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Moda Documenta: Museu, Memória e Design – 2015
ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015
O CONSUMO ACELERADO DIRECIONANDO O SISTEMA DA MODA CLUSTER CRIATIVO: PANDORGA LOJA COLETIVA
The accelerated consumption directing the Fashion System
Creative cluster: Pandorga Collective Store
Juliana Bortholuzzi (Unisinos) [email protected]
Resumo: O presente artigo busca compreender como o consumo acelerado foi, aos poucos, ajudando a alterar o sistema da moda, antes formatado nos moldes da indústria cultural e aos poucos, se adaptando aos da criativa. Faremos um breve estudo de caso da Pandorga Loja Coletiva, enquanto cluster criativo, para entender algumas marcas que construíram seus negócios com base na economia criativa. Palavras-chave: Moda; Clusters criativos; Indústria criativa. Abstract: This study seeks to understand how the accelerated consumption was gradually helping to change the fashion system before formatted along the lines of cultural industry and gradually adapting to the creative. We will make a brief case study of the Kite Collective Store, as a creative cluster, to understand some brands that built their businesses based on the creative economy. Keywords: Fashion; Creative Clusters; Creative Industry.
O SISTEMA DA MODA
O sistema da moda é o reflexo do contexto sociocultural em que ele é produzido, estando
diretamente relacionado a fatores econômicos, sociais, históricos, comportamentais, estéticos e
identitários desse cenário. A moda é norteada por um fenômeno sociológico que determina seu
contexto estético e está relacionado ao surgimento da sociedade de consumo, transformando-se
numa das instituições mais características do Ocidente, e porque não dizer, da própria pós-
modernidade.
Gabriel Tarde compreendeu já no final do século XX, período em que a moda ainda não
era relacionada aos aspectos da vida cotidiana, que o sistema de moda era movido pela
curiosidade em relação ao exógeno. Ele foi o primeiro teórico a visualizá-la além de sua aparência
frívola, explanando que a moda é “essencialmente uma forma de relação entre os seres, um laço
social caracterizado pela imitação dos contemporâneos e pelo amor das atividades estrangeiras.
Não há sociedade senão por um conjunto de ideias e de desejos comuns [...], a sociedade é a
imitação” (TARDE apud LIPOVETSKY, 1997, p 266).
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Para Tarde, a moda é antes de tudo, “uma fase e uma estrutura da vida coletiva que,
mediante um processo efêmero, cíclico e dinâmico, causa também a imitação social que permite
a relação do eu com o outro, promovendo um sentido de pertencimento ao grupo, à vida social e
ao prazer, pois ela é também uma prática do prazer de agradar, de surpreender” (TARDE apud
LIPOVETSKY, 1997, p 267).
O sociólogo alemão George Simmel (1961) compartilha da ideia de imitação social, que
se configura como um sistema original de regulação e de pressões sociais relacionando o indivíduo
com o seu contexto, e complementa que esse modelo leva à disputa geral por símbolos superficiais
e instáveis de status, onde a elite inicia uma moda e quando as classes mais baixas a imitam, num
esforço de eliminar as barreiras externas de classe, ela a abandona esta por outra moda.
Entendendo assim, que, o motor que impulsionaria o sistema da moda se daria pela busca
incessante do novo e por um lugar de statuts na estrutura social.
A moda está diretamente ligada à estética das aparências, consentindo no surgimento de
dispositivos de reconhecimento social e permitindo que seus sujeitos escolham como querem se
apresentar uns aos outros.
O sistema da moda em que vivemos vem se transformando até os dias de hoje, e cada
vez mais vem caracterizando-se pela renovação sazonal das coleções, por ter um criador na figura
do costureiro, pelo surgimento de modelos inéditos apresentados em manequins vivos e, mais
tarde, pela lógica da produção industrializada. “Já não há uma moda, há modas”. Lipovetsky
explica que hoje, o indivíduo é convidado a experimentar, testar, misturar e buscar um resultado
para o que se chama de look” (LIPOVETSKY, 2009, p. 144).
Na lógica do sistema de moda mundial temos na Europa e nos Estados Unidos, as maiores
e mais importantes semanas de moda mundiais, onde tudo o que é lançado é captado de forma
muito rápida e direta pelas marcas do mundo inteiro, principalmente pelas marcas do hemisfério
sul. Essa espera pelo que surge lá é tão voraz, que acaba por gerar imitações ou cópias dos
modelos internacionais, pois a sociedade quer consumir o que foi lançado lá, e as marcas seguem
esse caminho para oferecer ao seu cliente o que ele deseja.
