O Estado Verde - Edição 22333 - 02 de setembro de 2014

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ANO VI - EDIÇÃO N o 353 FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Terça-feira, 2 de setembro de 2014 PESCA ESPORTIVA Amiga do meio ambiente? Pág. 9 Em Fortaleza, protagonista do premiado filme Lixo Extraordinário, fala sobre meio ambiente, educação e o lixão de Gramacho. Ele está na Cidade para participar do Limpa Brasil! BIODIVERSIDADE CSP: Os números são para comemorar De US$ 4,86 bilhões do investimento total na obra da Companhia Siderúrgica do Pecém, um bi é para compensação ambiental. Págs. 7 e 8 EXCLUSIVA Tião Santos conversa com o Estado Verde Págs. 5 e 6 Grupo vê que a prática do esporte, mesmo não parecendo, contribui com o meio ambiente.

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Jornal O Estado (Ceará)

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Page 1: O Estado Verde - Edição 22333 - 02 de setembro de 2014

ANO VI - EDIÇÃO No 353FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL

Terça-feira, 2 de setembro de 2014

PESCA ESPORTIVA Amiga do meio ambiente?

Pág. 9

Em Fortaleza, protagonista do premiado filme Lixo Extraordinário, fala sobre meio ambiente, educação e o lixão de Gramacho. Ele está na Cidade para participar do Limpa Brasil!

BIODIVERSIDADECSP: Os números são para comemorar

De US$ 4,86 bilhões do investimento total na obra da Companhia Siderúrgica do Pecém, um bi é para compensação ambiental.

Págs. 7 e 8

EXCLUSIVA

TiãoSantosconversa com o Estado Verde

Págs. 5 e 6

Grupo vê que a prática do esporte, mesmo não parecendo, contribui com o meio ambiente.

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O “Verde” é uma iniciativa para fomentar o desenvolvimento sustentável do Instituto Venelouis Xavier Pereira com o apoio do jornal O Estado. EDITORA: Tarcília Rego. CONTEÚDO: Equipe “Verde”. DIAGRAMAÇÃO E DESIGN: Wevertghom B. Bastos. MARKETING: Pedro Paulo Rego. JORNALISTA: Sheryda Lopes. TELEFONE: 3033.7500 / 8844.6873Verde

TARCILIA [email protected]

PIB: MARÉ NÃO TÁ PRA PEIXE Em relação ao 1O tri de 2014, indús-

tria e serviços tiveram quedas. O PIB a preços de mercado apresentou queda de 0,6% na comparação do segun-do trimestre de 2014 contra o primeiro trimestre do ano, na série com ajuste sazonal. A agropecuária teve variação de +0,2%, enquanto que a indústria (-1,5%) e os serviços (-0,5%) sofreram quedas no período.

Dentre os subsetores que formam a Indústria, apenas a Extrativa mineral (ligada à cadeia de petróleo) registrou expansão: 3,2%. Indústria de Trans-formação (-2,4%), Construção civil (-2,9%) e Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (-1,0%) apre-sentaram queda em relação ao tri-mestre anterior.RECESSÃO TÉCNICA

Economistas já avaliam que o resul-tado confi gura-se como recessão técni-ca, afi nal a economia está andando de-vagar. Contudo, o IBGE não concorda com o quadro. Para o instituto, a reces-são se deve a uma sequência de dois trimestres seguidos de queda acima de 0,5%. Quando há dois trimestres com resultado negativo a leitura do mercado é de recessão técnica. No caso de três períodos consecutivos, aí é considera-da recessão no sentido pleno.EDUCAÇÃO: CUIDAR DE QUEM CUIDA DA IMAGEM DO CANDIDATO

Os candidatos devem fi car atentos ao contratar serviços e pessoas para as campanhas eleitorais. Na manhã do

dia 17/08, uma moto fazia propaganda eleitoral para um candidato ao governo do Estado e ao mesmo tempo causava tumulto no trânsito da Avenida Rui Bar-bosa ao trafegar lentamente, de forma incômoda, na faixa da esquerda.

No cruzamento com a Avenida Antô-nio Sales, o farol fechou e ao fi car lado a lado com o motoqueiro, gentilmente, pedi que ele trafegasse na faixa da direi-ta, pois estava atrapalhando o trânsito. Simplesmente ele me respondeu com um gesto obsceno. Ao meu lado, esta-va uma senhora de 89 anos. Restou-me seguir meu caminho, virei à esquerda na Antônio Sales e ele, seguiu em frente pela Rui Barbosa, fazendo, em minha opinião, exatamente o contrário daquilo para o qual fora contratado.

Sexta (29/08) presenciei cena similar. Uma camionete fazendo propaganda política para um deputado federal, sim-plesmente, fi cou na contramão para “furar a fi la” dos veículos e entrar à di-reita na Rua Senador Almino, Praia de Iracema. Causou um tremendo tumulto e pouco se importou com as buzinas e xingamentos. Nessas horas quem sai perdendo é o candidato. Paga pela propaganda e perde pela falta de ci-dadania. É preciso treinar aqueles que divulgam a imagem dos candidatos.

Refl exão: “É preciso entender que para se ter mais saúde e mais justiça, é preciso se ter um setor educacional for-te. Uma educação forte, com um aten-dimento de saúde digno, mudam a face da cidade”. Antônio Ermírio de Moraes.

A produção global aumentou quase 7% em 2013. Embora com as taxas me-nores do que a eletricidade renovável, o consumo de biocombustíveis nos transportes está aumentando e deve continuar crescendo pelos próximos cinco anos e serão 4% da energia dos transportes até 2019.

No entanto, a incerteza sobre o apoio político para os biocombustíveis está au-mentando tanto na União Europeia como nos Estados Unidos, diminuindo, assim, as expectativas para o crescimento da produção e de certa forma ameaçando o desenvolvimento da indústria de biocombustíveis. As projeções estão no relatório Medium-Term Renewable Energy Market Report 2013 que acompanha as tendên-cias de médio prazo para o setor de energias renováveis publicado dia 28 de agosto pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).

BIOCOMBUSTÍVEIS

Coluna Verde

2 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 2 de setembro de 2014

VERDE

DE 3 DE SETEMBRODIA DO BIÓLOGO: SHOPPING CELEBRA O PROFISSIONAL• Amanhã é o Dia do Biólogo, mas as comemorações já começaram hoje. O profi ssional que estuda todos os organismos vivos, analisa seres nos seus mais variados níveis de organização está sendo homenageado em evento no Shopping Benfi ca. O curso de Ciências Biológicas da UFC e o Núcleo de Re-gional de Ofi ologia da UFC (Nurof/UFC) apresentam no centro de compras, hoje (02/09) e dia 03, exposição comemorativa ao profi ssional.A profi ssão foi regulamentada no País em 03 de setembro de 1979 (Lei 6.684), o que explica celebrar o profi ssional, neste dia. A pesquisa básica na área das Ciências Biológicas, atualmente, é realizada em grande parte por biólogos. Isso inclui técnicas aplicadas na medicina, no controle de pragas, e na preservação ambiental. Muitas universidades (federais, estaduais, parti-culares) e faculdades oferecem cursos de biologia em todo o Brasil. No evento que acontece no horário das 10h às 22h, serão exibidos materiais como esquemas dos crânios de serpentes, animais conservados em álcool, animais taxidermizados (processo antes conhecido empalhamento) e esque-letos. Os profi ssionais e alunos do curso, presentes à exposição, farão apre-sentação de equipamentos de manejos e irão informar as áreas de atuação do biólogo. O evento é gratuito. Mais informações: 3243-1000.

