O ESPELHO DE SHAKESPEARE...William Shakespeare nasceu em Stratford-Upon-Avon, Warwickshire,...
Transcript of O ESPELHO DE SHAKESPEARE...William Shakespeare nasceu em Stratford-Upon-Avon, Warwickshire,...
-
O
ESPELHO
DE
SHAKESPEARE
RAFAEL RAFFAELLI
2019
-
2
1. INTRODUÇÃO
“Assim no futuro, o irmão do passado, eu poderei ver-me como agora aqui estou sentado mas por
reflexão daquilo que então eu serei.” (Joyce, Ulisses)
No início do seu texto seminal, “Shakespeare Nosso Contemporâneo”, Jan Kott
coloca: “Shakespeare é semelhante ao mundo ou à vida. Cada época encontra nele o que
busca ou o que quer” (2003:27).
Kott trata Shakespeare como um espelho das circunstâncias da vida, sua obra
refletindo as questões da condição humana no momento histórico e na ambiência cultural em
que seus espectadores travam contato com ela.
O emprego da metáfora do espelho, como imagem da alma, é frequente na
Antiguidade e na Idade Média. O mito de Narciso enfatiza justamente o espelho d’água que
reflete a imagem que fascina.
No entanto, para Platão ou para o venerável Beda, espelhos são condenáveis, pois
para o primeiro só servem para ampliar as aparências e, conforme o segundo, para ampliar o
número de homens. Por outro lado, na perspectiva de Plotino o cosmos é uma sucessão de
espelhismos, o mundo visível como uma imagem ao espelho do Criador.
No Renascimento, com a preocupação de se captar o elemento natural, o espelho
ganha prestígio: “O espelho é nosso mestre” dirá Leonardo da Vinci. A metáfora do palco
como um espelho é generalizada durante esse período, em conformidade com o conceito de
imitatio, como é descrito por Shakespeare em Hamlet: “The purpose of playing (...) both at
the first and now, was and is to hold as ‘twere the mirror up to nature (...). (Ato III, Cena
II). Na mesma cena, o próprio Hamlet é definido como “the glass of fashion and the mould
of form, th’observed of all observes (...)”.
Essa preocupação com a expressão da natureza, da sua incertitude e incongruência,
traduzida nos oximoros nos quais se debatem seus personagens, funda a ideia da
personalidade moderna, enquanto um conjunto de características idiossincráticas que
-
3
identifica uma pessoa - na sua força ou na sua fraqueza, no bem ou no mal - na relação com
as circunstâncias em que vive. Nenhum herói é sem mácula, nenhum vilão é só mau: os
indivíduos são dúbios e contraditórios na sua complexidade. O original em Shakespeare é a
“invenção do humano, a instauração da personalidade conforme hoje a conhecemos”.
(Bloom, 2000:29).
Isso o torna perene.
Como afirma Barbara Heliodora, “o que impressiona na figura de Shakespeare está
precisamente em uma certa radicalidade em saber dizer as coisas novas, em expressar a
aurora dos tempos modernos” (2004: X).
Na Modernidade, o espelho se torna o símbolo de uma verdade difusa, que não se
contenta mais com o conhecimento dogmático, que busca a episteme nas infinitas reflexões
da razão. Ele reflete uma nova imagem do mundo e do homem
Na Filosofia, é primeiro em Descartes que surge essa nova imagem, onde o sujeito
busca sua certeza no espelho de seu pensamento – no ‘cogito’ - e, mais tarde em Kant, com
seu ‘sapere aude’ (ousar conhecer). Quando refletimos, espelhamos na consciência o fluxo
de nosso pensamento, que deve ser livre para seguir o caminho que lhe aprouver, sem baliza
teórica – escolástica-aristotélica – ou religiosa – o cristianismo, com seus mistérios onde a
razão é alheia. Assim, o pensamento se laiciza e libera o espírito da Modernidade.
Mas nosso intuito - mais que decifrar o fato que para o homem do Renascimento o
mundo é um espelho - é analisar o que está envolvido na nossa reflexão sobre a obra
shakespeariana, pois nela vemos estampada a imagem da nossa cultura e do nosso tempo.
Como vimos, Shakespeare foi um apaixonado por espelhos e suas obras contêm
vários exemplos do uso dessa metáfora. Suas peças são espelhos da condição humana e suas
imagens se reproduzem indefinidamente nas obras de incontáveis artistas aos quais essas
imagens fascinaram e que, por sua vez, também as reproduzem, cada qual gerando suas
próprias reflexões sobre a matéria bruta da humanidade que a gerou. Os caminhos - diz
Hermann Soergel, personagem de Borges - “todos me llevaban a Shakespeare” (2004:82).
-
4
Mas Shakespeare também espelha algo ou alguém. Ele nasce no mesmo ano em que
morre o maior artista da Renascença, Miguel Ângelo, à imagem do qual é fundada uma nova
escola – o Maneirismo, criada à sua maneira, ao seu estilo - rompendo a moldura formal
renascentista. A metáfora do labirinto, tão cara aos maneiristas, é claramente expressa pela
“mousetrap” (ratoeira), através da qual Hamlet prende a consciência do rei Cláudio e também
a nossa.
No espelho embaciado - a fortiori estilhaçado - que a Modernidade nos legou,
miramos os reflexos da obra de Shakespeare como fragmentos da fissão/ficção de nosso
próprio mundo – fendido e imajado –, mas transbordante de significados.
O cristal renascentista tornou-se a tela pela qual se reflete o mundo.
E sobre esse labirinto especular, nos debruçamos.
-
5
2. PEQUENA BIOGRAFIA DE WILLIAM SHAKESPEARE
William Shakespeare nasceu em Stratford-Upon-Avon, Warwickshire, Inglaterra,
possivelmente em 23 ou 26 de abril de 1564, embora não existam registros de seu nascimento.
Seus pais, John Shakespeare e Mary Arden, tiveram oito filhos, sendo William o mais velho.
Em 1582 Shakespeare se casou com Anne Hathaway, filha de um fazendeiro. No
mesmo ano tiveram uma filha, Susanna. Dois anos depois nasceram os gêmeos Hamnet e
Judith. Mais tarde, em 1596, Hamnet veio a falecer com onze anos.
Entre 1585 e 1592 não existem registros confiáveis da vida de Shakespeare.
Em 1592 ele se estabeleceu em Londres como ator e teatrólogo e encontrou um
mecenas, Henry Wriothsley. Entretanto, seu trabalho foi interrompido temporariamente pelo
fechamento dos teatros em 1593 devido à peste.
A companhia teatral em que Shakespeare trabalhava chamava-se "Lord
Chamberlain's Men", tendo mudado sua denominação para "The King's Men" depois do
início do reinado de Jaime I em 1603. Com o sucesso de suas encenações, Shakespeare
tornou-se um homem rico.
Em 1611, Shakespeare aposentou-se e deixou Londres, morrendo em 23 de abril de
1616, com a idade de 52 anos, de causa ignorada.
-
6
3. SHAKESPEARE: LINHAS DO TEMPO
LINHA DO TEMPO 1438-1699
ARTE, FILOSOFIA, CIÊNCIA, POLÍTICA
1438
Fundação da Academia Platônica de Florença (Marcílio Ficino, Cosimo de Médicis)
1440
Publicada “De Docta Ignorantia” de Nicolau de Cusa
1445
Nasce Botticelli
1446
Início da construção da capela do King’s College em Cambridge
1448
Desenvolvimento da imprensa por Gutenberg
1450
“A Batalha de San Romano” de Paolo Ucello
“O Jovem David” de Andrea del Castagno
Nasce Signorelli
Nasce Hieronymus Bosch
1452
Nasce Leonardo da Vinci
1453
Tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos (‘final Idade Média’)
1459
“A Viagem dos Magos” (Afresco, Palazzo Medici-Riccardi) de Benozzo Gozzoli
1460
“A Agonia no Horto” de Andrea Mantegna
-
7
1470
“Apolo e Dafne” de Antonio Pollaiuolo
1471
Nasce Dürer
1475
Nasce Miguel Ângelo
1479
“O Parnasso” de Mantegna
1482
“Primavera” de Botticelli
1484
Nasce François Rabelais
1485
“Nascimento de Vênus” de Botticelli
“Jardim das Delícias” de Bosch
1488
Nasce Ticiano (Tiziano Vecellio)
1490
“A Flagelação de Cristo” de Luca Signorelli
1492
Descoberta da América por Colombo
Nasce Giulio Romano (Giulio Pippi)
1497
Nasce Holbein
1498
“A Última Ceia” de Leonardo
1499
“Pietá” de Miguel Ângelo
1500
Descoberta do Brasil por Cabral
“Coroação da Virgem” de ‘Master of Moulins’
1501
“Natividade Mística” de Botticelli
-
8
1502
“Estudo em Aquarela” de Dürer
“Mona Lisa” (Gioconda) de Leonardo
1503-1504
“A Sagrada Família” (Tondo Doni) de Miguel Ângelo
1505
“A Tempestade” de Giorgione
“A Virgem do Prado” de Rafael Sanzio
“Nossa Senhora com Santos” de Giovanni Bellini
“A Descida da Cruz” de Sodoma
1507
“Eva” de Dürer
1509
Início do reinado de Henrique VIII na Inglaterra
1510
“Paraíso e Inferno” (Tríptico) de Bosch
Morre Botticelli
1511
Publicada “O Elogio da Loucura” de Erasmo
Inauguração do afresco “A Escola de Atenas” (Stanza Della Signatura) de Rafael
1512
Inauguração dos afrescos do teto da Capela Sistina de Miguel Ângelo
1514
Afrescos da “Villa Farnesina” de Rafael
“O Amor Sagrado e o Amor Profano” de Ticiano
1515
Publicada “O Príncipe” de Maquiavel
“Moisés” de Miguel Ângelo
“Rapariga no Toucador” de Giovanni Bellini
“Perseu Libertando Andrômeda” de Piero di Cosimo
1516
Publicada “De Immortalitate Animae” de Pomponazzi
Publicada “Orlando Furioso” de Ariosto
Morre Bosch
1518
-
9
“O Papa Leão X com Dois Cardeais” de Rafael
1519
Morre Leonardo
Conquista do Império Asteca por Cortez
1520
Publicada “Manifesto à Nobreza da Nação Alemã” de Lutero
Início da circunavegação do globo terrestre por Fernão de Magalhães
Morre Rafael
1523
“Moisés e as Filhas de Jetro” de Rosso Fiorentino
Morre Signorelli
1524
Conquista do Império Inca por Pizarro
Nasce Luís de Camões
1525
“Noli me Tangere” de Correggio
1527
“Sala dos Gigantes”, afrescos do Palazzo Del Tè, de Giulio Romano
1528
Morre Dürer
1529
“Batalha entre Alexandre e Dario” de Altdorfer
1530
“Visitação” de Jacobo Pontormo
“Uma Dama como Lucrecia” de Lorenzo Lotto
1531
Ruptura religiosa entre Inglaterra e Roma
1532
Publicada “Pantagruel” de Rabelais
“Retrato de Henrique VIII” de Hans Holbein
“Vênus” de Lucas” Cranach, O Velho
“Madona do Pescoço Comprido” de Parmigianino
1533
“Os Embaixadores” de Holbein
“Dánae” de Francesco Primaticcio
-
10
1534
Publicada “Gargantua” de Rabelais
1536
Publicada “Instituição da Religião Cristã” de Calvino
1537
“Ninfa da Fonte Sagrada” de Cranach
1538
“Vênus de Urbino” de Ticiano
1540
“Retrato de Francisco I a Cavalo” de François Clouet
1541
Inauguração do afresco “O Juízo Final” (Capela Sistina) de Miguel Ângelo
Nasce El Greco (Domenikos Theotocopoulos)
1543
Morre Copérnico e publicação de sua obra “De Revolutionibus...”