É muito difícil compreender que um país com o potencial criativo imenso como o do Brasil,
se deixe levar pela ansiedade da espera pelo do igual, e utilize meios ultrapassados de criação,
desenvolvimento e produção de produto. Não podemos ignorar que, por questão de sobrevivência
econômica, as marcas optam por produzir exatamente o que o cliente deseja, e isso desencadeia
um ciclo que é sempre o mesmo: aguarda-se o lançamento das coleções no hemisfério norte e se
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produz a partir de então, o que acaba agravando a situação e continua-se alimentando o ciclo de
repetições que acredita pouco na criação individual e coletiva.
Entendendo melhor o processo criativo de várias empresas brasileiras, temos que as
grandes varejistas de moda daqui enviam seus funcionários para o exterior, não apenas para
fotografar as pessoas nas ruas e as vitrinas, mas para entrarem nas grandes varejistas de lá,
fotografar as peças desejadas e muitas vezes comprá-las para serem fielmente analisadas e
repetidas aqui, porque entendem que é o que o público quer.
A “pesquisa” conforme Emídio; Sabioni (2010), é basicamente ver o que existe de novo
nas ruas de Londres, Nova Iorque, Paris, Milão e Tóquio, juntar pedaços de uma novidade com
outra, modificar um bolso, uma costura e lá está uma peça “novinha”. E complementam que o
verdadeiro problema dessa cópia descarada no intuito de agradar consumidores com o que já
existe e é vendido com facilidade, é a perda da identidade brasileira.
MODA COMO INDÚSTRIA CULTURAL
Esse sistema da moda regido pela lógica do consumo desenfreado, pela busca do novo e
do exógeno pode ser relacionado com a indústria cultural, já que esta visa exclusivamente gerar
um consumo padronizado e orquestrar os gostos dos consumidores, sem, é claro, que estes
percebam que estão sendo fisgados pela isca de uma ideologia interessada em sua reprodução.
O conceito de indústria cultural foi criado por Adorno e Horkheimer, em meados dos anos
40, e era analisada a produção industrial dos bens culturais como movimento de produção da
cultura como mercadoria passível de consumo. Dessa maneira, o termo “indústria cultural” foi
associado à produção industrial de bens e serviços culturais para sua difusão e comercialização
para as massas (ADORNO e HORKHEIMER, 1991).
Para compreendermos melhor esse conceito, precisamos entender que no pensamento
destes teóricos, eles viam no anseio da civilização atual em deixar tudo semelhante, o traço mais
característico dessa indústria: a padronização, e afirmavam que,
[...] a indústria cultural assumiu a herança civilizatória da democracia de pioneiros e empresários [...]. Todos são livres para dançar e se divertir, do mesmo modo que, desde a neutralização histórica da religião, são livres para entrar em qualquer uma das inúmeras seitas. Mas a liberdade de escolha da ideologia, que reflete sempre a coerção econômica, revela-se em todos os setores como a liberdade de escolher o que é sempre a mesma coisa (ADORNO e HORKHEIMER, 1991, p.156).
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Nesse sentido, a indústria cultural é para Adorno e Horkhaimer,
um aparato ideológico utilizado pelas classes dominantes para manter a ordem e a dominação, além de ser um meio poderoso para expandir o poder e os interesses do sistema vigente. Para eles, a indústria cultural, ao ser cúmplice da ideologia capitalista, contribui eficazmente para falsificar as relações entre homens, bem como dos homens com a natureza, de tal forma que o resultado final constitui uma espécie de Iluminismo oposto (ADORNO e HORKHEIMER ,1991, p.156).
Compartilhando dessa posição, Lipovetsky entende que [...] a sociedade de consumo é a
programação do cotidiano: ela manipula e quadricula racionalmente a vida individual e social em
todos os seus interstícios, tudo se torna artifício e ilusão a serviço do lucro capitalista e das classes
dominantes [...] (LIPOVETSKY, 2009).
Essa indústria atinge igualmente o todo e a parte e sob esta óptica, Adorno e Horkheimer
(1991) entendem que o mundo inteiro é forçado a passar pelo filtro da indústria cultural, e como
milhões de pessoas participam dessa indústria, torna-se inevitável a disseminação de bens
padronizados para a satisfação de necessidades iguais.
A produção de mercadorias de caráter cultural é principal função desse tipo de indústria,
porém, a cultura deixa de ter o caráter artesanal, que lhe é original, para se tornar industrial. De
acordo com Mattelard e Mattelard, ela fornece bens padronizados para satisfazer às numerosas
demandas e “fixa de maneira exemplar a derrocada da cultura, sua queda na mercadoria”
(MATTELARD e MATTELARD 2003, p.78).