05 DE SETEMBRODIA DA AMAZÔNIA

• A Amazônia é a maior fl oresta tropical do mundo e merece um dia em sua homenagem. A data é uma referência à criação da província do Amazonas em 05/09/1850, por Dom Pedro I. É um voltado para a conscienti-zação da sociedade sobre a importância do bioma para o equilíbrio do meio ambiente no Brasil e do mundo.

Detentora de ainda incalculável biodiver-sidade, a exploração dos recursos da Amazônia deve ser feita de forma sustentável, garantido o usufruto de todas as suas riquezas e belezas naturais não apenas para as gerações presentes, mas às futuras, também.

07 DE SETEMBROINDEPENDÊNCIA DO BRASIL

• No dia 7 de setembro de 1822, o príncipe regente dom Pedro, irritado com as exigências da corte, declarou ofi cialmente a separação política entre a colô-nia que governava e Portugal, proclamando assim, a Independência do Brasil.

5 DE SETEMBRODIA INTERNACIONAL DA CARIDADE

• Proclamado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2012. Segun-do o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, “um dia para encorajar a carida-de, nomeadamente através da educação e de atividades que contribuam para a sensibilização da sociedade”. O objetivo do dia é mobilizar a sociedade glo-bal para o papel da caridade no alívio às crises humanitárias e ao sofrimento humano em todo o mundo.

AGENDA VERDE

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“A expansão das energias reno-váveis irá diminuir ao longo dos próximos cinco anos,

a menos que a incerteza política dimi-nua”. A Agência Internacional de Ener-gia (IEA, sigla em inglês) fez a afi rmação dia 28 de agosto quando do lançamento da terceira edição anual do Medium – Term Renewable Energy Marker Report (Relatório do Mercado de Energia). De acordo com o relatório, a geração de energia a partir de fontes renováveis, como eólica, solar e hídrica cresceu fortemente em 2013, chegando a quase 22% da geração global, e foi a par com eletricidade a partir de gás, cuja geração manteve-se relativamente estável.

A geração de energia renovável global vem subindo 45% e representará quase 26% da geração mundial de eletricidade até 2020, mas o crescimento anual no entanto, das novas energias pode abran-dar e estabilizar a partir de 2014, “co-locando as renováveis em risco de fi car aquém dos níveis absolutos de geração necessários para atender aos objetivos de mudanças climáticas globais”. O Me-dium – Term Renewable Energy Ma-rker Report é parte de uma série de re-latórios anuais que a AIE dedica a cada uma das principais fontes de energias primárias: petróleo, gás, carvão, energia renovável e - desde o ano passado - a efi -ciência energética.

A energia renovável é uma parte ne-cessária da segurança energética. No

entanto, quando elas estão se tornando uma opção com custo competitivo em um número crescente de casos, a política e as incertezas regulatórias crescem em alguns mercados-chaves. “Isto decorre de preocupações em torno dos custos de implantação das mesmas “, disse a di-retora executiva da IEA, Maria van der Hoeven, para quem os governos devem estabelecer uma “distinção mais clara entre o passado, presente e futuro, como a queda dos custos ao longo do tempo”.

“Muitas das energias limpas já não necessitam de altos níveis de incentivos. Em vez disso, dada a sua natureza de capital intensivo, as renováveis exigem um contexto de mercado que garante um retorno razoável e previsível para os investidores. Isto exige uma refl exão séria sobre projeto de mercado, neces-sário para alcançar um mix energético mundial mais sustentável”.

O relatório observou que políticas e mercado de riscos ameaçam retardar o impulso de implantação. Por exemplo, em muitos mercados fora da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), incluindo a China, as restrições incluem barreiras não eco-nômicas, a ausência de medidas de inte-gração de rede necessários, bem como o custo e a disponibilidade de fi nanciamen-to. Na União Europeia (UE), as incertezas permanecem sobre a natureza exata do quadro político renováveis pós-2020 e da acumulação de fora de uma grade pan-

-europeu para facilitar a integração das energias renováveis variáveis.

Pela primeira vez, o relatório anual fornece uma perspectiva de investi-mento de energia renovável. Até 2020, o investimento em nova capacidade de energia limpa é visto com média de mais de US$ 230 bilhões, anualmente. Isso é mais baixo do que a de cerca de USD 250 bilhões investidos em 2013.

Segundo o documento, a queda de-corre das expectativas de que os cus-tos de investimento de unidade para algumas tecnologias, vão cair e que o crescimento da capacidade mundial vai desacelerar. “Com custos decrescentes, oportunidades competitivas estão se expandindo para algumas ener-gias renováveis sob algumas condições espe-cífi cas de cada país e qua-dros políti-cos”. O Brasil é citado como exemplo, no caso as plantas de gás natural, e o Chile que com os altos preços da eletricidade no atacado e altos níveis de irradiação abriram um novo mercado de ener-gia solar não subsidiado.

BIOCOMBUSTÍVEISA participação dos biocombustíveis

nos transportes também está aumen-tando, embora a taxas menores do que a eletricidade proveniente das reno-váveis. No entanto incerteza sobre o apoio político para os biocombustíveis está aumentando na União Europeia e nos Estados Unidos, diminuindo as ex-pectativas para o crescimento da pro-dução e ameaçando o desenvolvimento da indústria de biocombustíveis avan-çados num momento em que as pri-meiras plantas comerciais estão apenas chegando online.

SERVIÇOO download do resumo

executivo do Medium – Term Renewable

Energy Marker Report pode ser feito em: http://w w w . i e a . o r g /T e x t b a s e / n p -sum/MTrenew-2014SUM.pdf.

3FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 2 de setembro de 2014

VERDE

Incerteza política ameaça desacelerar energia renovável

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4 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 2 de setembro de 2014

VERDE

No mês da mobilidade socieda-de civil organizada mobiliza políticos para discutir o as-sunto. Candidatos aos cargos

de deputado estadual, deputado federal e senador debaterão sobre suas propos-tas na área de Mobilidade Humana. O debate acontece hoje, terça-feira (2), às 19h, no Auditório da Reitoria da Uni-versidade Federal do Ceará (UFC). O evento será conduzido pela Associação Ciclovida e marcará a abertura do Mês da Mobilidade de Fortaleza.

O debate será composto por cinco blocos: O papel das instituições demo-cráticas e dos mandatos na construção da mobilidade humana; As atuais polí-ticas públicas de mobilidade;

A participação popular na política de mobilidade; Bloco extra, para temas que surgirem no decorrer do debate; e Considerações fi nais. Quatro candi-datos estão confi rmados: João Alfredo (PSOL), Geovana Cartaxo (PSB), Arru-da Bastos (PCdoB) e Júlio Brizzi (PDT).

