcategoria temática saúde) e

“Degradação da Escola Secundária José Falcão” (integrada na subcategoria

temática educação). A praxe académica em Coimbra mereceu a quinta posição

final do alinhamento do noticiário “3 às 15” (subcategoria temática educação),

bem como a inovação de um tapete alternativo a lombas para redução de

velocidade rodoviária (subcategoria temática Tecnologia e Ciência).

Dos 10 conteúdos produzidos pela delegação de Coimbra que

mereceram escasso destaque, dois resultaram da cooperação com os Centros de

Produção de Lisboa e Porto (duplex dos 50 anos do Código Civil e do Festival

Caminhos) e os restantes oito são produto exclusivo de criação da delegação.

Os conteúdos catalogados de festividades ou artes e espetáculos ocupam

uma posição menos favorável, bem como a educação, religião e tecnologia e

ciência se comparados com justiça e tribunais, política (do Governo e Partidária)

e economia. Segundo Jespers (apud Brandão,2010:16,17) a hierarquização de

informações nos telejornais tende a ser construída de maneira a que terminem

“com informações-produtos sem utilidade real, mas que fazem parte da

comunicação agradável – resultados desportivos, notícias ligeiras ou fúteis (…),

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recordes estúpidos”. Porém para o autor “é no último minuto que deveria ser

colocada uma das informações mais importantes (..) pois são os grupos das

primeiras e últimas peças citadas no alinhamento do telejornal que são

memorizados” (ibidem).

Se prestarmos atenção aos conteúdos informativos prestados pela

delegação da RTP em Coimbra que ocuparam o último lugar – apenas um

conteúdo em análise fechou o alinhamento – reparamos que a condição

apresentava por Jespers se comprova, já que o conteúdo referente a “Professor

Universitário de Coimbra ensina obra de Bob Dylan” figura num produto sem

utilidade real com significação subjacente para a sociedade.

Mesmo atentando aos restantes conteúdos que integraram as últimas

posições no alinhamento verificamos que a situação é idêntica, tratando-se de

conteúdos de caráter mais leve e descontraído. O conteúdo informativo

produzido por esta delegação referente discurso do Líder do PCP, Jerónimo de

Sousa, que nos pode suscitar dúvidas por se incluir no âmbito político é também

uma informação sem utilidade real, tratando-se “de uma adaptação do discurso

político” (Brandão, 2010:18) “à lei mediática do espetáculo” (Le Paige apud

Brandão, 2010:18) uma vez que não se trata de uma atividade política em

específico, que pode alterar o funcionamento do quotidiano, mas de críticas

banais à oposição em forma de discursos tantas outras vezes ocorridos).

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A sociedade é a categoria temática que mais laboração exigiu à delegação

da RTP Coimbra, já que das 27 peças produzidas, 20 pertencem a essa categoria

temática. Esta categoria representa 74% de toda a produção de conteúdos

informativos da delegação da RTP Coimbra. Posteriormente e, apesar de uma

tremenda disparidade quantitativa de conteúdos informativos relativos ao

mundo da Política, esta é a categoria temática que apresenta mais conteúdos no

período analisado com 3 conteúdos produzidos, o equivalente a 11% de toda a

produção da delegação.

Os conteúdos referentes à categoria temática “Política” são os seguintes:

“Governo aprova plano prioritário para o interior do país”, um duplex realizado

com Helena Freitas, responsável por grupo de missão governamental para o

desenvolvimento do interior, a partir dos estúdios da RTP Coimbra para os

estúdios de Lisboa”; “Congresso para comemoração dos 50 anos do Código Civil

organizado pela Universidade de Coimbra”, um duplex com António Pinto

Monteiro, presidente da Comissão organizadora do Congresso; Discurso em

P O L I T I C A

E C O N O M I A

S O C I E D A D E

C U L T U R A

D E S P O R T O

3

2

20

2

0

CATEGORIAS TEMÁTICAS DE CONTEÚDOS PRODUZIDOS PELA DELEGAÇÃO DA RTP

COIMBRA

74 %

11 %

7 %

8 %

0 %

FIGURA 11

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Coimbra do Líder do PCP, Jerónimo de Sousa, com o apelo ao combate das

políticas de direita.

A escassa produção de conteúdos informativos de cariz político por parte

da Delegação de Coimbra pode ser explicada, sobretudo, pelo distanciamento

que possui de órgãos centrais políticos localizados em Lisboa e, por isso, tratados

maioritariamente pelo sede da RTP em Lisboa (que possui mais recursos

humanos e equipamento para cobertura destes eventos de forma mais eficaz).

A delegação da RTP Coimbra produz conteúdos informativos de cariz

político particularmente quando acontecimentos são deslocados da capital para

outras localidades ou distritos fora dos grandes centros urbanos. É desta forma

que a produção de notícias do âmbito político pela delegação da RTP Coimbra se

legítima como sendo pouco elevado, justificando-se, na maioria dos casos,

quando o presidente da República, primeiro-ministro ou representantes de

outros partidos ou outras personalidades célebres se deslocam às áreas de

intervenção deste centro da RTP na cidade de Coimbra.

A presença de conteúdos informativos do âmbito económico e cultural

é igual, sendo que cada uma das categorias regista dois conteúdos, o equivalente

a 7%/8% da produção dos conteúdos criados pela delegação. De cariz cultural,

os conteúdos produzidos são referentes ao Festival Caminhos do Cinema

Português, um duplex realizado com Vítor Pereira, diretor do festival, a partir dos

estúdios de Coimbra para o Jornal 2 em Lisboa e ainda uma peça sobre a Feira

do mel e da castanha na Lousã. De cariz económico foram registadas dois

conteúdos, apesar de circundarem o mesmo assunto: uma realizada apenas

pelos profissionais da delegação da RTP Coimbra e outra valendo-se da

cooperação com a RTP Lisboa - fenómeno de alguma frequência – sobre as

dívidas avultadas do sistema prisional português.

Quanto ao desporto, a delegação da RTP Coimbra geralmente não produz

conteúdos desportivos televisivos, apenas radiofónicos. Por esse motivo, não

foram encontrados conteúdos informativos desportivos durante o período de

análise estabelecido (os conteúdos realizados no âmbito desportivo ao nível do

estágio foram apenas de âmbito radiofónico). A frequência destes conteúdos é

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rara, apenas se justificando em eventos desportivos que tenham lugar em

Coimbra ou em áreas de intervenção territorial desta delegação.

Torna-se pertinente examinar também as subcategorias temáticas mais

frequentes presentes nos conteúdos produzidos por esta delegação.

Com o recurso à figura 12, é percetível que, dos 27 conteúdos produzidos,

há uma maior contribuição de conteúdos informativos catalogados para a

subcategoria temática “Educação”, equivalente a cinco registos, o que perfaz

19% de toda a produção em análise. Estes conteúdos inseridos na subcategoria

temática da educação respeitam a uma Escola Secundária degradada situada na

cidade de Coimbra (informação do âmbito local), o reajustamento de Notas

aquando a candidatura ao Ensino superior (informação do âmbito nacional), a

praxe académica em Coimbra (informação do âmbito regional/local), um

professor universitário que ensina nas suas aulas a obra de Bob Dylan

(informação de âmbito regional/local) e uma conferência organizada pela

0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5

Tecnologia e Ciência

Saúde

Ambiente

Tribunais e Justiça

Educação

Religião

Artes e espetáculos

Festividades/Solenidades

Ordem e Segurança Interna

Estado (Governo)

Partidos Políticos

SUBCATEGORIAS DOS CONTEÚDOS INFORMATIVOS NOTICIOSOS PRODUZIDOS PELA

DELEGAÇÃO DA RTP COIMBRA

4%

4%

4%

11%

15%

15%

19% 7%

7%

7%

7%

FIGURA 12

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Universidade de Coimbra acerca do Massacre de Santa Cruz, em Timor Leste

(informação de âmbito local/regional).