No sistema da moda, a forma de produção foi regida pela Alta Costura até 1960, onde as
peças eram feitas à mão num processo lento e individual, apenas a partir da segunda metade do
século XX, ela começou a tomar outro rumo, onde novos setores e formas de produção do
vestuário começaram a surgir e surgiu o prêt-à-porter, que culminou na industrialização da moda.
À medida que se dava a expansão comercial o consumo foi aumentando, e a moda foi absorvendo
essa mudança e reorganizando o seu sistema.
Ela reagiu aos acontecimentos e ampliou seus domínios, modernizando a mão de obra,
mecanizando sua indústria, pesquisando e criando novas técnicas, pesquisando e inovando os
insumos que servem à moda, como fibras têxteis, componentes, cartela de cores, modelos e
acessórios, o que possibilitou uma ampla variedade de criações no âmbito da indumentária.
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Ao passo que o sistema produtivo da moda se reestruturava, houve o que podemos
chamar de mercantilização da cultura e evolução da imprensa, lançaram-se no mercado várias
novidades, as quais ativaram cada vez mais o consumo de massa. Para isso, foi fundamental que
as formas de venda também fossem aprimoradas, e assim, entre marcas, lojas, grifes e
confecções, a ordem de criar- produzir-vender prevalecerá, e quem se encarregou desta última
função foi a publicidade – parceira essencial da indústria cultural.
Existem dois fatores que impulsionaram mais ainda as transformações do sistema da
moda, a globalização e a midiatização, o primeiro interligou economicamente os mercados do
mundo inteiro, aproximando pessoas, marcas e por consequência, mercadorias; o segundo, pois
o campo midiático, nas palavras de Maldonado, “possui a característica de atravessar todos os
outros campos, condicioná-los e adequá-los às formas expressivas e representativas da mídia”
(MALDONADO, 2002, p. 4).
No mundo interligado econômica e midiaticamente, as informações são praticamente
imediatas, e com o sistema da moda não foi diferente, no momento em que as coleções são
lançadas no hemisfério norte, as pessoas tem acesso na hora pela internet e tais produtos já viram
objetos de desejo, o que resulta numa pressão para que as marcas daqui acabem copiando as de
lá, para atender uma clientela voraz. Sem falar que muitos desses objetos são comprados
diretamente pela internet, pois as pessoas não querem esperar, elas querem o novo com urgência.
Antes da internet esse ciclo era bem mais lento, cada marca lançava duas coleções duas
vezes por ano, atualmente, está tudo numa crescente aceleração, as grandes magazines, para
atender a seus ansiosos consumidores, despejam minicoleções nas lojas a cada quinze dias.
Podemos notar também, que a indústria cultural conceituada originalmente, não mais
exerce somente a função de distrair, as empresas estão usando estrategicamente os veículos de
comunicação de massa para satisfazer seu apetite faminto de venda de produtos, valendo-se dos
princípios da indústria cultural para padronizar bens e produtos, a fim de torná-los culturalmente
aceitáveis pelo público. Ocorre que, as empresas lançam produtos no mercado e fazem com que
eles se tornem padrões e se insiram na cultura e cotidiano das pessoas.
Enquanto a moda se vale da mídia para ter alcance de massa e adapta-se aos protocolos
midiáticos para ser publicizada o que acaba por reconfigurar suas lógicas específicas, a mídia atua
a partir de algumas características inicialmente atribuídas ao sistema de moda, principalmente a
partir do prêt-à-porter, que é quando a moda passa a operar dentro de um sistema industrial.
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Não tem como negar que as mídias exercem papel fundamental na sociedade
contemporânea, devido ao seu poder de atravessamento material e simbólico no quotidiano das
pessoas. Nesse sentido, é impossível pensar a cultura e as ações sociais sem relacioná-las às
mídias. A sociologia funcionalista concebia as mídias como mecanismos decisivos de regulação
da sociedade, e são encarados por esta como meios de poder e de dominação (MATTELARD e
MATTELARD, 2003).
Hoje em dia, o sistema da moda está totalmente voltado para esta aceleração, a rapidez
das informações por exemplo, faz com que as indústrias têxteis sejam mais ágeis em suas linhas
de produção para atender ao mercado da indústria de confecções, por exemplo.
O resultado da informação acelerada e da ansiedade pelo novo é a padronização e a
reprodução, porque todos querem as mesmas coisas, as marcas disputam apenas rapidez e
preço; e nesse sentido, a moda é sim uma indústria cultural, onde temos a produção industrial de
bens culturais para a comercialização para as massas.