Morre Holbein
1546
Publicada “O Terceiro Livro...” (série Gargantua-Pantagruel) de Rabelais
“O Papa Paulo III com Alexandre e Gustavo Farnese” de Ticiano
Morre Giulio Romano
1547
Final reinado Henrique VIII
Início do reinado de Eduardo VI
Nasce Miguel de Cervantes Saavedra
1550
“Alegoria de Vênus e Cupido” de Agnolo Bronzino
1553
Final do reinado de Eduardo VI
Início do reinado de Maria I
Morre François Rabelais
1555
Início da perseguição aos protestantes ingleses
1556
“Diana e Acteão” de Ticiano
-
11
1558
Final do reinado de Maria I
Início do reinado de Elizabeth I
1561
Nasce Francis Bacon
Nasce Luis de Góngora y Argote
1562
Início das guerras religiosas em França
Nasce Lope de Vega
“Descoberta do Corpo de São Marcos” de Tintoretto
1564
Nasce William Shakespeare
Nasce Galileu Galilei
Nasce Christopher Marlowe
Morre Miguel Ângelo
1565
“Um Casamento Aldeão” de Pieter Bruegel, O Velho.
1572
Nasce John Donne
Nasce Ben Jonson
Massacre da “Noite de São Bartolomeu” em França
Publicada “Os Lusíadas” de Camões
1573
Nasce Caravaggio
“Verão” de Giuseppe Arcimboldo
1575
Publicação da “Jerusalém Libertada” de Tasso
Trabalhos astronômicos de T. Brahe
1576
Abertura do “The Theatre” (Londres)
Morre Ticiano
1577
Abertura do “Curtain Theatre” (Londres)
Nasce Peter Paul Rubens
“O Enterro do Conde de Orgaz” de El Greco
1580
-
12
Início da publicação dos “Ensaios” de Montaigne
“Moisés Salvo das Águas” de Veroneso (Paolo Caliari)
Nasce Francisco de Quevedo Villegas
Morre Camões
1583
“A Anunciação” de Tintoretto
1584
Publicação de “Do Infinito, do Universo e dos Mundos” de Bruno
1587
Abertura do “Rose Theatre” (Londres)
Execução da Rainha Maria da Escócia
1588
A “Invencível Armada” espanhola é derrotada
1590
“Rapaz Encostado a Uma Árvore” (miniatura) de Nicholas Hilliard
1593
Morre Christopher Marlowe
Nasce G. de la Tour
Representação de “Titus Andronicus” (entre1593-94)
1594
Nasce Poussin
1595
Abertura do “Swan Theatre” (Londres)
1596
Nasce René Descartes
1597
Publicados os “Ensaios” de Francis Bacon
1598
Publicação de “Henrique IV, Part I”
Promulgação do Édito de Nantes
Shakespeare atua na primeira encenação da peça “Every Man in His Humor” de Jonson
1599
Abertura do primeiro “Globe Theatre” (Londres)
“Tomé, o Incrédulo” (“As Dúvidas de Tomás”) de Caravaggio
-
13
1600
Abertura do “Fortune Theatre” (Londres)
Nasce Pedro Calderón de la Barca
Execução de Bruno
“Natureza Morta” de Juan Sánchez-Cotán
1600-1601
Primeira encenação de “Hamlet”
1602
Campanella escreve a “Cidade do Sol”
“O Enterro de Cristo” de Caravaggio
1603
Termina o reinado de Elizabeth I
Início do reinado de James I
1604-05
Primeira encenação de “Doctor Faustus” de Marlowe
Primeira encenação de “Othello”
1605-06
Primeiras encenações de “Macbeth” e “King Lear”
Publicada a primeira parte da obra “Don Quixote” de Cervantes
1606
Nasce Rembrandt
Invenção da primeira máquina de fiar
1608
Nasce John Milton
1609
Publicada “Astronomia Nova” de Kepler
1610
“A Abertura do Quinto Selo” (“Visão de S.João”) de El Greco
Morre Caravaggio
1611
Publicada a versão do Rei Jaime da Bíblia na Inglaterra
Publicada a peça “O Alquimista” de Jonson
Início do reinado de Gustavo Adolfo na Suécia
Telescópio de Kepler
1612
Primeira representação de “Henrique VIII”
-
14
1613
Incêndio destrói o primeiro “Globe Theatre” (Londres)
Publicada “La Fábula de Polifemo y Galatea” de Góngora
1614
Morre El Greco
Encenada a peça “Fuente Ovejuna” de Lope de Veja
Publicada a segunda parte da obra “Don Quixote” de Cervantes
1616
Morre William Shakespeare
Morre Miguel de Cervantes
1618
Início da “Guerra dos Trinta Anos” entre Inglaterra e França
“O Rapto das Filhas de Leucipo” de Rubens
1620
“Judite e Holofernes” de Artemísia Gentileschi
1621
Publicada “Comédias’ de Lope de Vega
1622
Nasce Molière (Jean-Baptiste Poquelin)
1623
Publicado o “Primeiro Folio” das obras de Shakespeare
Nasce Blaise Pascal
Publicada a “Cidade do Sol” de Campanella
1625
Final do reinado de Jaime I
Início do reinado de Carlos I
“Desembarque de Maria de Médicis em Marselha” de Rubens
1626
Morre Francis Bacon
1627
“O Tempo Vencido pela Esperança, pelo Amor e pela Beleza” de Simon Vouet
Morre Góngora
1629
Carlos I dissolve o Parlamento
-
15
Descoberta da circulação do sangue por Harvey
1631
Morre John Donne
Publicado “Juguetes de la Niñez” de Quevedo
1632
Condenação de Galileu
“Lição de Anatomia” de Rembrandt
“O Julgamento de Páris” de Rubens
Nasce Vermeer
1635
Morre Lope de Vega
“Carlos I da Inglaterra” de Van Dyck
1637
Morre Ben Jonson
Publicada “Discurso do Método” de Descartes
1638
“Os Pastores Árcades” (“Et in Arcadia Ego”) de Nicolas Poussin
1639
Nasce Jean Racine
“Exaltação do Governo de Urbano VII” (afresco – Palazzo Barberini) de Pietro da Cortona
1640
Independência de Portugal (separação das coroas ibéricas)
Publicada “Elementos da Lei Natural e Política” de Hobbes
“Endymion Porter” de William Dobson
“São Jerônimo e o Anjo” de Guido Reni
“São Paulo, o Eremita” de Jusepe Ribera
“As Três Graças” de Rubens
Morre Peter Paul Rubens
1642
Início das Guerras Civis Inglesas
Fechamento dos teatros londrinos
Morre Galileu
Pascal inventa a máquina de calcular
“Ronda da Noite” de Rembrandt
1643
Início do reinado de Luís XV em França
1644
-
16
Torricelli inventa o barômetro
1645
Morre Quevedo
1647
“A Visão de Santa Tereza” de Bernini
“O Trapaceiro com o Às de Ouros” de La Tour
“Carlos I com Tiago, Duque de Iorque” de Peter Lely
1648
Final da “Guerra dos Trinta Anos”
1649
Final do reinado de Carlos I
Início do governo de Cromwell
1650
Morre René Descartes
“O Papa Inocêncio X” de Diego de Silva y Velázquez
“Natal” de La Tour
“São Francisco de Assis” de Francisco de Zurbarán
1651
Publicada a obra “Leviatã” de Hobbes
1653
Encenada a primeira peça de Molière (“L’Étourdi”)
1654
Fermat desenvolve o cálculo das probabilidades
Morre La Tour
1656
Huyghens inventa o relógio de pêndulo
“As Meninas” de Velázquez
1657
Boyle inventa a bomba pneumática
1658
Restabelecimento da monarquia na Inglaterra
1659
Encenada a peça “As Preciosas Ridículas” de Molière no “Théâtre du Petit Bourbon”
1660
-
17
Publicada “Gramática de Port-Royal” de Arnauld e Lancelot
“A Leiteira” de Jan Vermeer
1661
Spinoza inicia a composição da “Ética”
1662
Publicada “Lógica de Port-Royal” de Arnauld e Nicole
1664
Newton e Leibniz desenvolvem o cálculo diferencial
Primeira peça (“Thebaide”) de Racine encenada
Encenada “Tartufo” de Molière
1665
Publicada “Don Juan” de Molière
Morre Poussin
1667
Publicada “O Paraíso Perdido” de Milton
1669
Morre Rembrandt
Encenada a peça “Britannicus” de Racine
1672
Abertura do “Observatório de Paris”
1673
Encenada a peça “O Inválido Imaginário” de Molière
Morre Molière
1675
Abertura do “Observatório de Greenwich”
Morre Vermeer
1674
Morre John Milton
1677
Publicada “Fedra” de Racine
1678
“A Imaculada Conceição de Escorial” de B.E.Murillo
1680
Publicada “Tratado da Natureza e da Graça” de Malebranche
-
18
1681
Morre Pedro Calderón
1682
Classificação das espécies vegetais por J.Gray
1683
Publicada “Digressão Sobre os Antigos e os Modernos” de Fontenelle
1684
Publicada “Meditações Sobre o Conhecimento” de Leibniz
1685
Revogação do Édito de Nantes
1699
Morre Jean Racine
LINHA DO TEMPO 1099-1620
-
19
POLÍTICA INGLESA
1099 – Os Cruzados capturam Jerusalém e Godfrey de Bouillon é eleito rei
1100 - Início do reinado de Henrique I, filho mais novo de William, o Conquistador
1114 - Matilda (Maud), filha de Henrique I esposa o imperador Henrique V
1118 - Hugues de Payens funda a ordem dos Templários
1120 - William, herdeiro de Henrique I, morre num naufrágio. Assume Stephen.
1129 - Imperatriz Matilda, viúva de Henrique V, esposa Geoffrey, o Belo, Conde de Anjou,
chamado o "Plantageneta".
1141 – Início do reinado de Matilda, que é deposta por um levante popular, reassumindo
Stephen
1153 – Henrique de Anjou, filho de Matilda, invade a Inglaterra e obriga Stephen a fazê-lo
herdeiro do trono inglês
1154 – Início do reinado de Henrique II, cujos domínios incluem também mais da metade
do território francês. É eleito o Papa Adriano IV (Nicholas Breakspear, o único papa inglês)
e seu pontificado se estende até 1159.
1155 - Henrique II nomeia Thomas Becket como Chanceler do reino.
1162 - Becket é nomeado Arcebispo de Canterbury e entra em conflito com Henrique II
sobre os direitos eclesiásticos.
1164 - Promulgadas as “Constituições de Clarendon” estabelecendo leis para o julgamento
de membros da Igreja, obrigando Becket a fugir para a França.
1170 - Becket retorna à Inglaterra e é assassinado.
1173 - Rebelião dos filhos mais velhos de Henrique II (Henrique, Ricardo e Geoffrey),
apoiados por sua mãe, Eleanor de Aquitânia. Thomas Becket é canonizado.
