O Homen Que Andava de Costas

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O homem que andava

 de costas

  Quando as pessoas viam aquele homem dando passos para trás, ou seja andando de costas, por váriosquarteirões, julgavam que ele estava louco. Ele próprio

chegou a pensar assim. Mas só começou a agir dessaforma depois que fatos o levaram a uma nica conclus!o."eria que regredir.  "udo começou naquela tarde de outu#ro quando,como fa$ia sempre, %os& de Oliveira saiu do tra#alho, porvolta de tre$e horas e foi para casa. 'ossu(a carro, mas

 por morara a apenas alguns quarteirões, foi caminhando.)o chegar em sua resid*ncia, notou que havia um carroestranho na garagem e que sua chave n!o servia nocadeado do port!o, que, o#viamente havia sido trocado.'ensou em entrar de alguma forma, mas n!o conseguiu.+a#ia que n!o havia ningu&m em casa porque a mulher e

os dois filhos estavam tra#alhando naquele horário.Muitas ve$es o filho utili$ava o carro para ir ao tra#alho.'or isso seu carro n!o estava ali. Mas mesmo assim,imaginando que algum deles tivesse voltado e estava comvisitas, resolveu #ater palmas.

m homem de apar*ncia jovem saiu da casa e Oliveira

ficou intrigado. -!o o conhecia e por isso ocumprimentou

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  / -!o sei do que o senhor está falando. Moro aqui hámais de um ano e n!o conheço ningu&m de sua fam(lia /retrucou o homem.

Oliveira ficou #oquia#erto. ) princ(pio n!o sa#ia o quedi$er. 2epois começou a rir e falou  / 3sso deve ser alguma 4pegadinha45 Eu & que moroaqui e o senhor n!o está me dei6ando entrar em minhacasa.

O outro replicou

  / O senhor deve estar enganado / E, em seguida, foi para o interior da resid*ncia.  Oliveira ainda quis falar alguma coisa, mas se conteve.2e repente imaginou o pior. +e n!o era #rincadeira, ent!ohavia estranhos na sua casa, num momento em que ele esua fam(lia haviam sa(do. 'oderiam ser ladrões que foram

 pegos de surpresa com a sua chegada e estavam tentandodisfarçar a situaç!o. 'or isso, resolveu chamar a pol(cia.'egou o celular e discou para o 789.  m policial militar atendeu e ele e6plicou a situaç!o.2eu o endereço e ficou aguardando. 2epois de algumtempo, uma viatura apareceu no começo da rua. Ele deusinal e os policiais se apro6imaram.  Quando Oliveira falou pessoalmente so#re o que estavaocorrendo, os policiais resolveram tomar precauções.+acaram suas armas, apro6imaram/se da casa, #ateram

 palmas e, quando a porta estava sendo a#erta um delesgritou  /: a pol(cia. +aiam com as m!o para cima.  O mesmo homem que atendera Oliveira antes saiu com

! l d i d !

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  /-ós & que perguntamos. O que o senhor está fa$endoa( / falou um dos policiais.

/ Eu moro aqui / respondeu o homem.

/ O senhor pode provar1 Mostre os seus documentos.  O 4morador4 da casa a#ai6ou as m!os, avisou que iacolocar a m!o no #olso e sacou sua carteira. Entregouseus documentos aos policiais que o identificaram como;icardo +ilva e em seguida se prontificou a a#rir o port!o

 para que os policiais entrassem.