Assim, Zuin nos ensina que possuir algum objeto de grande circulação nas mídias como
roupas, acessórios ou demais padrões estéticos considerados por esses meios como o padrão,
tais cortes e cores de cabelo que encontram-se na “tendência da moda” ou medidas corporais que
se enquadram nos modelos de beleza exigidos em desfiles de moda, faz com que os indivíduos
se tornem cada vez mais atrelados e dependentes desses valores estéticos difundidos pelos meios
de comunicação. No momento em que seguem esses padrões, sentem satisfação por se ajustar
nos moldes estéticos exigidos para ocupar uma posição de destaque na sociedade. E afirma que
isso é como uma “falsa experiência de ser reconhecido como sujeito pelos outros, por causa dos
signos de consumo que porta” (ZUIN, 2001, p.13).
Estas são algumas das marcas que a indústria cultural deixa no comportamento das
pessoas, nos seus valores, nos modos de ser e estar. A presença dessas indústrias no dia-a-dia
das pessoas reflete diretamente no comportamento delas, definindo valores e construindo
representações e modelos sociais, pois elas querem pertencer àquilo que é convencionado como
padrão pela sociedade.
Como consequência da configuração do novo sistema, as grandes marcas sobrevivem
tranquilamente, pois conseguem ter rapidez e preço para competir, pois trabalham com volume
grande de produção e buscam os mercados onde a mão de obra é mais barata para fabricar seus
produtos. Com relação as marcas menores, grande parte acabam morrendo na praia, pois não
conseguem chegar a um preço competitivo tendo em vista o volume baixo de produção e ao fato
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de terem de fabricar seus produtos no Brasil, onde, além da mão de obra ser cara, os impostos
são volumosos, e portanto, não conseguem se destacar no mercado.
Aos poucos o mercado brasileiro está começando a perceber que, para competir com as
outras empresas, é necessário ter um diferencial, pois, se a qualidade técnica e inovadora dos
produtos europeus e americanos é maior e a China é capaz de sanar a necessidade da cópia dos
produtos estrangeiros com custo muito mais baixo e qualidade superior, o momento é propício
para os profissionais de moda do Brasil utilizarem seu potencial criativo para gerar soluções para
a indústria nacional do vestuário.
Diante desse contexto, e na contramão desse cenário, as marcas menores ou
marcas/designers que estão iniciando seus negócios, optaram por ter a criatividade como aliada
para criar produtos/serviços inovadores e criativos, para poder se destacar nesse mercado pela
diferença não mais pela reprodução e padronização, alavancada pelo mercado global midiatizado.
MODA COMO INDÚSTRIA CRIATIVA
Nas últimas décadas, as marcas e empresas de vários tipos começaram a reconhecer a
importância do conhecimento como insumo de produção e perceberam seu papel transformador
no sistema produtivo. Além da matéria-prima de qualidade e inovadora, da mão de obra
especializada e do capital necessário, as áreas estratégicas das empresas começaram a entender
que o uso das ideias criativas poderia ser um recurso essencial para geração de valor na empresa.
À medida que isso foi sendo constatado, começaram a surgir no mundo todo modelos de
negócios e setores completamente novos, fomentando a geração de empregos e riqueza, todos
gerados a partir de ideias criativas: as indústrias criativas.
De acordo com Hesmondhalgh (2012), a indústria criativa está tradicionalmente ligada ao
campo das artes criativas, com sua associação a figuras historicamente emblemáticas, como a do
gênio criador. Nesse sentido, com o passar do tempo, a imagem do artista como um ser
excepcional e dotado de capacidades superiores tornou-se comum. Mas esse tipo de imagem
obstrui o fato de que criatividade, definida especificamente como a manipulação de símbolos para
propósitos de entretenimento, informação e iluminação, sempre esteve presente no
empreendimento humano, variando apenas suas formas de institucionalização, como ele cita
Bourdieu (1993), que, em um certo momento, entende como “arte”; em outro, como “mercado”; e,
agora, vem assumindo ainda outras formas, tais como a de “economia criativa”.
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No final da década de 1990, o Departamento de Cultura, Mídia e Esportes (DCMS) do
Reino Unido criou um novo conceito ao lançar o primeiro mapeamento das indústrias criativas,
cujo objetivo era mostrar que estas vão além do papel fundamental da cultura e que possuem um
vasto potencial de geração de empregos e riqueza. Foram agrupadas as atividades econômicas
cujo principal insumo produtivo era a criatividade, como o design e desenvolvimento de softwares,
além do mapeamento das empresas que se relacionavam com as empresas estritamente criativas
(FIRJAN, 2012).