Posteriormente, a subcategoria temática “Tribunais e Justiça” e a

“Saúde” representam 15% da produção, equivalente a quatro conteúdos

informativos produzidos, o que patenteia estas categorias como as mais

frequentes na produção de conteúdos informativos da delegação depois da

educação.

No que respeita à subcategoria temática “Saúde” os conteúdos dizem

respeito a uma nova Unidade de Pediatria no Hospital de Coimbra, a 30 doentes

receberem tratamentos de Imunoterapia, a Sobreviventes de Cancro e a uma

cirurgia inovadora de Autotransplante de Fígado.

Por sua vez os conteúdos informativos integrantes à subcategoria

temática “Tribunais e Justiça” respeitam à detenção de sete militares e presença

ao juiz de instrução por envolvimento nas duas mortes de comandos (a matéria

regista a produção de três conteúdos informativos nesta subcategoria) e o

julgamento em tribunal de uma família que escravizou um homem em Évora.

A subcategoria “Tecnologia e Ciência” um lugar de destaque com 11% da

produção em conteúdos informativos. No total, a delegação produziu três

conteúdos informativos referentes a esta subcategoria que respeitam à criação

de um tapete inovador para redução de velocidade rodoviária, criação de

software para uma destacada missão a Marte pela empresa Critical Software e

Falhas no sinal da TDT na localidade de Vouzela, distrito de Coimbra.

Com menor destaque, surgem quatro subcategorias temáticas

equiparadas com a produção de dois conteúdos informativos para cada,

representado cada uma das mesmas 7% de toda a produção da delegação. As

subcategorias que ocupam este posicionamento são “Ordem e Segurança

Interna” (dois conteúdos referentes ao funcionamento do sistema prisional

português), a Festividades/Solenidades (referentes à Feira do mel e da Castanha

na Lousã e às Comemorações dos 50 anos do Código Civil), “Artes e Espetáculos”

(conteúdos referentes aos Encontros de Magia Solidária e ao Festival Caminhos

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do Cinema Português) e Religião (dois conteúdos referentes à bênção dos

capacetes de Motards em Fátima).

Com menor representatividade na produção de conteúdos informativos

em análise produzidos por a delegação instalada em Coimbra posicionam-se as

subcategorias temáticas “Ambiente” (conteúdo referente a edificação de uma

pista ecológica), “Estado- Governo) ” (conteúdo referente à aprovação de um

plano que providencia prioridade ao interior) e “Partidos Políticos (conteúdo

referente ao discurso do líder do Partido Comunista Português, Jerónimo de

Sousa, apelando ao combate de políticas de direita), segmentos que totalizam a

realização de um conteúdo para cada, equivalente a 4% da produção da

totalidade dos conteúdos da delegação da RTP Coimbra.

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Antes da concretização e produção dos conteúdos noticiosos, há outras

tarefas fundamentais a concretizar. Os profissionais da delegação da RTP

Coimbra e os profissionais de outras delegações e dos Centros de Produção de

Lisboa e Porto estão em permanente contacto para o sucesso no planeamento

de tarefas e a sua posterior concretização. É em reuniões semanais de

planeamento, habitualmente entre Coimbra e os coordenadores de programas

noticiosos, que são definidos muitos dos conteúdos necessários a produzir por

esta delegação da RTP. Contudo, o contato mantêm-se através de uma agenda

digital acessível a todas as delegações e Centros de Produção e, é através dessa

plataforma, para além do planeamento em reuniões semanais, que é pedido a

produção de conteúdos aos profissionais de Coimbra.

O gráfico 13 demonstra que 89% dos conteúdos produzidos, isto é, 24

dos 27 conteúdos produzidos por Coimbra neste estudo empírico, são pedidos

que chegam de Lisboa e Porto através dessas múltiplas formas de contato

anteriormente referidas (reuniões de planeamento, agenda digital, contato

telefónico). Apesar da total liberdade para os profissionais apresentarem

sugestões para a criação de conteúdos, a dependência da agenda é morosa e

evidencia-se elevada comparativamente aos conteúdos propostos por Coimbra.

Apenas 11% dos conteúdos informativos em análise foram proposta da

Delegação, equivalente a três conteúdos em 27 analisados.

3

24

0 5 10 15 20 25 30

SUGERIDO

PEDIDO

Conteúdos pedidos à RTP Coimbra e sugeridos pela Delegação

89%

11%

FIGURA 13

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CONCLUSÃO

A Delegação da RTP Coimbra assume um papel efetivo junto dos

portugueses, nomeadamente à população da zona centro do país, dando voz a

essas pessoas e, desta forma, atuando enquanto serviço público chegando aos

grandes centros urbanos mas também às pequenas aldeias.

A delegação avoca um jornalismo de proximidade que potencia a

visibilidade das áreas de intervenção pelas quais é responsável. É certo que a

delegação, apesar de ter a seu cargo outras áreas de intervenção, como Leiria

por exemplo, produziu significativamente (ao que reporta ao período de estágio)

mais conteúdos informativos sobre Coimbra.

Durante o período em análise, a terceira semana de cada mês de estágio,

a delegação da Rádio e Televisão de Portugal produziu 27 conteúdos noticiosos.

Depois da elaboração e análise do estudo empírico, é possível retirar

algumas ilações conclusivas. Assim, os 27 conteúdos televisivos produzidos por

esta delegação foram emitidos 57 vezes, isto é, 27 vezes (equivalente a 47%) em

blocos noticiosos do canal 1, 26 vezes (equivalente a 46%) em blocos noticiosos

no canal 3 e quatro vezes para o canal 2 (equivalente a 7%) da estação televisiva

pública portuguesa.

O estudo empírico determinou que foi o programa Bom dia Portugal –

noticiário matutino transmitido simultaneamente no canal 1 e 3 da estação

pública – que contou com mais conteúdos informativos produzidos pela

delegação de coimbra no alinhamento, totalizando no seu programa 12 dos 27

conteúdos.

O tipo de conteúdo produzindo foi, maioritariamente as peças finalizadas

– notícias -, representando 52% de toda a produção em análise. Quanto à posição

que os conteúdos assumem no alinhamento dos telejornais, é visível que o

número de conteúdos que abriram, nos cinco primeiros lugares de destaque, o

bloco noticioso é o mesmo do número de conteúdos que abriu os noticiários pós

intervalo. Porém se considerarmos as últimas cinco posições no alinhamento dos

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noticiários, o número de conteúdos produzidos pela delegação é superior,

representando 32% da produção face aos conteúdos de abertura (25%).

A categoria temática mais presente nos conteúdos informativos de

coimbra é, sem sombra de dúvida, Sociedade, a representar 74% de toda a

produção, sendo, por outro lado, o desporto a categoria desvalorizada na

produção desta delegação (não contabiliza nenhum conteúdo).

Uma diferença também substancial quando referidos os conteúdos

solicitados à delegação – principalmente pelos Centros de Produção de Lisboa e

Porto –, equivalente a 89% dos conteúdos produzidos, isto é, 24 dos 27

conteúdos em análise.

A análise foi consumada através de observação direta dos blocos

noticiosos disponíveis online, no “RTP PLAY”, num total de quatro telejornais

examinados na RTP1, nove telejornais examinados na RTP3 e um telejornal

examinado na RTP2.