  Os policiais olharam para Oliveira e ele ficou sem sa#ero que di$er. )quela era sua casa h! mais de tr*s anos.+a(ra cedo para ir tra#alhar. 2ei6ou o serviço <s tre$ehoras, como sempre fa$ia, e agora algu&m di$ia que eramorador em sua casa.  +ilva fe$ quest!o que os policiais entrassem na casa,

apresentou/lhes sua esposa, um filho de dois anos e at&um contrato de aluguel, comentando a seguir  /Este homem ai fora deve ser louco5 : melhor voc*sconversarem com ele.  Os policiais sa(ram da casa e se dirigiram at& Oliveira,

 passando a interrogá/lo  /O senhor está #rincando conosco1  / -!o senhor, esta & minha casa. Eu tra#alho numrestaurante aqui pró6imo e o pessoal de la podetestemunhar que estou certo.  m dos policiais achou que seriam melhor seguirem at&o restaurante. Mas o outro demonstrou preocupaç!o  /E seu houve alguma coisa errada na casa a gente saidaqui1

' i l d idi h i fi

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restaurante.  -a medida em que a viatura ia seguindo, Oliveiracomeçou a notar alguma coisas que o intrigaram. O posto

de gasolina, por e6emplo, que at& uma hora atrás estavaem o#ras, agora parecia perfeito e funcionandonormalmente. Em um terreno va$io pela manh!, haviasido constru(da uma casa. 4-!o & poss(vel, devo estarsonhando4, pensou ele.

Quando chegaram ao restaurante, um dos policiais disse

 para Oliveira ficar na viatura enquanto ele ia falar com o proprietário.=ilson de >ampos, o proprietário do restaurante n!o se

surpreendeu quando viu uma viatura parar em frente ao pr&dio, porque, quase que diariamente, policiais vinhamcomprar marmite6 no seu esta#elecimento. Ele at& fa$ia

um desconto especial para os 'Ms. Mas quando o policiais se dirigiu a ele, contou os fatos e citou umnome, ele ficou admirado  / O %os& Oliveira1 / e6clamou5  /Eu n!o acredito / disse o comerciante. E em sua ca#eçauma s&rie de fatos, se repassaram. %os& Oliveira era seufuncionário há alguns anos. )#ria o restaurante todas asmanh!s e administrava tudo na sua aus*ncia. -!o faltavaao serviço e n!o cometia falhas. "udo ia #em at& aqueledia, h! dois anos, quando saiu do serviço <s tre$e horas enunca mais voltou. =ilson n!o pode dei6ar de pensar nafam(lia daquele funcionário desaparecido. 4Meu 2eus,quanto eles sofreram, será que agora tudo vai voltar aonormal1

? i d i i d

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%os&. 2irigiu/se at& a viatura e ao ver o velho funcionário,o cumprimentou  %os& ouviu aquela vo$ amiga e se sentiu calmo. Mas ao

virar/se e ver o rosto do amigo e patr!o, n!o pode seconter  /-ossa, parece que voc* ficou mais velho de uma hora

 para outra.  E o =ilson, com aquela calma de comerciante, meio

 pol(tico, retrucou

  /"am#&m pudera, fa$ dois anos que voc* n!o aparece...  'ara os policiais, aquele cena criou um novo impasse.'or isso eles decidiram entrar no assunto e tentaramentender a história. Mas n!o houve entendimento. %os&di$ia que dei6ara o serviço há pouco mais de uma hora eo comerciante alegava que o funcionário havia

a#andonado o emprego h! dois anos.m dos policiais chamou =ilson de lado e perguntouse ele tinha o endereço da fam(lia de %os&. /: lógico que tenho. Eles mudaram de casa, mas fa$ doisanos que est!o procurando por ele.

>om o endereço em m!os, os policiais resolveram levar%os& at& a casa de seus familiares. ?oi um reencontrocontraditório. Enquanto %os& se sentia ao mesmo tempofeli$ e confuso, sua mulher e dois filhos di$iam coisa queele n!o conseguia entender.

/O que aconteceu1 Onde voc* esteve, pai1 / disse ofilho Mário, o mais velho.

/Ora, eu estava tra#alhando, sai de casa cedo e, quandovoltei, tudo estava mudado.