No ano de 2001, dois estudos relevantes trouxeram novas perspectivas sobre o tema: um
elaborado por John Howkins (2013), cujos estudos agregaram ao método britânico, uma visão
empresarial baseada nos conceitos mercadológicos de propriedade intelectual como insumo para
transformação da criatividade em produto; e outro por Richard Florida (2001), cujo foco foi os
profissionais que trabalhavam com processos criativos, os quais ele denominou de “classe
criativa”.
A partir desse estudo, Florida (2001) centralizou seus estudos nessa nova classe de
trabalhadores- a classe criativa, que abrange os profissionais atuantes nos setores criativos, que
valorizam a individualidade, a diferença e o mérito, bem como sobre o seu potencial de
contribuição para o desenvolvimento estava se formando. O economista salientou a importância
de se proporcionar as condições necessárias para se atrair não somente as empresas, mas
também essa população de “talento móvel”, através de investimentos que proporcionassem a
criação de um ambiente urbano propício ao estilo de vida dessas pessoas, com uma ampla oferta
cultural e ênfase na diversidade.
Uma das coisas que Florida(2001) desenvolveu foi o Índice de Criatividade, que foi
aplicado primeiramente nas cidades dos Estados Unidos e depois ampliado para todo o mundo,
com a finalidade de fundir de quatro fatores: a parcela correspondente à classe criativa no mercado
de trabalho, a indústria de alta tecnologia, a inovação (medida por patentes per capita) e a
diversidade. Para Florida (2001), esse indicador é a maneira mais confiável de medir a capacidade
criativa de uma região do que considerar somente a classe dos profissionais criativos, pois reflete
os efeitos conjuntos da concentração dessa classe e dos resultados econômicos inovadores.
De acordo com o Florida (2001), as estratégias de desenvolvimento de uma cidade criativa
dependem de três fatores: a tolerância, ou seja, o fato de uma cidade possuir uma cultura aberta
às diferenças, possuindo assim maior facilidade em criar novas ideias e modelos produtivos; o
talento, em outras palavras, a existência de profissionais altamente qualificados que se utilizam
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das oportunidades tecnológicas e culturais dessas cidades gerando inovação; e a existência de
uma concentração de empresas de tecnologia. A partir desses três fatores analisados em conjunto,
as cidades teriam maior capacidade para atrair uma classe criativa ou não.
As cidades criativas têm como base, como ensina Landry (2008), a singularidade de cada
espaço e suas relações com seus habitantes e por isso, cada uma elabora seu próprio modelo de
estratégias, que dificilmente pode ser copiado por outra cidade ou outra região, identificando cada
cidade como única. Ele defende a ideia de cidade criativa como a invocação de uma cultura para
a criatividade. Nessa cidade, as questões referentes a como se criar valor, a como se inovar e a
como aumentar a qualidade da vida urbana são temas centrais e extremamente relevantes ao
planejamento urbano da cidade.
Florida (2001) aponta que algumas cidades, em diferentes escalas, se desenvolvem e
prosperam em função da sua capacidade de atrair e reter a "classe criativa”. Essa classe possui
alta capacidade de transformação do ambiente, pois fomenta a cultura e o turismo local, tornando
a cidade mais atraente e participativa.
A criatividade, ou seja, a capacidade de inovar de forma significativa, se transformou no
fator determinante da vantagem competitiva das empresas da indústria criativa. Como nos ensina
Florida (2001), em praticamente todos os segmentos da economia, aqueles que conseguem criar
e continuar inovando são os que obtêm sucesso de longo prazo. Na verdade, desde a revolução
agrícola sempre foi assim, a diferença é que nas últimas décadas, as empresas começaram a
reconhecer a importância da criatividade e da inovação no seu planejamento estratégico, e usá-
las a seu favor.
De acordo com Howkins (2013), as indústrias criativas são aquelas que desenvolvem
produtos criativos vinculados à propriedade intelectual, já a economia criativa é formada pela
transação destes produtos, dotados de valores intangíveis. Ela é o conjunto de atividades que
resultam em indivíduos exercitando a sua imaginação e explorando seu valor econômico. Pode
também ser definida como processos que envolvam criação, produção e distribuição de produtos
e serviços, usando o conhecimento, a criatividade e o capital intelectual como principais recursos
produtivos.
Várias áreas podem integrar a indústria criativa, tais como, design, moda, arquitetura,
pesquisa e desenvolvimento, mercado editorial, mídia, publicidade, artes, artes cênicas,
biotecnologia, desenvolvimento de softwares, computação, telecomunicações e expressões
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culturais. O que difere a economia tradicional da economia criativa é a criatividade enquanto
produção intelectual, que serve de fonte para os novos modelos de negócios e processos
organizacionais que repercutem em novos contextos e possibilidades econômicas e sociais.
