O Corpo Na Mente - Mark Johnson

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Livro: JOHNSON, Mark. O Corpo na Mente – A base corporal do significa, Imaginação e Razão. The University of Chicago Press, Chicago 1992 Prefacio Uma crise na Teoria do Significado e Racionalidade Sem imaginação nada no mundo poderia ter significado. Sem imaginação nossas experiências nunca poderiam fazer sentido. Sem imaginação nós nunca poderíamos racionalizar diante do conhecimento da realidade. Este livro é uma elaboração e defesa dessas três pretensões. Ele explora o papel central da imaginação humana em todo o significado, entendimento e raciocínio. Colocando o Corpo de Volta na Mente O corpo tem sido ignorado pelo Objetivismo porque ele tem sido pensado para introduzir elementos subjetivos considerados irrelevantes para o objetivo natural do significado. O corpo tem sido ignorado porque a razão tem sido pensada como sendo abstrata e transcendente, isto é, não está ligada a nenhum aspecto corporal do entendimento humano. O corpo tem sido ignorado porque ele parece não ter nenhum papel no entendimento de assuntos abstratos. Introdução: O contexto e a natureza deste estudo A Importância do Corpo no Significado e na Razão Nós seres humanos temos corpos. Nós somos “animais racionais” mas também nós somos “animais racionais”. O que significa que a nossa racionalidade é incorporada. A centralidade da incorporação humana influencia diretamente o que e como as coisas podem ter significado para nós, a maneira como estes significados podem ser desenvolvidos e articulados, as maneiras pelas quais somos capazes de entender e raciocinar sobre nossas experiências, e as ações que nós tomamos. Nossa realidade é moldada pelos modelos do nosso movimento corporal, os contornos da nossa orientação espacial e temporal, e as formas da nossa interação com os objetos. Teorias Objetivistas do Significado e da Racionalidade O objetivismo afirma que a realidade existe independentemente da consciência. Vem do princípio de que o conhecimento e valores humanos são objetivos: eles não são criados pelos pensamentos que alguém tem, mas determinados para a natureza da realidade, para serem descobertos pelo ser humano. A THEORIA OBJETIVISTA DO SIGNIFICADO 1. Significado é uma relação abstrata entre representações simbólicas e realidade objetiva 2. Conceitos são entendidos como representações mentais gerais ou como entidades lógicas, que podem ser usadas para identificar que tipo de

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Fichamento do livro do Mark Johnson.

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Livro: JOHNSON, Mark. O Corpo na Mente – A base corporal do significa, Imaginação e Razão. The University of Chicago Press, Chicago 1992

PrefacioUma crise na Teoria do Significado e RacionalidadeSem imaginação nada no mundo poderia ter significado. Sem imaginação nossas experiências nunca poderiam fazer sentido. Sem imaginação nós nunca poderíamos racionalizar diante do conhecimento da realidade. Este livro é uma elaboração e defesa dessas três pretensões. Ele explora o papel central da imaginação humana em todo o significado, entendimento e raciocínio.

Colocando o Corpo de Volta na MenteO corpo tem sido ignorado pelo Objetivismo porque ele tem sido pensado para introduzir elementos subjetivos considerados irrelevantes para o objetivo natural do significado. O corpo tem sido ignorado porque a razão tem sido pensada como sendo abstrata e transcendente, isto é, não está ligada a nenhum aspecto corporal do entendimento humano. O corpo tem sido ignorado porque ele parece não ter nenhum papel no entendimento de assuntos abstratos.

Introdução: O contexto e a natureza deste estudoA Importância do Corpo no Significado e na RazãoNós seres humanos temos corpos. Nós somos “animais racionais” mas também nós somos “animais racionais”. O que significa que a nossa racionalidade é incorporada. A centralidade da incorporação humana influencia diretamente o que e como as coisas podem ter significado para nós, a maneira como estes significados podem ser desenvolvidos e articulados, as maneiras pelas quais somos capazes de entender e raciocinar sobre nossas experiências, e as ações que nós tomamos. Nossa realidade é moldada pelos modelos do nosso movimento corporal, os contornos da nossa orientação espacial e temporal, e as formas da nossa interação com os objetos.

