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O crime invade o campo “Houve troca de ti- ros entre os ladrões e os vigias da fazenda. Foi tanta crueldade que algumas casas foram queimadas e os empregados, feitos de reféns”, declarou um importante produtor mineiro. Os criminosos levaram cerca de R$ 70 mil reais entre carros e caminhonetes. “Mais de 50% das propriedades já foram assaltadas” Campo não é mais si- nônimo de tranqüilidade, revela a pesquisa reali- zada pela Hortifruti Brasil com os produto- res de hortícolas em todo o Brasil. A maioria acre- dita que o roubo de tra- tores, defensivos e fer- tilizantes é organizado por quadrilhas especiali- zadas. Elas vendem esses produtos novamente para o produtor, que aca- ba sustentando a crimina- lidade no meio rural. Veja na matéria de capa des- ta edição como não com- prar um produto rouba- do, bem como dicas para melhor proteger sua pro- priedade (página 10). “O próprio produtor, muitas vezes, sustenta a criminalidade no campo” Ronda Rural, produ- tores unidos contra o crime Veja no Fórum de Idéias uma saída para aumentar a segurança no campo, idealizada pelos próprios pro- dutores. A Ronda Rural já é realidade em di- versas regiões e, em- bora ainda apresente problemas, tem dado bons resultados. Foto montagem: Vinicios/Jacto

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O crime invade o campo“Houve troca de ti-

ros entre os ladrões eos vigias da fazenda.Foi tanta crueldadeque algumas casasforam queimadas e osempregados, feitos dereféns”, declarou umimportante produtormineiro. Os criminososlevaram cerca de R$70 mil reais entrecarros e caminhonetes.

“Mais de 50% daspropriedades jáforam assaltadas”

Campo não é mais si-nônimo de tranqüilidade,revela a pesquisa reali-zada pela Hortifruti

Brasil com os produto-res de hortícolas em todoo Brasil. A maioria acre-dita que o roubo de tra-tores, defensivos e fer-tilizantes é organizadopor quadrilhas especiali-

zadas. Elas vendem essesprodutos novamentepara o produtor, que aca-ba sustentando a crimina-lidade no meio rural. Vejana matéria de capa des-ta edição como não com-

prar um produto rouba-do, bem como dicas paramelhor proteger sua pro-priedade (página 10).

“O próprioprodutor, muitasvezes, sustenta acriminalidade nocampo”

Ronda Rural, produ-tores unidos contrao crime

Veja no Fórum deIdéias uma saída paraaumentar a segurançano campo, idealizadapelos próprios pro-dutores. A Ronda Ruraljá é realidade em di-versas regiões e, em-bora ainda apresenteproblemas, tem dadobons resultados.

Foto montagem: Vinicios/Jacto

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2 ANO II - Nº 14 - JUNHO/2003 - HORTIFRUTI BRASIL

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HORTIFRUTI BRASIL - ANO II - Nº 14 - JUNHO/2003 3

Capa 10

O CRIME INVADEO CAMPOQue tipo de crime é esseque tira a tranquilidadedo campo? Quais osprodutos mais roubados?Qual o estado com maioríndice de roubos/furtosnas fazendas? Como oprodutor tem seprevenido?

Editorial 3

Cartas 4

Fórum de Idéias 17

Batata 5 Bem-vinda a safra da seca

Cebola 6 A vez do Nordeste

Tomate 7 Safra promete melhores preços

Banana 8 Inverno: Consumo cai,oferta também

Uva 9 Jales e Pirapora entram no mercado

Mamão 13 Baixa oferta continua

Manga 14 Contabilizando os ganhos

Melão 15 Plantio recomeça na Chapada do Apodi

Citros 16 Idústria recua

S E Ç Õ E S

A imagem do �ladrão de galinhado sítio� acabou. Hoje, a reali-dade no campo é mais violentaque roubos de produtos para oconsumo próprio, como no pas-sado. Porteira aberta e convite atodos para aproveitar as áreas delazer da fazenda, como o lagoou a igreja, ou mesmo para apa-nhar algumas frutas não são maisrecomendados. Infelizmente, oclima de insegurança tambémchegou ao campo e algumas ati-tudes devem ser tomadas pelosprodutores, como se estivessemna cidade.Porteira fechada, entrada proibi-da a estranhos, boa iluminaçãonas áreas de galpões e nas resi-dências, pouco estoque de insu-mos, cuidado com o maquinárioe ferramentas da fazenda, uso decachorros ou até seguranças napropriedade são comportamentosque devem ser tomados pelos pro-dutores para prevenir roubos oufurtos nas fazendas.Muitas vezes, mesmo com todasessas medidas adotadas, o pro-dutor continua exposto à quadri-lhas especializadas em roubo/furtos de defensivos e fertilizan-tes, equipamentos de irrigação etratores e implementos. Nessecaso, a prevenção está no com-portamento do próprio produtor.O mercado paralelo de insumose equipamentos não deve sersustentado. A Hortifruti Brasilrecomenda a todos os agriculto-res, que são os consumidoresdesses produtos, a procurar co-nhecer a origem do produto edesconfiar de promoções mila-grosas em termos de preços econdições de compra.Ações coletivas, sem dúvida,podem aumentar a segurança no

campo, como é o caso da RondaRural, uma iniciativa conjuntados produtores e da Polícia Mili-tar. Na maioria dos casos, o sin-dicato rural doa as viaturas e osdemais equipamentos de segu-rança e a Polícia Militar, o capi-tal humano. A Hortifruti Bra-sil aborda no seu Fórum de Idéi-as (p.18) exemplos da implanta-ção da ronda em Ibiá (MG), Tatuí(SP) e Ibitinga (SP). As experiên-cias dessas cidades mostram quea iniciativa dos produtores emequipar a polícia e especializá-la na vigilância rural é o primei-ro passo para reduzir os assaltosnas propriedades agrícolas.Contudo, doar algumas viaturase cobrar resultados da polícia nãobastam. Em alguns municípios,a área rural chega a ser dez ve-zes maior que a urbana e umaou duas viaturas não conseguemcobrí-la totalmente - poderiamlevar 15 dias para passar no mes-mo local.Assim, a comunidade rural deveparticipar ativamente de um Pro-jeto de Segurança Rural, inte-grando um grupo de produtoresda região que formem uma redede inteligência e troquem infor-mações com a polícia, alémadotarem todos os padrões mí-nimos de segurança. Algumassugestões estão na Matéria deCapa (p. 12) desta edição, quetraz sugestões para reduzir a in-segurança na área rural.

Marina e João Paulo, estudantes deagronomia e analistas de mercadoda Hortifruti Brasil, foram os auto-res da matéria de capa e os or-ganizadores do Fórum de Idéiasdesta edição.

Acabou atranquilidade

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EXPEDIENTE

CEPEACentro de Estudos Avançados

em Economia AplicadaUSP/ESALQ

Editor Científico:Geraldo Sant� Ana de Camargo Barros

Editora Executiva:Margarete Boteon

Editora Econômica:Mirian Rumenos Piedade Bacchi

Diretor Financeiro:Sergio De Zen

Jornalista Responsável:Ana Paula da Silva - MTb: 27368

Editora Assistente:Ana Júlia Vidal

Equipe Técnica: Aline Vitti, Aline Barrozo Ferro, Ana JúliaVidal, Carolina Dalla Costa, Eveline Zerio,

Ilonka M. Eijsink,João Paulo B. Deleo, Maria Luiza Nachreiner,Mateus Holtz C. Barros, Marina L. Matthiesen,

Margarete Boteon, Mauro Osaki, RenataBraga Lacombe, Renata Ferreira Cintra,

Thiago Luiz D. S. Barros e Vanessa C. Caron.