O protagonista da economia criativa é o ser humano, ele será o produtor criativo deste tipo
de indústria, e a criatividade e o conhecimento humano serão seus insumos inesgotáveis, o que
de imediato difere das empresas cujos recursos não são renováveis e são finitos. Neste contexto,
a moda, enquanto indústria criativa é considerada um setor da economia criativa, e, portanto, da
indústria criativa.
Na economia criativa temos a junção de cultura, economia, tecnologia, inovação e
sustentabilidade com a inclusão e o equilíbrio entre a sociedade e seus indivíduos, nesse sentido,
Florida nos traz que a criatividade floresce em ambiente aberto e não regulado para o fluxo de
ideias. E que cidades ou estados caracterizados pela diversidade e onde prosperam atividades
educacionais e culturais, sem restrições a qualquer minoria, atraem educadores, cientistas, artistas
e outros profissionais relacionados à economia criativa (FLORIDA, 2001).
De acordo com uma pesquisa que Florida participou nos anos 2000 para a Carnegie
Mellon University, foram elencadas os quarenta e cinco países segundo o “Índice da Criatividade
Global”, no qual o Brasil ocupa a antepenúltima posição, devido à falta de investimentos e
incentivos na área de criatividade e inovação.
Sendo o Brasil um país de pessoas tão criativas, por que então, que na moda trabalhou-
se tanto tempo apenas com reprodução e padronização? Até então, tínhamos a moda como
reprodução da moda do hemisfério norte, para atender, principalmente, a questão econômica dos
seus negócios. Ocorre que esse formato tem se tornado inviável para algumas marcas, pois elas
já não têm fôlego para participar desse sistema de moda onde permanece quem consegue
reproduzir por preço competitivo. Nesse meio tempo muitas empresas quebraram, e algumas, aos
poucos, começaram a crescer e se destacar por estarem na contramão desse sistema
padronizadamente acelerado.
Seja pelo produto em si, seja pela forma de produção, venda ou comunicação, o que está
acontecendo é que algumas marcas pararam de olhar para o global e começaram a olhar para o
local, para o Brasil, para a nossa história como fonte de inspiração. Quando falamos em local,
falamos do Brasil, ou no norte, ou no sul, ou na cidade de Ouro Preto ou na praia de Jericoacoara.
Não importa para onde, mas olhamos para dentro, o que o nosso país tem de diferente, mais rico:
a diversidade cultural.
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Este novo mercado tem histórias para contar, que o consumidor acredita e quer participar.
Estas marcas não querem conquistar os clientes, nem mais fidelizar, elas querem que o
consumidor participe e ajude a escrever suas histórias. Cada marca se firma num conceito de
negócio e todas elas tem a mesma característica: a criatividade como fator chave do negócio.
Essa tentativa de ir além da reprodução poderá unir moda com a identidade cultural,
ajudando a construir uma identidade brasileira da moda. Porém, para que as propostas inovadoras
ganhem mais força e sejam mais bem sucedidas, se faz necessário uma aproximação com os
fundamentos da Economia Criativa, como forma de solidificar as bases para a construção dessa
identidade, agregando valores como sustentabilidade e inclusão social ao Sistema de Moda.
As empresas brasileiras já investem em economia criativa e a moda é o setor da economia
com grande destaque na indústria criativa nacional, unificando elementos cujos resultados não
são tão visíveis, por isso o processo é gradativo. Alguns designers já estão caminhando nessa
busca e colhendo frutos dessas iniciativas, simplesmente por utilizar o solo brasileiro como base
criativa, como é o caso de Ronaldo Fraga que faz coleções com a colaboração de comunidades
carentes ou que possuem algum conhecimento específico, como bordados raros do norte do
Brasil, por exemplo. Com relação ao tema, ele já fez coleções sobre a população ribeirinha do Rio
São Francisco, sobre Noel Rosa, entre outros temas; ganhando destaque internacional
exatamente por criar um produto diferente.
Outro designer que trabalha dessa forma é Jum Nakao, que em seu livro conta que “o
entendimento da moda como instância simbólica fundamental da cultura brasileira, patrimônio
cultural do Brasil”, “expõe nossa caleidoscópica formação miscigenada e a necessidade de fazer
uma moda simbólica dos nossos valores imateriais” [que serve para atravessar] “a superficialidade
do espelho de nossa própria cultura”, aproximando o desenvolvimento de ações específicas no
âmbito cultural. (NAKAO, 2005, p.13).