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uma casa menor, com apenas tr*s cAmodos. Ent!o perguntou  /'or que voc*s se mudaram t!o de repente1

  / -ós esperamos seis meses e como voc* n!o voltou,tivemos que mudar, por quest!o de economia. "(nhamosque pagar um aluguel menor.  /E como está sua m!e1  /Ela ficou desesperada, procurou muito pelo senhor e

 por fim adoeceu. Está de cama. Está doente.

%os& decidiu entrar na casa. -!o era como a sua velharesid*ncia, na ;ua 3nglaterra, mas reconheceu o jogo deestofados. "am#&m parecia mais velho, como tudo o quevia. Mas se sentiu reconfortado. )o menos nem tudohavia mudado completamente.  Quando entrou no quarto viu a esposa na cama. +entiu

vontade de chorar. E parecia estar dois anos mais velha,mas ficou emocionada ao v*/lo. mas dois horas atrás elee ela pouco se falavam. @aviam perdido aquele amor da

 juventude. Mas agora ela tinha um rosto sofrido e pareceu, apesar de muito judiada, feli$ ao v*/lo.  /O que aconteceu1 Onde voc* esteve1 / perguntou ela.  /Eu fui tra#alhar hoje de manh! e agora voltei paracasa, como faço todos os dias / disse ele.  Ela ficou confusa com a resposta, mas n!o quis discutir.  /Está #em, enfim voc* voltou e parece que está #em /concordou ela.  >om o passar dos dias e cada ve$ entendendo menos oque tinha acontecido, %os& n!o se perdoava pelo que tinhaacontecido a sua mulher e a seus filhos. -!o podia

di h i d l d i d id

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despesas, de se desfa$er de #ens, de mudar de casa, deficar doentes. 'odia valer pouco no dia a dia, massempre estivera presente. +em pouco di$er, sempre os

amara.'or outro lado, %os& n!o conseguia se culpar. -!o fi$eranada de errado. ?ora tra#alhar e voltara para casa. O queteria acontecido1 Quando os filhos o algum conhecidoinsistia em lhe perguntar so#re o seu desaparecimento, eleapenas di$ia 4Eu fi$ uma caminhada4. Mas, aos poucos

ele foi pensando e definiu 4Eu caminhei no tempo4.  Quando tudo ficou claro em sua mente, %os& chegou auma conclus!o. +e a caminhada para casa, o afastara docaminho e o levara para longe atrav&s do tempo e doespaço, só havia uma forma de reparar tudo. +eria tentardesco#rir o ponto em que tudo aconteceu. Mas depois de

fa$er a caminhada por de$enas de ve$es, sem notar nada esem acontecer nada de anormal, ele decidiu fa$er ocaminho contrário. >omo isso tam#&m n!o resolveu,

 pensou4Quem sa#e se eu caminhasse de costas, voltando <origem de tudo14. E foi assim que ele passou a andar,sempre para trás.

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) #ala perdida

  %onas Oliveira, estudante, BC anos, tinha uma vidatranquila. >onseguira um #om emprego e ganhava osuficiente para cursar a faculdade. Esperava se formar no

final do ano e, mais adiante, quem sa#e, concreti$ar ocasamento com Dcia, a quem namorava há alguns anos.'or isso, naquela noite, ele tinha todos o motivos para

estar feli$. +eguia para a faculdade, onde encontrariaDcia. >aminhava pela avenida, sorridente, sem

 preocupações, quando, parou a#ruptamente. +eu rosto

ficou ine6pressivo e ele tom#ou so#re a calçada. )s pessoas que por al( passavam correram at& ele para sa#ero que estava acontecendo. ?oi ent!o que viram o pequenoorif(cio na testa, onde havia um sangramento. %onasestava morto.  ) princ(pio, as pessoas ficaram #oquia#ertas, masdepois começaram os comentários e as especulações. O

 jovem só poderia ter sido vitima de uma #ala perdida.Mas o impressionante & que ningu&m ouvira tiroteioalgum, em#ora isso fosse comum naquela regi!o pró6imada favela. 'oderia at& ser disparo de uma arma comsilenciador.  ) pol(cia t&cnica foi informada, fe$ per(cia no local eencaminhou o corpo para necrot&rio, onde seriam feitos