1189 - Início do reinado de Ricardo I, ‘Coeur de Lion’ (Coração de Leão), filho
sobrevivente de Henrique II.
1191 - Os corpos de Rei Arthur e Guinevere são supostamente exumados de um túmulo na
Abadia de Glastonbury. Ricardo I conquista Chipre e domina a cidade de Acra.
-
20
1192 - Ricardo I conquista Jaffa, fazendo a paz com Saladino. Quando de seu retorno à
Inglaterra, é capturado pelo seu inimigo o duque Leopoldo da Áustria.
1194 – Ricardo I é libertado após pagamento de resgate e retorna à Inglaterra.
1199 – Início do reinado de João Lackland, filho mais novo de Henrique II.
1203 – O rei João ordena o assassinato de seu sobrinho Arthur, duque da Britânia.
1207 - Papa Inocêncio III indica Stephen Langton (que foi a pessoa responsável pela
divisão da Bíblia em capítulos) como Arcebispo de Canterbury, mas o rei João impede que
ele assuma o cargo.
1208 - Papa Inocêncio III estabelece um interdito religioso em relação à Inglaterra.
1209 – É fundada a Universidade de Cambridge. Papa Inocêncio III excomunga o rei João.
1213 - Papa Inocêncio III declara a deposição do rei João, que abdica. João retoma o trono
após acordo com a Santa Sé sobre as propriedades da Igreja na Inglaterra.
1215 – Os barões ingleses obrigam o rei João a assinar a “Carta Magna” (Magna Carta),
que restringe o poder real.
1216 – Início do reinado de Henrique III, que assume com nove anos de idade.
1227 - Henrique III assume pessoalmente o governo
1264 – Henrique III é derrotado por uma aliança de barões ingleses, liderados por Simão de
Montfort, que força a nomeação de um Parlamento incluindo burgueses das maiores
cidades do país.
1265 – Eduardo, filho de Henrique III, derrota Simão de Montfort em batalha.
1269 - Reconstrução da Abadia de Westminster.
1272 - Início do reinado de Eduardo I.
1283 - Eduardo I derrota e mata Llewellyn, príncipe de Wales, conquistando Wales de
forma definitiva.
1290 - Eduardo I expulsa os judeus da Inglaterra.
1291 – A Escócia reconhece Eduardo I como suserano.
1295 – Eduardo I promulga o “Parlamento Modelo” (Model Parliement), no qual os nobres
e burgueses estão representados.
-
21
1296 - Eduardo I depõe John Balliol do trono escocês.
1297 – O escocês William Wallace derrota os ingleses na batalha de Cambuskenneth.
1298 - Eduardo I derrota Wallace na batalha de Falkirk e reconquista a Escócia.
1305 – Wallace é executado pelos ingleses.
1306 – Nova rebelião escocesa contra o domínio inglês, liderada por Robert Bruce, que é
coroado rei da Escócia como Roberto I.
1307 – Início do reinado de Eduardo II.
1312 – A ordem dos Templários é extinta.
1314 – Bruce derrota Eduardo II na batalha de Bannockburn, tornando a Escócia
independente.
1327 – O Parlamento depõe Eduardo II, que é sucedido por seu filho. Início do reinado de
Eduardo III.
1333 - Eduardo III invade a Escócia e derrota os escoceses na batalha de Halidon Hill.
1337 – Felipe de França ataca o território da Aquitânia, pertencente a Eduardo III, o qual
reagiu declarando-se rei de França. Início da “Guerra dos 100 Anos” (termina em 1453).
1346 - Eduardo III invade a França e derrota o exército de Felipe VI na batalha de Crécy.
1347 – Tomada de Calais pelos ingleses.
1348 – A epidemia de peste bubônica (‘black death’) atinge a Inglaterra.
1360 – Eduardo III abandona sua pretensão ao trono de França e é selado o acordo de paz
de Bretigny.
1369 – A guerra entre Inglaterra e França recomeça.
1373 - João de Gaunt, duque de Lancaster, filho de Edward III, lidera uma nova invasão da
França.
1374 - João de Gaunt retorna à Inglaterra e assume provisoriamente o governo
1375 – A “Trégua de Bruges” faz cessar temporariamente as hostilidades entre Inglaterra e
França.
1376 – Eduardo, o Príncipe Negro, reúne “O Bom Parlamento” (The Good Parliament),
-
22
que introduz diversas reformas no governo. Após a morte de Eduardo, assume
provisoriamente João Wyclif, um teólogo de Oxford que nega a transubstanciação.
1377 – Início do reinado de Ricardo II, filho de Eduardo, o Príncipe Negro.
1381 – Início da “Revolta dos Camponeses”.
1389 - Ricardo II assume pessoalmente o poder.
1394 - Ricardo II ataca e domina a Irlanda.
1396 - Ricardo II casa-se com a princesa Isabella de França, de sete anos de idade.
1399 – Morte de João de Gaunt. Seu filho mais velho, Henrique de Bolingbroke, depõe
Ricardo II. Início do reinado de Henrique IV.
1400 - Ricardo II é assassinado e Owen Glendower proclama-se príncipe de Wales,
iniciando uma rebelião contra Henrique IV.
1402 - Henrique IV invade Wales.
1413 – Início do reinado de Henrique V.
1415 - Henrique V invade a França, derrotando os franceses na batalha de Agincourt.
1416 - Morre Owen Glendower.
1422 - Morrem Henrique V da Inglaterra e Carlos VI da França. Início do reinado de
Henrique VI.
1424 – João, duque de Bedford, - regente do trono inglês - derrota os franceses em Cravant.
1428 - Henrique VI inicia o cerco a Orleans.
1429 – Um exército francês liderado por Joana d’Arc (Jeanne d'Arc), liberta Orleans.
Carlos VII é coroado rei de França em Rheims.
1430 – Joana d’Arc é capturada pelos ingleses.
1431 - Joana d'Arc é queimada como bruxa em Rouen. Henrique VI é coroado rei de
França em Paris.
1453 – Fim da “Guerra dos 100 Anos”. Henrique VI enlouquece.
1454 - Ricardo, duque de York, fica como regente do trono inglês durante o impedimento
de Henrique VI.
-
23
1455 - Henrique VI recupera-se. Inicia-se a “Guerra das Rosas” (War of the Roses) entre as
casas reais de York e Lancaster, que se estenderá até 1485.
1460 – Ricardo de York é morto na batalha de Wakefield. Henrique VI é capturado na
batalha de Northampton.
1461 – Eduardo, filho de Ricardo de York, derrota seus adversários nas batalhas de
Mortimer's Cross e Towton. Início do reinado de Eduardo IV.
1465 - Henrique VI feito prisioneiro por Eduardo IV
1470 – Eduardo IV é derrotado por Warwick, que recoloca Henrique VI no trono.
1471 – Eduardo IV derrota e mata Warwick na batalha de Barnet. Morre Henrique VI,
provavelmente morto na Torre de Londres.
1475 - Eduardo IV invade a França. A “Paz de Piequigny” encerra as hostilidades entre
Inglaterra e França.
1483 - Morre Eduardo IV. Seu filho, Eduardo V, torna-se rei, mas é deposto pelo seu tio
Ricardo, duque de Gloucester. Eduardo V e seu irmão são assassinados na Torre de
Londres. Início do reinado de Ricardo III.
1485 - Henrique Tudor, apoiado por Carlos VIII de França, derrota e mata Ricardo III na
batalha de Bosworth Field.
1486 – Início do reinado de Henrique VII (Tudor). Ele esposa Elizabeth de York buscando
unir as casas deYork e Lancaster.
1487 - Vitória de Henrique VII na batalha de Stoke Field, confronto final das “Guerras das
Rosas” (Wars of the Roses)
1502 - Margaret, filha de Henry VII, esposa Jaime IV da Escócia.
1509 – Início do reinado de Henrique VIII.
1513 – Jaime IV da Escócia é assassinado. Os escoceses são derrotados na batalha de
Flodden Field.
1517 - Martinho Lutero prega suas "95 Teses" contra a prática de venda de indulgências, na
porta da igreja de Wittenberg. Início da reforma protestante.
1521 - Henrique VIII recebe o título de "Defensor da Fé" do papa Leão X , devido à sua
oposição a Lutero
1529 - Henrique VIII demite o Lorde Chanceler Thomas Wolsey, por não conseguir a
-
24
anuência do papa quanto ao seu divórcio de Catarina de Aragão, e o substitui por Thomas
More.
1532 - Thomas More renuncia devido à questão do divórcio de Henrique VIII.
1533 - Henrique VIII esposa Ana Bolena e é excomungado pelo papa Clemente VII.
Thomas Cranmer é nomeado Arcebispo de Canterbury.
1534 - Henrique VIII é declarado o dirigente supremo da Igreja da Inglaterra no “Ato de
Supremacia” (Act of Supremacy).
1535 - Thomas More é decapitado na Torre de Londres.
1536 - Anne Bolena é decapitada por ordem de Henrique VIII, que esposa Jane Seymour.
Inicia-se a dissolução dos monastérios ingleses sob a direção de Thomas Cromwell, tarefa
completada em 1539.
1537 - Jane Seymour morre após dar a luz a um menino, o futuro rei Eduardo VI.
1540 - Henrique VIII esposa Ana de Cleves e, após divorciar-se, casa-se novamente com
Catherine Howard. Thomas Cromwell é executado, acusado de traição.
1542 - Catherine Howard é decapitada por infidelidade ao rei.
1543 - Henrique VIII casa-se com Catherine Parr. Henrique VIII e Carlos V (Imperador do
Sacro Império Romano) fazem uma aliança contra a Escócia e França.
1544 - Henrique VIII e Carlos V invadem a França.
1547 – Início do reinado de Eduardo VI, com o duque de Somerset atuando como Protetor
do rei.
1550 - Duque de Northumberland substitui o duque de Somerset como Protetor do rei.
1553 – Morre EduardoVI, e Lady Jane Grey é proclamada rainha pelo duque de
Northumberland, mas seu reinado dura somente nove dias. Início do reinado de Maria I,
filha de Henrique VIII e Catarina de Aragão. Restauração dos bispos católicos na
Inglaterra.
1554 - Execução de Lady Jane Grey
1555 – Inglaterra retorna ao catolicismo e os protestantes são perseguidos. Cerca de 300
pessoas - incluindo o Arcebispo de Canterbury, Thomas Cramner - são queimadas na
fogueira.
1558 - Morre Maria I. Início do reinado de Elisabeth I, filha de Henrique VIII e Ana
Bolena. A Inglaterra perde Calais, sua última possessão em França.
-
25
1563 – Editados “Os 39 Artigos” (The Thirty-nine Articles), que completam o
estabelecimento da Igreja Anglicana.
1564 - Nasce William Shakespeare
1567 – Maria, rainha da Escócia abdica. Jaime VI torna-se rei da Escócia.
1568 – Maria, rainha da Escócia foge para a Inglaterra e é aprisionada por Elizabeth I no
castelo de Fotheringay.
1584 - Conspiração contra Elizabeth I na qual está envolvida Maria, rainha da Escócia.
1587 – Execução de Maria, rainha da Escócia. A Inglaterra entra em guerra com a Espanha
até 1603.
1588 – Derrota da armada espanhola.
1597 – Início da rebelião irlandesa que dura até 1601.
1601 – O duque de Essex se rebela contra Elisabeth I e é executado.