Na ocasião, os candidatos formali-zarão apoio à Carta de Compromisso com a Mobilidade Ciclística. O docu-mento foi elaborado pela União de Ciclistas do Brasil (UCB) e é direcio-nada aos candidatos à Presidência da República. A entidade já conseguiu a assinatura do candidato Eduardo Jor-ge (PV). Para pressionar os demais candidatos à Presidência a aderir à Carta de Compromisso, a UCB busca o apoio de candidatos ao legislativo. O documento pode ser lido em: www.uniaodeciclistas.org.br/eleicoes2014/

MÊS DA MOBILIDADECom o tema “Conviver: uma cidade

para todos”, Fortaleza celebra durante setembro, o Mês da Mobilidade e con-tará com diversas atividades, gratuitas e distribuídas em diversas áreas da Ci-dade. O vídeo promocional do Mês da Mobilidade está disponível em:

https://vimeo.com/104070782

Candidatos debaterão o assunto hoje, na UFC

MOBILIDADE HUMANA

JORNALISTA E ESCRITOR

Lei da Ação Civil PúblicaLei no 7.347 de 24/07/1985. Lei de inte-

resses difusos trata da ação civil publica de responsabilidades por danos causa-dos ao meio ambiente, ao consumidor e ao patrimônio artístico, turístico ou pai-sagístico. Já a lei no 7.802 de 10/07/1989 (Lei dos Agrotóxicos), regulamenta des-de a pesquisa e fabricação dos agrotóxi-cos até sua comercialização, aplicação, controle, fi scalização e também o desti-no da embalagem. Exigências Impostas: Obrigatoriedade do receituário agronô-mico para venda de agrotóxicos ao con-sumidor; Registro de produtos nos Minis-térios da Agricultura e da Saúde; Registro no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Iba-ma). O descumprimento desta lei pode acarretar multas e reclusão.

Lei da Área de Proteção Ambiental Lei no 6.902 de 27/04/1981. Esta im-

portante lei criou as ‘Estações Ecoló-gicas’, áreas representativas de ecos-sistemas brasileiros, sendo que 90% delas devem permanecer intocadas e 10% podem sofrer alterações para fi ns científi cos. Foram criadas também as ‘Áreas de Proteção Ambiental’ ou APAS, áreas que podem conter pro-priedades privadas e onde o poder público limita as atividades econômi-cas para fi ns de proteção ambiental.

Lei das Atividades Nucleares Lei no 6.453 de 17/10/1977. Diploma

legal que tem importância não apenas em nível nacional, mas tem repercus-são internacional em razão do tema objeto da lei. Dispõe sobre a respon-sabilidade civil por danos nucleares e a responsabilidade criminal por atos

relacionados com as atividades nucle-ares. Classifi ca como crime produzir, processar, fornecer, usar, importar ou exportar material sem autorização le-gal, extrair e comercializar ilegalmente minério nuclear, transmitir informações sigilosas neste setor, ou deixar de se-guir normas de segurança relativas à instalação nuclear. Determina que se houver um acidente nuclear, a institui-ção autorizada a operar a instalação tem a responsabilidade civil pelo dano, independente da existência de culpa. Em caso de acidente nuclear não rela-cionado a qualquer operador, os danos serão assumidos pela União.

Lei de Crimes AmbientaisA Lei no 9.605 de 12/02/1998 é uma di-

ploma de suma importância para os bra-sileiros, sobretudo, feliz ou infelizmente, pelo viés penal que contém. Reordena a legislação ambiental brasileira no que se refere às infrações e punições. A pessoa jurídica, autora ou coautora da infração ambiental, pode ser apenada, chegan-do à liquidação da empresa, se ela tiver sido criada ou usada para facilitar ou ocultar um crime ambiental. A punição pode ser extinta caso se comprove a re-cuperação do dano ambiental. As mul-tas variam de R$ 50,00 (cinquenta reais) a R$ 50 milhões de reais. Para saber mais: www.ibama.gov.br

Lei da Engenharia GenéticaLei no 8.974 de 05/01/1995. Diploma

legal que estabelece normas para apli-cação da engenharia genética, desde o cultivo, manipulação e transporte de orga-nismos modifi cados (OGM), até a comer-cialização, consumo e liberação no meio ambiente. (Fonte: www.movieco.org.br)

PATRIMÔNIO JURÍDICO-AMBIENTAL DO BRASIL Apesar da leniência dos brasileiros no cumprimento dos dispositivos contidos

em nosso ordenamento legal, temos uma das melhores legislações ambientais do mundo. Se tivéssemos uma cultura de obediência às leis, certamente os problemas nessa área seriam muito poucos. Apresentamos a seguir algumas das leis mais importantes que garantem ao cidadão brasileiro um inestimável patrimônio jurídico que dá sustentação às ações de guarda e preservação de um dos mais ricos e exuberantes ecossistemas do planeta Terra.

CONFIRA PROGRAMAÇÃO DO MÊS DA MOBILIDADEDia 02: Debate entre Candidatos, às 19h, no auditório da Reitoria da UFC.Dia 04: Dia de Bike ao Trabalho. Exibição de fi lmes, às 19h, no Por-to Iracema.Dia 05: Exibição de fi lmes, às 19h, no Porto Iracema.Dia 06: Multa Moral, às 9h, con-centração na Praça da Igreja Nos-sa Senhora da Aparecida.Dia 08: Sinalização das paradas de ônibus, às 15h, concentração no Shopping Varanda Mall.Dia 10: Bike Blitz, às 17h, na ciclo-vida da Av. Bezerra de Menezes.Dia 11: Dia de Bike ao Trabalho.Dia 13: Caminhada Lerha-Unifor, às 8h, concentração no estacio-namento do Parque Rio Branco. Roda de Conversa com Renata Falzoni, João Paulo Amaral e Zé Lobo, às 18h, no auditório da Li-vraria Cultura.Dia 14: Escola Bike Anjo, às 8h30, na Praça Luiza TávoraOfi cina de Ideias Praça Itinerante, às 16h30, no Parklet Beira-Mar. Dia 17: Mostra Ladrilho sobre a história da Ciclovida, às 19h, no Ladrilho (Rua Torres Câmara, 770).

Dia 18: Dia de Bike ao Tra-balho Exibição de fi lmes, às 13h, na Biblioteca do Centro de Tecnologia da Universida-de Federal do Ceará (UFC).Dia 20: Caminhada Lerha--Unifor, às 8h, concentração no Centro Cultural do BNB.Seminário Direitos Urbanos, às 14h30, no anfi teatro da Faculdade de Direito da UFC.Dia 21: Rua do Lazer, em local a ser defi nido.Dia 22: Dia Fortaleza Sem Carro Seminário Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gestão Pública e Desen-volvimento Urbano (NEPE--GPDU), às 9h, no Auditório Central da Uece.Dia 24: Bike Blitz, às 17h, na ciclovia da Av. Bezerra de Menezes.