Contudo, a produção de conteúdos pela delegação em Coimbra da RTP é

limitado pela notada falta de recursos humanos que, ao longo dos anos, têm

vindo a sofrer uma diminuição nos dois meios, tanto na rádio como em televisão.

Em televisão faltam principalmente operadores de imagem e em rádio o número

de trabalho tem vindo a decrescer exponencialmente, não havendo condições,

esporadicamente, para prestar cobertura a todos os acontecimentos até com

alguma significância noticiosa.

O estágio correspondeu às expetativas, numa perspetiva de

aprendizagem de produção de conteúdos e de rotinas jornalísticas. O estagiário

não tem permissão para dar a sua voz aos conteúdos televisivos que produz e as

suas peças não chegam a ser emitidas. Porém, todo o restante processo de

produção de conteúdos é permitido, havendo alguma liberdade e essencial

autonomia concedida ao aprendiz que, tal como no mundo jornalístico, deve ser

autónomo e independente.

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ANEXO(S)

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Anexo 1

Anexo 2

Diário de Campo

Semana I

19 Setembro (Segunda-feira)

MANHÃ E TARDE/ REDAÇÃO: Primeiro contacto com o local de estágio. Leitura dos

jornais nacionais e regionais recebidos na delegação. Conhecimento das instalações e

primeiros contactos com os jornalistas e todos os restantes trabalhadores da delegação.

20 Setembro (Terça-feira)

MANHÃ/ REDAÇÃO: Leitura dos jornais nacionais e regionais recebidos na delegação.

Preparação da primeira saída ao exterior: preparação das entrevistas e do que se

tratava.

TARDE/ EXTERIOR: Primeira saída ao exterior com o jornalista Paulo Rolão e o repórter

de imagem Cláudio Calhau (RTP) para fazer uma peça televisiva. O objetivo era fazer

notícia sobre o evento de magia solidária que tinha como palco o Centro Hospital

Universitário de Coimbra, inserido na 20º Edição dos Encontros mágicos em Coimbra

ANEXO 1: INFORMAÇÃO LIDERA OFERTA

PROGRAMÁTICA DOS CANAIS GENERALISTAS PORTUGUESES

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(organizado pelo mágico Luís de Matos).Entrevistas doentes que estavam a assistir ao

espetáculo, visitantes e mágicos. Fiz as primeiras entrevistas para televisão no estágio.

21 Setembro (Quarta-feira)

MANHÃ E TARDE/ REDAÇÃO: Explicação do funcionamento dos programas utilizados

na RTP quer para vídeo (televisão) quer para o som (Rádio). Para a Rádio são

frequentemente utilizados o Audicity – que permite a eliminação de canais de som – e

o Dalet Plus – programa utilizado para construção e edição de peças radiofónicas e que

se encontra instalado em todos os computadores da delegação. Quanto à televisão, o

programa utilizado para edição de peças é o Edios7, onde o repórter Cláudio Calhau me

explicou as funções principais de edição e do que o programa permitia fazer.

Fui para uma das ilhas de edição/montagem com o jornalista Paulo Rolão para rever as

minhas entrevistas realizadas no Centro Hospital Universitário de Coimbra. O jornalista

explicou o que tinha feito bem e os aspetos a melhorar:

-Não ser precipitada e esperar pela conclusão da fala do entrevistado para colocar uma

nova pergunta

- Perguntar de início ou no final o nome no hospital e o cargo (quando se justifica) para

ficar registado em imagem e facilitar à posterior a identificação dos entrevistados.

22 Setembro (Quinta-feira)

MANHÃ / EXTERIOR: Saída com o jornalista Álvaro Coimbra e o repórter Cláudio Calhau

(RTP) até à Praça da República, em Coimbra. O objetivo era fazer uma peça televisiva

sobre a praxe académica em Coimbra, os seus costumes e verificar se haviam excessos

dos superiores. Entrevista com caloiras e superiores de psicologia e de geografia.

TARDE / EXTERIOR: Saída com o jornalista Álvaro Coimbra e o repórter Cláudio Calhau

(RTP) até à Praça da República para entrevistar o Presidente da Associação Académica

de Coimbra, José Dias. Regresso à redação e início da escrita dos offs sobre a praxe

académica.

23 Setembro (Sexta-feira)

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MANHÃ E TARDE / REDAÇÃO: Leitura dos jornais regionais e nacionais. Visionamento

da peça final sobre a praxa académica em Coimbra realizada por Álvaro Coimbra e o

repórter de imagem Cláudio Calhau. Continuação da escrita dos offs sobre a minha peça

televisiva sobre a praxe académica de Coimbra; Escolha dos vivos a utilizar e dos planos.

Semana II

26 Setembro (Segunda-feira)

MANHÃ /EXTERIOR: Saída com o jornalista Joaquim Reis (Antena 1), Álvaro Coimbra e

o repórter de imagem Cláudio Calhau (RTP) até Cantanhede. A intenção era fazer uma

peça sobre as compotas que os Bombeiros Voluntários estavam a fazer para vender,

resultado dos excedentes de fruta do verão doados pela população em época de

incêndios. Captação de imagens, entrevista ao presidente da Associação Humanitária

dos Bombeiros Voluntários de Cantanhede, Adérito Machado, e ao comandante dos

Bombeiros de Cantanhede, José Oliveira.

TARDE/ REDAÇÃO: Escrita dos offs para uma peça radiofónica minha sobre a compotas

feitas pelos Bombeiros Voluntários de Cantanhede. Seleção dos RM´s.

Acompanhamento com o jornalista em estúdio para gravação da peça final e

ambientação com os estúdios. Conclusão da edição na redação. Fiz também o mesmo

processo par uma peça televisiva (edição nas semanas seguintes)

27 Setembro (Terça-feira)

MANHÃ E TARDE /REDAÇÃO: Leitura de jornais regionais e nacionais. Seleção de sete

notícias da ordem do dia destacadas na Agência Lusa para construção de um noticiário

radiofónico (noticiário nº1). Construção de sete lançamentos e respetivas notícias.

28 Setembro (Quarta-feira)

MANHÃ /REDAÇÃO: Leitura de jornais nacionais e regionais. Pesquisa de informação

acerca da saída ao exterior à tarde. Discussão com o jornalista e repórter de imagem

sobre a forma e conteúdo a dar à peça. Contacto e agendamentos com os

intervenientes.

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TARDE/EXTERIOR: Saída com o jornalista Joaquim Reis (Antena 1) e o repórter de

imagem Cláudio Calhau para fazer uma peça televisiva sobre os estudantes de

Guineenses que dormiam já há duas noites juntos à Câmara Municipal de Penacova em

forma de protesto pelas condições de alojamento no Mosteiro do Lorvão, onde residiam

enquanto estudavam em Portugal.

Apesar do jornalista Joaquim Reis ter feito uma peça radiofónica sobre o assunto no dia

anterior e entrevistado 2 estudantes, neste dia os estudantes não quiseram ser

entrevistados e, por isso, a peça televisiva acabou por não se concretizar.

29 Setembro (Quinta-feira)

MANHÃ /EXTERIOR: Acompanhamento de entrevista de Paulo Rolão (acompanhado do

repórter de imagem Cláudio Calhau – RTP) no cenário exterior da RTP a um professor

universitário formado em segurança para comentar a fuga de um emigrante ilegal

argelino do aeroporto de Lisboa.

Envio da entrevista em bruto para integrar uma peça televisiva sobre a fuga de um

imigrante ilegal do aeroporto de Lisboa, onde fazia escala em Lisboa para o seu voo.

