O IPL e a casa-museu Afonso Lopes Vieira por CRISTINA NOBRE IPL e a... · Ao mesmo tempo, criou-se...
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O IPL e a casa-museu Afonso Lopes Vieira
por CRISTINA NOBRE
XXI COLÓQUIO AFIRSE - EDUCAÇÃO, ECONOMIA E TERRITÓRIO
O papel da educação no desenvolvimento | 30 e 31 de janeiro e 1 de fevereiro 2014
Instituto de Educação da Universidade de Lisboa
O IPL e a casa-museu AFONSO LOPES VIEIRA (2014) por Cristina Nobre
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O IPL e a casa-museu AFONSO LOPES VIEIRA (2014) por Cristina Nobre
Em 2003, sob a égide do programa “Rota dos escritores do século XX”,
projecto de dinamização e intervenção cultural e social concebido pela CCRC,
com Coimbra Capital Nacional da Cultura, editou-se a monografia de Cristina Nobre (2003) Passeio sentimental de Afonso Lopes Vieira
Ao mesmo tempo, criou-se um Roteiro turístico-cultural, exemplo da simbiose entre a cultura da
região e o turismo, ligados pela ROTA DE AFONSO LOPES VIEIRA
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Organizou-se e criou-se uma EXPOSIÇÃO sobre AFONSO LOPES VIEIRA,
ONDE A TERRA SE ACABA E O MAR COMEÇA Esteve presente ao público, durante o verão de 2004, na Casa de ALV, sem o
estatuto de Casa-Museu
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A exposição final em Coimbra (22 de nov. 2003 - 22 de jan.2004)
LUGARES DA ESCRITA
deu visibilidade positiva a este
património material e imaterial
A Casa-Museu Dr. JOÃO SOARES, nas
Cortes, comemorou os 125 anos do
nascimento do seu patrono, organizando
duas exposições – uma sobre aspectos
da intimidade (junho de 2003) e outra
sobre a obra publicada (outubro de 2003)
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Apetência cultural
pelo usufruto público
de um lugar literário,
ao qual se fazem
peregrinações
(Herbert, 2001: 312),
relacionadas com a
atração turística.
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CRISTINA NOBRE e FERNANDO MAGALHÃES investigaram sobre as Artes
Decorativas da Casa - a Cerâmica de revestimento, com os azulejos e algumas
cantarias, em 2008/2009:
painéis informativos disponibilizados ao público visitante, no local;
despoletar de um inventário de cariz museológico;
Roteiro-museológico: CASA-MUSEU AFONSO LOPES VIEIRA - LUGAR
LITERÁRIO. ONDE A TERRA SE ACABA E O MAR COMEÇA (ed. C. M. M.ª
Grande, cofinanc. Mais Centro, QREN, FEDER, Set. 2010)
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[vide projeto de investigação CLL:
Criação de um Lugar Literário: CIID
/ INDEA / IPL – novembro 2010 /
novembro 2011]
(2013)
Lugar Literário
Inventário do espólio da
casa-museu
AFONSO LOPES VIEIRA
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CLL:
CRIAÇÃO DE UM
LUGAR
LITERÁRIO
a Casa-Museu
Afonso Lopes Vieira
em S. Pedro de Moel
(nov. 2010- nov. 2011)
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Manter vivo o património: a casa que está rezando ao mar…
A Casa será a projeção de um edifício
enquanto obra potencial, provavelmente até o
espécime bibliográfico mais rico, compósito e
complexo, feito de estratos diferentes e de
camadas sobrepostas.
A linha mestra da
recuperação da Casa como
espaço museológico, em
2005, foi a devolução, com
rigor e fidelidade, a um
estado original anterior, isto
é, o tempo em que o seu
proprietário, Afonso Lopes
Vieira (1878-1946),
habitava a casa e dispunha
a orientação, a dinâmica e o
enriquecimento do espaço
com a sua sensibilidade de
artista e eclético homem de cultura. O IPL e a casa-museu AFONSO LOPES VIEIRA (2014) por Cristina Nobre 13
CATEGORIA Nº de objectos
01.Pintura 6
02. Desenho 1
03. Têxteis 53
04. Mobiliário 33
05. Instrumentos Musicais 1
06. Gravura 20
07. Espólio Documental 450
08. Fotografia 42
09. Escultura 11
10. Cerâmica (de equipamento) 10
11.Medalhística 1
12. Instrumentos Científicos 5
13. Metais 7
14. Equipamentos e Utensílios 20
15. Vidros 3
16. Traje 2
17. Brinquedos 1
18. Espólio de Malacologia 166
CONTINUAÇÃO DOS RESULTADOS INVENTÁRIO – Listagem e correspondência das fichas:
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Estudo
aprofundado do
recheio da Casa-
Museu, desde os
livros ao
mobiliário,
passando pelas
pinturas,
esculturas e
diversos objetos
artesanais da
casa, com
especial enfoque
para a varanda,
entendida como
lugar privilegiado
da criação
literária.
