O futuro da aposentadoria - pouprev.com.br · Nos domicílios em que mais de 75% da renda vem da...
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O futuroD A A P O S E N T A D O R I A
LONGEVIDADE EFECUNDIDADE
Estudos destacam: menosjovens para mais velhos.
CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO
O Brasil do futuro será umpaís de idosos.
NOVAS RELAÇÕES DE TRABALHO
Alunos de hoje trabalharão em profissões que ainda não
existem.
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O AMANHÃ :: A ideia de futuro não é mais como antes.
FECUNDIDADE :: Dinâmica de crescimento da população brasileira.
VIDA LONGA :: A geração que vai viver mais de 120 anos já nasceu.
FUTURO DO TRABALHO :: Família, trabalho e qualidade de vida – presente e futuro.
O AMANHÃA IDEIA DE FUTURONÃO É MAIS COMOANTES
Edição especial | 3
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HÃ
O Brasil do futuro será um
país de idosos. Até 2060, um
quarto da população (25,5%)
deverá ter mais de 65 anos.
Nesse mesmo ano, o país
terá 67,2 indivíduos com
menos de 15 e acima dos 65
anos para cada grupo de 100
pessoas em idade ativa (15 a
64 anos).
Atualmente, são 44 crianças
e jovens de até 14 anos para
cada grupo de 100 idosos
com 65 anos ou mais. Já em
2022, o índice subirá para
51%, superando os 100% em
2039, o que indicará que o
país terá mais idosos do que
crianças.
HOJECOMO O ENVELHECIMENTO DA
POPULAÇÃO DEVERÁ AFETAR A VIDA
DOS BRASILEIROS
54% DOS IDOSOS SÃO MULHERES. Esse índice aumentaainda mais conforme alongevidade: quantomais velha a população,mais feminina.
Edição especial | 4
AM
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HÃ
Um recente estudo do IBGE, divulgado
em junho deste ano, detalha a dinâmica
de crescimento da nação brasileira.
A população do país deverá aumentar
até 2047, quando chegará a 233,2
milhões de pessoas. Nos anos seguintes,
ela cairá gradualmente, até os 228,3
milhões em 2060. Essas são algumas das
informações da Projeção de População do
IBGE, que estima demograficamente os
padrões de crescimento dos habitantes
do país, por sexo e idade, ano a ano, até
2060.
O estudo também revela que hoje a taxa
de fecundidade total para 2018 é de
1,77 filho por mulher. Em 2060, o
número médio de filhos por mulher
deverá reduzir para 1,66.
Para especialistas, vale compreender que
tudo mudará para os idosos do futuro, mas a
direção desse mudança depende das escolhas
de hoje. Novos tipos de doenças, maior
participação feminina na sociedade e o rombo
da previdência são pontos que precisam ser
debatidos e analisados desde já.
"O Brasil repete o que aconteceu nos
países desenvolvidos, mas com a
diferença que aqui o processo de
envelhecimento será mais veloz, porque
a fecundidade da população caiu numa
taxa muito alta", diz Ana Amélia
Camarano, pesquisadora do Instituto
Econômico de Pesquisa Aplicada (IPEA)
que estuda o envelhecimento da
população brasileira.
É certo que um envelhecimento desse
porte altera o país. Na composição dessa
nova sociedade, os valores e desafios já
são temas estudados atualmente por
diversos especialistas. E eles anunciam:
os idosos de amanhã serão um reflexo
dos jovens de hoje, pois a percepção
que temos em relação aos idosos está
mudando e mudará mais e mais ao
longo das próximas décadas.
ONTEM
QUAIS SÃO OS EFEITOS DESSA
PROJEÇÃO NO FUTURO DA
APOSENTADORIA DO BRASILEIRO?
OS GASTOS DAPREVIDÊNCIA EM RELAÇÃOAO PIB DE 2012 ERAM DE7,2%.