Apoio:FEALQ - Fundação de Estudos Agrários Luiz

de Queiroz

Editoração e Arte:Thiago Luiz D. S. Barros

Fotolitos:Nautilus Estúdio Gráfico

Fone: 19 [email protected]

Impressão:MPC Artes Gráficas

Fone: 19 451-5600 - [email protected]

Tiragem:6.500 exemplares

Contato:C.Postal 132 - 13400-970 - Piracicaba SPTel: 19 3429-8809 - Fax: 19 3429-8829

[email protected]://cepea.esalq.usp.br

ERRATA

Na edição nº 13, o nome cor-reto do autor da declaração �De-manda é o caminho para rentabi-lidade� é Werner Genta, p. 14

Ainda na edição nº 13, NelsonYoshio Igarashi é produtor e nãobeneficiador de batata em Uber-lândia/MG, p. 21

TREINAMENTO DESCARTE DE EMBALAGENSO INPEV (Instituto Nacional de Processamento de Em-balagens Vazias) disponibiliza em seu site um cursosobre o correto retorno das embalagens vazias de de-fensivos agrícolas. Incentivo  a todos fazerem este cursovirtual, que lhes fornecerá muitas informações úteissobre esta �nova� lei  de descarte de embalagens. Ocurso demora no máximo duas horas para sercompletado e pode ser feito parceladamente.

SUCO DE LARANJA EM NYGostaria de uma orientação de onde posso estar en-contrando série histórica de cotação do preço do sucode laranja -NY. Estou precisando também saber a pro-dução de laranja na safra 2002/2003, bem como sucoprocessado.Queli Patrícia Lacerda por e-mailA cotação diária do suco de laranja concentrado econgelado está disponível no site da Bolsa de NY(www.nybot.com). Para informações sobre o volumede laranja e de suco de laranja produzido no Brasil,consulte as edições da Hortifruti Brasil ou os sitesda Abecitrus (www.abecitrus.com.br) e do IEA(www.iea.sp.gov).

ARTIGOS CIENTÍFICOSEu sou gerente de pesquisa da Empresa Baiana de De-senvolvimento Agrícola S. A. no Extremo Sul da Bahia.Minha área de atuação tem sido exclusivamente commamão, principal cultura da região. Eu fiz um levan-tamento de custos de produção de mamão sob sistemade irrigação por pivô central no Oeste. Este estudo jáesta na forma de artigo e gostaria de receber de vocêsinformações de onde e como eu poderia publicá-lo.Se a Hortifruti Brasil acolhe este tipo de artigo e sea mesma tem corpo editorial como de uma revista ci-entífica.José Altino Machado Filho por e-mail

A Hortifruti Brasil é uma revistainformativa voltada ao setor hortí-cola. Podemos divulgar os dados desua pesquisa, mas não em forma deartigo científico. Entre as várias ins-tituições que publicam esse tipo detrabalho, procure a Sober (Revistade Economia e Sociologia Rural),em www.sober.org.br

LARANJA EM PORTUGALSolicito dados referentes as expor-tações de laranja para suco, asquantidades e variedades das mes-mas destinadas à Portugal e Espanhaa partir do ano de 1999 até 2002.Everton MachadoEurofrutas S.A � PortugalO sistema Alice, do Portal do Expor-tador(www.portaldoexportador.gov),disponibiliza gratuitamente os da-dos de exportações de laranja porpaís de destino.

Hortifruti [email protected]

CP 132 CEP 13400-970Piracicaba/SP

C a r t a s

O endereço é www.inpev.org.br Laura M. Vieira Silva Representante Comercial da Dupont São José do Rio Preto/SP

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Bem-vinda asafra da seca

Por Eveline Zerio eJoão Paulo Deleo

Início da safra da secaO sul de Minas Gerais, maiorregião produtora de batata dopaís, iniciou a safra da seca naúltima quinzena de maio e aexpectativa dos agentes é que acolheita se estenda por cerca detrês meses. A variedade maiscultivada no sul mineiro é a mo-nalisa e os produtores locais afir-mam que o plantio foi menornesta safra que nas anteriores. Oalto custo de produção, princi-palmente no momento de aqui-sição de fertilizantes e defensi-vos agrícolas, fez com que mui-tos bataticultores diminuíssem aárea de plantio. Além disso, al-guns produtores trocaram de cul-tura e, nesta safra, plantam ape-nas grãos, principalmente milho,que está mais valorizado. Noinício de maio, os produtores dosudoeste paulista também come-çaram a colheita da nova safra,devendo intensificá-la em junhoe início de julho. De acordo comagentes dessa região, o produtocolhido vem apresentando boaqualidade, porém, boa parte daoferta apresenta calibre reduzi-do, sobretudo a bintje, em fun-ção das elevadas temperaturase da grande incidência de chu-vas durante janeiro, mês de plan-tio. Com isso, verificou-se umabaixa produtividade, que é esti-mada na média de 20 t/ha.

Batata valendo ouroAs regiões do Triângulo Mineiroe do Alto do Paranaíba (MG),que vinham abastecendo o mer-cado nacional nos últimos me-ses, reduziram o volume oferta-do em maio, praticamente en-cerrando a safra no fim do mês.Assim, a oferta do produto caiusignificativamente, já que asdemais regiões produtoras do paísnão disponibilizaram volume

suficiente para atender à deman-da nacional. Com isso, os pre-ços do tubérculo reagiram, atin-gindo, nas máquinas, valores pró-ximos a R$ 70,00/sc de 50 kgpara a variedade ágata e mo-nalisa, ambas lavadas. Na pri-meira quinzena de maio, a sacade 50 kg da batata beneficiadafoi cotada na média de R$ 53,58/sc, o que significa um aumentode 16% em relação ao mês an-terior. Entretanto, a partir do fi-nal da segunda semana do mês,os preços reduziram, já que omercado dificilmente sustentavalores tão elevados por muitotempo. O final do mês tambémcontribui para a retração dos pre-ços, além do aumento de ofertado sudoeste paulista e do sul deMinas Gerais. Como a batataesteve valorizada, sobretudo aágata, a safra do Triângulo Mi-neiro e Alto do Paranaíba foi con-siderada satisfatória pelo setor.No entanto, estima-se que a pro-dutividade local foi reduzidaem mais de 30% neste ano. Asaltas temperaturas registradas noprimeiro trimestre de 2003, alia-das às abundantes chuvas locais,prejudicaram a qualidade dasbatatas, deixando-as miúdas ecom pele esfolada.

Ágata volta a dominarO cultivar ágata voltou a sero mais plantado neste ano. De-pois de dominar as roças de Gua-rapuava (PR) e registrar signifi-cativo crescimento em MinasGerais, o sudoeste paulista tam-bém passou a priorizar o plantiodesse cultivar. O motivo é a altaprodutividade da variedade, as-sociada a sua boa qualidade, secomparada aos demais cultiva-res disponíveis no mercado. Oresultado são maiores lucros parao produtor, que, além de se be-neficiar com a produtividade,ganha com os preços. Conformeagentes paulistas, a ágata domi-na aproximadamente 60% dasroças no sudoeste de São Paulo,seguida pela bintje, que teve umplantio estimado em torno de30% da área plantada na região.

Paraná segue no mer-cadoApesar da região de Guarapuava(PR) ter finalizado a safra local emmeados de junho, as regiões para-naenses de Castro, Contenda ePonta Grossa iniciaram a colheitada safra da seca também na se-gunda quinzena de maio. Osagentes estimam que a safra seestenda até aproximadamente 15de julho, sendo ofertada ao mer-cado in natura a variedade ágata(comum) e asterix (lisa).