Teorias Objetivistas do Significado e da RacionalidadeO objetivismo afirma que a realidade existe independentemente da consciência. Vem do princípio de que o conhecimento e valores humanos são objetivos: eles não são criados pelos pensamentos que alguém tem, mas determinados para a natureza da realidade, para serem descobertos pelo ser humano.

A THEORIA OBJETIVISTA DO SIGNIFICADO

1. Significado é uma relação abstrata entre representações simbólicas e realidade objetiva2. Conceitos são entendidos como representações mentais gerais ou como entidades lógicas, que podem ser usadas para identificar que tipo de objetos eles são, que propriedades eles têm, e quais as relações que eles podem ter.3. Conceitos são desincorporados no sentido de que eles não estão ligados com a mente específica que os experienciou da maneira que suas imagens são.4. A tarefa da teoria do significado é ser capaz de explicar o significado de qualquer linha de símbolos que não seja sem sentido.5. Qualquer análise de significados deve ser feito em última análise, em termos de conceitos literais.6. é importante notar que a Teoria Objetivista do significado é compatível com, e dá suporte, a pretensão epistemológica que existe um ponto de vista sob a “Visão de Deus”, isto é, uma perspectiva que transcende toda a limitação humana e constitui uma posição universal reflectiva válida.

A VISÃO OBJETIVISTA DA RACIONALIDADE

O Contexto Filosófico do ObjetivismoA raiz das visões Objetivistas do significado e da racionalidade está baseada profundamente na

nossa herança cultural.

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Descartes conclui que o que nós conhecemos mais intimamente não são os nossos corpos mas a estrutura das nossas mentes (ou seja, a natureza da nossa racionalidade). O mundo consiste de substancias físicas (corpos) e substancias mentais (mentes).

Esta figura Cartesiana de mente, copo e conhecimento cria duas lacunas ou fendas fundamentais na experiência humana, uma ontológica e a outra epistemológica. Na primeira, o corpo não exerce um papel importante no raciocínio humano – racionalidade é essencialmente desincorporada. Isto dá origem a uma fenda ontológica básica entre mente e corpo, razão e sensação. O problema ontológico seria encontrar uma maneira de ligar esta separação, conectar mente e corpo.Para descartes, o que a mente sabe são suas próprias representações ou ideias. Conhecimento consiste em agarrar claramente o que essas ideias envolvem e como elas estão relacionadas umas com as outras. Kant rejeita a noção de que alguém poderia provar a existência de uma alma substancial ou uma mente independente do corpo. Ele argumenta que o conhecimento empírico genuíno deve ser conhecimento de objetos que todos nós podemos experienciar, deve ser algum material vindo de fora de nós para os nossos sentidos, e este conteúdo deve ser organizado por modelos de pensamentos dados por nossa mente.

Temas Cartesianos e Kantianos tem reforçado um recorrente conjunto de ontológicas, epistemológicas e lógicas dicotomias que são profundamente influenciadoras na maneira de pensar ocidental; e esta rígida dicotomia tem tornado extremamente difícil encontrar um lugar na nossa visão de significados humanos e racionalidade nas estruturas da imaginação.

Temas Objetivistas em Recentes Teorias do SignificadoFregeNa terminologia de Frege, um sinal (como uma palavra) tem um significado público, seu sentido, por meio do qual se escolhe uma referência. Para capturar esta noção publica e universal do significado, Frege defende que é necessário identificar três reinos ontologicamente distintos: (i) o físico, consistindo de objetos físicos como cadeiras, palavras escritas, sons falados e todos os objetos espacialmente estendidos; (ii) o mental, contendo o que ele chamou de “ideias,” “imagens,” e outra representação mental; e (iii) um reino de pensamentos, consistindo de sentidos objetivos, números, proposições, conceitos e funções.

Modelo Semântico teóricoO projeto do “modelo semântico teórico” serve para dar uma explicação precisa de como símbolos abstratos podem ser significativos em virtude de sua correspondência com coisas no mundo.

Situação SemânticaA ideia básica é que as sentenças designam os tipos de situações, que podem ser instantâneas por um número indefinido de situações particulares. As sentenças semânticas adquirem seus significados sendo associadas com os tipos de situações parecidas.

