O conceito de Solução Assistiva: para além da tecnologia · Ideias de Vygotsky sobre...
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Sociedade ... normalidade e estigma
• A sociedade estabelece meios para categorizar pessoas com um total de atributos considerados comuns ou naturais para os membros dessas categorias.
• Esses atributos definem a Identidade Social
• E esta, permite estabelecer rotinas de relação socialprevistas (preconcebidas)
• Papéis Sociais ou Posições
• Expectativas Normativas
Identidade Social : real e virtual
IDENTIDADE SOCIAL VIRTUAL
OK
IDENTIDADE SOCIAL REAL
ESTIGMA
IDENTIDADE SOCIAL REAL
Estigma
Para Goffman(1988) estigma é um rótulo ou
carimbo que uma pessoa ou grupo aplica sobre
outra pessoa ou grupo .... Um estigma é ... um tipo
especial de relação entre atributo e estereótipo (p. 13)
Tipos de Estigma:
Físico
Caráter individual
Cultural
O estigma manifesta-se nas interações sociais e está
vinculado com preconceito e discriminação;
A inclusão de Pessoas com Deficiência
Mitos e “mídia”;
Desconhecimento;
Prevalência da visão clínica;
Ênfase na adaptação do sujeito ao ambiente;
Utopia - Inclusão
A inclusão é utopia porque é processo colaborativo;
A inclusão é utopia porque almeja um futuro sonhado
A inclusão é utopia porque é inacabada e incompleta
A inclusão habita nos “entres” em espaços não construídos
O início do processo … uma utopia possível?
• Atitudes : predisposições psicológicas frente a um objeto, evento, fenômeno ou sujeito(s)
FAVORÁVEL DESFAVORÁVEL
GRAU DE ATITUDE
Pena vitimização Depreciação exclusão
As atitudes que temos frente a uma pessoa estigmatizada levam à exclusão
Deficiência Primária e Secundária
• Deficiência Primária vincula-se a prejuízo ou deficit na funcionalidade;
• Deficiência Secundária é a falha com relação às expectativas de posição social (identidade);
Deficiência Primária e Secundária
• Deficiência Secundária decorre da impossibilidade de atender as expectativas sociais vinculadas à identidade virtual;
Deficiência (Vygotsky)
A deficiência não é apenas um
deficit isolado, mas uma
reorganização da estrutura
psicológica do sujeito;
Que oferece por um lado
limitações (deficiências) e por
outro possibilidades
(desenvolvimento);
lei de desenvolvimento geral
Abordagem compensatória que leva em conta:
Gravidade da dificuldade;
Eficiência da estratégia pedagógica utilizada para superar o problema
A deficiência é ponto de partida para o desenvolvimento - NÃO o de chegada;
A compensação social deve ser orientada a criar novas possibilidades de desenvolvimento;
Existem limitações na compensação, do contexto e dos sujeitos;
(p.32) é necessário criar instrumentos culturais
especiais, adaptados à estrutura psicológica desta
criança, ou então, dominar as formas culturais
gerais com ajuda de procedimentos pedagógicos
especiais, porque a condição primordial e decisiva
para o desenvolvimento cultural (uso de
instrumentos psicológicos) está preservada nestas
crianças
Tradução livre (Vygtosky, Defectologia, Tomo 5, Obras Escogidas)
Mede em termos de
incapacidade,
impossibilidade
Visão
Quantitativa
Visão
Qualitativa
Analisa a deficiência Primária + potencialidades do indivíduo
Considera as condições sociais que provocam a deficiência secundária
Deficiência
Psicologia Social Soviética
Cada indivíduo se constitui como tal nas relações com os outros e na apropriação da realidade criada pelas gerações anteriores (cultura).A apropriação acontece através do uso e criação de instrumentos e signos em práticas culturais.
Processo de desenvolvimento
A linha individual de desenvolvimento é a linha biológica que desenvolve sem influência direta de outras pessoas ou artefatos;
A linha cultural é o desenvolvimento do sujeito na interação com os outros através de um processo de mediação
Interação
PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO
MEDIAÇÃO
BASE BIOLÓGICA +
CULTURAINDIVÍDUO
ESPAÇO
SÓCIO-HISTÓRICO
Mediação
Mediação é um processo dinâmico, no qual intervém ferramentas e signos numa açãopossibilitando o desenvolvimento dos Processos Psicológicos através da internalização/apropriação.
Interação social é fundamental no processo de mediação
Interação Social
Segundo a Teoria Sócio-Histórica é:
elemento propulsor do desenvolvimento;
base para a cognição do sujeito;
Pode ser definida como:
Ação conjunta e interdependente que Age sobre os sujeitos e sobre contexto no qual se desenvolve;
Instrumentos Psicológicos: signos
Os signos são:
Intersubjetivos porque são socialmente compartilhados. incorporam as várias formas de interpretar intersubjetivamente o mundo que se acumularam numa cultura ao longo da sua história.