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A vez do Nordeste

Por Aline Barrozo Ferro eJoão Paulo Deleo

Aumenta oferta nordestinaAs regiões de Irecê (BA) e doVale do São Francisco de-vemintensificar a colheita nos pró-ximos meses. Esse ritmo podese estender até meados de ou-tubro. Até o final de maio, algu-mas regiões não tinham colhidonem 20% do total produzido. Aqualidade da safra é conside-rada boa pelos produtores, po-rém, a maior parte da cebolaque vem sendo co-mercializadaé do tipo 2. Isso ocorre devidoaos danos provocados pelas al-tas tem-peraturas registradasdurante o desenvolvimento dobulbo. Além disso, segundoagentes de mercado, em algu-mas re-giões produtoras, o plan-tio foi muito adensado, aumen-tando a competitividade daplanta por água e nutrientes.Uma desvantagem desse produ-to miúdo é a menor quantida-de de casca, que reduz sua du-rabilidade. A variedade maisprejudicada foi a roxa, que re-sultou uma grande oferta debulbo tipo 2. Seu preço chegou,na segunda quinzena de maio,a R$ 0,25/kg na roça, metadedo valor registrado no mesmo

período do ano passado. Mes-mo assim, há uma grande de-manda pela cebola nacional,uma vez que seus preços sãomais competitivos que os daimportada (20% mais baixos emnível de atacado).

Redução nas importaçõesCom o início da safra nordesti-na, agentes de mercado passa-ram a importar menos cebolaargentina. O volume importa-do diminui à medida que au-menta a entrada da cebola na-cional, devendo reduzir aindamais em junho, período de picode oferta do Nordeste. Aindaassim, neste ano, o mercadonacional conta com uma mai-or participação da cebola ar-gentina. No período de janeiroa abril de 2003, as importaçõesde cebola produzida no paísvizinho registram um aumentode aproximadamente 70% emrelação ao mesmo período de2002. A Argentina já ofertoupelo menos 50% do total pro-duzido e a maior parte da ce-bola restante ainda deverá serdestinada ao Brasil, uma vezque a Europa, segundo agentesde mercado, já encerrou suasnegociações com a Argentinaneste ano.

Minas começa a colherAs regiões mineiras de SãoGotardo e Santa Juliana co-meçaram a colher cebola nasegunda quinzena de maio. Acolheita em ambas as regiõesdeve se intensificar a partir dejunho. Durante o desenvolvi-mento dos primeiros lotes, aprodutividade da cebola foi pre-judicada pelas chuvas, que di-minuíram o crescimento do bul-bo. Além disso, houve incidên-cia de bactérias que causarama doença �camisa d�água�.Com isso, a cebola ficou compoucas cascas, o que preju-dicou sua resistência ao ar-mazenamento. De acordo comagentes do mercado, a áreade plantio aumentou. Os pro-dutores de Brasília (DF) e Cris-talina (GO) também começa-ram a colheita, que deve se in-tensificar a partir deste mês. Oinício da produção nessas regi-ões foi, da mesma forma, pre-judicado pelas chuvas e a pro-dutividade também caiu, resul-tando em cebolas mais miúdas.

Reduz área em SPAgentes paulistas apontam queas regiões de Monte Alto (SP) ePiedade (SP) reduziram a áreade plantio neste ano, já que mui-tos produtores tiveram prejuízoscom os baixos preços da cebolana última safra. Além disso, oaumento dos custos de produçãotambém contribuiu para a dimi-nuição do plantio. Em áreas pe-quenas, por exemplo, é inviávelo uso de implementos, que es-tão custando caro, podendo pres-sionar a rentabilidade do produ-tor. As duas regiões devem co-lher tarde a partir de julho.Divinolândia (SP) começou acolheita de bulbinho e a previ-são é que a oferta siga até julho.

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Safra promete melhores preços

Por Mateus Holtz C. Barros,Carolina Dalta Costa , Ana Júlia Vidal e

Renata B. Lacombe

Oferta regular garantepreçosA maioria das regiões que colheentre os meses de abril e outubroregistrou uma significativa redu-ção da área plantada. Vale desta-car que em 2002 a área já foimenor em comparação a 2001. Asregiões de Sumaré (SP), Mogi-Guaçu (SP) e Goianápolis (GO)foram as que mais diminuíram oplantio. De acordo com os agen-tes, o número de pés plantadosnessas localidades é 6, 10 e 6,5milhões, respectivamente. Coma queda da área plantada, espe-ra-se que as médias dos preçospraticados neste ano registrempatamares superiores às de 2002.O estado de Goiás foi o que apre-sentou a maior redução de plan-tio � mais de 40% em relação a2002. Neste ano, os produtoresgoianos não colheram entre osmeses de janeiro e abril, dife-rente dos anos anteriores, quan-do a colheita ocorria o ano todo.Essa redução de área pôde sercomprovada pela presença decompradores goianos no merca-do de São Paulo, durante o mêsde maio.

Que venha o inverno!Em junho, a oferta de tomatedeverá ser controlada pelas bai-xas temperaturas. Diferente doano passado, quando o efeito ElNiño elevou a média das tem-peraturas, o inverno deste anodeve apresentar suas caracterís-ticas normais: clima frio e compoucas chuvas. Essa condiçãoreduz a velocidade de matura-ção dos frutos, não permitindoque grandes volumes sejam co-lhidos no período. Assim, a ex-pectativa é que os preços regis-trem maior estabilidade, comuma ligeira tendência de alta.As regiões de Araguari (MG) e

Sumaré (SP) seguem em plenasafra em junho. A novidade é aintensificação da colheita emMogi-Guaçu (SP). Outra impor-tante região que inicia a colhei-ta em junho é São José de Ubá(RJ). A expectativa inicial era queos produtores cariocas diminuís-sem a área plantada em relação àsafra 2002, porém, os altos preçosdo produto em março deste anoanimaram os tomaticultores e jáse espera que a área seja aproxi-madamente a mesma do ano an-terior. Por outro lado, as regiõesde Itapeva (SP) e Venda Nova doImigrante (ES) praticamente encer-ram a safra.

Argentina segue ausenteAssim como em 2002, os produ-tores de tomate não estão otimis-tas quanto à venda do produto paraa Argentina neste inverno, perío-do em que o país vizinho costu-ma carregar a mercadoria nacio-nal, já que a produção local ficaimpossibilitada pelo frio intenso.Em 2002, como efeito da criseargentina, o volume exportadopara aquele país caiu quase 62%entre os mesesde abril e se-

tembro, se comparado ao mes-mo período de 2001. Neste ano,apesar da economia do país vi-zinho estar começando a dar si-nais de melhora, não houve re-gistro algum de venda para os ar-gentinos até o finalde maio. Embora asexportações não se-jam muito repre-sentativas no setor,são um canal al-ternativo de es-coamento daoferta e, conse-qüentemente,dos preços pra-ticados inter-namente.

Sul vai às comprasPor se encontrar em período deentressafra, a região Sul vem sedestacando como importanteconsumidora dos tomates produ-zidos nas demais regiões brasi-leiras. Agentes sulistas são res-ponsáveis pela compra de cercade 70% do total colhido emMogi-Guaçú (SP). O envio de to-mates para o Sul do país é im-portante para a manutenção dospreços nas lavouras paulistas,uma vez que regulam a ofertanos ceasas, além de representarum importante canal de escoa-mento para os os tomates maisverdes.

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Inverno: Consumocai, oferta também

Por Marina Matthiesen

Inverno pode esfriar con-sumoA entrada do inverno em junhopode prejudicar as vendas debanana, já que o consumo defrutas costuma diminuir nestaestação. Contudo, o setor acre-dita que a oferta de nanica eprata será menor nesse período,o que pode sustentar os preços.Essa deve ser a situação no Valedo Ribeira (SP), onde provavel-mente pouca fruta será oferta-da, devido às baixas tempera-turas, que retardaram o proces-so de engorda da fruta. Em maioa prata litoral foi comercializa-da, em média, a R$ 9,4/cx de20 kg, 44% mais valorizadaque no mesmo período do anopassado. A nanica também en-cerrou o mês em alta, sendo ven-dida em média a R$ 8,75/cx 22kg, um valor três vezes maior queo praticado no mesmo período de2002.