TARDE/REDAÇÃO: Leitura dos jornais do dia. Construção da minha peça radiofónica

acerca do protesto dos estudantes Guineenses junto à Câmara Municipal de Penacova.

Escrita dos offs, escolha dos RM´s recolhidos por Joaquim Reis quando fez a peça para

os noticiários da Antena 1. Gravação da peça e edição dos sons.

30 Setembro (Sexta-feira)

FALTEI por motivos de entrega de documentos para inscrição da componente não-letiva

na faculdade Nova de Lisboa - dia compensado no final do estágio)

Semana III

3 Outubro (Segunda-feira)

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MANHÃ E TARDE/REDAÇÃO: Gravação do noticiário nº2 em estúdio com

acompanhamento do coordenador de estágio Pedro Ribeiro. Correções na colocação da

voz, nas pausas para respiração e na leitura demasiado rápida e conturbada. Sugestão

do coordenador para treinar em estúdio nos tempos mais livres de trava línguas para

treinamento da dição e leitura sem enganos.

TARDE /REDAÇÃO:

4 Outubro (Terça-feira)

MANHÃ/EXTERIOR: Saída com o jornalista Joaquim Reis (Antena 1) e o repórter de

imagem Cláudio Calhau para entrevistar Manuel Machado, presidente da Associação

Nacional de Municípios Portugueses após uma reunião para discutir a situação da

atribuição dos fundos europeus a projetos portugueses.

Jornalista de rádio, Joaquim Reis, fez peça para noticiários da Antena 1 e as imagens da

entrevista foram enviadas para a RTP em Lisboa.

TARDE/REDAÇÃO: Escrita dos offs para peça acerca da saída ao exterior da parte da

manhã. Seleção dos RM´s mais importantes de Manuel Machado.

5 Outubro (Quarta-feira)

FERIADO Nestes casos apenas se encontra na delegação uma equipa de serviço, isto é,

um jornalista de televisão, um repórter de imagem e um jornalista de rádio.

6 Outubro (Quinta-feira)

MANHÃ /EXTERIOR: Saída com o jornalista Álvaro Coimbra e o repórter de imagem

Pedro Teodoro (RTP) para entrevistar a presidente da Sociedade Portuguesa de

Oncologia.

Envio da entrevista para a congénere Lisboa para integrar uma peça sobre o atraso nas

cirurgias a doentes oncológicos.

TARDE / REDAÇÃO: Com a entrevista para televisão Gabriela Sousa, presidente da

Sociedade Portuguesa de Oncologia, fiz uma peça para rádio. Escolha dos RM´s mais

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pertinentes; pesquisa de informação sobre os atrasos nas cirurgias em sites de

comunicação social; escrita dos offs, gravação e edição da peça no programa Dalet.

7 Outubro (Sexta-feira)

MANHÃ /EXTERIOR: Saída com o jornalista Horácio Antunes (Antena 1), o jornalista

Paulo Rolão e o repórter de imagem Cláudio Calhau ao Grande Auditório do Centro de

Congressos do Convento de São Francisco para fazer uma peça radiofónica e televisiva

sobre o encontro de Professores “O professor de hoje e os desafios de amanhã”.

Comunicações do professor David Rodrigues, Licínio Lima, Inspetor José Calçada e

secretário-geral da FENPROF, Mário Nogueira. Entrevista final a Mário Nogueira depois

do encontro.

TARDE / REDAÇÃO E EXTERIOR: Escrita da peça radiofónica sobre o Encontro de

professores “O professor de hoje e os desafios de amanhã”: escrita dos offs, escolha dos

RM´s a utilizar. Saída com o jornalista Horácio Antunes até ao Estádio Municipal de

Aveiro para ir à conferência de imprensa do jogo Portugal – Andorra. Discurso do

treinador do Andorra.

Semana IV

10 Outubro (Segunda-feira)

MANHÃ E TARDE /REDAÇÃO: Leitura de jornais regionais e nacionais. Seleção de sete

notícias da ordem do dia destacadas na Agência Lusa para construção de um noticiário

radiofónico (noticiário nº2). Construção de sete lançamentos e respetivas notícias.

11 Outubro (Terça-feira)

MANHÃ E TARDE/ REDAÇÃO: Leitura dos jornais regionais e nacionais. Escrita na notícia

radiofónica da Antevisão ao jogo a contar para o campeonato Europeu entre Portugal-

Andorra. Escrita dos offs, gravação em estúdio e finalização da edição na redação.

12 Outubro (Quarta-feira)

MANHÃ E TARDE /EXTERIOR: Saída com o jornalista Horácio Antunes (Antena 1) até ao

Candal, São Pedro do Sul e Arouca. O objetivo era acompanhar as buscas da Policia

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Judiciária para localizar o fugitivo Pedro Dias, suspeito dos crimes ocorridos em Aguiar

da Beira.

O jornalista da Antena 1, Horácio Antunes, entrou em direto no noticiário das 19h para

relatar os desenvolvimentos da investigação no terreno e fazer o ponto da situação

(suspensão das buscas e desmobilização de grande parte dos meios no local). Entrevista

à noite ao Major Pedro Gonçalves, responsável pela comunicação à imprensa.

13 Outubro (Quinta-feira)

MANHÃ E TARDE /REDAÇÃO: Leitura dos jornais nacionais e regionais.

Acompanhamento da construção da peça radiofónica e auxílio na escolha dos RM´s e a

escrever o texto a passar nos noticiários desse dia, feito pelo jornalista Horácio Antunes

acerca das buscas para encontrar Pedro Dias. Ao longo da tarde, procedi à construção

da minha própria peça sobre o mesmo assunto, acompanhado no terreno no dia

anterior. Escolha dos RM´s (seleção) e escrita dos offs. Depois da verificação e correção

dos erros, procedi à gravação da peça no estúdio radiofónico e à edição final.

14 Outubro (Sexta-feira)

MANHÃ /EXTERIOR: Saída com o jornalista Horácio Antunes (Antena 1), o jornalista

Álvaro Coimbra e o repórter de imagem Cláudio Calhau (RTP) até ao Exploratório de

Ciência Viva em Coimbra. O objetivo era fazer uma peça radiofónica acerca do projeto

“Sair da Casca”, uma chocadeira de pintos que permitia às famílias assistir ao

nascimento destes animais ao vivo. Realização de entrevistas ao diretor do exploratório,

Paulo Trincão e à assistente da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão

Deficiente Mental, Helena Albuquerque.

TARDE/REDAÇÃO: Gravação do noticiário nº2 em estúdio com acompanhamento do

coordenador de estágio Pedro Ribeiro. Correções na colocação da voz e melhorias

acentuadas após a gravação e treinamento de trava-línguas. Correções na construção

dos lançamentos.

Semana V

17 Outubro (Segunda-feira)

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MANHÃ/REDAÇÃO: Escrita dos offs para a peça “Projeto Sair da Casca”, presente no

Exploratório de Ciência Viva em Coimbra. Escolha dos vivos a utilizar na peça televisiva

e respetivos timelines. Escolha das imagens para pintar a peça.

TARDE/EXTERIOR: Saída com o jornalista Horácio Antunes em reportagem para a

Antena 1 até ao Salão Brasil, no centro histórico de Coimbra. A peça radiofónica

pretendia dar a conhecer os sete concertos de jazz, com nomes nacionais e

internacionais, a ter lugar no Salão Brasil e no Convento de São Francisco, em Coimbra.