Edição especial | 5
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Hoje, para cada 100 pessoas em idade
para trabalhar, há 44 jovens de até 14
anos – patamar maior que o de outros
países emergentes como China (37,7) e
Rússia (43,5), mas ainda bem abaixo ao
de nações desenvolvidas e com elevado
percentual de idosos, entre elas Japão
(64) e França (59,2).
No Brasil, a RDD (Razão de
Dependência, que mede a relação entre
o número de dependentes e adultos
capazes de sustentá-los) era de 47,1%
em 2010 e atingiu seu percentual
mínimo em 2017 (44%). Segundo o IBGE,
essa proporção vai passar para 50% a
partir de 2035 e chegar a 67,2% em
2060.
“O que explica esse envelhecimento é a
queda na taxa de fecundidade total, que
reduz o número de nascimentos ao
longo do tempo. Essa queda é observada
em todos os estados brasileiros -
primeiro nos estados do Sul e Sudeste e
depois nas outras regiões”, destaca Leila
Ervatti, demógrafa do IBGE.
TEREMOS UMA POPULAÇÃO MAIS
IDOSA, QUE TRABALHARÁ POR MAIS
ANOS, MAS EXPERIMENTARÁ A
SEMIAPOSENTADORIA –
TRABALHAR MENOS HORAS E/OU
MUDAR DE EMPREGO – E AS
FAMÍLIAS SERÃO MENORES.
Entre as consequências do
envelhecimento da
população, além do
inevitável aumento dos
gastos com saúde e
aposentadorias, o IBGE
destaca o maior percentual
de pessoas fora da idade de
trabalhar e, portanto, de
dependentes.
OS GASTOS DAPREVIDÊNCIA EM RELAÇÃOAO PIB SALTARÃO PARA10,3% em 2050.
AMANHÃ
Edição especial | 6
L O N G E V I D A D E
MUDANÇAS NO MERCADO DE TRABALHO
65% dos alunos do atual primário vão trabalhar
em profissões que ainda não existem.
Uma população mais idosa, com mais acesso às inovações na
área de saúde, porém sem renda de aposentadoria e esse é o
prognóstico de muitos especialistas. Os avanços da
tecnologia trarão mais saúde, ou seja, os jovens de hoje,
mesmo expostos a outros tipos de doenças, terão o braço
amigo nos avanços da medicina. Atravessarão novos tempos
que hoje chamamos de "futuro do trabalho". Para eles será
real - o trabalho será remoto, a ideia de empregos fixo será
desconstruída, terão salários flexíveis e uma nova
mentalidade sobre poupança previdenciária. Se existirão
poucos jovens para sustentar essa massa de idosos, como
será a aposentadoria no futuro? Uma pergunta que gera
debates acalorados entre especialistas em envelhecimento e
em Previdência Privada e representantes do Governo. O
rombo previdenciário já existe e as mudanças no sistema são
inevitáveis. Para estudiosos, mudar apenas a idade de
aposentadoria é uma solução burocrática. Reflita: se
subirmos para 70, depois será 80? Quando terá fim se esses
jovens de hoje viverem mais de 100 anos?
OS JOVENS DE HOJE SÃO OS IDOSOS DE AMANHÃ
O envelhecimento afeta a razão
de dependência da população,
que é representada pela relação
entre os segmentos considerados
economicamente dependentes
(pessoas com menos de 15 e 65
anos ou mais de idade) e o
segmento etário potencialmente
produtivo (15 a 64 anos), que é a
proporção da população que, em
tese, deveria sustentar a parcela
economicamente não produtiva.
MENOS JOVENS PARA
MAIS VELHOS
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Veja o que o estudo Projeção de
População do IBGE fala sobre fecundidade
e a dinâmica do crescimento da
população do país até 2060.
FECUNDIDADEDINÂMICA DE CRESCIMENTO DA
POPULAÇÃO BRASILEIRA
SEREMOS CADA VEZ MAIS VELHOSESTUDO DO IBGE PREVÊ QUE APOPULAÇÃO BRASILEIRACRESCERÁ ATÉ 2040, ATINGINDOUM ÁPICE DE 231,9 MILHÕESNAQUELE ANO. A PARTIR DAÍ, ONÚMERO RECUA POUCO A POUCO,CAINDO NO PATAMAR DE 228,9EM 2060.