Equador atrapalha expor-tação catarinenseA chegada do inverno e o tem-po seco registrado em maioatrasaram a safra de nanicacatarinense e o estado só devecomeçar a produzir em meadosde junho. Com a entrada dasafra, muitos agentes esperamuma queda dos preços, embora

a oferta deva

estar controlada. O grande re-ceio dos produtores catarinen-ses concentra-se, no entanto, naexportação, principal canal decomercialização para os cata-rinenses. A partir de maio, mui-tos bananicultores sentiram quea banana enviada a esses paí-ses caiu, devido à redução dospreços da fruta do Equador, queteve aumento de produção. Se-gundo dados da Secex, no perí-odo de janeiro a abril deste ano,o envio de banana para a Ar-gentina e Uruguai aumentou47% em relação ao mesmo in-tervalo de 2002.

Oferta deve continuar me-nor em MGE m junho, o norte mineiro deve

apresentar o mesmo pa-norama dasdemais regi-ões produto-

ras. A oferta deprata no estadodeve continuarreduzida, emfunção das bai-xas temperatu-ras já registra-das em maio naregião. Como a

oferta também deve ser menornas demais regiões produtoras,os bananicultores mineiros es-peram que os preços da fruta semantenham nos mesmos níveispraticados em maio ou ainda re-gistrem valorização. A pratamineira encerrou o mês demaio sendo comercializada,em média, a R$ 10,00/cx 20kg,um valor 67% maior que o pra-ticado no mesmo período noano passado.

Poncã tem safra irregularSegundo citricultores paulistas,a safra da poncã deste ano estábastante irregular, dada a ocor-rência de floradas em diversosperíodos, nas variadas regiõesprodutoras. Assim, há expecta-tiva que a variedade permane-ça no mercado até o início desetembro, com pico de ofertaentre junho e julho. Deve-seressaltar, contudo, que desdemaio a indústria paulista de sucoestá comprando um elevado vo-lume de poncã para a produçãode suco. Assim, pode haver cer-to controle do volume ofertado,lembrando que se trata de umvolume excessivo disponível in-ternamente.

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Jales e Piraporaentram no mercado

Por Aline Vitti

Início da safra de JalesJales começa a colheita da sa-fra 2003 em junho. Segundoagentes de mercado, neste anoa produção deve ser menor emrelação a 2002. A chuva no iní-cio do ano prejudicou a primeirapoda realizada, resultandonuma perda considerável novolume de uva. As podas se-guintes transcorreram normal-mente, sem problemas na qua-lidade. Para junho, a expecta-tiva dos produtores é que,com a redução da oferta da uvano Paraná, os preços se recu-perem no mercado interno eJales entre em um período deboas cotações.

Pirapora se prepara paracolhei taAssim como em Jales, a colhei-ta em Pirapora (MG) está pro-gramada para começar em ju-nho. O volume esperado nesteano deve ser maior se compa-rado a 2002, ano em que ascondições climáticas desfavo-ráveis interferiram na produção.A oferta deve se intensificarsomente em julho, podendopressionar os preços, por ser ummês de baixo consumo.

Fim da exportação noNordeste

Neste ano, a oferta de uva nor-destina foi regular nos meses deabril e maio, ao contrário doano passado, quando o aqueci-mento das exportações provo-cou falta da fruta no mercadointerno. Ainda assim, os embar-ques ficaram abaixo do espera-do pelos agentes exportadores,uma vez que o volume expor-tado foi pequeno em relação aototal de uva que estava sen-do preparada parao m e r c a d oe x t e r n o .Além das di-f iculdadesencontradascom as bar-reiras de ex-portação, oclima chu-voso e úmi-do que atin-giu o Nor-deste em abril e maio prejudi-cou a qualidade da uva, prin-cipalmente a da fruta sem se-mente. Em junho, a oferta deuva deve ser menor, uma vezque alguns produtores já estãopodando para a segunda janelade mercado. Com a provávelestabilização do clima em ju-nho, a qualidade das uvas devevoltar ao padrão desejado, ele-vando sua cotação. O preçomédio recebido pelos produto-res que destinaram a fruta à

exportação variou de R$ 2,00/kg a R$ 2,20/kg, tanto para auva itália como para a beni-taka.

Paraná próximo ao en-cerramento da safraA colheita no Paraná deveprosseguir até meados de ju-lho, devido à sua produçãoescalonada. O volume nãodeve ser grande, restando cer-ca de 30% da área a ser co-lhida entre os meses de ju-

nho e ju lho. Aq u a l i d a d e

deve continuar mediana, man-tendo os preços em patama-res pouco satisfatórios. EmRosário do Ivaí (PR), o térmi-no da colheita deve ocorrerantes, aproximadamente emmeados de junho. A próximapoda começa em agosto, vi-sando à colheita da uva emdezembro, mês consideradomuito bom para as vendas.

Aumenta o volume emPorto FelizNo final de junho, a Regiãode Porto Feliz (SP) se preparapara a colheita das uvas finasde mesa. O volume não deveser grande e a oferta se esten-derá até o começo de agosto.A uva niagara, que começoua ser colhida em maio, deve-rá ser ofertada até julho. Opreço cotado em maio ficouabaixo do esperado pelos pro-dutores e a expectativa é que,com a entrada das uvas finas,a procura aumente na região.

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10 ANO II - Nº 14 - JUNHO/2003 - HORTIFRUTI BRASIL

Campo é sinônimo de tranqüilidade,certo? Errado. As propriedades rurais,que há poucos anos eram locais segu-ros, agora também são alvos de inva-sões violentas, assaltos à mão armadae furtos, acontecimentos que deixammarcas profundas e grandes prejuízos aquem passa pelo trauma da violência.Há casos de produtores que chegam aabandonar a atividade.

Que tipo de crime é esse? Quais osprodutos mais roubados nas fazendas?Qual o estado com maior incidência deroubos e furtos na zona rural? Como oprodutor tem se prevenido? É o que aHortifruti Brasil resolveu investigar.

Numa pesquisa realizada com 148proprietários rurais de todo o país, lei-tores da Hortifruti Brasil, constatou-se que mais de 50% das propriedadesjá foram roubadas (quando envolveameaça ou agressão física à pessoa) e/ou furtadas (na ausência da vítima). Apesquisa foi realizada com produtoresdas nove cadeias agroindustriais trata-das pela Hortifruti Brasil (batata, ce-bola, tomate, laranja, banana, uva,manga, melão e mamão), nas regiõesde maior representatividade de cadaproduto.

O estado com maior registro de rou-

bos ou furtos nas propriedades hortíco-las é Minas Gerais, onde 73% das pro-priedades pesquisadas registraramo problema. Segundo o levanta-mento, os itens mais visados naspropriedades mineiras são: ferti-lizantes, defensivos, tratores e ca-minhões.

O segundo estado com mai-or índice de roubos/furtos foi o Espíri-to Santo, onde 65% das propriedadesentrevistadas foram violadas. O quemais se leva nessa região são equi-pamentos de irrigação, comocanos, mangueiras, bom-bas e microaspersores. Essetipo de delito também é co-mum no pólo fruticultor dePetrolina (PE) e Juazeiro doNorte (BA), região ondese instalou um mercado pa-ralelo para comercializar a mercadoriasroubadas, segundo os produtores.

São Paulo foi o terceiro estado commaior registro de roubos/furtos - 58% dasfazendas consultadas sofreram o proble-ma. O índice poderia ser maior se nãofossem algumas ações dos agentes pau-listas para a prevenção do crime. Cercade 27% deles já possuem algum tipo desegurança privada ou equipamentos desegurança, além de 73% ter seguro, es-pecialmente no maquinário. O alto índi-

ce de violência em São Paulo pode estarparticularmente associado à maior pro-ximidade da zona rural com os grandescentros urbanos.