Modelos objetivistas:1. O significado é estritamente uma questão de uma relação objetiva entre sentenças e a realidade

objetiva.2. O significado é tratado como conceitual no sentido objetivista – ele não envolve elementos pré-

conceituais, nem dependa na projeção imaginativa ou elaboração de estruturas esquemáticas.

Semântica Davidsoniana (Donald Davidson)Davidson defende que uma teoria do significado adequada apenas é a teoria da verdade.

O Legato Objetivista: Problemas para Significado e Razão

Colocando o Corpo de Volta na Mente: ProcedimentoComo animais nós temos corpos conectados ao mundo natural, de tal modo que nossa consciência e racionalidade estão ligadas às nossas orientações corporais e interações dentro e com nosso meio ambiente. Nossa personificação é essencial para quem nós somos, para o que significado é, e para a nossa habilidade de fazer inferências racionais e de ser criativo.

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1 – A necessidade de uma rica consideração do significado e da razão 01Uma incorporada, Dimensão do significado não propostoA maioria dos livros de linguística e de filosofia da linguagem assume que o significado das palavras ou frases depende do seu papel na sentença. Não há dúvidas que o significado linguístico dá origem para a elaboração da intencionalidade humana que não seria possível sem a complexa estrutura de proposições e atos da fala; no entanto, todo significado é meramente proposto na natureza.Seis definições de proposições:

1. Algo proposto – uma declaração.2. Uma representação utilizando símbolos de predicados finitários (funções) e um número de

argumentos simbólicos.3. Um estado de coisas no mundo, normalmente uma realização entre uma entidade e seus

predicados ou entre um numero de entidades.4. De uma teoria modelo: (a) uma função de possíveis mundos para valores verdadeiros, (b) uma

função de situações possíveis para fatos .5. Uma representação finita usando elementos e vínculos relacionais entre os seus elementos.6. Uma proposição existe como um contínuo, padrão analógico de experiência ou entendimento, com

estrutura interna suficiente para permitir inferências.

Significado Metafórico não-objetivista e padrões de inferênciaNão existe estruturas não proposicionais no pano de fundo que exerça um papel mais central na elaboração do significado do que permite o objetivismo.O que nos faz humanos? Se é a capacidade que os seres humanos têm de raciocinar, então precisamos descrever esta capacidade. Isto inclui pensamentos racionais do uso de metáforas e outras estruturas figurativas; isto é, de fato, um dos significados principais que nós temos de fazer sentido a nossa experiência.

Não Objetivista Incorporado e Significado Não ProposicionalUma metáfora não é meramente uma expressão linguística (uma forma de palavras) usada para um propósito artístico ou retórico; ao contrário, é um processo de entendimento humano através do qual nós adquirimos experiências significantes que podem fazer sentido para nós. Uma metáfora, neste sentido “experiencial”, é um processo pelo qual nós entendemos e estruturamos um domínio de experiência em termos de outro domínio de um tipo diferente.Resposta não é uma mera reação, como quando minha perna pula quando o médico bate no meu joelho. Existe um senso de espontaneidade envolvida na minha resposta a algum evento ou interação casual. A minha resposta pode ser escolhida e não ser apenas uma reação natural e sem intenção, como é o caso do pulo do joelho. Uma criança pode responder a determinada situação com o choro; com o amadurecimento, na mesma situação eu posso escolher não chorar e ter uma outra resposta. Resumindo, resposta não é mais uma reação do reflexo.Existe significados que vem através da experiência corporal e processos figurativos de organização, todos eles são ignorados pelos Objetivistas dominantes tratamentos da linguagem, do significado, do entendimento e da razão.

2 – A emergência do significado através de estrutura esquematizada 18Esquemas IncorporadosEsquemas são tipicamente pensamentos das estruturas gerais de conhecimento, variando desde uma rede de conceitos a atividades descritas, a estruturas narrativas e até mesmo estruturas teóricas. Rumelhart define esquema como conhecimento generalizado sobre uma sequencia de eventos.Schank e Abelson argumentam que nós entendemos muitas situações encaixando-as dentro de uma moldura estruturada ou esquema (o que eles chamam de “roteiros”) que inclui personagens, cenários, sequencias de eventos, conexões casuais, objetivos, e assim por diante, que são os significados pelos quais nós organizamos nosso conhecimento do mundo.