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INVENTÁRIO TEMÁTICO
PINTURA (CMALV 55-58, 174-175)
DESENHO (CMALV 176)
Alfredo Keil, “Marinha”, 1905 (CMALV 55)
Adriano Sousa Lopes, “Cabeça de velho”, 1903 (CMALV 56)
“Ecce Homo”, 1919 (data aquisição?) (CMALV 58)
Pintura Japonesa, s/d (CMALV 175)
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Alice Rey Colaço Casal de namorados s/d
CMALV 57
O pequeno guache de Alice é uma
afirmação estética de uma certa elite
cultural portuguesa de então - valor
das tradições genuinamente
populares e portuguesas e
necessidade de as elevar
esteticamente, para que o orgulho
português pudesse fazer viver o país,
a atravessar um grave momento de
crise política e cultural.
A citação integral da quadra faz da
pintura uma declaração estética de
apreço pelas genuínas tradições
lusas:
Não se zangue ó menina,
d’ este cravo lh’ oferecer.
Ele é o firme protesto
de ser fiel até morrer.
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Alice Rey Colaço Serão das Irmãs R. C. s/d
CMALV 174
Com o guache oferecido a Lopes Vieira, no
verão de 1915 (?), Alice pinta e regista
memória do evento: “Num concerto das
filhas de Rey Colaço”, que se realizou no
Instituto de Coimbra, em maio de 1915;
mostra bem como compreendia e gravava o
objetivo essencial do poeta, desejoso de
continuar ad eternum do lado da infância.
FALA O POETA
Nos grandes olhos das crianças vê-se
o infinito em flor desabrochar!
E rezo agora a minha prece.
Falar de crianças é rezar.
Oh! pensar que elas hão de crescer
e ser os homens dalgum dia!
Pensar que toda esta alegria
se enflora agora para mais não ser!
[…] (Vieira 1915: 37-38)
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José Rebelo Raposo A prisão de Afonso
Lopes Vieira em Benfica 1937 CMALV 176
Em 1937, Henrique Paiva Couceiro (1861-1944),
por criticar violentamente a política colonial do
regime numa carta ao Presidente do Conselho de
Ministros, Salazar, a 31 de outubro de 1937, foi
preso pela PIDE por 6 dias, a 13 de novembro,
condenado a 2 anos de exílio e forçado a retirar-se
da vida política, enviado, apesar dos seus 76 anos
(!), para a colónia espanhola de Santa Cruz de
Tenerife, nas Canárias. Em 1939, Salazar permitiu
o seu regresso a Portugal, onde acabou por viver
os últimos anos.
É emblemático da posição de perseguido político o episódio vivido pelo escritor
e outros nomes conhecidos da época, presos de 16 para 17 de novembro de
1937. No ANTT, nos arquivos da PIDE/DGS, no processo SPS—3252 / 1937,
pode ler-se que Afonso Lopes Vieira só foi detido em 17 de novembro,
juntamente com C. Beirão e só foi solto em 24 de novembro. Esta detenção de 8
dias para averiguações é justificada: "[…] por ordem superior, […] por pretenderem visitar o preso Henrique Paiva Couceiro."
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TÊXTEIS CMALV 59-88, 102.1, 103.1, 105.1-5., 106.1-2., 107.1-2.,
108.1-2., 109.1-2., 118.1, 122.1 e 218-223
Colchas de chita de Alcobaça CMALV 59-65 e 218-221
A estética era a da genuinidade:
terá sido o franciscanismo das opções estéticas
e nacionalistas de ALV que o fez optar pelas
chitas de Alcobaça. “Produto” característico e
bastante divulgado nesta região, e conhecendo-
se o fascínio que tinha por Alcobaça (Nobre
2008 I-II e 2008b) percebe-se a existência de
bastantes destas chitas na sua casa, como uma
moldura inédita de portuguesismo, a cobrir a
cal branca das paredes;
revestir as paredes de uma casa-nau ou expor
as conchas e búzios admirados (elementos
naturais marítimos) com e sobre o tecido
popular alcobacense era afirmar o orgulho nas
criações do povo e nas matérias-primas
portuguesas.
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MOBILIÁRIO CMALV 89-121
Chaise longue
ou divã tumular
CMALV 115
A referência a este divã tumular foi
constante na correspondência com
vários dos seus amigos - devoção
que lhe prestava como local de
criação predilecto, e elemento
profiláctico nas suas diversas
crises depressivo / melancólicas.
Os testemunhos orais de mestre Correia e
Helena Barradas são recorrentes na
importância desta peça na criação literária
do escritor.