1603 – Morre Elizabeth I. O rei Jaime VI da Escócia torna-se Jaime I da Inglaterra.
1604 – Jaime I bane os Jesuítas da Inglaterra.
1605 – A “Conspiração da Pólvora” (Gunpowder Plot), na qual conspiradores católicos
tentaram explodir conjuntamente o Parlamento e Jaime I.
1607 – Parlamento recusa a proposta de união entre Inglaterra e Escócia. É fundada a
colônia de Virginia, na América do Norte.
1611 – A versão do rei Jaime da Bíblia é finalizada.
1614 - James I dissolve o Parlamento.
1616 - Morre William Shakespeare
1618 – Início da “Guerra dos Trinta Anos”.
1620 – O navio "Mayflower", conduzindo os peregrinos ingleses, aporta em Cape Cod,
Massachusetts, e é fundada New Plymouth.
( traduzido, adaptado e ampliado a partir do material presente em http://search.eb.com/shakespeare)
-
26
4. CRONOLOGIA E DIVISÃO POR TIPO DAS OBRAS DE SHAKESPEARE
CRONOLOGIA PROVÁVEL DAS PEÇAS DE SHAKESPEARE
1589-1592
Henry VI, Parte 1; Henry VI, Parte 2; Henry VI, Parte 3
1592-1593 Richard III; The Comedy of Errors
1593-1594 Titus Andronicus; The Taming of the Shrew
1594-1595 The Two Gentlemen of Verona; Love's Labour's Lost; Romeo and Juliet
1595-1596 Richard II; A Midsummer Night's Dream
1596-1597 King John; The Merchant of Venice
1597-1598 Henry IV, Parte 1; Henry IV, Parte 2
1598-1599 Much Ado About Nothing; Henry V
1599-1600 Julius Caesar; As You Like It
1600-1601 Hamlet; The Merry Wives of Windsor
1601-1602 Twelfth Night; Troilus and Cressida
1602-1603 All's Well That Ends Well
1604-1605 Measure for Measure; Othello
1605-1606 King Lear; Macbeth
1606-1607 Antony and Cleopatra
1607-1608 Coriolanus; Timon of Athens
1608-1609 Pericles
1609-1610 Cymbeline
1610-1611 The Winter's Tale; The Tempest
1612-1613 Henry VIII; The Two Noble Kinsmen (apud http://search.eb.com/shakespeare)
PEÇAS DE SHAKESPEARE POR TIPO
COMÉDIAS
The Comedy of Errors (A Comédia dos Erros)
Love's Labour's Lost (Trabalhos de Amor Perdidos)
The Two Gentlemen of Verona (Os Dois Cavalheiros de Verona)
The Taming of the Shrew (A Megera Domada)
A Midsummer Night's Dream (Sonho de Uma Noite de Verão)
The Merchant of Venice (O Mercador de Veneza)
Much Ado About Nothing (Muito Barulho Por Nada)
The Merry Wives of Windsor (As Alegres Comadres de Windsor)
As You Like It (Do Jeito que Você Gosta)
Twelfth Night (Noite de Reis)
-
27
As comédias ‘negras’
All's Well That Ends Well (Tudo Está Bem, Quando Acaba Bem)
Measure for Measure (Medida por Medida)
Troilus and Cressida (Tróilo e Créssida)
ROMANCES
Péricles (Péricles)
The Winter's Tale (O Conto do Inverno)
Cymbeline (Cimbeline)
The Tempest (A Tempestade)
The Two Noble Kinsmen (Os Dois Honoráveis Parentes)
HISTÓRICAS
Henry VI, Parte 1 (Henrique VI)
Henry VI, Parte 2
Henry VI, Parte 3
Richard III (Ricardo III)
King John (Rei João)
Richard II (Ricardo II)
Henry IV, Parte 1 (Henrique IV)
Henry IV, Parte 2
Henry V (Henrique V)
Henry VIII (Henrique VIII)
TRAGÉDIAS
Titus Andronicus (Tito Andrônico)
Romeo and Juliet (Romeu e Julieta)
Julius Caesar (Júlio César)
Hamlet (Hamlet)
Othello (Otelo)
King Lear (Rei Lear)
Macbeth (Macbeth)
Timon of Athens (Timão de Atenas)
Antony and Cleopatra (Antônio e Cleópatra)
Coriolanus (Coriolano)
AS PEÇAS ROMANAS
Julius Caesar (Júlio César)
Antony and Cleópatra (Antônio e Cleópatra)
Coriolanus (Coriolano)
(apud http://search.eb.com/shakespeare)
-
28
5. PEÇAS DE SHAKESPEARE EM ORDEM ALFABÉTICA E SINOPSES DE
OBRAS SELECIONADAS
All's Well That Ends Well (Tudo Está Bem, Quando Acaba Bem)
Antony and Cleópatra (Antônio e Cleópatra)
As You Like It (Do Jeito que Você Gosta)
The Comedy of Errors (A Comédia dos Erros)
Coriolanus (Coriolano)
Cymbeline (Cimbeline)
Hamlet (Hamlet)
Principais Personagens: Hamlet, príncipe da Dinamarca; Cláudio, rei da
Dinamarca; Gertrudes, mãe de Hamlet e rainha da Dinamarca; Polônio,
conselheiro do rei; Ofélia, filha de Polônio; Laertes, filho de Polônio; Horácio,
amigo de Hamlet; Rosencrantz e Guildenstern, cortesãos; Fortimbrás, príncipe
da Noruega.
Sinopse: Após a morte do Rei Hamlet da Dinamarca, seu irmão Cláudio desposa a
Rainha Gertrudes e torna-se rei. O único filho do finado rei, Hamlet, entra em contato
com um espectro nas muralhas do castelo de Elsinore que, dizendo ser seu pai, o
instiga a vingar-se de seu tio Cláudio. Hamlet, com o intuito de desmascarar Cláudio,
finge-se de louco e rejeita Ofélia, filha de Polônio, que é o conselheiro do rei.
Organiza a seguir uma encenação teatral na qual se representa o crime cometido por
Cláudio, o qual reage de maneira intempestiva, confirmando as suspeitas de Hamlet.
Mas ao invés de matar o rei, Hamlet mata Polônio, que estava escondido no quarto
da rainha a espionar. Hamlet é, então, enviado para a Inglaterra acompanhado por
Rosencrantz e Guildenstern para entregar uma carta ao rei inglês que continha uma
ordem determinando sua execução. Nesse ínterim, Ofélia enlouquece e deixa-se
afogar num ribeiro. Hamlet escapa ao complô e retornando à Dinamarca, chega a
Elsinore no momento do enterro de Ofélia. Transtornado, entra em luta corporal com
Laertes, irmão de Ofélia. Laertes, decidido a vingar a morte de seus parentes, entra
num conluio com Cláudio quanto a uma disputa de esgrima, na qual pretendiam
assassinar Hamlet com um florete com a ponta envenenada. No decorrer da luta
Hamlet recebe um toque, mas em seguida os floretes são trocados e Laertes é
envenenado pela sua própria arma. À beira da morte revela a participação de Cláudio
-
29
no episódio e avisa a Hamlet que ele também irá morrer. Enquanto isso, a rainha bebe
uma taça de vinho envenenada que era destinada a Hamlet, morrendo também.
Hamlet finalmente mata Cláudio e morre em seguida. Vacante, o trono da Dinamarca
é tomado por Fortimbrás da Noruega, que determina um enterro de herói a Hamlet.
Henry IV, Parte 1 (Henrique IV)
Henry IV, Parte 2
Henry V (Henrique V)
Henry VI, Parte 1 (Henrique VI)
Henry VI, Parte 2
Henry VI, Parte 3
Henry VIII (Henrique VIII)
Julius Caesar (Júlio César)
King John (Rei João)
King Lear (Rei Lear)
Principais Personagens: Lear, rei da Bretanha; Goneril, Regane e Cordélia,
filhas de Lear; duque da Cornualha, marido de Regane; duque de Albany, marido
de Goneril; rei de França, marido de Cordélia; conde de Kent, defensor de
Cordélia; conde de Glócester, conselheiro do rei; Edgar, filho de Glócester;
Edmundo, filho bastardo de Glócester; Bobo da corte.
Sinopse: Cansado das lides reais, Rei Lear decide dividir seu reino entre suas filhas
Goneril, Regane e Cordélia, de acordo com o amor que elas sentem por ele. Para tanto,
pede-lhes que expressem em palavras esse amor. Enquanto Goneril e Regane
esmeram-se em adulações vazias, Cordélia insiste em afirmar que o ama da maneira
que uma filha deve amar seu pai. Achando insuficiente essa resposta, Lear a deserda
e bane do reino o conde de Kent, que havia tomado seu partido. Apesar de renegada
pelo pai, Cordélia é desposada pelo rei de França e parte. Lear doa suas posses para
as filhas mais velhas e respectivos maridos, mas mantendo para si o título de rei.
Decidido a ter uma vida errante e despreocupada, Lear segue com um séquito de
cavaleiros para o castelo de Regane, que se recusa a abrigá-lo. Enfurecido, Lear vai
até o castelo de Goneril, onde recebe o mesmo tratamento infamante. Arrasado pela
ingratidão das duas filhas, Lear passa a vagar em meio à tempestade acompanhado
do Bobo e fica louco. Encontra Edgar, herdeiro de Glócester, que havia sido expulso
de sua casa devido às artimanhas de seu meio-irmão Edmundo, que procura lhe
-
30
ajudar. Glócester, o pai, também tenta auxiliar o rei, mas tem seus olhos arrancados
por ordem do duque da Cornualha, marido de Regane. O velho Glócester e Lear são
conduzidos a Dover, respectivamente por Edgar e Kent, para encontrarem-se com
Cordélia, que acabara de desembarcar junto com as tropas francesas. Lear e a filha
mais nova se reconciliam, mas são derrotados em batalha e feitos prisioneiros por
Edmundo, que ordenada o enforcamento de Cordélia. Goneril envenena Regane por
ciúmes de Edmundo, mas acaba por cometer suicídio quando fica sabendo que ele
morreu combatendo Edgar. Antes de morrer, Edmundo revela que havia ordenado a
execução de Cordélia e o duque de Albany envia um mensageiro para salvá-la.
Entretanto, ele chega tarde demais. Lear carrega o corpo da filha nos braços e,
prostrado pela dor, morre em seguida. Glócester e Edgar morrem e o duque de Albany
torna-se rei.
Love's Labour's Lost (Trabalhos de Amor Perdidos)
Macbeth (Macbeth)
Principais Personagens: Duncan, rei da Escócia; Malcolm, filho mais velho de
Duncan; Donalbain, filho mais novo de Duncan; Macbeth, general, barão de
Glamis e Crawdor, rei da Escócia; Lady Macbeth, esposa de Macbeth; Banquo,
general e barão; Fleance, filho de Banquo; Macduff, barão de Fife; três feiticeiras.
Sinopse: Retornando de uma batalha contra Macdonald, inimigo do Rei Duncan, os
generais Macbeth e Banquo encontram três feiticeiras que predizem que Macbeth se
tornará barão de Crawdor e depois rei da Escócia, mas que os descendentes de Banquo
tornar-se-ão reis em seguida. Duncan efetivamente nomeia Macbeth barão de
Crawdor, o que o faz acreditar na profecia. Impelido por Lady Macbeth, ele resolve
assassinar Ducan, aproveitando-se do fato do rei estar pernoitando em seu castelo.