Dia 23: Seminário Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gestão Pública e Desen-volvimento Urbano (NEPE--GPDU), às 9h, no Auditório Central da Uece. Desafi o In-termodal, às 18h, concentra-ção na Praça da Imprensa.Dia 25: Dia de Bike ao Trabalho.Dia 26: Projeto Fortaleza Acessível, às 14h30, no au-ditório da Faculdade de Ar-quitetura da UFC.Massa Crítica Fortaleza, às 18h30, concentração na Praça da Gentilândia.Dia 27: Projeto Walk For-taleza, às 8h, concentração no Mercado dos Pinhões; I Papo Ciclovida, às 15h, no Centro Acadêmico Clóvis Beviláqua (CACB).Dia 28: Rota Turística de bi-cicleta, às 9h, concentração no Teatro José de AlencarCiclo chique, às 16h30, em local a ser defi nido.Encerramento com samba, às 18h, no Parklet Beira-Mar.

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SHERYDA [email protected]

Catador desde os 11 anos de idade, Tião Santos ganhou visibilidade após servir de

modelo para uma das obras de Vik Muniz e protagonizar o documen-tário Lixo Extraordinário, tam-bém produzido pelo artista plás-tico. Atualmente, é presidente da Associação de Catadores de Ma-terial Reciclável do Jardim Gra-macho (Rio de Janeiro), represen-tante do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Reciclá-veis (MNCR) e coordenador Na-cional de Logística do movimento Limpa Brasil Let’s do it! Hoje ele desembarca em Fortaleza para a divulgação do Limpa Brasil na Capital, movimento que propõe a participação direta da sociedade no processo de coleta seletiva.

Em conversa com o Caderno O Estado Verde, Tião fala de questões ambientais e sobre lembranças de Gramacho, lixão onde trabalhou durante a maior parte da vida e onde batalhou junto aos colegas ca-tadores por direitos e dignidade.

[O ESTADO VERDE] Atualmente, muitos falam em questões ambien-tais. São empresas, candidatos… Como você vê essas posturas? Há sinceridade, na sua opinião?

[TIÃO SANTOS] O que me deixa fe-liz é que há uma pressão da sociedade. Ela tem que fazer papel de fiscalizador para trazer ações concretas, porque há muito lobby e marketing envolvido. Discutir sustentabilidade é discutir a própria sobrevivência humana. É algo próximo de nós, que reflete direta-mente o que fazemos. As pessoas não

percebem que está tudo interligado: a empresa que produz o frasco tem que se responsabilizar pelo impacto de seu produto, tem que saber onde aquele

frasco vai parar e tem que dar um des-tino adequado a ele. Enquanto não for assim, não vai passar de marketing ou de fala de deputado.

[OeV] Toda essa visibilidade às questões ambientais e esse inte-resse em ser (ou parecer) “ecolo-gicamente correto” traz benefícios para os catadores?

[TS] Olha, traz benefícios para toda a sociedade. Cada garrafa PET coletada deixa de gerar impacto e passa a gerar emprego, trabalho, renda e economia, além de trazer benefícios ambientais e ajudar a promover uma sociedade mais sustentável. Um simples gesto pode trazer muita diferença. Quem separa o material reciclável, está reconhecendo a importância do trabalho do catador, que durante muito tempo foi deixado à margem da sociedade.

[OeV] Você comentou numa en-trevista que o fechamento de Gra-macho assustava, pois tinha dú-vida a respeito da inclusão social dos catadores. Como estão os seus colegas, agora?

[TS] Como a qualidade de vida dos catadores vai melhorar se nem a Co-leta Seletiva é uma realidade? Se os galpões que deveriam ter sido cons-truídos ainda não foram terminados? E mesmo que tivessem sido, a coleta seletiva não atinge nem 5% dos muni-cípios do Brasil. Nem mesmo o Rio de Janeiro, que é a cidade maravilhosa, tem sistema de coleta seletiva. Tínha-mos o lixão como nossa fonte de ren-da, mas hoje os resíduos estão sendo enterrado no aterro sanitário de Sero-pédica. Para ele chegar aos galpões de Gramacho é preciso que haja um pla-nejamento que envolve tanto educa-ção ambiental quanto logística rever-sa. É preciso educar crianças e adultos e tirar impostos que as cooperativas pagam. Brasileiro não gosta de plane-jamento, mas é preciso. A responsa-bilidade é do Governo, das empresas que geram resíduos... de todos. Todos nós somos responsáveis.

5FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 2 de setembro de 2014

VERDE

Tião Santos: maquiavélico do bem

ENTREVISTA

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6 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 2 de setembro de 2014

VERDE

Eram 1.707 catadores em Gramacho. Quando foi feito o diagnóstico antes do fechamento, 550 pessoas em idade produ-tiva disseram que queriam continuar na coleta seletiva. Foi construído um plano arquitetônico super bem-feito de quatro módulos de produção, mas hoje o que a gente recebe só dá para ocupar um. O que chega hoje para o pessoal trabalhar não é nem 1% do 1% de Gramacho. A grande maioria dos catadores está desempregada.

[OeV] Por que é importante que os catadores sejam ligados a associa-ções e cooperativas?

[TS] Porque só através da organiza-ção é que os trabalhadores conseguem alguma coisa. Com o fechamento de Gra-macho, cada catador recebeu R$13.850. A indenização também contemplou ca-tadores que tinham sofrido acidentes

trabalhando e que fi caram inválidos. Se não fosse a mobilização, não teríamos conseguido. O documentário Lixo Extra-ordinário e a infl uência do Vik também ajudaram muito. Viramos modelo para o Brasil todo, e agora todos os catadores de lixões querem indenização. Mas ain-da não acabou. Ainda queremos creche, fábrica de benefi ciamento entre outros direitos. E vamos conseguir. Nem que demore mais dez anos, mas nós vamos.

[OeV] Teve algo que você encon-trou no lixão e nunca esqueceu?

[TS] Tive uma experiência boa e ou-tra ruim. A ruim foi quando tinha uns 20 anos (estou com 35). Tinha acabado de ganhar minha primeira fi lha, estava no auge de ser pai, aquela alegria toda, sabe? Aí encontrei um menino, na ver-dade um recém-nascido morto no lixão.

Aquilo me chocou muito.Já a boa foi quando encontrei um li-

vro que mudou minha vida: O Príncipe, de Maquiavel. Eu tinha feito um curso de liderança numa ONG e estava super empolgado, querendo mudar o mundo. Aí, um dia, estava catando papel bran-co quando encontrei o volume. Sabe, eu acho uma grande injustiça dizer que Ma-quiavel é mau. Acho que o que ele ensina pode ser usado para o mal ou para o bem. Por exemplo: ele fala que para se voltar contra um rei ou uma situação é preciso esperar que o povo esteja insatisfeito, ou você vai lutar sozinho. Naquela época eu estava sozinho, mas esperei o momen-to certo e ele chegou. Considero-me um maquiavélico do bem.

[OeV] Qual é o seu papel no movi-mento Limpa Brasil?

[TS] Além de ser porta voz dessa men-sagem, sou organizador do movimento, cuido da logística reversa, sou mestre de cerimônia, garoto propaganda… Basi-camente sou fundador e articulador do movimento aqui no Brasil.

[OeV] Por que é importante a so-ciedade participar dessa limpeza?

[TS] A população é fundamental. Do que adianta o município criar leis, proibir sujeira nas ruas, se a população não for educada? Para eu poder sepa-rar, tenho que ser educado. Tenho que participar. A ideia é que a cidade sinta que faz parte do ambiente. Ela tem que gostar tanto da cidade, do planeta, que vai cuidar deles. É como o que Vik fez comigo: hoje eu ando em museu, mas jamais gostaria de arte se não tivesse experimentado arte.