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Vasco Pimentel terá compreendido os cuidados
estéticos de Lopes Vieira com a escrita, tendo-lhe
ofertado um conjunto de lápis de cor, gesto a que o
poeta ficou grato, como explícito no postal de
setembro de 1942: Querido Amigo
A gentileza dos lápis formosos lisonjeia uma das mhas
manias, e a troca de datas em nada alterou o gosto q. me
deste e a q. sou mtº grato. Fazemos os melhores votos por q.
ditosamente completem no Éden glorioso (Byron) as férias
marinhas, tão bem merecidas por vocês todos, fortes
trabalhadores. A passagem por aqui é q. foi por demais
rápida. Não te preocupes com o Frei Luis e vai-o lendo com
vagar. Todos nós mandamos aos Senhores do Cipreste as
melhores lembranças de amizade, com votos de saúde e paz
para grandes e piquenos.
Sempre amigo / Afonso
Um nº considerável de h do dia de ALV era dedicado à
correspondência, uma atividade obrigatória e prazenteira, dada
a sua larga vivência social e as profundas amizades
alimentadas. O mobiliário e os utensílios, de que se rodeou,
confirmam essa dedicação que deu frutos tão largos, embora
ainda pouco divulgados (vide Nobre 2001, 2003, 2005II, 2008).
As doações de Carlos Vieira à CMALV provam-no.
ESPÓLIO DOCUMENTAL CMALV 125, 135-171,193
1 postal p/ Vasco Pimentel
CMALV 153
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ESCULTURA CMALV 225-234
2 edículas da rosácea falante CMALV 229
De um esquecido e inaugural romance
Pedro Cru, dado em esboço para uma
figuração dramática na antologia poética
de 1904 [PE: 37-43], passando pelo
projeto de O Romance de Pedro e
Inês, enunciado em Ilhas de Bruma, de
1917, em preparação, até ao livro A
Paixão de Pedro o Cru, com uma 1.ª
ed. em 1940, e 2ª de 1944, quando
acompanha o mestre ferreiro Lourenço
Chaves de Almeida, com a tese sobre
a nacionalidade do autor dos túmulos de
Alcobaça, passam mais de 20 anos em
que o tema obceca Lopes Vieira,
chegando a metamorfosear-se em guião
para o cinema de índole nacionalista,
com o filme Inês de Castro, de 1945,
de Leitão de Barros.
As edículas de mestre Joaquim
Correia terão sido a súmula de
parte destes sonhos criativos e
permitem-nos compreender a
ligação afetiva que nutria por esta
peça.
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Busto de
Afonso
Lopes Vieira
CMALV 225
Realizado de memória pelo
mestre Joaquim Correia,
após o falecimento do escritor,
e do qual Helena de Aboim se
agradou tanto, tendo impedido
mestre Correia de fazer o
bronze e conservado a
maqueta em gesso,
transformando este exemplar
único na obra do escultor fora
dos registos dos seus
catálogos.
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TÊXTEIS (CMALV 59-88, 102.1, 103.1, 105.1-5., 106.1-2., 107.1-2., 108.1-2., 109.1-2., 118.1, 122.1 e 218-223)
MOBILIÁRIO (CMALV 89-121)
INSTRUMENTOS MUSICAIS (CMALV 122)
GRAVURA (CMALV 123-124, 126, 127/1/2/3, 128/1/2/3, 129-134, 172-173)
ESPÓLIO DOCUMENTAL (CMALV 125, 135-171,193)
FOTOGRAFIA (CMALV 177-217, 224)
CERÂMICA DE EQUIPAMENTO (CMALV 949-958)
ESCULTURA (CMALV 225-234)
MEDALHÍSTICA (CMALV 948)
INSTRUMENTOS CIENTÍFICOS (CMALV 960-961)
METAIS (CMALV 963-967 e 983)
EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS (CMALV 968 e 970-994)
VIDROS (CMALV 987-989)
TRAJE (CMALV 991-992)
BRINQUEDOS (CMALV 997)
ESPÓLIO DE MALACOLOGIA (CMALV 999-1144, 1315-1316 e 122/2-122/19)
REFERÊNCIA EM REDE: M http://www.afonsolopesvieira.ipleiria.pt
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Visita GUIADA por Teresa Azevedo (bolseira CLL) - 22 de setembro 2011
JORNADAS EUROPEIAS DO PATRIMÓNIO 2011
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Visita ROTÁRIOS - 21 de abril 2012
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CONCLUSÕES DA INVESTIGAÇÃO
1. análise e estudo dos fundos da CMALV (“informática da comunicação”)
2. necessidade de outros e futuros projetos que permitam completar, atualizar, interpretar e ampliar o horizonte do acervo CMALV e tenham correspondência com os planos nacionais e internacionais de investigação museológica
3. colaborar com uma comunidade e públicos alargados - distintos suportes, permitindo que uma peça seja representada através de imagens, textos ou sons, facilitando o acesso multimédia através da gestão eletrónica das coleções
4. parceria entre a educação local e o lugar literário - o instrumento capaz de contribuir para o desenvolvimento do território, da economia e da educação
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