CLUSTER CRIATIVO
Os negócios criativos gostam de se agrupar, porque os seus produtos e serviços ganham
com a troca e interação entre os seus atores. Ganham também com o aumento da visibilidade de
um cluster, face à visibilidade que poderiam conseguir mais dificilmente isolados e beneficiam das
ações comuns de divulgação e de transmissão de conhecimento.
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De acordo com Porter (1998), a noção de clusters está intimamente ligada com a
aglomeração de uma área de negócio em determinado local, em que todos os intervenientes se
inter-relacionam. Competitividade e inovação são outras características atribuídas aos clusters,
uma vez que a concentração geográfica de uma atividade permite um conhecimento mais
aprofundado das necessidades dos elementos integrantes do aglomerado. Uma concentração
geográfica das empresas interconectadas, fornecedores especializados, prestadores de serviços,
instituições e empresas associadas em indústrias relacionadas (PORTER, 1998).
Os clusters, em geral, são constituídos por empresas de pequena dimensão que veem na
aglomeração uma vantagem competitiva ao nível de ganhos e eficiência, comparativamente com
empresas semelhantes fora do cluster. A clusterização dos negócios criativos permite também a
geração de intercâmbios práticos e criativos com outras empresas e a obtenção de economias de
escala (custos de mão-de-obra, abertura de ateliers, espaços de exibição, etc.).
Porter (1998) explica que a criação de clusters criativos é também uma das formas
encontradas para reduzir as dificuldades das indústrias criativas em estado de iniciação, já que
possibilitam o maior acesso a informação, redes e apoio técnico. Dispostas em rede e a operar em
proximidade física, estas empresas e organizações são vistas como possuindo uma vantagem
competitiva.
O que é claro é que complexos de ateliers, espaços de trabalho geridos criativamente,
centros de incubação, aglomerados formais e informais de indivíduos e empresas criativas podem
conduzir à transformação de um espaço, dando-lhe credibilidade, um novo sentido de vida, e
muitas vezes criativamente aproveitando os espaços que outros deixaram para trás.
PANDORGA LOJA COLETIVA
No decorrer desse trabalho, tivemos a moda exposta como indústria cultural e logo depois,
como indústria criativa. Nesse momento, faremos um breve estudo de caso de um cluster criativo
de moda, a Pandorga Loja Coletiva, que é um espaço criativo destinado a abrigar marcas de moda
que estão em fase inicial e querem mostrar suas criações para o consumidor final, e se não fosse
dessa maneira, talvez elas nem existissem.
Situada em uma casa colonial portuguesa no bairro Rio Branco, em Porto Alegre, e ́
reconhecida desde a sua abertura, em 2010, como reduto criativo de marcas e produtos
resultantes de projetos de moda, design e artes visuais. Aproximadamente cinquenta marcas estão
expostas lado a lado na Pandorga, que cria uma experiência única com ênfase em projeto de
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produto e atendimento do público, ressaltando a importância da história e da personalidade de
cada marca ou criador. Mesmo que as marcas sejam novas, a Pandorga faz uma seleção muito
criteriosa sobre quais marcas serão vendidas lá, pois o conceito central é a criatividade do negócio
de cada marca. Ela tem que ter um diferencial criativo que chame a atenção da Pandorga, e por
fim, do público.
Consideramos a Pandorga um cluster criativo pois, como explica Porter (1998), é também
uma das formas encontradas para reduzir as dificuldades das indústrias criativas em estado de
iniciação, já que possibilitam o maior acesso a informação, redes e apoio técnico. A Pandorga
oferece o espaço, a clientela, o trabalho de comunicação, assessoria de imprensa para constante
divulgação do que acontece lá, além de eventos com muitos convidados que circulam pela loja e
conhecem todas as marcas. Além da loja física, a pandorga tem um e-commerce
(www.lojapandorga.com.br).
Cada marca tem o seu espaço, chamado de corner, e deixa seus produtos expostos lá, e,
de regra geral, paga um valor mensal por ele (podendo haver exceções), e, além disso, a Pandorga
coloca em cada produto, um valor sobre o preço passado pela marca. Cada corner tem a placa da
marca e abaixo ficam os produtos expostos, veja na imagem abaixo:
Figura 1: interior da Pandorga Loja Coletiva Fonte: <www.facebook.com/lojapandorga> Acesso em novembro. 2014.