Após matá-lo, Macbeth imputa a culpa aos guardas e os liquida antes que possam se
expressar. Sentindo-se ameaçados, os filhos de Duncan fogem. Macbeth assume o
trono vacante, concretizando a primeira parte da predição das feiticeiras. Banquo é
morto por ordem de Macbeth – tentando evitar que o restante da profecia se concretize
-, mas seu filho Fleance consegue escapar. No banquete de coroação, Macbeth é
assombrado pelo fantasma de Banquo e fica perturbado pelo remorso, gerando
desconfiança nos demais nobres presentes, que começam a conspirar contra ele.
Macduff foge para a Inglaterra e Macbeth determina que sua família seja massacrada.
Macbeth procura novamente as feiticeiras e elas lhe advertem que ele só poderá ser
morto por um homem que não nasceu de mulher e que só será derrotado quando a
floresta de Birnan caminhar ao seu encontro. Confiante com essas predições
aparentemente impossíveis de serem concretizadas, Macbeth trava batalha contra
Macduff e Malcolm, que haviam atacado seu castelo. Sentindo-se invencível devido
às profecias das feiticeiras, Macbeth só percebe o perigo quando é comunicado do
suicídio de sua enlouquecida esposa e vê as árvores caminhando em sua direção, um
artifício usado pelos adversários para confundir as suas tropas. Derrotado, Macbeth
tem sua cabeça cortada por Macduff, que havia nascido por meio de uma cesariana.
Macduff leva a cabeça de Macbeth até Malcolm que, sucedendo ao pai, torna-se o
novo rei da Escócia.
-
31
Measure for Measure (Medida por Medida)
The Merchant of Venice (O Mercador de Veneza)
The Merry Wives of Windsor (As Alegres Comadres de Windsor)
A Midsummer Night's Dream (Sonho de Uma Noite de Verão)
Much Ado About Nothing (Muito Barulho por Nada)
Othello (Otelo)
Principais Personagens: Brabâncio, senador de Veneza; Otelo, general negro no
comando do exército veneziano, o “Mouro de Veneza”; Desdêmona, filha de
Brabâncio e esposa de Otelo; Cássio, lugar-tenente de Otelo; Iago, alferes de Otelo;
Emília, esposa de Iago e criada de Desdêmona; Roderigo, cavalheiro veneziano
apaixonado por Desdêmona; duque de Veneza.
Sinopse: Brabâncio é informado por Roderigo e Iago que sua filha Desdêmona havia
se casado secretamente com Otelo e quer vingar-se dele. Porém, os turcos atacam
Chipre – uma possessão veneziana – e Otelo é convocado pelo duque de Veneza para
combatê-los. Otelo e Desdêmona partem para Chipre, juntamente com Roderigo, Iago
e Cássio. Iago - que se sentia prejudicado por Otelo por ter sido preterido em benefício
de Cássio numa promoção de carreira - começa a fazer intrigas envolvendo
Desdêmona e o seu rival. Cássio comete uma falta e é convencido por Iago a pedir a
intervenção de Desdêmona junto a Otelo para evitar sua punição. Iago sugere a Otelo
que esse interesse de Desdêmona por Cássio é movido por algo mais que amizade.
Otelo resiste a princípio, mas gradualmente é convencido pela maledicência de Iago
que sua esposa está envolvida em um relacionamento amoroso com Cássio. Emília
encontra um lenço de sua ama no chão e o entrega a Iago, que o repassa a Cássio.
Quando Cássio devolve o lenço, Otelo obtém o que ele acredita ser a prova definitiva
da infidelidade de sua esposa. Tomado pelo ciúme – insuflado por Iago – Otelo mata
Desdêmona, estrangulando-a. Emília conta a Otelo a sua versão dos fatos e o
convence da traição de Iago. Iago mata Emília, mas consegue escapar da fúria de
Otelo e acaba preso. Roderigo tenta matar Cássio, seguindo ordens de Iago, mas só o
fere e acaba morto ele próprio no confronto. Otelo percebe a imensidão de seu erro e,
após pedir perdão a Cássio, suicida-se abraçado ao corpo de Desdêmona.
Pericles (Péricles)
Richard II (Ricardo II)
Richard III (Ricardo III)
Romeo and Juliet (Romeu e Julieta)
The Taming of the Shrew (A Megera Domada)
-
32
The Tempest (A Tempestade)
Timon of Athens (Timão de Atenas)
Titus Andronicus (Tito Andronico)
Troilus and Cressida (Tróilo e Créssida)
Twelfth Night (Noite de Reis)
The Two Gentlemen of Verona (Os Dois Cavalheiros de Verona)
The Two Noble Kinsmen (Os Dois Honoráveis Parentes)
The Winter's Tale (O Conto de Inverno)
-
33
6. OBRAS CINEMATOGRÁFICAS SOBRE AS PEÇAS DE SHAKESPEARE
Antony and Cleópatra (Antônio e Cleópatra)
(1)
Espanha/Suíça/Inglaterra; 1972
Duração: 160 minutos
Produção: Transac/Izaro/Folie
Diretor: Charlton Heston
Elenco: Charlton Heston (Antony); Hildegard Neil (Cleopatra); Fernando Rey (Lepidus)
As You Like It (Do Jeito Que Você Gosta)
(1)
Inglaterra; 1936
Duração: 97 minutos
Produção: Inter-Allied
Diretor: Paul Czinner
Elenco: Henry Ainley (Duke Senior); Felix Aylmer (Duke Frederick); Laurence Olivier
(Orlando); Elisabeth Bergner (Rosalind)
(2)
Inglaterra; 1992
Duração: 117 minutos
Produção: Sands Films
Diretor: Christine Edzard
Elenco: Andrew Tiernan (Orlando/Oliver); Emma Croft (Rosalind); Cyril Cusack (Adam);
James Fox (Jaques)
Hamlet (Hamlet)
(1)
França; 1900
Duração: 3 minutos
Produção: Maurice
Diretor: Clément Maurice
Elenco: Sarah Bernhardt (Hamlet); Pierre Magnier (Laertes)
-
34
(2)
França; 1907
Duração: 10 minutos
Produção: Méliès
Diretor: Georges Méliès
Elenco: Georges Méliès (Hamlet)
(3)
Inglaterra; 1913
Duração: 54 minutos
Produção: Hepworth/Gaumont
Diretor: E. Hay Plumb
Elenco: Johnston Forbes-Robertson (Hamlet)
(4)
Alemanha; 1920
Duração: 117 minutos
Produção: Art Film
Diretor: Svend Gade/Heinz Schall
Elenco: Asta Nielsen (Hamlet)
(5)
Inglaterra; 1948
Duração: 152 minutos
Produção: Two Cities Films
Diretor: Laurence Olivier
Elenco: Laurence Olivier (Hamlet); Jean Simmons (Ophelia); Eileen Herlie (Gertrude)
(6)
Alemanha; 1960
Duração: 127 minutos
Produção: Bavaria Attelier
Diretor: Franz Peter Wirth
Elenco: Maximilian Schell (Hamlet)
(7)
Título do Filme: Ophelia
França; 1962
Duração: 105 minutos
Produção: Boreal Pictures
Diretor: Claude Chabrol
Elenco: André Jocelyn (Yvan/Hamlet); Juliette Mayniel (Lucie/Ophelia); Alida Valli
(Claudia Lesurf/Gertrude); Claude Cerval (Adrien Lesurf/Claudius)
(8)
Título do Filme: Gamlet
URSS; 1964
-
35
Duração: 148 minutos
Produção: Lenfilm
Diretor: Grigori Kozintsev
Elenco: Innokenti Smoktunovsky (Hamlet)
(9)
Inglaterra; 1969
Duração: 117 minutos
Produção: Woodfall Film Productions
Diretor: Tony Richardson
Elenco: Nicol Williamson (Hamlet); Marianne Faithfull (Ophelia); Judy Parfitt (Gertrude);
Anthony Hopkins (Claudius)
(10)
USA; 1990
Duração: 135 minutos
Produção: Icon Productions
Diretor: Franco Zeffirelli
Elenco: Mel Gibson (Hamlet); Helena Bonham Carter (Ophelia); Glenn Close (Gertrude);
Alan Bates (Claudius)
(11)
Título do Filme: A Midwinter's Tale (In the Bleak Midwinter)
Inglaterra; 1995
Duração: 98 minutos
Produção: Midwinter Films
Diretor: Kenneth Branagh
Elenco: Michael Maloney (Joe Harper que atua como Hamlet), Richard Briers (Henry
Wakefield que atua como Claudius), John Sessions (Terry du Bois que atua como
Gertrude), Julia Sawalha (Nina Raymond que atua como Ophelia)
(12)
Inglaterra/USA; 1996
Duração: 242 minutos
Produção: Castle Rock Entertainment
Diretor: Kenneth Branagh
Elenco: Kenneth Branagh (Hamlet); Kate Winslet (Ophelia); Julie Christie (Gertrude);
Charlton Heston (Player King)
-
36
Henry IV, Part 1&2 (Henrique IV, Parte 1&2) (inclui Henry V)
(1)
Título do Filme: Chimes at Midnight
Espanha/Suíça; 1966
Duração: 119 minutos
Produção: Internacional Films/Alpine
Diretor: Orson Welles
Elenco: Orson Welles (Falstaff); Keith Baxter (Prince Hal); John Gielgud (Henry IV);
Margaret Rutherford (Mistress Quickly)
Henry V (Henrique V)
(1)
(o mesmo que Henry IV)
(2)
Inglaterra; 1944
Duração: 137 minutos
Produção: Two Cities Films
Diretor: Laurence Olivier
Kenneth Branagh no papel de Hamlet (1996), contracenando com
Julie Christie como Gertrude
Castle Rock Entertainment (courtesy Kobal)
-
37
Elenco: Laurence Olivier (Henry V); Robert Newton (Pistol); Leslie Banks (Chorus);
Renée Asherston (Katherine)
(3)
Inglaterra; 1989
Duração: 138 minutos
Produção: Samuel Goldwyn/Renaissance Films
Diretor: Kenneth Branagh
Elenco: Kenneth Branagh (Henry V); Derek Jacobi (Chorus); Ian Holm (Fluellen); Judi
Dench (Mistress Quickly)
Kenneth Branagh como Henrique V (1989), com Emma Thompson no
papel de Katharine
Renaissance Films/BBC/Curzon Films (courtesy Kobal)
Julius Caesar (Júlio César)
(1)
USA; 1950
Duração: 90 minutos
Produção: Avon Productions
Diretor: David Bradley
Elenco: Charlton Heston (Mark Antony)
(2)
USA; 1953
Duração: 121 minutos
-
38
Produção: MGM
Diretor: Joseph L. Mankiewicz
Elenco: Marlon Brando (Mark Antony); James Mason (Brutus); John Gielgud (Cassius);
Louis Calhern (Julius Caesar)
(3)
Inglaterra; 1970
Duração: 117 minutos
Produção: Commonwealth United
Diretor: Stuart Burge
Elenco: Charlton Heston (Mark Antony); Jason Robards (Brutus); John Gielgud (Julius
Caesar); Diana Rigg (Portia)
King John (Rei João)
(1)
Inglaterra; 1899
Duração: 2 minutos (?)
Produção: British Mutoscope and Biograph Co.