18 Outubro (Terça-feira)

MANHÃ/REDAÇÃO: Edição da peça do dia anterior no programa Dalet Plus. Edição do

RM´s de José Miguel Pereira, diretor do festival de jazz e diretor do Jazz ao centro clube,

gravação dos offs em estúdio e adição de efeitos musicais.

TARDE/ REDAÇÃO: Entrevista no estúdio da Antena 1 a Ferreira Nunes, um dos

candidatos à presidência na Associação de Futebol de Coimbra. Preparação anterior em

estúdio da entrevista com o jornalista Horácio Antunes. Contacto telefónico com o outro

candidato – de seu nome também Horácio Antunes - para agendar entrevista.

19 Outubro (Quarta-feira)

MANHÃ/REDAÇÃO: Leitura dos jornais nacionais e regionais. Preparação da entrevista

a Horácio Antunes: elaboração de pergunta e pesquisa de informação.

TARDE/ EXTERIOR: Saída com o jornalista Horácio Antunes até à Associação de Futebol

de Coimbra, em Taveiro. O objetivo era entrevistar o outro o candidato à presidência da

Associação, Horácio Antunes, para concluir a reportagem (a entrevista foi na Associação

já que Horácio Antunes era o atual presidente da Associação e iria candidatar-se a um

novo mandato).

20 Outubro (Quinta-feira)

MANHÃ E TARDE /REDAÇÃO: Avaliação das entrevistas feitas aos dois candidatos e

acompanhamento em estúdio da construção da reportagem sobre os candidatos à

presidência da Associação de Futebol de Coimbra, realizada por o jornalista Horácio

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Antunes. Construção da minha reportagem com os dois candidatos – escrita do texto,

gravação e edição dos RM´s e da gravação dos offs. Edição final da peça visionamento e

correções do jornalista.

21 Outubro (Sexta-feira)

MANHÃ/ EXTERIOR: Saída com o jornalista Álvaro Coimbra e o repórter de imagem

Cláudio Calhau (RTP) para entrevistar Stephen Wilson, professor da Universidade de

Coimbra que estuda e ensina a obra de Bob Dylan. O objetivo era fazer uma peça

televisiva com uma entrevista para falar do facto do cantor ter vencido o Nobel da

Literatura. Entrevista e captação de imagens.

TARDE/REDAÇÃO: Escrita do offs sobre a saída durante a manhã. O texto foi escrito mas

não foi gravado nem a peça chegou a ser editada e construída no programa Edius7 por

falta de disponibilidade, uma vez que a edição de peças televisivas têm de ser

obrigatoriamente acompanhadas por um repórter de imagem (o estagiário tinha de

gerir a construção das suas peças em função dessa mesma disponibilidade e, por vezes,

por força de ou horários, não era possível). Visionamento da peça final televisiva feita

pelo jornalista e repórter de imagem.

Semana VI

24 Outubro (Segunda-feira)

MANHÃ/ REDAÇÃO: Leitura dos jornais regionais e nacionais. Preparação da peça para

a tarde: pesquisa de informação sobre a loja social da Mealhada. Investigação de

notícias feitas em sites de jornais locais e regionais.

TARDE/ EXTERIOR: Saída com o jornalista Horácio Antunes (Antena 1) até à Loja Social

da Mealhada promovida pela Câmara Municipal daquela localidade. Recolha de

entrevistas e de sons para construção de uma peça radiofónica. Regresso à redação para

escrita e gravação da peça.

25 Outubro (Terça-feira)

MANHÃ/ EXTERIOR: Saída com o jornalista Horácio Antunes (Antena 1), Paulo Rolão e

o repórter de imagem Paulo Oliveira (RTP) para conferência da Polícia Judiciária acerca

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de uma operação realizada ao início da manhã ao Bairro do Ingote. Recolha de dados

para peça radiofónica.

TARDE / REDAÇÃO: Conclusão da edição da peça da Loja Social da Mealhada (escolha

dos RM´s a utilizar e dos sons recolhidos no exterior). Acompanhamento e auxílio na

construção da peça radiofónica - escrita do texto e escolha dos RM´s a utilizar - sobre o

mesmo assunto realizada pelo jornalista Horácio Antunes.

26 Outubro (Quarta-feira)

MANHÃ E TARDE/ REDAÇÃO: Seleção de sete notícias da ordem do dia destacadas na

Agência Lusa para construção de um noticiário radiofónico (noticiário nº3). Construção

de sete lançamentos e respetivas notícias e gravação no estúdio do noticiário. Após a

gravação, o coordenador procedia às devidas correções, nomeadamente prestar

atenção às pausas na respiração.

27 Outubro (Quinta-feira)

MANHÃ / REDAÇÃO: Finalização da pela televisiva acerca das compotas solidárias feitas

pelos Bombeiros Voluntários de Cantanhede. Escolha dos planos, correções no offs que

davam voz à peça e nova gravação. Visualização final da peça. Sugestões e dicas do

repórter de imagem Cláudio Calhau acerca de noções básicas sobre o texto para TV e a

escolha dos planos.

TARDE / EXTERIOR: Saída ao final de com o coordenador de estágio Pedro Ribeiro para

assistir ao programa da RTP2 apresentado por João Fernando Ramos em direto da Lousã,

local onde durante a tarde tinha ocorrido o conselho de ministros para discutir o reforço

da vigilância das florestas. Acompanhamentos das dinâmicas de um direto.

28 Outubro (Sexta-feira)

MANHÃ E TARDE/ REDAÇÃO: Leitura de jornais regionais e nacionais. Início da peça do

Bairro do Ingote. Escrita do texto, correções do mesmo feitas pelo jornalista Horácio

Antunes e posterior gravação e montagem da peça radiofónica.

Semana VIII

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31 Outubro (Segunda-feira)

(ponte de feriado da delegação. Dia compensado no final do estágio, dia 16 de

dezembro)

1 Novembro (Terça-feira)

FERIADO Nestes casos apenas se encontra na delegação uma equipa de serviço, isto é,

um jornalista de televisão, um repórter de imagem e um jornalista de rádio.

2 Novembro (Quarta-feira)

MANHÃ E TARDE/ REDAÇÃO: Leitura de jornais regionais e nacionais. Preparação de

uma reportagem acerca da construção da casa de talentos e loja do Cidadão em Miranda

do Corvo, projetos incluídos no Orçamento desse município. Preparação de entrevistas.

Pesquisa e recolha de informação nos jornais nacionais/locais e sites de media.

3 Novembro (Quinta-feira)

MANHÃ E TARDE/ REDAÇÃO: Leitura de jornais nacionais e regionais. Edição na ilha de

montagem da peça televisiva acerca das compotas confecionadas pelos Bombeiros de

Cantanhede. Acompanhada pelo repórter de imagem Cláudio Calhau, gravei os offs no

microfone da ilha, escolhi os planos (imagens que iriam pintar a peça) e os vivos e

respetivos timelines. (peças televisivas editas dependendo da disponibilidade dos

repórteres de imagem). Elaboração de lista acerca de alguns constrangimentos

constatados da delegação de Coimbra.

4 Novembro (Sexta-feira)

MANHÃ/ REDAÇÃO: Leitura de jornais regionais e nacionais. Preparação de eventuais

pergunta para colocar ao treinador do Arouca, Lito Vidigal, na antevisão do jogo a que

iriamos assistir no período da tarde.

TARDE/EXTERIOR: Saída com o jornalista Horácio Antunes (Antena 1) até ao Estádio do

Arouca para cobrir a conferência de imprensa de antevisão ao jogo Sporting-Arouca a

realizar-se no dia 6 novembro. Recolha de sons do treinador do Arouca Lito Vidigal e

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entrada em Direto do jornalista Horácio Antunes no noticiário da Antena 1. Envio dos

RM´s já selecionados para Lisboa. Regresso à redação para construção do texto sobre o

encontro entre Sporting-Arouca.