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Um roteiro é uma estrutura que descreve sequencias de eventos apropriados num contexto específico. Um roteiro é feito de frestas (espaços) e requisitos sobre o que pode preencher essas frestas. A estrutura é um todo interconectado, e o que está em uma fresta afeta o que pode estar em outra fresta. Roteiros lidam com situações cotidianas estilizadas. Eles não estão sujeitos a muitas mudanças, nem fornecem ferramentas para lidar totalmente com novas situações. Assim, um roteiro é, uma sequência modelo predeterminada de ações que definem uma situação bem conhecida.

Como Esquemas Incorporados Diferem de Imagens e TeoremasKant defendia que uma estrutura esquemática não pode ser idêntica a uma imagem, já que imagem ou retrato mental sempre será de uma coisa em particular, que pode não compartilhar todas as mesmas características com outra coisa do mesmo tipo. O esquema, ao contrário, contém características estruturais comuns com muitos objetos diferentes, eventos, atividades e movimentos corporais.

Uma definição de um Esquema de ImagemUm esquema consiste de um pequeno numero de partes e relações, em virtude da qual ele pode estruturar indefinidamente muitas percepções, imagens e eventos. Esquema de imagem operam num nível de organização mental que cai, de um lado, entre estruturas proposicionais abstratas, e de outro lado, imagens particulares concretas. Um esquema é um padrão recorrente, uma forma e uma regularidade de atividades dentro ou fora, dessas atividades continuas de ordenação. É uma estrutura contínua de uma atividade organizada.

Esquema não proposicional para orientação dentro e foraJohnson faz a comparação de como usamos a palavra fora (out) para designar algo for de um recipiente. Ex. João está fora da casa. Muitas vezes usamos a mesma palavra de maneira metafórica. Ex. Ele está fora de si (significando que ele não está agindo como normalmente agiria). O entendimento do que significa dentro e fora nos faz entender o uso desta mesma palavra de maneira metafórica. Esta breve amostragem do "verbo + fora" pode nos dá uma ideia de como imagem estruturais de significado esquemáticos invasivos, complexos e importantes estão em nossa experiência significativa e coerente do mundo.

Inferências Padrões Baseadas no Esquema de ContençãoA visão objetivista da racionalidade é que ela consiste de conexões lógicas abstratas (ou padrões de inferência) entre os conceitos e proposições. Os sistemas formais com suas propriedades lógicas peculiares e as relações são possíveis formas para organizar os símbolos. Muitas de suas propriedades e relações são simplesmente formalizações de padrões de experiência por meio do qual nós organizamos a nossa experiência e a nossa compreensão.Quando raciocinamos, entendemos a nós mesmos começando a partir de algum ponto (uma proposição ou conjunto de construções), a partir do qual procedemos em uma série de etapas para a conclusão (a meta, ou ponto de chegada). Metaforicamente, podemos compreender o processo do raciocínio como uma forma de movimento ao longo de um caminho - as proposições são os locais (ou zonas delimitadas), que nós começamos a partir delas, prosseguimos por meio delas, e acabamos nelas. Defender uma proposição é entender metaforicamente como ela está localizada naquele ponto (ou naquela área).Ex.: A partir daqui vou continuar a mostrar que os seres humanos são escravos de suas paixões.

3 – A estrutura Gestalt como uma restrição no significado 41Gestalts pré-conceituais para a forçaPara podermos sobreviver como organismos precisamos interagir com o nosso meio ambiente. Toda esta interação casual requer o emprego da força, tanto quando atuamos sobre outros objetos ou quando os objetos atuam sobre nós. Portanto, no nosso esforço em compreender nossa experiência, as estruturas da força vem atuar um importante papel. Já que as nossas experiências acontecem através de atividades que utilizam da força, nossa teia de significados está conectado pelas estruturas desse tipo de atividade.

Parei no inicio da pag 80 pdf (pag 44 do livro) 3º paragrafo – what I am calling ...

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4 – Projeções metafóricas de esquema de imagem 65

5 – Como esquemas constrangem o significado, o entendimento e a racionalidade 101

6 – Em direção a uma teoria da imaginação 139

7 – Sobre a natureza do significado 173

8 – “Tudo isso, e realismo também” 194