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As menores deverão ser no Distrito
Federal (1,50), em Goiás, no Rio de
Janeiro e em Minas Gerais, todos com
1,55. Já a idade média, na qual as
mulheres têm filhos, é de 27,2 anos, em
2018, e deverá chegar a 28,8 anos em
2060.
A revisão 2018 do estudo do IBGE
estendeu para todas as unidades da
Federação até 2060. Santa Catarina, que
hoje tem a maior esperança de vida ao
nascer para ambos os sexos (79,7 anos),
deverá manter essa liderança até 2060,
chegando aos 84,5 anos. No outro
extremo, o Maranhão (71,1 anos) tem a
menor esperança de vida ao nascer em
2018, condição que deverá ser ocupada
pelo Piauí em 2060 (77,0 anos).
A taxa de fecundidade total
para 2018 é de 1,77 filho por
mulher. Em 2060, o número
médio de filhos por mulher
deverá reduzir para 1,66.
Entre os estados, as maiores
taxas de fecundidade serão
em Roraima (1,95), seguido
por Pará, Amapá, Maranhão,
Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul, todos com 1,80.
Ainda em 2060, o percentual da
população com 65 anos ou mais de idade
chegará a 25,5% (58,2 milhões de
idosos), enquanto em 2018 essa
proporção é de 9,2% (19,2 milhões). Já
os jovens (0 a 14 anos) deverão
representar 14,7% da população (33,6
milhões) em 2060, frente a 21,9% (44,5
milhões) em no ano vigente.
MAIS VELHOS E ABERTOSNA CONFIGURAÇÃO FAMILIAR,POR EXEMPLO, OS IDOSOS DOFUTURO ESTARÃO HABITUADOS ARELAÇÕES MAIS FLUÍDAS,SEPARAÇÕES E RECASAMENTOS.
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Até 2060, a população idosa do país crescerá
cinco vezes mais que a do Japão — que hoje
tem a população mais longeva, com 8%
acima dos 65 anos. E lembre-se: o Brasil já
gasta mais com a Previdência do que o país
asiático. Para especialistas, é uma bomba
que terá de ser desarmada de alguma forma.
A bomba demográfica, porém, não é só na
área econômica. A saúde é outro ponto
crítico dessa transição demográfica, pois,
com a mudança, vem também uma
transformação epidemiológica – se as
pessoas mais jovens morriam mais de
doenças infecciosas, para a atual geração de
jovens o envelhecimento será acompanhado
pelo número de doenças crônicas, como
hipertensão ou diabete, além de o problema
do presente sistema de saúde não estar
preparado para atender a essa população e
os avanços tecnológicos na medicina
chegarem tardiamente no país. Essa questão
será mais pacífica para a geração que está
nascendo agora, como veremos a seguir.
PAÍSES COM O MAIOR NÚMERODE CENTENÁRIOS (em milhares)
EUA
JAPÃO
CHINA
ÍNDIA
VIETNÃ
CHINA
BANGLADESH
BRASIL
ÍNDIA
JAPÃO
2015 2100
68,6
67,3
62,3
31,3
26,3
3.943
2.084
1.575
1.551
957
O BRASIL E O MUNDO
A tecnologia está fazendo por nossos
cérebros o mesmo que as máquinas fizeram
para os nossos braços. E as mudanças são
profundas no comportamento de cada um,
que nos levam a novas formas de pensar e
interagir.
Os estudiosos dizem que envelhecer no
mundo de hoje não é a mesma coisa que era
há um século. São outros valores que
implicam em modos de vida menos rígidos e
mais abertos ao mundo moderno.
Especialistas afirmam que a geração que
viverá mais 120 anos conviverá com novos
conceitos de finanças, educação, saúde,
aposentadoria e empregos.