Semana VIII

7 Novembro (Segunda-feira)

MANHÃ E TARDE/EXTERIOR: Saída com o jornalista Horácio Antunes (Antena 1), o

jornalista Paulo Rolão e o repórter de imagem Pedro Teodoro (RTP) para Viseu. O

objetivo era fazer uma peça televisiva e radiofónica sobre a antecipação à inauguração

do novo centro da IBM (Internacional Business Machines) em Viseu. Recolha de Imagens

e entrevistas à diretora de marketing do novo centro e ao presidente da IBM Portugal,

António Raposo.

8 Novembro (Terça-feira)

MANHÃ E TARDE/EXTERIOR: Saída com o jornalista Horácio Antunes (Antena 1), o

jornalista Paulo Rolão e o repórter de imagem Pedro Teodoro (RTP) para Viseu. O

objetivo era fazer uma peça televisiva e radiofónica sobre a inauguração do novo centro

da IBM (Internacional Business Machines) em Viseu. Recolha de Imagens e dos discursos

do presidente da IBM Portugal, António Raposo, do presidente da Camara Municipal de

Viseu, Almeida Henriques, e do Presidente da República, Marcelo Rebelo Sousa. Um

Direto para a rádio com sons dos entrevistados selecionados. Selecionei os aspetos mais

importantes do discurso do primeiro-ministro para o jornalista Horácio Antunes

sublinhar no direto. Visita do Presidente da República ao Museu Grão Vasco, Santa Casa

da Misericórdia e regimento da Infantaria nº14, em Viseu.

9 Novembro (Quarta-feira)

MANHÃ E TARDE/REDAÇÃO: Leitura de jornais regionais e nacionais. Escrita do texto

de inauguração ao centro da IBM em Viseu. Correções dos offs por parte do jornalista

que acompanhei. Acompanhamento da peça televisiva.

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10 Novembro (Quinta-feira)

MANHÃ/ REDAÇÃO: Gravação da peça radiofónica sobre a inauguração do centro da

IBM e finalização de edição. Conclusão da peça da Antevisão ao jogo Sporting-Arouca –

gravação do texto em estúdio e edição dos RM´s e dos offs.

TARDE/EXTERIOR: Saída com o jornalista Horácio Antunes (Antena 1) e o repórter de

imagem Paulo Oliveira até à Mata do Buçaco onde o cantor José Cid iria plantar uma

árvore acompanhado da sua mulher, Gabriela Carrascalão, num cenário onde seria

recriado o regresso do Rei D. Sebastião pelo coro Coimbra Gospel Choir e pelo Teatro

Viv´Arte. Recolha de entrevistas e gravação dos sons da encenação.

O jornalista Horácio Antunes fez uma peça para rádio mas também pata televisão.

11 Novembro (Sexta-feira)

MANHÃ / EXTERIOR: Saída com o jornalista Joaquim Reis (Antena 1) e o jornalista Álvaro

Coimbra e repórter de imagem Cláudio Calhau (RTP) ao Exploratório de Ciência Viva em

Coimbra. O objetivo era fazer uma peça radiofónica a televisiva acerca da nova

exposição de contos infantis que o Exploratório de Coimbra tinha recebido. Recolha das

entrevistas com o diretor do exploratório e a diretora da exposição. Regresso à redação

para construção da peça – escrita, gravação e edição dos RM´s e dos sons gravados na

exposição.

TARDE/REDAÇÃO: Escrita da peça da visita de Marcelo Rebelo de Sousa ao centro da

IBM, Museu Grão Vasco, Santa Casa da Misericórdia e Regimento da Infantaria. Escolha

dos RM´s e edição da peça radiofónica no Dalet Plus.

Semana IX

14 Novembro (Segunda-feira)

MANHÃ E TARDE/ REDAÇÃO: Leitura dos jornais nacionais e regionais. Conclusão da

escrita dos offs para peça da plantação de uma árvore por José Cid na Mata do Buçaco.

Gravação do texto em estúdio. Adição de partes musicais da autoria do cantor. Escolha

dos RM´s a utilizar de José Cid e António Gravato, presidente da mata do Buçaco. Adição

de sons conseguidos no exterior.

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15 Novembro (Terça-feira)

MANHÃ E TARDE/ REDAÇÃO: Seleção de sete notícias da ordem do dia destacadas na

Agência Lusa para construção de um noticiário radiofónico (noticiário nº4). Construção

de sete lançamentos e respetivas notícias.

16 Novembro (Quarta-feira)

MANHÃ/ EXTERIOR: Saída com o jornalista Horácio Antunes (Antena 1), Álvaro Coimbra

e o repórter de imagem Paulo Oliveira (RTP) até ao Centro Hospital Universitário de

Coimbra. O objetivo era fazer uma peça televisiva e radiofónica acerca de uma cirurgia

inovadora na área do auto transplante de fígado. Conferência com o médico Emanuel

Furtado.

TARDE/REDAÇÃO E EXTERIOR: Escrita e gravação dos offs para peça dos transplantes

Hepáticos. Escolha dos RM´s e devidas correções por parte do jornalista Horácio

Antunes. Edição da minha peça. Acompanhamento da peça radiofónica do jornalista e

auxílio na escrita dos offs da peça do mesmo.

17 Novembro (Quinta-feira)

MANHÃ/ REDAÇÃO E EXTERIOR: Saída com Horácio Antunes (Antena 1) e Álvaro

Coimbra e o repórter de imagem Pedro Teodoro (RTP) ao Teatro Académico Gil Vicente,

em Coimbra, para entrevistar o diretor do Festival Caminhos do Cinema Português, Vítor

Pereira.

TARDE/REDAÇÃO: Escrita dos offs e gravação dos mesmos em estúdio. Edição da peça

radiofónica sobre o Festival Caminhos do Cinema Português. Corte dos RM´s e escolha

de partes sonoras dos filmes integrantes do festival para adicionar e completar a peça

radiofónica. Acompanhamento em estúdio da peça final do jornalista.

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18 Novembro (Sexta-feira)

MANHÃ E TARDE/REDAÇÃO: Leitura dos jornais nacionais e regionais. Término do

noticiário com início na segunda-feira. Gravação do mesmo no estúdio com o

coordenador Pedro Ribeiro. Atenção: Leitura mais pausada e não confundir o ouvinte

com números e percentagens em excesso. Melhorias no texto (lançamentos e notícias.

Semana X

21 Novembro (Segunda-feira)

MANHÃ E TARDE/ REDAÇÃO: Seleção de sete notícias da ordem do dia destacadas na

Agência Lusa para construção de um noticiário radiofónico (noticiário nº5). Construção

de sete lançamentos e respetivas notícias e gravação no estúdio do noticiário. Após a

gravação, o coordenador procedia às devidas correções, nomeadamente prestar

atenção às pausas na respiração.

22 Novembro (Terça-feira)

MANHÃ/ REDAÇÃO: Leitura dos jornais nacionais e regionais. Pesquisa e recolha de

informação acerca do “serviço” da tarde.

TARDE/EXTERIOR: Saída com o jornalista Horácio Antunes (Antena 1), Paulo Rolão e o

repórter de imagem Pedro Teodoro à Quinta da Conraria, em Coimbra, para fazer uma

reportagem televisiva e radiofónica sobre os ensaios da peça designada “Cinema

Mudo”.