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Estava muito amassado e n!o parecia com as #alastradicionais de revólveres e pistolas. Mas como tinhamuitas outras autopicias a reali$ar, ele guardou o o#jeto

em um saco plástico, como prova do crime a seranalisada posteriormente. )lguns dias depois, quandoisso seria feito, foi desco#erto que o o#jeto haviadesaparecido. @avia um #uraco no saco plástico, como setivesse sido derretido. ) morte de %onas Oliveira jamaisfoi esclarecida.

  Em outra regi!o muito distante dali, uma fam(liatam#&m rece#eu uma triste not(cia na linguagem local4Damentamos informar que seu filho, este notávelcientista, morreu em uma de suas missões dereconhecimento no novo mundo. 'elas ltimas imagenstransmitidas de sua nave, o aparelho onde estavam mais

cinco mem#ros na tripulaç!o, sofreu falha, ficoudescontrolado e colidiu com a ca#eça de um ser naturaldo planeta em estudo. Enviamos equipe para resgate doscorpos e destroços da nave, a qual deve voltar em #reve4

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O corredor   m sorriso amarelo tinge a #oca da noite. O levecolorido penetra no imenso corredor sem teto. Mas o queimporta isso ao %o!o1 -!o se importa, caminha.  )trás dele, n!o muito pró6imo, caminha tam#&m umestranho senhor inteiramente vestido de negro, #ar#a

negra, ca#elos pretos. 'assos lentos firme e pesados.>omo %o!o segue por ali porque & o seu caminho e n!o há

 possi#ilidades de ir por outro lugar. 3r para onde1 +e emqualquer porta que se entra haverá sempre um regresso aoimenso e reto corredor sem teto1 'ara que se preocupar1"udo está t!o quieto5 %o!o n!o pensa assim. 2ei6a o

homem de negro cada ve$ mais para trás. * outroshomens de #anco, mulheres de vermelho, crianças dea$ul.  )final, o que est!o fa$endo1 )mando, odiando,chorando, gritando, cantando e andando. )ndar paciente,andar triste, andar cansadora, cismado, apresado, lento,

manco, trApego...  %o!o tem passos precipitados. Está a fim de achar ummeio ou tem por princ(pio achar um fim1 -em uma, nemoutra am#as s!o imposs(veis para certos esp(ritos quen!o se acomodam com as simples trocas de palavras.'alavras t&cnicas, pol(ticas, filosóficas...

  2e que adiantou aquele nmero infindável de ismos senada esclareceu nada1 +e o corredor & imenso e a sua

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 passos. ai passando/a quando ouve em tom prof&tico  /oc* tem muita pressa, jovem...  / Ele pensa em continuar, por&m interroga/a

su#itamente  / Onde & o meio1  ) velha escancara um sorriso sem dentes. >aminhaainda mais lentamente o#rigando/o a esperá/la. Ele secontraria, contudo aguarda a resposta. "alve$ esta velha,sem cultura aparente, lhe esclareça alguma coisa. Espera

a resposta. ?inalmente a velha di$  / 2iga/me quais s!o as caracter(sticas e eu poderei lhedar uma resposta.  ) revolta estoura dentro dele. Maldita senhora que o fe$

 parar.  /Mas nem isso a senhora sa#e1

  ai em#ora sem di$er mais nada. Quase correndo.4elha ignorante. 'erguntar quais s!o as caracter(sticas...+erá que ele n!o sa#e ou vem com aquele maldito m&todode interrogar para corrigir depois di$endo a mesma coisacom palavras mais #onitas ou adequadas1 "odos devemsa#er ou ter uma ideia so#re as caracter(sticas deve havermuita vastid!o, sem vastid!o, ou ent!o deve ser #em

 pequeno, de forma circular, mas de uma maneira que tudoe todos cai#am dentro dele.  -isto nota um andar trApego. ;econhece a dona deinfeli$ andar.  /2orinha, voc* ainda está por aqui1  /+im.  /Que aconteceu1