VIDA LONGA
A GERAÇÃO QUEVAI VIVER MAIS DE120 ANOS JÁNASCEU
Edição especial | 10
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Em 2100, o mundo terá 21
milhões de pessoas com 100
anos ou mais e o Brasil
aumentará sua população de
centenários em 110 vezes.
Com as novas tecnologias, os
bebês que nascem agora
viverão cada vez mais e
chegarão à velhice bem mais
mais saudáveis.
Um novo conjunto de
descobertas e técnicas que
começam a despontar em
empresas, startups e
universidades — como remédios
que tratam apenas as células
doentes, edição genética,
robótica e inteligência artificial —
e nos levará a um capítulo inédito
na história!
NO FUTURO, AS PESSOAS NÃO
MORRERÃO POR ENVELHECIMENTO,
DIZ CIENTISTA
COMO COMEÇOU SUABATALHA CONTRA OENVELHECIMENTO?
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Segundo o cientista, para pensar em uma
solução, é preciso entender o
envelhecimento e a morte como
resultado de um processo de acúmulo de
danos e imperfeições no organismo.
A chave, então, seria reparar esses
danos celulares antes de efeitos graves
que fariam o corpo pifar. Acabar com o
envelhecimento, portanto, seria dar fim
também aos problemas associados a ele
— câncer, demências, problemas
cardiovasculares, degeneração macular.
Seguem trechos da sua entrevista para
a Folha de S. Paulo.
Aubrey de Grey, 53, quer
curar o envelhecimento. Sim,
para esse pesquisador inglês,
formado em ciências da
computação na Universidade
de Cambridge, envelhecer é
uma doença tal como a
malária — ou ainda pior, por
vitimar muito mais pessoas —
que pode ser perfeitamente
evitável.
Eu me formei em ciências da computação, em Cambridge, e comecei a trabalhar com inteligência
artificial. Nesse período, conheci uma geneticista, com quem me casei. Por meio dela, aprendi
muito de biologia e vi que ela não estava muito interessada em pesquisar o envelhecimento nem
achava que era algo importante. Normalmente, as pessoas não pensam no envelhecimento como
inimigo, mas sim nas doenças associadas, como câncer e mal de Alzheimer. Tento mostrar a elas
que estão enganadas. Acho que sempre soubemos que esse era o pior problema do mundo, mas
também sabíamos que era algo completamente inevitável.
Fazia sentido deixá-lo de lado e aproveitar ao máximo nossas vidas miseravelmente curtas. Uma
forma de fugir disso, é a ideia de doenças relacionadas ao envelhecimento, como Alzheimer, e o
câncer. Essas coisas não são doenças.
E O QUE ELASSÃO ENTÃO?
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Doenças são coisas como tuberculose que vêm de fora. Você não pode
curar as doenças do envelhecimento porque elas são efeitos colaterais
do fato de estarmos vivos. Elas surgem como consequência do
funcionamento normal do corpo, e não há nada que possamos fazer
para impedi-las. O que podemos fazer é ser criativos e limpar os
estágios iniciais que dão origem a essas doenças.
E COMO O SENHOR ACREDITA QUEPODEMOS FAZER ESSA LIMPEZAPARA REVERTER OS PROCESSOSQUE LEVAM ÀS DOENÇAS?
São várias as estratégias. Uma delas é a limpeza de fato. Uma das coisas que
acontecem no corpo é a criação de detritos que podem afetar a maneira como as
células funcionam. Nossa estratégia é introduzir enzimas no corpo para destruir
esse "lixo". Mas há outros tipos de conserto que não têm a ver com limpeza,
quando as células morrem e não são automaticamente repostas. A solução aqui
é repor essas células por terapias com células-tronco.
MAS HÁ MUITOS QUE SE OPÕEM À SUAIDEIA DE IMORTALIDADE, PORCONSIDERÁ-LA ANTINATURAL.