23 Novembro (Quarta-feira)

MANHÃ/ REDAÇÃO: Construção do texto sobre o Cinema Mudo, organizado pela Quinta

da Conraria e protagonizado pelos utentes da Associação de Paralisia Cerebral de

Coimbra. Escolha dos RM´s a utilizados: Adriana Campos (orientadora do projeto),

Mariana Nunes (professora de teatro), Paulo Ferreira (realizador do projeto),

TARDE/EXTERIOR: Saída com o jornalista Horácio Antunes (Antena 1), Álvaro Coimbra

e o repórter de imagem Cláudio Calhau (RTP) para fazer peça televisa. O objetivo era

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cobrir a visita do primeiro-ministro, António Costa, ao Instituto Pedro Nunes (empresas

integradas como Take The Wind e Perceive 3D) e à empresa Critical Software, uma

iniciativa integrada na “agenda mais crescimento”.

24 Novembro (Quinta-feira)

MANHÃ E TARDE/ REDAÇÃO: Gravação do texto radiofónico sobre o Cinema Mudo no

estúdio e adição de fragmentos sonoros retirados dos ensaios que embelezam e

completam a peça radiofónica enquanto estímulo musical no programa Dalet.

Gravação em estúdio de offs para edição de uma peça com entrevista Manuel Machado,

presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, acerca da aceleração e

aplicação de fundos europeus em Portugal e possível congelamento.

25 Novembro (Sexta-feira)

MANHÃ E TARDE/ REDAÇÃO: Ensinamentos e dicas para gravação dos offs para peças

televisivas. Comparação entre peças televisivas realizadas no início do estágio e no

decorrer do mesmo. Escrita e gravação dos offs numa ilha de edição, escolha das

imagens e timing dos vivos a utilizar na peça da visita de António Costa a empresas de

inovação em Coimbra. Visionamento da peça final com acompanhamento do repórter

de imagem Cláudio Calhau e devidas correções (no texto, na voz e na escolha das

imagens).

Semana XI

28 Novembro (Segunda-feira)

MANHÃ/ REDAÇÃO: Leitura dos jornais nacionais e regionais. Pesquisa de assuntos que

estivessem na ordem do dia e pudessem dar uma peça quer para os noticiários da RTP

quer para os noticiários da Antena 1.

TARDE/EXTERIOR: Saída com a jornalista Paula Costa e com o repórter de imagem Paulo

Oliveira para concretizar uma peça televisiva já com imagens de o dia anterior recolhidas

sobre os transportes urbanos em Coimbra. Foi me dada a liberdade de entrevistar

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pessoas na rua sobre a satisfação com os serviços de transportes, com os preçários e

necessidades dos mesmos no quotidiano. Dicas acerca da entrevista televisiva.

29 Novembro (Terça-feira)

MANHÃ/ REDAÇÃO: Visionamento da peça final acerca do serviço de transportes

urbanos de Coimbra. Pesquisa e recolha de informação para a Antevisão do jogo a

acontecer à tarde, entre Arouca e Sporting.

TARDE/EXTERIOR: Saída com o jornalista Horácio Antunes (Antena 1) até ao Estádio do

Arouca para recolher as declarações de Lito Vidigal, treinador do Arouca, na antevisão

do jogo Sporting-Arouca do dia seguinte a contar para a Taça da Liga. Acompanhamento

de entrevista a Nuno Valente, jogador do Arouca. Aproveitamento das circunstâncias

para uma entrevista a um outro jogador do Arouca brasileiro que conhecia os jogadores

e o treinador do Chapecoense vítimas do trágico acidente aéreo. Envio dos RM´s

recolhidos para Lisboa de Lito Vidigal e Nuno Valente em bruto para uma peça acerca

da Antevisão. Envio do RM´s acerca do acidente do Chapecoense em bruto para a

congénere Lisboa que, posteriormente, usou para uma peça acerca da temática. No

regresso à redação, acompanhei o jornalista Horácio Antunes na escrita dos offs para a

peça sobre a Antevisão do jogo e gravação e edição da peça para os Noticiários da noite

(que ocorrem de hora a hora) na Antena 1).

30 Novembro (Quarta-feira)

MANHÃ/ REDAÇÃO: Escrita do meu próprio texto sobre a Antevisão do jogo Sporting-

Arouca, escolha dos RM´s, gravação e edição da peça no programa Dalet.

TARDE/ REDAÇÃO: Acompanhamento da edição de uma peça televisiva realizada por

Paulo Rolão e Cláudio Calhau (RTP) acerca de um estudo que identificava os malefícios

do tabaco que valeu a um investigador jovem no maior congresso da especialidade.

Acompanhamento da edição recolhidas no terreno, da gravação dos offs, escolha das

imagens e dos vivos a utilizar.

Discussão na Redação acerca de Donald Trump e do movimento Tea Party.

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1 Dezembro (Quinta-feira)

FERIADO Nestes casos apenas se encontra na delegação uma equipa de serviço, isto é,

um jornalista de televisão, um repórter de imagem e um jornalista de rádio

2 Dezembro (Sexta)

MANHÃ E TARDE/ REDAÇÃO: Seleção de sete notícias da ordem do dia destacadas na

Agência Lusa para construção de um noticiário radiofónico (noticiário nº6). O noticiário

não podia exceder sete minutos. Depois de escritos os 7 lançamentos – destinados à

leitura pelo coordenador de estágio Pedro Ribeiro – e respetivas noticias, seguiu-se a

ida para o estúdio para gravação do mesmo. Após a gravação, o coordenador procedia

às devidas correções, nomeadamente prestar atenção às pausas na respiração.

Semana XII

5 Dezembro (Segunda-feira)

MANHÃ/EXTERIOR: Saída com o jornalista Joaquim Reis (Antena 1), Álvaro Coimbra e o

repórter de imagem Cláudio Calhau ao Teatro Académico Gil Vicente, em coimbra, para

conferência da FENPROF -Federação Nacional de Professores- acerca da passagem das

instituições públicas a fundações, evento que contou com a presença do secretário-geral

da FENPROF Mário Nogueira.

TARDE/EXTERIOR: Escrita dos Offs e escolha dos RM´s para peça radiofónica da

conferência da FENPROF. Visionamento e comentários acerca da peça final televisiva

sobre o mesmo assunto.

6 Dezembro (Terça-feira)

MANHÃ E TARDE/ REDAÇÃO: Dia passado na redação. As equipas de reportagem não

saíram neste dia. Acompanhamento da peça da FENPROF para televisão – escolha dos

vivos e imagens. Gravação em estúdio da minha peça e edição.

Gravação ao final do dia do noticiário nº5 (o noticiário era gravado dependendo da

disponibilidade do coordenador de estágio, Pedro Ribeiro.

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7 Dezembro (Quarta-feira)

MANHÃ E TARDE/ REDAÇÃO: Seleção de sete notícias da ordem do dia destacadas na

Agência Lusa para construção de um noticiário radiofónico (noticiário nº7). O noticiário

não podia exceder sete minutos. Depois de escritos os 7 lançamentos – destinados à

leitura pelo coordenador de estágio Pedro Ribeiro – e respetivas notícias, seguiu-se a

ida para o estúdio para gravação do mesmo. Após a gravação, o coordenador procedia

às devidas correções, fossem elas no texto ou referentes à colocação/entoação da voz.

8 Dezembro (Quinta-feira)

FERIADO Nestes casos apenas se encontra na delegação uma equipa de serviço, isto é,

um jornalista de televisão, um repórter de imagem e um jornalista de rádio.