Nas propriedades pesquisadas emSanta Catarina e Rio Grande do Sul, porexemplo, se constatou baixo índice deroubos/furtos. Acredita-se que a explica-ção venha da distância entre as proprie-dades hortícolas entrevistadas, basica-mente pequenas , produtoras de bananae cebola, e os grandes centros urbanos.

Produtos químicos são oprincipal alvo dos ladrões

De acordo com a pesquisa, os fer-tilizantes e defensivos químicos sãoos principais alvos dos ladrões. Essetipo de produto possui elevado valoragregado e é mais facilmente trans-portado e escoado, em comparação atratores e implementos. Os maiores ín-dices de roubos/furtos de fertilizantes edefensivos ocorrem em Minas Gerias(31% das propriedades entrevistadas) eem São Paulo (21% das propriedades).

Por Marina Matthiesen eJoão Paulo Deleo

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HORTIFRUTI BRASIL - ANO II - Nº 14 - JUNHO/2003 11

Algumas regiões, nas quais a fruticul-tura irrigada é a principal atividade ru-ral, como Petrolina/Juazeiro, o desta-que são os equipamentos de irrigação.

A maioria dos produtores acreditaque os roubos/furtos de defensivos e fer-tilizantes estão ligados a quadrilhasespecializadas, principalmente em SãoPaulo e Minas Gerais. Questionadossobre os roubos e furtos, 48% dos pau-listas e 38% dos mineiros acreditam queo problema está associado a gruposcada vez mais organizados e prepara-dos.

Muitas vezes, sem saber, os pró-prios produtores sustentam esse tipo decrime. Nas regiões pesquisadas, osprodutos roubados/furtados são comu-mente vendidos aos fazendeiros locaisou comercializados em outras regiões,segundo declarações dos agentes en-trevistados pela Hortifruti Brasil.

Mas, como reconhecer se o produ-to é roubado ou não? Na maioria dasvezes, eles são vendidos sem notas, aum preço mais baixo e em local nãocredenciado pelas empresas de insu-

mos. Assim, uma das medidas para secombater esse tipo de crime é se pre-ocupar em conhecer a origem do pro-duto.

Alguns produtores afirmaram quesabem quem é o mandante dosroubos na região, onde os produ-tos são comercializados e de queforma. Por que não denunciar? Por-que muitas vezes há intimidação -os potenciais denunciantes acabam

sendo coagidos a permanecerem calados.O medo é o principal motivo para o si-lêncio das pessoas que estão convivendocom esse tipo de crime.

Como os produtores estãose protegendo?

Seguro, segurançaprivada e equipamentos de

segurança, além de muitas preces.Essas foram as principais providênci-as tomadas pelos produtores quan-do ques t ionados sobre a forma dese protegerem de furtos/roubos nasuas propriedades. Em 48% das fazen-das entrevistadas, o maquinário ésegurado e 28% delas possuem se-gurança privada e equipamentos desegurança.

O comportamento verificado noeixo Petrolina (PE)/ Juazeiro(BA) di-fere um pouco dos demais estados.

Essa região possui um índice maiorde segurança privada e equipamen-tos de proteção (47% das proprieda-des entrevistadas), mas apresentamenor índice de maquinário segurado(19% das propriedades entrevistadas).Isso se deve principalmente ao ele-vado índice de roubos de material deirrigação e ao menor índice de rou-bos de tratores e maquinário � itensmais comumente segurados.

Uma iniciativa coletiva que já dábons resultados é o patrulhamento ru-ral, implantado em diversas regiões.Os produtores se unem para compraros veículos e a polícia efetua a ron-da. (Informe-se sobre como instalar opatrulhamento rural e suas vantagense desvantagens no Fórum de Idéias -p.17).

É importante salientar que, mui-tas vezes, os roubos/furtos ocorrempor descuido ou ingenuidade dosprodutores, que ainda acreditam naantiga relação entre campo e tran-qüilidade. A Hortifruti Brasil con-sultou especialistas em crime rural eos próprios produtores deram sugestõessimples, que muitas vezes reduzemroubos/furtos na propriedade (confiraem �Conselhos para obter maior se-gurança no meio rural�, p.12).

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Não estoque insumos na propriedade: evite grandesestoques de insumos na propriedade, guardando apenas o quevai ser usado nos próximos dias. Para isso, muitos produtores,no momento da compra, negociam com as revendas a retira-da gradativa dos insumos, conforme a necessidade de uso;

Proteja as portas da cozinha: isole a porta da cozinhadas outras dependências durante o repouso noturno, trancandoas portas intermediárias. Aja da mesma maneira quando seausentar. Os arrombamentos são mais freqüentes através dosacessos dos fundos da casa;

Cuidado com estranhos: esteja alerta à presença desuspeitos nas imediações de sua propriedade, principalmentenos momentos de sua chegada ou na hora de sua saída;

Evite deixar à vista maquinários agrícolas eautomóveis: procure guardá-los em locais que não sejamfacilmente visíveis e de preferência trancados;

Não deixe o gado amostra: evite deixar o gado empasto próximo a estrada movimentada, para que não chame aatenção de pessoas mal intencionadas;

Grade nas janelas: proteja as janelas com grades sólidas,preferencialmente instaladas no lado interno;

Cuidado com as ferramentas: procure guardar em localadequado ferramentas de uso diário, como foice, pá,cavadeira, picareta etc, para que elas não sejam utilizadascomo material de arrombamento de sua própria residência;

Feche a propriedade: tranque as portas e portões deacesso à propriedade;

Cuidado com estranhos: não admita o ingresso deestranhos em sua propriedade, avisando sempre os funcionáriospara ficarem alerta no caso da entrada de pessoas que nãoconheçam. Tome cuidado com vendedores, principalmenteaqueles que prometem vantagens duvidosas como: venda debilhete premiado, venda de automóveis ou máquinas por preçoabaixo do mercado etc.

Avise sobre os estranhos: se permitir a entrada deestranhos em sua residência, sempre que possível alerte osoutros familiares ou o vizinho mais próximo, a fim de queeles saibam que você está com um estranho em sua casa.

Saiba a origem do produto de sua compra: antes defazer qualquer compra, consulte a procedência do objeto.

Ilumine sua propriedade: se possível, instale em suacasa alarmes e uma boa iluminação externa (refletores)circundando a residência e direcionando o foco de luz noslocais estratégicos da propriedade, como galinheiros, curraletc. Tal medida pode coibir a ação dos marginais.

Não guarde dinheiro em casa: não guarde grandesvalores em dinheiro ou objetos valiosos em sua casa.

Tenha cães ao redor da casa: cães devem ficar próxi-mos à residência, principalmente na área dos fundos, ondepoderão �dar alarme� no caso de tentativa de arrombamento.

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Baixa oferta continua

Por Vanessa Cristina Caron

Instabilidade nos preçosdo havaíA produção do mamão havaí noEspírito Santo e no sul da Bahiatem sido cada vez menor. Se-gundo agentes, a oferta dessavariedade deve voltar aos pa-tamares normais somente emjulho ou agosto. A dificuldadeque os produtores têm enfren-tado neste período de março ajunho, que muitos consideram�entressafra�, é a obtenção defrutos padronizados. A maiorparte dos mamões produzidos émiúda e verde. Isso decorre dodescaso de alguns produtorescom a lavoura quando os pre-ços praticados são muito baixos.Assim, os pés entraram no�pescoço�com formação de fru-tos sem valor comercial. Comisso, os preços da fruta oscila-ram muito em maio. Muitos pro-dutores, a fim de conseguir pre-ços altos pelos frutos, �força-ram� a produção, vendendomamão havaí muito verde paraas centrais atacadistas. Conse-quentemente, de uma semanapara outra, os preços recuassemacentuadamente, passando deR$ 1,00/kg para R$0,70/kg, dada a difi-culdade de venda defrutos verdes no ata-

cado. Caso os preços se esta-beleçam ao redor de R$ 0,70/kg, como foi registrado no mêspassado, a situação dos produ-tores de mamão havaí se man-tém razoavelmente boa, consi-derando que nos primeiros me-ses do ano as cotações registra-vam níveis próximos a R$ 0,20/kg. Apesar dessa estabilidadepoder permanecer até meadosde agosto, os frutos produzidosestão fora do padrãocomerciável e a maioria dosprodutores está conseguindovender mamão havaí apenas dotipo [21-24]. Esses possuem me-nor valor comercial, já que têmo preço definido pela porcen-tagem de 70% e 50% do preçodo graúdo, tipo [12-18].