Diretor: Sir Herbert Beerbohm Tree
Elenco: Sir Herbert Beerbohm Tree (King John)
King Lear (Rei Lear)
(1)
Título do Filme: Karol Lear
URSS; 1970
Duração: 140 minutos
Produção: Lenfilm
Diretor: Grigory Kozintsev
Elenco: Yuri Yarvet (Lear)
(2)
Inglaterra/Dinamarca; 1970
Duração: 137 minutos
Produção: Filmways (London)--Athene/Laterna Films (Copenhagen)
Diretor: Peter Brook
Elenco: Paul Scofield (Lear); Irene Worth (Goneril); Jack MacGowran (Louco); Anne-Lise
Gabold (Cordelia)
(3)
-
39
Inglaterra; 1984 (Produção para TV – Prêmio Emmy)
Duração: 158 minutos
Produção: BBC (David Plowright)
Diretor: Michael Elliot
Elenco: Laurence Olivier (Lear); Anna Calder-Marshall (Cordelia
(4)
Título do Filme: Ran (Chaos)
Japão/França; 1985
Duração: 160 minutos
Produção: Toho
Diretor: Akira Kurosawa
Elenco: Tatsuya Nakadai (Hidetora Ichimonji - Lear); Akira Terao (Taro); Jinpachi Nezu
(Jiro); Daisuke Ryu (Saburo); Mieko Harada (Kaede); Yoshiro Miyazaki (Sue); Peter
(Kyoami o Louco)
Excerto dos Diálogos do Filme (tradução para o português a partir da versão inglesa do original japonês)
Kyoami (Bobo): Um ovo de serpente é branco e puro. Um de ave é manchado e sujo. [A serpent's egg is
white and pure. A bird's is speckled and soiled.]
Hidetora (Lear): Isto é um castelo ... Aqui está uma parede. [This is a castle... Here's a wall.]
K.: O pássaro trocou o ovo manchado pelo branco. [The bird left the speckled egg for the white.]
H.: Estranho… [Strange...]
K.: O ovo fende-se; uma serpente surge. [The egg cracks; out comes a snake.]
H.: Espaço vazio sobre a parede. Por quê? [Empty space above the wall. Why?]
K.: O pássaro é abocanhado pela serpente. [The bird is gobbled by the snake.]
H.: Onde estou? Quem sou? [Where am I? Who am I?]
K.: Pássaro estúpido! [Stupid bird!]
K: O Homem nasceu chorando. Quando já chorou o suficiente, morre. [Man is born crying. When he has
cried enough, he dies]
H: Estou perdido… [I am lost...]
K: Tal é a condição humana. [Such is the human condition] (apud http://www.imdb.com)
Macbeth (Macbeth)
(1)
Título do Filme: Macbeth
USA; 1948
Duração: 89 minutos
Produção: Republic Pictures/Mercury Production
Diretor: Orson Welles
Elenco: Orson Welles (Macbeth); Jeanette Nolan (Lady Macbeth); Dan O'Herlihy
(Macduff)
http://www.imdb.com/name/nm0676201/http://www.imdb.com/name/nm0619938/http://www.imdb.com/name/nm0676201/
-
40
(2)
Título do Filme: Throne of Blood (Trono Manchado de Sangue)
Japão; 1957
Duração: 105 minutos
Produção: Toho
Diretor: Akira Kurosawa
Elenco: Toshiro Mifune (Taketoki Washizu - Macbeth); Isuzu Yamada (Asaji - Lady
Macbeth)
(3)
Inglaterra; 1971
Duração: 140 minutos
Produção: Playboy Productions/Caliban Films
Diretor: Roman Polanski
Elenco: Jon Finch (Macbeth); Francesca Annis (Lady Macbeth)
The Merchant of Venice (O Mercador de Veneza)
(1)
Título do Filme: Il mercante di Venezia
Itália; 1910
Duração: 8 minutos
Produção: Film d'Arte Italiana
Jon Finch no papel de Macbeth (1971)
Caliban Films/Playboy Productions (courtesy Kobal)
-
41
Diretor: Gerolamo Lo Savio
Elenco: Ermete Novelli (Shylock); Françasca Bertini (Portia)
(2)
Título do Filme: Shylock
França: 1913
Duração: 33 minutos
Produção: Eclipse
Diretor: Henri Desfontaines
Elenco: Harry Baur (Shylock); Pépa Bonafé (Portia)
(3)
Título do Filme: Der Kaufmann von Venedig
Alemanha; 1923
Duração: 64 minutos
Produção: Peter Paul Felner-Film Co.
Diretor: Peter Paul Felner
Elenco: Werner Krauss (Shylock); Henny Porten (Portia); Max Schreck (Duke of Venice);
Carl Ebert (Antonio)
A Midsummer Night's Dream (Sonho de Uma Noite de Verão)
(1)
USA; 1909
Duração: 8 minutos
Produção: Vitagraph Company
Diretor: Charles Kent
Elenco: Maurice Costello (Lysander); Dolores Costello (Fairy); William Ranous (Nick
Bottom)
(2)
USA; 1935
Duração: 132 minutos
Produção: Warner Brothers
Diretor: Max Reinhardt and William Dieterle
Elenco: Dick Powell (Lysander); Olivia de Havilland (Hermia); Mickey Rooney (Puck);
James Cagney (Nick Bottom)
(3)
Inglaterra; 1996
Duração: 105 minutos
Produção: Edenwood Productions
Diretor: Adrian Noble
Elenco: Lindsay Duncan (Hippolyta/Titania); Alex Jennings (Theseus/Oberon); Desmond
Barrit (Nick Bottom)
-
42
Much Ado About Nothing (Muito Barulho Por Nada)
(1)
Inglaterra /USA; 1993
Duração: 110 minutos
Produção: Samuel Goldwyn/Renaissance Films
Diretor: Kenneth Branagh
Elenco: Kenneth Branagh (Benedick); Emma Thompson (Beatrice); Michael Keaton
(Dogberry); Denzel Washington (Don Pedro)
Othello (Otelo)
(1)
Alemanha; 1922
Duração: 93 minutos
Produção: Wörner Film
Diretor: Dimitri Buchowetzki
Elenco: Emil Jannings (Othello); Werner Krauss (Iago); Ica von Lenkeffy (Desdemona)
(2)
Marrocos; 1952
Duração: 91 minutos
Emma Thompson no papel de Beatrice, com Kenneth Branagh como
Benedick, em Much Ado About Nothing (1993)
Copyright Archive Photos/fotos international
-
43
Produção: Films Marceau/Mercury Productions
Diretor: Orson Welles
Elenco: Orson Welles (Othello); Micheál MacLiammóir (Iago); Suzanne Cloutier
(Desdemona); Robert Coote (Roderigo)
(3)
URSS; 1956
Duração: 108 minutos
Produção: Mosfilm
Diretor: Sergei Yutkevich
Elenco: Sergei Bondarchuk (Othello); Andrei Popov (Iago); Irina Skobtseva (Desdemona)
(4)
Inglaterra; 1995
Duração: 124 minutos
Produção: Elencole Rock/Dakota Films/Imminent Films
Diretor: Oliver Parker
Elenco: Laurence Fishburne (Othello); Kenneth Branagh (Iago); Irène Jacob (Desdemona)
Othello, 1995
Laurent Fishburne (Otelo) e Kenneth Branagh (Iago)
Richard III (Ricardo III)
(1)
Inglaterra; 1911
Duração: 16 minutos
Produção: Co-operative Cinematograph
Diretor: Frank R. Benson
Elenco: Frank R. Benson (Richard III)
(2)
USA; 1912
Duração: 55 minutos
Produção: Shakespeare Film Co./Richard III Film Co.
Diretor: James Keane [Keene]
Elenco: Frederick Warde (Richard III); James Keane [Keene] (Richmond)
-
44
(3)
Inglaterra; 1955
Duração: 138 minutos
Produção: London Film Productions
Diretor: Laurence Olivier
Elenco: Laurence Olivier (Richard III); John Gielgud (Clarence); Ralph Richardson
(Buckingham); Claire Bloom (Lady Anne)
(4)
USA; 1995
Duração: 105 minutos
Produção: Bayly/Paré
Diretor: Richard Loncraine
Elenco: Ian McKellen (Richard III); Jim Broadbent (Buckingham); Kristin Scott Thomas
(Lady Anne); Annette Bening (Queen Elizabeth)
(5)
Título do Filme: Looking for Richard
USA; 1996
Duração: 109 minutos
Produção: Jam Productions
Diretor: Al Pacino
Elenco: Al Pacino (Richard III); Aidan Quinn (Richmond); Alec Baldwin (Clarence);
Winona Ryder (Lady Anne)
Annette Bening no papel de Rainha Elizabeth, dançando com John
Wood como Rei Edward em Richard III (1995)
United Artists (courtesy Kobal)
-
45
Romeo and Juliet (Romeu e Julieta)
(1)
USA; 1936
Duração: 126 minutos
Produção: MGM
Diretor: George Cukor
Elenco: Leslie Howard (Romeo); Norma Shearer (Juliet); John Barrymore (Mercutio);
Basil Rathbone (Tybalt).
(2)
Título do Filme: Les Amants de Vérone
França; 1949
Duração: 110 minutos
Produção: Films de France
Diretor: Andre Cayatte
Elenco: Serge Reggiani (Romeo); Anouk Aimée (Juliet)
(3)
Título do Filme: Giulietta e Romeo
Inglaterra/Itália; 1954
Duração: 138 minutos
Produção: Verona Productions
Diretor: Renato Castellani
Elenco: Laurence Harvey (Romeo); Susan Shentall (Juliet); Flora Robson (Nurse)
(4)
Título do Filme: Giulietta e Romeo
Itália/Espanha; 1964
Duração: 90 minutos
Produção: Imprecine/Hispamer Film
Diretor: Riccardo Freda
Elenco: Gerald Meynier (Romeo); Rosemarie Dexter (Juliet)
(5)
Itália/Inglaterra; 1968
Duração: 139 minutos
Produção: B.H.E./Verona Productions/Dino de Laurentiis Cinematografica
Diretor: Franco Zeffirelli
Elenco: Leonard Whiting (Romeo); Olivia Hussey (Juliet); Michael York (Tybalt)
(6)
USA; 1996
Duração: 120 minutos
Produção: Bazmark
Diretor: Baz Luhrmann
-
46
Elenco: Leonardo DiCaprio (Romeo); Claire Danes (Juliet); Brian Dennehy (Montague);
Paul Sorvino (Capulet)
The Taming of the Shrew (A Megera Domada)
(1)
USA; 1929
Duração: 68 minutos
Produção: Pickford Corporation
Diretor: Sam Taylor
Elenco: Mary Pickford (Katharina); Douglas Fairbanks (Petruchio)
(2)
USA/Itália; 1966
Duração: 122 minutos
Produção: Royal Films International (N.Y.) F.A.I. Production
Diretor: Franco Zeffirelli
Elenco: Elizabeth Taylor (Katharina); Richard Burton (Petruchio)
The Tempest (A Tempestade)
(1)
Inglaterra; 1979
Duração: 96 minutos
Produção: Boyd's Company
Diretor: Derek Jarman
Elenco: Heathcote Williams (Prospero); Karl Johnson (Ariel); Toyah Willcox (Miranda)
(2)
Título do Filme: Prospero's Books
UK/Holanda/França/Itália; 1991
Duração: 124 minutos
Produção: Allarts/Cine/Camera One/Penta
Diretor: Peter Greenaway
Elenco: John Gielgud (Prospero); Isabelle Pasco (Miranda); Michael Clark (Caliban)
Titus Andronicus (Tito Andrônico)
(1)
Título do Filme: Titus
-
47
USA; 2000
Duração: 162 minutos
Produção: Twentieth Century Fox
Diretor: Julie Taymor
Elenco: Anthony Hopkins (Titus Andronicus), Jessica Lange (Tamora), Osheen Jones
(Young Lucius), Harry J. Lennix (Aaron)
Twelfth Night (Noite de Reis)
(1)
Título do Filme: Dvenadtsataya noch
URSS; 1955
Duração: 90 minutos
Produção: Lenfilm
Diretor: Yakow Fried
Elenco: Katya Luchko (Sebastian/Viola); Anna Larionova (Olivia)
(2)
Inglaterra/USA; 1996
Duração: 134 minutos
Produção: Renaissance Productions
Diretor: Trevor Nunn
Elenco: Imogen Stubbs (Viola); Helena Bonham Carter (Olivia); Richard E. Grant (Sir
Andrew Aguecheek); Steven Mackintosh (Sebastian)
The Winter's Tale (O Conto de Inverno)
(1)
Título do Filme: Una tragedia alla corte di Sicilia
Itália; 1914
Duração: 32 minutos
Produção: Milano Films
Diretor: Baldassare Negroni
Elenco: Pina Fabbri (Paulina); V. Cocchi (Leontes)
(2)
Inglaterra; 1966
Duração: 151 minutos
Produção: Cressida/Hurst Park Productions
Diretor: Frank Dunlop
Elenco: Laurence Harvey (Leontes); Jane Asher (Perdita)
(Traduzido, adaptado e ampliado a partir do material presente em http://search.eb.com/shakespeare. Imagens dos
filmes de diversas fontes)
-
48
7. OBRAS EM ARTES PLÁSTICAS
IMAGENS DE WILLIAM SHAKESPEARE
1. 2. 3. 4. 5.