O papel da tecnologia é lutar contra o que é natural. Antibióticos não são
naturais. Você também pode dizer que é natural que os humanos tentem
melhorar a situação em que se encontram e manipular a natureza. O que não é
natural é não agir e deixar que coisas terríveis aconteçam. Mas digamos que as
pessoas consigam viver durante séculos. Com uma taxa de mortalidade menor,
uma consequência seria a superpopulação da Terra, o que poderia significar ter
menos filhos ou ter menos acesso a recursos.
Há duasrespostas para essa pergunta.
Edição especial | 4
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A primeira refere-se a invenção de novas tecnologias. Vamos aumentar o número de
pessoas que o planeta poderá abrigar sem sérios problemas. O desenvolvimento de
energias renováveis, por exemplo, será mais rápido do que o crescimento na
população. Por isso, não precisamos nos preocupar.
A segunda resposta é, supondo que eu esteja sendo otimista e que nós de fato teremos
um problema grave de superpopulação. O que isso significa? Que a humanidade está
enfrentando um dilema entre ter consequências severas para o ambiente e ter menos
filhos do que gostaria.
Ambas são ruins, mas precisam ser comparadas com a alternativa de não
desenvolvermos as terapias que farão as pessoas viver mais. É melhor continuar desse
jeito ou ter menos filhos do que gostaríamos? Não é uma decisão difícil.
Não conheço ninguém que queira ter Alzheimer.
Se dissermos "ok, vamos ter uma superpopulação e é
melhor não desenvolver essas terapias", o que
faremos é atrasar o desenvolvimento dessas
tecnologias, porque elas surgirão em algum
momento. Com isso, vamos condenar um
monte de gente à morte. Está claro que
temos a obrigação moral de criar
essas terapias o mais rápido
possível para dar a
opção de poder usá-las.
Edição especial | 13
Instabilidade, mais mulheres no
mercado de trabalho, maior
expectativa de vida e novas profissões.
Para Paolo Gallo, conselheiro sênior do
Fórum Econômico Mundial (WEF),
essas são as tendências que pautarão o
futuro do mercado de trabalho,
considerando as novas tecnologias e as
mudanças sociais.
Veja alguns fenômenos que estão
acontecendo em relação à
aposentadoria e à dependência entre
jovens e idosos no Brasil.
Edição especial | 14
FAMÍLIA, TRABALHO EQUALIDADE DE VIDA -PRESENTE E FUTURO
F U T U R O D O T R A B A L H O
TUDO MUDA PARA OS IDOSOS DO
FUTURO, MAS A DIREÇÃO DESSA
MUDANÇA DEPENDERÁ DAS
ESCOLHAS DE HOJE
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O tradicional modelo de vida
dividido em três etapas — estudar
até o começo dos 20 anos, trabalhar
nos 35 anos seguintes e se
aposentar após os 60 anos —
precisa ser repensado.
O aumento da expectativa tem o
lado positivo, porém traz uma
reflexão importante sobre como os
jovens de hoje desfrutarão a
aposentadoria no futuro.
Imagine um cidadão que hoje está
recebendo a aposentadoria desde
1982 e ainda tem uma expectativa
de viver mais 20 anos.
Milhares de pessoas no Brasil e no
mundo estão se aposentando e
usufruindo os benefícios por mais
de 40 anos, o que em muitos casos
se equipara ao tempo que passaram
trabalhando.
Além disso, temos um outro fator
peculiar ao Brasil, que já afeta a
geração de jovens de hoje: a falta de
emprego!
JOVENS DESENGAJADOS
Emprego garantido, estabilidade
profissional e financeira, acesso a
serviços básicos e satisfação
profissional. Essas são as expectativas
da maioria dos brasileiros, mas a
realidade é bem diferente, começando
pelo emprego — entre o fim de 2014 e
o início deste ano, a taxa de
desemprego saltou de 21% para 44%
entre os brasileiros de 14 a 17 anos e
de 14% para 28% entre aqueles de 18
a 24 anos.