Várias marcas começaram vendendo lá e até hoje as vendas de lá expressam o maior
volume de vendas da marca, como é o caso da Cangote, uma marca de lenços com estamparia
própria, que segundo nos contou a dona, em uma entrevista, começou seu negócio vendendo lá
2012, e em quatro meses seus produtos já estavam conhecidos na cidade. Perguntamos como
ela enxergava a Pandorga na cidade de Porto Alegre, e ela disse: “a Pandorga é como se fosse
uma incubadora de marcas recém nascidas, que ficam ali sendo cuidadas e nesse meio tempo
se tornam conhecidas no mercado”.
Moda Documenta: Museu, Memória e Design – 2015
ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015
Existem duas marcas que são exemplos de marcas que começaram suas histórias
vendendo lá e cresceram muito, e hoje vendem em outros lugares, mas continuam ali pelo conceito
da loja: a Vuello e a Insecta. Ambas estão relacionadas à sustentabilidade, sendo, por demais
criativas, o que também é muito importante para a Pandorga.
A Vuello é uma marca de bolsas e bagagens feitas a partir de câmaras de pneu recolhidos
de borracharias e depósitos; e o forro interno feito do náilon de guarda-chuvas encontrados nas
ruas e recolhidos nas UTIs de reciclagem. A proposta é extremamente criativa, sustentável e pensa
no coletivo. Temos aqui um exemplo concreto de moda como indústria criativa.
O projeto da Vuello ganhou em fevereiro de 2015, o Prêmio Brasil Criativo na categoria
Moda. A marca segue vendendo na Pandorga, mas tem e-commerce (www.store.vuelistas.com)
próprio e já vende para todo o Brasil, mesmo as peças sendo mais caras, tendo em vista todo
processo de criação e desenvolvimento mais elaborado. Vejamos uma foto dos produtos da marca,
uma mochila feita com câmara de pneus e o forro de guarda-chuvas:
Figura 2: mochilas criadas pela marca Vuello. Fonte: <www.store.vuellistas.com.br> Acesso em dezembro. 2014.
O outro caso é o da Insecta Shoes, marca de sapatos veganos e artesanais, feitos com a
reutilização de roupas vintage. A proposta é extremamente criativa, sustentável e também pensa
no coletivo. Temos aqui outro exemplo concreto de moda como indústria criativa. Essa marca
também começou vendendo na Pandorga e hoje tem e-commerce próprio
(www.insectashoes.com), que entrega em todo o país. A fanpage no facebook tem 97.000
curtidores e é recente, o que demonstra o quanto a marca evoluiu. No mês de abril de 2015, a
marca inaugurou a sua primeira loja na cidade de Porto Alegre.
O símbolo da marca é um besouro e os sapatos são chamados de besouros. Vejamos
nas fotos abaixo, dois modelos diferentes de sapatos, ambos produzidos artesanalmente com
roupas vintage:
Moda Documenta: Museu, Memória e Design – 2015
ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015
Figura 3: sapatos criados pela marca Insecta Shoes.
Fonte: <www.insectashoes.com.br> Acesso em dezembro. 2014.
Diante de tais exemplos, acreditamos que a Pandorga é um exemplo de cluster criativo, e
reúne exemplos da indústria criativa e da classe criativa também.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Iniciamos o presente estudo compreendendo que o sistema da moda no Brasil vivia e
ainda vive sob a lógica do consumo desenfreado, pela busca do novo e do exógeno, da reprodução
e do padronizado, características próprias da indústria cultural. Porém, conseguimos visualizar
também, que a indústria criativa vem ganhando força no Brasil, um país de cultura plural, cuja
criatividade é uma característica pulsante, o que faz com que a moda comece o processo
migratório para o lado da economia criativa.
Ao passo que encerramos nosso estudo mostrando o potencial latente da indústria criativa
no segmento da moda em Porto Alegre, tomamos conhecimento do resultado de uma pesquisa
elaborada pelo Sistema Fecomércio de São Paulo, em que a cidade de Porto Alegre foi
considerada a segunda cidade mais criativa do Brasil, ficando apenas atrás de São Paulo. Ainda
é muito cedo para comemorar, mas já é um começo, e melhor ainda, constatar que esta cidade
possui um cluster criativo e indústrias criativas.
Os casos trazidos aqui são exemplos de processos extremamente criativos, engajados
com questões de sustentabilidade, com o pensamento em relação ao próximo e a coletividade, o
que é muito inspirador.
A grande criatividade das pessoas e a riqueza cultural local e nacional deve se mostrar
mais, não somente em produtos físicos, que já se supõe serem resultados de um processo criativo,
mas nos próprios processos em si, gerando formas inovadoras e mais sustentáveis de criar e
disseminar os produtos e serviços.
Moda Documenta: Museu, Memória e Design – 2015
ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015
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