6. 7. 8. 9. 1. Monumento a Shakespeare em Stratford, Gheerart Janssen, c.1616-1623.
2. A Gravura Droeshout, da página de rosto do First Folio, publicado em 1623.
3. A Gravura Marshall da edição de 1640 dos poemas de Shakespeare, possivelmente copiada da Gravura
Droeshout.
4. A Gravura Faithorne da edição de 1655 da obra The Rape of Lucrece, copiada da Gravura Droeshout.
5. O Retrato Flower (nome do antigo proprietário), por artista desconhecido. Cópia tardia.
6. O Retrato Chandos, atribuido a John Taylor. Identidade incerta.
7. Retrato em miniatura por Nicholas Hilliard, 1588. Poderia ser um retrato de Shakespeare com 24 anos.
8. The Soest Portrait, Gerard Soest (d. 1681).
9. O Retrato Sanders, atribuido a John Sanders. Supostamente pintado em 1603, é provavelmente uma farsa.
IMAGENS DOS TEATROS “THE SWAN” E “THE GLOBE”
1. 2. 3. 4. 1. The Globe. Desenho do século XVII (reprodução de “View” de Visscher), c. 1616.
2. The Globe. Reprodução.
3. The Swan. Cópia de um ensaio feito por de Witt, c. 1595.
4. The New Globe. Reconstrução do The Globe, Londres, 1998.
-
49
IMAGENS DE REIS E ATORES
1. 2. 3. 4. 1. Elizabeth I. Do ‘Retrato Armada’ por George Gower.
2. James I. Por Mytens, 1621.
3. Richard Burbage, o principal ator da companhia de Shakespeare. Possivelmente um autorretrato.
4. Edward Alleyn, o mais famoso dos atores elisabetanos. Pode ter atuado em Titus Andronicus.
(Traduzido e adaptado de http://www.hollowaypages.com)
IMAGENS DE HAMLET
HAMLET An original painting by H. Fuseli, R.A.
IMAGENS DE OFÉLIA (HAMLET)
Millais, Ophelia
-
50
Redon, Ophélie
Delacroix, Ophélie
Delacroix, La Mort d'Ophélie
Préault, Ophélie
Delaroche, La Jeune Martyre
(obra inspirada em Ofélia)
(Traduzido e adaptado de http://un2sg4.unige.ch)
-
51
IMAGENS DE MACBETH
THE THREE WITCHES, 1827
A painting by Alexandre-Marie Colin
Macbeth and Banquo Meeting the Witches on the Heath. Theodore Chasseriau, 1855
-
52
IMAGENS DE REI LEAR
KING LEAR WEEPING OVER THE DEAD BODY OF CORDELIA
A painting by James Barry, c. 1786
Cordelia in the Court of King Lear. John Gilbert, 1873
-
53
8. OBRAS LITERÁRIAS REFERENTES ÀS PEÇAS DE SHAKESPEARE
ARTHUR RIMBAUD
Ophélie
I
Sur l'onde calme et noire où dorment les étoiles
La blanche Ophélia flotte comme un grand lys,
Flotte très lentement, couchée en ses longs voiles ...
- On entend dans les bois lointains des hallalis.
Voici plus de mille ans que la triste Ophélie
Passe, fantôme blanc, sur le long fleuve noir;
Voici plus de mille ans que sa douce folie
Murmure sa romance à la brise du soir.
Le vent baise ses seins et déploie en corolle
Ses grands voiles bercés mollement par les eaux;
Les saules frissonnants pleurent sur son épaule,
Sur son grand front rêveur s'inclinent les roseaux.
Les nénuphars froissés soupirent autour d'elle;
Elle éveille parfois, dans un aune qui dort,
Quelque nid, d'où s'échappe un petit frisson d'aile:
- Un chant mystérieux tombe des astres d'or.
II
O pâle Ophélia! belle comme la neige!
Oui, tu mourus, enfant, par un fleuve emporté!
- C'est que les vents tombant des grands monts de Norwège
T'avaient parlé tout bas de l'âpre liberté;
C'est qu'un souffle, tordant ta grande chevelure,
A ton esprit rêveur portait d'étranges bruits;
Que ton coeur écoutait le chant de la Nature
Dans les plaintes de l'arbre et les soupirs des nuits;
C'est que la voix des mers folles, immense râle,
Brisait ton sein d'enfant, trop humain et trop doux;
C'est qu'un matin d'avril, un beau cavalier pâle,
Un pauvre fou, s'assit muet à tes genoux!
-
54
Ciel! Amour! Liberté! Quel rêve, ô pauvre Folle!
Tu te fondais à lui comme une neige au feu:
Tes grandes visions étranglaient ta parole
- Et l'Infini terrible effara ton oeil bleu!
III
- Et le Poète dit qu'aux rayons des étoiles
Tu viens chercher, la nuit, les fleurs que tu cueillis,
Et qu'il a vu sur l'eau, couchée en ses longs voiles,
La blanche Ophélia flotter, comme un grand lys.
Arthur Rimbaud (1854 - 1891), Poésies (1895), Ophélie (1870).
JAMES JOYCE
ULISSES – CENA DA BIBLIOTECA (excertos)
- Nossos jovens bardos irlandeses – censurava John Eglinton – têm que criar ainda uma personagem que o
mundo ponha lado a lado com o HAMLET do saxão Shakespeare, se bem que eu o admire, como com idolatria
o admirava o velho Ben. (p.210)
- Todas essas questões são puramente acadêmicas – pitonisou Russell de sua sombra. – Quero dizer, saber se
HAMLET é Shakespeare, James I ou Essex. Discussão de clérigos sobre a historicidade de Jesus. A arte tem
de revelar-nos idéias, essências espirituais sem forma. A suprema questão sobre uma obra de arte está em quão
profunda é uma vida que ela gera. A pintura de Gustave Moreau é a pintura das idéias. A mais profunda poesia
de Shelley, as palavras de HAMLET, põem nosso espírito em contato com a sabedoria eterna, o mundo das
idéias de Platão. Tudo o mais é especulação de estudantezinhos para estudantezinhos. (p.210-211)
- Esse estudantezinho modelo – dizia Stephen – acharia as meditabundâncias de HAMLET sobre a pós-vida de
sua alma principesca, o improvável, insignificante, adramático monólogo, tão vazio como os de Platão. (p.211)
Dessas palavras o senhor Best volveu uma cara inofensiva para Stephen.
- Mallarmé, não sei se sabe – disse ele – escreveu aqueles maravilhosos poemas em prosa que Stephen
MacKenna costumava ler para mim em Paris. Aquele sobre HAMLET. Ele diz: il se promène lisant au livre de
-
55
lui-même, na sei se sabe, lendo o livro de si-mesmo. Ele descreve HAMLET representado numa cidade francesa,
não sei se sabe, uma cidade provinciana. Fizeram propaganda para isso. (p.212-213)
- Acabará convencendo-se de que o HAMLET é uma história de fantasmas – disse John Eglinton em reparo ao
senhor Best. (p.213)
- Que é um fantasma? – dizia Stephen com picante energia. – O que se esvaiu na impalpabilidade através da
morte, através da ausência, através da mutação de maneiras. A Londres elisabetana jazia tão longe de Stratford
quanto a corrupta Paris jaz da Dublin virginal. Quem é o fantasma do limbo patrum, voltando ao mundo que o
esquecera? Quem é o rei HAMLET? (p.214)
- A peça começa. Um ator aproxima-se entre sombras, metido na cota de malhas refugada de algum peralvilho
da corte, um homem bem plantado de voz de baixo. É o fantasma, o rei, um rei e não-rei, e o ator é Shakespeare,
que estudou HAMLET ao largo dos anos de sua vida, o que não era vaidade para o desempenho do papel do
espectro. Dirige sua fala a Burbage, o jovem ator que o defronta além das xalmas fúnebres, chamando-lhe por
um nome:
HAMLET, eu sou o espectro de teu pai
jungindo-o a ouvir. A um filho ele fala, o filho de sua alma, o príncipe, o jovem HAMLET, e ao filho de seu
corpo, Hamnet Shakespeare, que morreu em Stratford para que seu tocaio pudesse viver para sempre.
- É possível que esse ator Shakespeare, um fantasma por ausência, e na vestidura de uma Dinamarca enterrada,
um fantasma por morte, dizendo sua própria fala ao nome do seu próprio filho (tivesse Hamnet Shakespeare
vivido, teria sido o gêmeo do príncipe HAMLET), é possível, quero saber, ou é provável que ele não tivesse
tirado ou antevisto a conclusão lógica dessas premissas: tu és o filho esbulhado: eu sou o pai assassinado tua
mãe é a rainha culpada, Ann Shakespeare, de nascimento Hathaway?
- Mas esse escarafunchar na vida privada de um grande homem – começava Russel impacientemente.
Estás tu aí, ó veraz.
- Interessante apenas para o escrivão da paróquia. O que quero dizer é que temos as peças. Quero dizer que
quando lemos a poesia do King Lear que é que nos importa como viveu o poeta? Quanto ao viver, nossos
criados podem fazê-lo por nós, disse-o Villiers de l’Isle. Bisbilhotando e fuxicando nos mexericos de copa e
cozinha do dia, no bebericar do poeta, nas dívidas do poeta. Temos King Lear: e é imortal. (p.214-215)
- Mas Ann Hathaway? – disse esquecidamente a voz plácida do senhor Best. – Sim, porque parece que estamos
esquecendo-nos dela como o próprio Shakespeare dela se esqueceu.