Oeste baiano ganha mer-cadoEm maio, o oeste da Bahia re-gistrou um certo aumento deprodução de mamão, principal-mente da variedade formosa.Isso acirrou a concorrênciacom os frutos das regiões pro-dutoras do Espírito Santo e dosul da Bahia. Como essas regi-ões estão com baixa oferta, ospreços praticados no oeste bai-ano ficam mais atrativos aoscompradores do Sudeste. Decerta forma, essa situação está

prejudicando os produtores deformosa do sul baiano, que fi-cam impossibilitados de prati-car preços mais altos neste mo-mento de baixa produção. Avariedade havaí no oeste daBahia ainda não está com ele-vada produção, pois os frutosestão demorando para amadu-recer com a chegada do frio.Esse clima está proporcionan-do a colheita de mamões graú-dos e de ótima qualidade.

Entressafra limita expor-taçõesApesar do espaço aéreo para oembarque de mamão ter au-mentado (antes estava bem li-mitado por causa das elevadastaxas aéreas, alto preço do com-bustível e guerra no Iraque), nãohouve aumento significativo demamão exportado em maio, emrelação ao mês anterior. Isso sedeve à baixa oferta das regiõesprodutoras e à falta de padrãoda fruta nos últimos dois meses,caracterizando a antecipaçãodo pescoço neste ano - normal-mente ocorre nos meses de ju-nho e julho. Embora os paísesimportadores entendam a redu-ção da oferta neste período, nãodeixam de exigir qualidade, ouseja, frutos graúdos. Assim, asprincipais empresas exportado-ras estão embarcando a frutaessencialmente aos clientes

especiais, como os paísesda Europa.

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14 ANO II - Nº 14 - JUNHO/2003 - HORTIFRUTI BRASIL

Contabilizando os ganhos

Por Renata F. Cintra

E o câmbio?Os maiores valores recebidospelos produtores pela fruta ex-portada e a desvalorização docâmbio têm sido fatores de for-te incentivo aos exportadoresbrasileiros de manga. Porém,os agentes devem estar aten-tos se realmente houve acrés-cimo na rentabilidade. A mai-oria dos insumos adquirida pe-los produtores é cotada emdólar, como por exemplo o pa-clobutrazol, usado na induçãofloral. Esse produto é um dosmais utilizados e onerosos noscustos de produção da culturada manga. A quantidade apli-cada depende de diversos fa-

tores como idade, tamanho,porte da planta, temperatura eoutros. Porém, considera-se quena safra anual são utilizados,em média, cerca de 2 litros/ha,sendo que o tamanho mínimodos lotes é de 6 ha. Um litro doproduto atinge valor médio deR$ 300,00/R$ 350,00. Assim,tem-se noção do custo que oproduto representa para os pro-dutores do Vale do São Francis-co. Os valores dos insumos nãoacompanharam a redução de15% no câmbio (entre o mês demarço e a primeira quinzena demaio), já que os preços foramfechados no início do ano, picode desvalorização do real. De

forma geral, se com-parados à lucrativida-de da fruta comerci-alizada no mercadonacional, os ganhoscom a exportação sãoefetivamente superio-res, porém os produto-res devem estar sem-pre atentos aos custosde produção da propri-edade rural, analisan-do-os economicamen-te para que não ocor-ra apenas a equivalên-cia entre despesas e olucro líquido.

Exportações emprimeiro lugarA exportação de man-ga à União Européiasegue em ritmo acele-rado. Segundo a Se-cex, entre janeiro eabril deste ano, as ven-das externas aumenta-ram mais de 200% tan-to em volume finan-ceiro como em quan-tidade, frente ao mes-mo período do ano

passado. Os embarques têm au-mentado mês a mês, devido àgrande atração dos exportado-res da região do Vale do SãoFrancisco pelo mercado euro-peu. A valorização da moedanorte-americana foi outro in-centivo e, apesar de ter recua-do no último mês, os produto-res nordestinos não desanima-ram. Sendo assim, a quantida-de de fruta exportada deve con-tinuar crescendo em junho.Com normalmente ocorre, osembarques de manga à UniãoEuropéia aumentam a partir demaio, em virtude do escalona-mento da produção (induçãofloral) dos produtores do Vale.Em 2003, contudo, o acréscimosignificativo iniciou-se já emabril, quando foram exportadascerca de 5 mil toneladas demanga ante o inexpressivo vo-lume de 120 toneladas, regis-trado no mesmo período de2002.

Volume reduzido no mer-cado internoA maioria dos pomares da regiãodo Vale do São Francisco tem en-frentado problemas com a induçãofloral, o que vem reduzindo a ofer-ta de manga no mercado interno.A escassez no mercado domésti-co se agravou com o aquecimen-to das exportações à União Euro-péia no primeiro quadrimestre doano. Assim, os preços praticadosna roça nordestina e no atacadoda capital paulista reagiram. Nomês de junho, a expectativa é quenovamente a oferta de manga sejareduzida, com projeção de au-mento apenas no final de agosto/setembro, quando devem come-çar as vendas externas aos EUA(em anos anteriores, as exportaçõespara o mercado norte-americanoiniciavam em julho).

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HORTIFRUTI BRASIL - ANO II - Nº 14 - JUNHO/2003 15

Plantio recomeça naChapada do Apodi

Por Cinthia Antoniali VicentiniMaria Luiza Nachreiner

Fim das chuvas intensi-f ica plantioO plantio da nova safra já co-meçou em regiões onde o soloé mais arenoso, embora aindaseja pouco representativo. O tra-balho no campo restringe-se àvariedade amarelo, já que atémeados de junho o planejamen-to é voltado para o mercado in-terno. Em regiões de solo maisargiloso, como em Baraúna(RN), o plantio ainda está para-lisado, pois o solo se encontramuito molhado para o preparo.Além disso, algumas chuvasocorreram em maio, o que difi-cultou a semeadura. Na regiãoda Chapada do Apodi e BaixoJaguaribe, a intensificação noplantio deve ocorrer ainda naprimeira quinzena de junho.

Dólar preocupa produto-r e sA desvalorização da moedanorte-americana está causan-do preocupações entre os pro-dutores/exportadores de melão.A diminuição do faturamentoem real, atrelada a custos deadubos, defensivos e embala-gens (pagos em dólar), podediminuir a margem de comer-cialização. A fixação dos pre-ços no mercado externo parapróxima safra está sendo difi-cultada ainda pelo reflexo doalto volume embarcado na úl-tima safra, que pressionou ascotações na Europa. Produtoresnão acreditam em aumento daárea plantada e talvez nãoocorra modificação no preçoFOB para os embarques no se-gundo semestre. Os primeirosnavios com destino à Europasão esperados para a segundaquinzena de agosto. Os poucosprodutores que ainda não fe-charam contrato com o marca-

do externo afirmam que o plan-tio para exportação dependeráda demanda dos importadores.