2 i h # # lh d l

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  />om tudo / responde, perguntando %o!o / com aqueleseu canteiro de flores que havia lá no in(cio, onde ocorredor n!o tinha paredes de concreto, com os nosso

amigos, voc* sa#e...  / Está #em / replica 2orinha / as flores iam #em, masdepois começaram a sangrar, sangrar...  /E os outros1  /ns est!o indo na frente. Outros pararam. oc* tam#&mdeve ter parado pois ainda está aqui.

  /+im, eu entrei na #i#lioteca, li todos os livros, masdepois sa( correndo.  /'or que1  /'orque nada fiquei sa#endo, mas voc* disse que alguns

 pararam...  /+im, o ;o#ertinho parou... no hospital...

  /E ele já saiu de lá1  /+im.  /'or onde1  /'or cima...  /Mais algu&m parou1  /) +antinha, o )gostinho e o Mário. ?icaram na 3greja.2i$em que & um #om lugar. Eles gosta de lá.  / E oc*1  / Estou indo e vindo.  %o!o pensa um pouco e arrisca  /oc* já sa#e onde & o meio1  2orinha #alança a ca#eça negativamente. "ermina aconversa. %o!o segue. Está determinado. ai at& o fim.2ivisa ao longe um vulto solitário. @á um cigarro na# d l i di (d >h & l i d f d

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desde que aprendeu a perguntar. Muda de ideia no ltimoinstante e, para n!o ficar chato, pede/lhe um cigarro,agradece e sai apressado. 2eve haver um meio...

  Escureceu. Quantos mil cigarros já fumou1 Quantasmilhares de ve$es fe$ a mesma pergunta. -!o importa,n!o perguntará a mais ningu&m.  -o escuro segue sem receio na retid!o do corredor.)gora s!o passos longos, rápidos, desenfreados, at& queum grito sai de sua garganta, com as poucas forças do

 pulm!o cansado  /-!o sou louco...  )penas o eco repete/lhe o grito. >ai repentinamente sem

 poder ir adiante. ) peça terminou. Devanta/se comtremendo esforço, tira a camisa de manga compridas,contorna/a no pescoço e pu6a at& perder as forças...

  Quando 2orinha passa por ali, na manh! seguinte, dáuma terr(vel gargalhada e grita− Mais um saiu por cima5

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O planeta dos FeloG  ?omos apro6imando/nos com a impress!o de (amosvagarosamente, mas estávamos em vertiginosavelocidade.  2e longe o pequeno planeta dos HelloGs assemelhava/

se a uma laranja.O capit!o Danejuv informou que lá chovia

frequentemente, mas o pequeno planeta nunca perdia asua cor amarelada.  Em algms horas, passadas com lentid!o e com oam#iente ficando cada ve$ mais amaelo, a nave pousou

com a delicadesa de uma #ailarina. +il*ncio desanimador5Dogo, olhos tam#&m amarelados espreitaram/nos com

 preguiçosa curiosidade.'laneta chato aquele5 E pensar que precisávamos parar

ali para rea#astecer a nave...  2esde que o viajante espacial Ieorge MarJ o havia

desco#erto há du$entos anos, pouco ou nada a n!o sernosso posto de rea#astecimento havia mudado ali.

 -ingu&m a n!o ser os FelloGs ha#itavam o planeta. iuma ve$ no niversal >omputer, que um cientista da"erra viveu no planeta durante cinco anos, por&m o livroque tra$ia consigo foi destru(do quando a nave, na qual

viajava de volta para a "erra e6plodiu por um defeitot&cnico indeterminado matando todos os seus tripulantes.