Limpa Brasil - Let’s do it! Chega a Fortaleza no dia 06 de setembro

O movimento Limpa Brasil - Let’s do it! chega a Fortaleza no próximo dia 06 (sábado). É um movimento mundial de cidadania e cuidado com o meio ambiente, cujo objetivo é a conscienti-zação em relação ao descarte correto do lixo. A iniciativa que começou no Brasil em 2010 e já passou por 19 ci-dades, Fortaleza é a 20a a receber o mutirão de recolhimento de material reciclável que acontece, das 8 horas

às 13 horas, em 36 locais, entre áreas públicas, escolas e supermercados.

Os interessados poderão participar de duas formas: entregando o mate-rial reciclável de sua casa em qual-quer ponto de entrega ou retirando num desses pontos um kit contendo um saco de 100 litros e luvas para co-letar o material reciclável que estiver descartado incorretamente, na região da cidade que preferir.

Todo material reciclável recolhido será doado às cooperativas da ci-dade. Segundo a assessoria do Mo-vimento na Capital, o material será entregue na sede da Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Fortaleza e Região Metropolitana, que agrega 17 associações e aproxi-madamente 300 famílias.

SERVIÇO:Limpa Brasil: www.limpabrasil.net

Obra de Vik Muniz produzida com material reciclável como matéria prima e Tião Santos como modelo

GRAMACHOAntigo aterro tem projeto de aproveitamento energético do biogás

Ofi cialmente, o Aterro Metropolitano de Gramacho mais conhecido como o “Lixão de Gramacho” foi defi nitivamen-te fechado em 2012. No dia 3 de junho, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, colocou o cadeado na entrada do comple-xo e anunciou o desafi o da instalação no local de uma Usina de Biogás para trans-formar o lixo em energia limpa.

O desafi o virou realidade com o início das atividades da Usina de Biogás do aterro, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, em junho de 2013. Instala-da no antigo lixão, o maior da América Latina, a primeira usina de gás verde

do País vai atender à Refi naria Duque de Caxias (Reduc), da Petrobras.

Segundo matéria publicada dia 8 de junho de 2013, pela Agência Brasil, a usi-na tem capacidade para suprir 10% da demanda energética da Reduc, com uma produção anual de 70 milhões de metros cúbicos (m³) de gás verde. A obra durou quatro anos e teve investimentos de R$ 240 milhões, com parceria da Prefeitura do Rio e apoio da Petrobras.

O biogás é gerado a partir da decom-posição da matéria orgânica do aterro e em seguida é captado por 301 poços de coleta distribuídos na região. Depois, o

produto é transportado por tubulações até a usina de coleta e processamento, onde passa por várias etapas de purifi -cação até atingir o padrão de qualidade exigido pelas especifi cações técnicas da Petrobras. Entre as vantagens do biogás estão a inibição de gás carbônico na na-tureza, as receitas geradas com créditos de carbono, além de benefícios para os municípios do Rio e de Duque de Caxias.

O projeto de aproveitamento energético do biogás do Aterro Gramacho foi aprovado re-centemente pela United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC) e registrado em maio de 2013 para fi ns de cer-

tifi cação de créditos de carbono, que serão comercializadas no futuro.

Durante 35 anos, Gramacho foi o principal destino de cerca de 80 milhões de toneladas de lixo do Rio de Janeiro e de municípios vizinhos. Às margens de um manguezal na Baía de Guana-bara, o local foi uma fonte de trabalho para centenas de catadores. A partir do fechamento do lixão, os resíduos pas-saram a ser levados para a Central de Tratamento de Resíduos de Seropédica, na região metropolitana do Rio.

Fontes: Agencia Brasil; Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro.

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CSP: Os números são para comemorar

BIODIVERSIDADE

7FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 2 de setembro de 2014

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Do investimento total na obra da Companhia Siderúrgica do Pecém, da ordem de US$ 4,86 bilhões, 25% dos recursos, um bi, está direcionado para questões ambientaisPOR TARCILIA [email protected]

Assim como o Estudo e o Relatório de Impacto Am-biental (EIA/Rima) de atividades potencialmente

poluidoras são premissas para o li-cenciamento de um empreendimen-to, as ações mitigadoras ou compen-satórias, também são. Por isso, o compromisso da Companhia Siderúr-gica do Pecém (CSP) na recuperação de 206 hectares da Estação Ecológica do Pecém, 191 hectares da área inter-na do site e mais 15 hectares da Lagoa do Bolso, totalizando 412 hectares resultou em números grandiosos e

em uma confraternização interna, dia 27 de agosto, no Pecém.

RESULTADOSO trabalho e os resultados alcança-

dos, foram reconhecidos com a entrega de diplomas aos envolvidos no projeto. A CSP entregou 20 certifi cados nomi-nais, sendo 13 para colaboradores e sete para técnicos da Verde Vida Engen-haria Ambiental, pela participação de cada um no plantio de enriquecimento da fl ora. O balanço fi nal das atividades de compensação ambiental, aponta 89 espécies da fauna e 90 da fl ora iden-tifi cadas, 320.969 mudas de espécies nativas plantadas, 640.199 sementes de 43 espécies coletadas e 5.254 ani-

mais resgatados durante o processo de supressão vegetal na área em que está sendo construída a usina, além de treinamento sobre educação ambiental para 1.056 estudantes de 103 turmas de universidades e escolas da região.

De acordo com a assessoria da CSP, com relação ao resgate dos animais, o processo “foi feito com absoluto cuidado por um biólogo da equipe de especialis-tas que esteve à frente dos trabalhos” e após avaliações médicas, identifi cações taxonômicas, elaboração de um banco de dados e coletas de dados biométri-cos e microchipagem, os animais foram devolvidos à natureza na Unidade de Conservação (UC) Estação Ecológica do Pecém, a fi m de evitar a superpopulação

de animais. A captura deu-se a partir das características e hábitos de cada espécie.

ESPÉCIESDentre as avaliações destaque para a

microchipagem. “Esta medida foi impor-tantíssima por armazenar informações como peso, estado clínico e sexo de cada espécie, vindo a contribuir posterior-mente, caso o animal seja recapturado em seu novo habitat”, conforme o livro, “Fazendo o certo da maneira certa”, a obra publicada pela CSP que registra o re-sultado das ações mitigadoras conforme o EIA/Rima. “Na relação dos animais resgatados estão o felino gato do mato, ji-boia, s lacraias, escorpiões, jacu, rolinha, raposa, tejuaçu, iguana e cassaco”.