- (...) É de crer que o escritor de Anthony and Cleópatra, peregrino apaixonado, tivesse os olhos atrás da cabeça
a ponto de haver escolhido a mais feia rameira de todo o Warwickshire para com ela deitar? Bem: abandonou-
a e conquistou o mundo dos homens. Mas os seus rapazolas-mulheres são as mulheres de um rapazola. A vida
delas, pensamentos, linguagem são-lhes emprestados por machos. Escolheu ele mal? Ele foi é escolhido, parece-
me. Se outros têm sua vontade, Ann tem seu caminho [“If others have their will Ann hath a way”]. (p.217)
- Mas HAMLET é tão pessoal, não é? – argüia o senhor Best. – Explico-me, uma espécie de documento privado,
não sei se me entendem, da sua vida privada. Explico-me, não me interessa um caracol, não sei se me entendem,
quem foi morto ou quem é o culpado... (p.221)
-
56
- No que nós, ou a mãe Dana, tecemos e destecemos nossos corpos – disse Stephen -, no dia a dia, as moléculas
deles entrecruzando-se daqui para ali, assim tece e destece o artista a sua imagem. E assim como o sinal do meu
peito direito está onde estava quando eu nasci, embora meu corpo tenha sido tecido de novos fios no correr dos
tempos, assim através do espírito do pai inquieto a imagem do filho não-vivente se mostra. No intenso instante
da imaginação, quando a mente, diz Shelley, é um tição evanescente, aquilo que eu era é aquilo que eu sou e o
que em possibilidade eu posso vir a ser. Assim no futuro, o irmão do passado, eu poderei ver-me como
agora aqui estou sentado mas por reflexão daquilo que então eu serei. (p.221)
- Sim – disse o senhor Best juvenilmente – sinto HAMLET muito jovem. A amargura pode vir do pai mas as
passagens com Ofélia são seguramente do filho.
Confundiu alhos com bugalhos. Ele é em meu pai. Eu sou em seu filho.
- Esse sinal é o último a se ir – disse Stephen, rindo.
John Eglindon fez um nada agradável muxoxo.
- Se isso fosse a natimarca do gênio – disse ele -, o gênio seria uma droga no mercado. As peças dos últimos
anos de Shakespeare que Renan tanto admirava tanto respiram um outro espírito.
- O espírito da reconciliação – sussurrou o bibliotecário quacre.
- Não pode haver reconciliação – disse Stephen -, se não tivesse havido rompimento.
Dito, isso.
- Se você quer saber quais foram os eventos que lançaram sua sombra sobre o inferno do tempo de King Lear,
Othello, HAMLET, Troilus and Cressida, olhe para ver quando e como as sombras se desvanecem. Que abranda
o coração do homem, Náufrago em tempestades hórridas, Provado, como outro Ulisses, Péricles, príncipe de
Tiro? (p.222)
Eles ouvem. E no vestíbulo de suas orelhas eu verto.
[Stephen] - A alma fora antes mortalmente atingida, um veneno vertido no vestíbulo de uma orelha adormecida.
Mas aqueles que foram feitos para morrer no sono não podem saber do como de suas vascas a menos que seu
Criador dote suas almas desse conhecimento da vida por vir. Do envenenamento e da besta de duas costas que
urdira aquilo, o espectro do rei HAMLET não podia saber, não fosse ele dotado desse conhecimento pelo seu
criador. Eis por que a fala (seu magro e enfadonho inglês) está sempre voltada para alhures, para trás. Violador
e violado, o que é que ele quereria mas não quereria, vai com ele dos ebúrneos globos azultorneados de Lucrecia
ao peito de Imgênia, nu, com seu qüinqüimáculo sinal. Ele leva de volta, saturado da criação que empilhara
para esconder-se de si mesmo, cão velho lambendo chaga velha. (p.224)
[Stephen] – (...) Mas ela, a devassa rameira, não fementia o pacto conjugal. Dois feitos se degradam na mente
desse fantasma: um pacto quebrado e o labrego obtuso em quem ela descarregava seus favores, irmão do marido
defunto. A doce Ann, eu o tomo por assentado, tinha o sangue quente. Uma vez no ataque duas vezes no ataque.
Stephen voltejou ousadamente na cadeira.
- O ônus da prova lhes cabe, não a mim – disse ele, enrugando a fronte. – Se se contestar que na quinta cena do
HAMLET ele brande contra ela a infâmia, digam-me por que não há menção a ela durante os trinta-e-quatro
anos entre o dia em que ela casou com ele e o dia em que ela o enterrou. Todas essas mulheres viram seu homem
por baixo e embaixo: Mary, ao seu bom John, Ann ao seu pobre e querido Willun, quando este foi e morreu
nela, raivoso de ser o primeiro a ir-se (...). (p.231)
-
57
- E o sentido de propriedade – disse Stephen. – ele retirou Shylock de dentro do próprio bolso fundo. Filho de
um malteiro e agiota, ele mesmo era um cerealeiro e agiota com dez fangas de trigo açambarcados durante os
motins de fome. Seus devedores não há dúvida que eram aqueles de diversas confissões mencionados por
Chettle Falstaff, que depõem quanto à correção de suas transações. Processou um seu ator pelo preço de umas
poucas sacas de malte e reivindicou sua libra de carne como juros a cada empréstimo feito. Como de outra
forma podia o cavalariço e contra-regra de Aubrey fazer-se depressa rico? Todos os acontecimentos levam água
ao seu moinho. Shylock concorda com a caça aos judeus que se seguiu ao enforcamento e esquartejamento de
López, o sanguessugueiro da rainha, seu coração de hebreu sendo puxado para fora enquanto o judeu ainda
estava vivo: HAMLET e Macbeth com o advento ao trono de um filosofrasto escocês com um pendor para os
assados de bruxos. A armada perdida é objeto de chacota em Love’s Labour Lost. As pompas, as histórias
navegam de velas pandas numa maré de entusiasmo à Mafeking. Os jesuítas de Warwickshire são
inquisitoriados e temos uma teoria do equívoco de porteiro. A Sea Venture chega à pátria das Bermudas e a
peça que Renan admirava é escrita com Patsy Caliban, nosso primo na América. Os sonetos melosos seguem-
se aos de Sidney. Quanto à fada Elisabeth, vulgo Bess a cenouriça, a bruta virgem que inspirou The Merry
Wives of Windsor, que algum meinherr da Alamânia tateie ao longo de sua vida pelas significações fundilatentes
nas funduras do saco de roupa suja. (p.233-234)
- O meigo Will está sendo rudemente tratado – o meigo senhor Best disse meigamente.
- Que Will? – pilheriou doce Buck Mulligan. – Já estamos a nos embrulhar.
- A vontade (“will”) de viver – filosofou John Eglinton – para a pobre da Ann, viúva de Will, é a vontade
(“will”) de morrer. (p.235)
- (...) O filho nascituro desfigura a beleza: nascido, traz pena, divide afeto, aumenta cuidados. É um varão: seu
crescimento é declínio do pai, sua juventude é inveja do pai, seu amigo é inimigo do pai. (p.237)
- (...) Quando Rutlandbaconsouthanptonshakespeare ou outro poeta do mesmo nome na comédia dos erros
escreveu o HAMLET, ele não era o pai de seu próprio filho meramente, mas, já não sendo um filho, ele era e se
sentia o pai de toda a sua raça, o pai do próprio avô, o pai do seu inascido neto, que, ademais, jamais nasceria,
porque a natureza, como a compreende o senhor Magee, aborrece a perfeição. (p.237)
- Quanto à sua família – disse Stephen -, o nome de sua mãe vive na floresta de Arden. A morte dela deu dele
a cena com Volumnia em Coriolanus. A morte do filho menino é a cena da morte do jovem Arthur em King
John. HAMLET, o príncipe negro, é Hamnet Shakespeare. Quais são em The Tempest, em Péricles, em Winter’s
Tale as garotas nós sabemos. Quem são Cleópatra, a caldeirada de carne do Egito, e Cressida e Vênus, podemos
supor. Mas há um outro membro da família que é registrado. (p.238)
- Dir-se-á que esses nomes já estão nas crônicas de onde ele tirou a matéria-prima de suas peças. Por que os
escolheu a outros? Richard, corcundo fidaputa, abortado, faz o cerco a uma viúva Ann (que é que há dentro de
um nome?), corteja-a e conquista-a, essa fidaputa de viúva alegre. Richard o conquistador, o terceiro irmão,
veio depois de Willian o conquistado. Os outros quatro atos da peça pendem frouxos desse primeiro. De todos
os reis Richard é o único rei de Shakespeare não escudado pela reverência, esse anjo do mundo. Por que é que
a subtrama do King Lear, em que Edmund figura, é tirada da Arcadia, de Sidney, e recozida com uma lenda
céltica mais velha que a história? (p.241)
- Isso era a maneira de Will – defendeu John Eglinton. – Hoje não deveríamos combinar uma saga nórdica com
um excerto de uma novela de George Meredith. Que voulez-vous?, diria Moore. Ele põe a Boêmia à beira-mar
e faz Ulisses citar Aristóteles.
- Por quê? – respondia Stephen a si mesmo. – Porque o tema do falso ou do usurpador ou do adúltero irmão ou
todos os três num só é para Shakespeare o que o pobre não é, sempre com ele. A nota de banimento, banimento
do coração, banimento do lar, soa ininterruptamente de The Two Gentleman of Verona para diante, até que
Próspero quebra o seu bastão, enterra-o algumas braças debaixo da terra e afoga seu livro. Ela duplica a si
-
58
mesma no meio da vida dele, reflete-se a si mesma na outra, repete-se a si mesma, prótase, epítase, catástase,
catástrofe. (...) Isso está em infinita variedade em cada lugar do mundo que ele criou, em Much ado about
nothing, duas vezes em As you like it, em The Tempest, em HAMLET, em Measure for Measure, e em todas as
outras peças que não li.
Ele gargalhava para libertar seu espírito da servidão de seu espírito.
O juiz Eglinton resumiu.
- A verdade está no meio – afirmou ele. – Ele é o espectro e o príncipe. E é tudo em tudo.
- Ele é – disse Stephen. – O rapaz do primeiro ato é o homem maduro do quinto ato. Tudo em tudo. Em
Cymbeline, em Othello ele é cáften e corno. Ele age e deixa agir. Amador de um ideal ou de uma perversão,
como José ele mata a verdadeira Carmen. Seu intelecto irrepousante é Iago cornilouco incessantemente a querer
que o mouro que há dentro dele deva sofrer.
- E que personagem é Iago? – exclamou indômito John Eglinton. – Quando tudo se disser, Dumas fils (ou é o
Dumas père?) estará com a razão. Depois de Deus, Shakespeare foi quem mais criou. (p.242)
- O homem não o deleita nem a mulher tampouco – disse Stephen. – Ele retornou depois de uma vida de ausência
àquele torrão da terra em que nascera, em que sempre fora, homem e menino, uma testemunha silente e aí,
terminada a jornada da vida, ele planta sua amoeira na terra. Então morre. A ação terminara. Os coveiros
enterram HAMLET père e HAMLET fils. Um rei e um príncipe por fim na morte, com música de fundo. (...)
Cada vida são muitos dias,