9 Dezembro (Sexta-feira)

MANHÃ/REDAÇÃO: Leitura de jornais nacionais e regionais para perceber quais as

notícias da ordem do dia e quais poderiam ser aproveitadas para uma peça (quer para

a RTP como para a Antena 1). Verificação de trabalhos planificados em agenda da

Delegação para o período da tarde e pesquisa de informações – nomeadamente nos

sites de outros meios de comunicação regionais de tiragem diária – para preparação da

peça sobre o Colóquio “Timor-Leste: mil palavras, mil imagens”, organizado pela

Universidade de Coimbra.

TARDE/ EXTERIOR: Saída com o jornalista Paulo Rolão e o repórter de imagem Cláudio

Calhau (RTP) e o jornalista Joaquim Reis (Antena 1) para o Colóquio “Timor-Leste: mil

palavras, mil imagens”, na sala do carvão da casa das caldeiras, na Universidade de

Coimbra.

O objetivo seria realizar uma peça que iria ser transmitida no Jornal da tarde e também

no noticiário do canal 3 da RTP e uma peça para os noticiários da Antena 1.

Contudo, um imprevisto relacionado com desenvolvimentos no caso do

desaparecimento das jovens de Montemor-o-Velho ditou que a peça sobre o início do

Colóquio não fosse realizada. Deslocação até Montemor onde acompanhei os diretos

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feitos pelo jornalista Paulo Rolão para o Portugal em Direto (PD) e o Telejornal (e outros

jornais e foram depois enviadas imagens recolhidas no local e vivos para construção de

uma peça a partir de Lisboa. No caso da Antena 1, foi apenas enviado os sons dos

entrevistados e gravada uma peça em lisboa para contar o desenvolvimento do caso.

Semana XIII

12 Dezembro (Segunda-feira)

MANHÃ/REDAÇÃO: Construção da peça radiofónica sobre as jovens de Montemor-o-

Velho colhidas por um comboio: Escrever Offs e posterior gravação em estúdio, escolha

e corte dos RM´s a utilizar: Porfírio Quedas, presidente da junta de freguesia Vila Nova

de Anços; Major Armando Videira.

TARDE/EXTERIOR: Saída ao final da tarde com o jornalista Horácio Antunes para o Jogo

Arouca-Rio Ave, a contar para a jornada 13 do campeonato. O jogo teve início às 20h00

no Estádio do Arouca. O jornalista da Antena1, Horácio Antunes, entrou por três vezes

em direto:

- Noticiário das 20h00: para dar o onze escolhido e ausências, a equipa de arbitragem e

o treinador, e o ambiente no início da partida (condições climatéricas, número

aproximado de adeptos presentes, etc)

- Noticiário das 21h: ponto da situação após a primeira parte da partida: resultado,

jogadas e lances mais importantes.

- Noticiário das 22h: Resultado final e detalhes essenciais do encontro entre Arouca- Rio

Ave (2-0 para Rio Ave), atualização da posição geral no campeonato.

Seguimos depois para a conferência de imprensa entre os treinador de ambas as equipas

– Lito Vidigal, treinador do Arouca e Luís Castro, treinador do Rio Ave. Após conferência

de imprensa, os RM´s de ambos os treinadores foram enviados para Lisboa -

devidamente selecionados - para integrarem o noticiário das 23h da Antena1.

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13 Dezembro (Terça-feira)

MANHÃ/EXTERIOR: Saída com o jornalista Horácio Antunes (Antena1) Paulo Rolão e o

repórter de imagem Cláudio Calhau (RTP) á Universidade de Coimbra para fazer uma

peça para rádio e televisão. O Objetivo era dar a conhecer que um investigador da

instituição tinha vencido a 1ºedição do prémio Inovação Segurança Rodoviária pelo

desenvolvimento de um sistema alternativo de redução de velocidade (alternativa às

tradicionais lombas).

TARDE/REDAÇÃO: Edição da peça para televisão. Acompanhamento da escolha das

imagens, dos vivos e da gravação dos Offs. Fiz a minha própria peça sobre o prémio

Inovação Segurança Rodoviária atribuído ao investigador da Universidade de Coimbra:

escolha de RM´s, escrita dos Offs e gravação dos mesmos em estúdio, adição de efeitos

sonoros para dar magia à peça.

No final do dia, o trabalho foi mostrado ao jornalista de rádio e acompanhei a construção

da peça final - dando sugestões e ideias na construção do texto e escolha dos RM´s - que

iria para o ar no programa de radio da Antena1.

A peça de televisão foi realizada para o programa Portugal em Direto (PD) deste dia e a

peça de rádio integrou o programa Portugal em Direto da Antena 1 no dia seguinte (14

dezembro).

14 Dezembro (Quarta-feira)

MANHÃ/EXTERIOR: Saída com o jornalista Álvaro Coimbra e o repórter de imagem

Pedro Teodoro ao Hotel Quinta das Lágrimas, em Coimbra, para entrevistar Adriana

Calcanhotto, cantora e compositora brasileira. O objetivo era entrevistar a cantora que

iria passar um semestre a dar aulas de poesia na Universidade de Coimbra como

professora convidada, a convite da instituição.

O Jornalista Álvaro Coimbra fez peça para televisão e também uma reportagem para

rádio para o Portugal em Direto.

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TARDE/REDAÇÃO: Escrita dos Offs para reportagem radiofónica da entrevista feita de

manhã à cantora e compositora Adriana Calcanhotto. Escolha dos RM´s a utilizar da

cantora e de excertos de músicas musicadas ou originais da cantora para completar a

peça.

Visionamento da peça final realizada para televisão por Álvaro Coimbra e Adriana

Calcanhoto. Dicas sobre a captação de imagem.

15 Dezembro (Quinta-feira) 50

MANHÃ E TARDE/ REDAÇÃO: O dia foi passado na redação a gravar duas peças

radiofónicas em atraso (referentes à FENPROF – Federação Nacional dos professores) e

a editar uma peça televisiva também em atraso no programa Edios7 com o repórter de

imagem Cláudio Calhau.

Nota: A edição de peças televisivas dependia obrigatoriamente de acompanhamento

por parte de um repórter de imagem – normalmente o que havia antes acompanhado

na saída para o terreno – e, desse modo, da sua disponibilidade. Por esse motivo, os Offs

eram escritos imediatamente após o regresso à redação, mas a sua edição (escolha de

vivos, de planos e gravação dos Offs) concretizado alguns dias depois.

16 Dezembro (Sexta-feira)51

MANHÃ/EXTERIOR: Saída com o jornalista da RTP Paulo Rolão e o repórter de imagem

Cláudio Calhau para realizar uma peça com o refugiados a viver em Penela há um ano –

um ano de balanço da vida em Portugal.

50 Dia de estágio após o término da data oficial – dia 14 dezembro. O motivo do seu prolongamento foi a

deslocação à faculdade para resolução de assuntos relacionados com o mesmo.

51 Dia de estágio após o término - dia 14 dezembro. O motivo do seu prolongamento foi a deslocação à

faculdade para resolução de assuntos relacionados com o mesmo.

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MANHÃ/ REDAÇÃO: Gravação em estúdio dos offs da Entrevista a Adriana Calcanhotto.

Montagem da peça final e apresentação ao jornalista para devidas correções ou

melhoramentos. Escrita dos offs para a peça de televisão acerca da saída da parte da

manhã – um ano de balanço de uma família de refugiados a viver em Penela -, sendo

que a peça não foi edita por falta de tempo.

A peça televisiva só foi editada pelo jornalista Álvaro Coimbra (em substituição a Paulo

Rolão que realizou a entrevista) e repórter de imagem Cláudio Calhau no sábado e

enviado nesse mesmo dia para a congénere em Lisboa.