A elevação foi fruto tanto de demissões
quanto da busca por vagas entre os
jovens que, nos anos de crescimento,
ficaram fora da força de trabalho.
Os que aproveitaram o contexto
favorável para se dedicar só aos estudos
provavelmente se qualificaram,
aumentando a sua empregabilidade. Mas
mesmo os jovens que trabalharam no
período de expansão, melhoraram suas
perspectivas de inserção
profissional. Segundo o Banco Mundial,
esses fatores contribuíram para a queda
da fatia de jovens brasileiros em
situação de vulnerabilidade de 62% para
52% do total, entre 2004 e 2015.
REMUNERAÇÃO
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Esse "indicador de desengajamento" inclui tanto os que não estudam nem trabalham (chamados
"nem-nem") como aqueles que estão atrasados na escola ou empregados no mercado informal.
"As perspectivas tanto dos nem-nem quanto daqueles que estão na escola sem aprendizagem
adequada ou com vínculo laboral precário são preocupantes", diz Rita Almeida, do Banco Mundial.
A economista alerta que, com a crise, é possível que o desengajamento – que, apesar da queda até
2015, permanecia elevado — tenha voltado a subir. Dados divulgados recentemente indicam que a
preocupação de Rita Almeida tem fundamento.
Segundo análise de três pesquisadores do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a fatia
de jovens de 15 a 29 anos com vínculo de trabalho informal passou de 40,5% para 42% do total
entre os primeiros trimestres de 2015 e 2017. De acordo com o IBGE, entre 2016 e 2017, a parcela
dos "nem-nem" na faixa dos jovens de 15 a 29 anos passou de 22% para 23% do total, atingindo um
contingente de 11,2 milhões. Almeida ressalta que quanto mais cedo o jovem entrar em uma
situação de vulnerabilidade, menores as chances de futura reversão da situação. "Por isso é
importante agir preventivamente", destaca.
PERFIL DOS EMPREGOS
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Diante da “nova globalização”, onde tudo é “plataformizado” e o “core business” tende a virar
apenas uma das atividades às quais as empresas se dedicam, os tradicionais modelos de negócios
estão virando de pernas para o ar. Hoje, quase tudo, cabe numa plataforma on-line e essa revolução
digital e cognitiva é deflacionária, na medida em que reduz custos e ineficiência, joga os preços
para baixo. Nesse novo mundo que está surgindo, é claro, diferentes tipos de empregos, que cada
vez mais voláteis, substituídos por ligações passageiras entre o trabalhador e a empresa, uma vez
que as pessoas estarão apenas atendendo a uma demanda específica e ocasional de seu
contratante. E tudo isso, evidentemente, vai impactar na sustentação do modelo previdenciário,
segundo especialistas.
Um dos mais respeitados pensadores do mundo dos negócios na atualidade, o indiano Ram Charan
foi o palestrante no 39° Congresso Brasileiro da Previdência Complementar Fechada, ocorrido no
Brasil em setembro deste ano. “A disrupção inevitavelmente ocorrerá”, enfatizou o professor da
Harvard Business School. O pensador propôs uma reflexão sincera sobre a nossa preparação para
o momento de disrupção no setor previdenciário. Segundo ele, para se preparar para a disrupção é
necessário buscar os sinais de alertas, informações de novas tendências e lembrar que o mercado
atual não tem fronteiras. Alertou, ainda, para a importância do uso dos algoritmos, que são
utilizados pelas startups bem-sucedidas. “É muito importante utilizar os algoritmos no setor de
seguros e previdência”, recomendou Charan. Ele destacou, ainda, dados de pesquisas recentes que
mostram o seguinte: pessoas que se aposentam cedo demais e, em geral, subestimam o número de
anos que viverão a mais. Cria-se com isso um risco de longevidade, difícil de prever porque não
segue padrões definidos e estáticos e obedece muito mais a características individuais.