Colheita cai pela meta-de no ValeNeste ano, a safra de melão naregião do Vale do São Francis-co foi cerca de 50% menor emrelação a 2002, segundo produ-tores locais. Essa queda deve-se, primordialmente, às condi-ções climáticas que prejudica-ram a qualidade do produto nodecorrer da safra, além de de-sestimular novos plantios naregião. Quem não investiu emdefensivos não arriscou plantar.O pico de colheita no Vale,comumente observado emmaio, neste ano foi antecipa-do, ocorrendo ainda em abril.

Mês dos preços altos!Em meados de maio, os preçosrecebidos pelos produtores jáatingiam valores acima dos R$15,00/cx 13kg. Neste mês, aoferta é ainda menor com a pro-ximidade do final da safra noVale. Com isso, prevê-se quefaltará melão no mercado, já

que a safra potiguar se iniciasomente em final de julho ouinício de agosto. A alta nos pre-ços, contudo, pode se tornar umfator limitante ao consumo. Em2002, os picos de preços ocor-reram no início da safra (abril),já que o plantio foi atrasadopelas chuvas no começo doano. Em contrapartida, o gran-de volume ofertado em maiopressionou os preços do produ-to.

Frio desaquece consumoA chegada do inverno podecomprometer as vendas de me-lão no mercado nacional. Alémda demanda retraída, os preçoselevados nesse período de en-tressafra podem levar os con-sumidores a substituir o melãopor frutas da época, mais ba-ratas, pressionando as cota-ções. Os principais consumido-res da fruta, hoje, são redes desupermercados e hotéis, quenão podem ficar sem o produ-to e, portanto, pagam um pou-co mais caro por ele.

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16 ANO II - Nº 14 - JUNHO/2003 - HORTIFRUTI BRASIL

Indústria recua

Por Ana Júlia Vidal eMargarete Boteon

Contratos não aquecemSegundo informações dosagentes, em maio, a indústriade suco não aqueceu as com-pras de laranja por fechamen-to de contratos. No final demaio, o intervalo de valorespropostos caiu de US$ 2,80/US$ 3,50 para US$ 2,80/US$3,00, com entrega somentenesta safra e não mais emtrês anos, como se comenta-va em abril. No mercado spot,as fábricas abriram compra delaranja precoce no último mêsa R$ 5,00/cx 40,8kg, para aponcã posta e de R$ 6,00/7,00para as laranjas lima e hamlinpostas, praticamente os mes-mos preços registrados no anopassado, quando a oferta eramaior. A procura da indústriapela tangerina aumentou nes-te ano, apesar dessa varieda-de não apresentar rendimentoideal para a produção de suco.As fábricas podem estar reven-do seus custos, dadas as difi-culdades que vêm encontran-do para negociar o suco nomercado europeu, principalcomprador do produto nacio-nal. Conforme publicado emmaio na revista européiaFoodnews, em meados daquele

mês, a indústria bra-sileira elevou o pre-

ço do suco postoem Roterdã para US$1.200,00/t, mas, segun-

do informações de traders, o novovalor ainda não foi bem aceito,devendo encontrar resistênciados compradores, que acreditamem elevados estoques da indús-tria brasileira, provenientes dasafra passada, e em preços emqueda da matéria-prima na aber-tura oficial desta safra.

Frio pode prejudicarvendasDesde abril, o consumo de ci-tros vem retraindo, ao mesmotempo em que a oferta aumen-ta gradativamente. Em maio, asituação se agravou e os pre-ços da laranja pêra in naturaacabaram recuando cerca de20% em relação ao mês anteri-or, fechando maio a R$ 11,34 /cx 40,8 (árvore). O setor asso-cia a queda das vendas à chega-da do frio e, principalmente, àcontenção dos gastos do consu-midor brasileiro, já que a laran-ja atingiu preços mais al-tos. Para junho, emboraa entrada do invernotenda a prejudicarainda mais as ne-gociações, nãohá perspecti-

va de nova queda dos preços. Aindústria deve intensificar suascompras, suavizando os efeitosdo aumento da oferta � até o fi-nal de maio, comentava-se queas fábricas abririam moagem dapêra posta no portão a R$ 8,00-900/cx 40,8kg. Além disso, acotação da laranja pêra ao redorde R$ 10,00/ cx a torna maisacessível ao consumidor.

Queda do dólar preocupaA maioria dos citricultorestem sua rentabilidade base-ada na moeda norte-ameri-cana, ut i l izada no fecha-mento dos contratos com aindústria. O câmbio médiono segundo semes t r e de2002 - principal período deentrega da fruta para a in-dústria - foi de R$ 3,34, tor-nando-se um fator positivopara a renda da citriculturapaulista. Neste ano, a retra-ção entre o pico de alta dataxa de câmbio em outubro(próximo a R$ 4,00) e a co-tação do final de maio R$2,98 foi de 25%. A grandepreocupação é que as recei-tas dos citricultores são atre-ladas diretamente ao câm-bio, enquanto os custos nãoreagem imediatamente emcaso de retração da moeda.Definir o comportamento docâmbio nos próximos mesesainda é uma tarefa difícil ea taxa de equilíbrio do dó-lar permanece indefinida nomercado. Segundo alguns es-pecialistas, a expectativa éque, no segundo semestre, amoeda seja cotada acimados valores registrados no fi-nal de maio. Esses especialis-tas prevêem que o dólar poderáoscilar em torno de R$ 3,30 aR$ 3,50 no final do ano.

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HORTIFRUTI BRASIL - ANO II - Nº 14 - JUNHO/2003 17

Os roubos nas propriedades ruraistornaram se cada vez mais graves e vio-

lentos. As proprieades rurais, que até poucosanos eram locais seguros, agora também são al-

vos de invasões violentas, assaltos à mão armada e fur-tos, deixando marcas profundas e grandes prejuízos em quem

passa por essa difícil experiência. �Os assaltantes renderam trêsfuncionário e trancaram em um quarto as pessoas que estavamno escritório. Exigiram que eles abrissem o cofre. A sorte é quenão tinha nada dentro�, relatou o produtor de batata, JoséGonçalvez � Ibiá/MG. Para contornar esse problema, algumassugestões dos leitores da Hortifruti Brasil podem ajudar a aumen-tar a segurança nos propriedades. A maior parte dos produtorestem optado por guardas noturnos e caseiros, além de cadeados,cachorros bravos, controle de entrada e saída na propriedade.Também estão estocando menores quantidades de insumo. Terseguro nos equipamentos e maquinário não previne o roubo, mas

�Depois de um assalto muito sério, colocamos qua-tro guardas noturnos que rodam a noite toda de moto eoutro que fica no escritório da fazenda. Instalamosalarme nas casas de bomba e grade chumbada quan-do o motor é externo. Passamos também a controlaruma entrada para os funcionários e uma outra para osvisitantes.�

Luciano Sartori - Janaúba/MG

�Os empregados da fazen-da agora moram perto dosmaquinários e do local onde guar-damos os fertilizantes.�

Ismael Oleti - Pinheiros/ES

�Contratei um caseiro para ficarna propriedade e vigiar as estradasda fazenda. Não faço mais com-pras em grandes quantidades e pro-curo não viajar durante a noite, poisé bastante perigoso�.

Marcelo de Almeida GiestaPetrolina/PE

�Colocamos guardas que se comunicam via rádionas fazendas. Também temos vários cachorros�

Fazenda Sete Lagoas - Conchal/SP

�Contratei um vigia noturno e procuro ter uma boavizinhança�

Vilson Fagundes - Ituporanga/SC

�Tem tantas medidas para se prevenir...contrataçãode seguranças, controle da entrada e saída de pessoasna fazenda, armazenamento dos defensivos em locaismais seguros e vigiados�

Marcos R. Boxine - Brasília/DF

�Os moradores da regiãofundaram a Associação deMoradores do Bairro, compra-ram um carro e estão pagan-do a gasolina para que sejafeita a ronda policial no lo-cal.�

Rui Tomazeto - PortoFel iz /SP

A medida citada por Rui Tomazeto tem sido realizada em várias regiões. Muitos produtores se organizaram e estãoimplantando esse sistema com sucesso. A Hortifruti Brasil traz alguns desses exemplos...