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aquela preguiçosa curiosidade nos olhos e sem seimportar com mais nada.

%amais algum deles havia colocado a m!o em nosso

 posto de rea#astecimento.  )trav&s da ne#lina amarela eles apro6imavam/se damave e -aiJan que precedera a chuva, o great father dosFelloGs, o mesmo que rece#era Ieorge MarJ, du$entosanos atrás, ainda vivia e foi justamente ele que veiorece#er/nos.

  >omo todos os outros, ele tinha o corpo grande e aca#eça pequena demais. Em lugar da #oca tinha umaesp&cie de focinho que se afinava at& a espessura de umacaneta. 'arecia um funil com a ponta para fora.+egundo nosso computador, eles alimentavam/se de umaesp&cie de mel produ$ido por insetos gigantes que

ha#itavam o planeta.)pós dar/nos a ordem de colocar os equipamentosadequados para nossa sa(da da nave, foi conversar com

 -aiJan. >onversar & modo de di$er, pois os FelloG secomunicavam de uma maneira diferente de todos outrosseres que conhec(amos.

>om do$e dedos, seis em cada m!o, eles apertavamvários pontos so#re o peito, como se estivessem tocando

 piano. Denejuv assim como eu e outros tripulantes oentend(amos perfeitamente pois o voca#ulário dosFelloGs & muito pequeno.

+ent(/me interessado em -aiJan e assim que pude, pedi permiss!o ao capit!o e fui 4falar4 com ele. )pós um 4#ate papo4 informa fiquei sa#endo que sua filosofia de vida

i l i ! j di -! i

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  >ada mulher FelloG dei6ava poucos descendentes queteriam a nica funç!o de viver n!o pejudicar. )s poucaslutas que haviam eram com os insetos gigantes por&m,

fora disso n!o havia mais nenhum motivo para #rigas. En!o havendo motivos, eles n!o #rigavam pois seutemperamento calmo era constante. -!o tive mais tempode conversar com -aiJan, porque escureceu rapidamentee todos foram para suas cavernas.  -o outro dia tivemos a nica surpresa mista de alegria e

triste$a naquele planeta. -aiJan chegou com a primeiraclaridade amarela do dia e fe$ apenas alguns sinais 4Eumorro amanh!4, 4enham4. Danejuv e eu o seguimoscuriosos at& que ele estendeu o #raço direito indicandoum local. Danejuv olhou e imediatamente ficou tenso.>orreu para lá e pouco depois gritou 4: Korah5 Está

morto54. >ertamente houvera um acidente com a nave eKorah e seus companheiros morreram ali no planeta dosFelloG.  oltamos para a nave e ao sa#er do ocorrido, ostripulantes respiraram aliviados. )gora todos poderiamvoltar para suas pátria. "erminara a miss!o poder(amosvoltar para o >entro niversal e informar que o pirata douniverso, o homem que queria fa$er guerrra estava morto.

)pressamos/nos todos em partir. ) nave já estavarea#astecida. -o ltimo instante, lem#rei/me dos sinaisde -aiJan 4Eu morro amanh!4 e comecei a imaginarcomo seria sa#er o dia e6ato da morte. ?ui at& ele, a#raceiseu corpo amarelo e, sinceramente... chorei.

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O autor   %orge de 'alma & filho de >armo de 'alma ede )delina >andian de 'alma. -asceu em3racemápolis/+', em B9 de de$em#ro de 78LB."ra#alhou muitos anos como jornalista, atuandonos jornais 2iário de Dimeira, 2iário de'ernam#uco, 2iário de )mericana, O Di#eral)mericanaN e "ododia )mericanaN, entreoutros.;eside em )mericana/+'.  O autor escreveu esta estória quando tinha7 anos.. ) primeira ediç!o foi pu#licada hámais de C9 anos.

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