SEMIAPOSENTADORIA
Edição especial | 18
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A realidade da aposentadoria está evoluindo, e a
semiaposentadoria – trabalhar menos horas e/ou mudar de
emprego – está se tornando mais comum. Como tradição, a
aposentadoria significa mudar de forma repentina de uma
rotina de trabalho de tempo integral para um estilo de vida
mais tranquilo. Hoje em dia, muitas pessoas, em idade
economicamente ativa, estão buscando uma transição mais
gradual para a aposentadoria.
NÚMERO DE LARES QUE
DEPENDEM DA RENDA DE
APOSENTADOS CRESCE
12% EM UM ANO
Carmen Victolo não planejava chegar assim
aos 58 anos. Desempregada desde 2014,
ela mora com os pais de mais de 90 anos e
depende da aposentadoria deles para
bancar despesas básicas. Dois cursos
superiores e pós-graduação não foram
suficientes para levá-la de volta ao mercado
15 DE JULHO
DE 2018
MATÉRIA
ESTADO DE S. PAULO
e restituir o salário que ganhava como
coordenadora de marketing. "Virei teúda e
manteúda dos meus pais", brinca, tentando
dar leveza ao seu drama pessoal. Como
Carmen, pelo menos 10,8 milhões de
brasileiros dependem da renda de idosos
aposentados para viver. Só no último ano, o
número de residências em que mais de 75%
da renda vem de aposentadorias cresceu
12%, de 5,1 milhões para 5,7 milhões. O
estudo feito pela LCA Consultores a pedido
do jornal O Estado de S. Paulo considera
domicílios onde moram ao menos uma
pessoa que não é pensionista ou
aposentada, e que abrigam um total de 16,9
milhões de pessoas, incluindo os próprios
aposentados.
AMOR EXIGENTE
Caso os pais tenham algo de dinheiro extra acada mês, eles devem maximizar acontribuição para os planos de aposentadoriaou amortizar f inanciamentos e outras dívidas,em vez de subsidiar os f i lhos, dizem osconsultores f inanceiros.
Edição especial | 19
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Essa dependência sempre foi mais forte no Nordeste, que nos governos do PT viu
benefícios como aposentadorias e Bolsa Família crescerem mais que a renda do
trabalho. O desemprego, no entanto, está levando mais lares, em outras regiões
do país, à mesma situação. No Nordeste, a fatia da Previdência na renda das
famílias passou de 19,9% em 2014 para 23,2% em 2017. No Brasil, foi de 16,3%
para 18,5%, aponta a consultoria Tendências.
"À medida que o mercado de trabalho demora para se recuperar, as
aposentadorias acabam ganhando espaço no orçamento familiar", diz Cosmo
Donato, economista da LCA e responsável pelo estudo.
Nos domicílios em que mais de 75% da renda vem da aposentadoria, o número de
desempregados é quase o dobro da média do país. O metalúrgico aposentado
Antonio Alves de Souza, de 72 anos, sustenta, com uma renda de R$ 3 mil, três
filhos desempregados de 26, 32 e 36 anos. Eles não moram juntos, mas fazem
todas as refeições e tomam banho na casa de Souza. Quando falta dinheiro para
pagar as contas, também é ao pai que os três recorrem. "Se a renda fosse só para
mim e para minha mulher, dava para quebrar o galho, mas não tem jeito, tenho de
ajudar porque eles não conseguem emprego."
Esse não é um fenômeno exclusivo do Brasil. Na Espanha, no período mais agudo
da recessão recente, economistas chegaram a chamar os idosos espanhóis de
heróis silenciosos da crise, por bancarem financeiramente filhos e netos
desempregados e evitarem, em certa medida, um colapso social. Familiares
chegaram a tirar aposentados de asilos para garantir uma renda.
"No Brasil, os avós estão virando arrimo de família", diz o médico Alexandre
Kalache, especialista em longevidade. "Eles estão absorvendo o impacto do
desemprego e da instabilidade econômica." A consequência, segundo Kalache, é
perversa. "A geração que hoje depende dos pais pode ter dificuldade para se
aposentar. Em breve, serão eles os idosos. E sem renda".