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18 ANO II - Nº 14 - JUNHO/2003 - HORTIFRUTI BRASIL

Policia no campoEm Ibitinga, Ronda Rural faz

trabalho preventivo nas estra-das

Cansado de ver os produto-res enfrentarem sozinhos o pro-blema da insegurança, o Sindi-cato Rural de Ibitinga decidiuinvestir numa idéia que acabouse transformando em realidade:a Ronda Rural. Apesar de serconhecida nacionalmente porsua indústria de bordados,Ibitinga possui mais de 60 milhectares de área agrícola, nosquais a pecuária bovina, a la-ranja e a cana-de-açúcar são asprincipais atividades. Nessaárea, os produtores sofrem, prin-cipalmente, com o roubo degado, peixe e defensivos agrí-colas.

Desde dezembro do ano pas-sado, uma viatura da PolíciaMilitar (PM) com dois policiaisfaz o patrulhamento das estra-das que dão acesso às cháca-ras, sítios e fazendas do muni-cípio. A ronda é feita no perío-do noturno, quando acontece amaior parte dos crimes.

Tal como ocorre nas cidades,o policiamento não acabou comos problemas na área rural. Aúltima onda é o roubo de fiosde instalação elétrica, prova-velmente, para venda em fer-ros-velhos. A queda no movi-mento de veículos nas estradasrurais, no entanto, foi percebi-da pelos próprios agricultores,e a diminuição do número deocorrências fora da área urba-na está registrada nos livros dapolícia. �A prevenção é queestá funcionando�, explica o

presidente do sindicato CarlosVillela.

A concretização da rondarural, no entanto, foi resultadode um trabalho que se estendeupor quatro anos. Em 1998, Vil-lela começou a colocar o as-sunto em pauta nas discussõesdo Conselho Municipal de Se-gurança, o Comseg. A grandedificuldade foi a falta de recur-sos humanos e materiais da po-lícia. Ela não poderia retiraruma viatura do patrulhamentourbano para fazer a ronda ruraltampouco dispunha de efetivosuficiente para deslocar solda-dos para o serviço.

Para tentar solucionar essesproblemas, o Sindicato Rural deIbitinga conseguiu estabeleceruma parceria com a polícia e aPrefeitura Municipal. Atravésdessa parceria, o sindicatodoou um carro para a PM, paraque o município contasse commais uma viatura, que seria uti-lizada na área rural. A prefei-tura, por sua vez, forneceu umfuncionários para fazer serviçosinternos da polícia, o que libe-rou mais um policial para o tra-balho externo.

As dificuldades, no entanto,não terminaram com a doaçãodo veículo. Apesar de ter sidooficializada em 9 de abril de2002, a viatura só começou atrabalhar em dezembro. O pro-blema, dessa vez, foi que a PMnão tinha recursos financeirospara pintar o veículo e instalaro equipamento de luzes e sire-ne. O sindicato novamente pro-curou a prefeitura e conseguiuque ela entrasse com o dinhei-ro.

Mesmo com a ronda em cir-culação há seis meses, o traba-lho do sindicato ainda não ter-minou. O próximo passo é im-plantar uma espécie de polici-amento comunitário na árearural de Ibitinga. Pelo projeto,os policiais manteriam contatofreqüente com, pelo menos, umprodutor em cada bairro, paraconhecer melhor os problemas

do local. �Nós temos dois obje-tivos para essa ronda: que ela sejapreventiva e comunitária�, afir-ma o presidente do sindicato.

Vivian ChiesAssessoria de Imprensado Sindicato Rural

de Ibi t inga sr ibi t [email protected]

Ação coletiva dimi-nui roubos em Ibiá

�Aqui em Ibiá, a Ronda Ru-ral é um projeto desenvolvidopelo Sindicato de ProdutoresRurais e Polícia Militar, com oapoio dos produtores rurais.Grande parte dos produtoresaderiu ao projeto. Cada agricul-tor contribui com 300 reais paraa compra de veículo. A gasoli-na será paga pela Polícia Mili-tar e por doações da comuni-dade. Pretende-se comprar ou-tros veículos posteriormente. Oautomóvel irá percorrer as es-tradas rurais e fará a ronda emtodas as regiões do municípioonde haja produtores que ade-riram ao projeto. Os agriculto-res não esperam eliminar todosos casos de roubo do municí-pio, mas deram o primeiro pas-so para a diminuição da ocor-rência dos mesmos�.

Helga França PaivaIb iá /MG

Viatura doadapelo sindicato Rural

de Ibitinga para aPM

F ó r u m

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HORTIFRUTI BRASIL - ANO II - Nº 14 - JUNHO/2003 19

Antônio Francisco Alves é gerentegeral da Cooperativa Agrícola da regiãode Tatuí. Para prevenir os roubos/furtosno município, resolveu bater às portasda Prefeitura para poder concretizar ofuncionamento da Ronda Rural. Desdeentão, o registro de ocorrências des-pencou. Nessa entrevista, ele descreve,com a colaboração do comandante daGuarda Civil Municipal, Hélio de Bar-ros, todo o processo de implementaçãoda ronda em Tatuí, interior de São Pau-lo.

Desde quando a Ronda Rural exis-te no município?

A Ronda Rural foi criada no mu-nicípio de Tatuí através de um con-vênioentre a Prefeitura Municipal e o Sindi-cato Rural, começando a funcionar nodia 28 de março deste ano.

Quantos municípios ela atinge?Somente o município de Tatuí.

Como adquiriram os veícu-los?

Os veículos foram compradospelo Sindicato Rural Patronal deTatuí através do Conselho Munici-pal.

Qual é o horário que a Ron-da Rural circula? Quantosquilômetros ela roda diaria-mente?

As viaturas e motos rodam 24horas e fazem, em média, 180quilômetros por dia.

Quem é responsável pela rondarural?

A responsabilidade está, atualmente,

a cargo da Guarda Civil Municipal deTatuí.

Houve algum problema nesse sen-tido?

Não, tendo em vista a consciência e odireito da cidadania da comunidade, alia-da a boa vontade dos responsáveis pela se-gurança e administração do município.

Houve redução dos crimes?Com a presença da Ronda Ostensiva

Municipal Rural já houve uma sensaçãode segurança em toda a zona rural e atéhoje não houve qualquer ocorrênciaregistrada.

Como o produtor entra em contatocom a Ronda?

Pelo telefone.

Essa é a melhor alternativa?Sim. Primeiramente, porque se faz um

cadastramento das propriedades e deseus moradores, o que já permite um

maior conhecimento da re-gião. Além disso, a proximi-dade entre a guarda e o pro-dutor aumenta. Outro pontopositivo: como ela é diurnatambém, é possível verificarcirculação de pessoas estra-nhas.

Quais as outras ma-neiras de se evitar rou-bos e assaltos no meiorural?

Os agricultores foramorientados a sempre in-for-

marem a Guarda Civil Municipadel sem-pre que notar presença de pessoas estra-nhas na região ou qualquer tipo de irre-gularidade.

A Ronda Rural é uma iniciativa conjunta dosprodutores e a polícia. Na maioria dos casos, o Sindicato

Rural doa as viaturas e a Polícia Militar, o capitalhumano. Essa ação coletiva é exclusiva para o

patrulhamento da área rural.

Com a pre-sença da Rondajá houve uma

sensação de se-gurança em

toda a zona ru-ral e até hoje

não houvequalquer

ocorrênciaregistrada.

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