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8 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 2 de setembro de 2014

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5.254 animais foram resgatados no processo de supressão vegetal na área

1.056 estudantes participaram de ações de eduação ambiental

Marcelo Baltazar (CSP) e Raimundo Gonçalves (Verde Vida) cercam Antonio Marques Correia, que recebeu certificado pela participação no plantio de enriquecimento da flora. A confraternização interna, reunindo colaboradores da CSP e técnicos envolvidos nas atividades aconteceu na última quarta, no Pecém

DICIONÁRIO ESTADO VERDEEstação Ecológica do Pecém:

É um laboratório vivo para pesquisas científi cas onde poderão ser encontra-das espécies bioindicadoras do esta-do vital do ecossistema e como uma área de interfase do desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém e de corredor ecológico para as Unidades de Conservação Apa do Lagamar do Cauípe e Apa do Pecém, considerando sua situação geográfi ca entre essas duas Apas’s. Declarada área de utilidade pública para fi ns de desapropriação pelo Decreto Estadual nº 25.708, de 17/12/1999, faz parte do Plano Diretor do Complexo Industrial – Portuário do Pecém (CIPP).

Gato do mato (Leopardus Tigrinus): Segundo o ICMBio tem ocorrência am-pla no Brasil, e é a menor espécie de

felino encontrada em terras brasileiras, além de uma das mais conhecidas. Com porte semelhante ao gato domés-tico, tem tamanho médio de 49,1 cm , pesa de 1,5 a 3,5 kg e tem cauda longa.

Impacto ambiental: Segundo legis-lação brasileira considera-se “qualquer alteração das propriedades físicas, quí-micas e biológicas do meio ambiente causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades hu-manas que direta ou indiretamente, afe-tam: I - a saúde, a segurança e o bem estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e V - a qualidade dos recursos ambientais”.

*Com informações da CSP.

Com a implantação do empreendi-mento, por um curto período de tempo houve redução do habitat natural de es-pécies, mas que logo foi evitada, devido à três fatores de mitigação prontamente aplicados pelos técnicos da empresa: monitoramento de fauna; destinação dos animais a áreas preservadas e rá-pido início da reposição fl orestal. “O projeto apresentado pela Companhia, é uma exigência da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) e contemplou o monitoramento, com medições e acompanhamento de ani-mais com chip. Desde o início do tra-balho, em 2010, não há registro de per-ecimento da fauna local” esclareceu a assessoria de comunicação.

BANCO DE SEMENTESNos últimos três anos, a equipe de téc-

nicos da CSP realizou ainda atividades como a coleta e benefi ciamento de se-mentes, produção de mudas no viveiro, preparo de área no campo, plantio de mudas no campo, tratos silviculturais, educação ambiental, conscientização junto à população do entorno, princi-palmente proprietários vizinhos da Es-tação Ecológica do Pecém, entre outras. “O trabalho minucioso possibilitou tam-bém identifi car várias espécies raras, endêmicas e consideradas ameaçadas de extinção da fl ora, a exemplo da Gonçalo Alves (Astronium fraxinifolium), Oitici-ca-brava (Parinari campestris), Batiputa (Ourateafi eldingiana), Cajarana-brava (Ormosia fastigiata), Mangue-bravo (Humiria balsamifera) e Embiridiba

(Buchenavia tetraphylla)”. A Companhia Siderúrgica, entregou

ao Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam) um Banco de Sementes, que segundo o biólo-go, Carlos Henrique do Conpam, do Parque Botânico de Caucaia não chega a ser um Banco de Germoplasma , mas é “um excelente trabalho, muito bom e importante, pois as sementes coletadas no campo duram pouco, com o banco, terão mais durabilidade e vão servir como fonte de regeneração de áreas de-gradadas”, explica o biólogo.

A CSP mantém uma área verde dentro da planta da siderúrgica com manuten-ção de espécies in situ. “É uma área que não será utilizada no curto prazo, está sendo preservada. Temos identifi cadas 56 matrizes ‘porta sementes’ de 28 espé-cies nativas da região de tabuleiros e que podem fornecer sementes para projetos de recuperação de áreas que necessitem de recuperação”, esclarece a assessoria do complexo siderúrgico.

1 BILHÃO PARA O MEIO AMBIENTEDo investimento total na obra da

Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), da ordem de US$ 4,86 bilhões, 25% dos recursos, ou seja um bilhão, está direcionado para questões am-bientais, que também incluem equi-pamentos para controle e monito-ramento das emissões atmosféricas, lançamentos de efluentes e gerencia-mento de resíduos. Quando em fun-cionamento, a CSP trará aumento de 48% no PIB industrial no Estado.

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Enquanto ambientalistas lutam para que a pesca predatória acabe, cessando assim os im-pactos que essa prática causa,

um grupo que vê na pesca um esporte, busca associar à prática um modo que acredita ser mais sustentável de viven-ciá-la. Trata-se de pescar, fotografar e em seguida, libertar o peixe em perfeito estado de sobrevivência, evitando a ma-tança. É o que defende o presidente da Associação de Pesca Esportiva do Esta-do do Ceará (Apeece), Daniel Coêlho.

Segundo Coêlho, a preservação das espécies é o principal objetivo da Ape-ece. “Trabalhamos na educação e no respeito com a natureza e a pesca es-portiva preserva o peixe dando assim oportunidade de outro pescador em ou-tra oportunidade fazer o mesmo. Com isso, a espécie procria”, afi rma. Além da questão ambiental que diz respeito à preservação dos peixes, dar visibilidade e preservar o açude Castanhão, o maior do Ceará, também está entre os objeti-vos da pesca esportiva realizada pelos associados pela Apeece.

“Temos o exemplo do tucunaré, no Açude Castanhão, em Jaguaribara. Lá já foi pegue um exemplar recorde do esta-do, pesando 11 quilos e 800 gramas, pelo associado Rômulo Patrick, em 2012. Com a pesca predatória, difi cilmente pegamos peixes acima de 7 quilos, pois a matança acaba tanto com o pequeno peixe quanto com os maiores”, diz. Segundo Coêlho, a pesca predatória levou o tucunaré a su-mir dos açudes de Orós e Banabuiú, e se a fi scalização não for efi ciente para im-pedir a pesca predatória, o mesmo pode acontecer no Castanhão.

ECONOMIAPara Coêlho, a movimentação em tor-

no da prática da pesca esportiva contri-bui para movimentar a economia dos municípios onde ocorre, pois envolve a utilização de recursos turísticos como a rede hoteleira local, bares e restauran-tes, além de dar visibilidade aos locais visitados pelos pescadores. Os pratican-tes também costumam alugar barcos e comprar equipamentos de pesca, inje-tando mais dinheiro no comércio local.

Questionado pela reportagem do Ca-derno O Estado Verde se o mais digno para o peixe não seria ser destinado para a alimentação ao invés de capturá-lo por esporte, Coêlho ressaltou que a principal vantagem da pesca esportiva é a preser-vação das espécies, ao contrário do que ocorre na pesca predatória. Ele defende ainda que a extinção das espécies pode, inclusive, prejudicar a economia dos mu-nicípios, já que os pescadores deixariam de utilizar os serviços locais.

“Os associados da Apeece reúnem--se mensalmente para discutir pautas da Associação, inclusive, questões am-bientais”, informa. As reuniões ocor-rem na sede do Iate Clube, que fica na avenida Abolição, 4813, no bairro

Mucuripe. O próximo encontro está marcado para hoje, às 19h.

No dia 23 de agosto a Apeece realizou o V Circuito Apeece de Pesca Esportiva do Ceará, no município de Fortim, no Rio Pirangi. O evento teve a participa-ção de 11 equipes, compostas por até três pescadores cada, totalizando 33 pescadores esportivos no evento. Cada equipe recebeu uma tábua de medição para verifi car o tamanho dos peixes capturados. Cada centímetro dos ani-mais valem um ponto e são verifi cados os tamanhos dos cinco maiores peixes em toda a prova. A equipe que acumu-lar a maior quantidade de pontos vence. Também há uma bonifi cação para quem capturar os três maiores peixes.

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Prática contribui com o meio ambiente, afirma Apeece

PESCA ESPORTIVA

No esporte, a captura é feita para a fotografi a. Em seguida, o animal é devolvido à água. Movimento acredita que trata-se de uma forma de combater a pesca predatória

FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 2 de setembro de 2014

PESCA PREDATÓRIA

A pesca predatória é aquela que retira do meio ambiente mais do que ele consegue repor. A pesca em lar-ga escala, bem como a sobrepesca, causam a perda da capacidade de re-cuperação do estoque pesqueiro, afe-tando, não somente os animais que se reproduzem na fauna aquática, como também, as comunidades que depen-dem da pesca para a sobrevivência. A pesca predatória reduz o potencial pesqueiro impactando sobre as di-mensões ecológicas, econômicas e sociais da atividade.

Existem várias modalidades de pesca

predatória: pesca com bomba, com rede de malha fi na, pesca de camarão com rede de arrasto, pesca de lagosta com redes, pesca com cloro, água sanitária ou venenos, pesca seletiva com descar-te, de compressor, entre outras.

É importante ter a consciência de que esse tipo de pesca além de prejudicial ao meio ambiente e proibida por lei. De acordo com o Instituto Chico Mendes (ICMBio), a multa para a exploração indevida na atividade pesqueira pode variar de acordo com a modalidade de pesca exercida, mas o valor vai de R$ 500,00 até R$ 100.000,00.

Associação tem levantado pautas ambientais em suas reuniões

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POR TARCILIA [email protected]

Em tempos de escassez de água, até mesmo em São Paulo, a tecnologia parece muito boa. A Ecomart apresentou, na Expo

Arquitetura Sustentável, que aconte-ceu de 26 a 28 de agosto em São Pau-lo, a Aozow, máquina que produz água potável a partir da atmosfera por meio do processo de condensação. Na práti-ca, a Aozow precisa apenas de energia elétrica para gerar água potável fria ou quente (80ºC) para consumo imediato. A água é produzida, armazenada e puri-fi cada por fi ltros, que esterilizam e eli-minam impurezas nocivas à saúde.

Fabricada na China onde já é muito conhecida e faz sucesso, como em vários outros lugares mundo afora, a máquina consegue produzir até 12 litros de água em 24 horas com uma umidade relativa do ar de apenas 40%. Com 90% de umi-dade o índice chega a 34 litros. Segundo o Fundo das Nações Unidas pela Infân-cia (Unicef), menos da metade da popu-lação mundial tem acesso à água potável.

Segundo o técnico de engenharia do Grupo Inbrasmec , Ricardo Biffe, a em-presa responsável por trazer a tecnologia para o Brasil, “de 500 pessoas que mos-traram interesse pela máquina durante a Expo Arquitetura Sustentável, 99% estão interessadas na funcionalidade da mesma e desejam comprar a nova máquina que estará sendo comercializada no merca-do brasileiro a partir de dezembro deste ano”. Ainda estão sendo tratadas alguns itens pertinentes à questões de licencia-mento ambiental. A Ecomart é responsá-vel pela comercialização do novo produto http://www.ecomart.com.br/.

De acordo com Biffe, a tecnologia tem um uso bem amplo, podendo ser útil em residências ou em locais com maior

demanda. Mas, principalmente, “o sis-tema é ideal para áreas que enfrentam problemas com o fornecimento de água. Fortaleza, por exemplo, que apesar da pouca precipitação de chuva, apresenta umidade relativa do ar, alta”, explica.

A máquina necessita apenas de ele-tricidade para gerar água potável fria ou quente, em temperatura que vai até 80ºC. A produção é automática e feita através de um microcomputador inter-no. O sistema calcula a umidade do ar, a temperatura e então produz água. Toda a produção é fi ltrada, para que sejam retiradas todas as impurezas. “Com re-lação à fi ltragem, passa por três etapas: fi ltragem do ar; separação do ar e da água e o processo de fi ltragem da água”, esclarece o técnico.

De acordo com a empresa, a capaci-dade varia de acordo com os níveis de umidade do ar. Assim sendo, com a umidade relativa em 40%, a Aozow con-

segue produzir 12 litros de água potável em 24 horas. Quando a umidade sobre para 90%, a máquina chega a produzir diariamente 34 litros.

UM EXEMPLO DA ITÁLIAO arquiteto italiano Arturo Vittori

criou a WarkaWater, uma torre que capta o vapor de água atmosférico e o transforma em água própria para o consumo. A ideia deu tão certo, que ele já desenvolveu uma versão melhorada do modelo. O sistema não consiste em alta tecnologia. Pelo contrário, ele é tão simples que pode ser replicado em qualquer lugar. O melhor é que, além de ser efi ciente, o WarkaWater, nas duas versões, é bonito, assemelhando--se a uma grande escultura.

O projeto foi pensado para ajudar co-munidades que sofrem com a falta de água na Etiópia. Apesar de ainda não terem sido instalados no continente africano, os arquitetos já providen-ciaram a construção de um protótipo do WarkaWater2 no Instituto Italiano de Cultura e pretendem levá-lo para a Etiópia já em 2015.

A base da torre é modular, feita em bambu ou talos de juncus. Internamente elas são forradas com uma malha plás-tica, semelhante aos sacos usados no transporte de frutas e legumes. As fi bras de nylon e polipropileno ajudam a captar as gotículas do orvalho e quando a água escorre, fi ca armazenada em uma bacia, instalada na parte inferior da torre.

10 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 2 de setembro de 2014

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Chega ao Brasil, máquina que transforma ar em água

TECNOLOGIA

Na China ela já é uma velha conhecida, mas por aqui é novidade pura. A Aozow poderá ser muito útil em tempos de seca precisa apenas de ar e energia

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Hoje (02), a partir das 10h, no posto JG da Av. Engenheiro Antônio Fer-reira Antero, nº 455, bairro Cocó – Fortaleza, ocorrerá o Lançamento

das Operações do Jogue Limpo no Ceará. A ação é decorrente da assinatura do Termo de Compromisso Estadual para a Logística Rever-sa de Embalagens Plásticas de Lubrifi cantes no Estado, fi rmado entre a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) e o Pro-grama Jogue Limpo, em novembro de 2013.

Com a homologação do termo, a Semace, ór-gão ambiental estadual que licencia atividades de postos de revenda de combustíveis e derivados de petróleo, irá monitorar a efetivação do sistema em municípios do Estado atingidos pelo Progra-ma, que tem como objetivo implantar a logística reversa nas empresas do setor de lubrifi cantes. Fabricantes, importadores e distribuidores de lu-brifi cantes passarão a assumir responsabilidade compartilhada pelo recolhimento e destinação fi -nal dos resíduos de seus produtos, independente dos sistemas públicos de limpeza urbana.

O Jogue Limpo é um sistema de logística re-versa de embalagens plásticas de lubrifi cantes usadas disponibilizadas pelos fabricantes de lubrifi cantes. O recebimento é feito, sem ônus para os pontos cadastrados, postos de combus-tíveis e concessionárias de veículos, e as em-balagens são destinadas de forma ambiental-mente correta para recicladoras licenciadas e aprovadas pelo Jogue Limpo.

O segmento de lubrifi cantes foi o primeiro a assinar o Acordo Setorial com o Ministério do

Meio Ambiente (MMA) para atendimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos. No Ce-ará, a homologação do termo entre a Semace e o Jogue Limpo tem como objetivo contribuir para a redução de resíduos sólidos e perigosos no Estado. O documento foi assinado com o Sindicato da Revenda de Combustíveis do Ce-ará, parceiro do Jogue Limpo.

“Estamos iniciando nossas operações através da nossa central na região metropolitana de Fortaleza, e a previsão é atender ainda em 2014 o mínimo de 46 municípios conforme compro-misso assinado com a Semace. A expectativa é de receber até o fi nal do ano cinco toneladas de plástico o que equivale a 100.000 embalagens a serem recicladas”, disse o consultor do Progra-ma Jogue Limpo, Mauricio Séllos.

Ainda de acordo com o consultor, desde o início do Programa em 2005, já foram encami-nhadas à reciclagem mais 300.000.000 emba-lagens equivalentes de um litro. “Esta marca ex-cepcional foi atingida em agosto deste ano e que equivale ter sido retirado do meio ambiente a área de 20 Baías da Guanabara”, destaca Séllos.

Saiba mais sobre o Programa Jogue Limpo: www.programajoguelimpo.com.br

SERVIÇO:Lançamento das Operações do Jogue Limpo no Ceará com participação da SemaceLocal: Posto JG da Av. Engenheiro Antônio Ferreira Antero, nO 455, Bairro CocóData: 02 de setembro de 2014, (terça-feira),Horário: 10 horas

Programa implanta logística reversa de embalagens plásticas de lubrificantes no Ceará

JOGUE LIMPO

INDICAÇÃO DE LEITURA

Nos dias de hoje, problemas como poluição e escassez de recursos naturais essenciais, o aquecimento global e suas consequências já são uma realidade na consciência da maior parte das pessoas. O paradigma moderno de consumo e competição aprisionou a sociedade humana o que torna difí-cil pensar soluções.

Mas através de sua obra, lançada no último dia 29 de agosto, na Livraria da Travessa, em Ipanema, Rio de Ja-neiro, Marcelo Savi ajudará o leitor a compreender essa e outras propriedades de muitos sistemas e ritmos que fazem parte do nosso quotidiano. “Este texto pretende se aventurar a apresentar uma maneira de ver a natureza, inserindo nos-sas vidas como uma parte dela”.

SOBRE O AUTORMarcelo Amorim Savi é doutor em engenharia mecânica.

Atualmente, é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Departamento de Engenharia Mecânica, Coppe/Escola Politécnica) onde desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão.

Título: Ritmos da naturezaAutor: Marcelo Amorim SaviEditora: E-papersPáginas: 76 Ano: 20141a edição

Ritmos da natureza

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POR JÚLIA MANTA*

O espaço neste caderno não é destinado à críticas de cine-ma. Mas outro dia fui assistir um fi lme de Jim Jarmusch,

Amantes Eternos, que de alguma ma-neira me tocou, reverberou em mim. Os protagonistas são um casal de vampiros, cujo amor um pelo outro perpassa as eras, pois como todos sabem, vampiros vivem muito. Embalado por uma trilha sonora hipnotizante, o fi lme trata do mo-mento atual da vida desse casal de vam-piros, apreciadores e conhecedores da arte através dos tempos. Existencialistas, seguem, ela mais otimista e ele mais me-lancólico, questionando os percursos do mundo, da cultura, e dos seres humanos, por eles denominados de zumbis.

Adam e Eve, o casal de vampiros, tra-tam as plantas por suas alcunhas taxo-nômicas, admiram-nas, conversam com elas. Um bocado de Amanita muscaria, cogumelos vermelhos, chamam a aten-ção de Eve, por estarem brotando fora da época. Fruto das mudanças climáti-cas, constatam. “Já começaram a guer-ra pela água?”, Adam pergunta a Eve. “Estão começando agora”, ela responde. Zumbis, salvo raras exceções, só destro-em, não tem senso do belo, usurpam o planeta. O fi lme me fez pensar no amor, nas distâncias e nas árvores.

Saindo do cinema, ao som dos asso-bios dos ventos de agosto, meus pensa-mentos seguiram voando pela cidade, re-fl etindo, em livres associações. Admirei a bela oiticica (Licania tomentosa) do es-tacionamento do Dragão, de como há um ano atrás ela era perfeita, e agora estava meio castigada. Reportei-me às frondo-sas oiticicas da Av. Barão de Studart, tão belas. Lembrei do Cocó, da luta em prol

do mangue, da violência descomunal à resistência; das ninféias, tão lindas na trilha, que foram retiradas do lago sem razão; da área de relevante interesse eco-lógico, sob a espreita e violação constan-

te das sedentas construtoras. E ainda a ponte estaiada, o que dizer mais?

Lembrei-me da tarde azul na Praça do Ferreira, dos pau-brancos (Cordia onco-calyx), caraúbas (Tabebuia áurea) e ipês

roxos (Handroanthus impetiginosus) fl oridos. Nesse vai e vem cotidiano, as pessoas notam as estações na cidade?

Tentei mais uma vez entender o des-caso, o ódio, dos “zumbis”, principal-mente os que detém o poder público, pelas árvores. Como é possível estar-mos sob o mesmo teto de ozônio e al-guns agirem de forma tão gananciosa e inconsequente, prejudicando todos os demais seres vivos do planeta? Quanta inocência a minha. Senti doer o peito ao lembrar dos transplantes das árvo-res das avenidas Dom Luis e Santos Dumont, das árvores da Bezerra de Menezes, que serão cortadas. Meus olhos se encheram de lágrimas só de pensar em algum dia, por uma estúpida empreitada urbanística qualquer, sob a máscara de benfeitoria na mobilidade urbana da cidade, inventarem de cor-tar os oitis que restam da Dom Mano-el, Santos Dumont, Monsenhor Bruno, cujas copas que balançam mansas, tan-to me embalam a vista e a alma.

Voei então mais longe, foi ao cora-ção da mata, de quando conhecemos um angelim-pedra (Hymenolobium petraeum Ducke) na fl oresta amazô-nica. Majestoso, ali fi ncado como uma rocha, tão poderoso e ao mesmo tem-po tão vulnerável ao vil metal. Este exemplar de porte gigantesco, quantas mudanças no clima e na história já não presenciou, ali permanecendo genero-samente, silenciosamente?

A noite estava tranquila na desértica Fortaleza e eu a me perguntar até quan-do a vertiginosa batalha anti-natureza daria lugar à lenta serenidade que res-peita e acolhe o tempo dos cios, dos ci-clos e regalos do planeta.

*Integrante do Movimento Pró-Árvore

FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 2 de setembro de 2014

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Sobre vampiros e angelins-pedra

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