Perspectivos porque sua aprendizagem é feita a partir da perspectiva do outro, o que permite que o mesmo símbolo possa ser utilizado desde perspectivas diferentes.
Lei Geral do Desenvolvimento
Todo PPS aparece duas vezes no desenvolvimento
No plano social (inter-pessoal)
No plano individual (intra-pessoal)
O desenvolvimento acontece numa espiral, passando por um mesmo ponto a cada nova revolução, enquanto avança para um nível superior. (p.74)
Atenção ConjuntaEssa apropriação como domínio sobre instrumentos e signos é construído na interação social
Principalmente na participação de interações triádicas denominadas de atenção conjunta
OBJETO
SUJEITO ASUJEITO B
CONTEXTO DE INTERAÇÃO
Tomasello (2005)
Zona de Desenvolvimento Proximal
O espaço sócio-histórico no qual acontece a transformação do processo de regulação para auto-regulação é o que Vygotsky(1998) denominou de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP).
ZDP
"...é a distância entre o nível dedesenvolvimento real que secostuma determinar atravésda solução independente deproblemas,
e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes"
(VYGOTSKY, 1998, p. 112).
[...] dentro da ZDP a criança não é simples receptora passiva do ensino do adulto, nem o adulto é simplesmente um modelo de conduta bem sucedido, experimentado.
A díada formada pelo adulto e a
criança iniciam uma atividade
conjunta de resolução de um
problema no qual ambos
compartilham conhecimentos e
responsabilidade pela tarefa. (DIAZ
et alli, 1993, p.169)
Processo de Inclusão
É um processo eminentemente social perpassa por todas as dimensões da vida em sociedade
permanente, embora não constante, na vida dos sujeitos
Acessibilidade Física, Tecnologia
Assistiva: o que mais?
• Mudanças estruturais são necessárias mas não é
suficiente!!!!!
• Nem sempre a eliminação de barreiras é
suficiente para o processo de inclusão;
Lugar
• Segundo Tuan (1983) espaços se tornam
lugares quando permitem que a pessoa
desenvolva afetividade e sentimento de
pertencimento.
• O Lugar não é um momento único, mas um
processo que relaciona-se com a identidade e a
identificação com o espaço;
Construção de Lugares
• Um processo longo e participativo;
• Precisa pensar espaços de convívio e com possibilidade de escolhas;
• Possibilitar as trocas e significações;
Lembrando que a tecnologia é um possível elemento, mas não o central
Filogeneticamente ....
A tecnologia foi um elemento propulsor do desenvolvimento humano enquanto espécie
De acordo com Bunge (1999) uma inovação técnica age sobre a sociedade direta ou indiretamente, mas a intensidade do impacto social dependem de vários outros fatores como originalidade, utilidade, custo, facilidade de uso (userfriendly), capacidade aquisitiva e nível educacional da população.
Não há tecnologia “externa” introduzida para “dentro”
“a tecnologia encontra-se entrelaçada de maneira complexa nos sistemas e processos sociais”
(Warschauer, 2003,p.23)
Tecnologia como signos
Tecnologias como Ferramentas mentais (minds tool) agem mais sobre os próprios sujeitos que sobre objetos (JONASSEN, 1999).
MEDIAÇÃO
Tecnolo
gia
s c
om
o
media
dora
s
Modificam a ação
quantitativamente;
Ao permitir fazer mais com
menos esforço;
Modificam a ação
qualitativamente;
Ao se incorporar dentro da
ação de forma que é a
atividade é CONFIGURADA
pela ferramenta e seu uso se
incorpora à cultura alterando
QUALITATIVAMENTE o
pensamento (COGNIÇÃO) e o
desenvolvimento humano;
Nossa premissa
As tecnologias nos permitem visualizar, conhecer e experimentar fenômenos de formas diferentes representando o conhecimento desde perspectivas diferenciadas, mas sempre num contexto social
Nossa premissa...
- Processo não linear;
– difícil de ser percebido numa concepção de mundo causa-efeito.
- As tecnologias proporcionam formas de acesso diversificada e ajustável às necessidades e condições;
- Mas existem limitações e condicionantes que configuram essa ação com tecnologia para ser considerada como processo de mediação
Dimensões da Mediação
Tecnológica
a)como objetos de conhecimento: na medida que contém informações consideradas relevantes pelos sujeitos mais experientes para o ensino de um domínio,
b) como instrumentos de pensamento: na medida que permitem elaborar crenças, testar hipótese, compreender fenômenos sociais, naturais, científicos ou culturais e desta forma elaborar representações mentais (modelos mentais)e
c) como elementos de uma cultura: na medida que a partir das tecnologias é possível construir um espaço de negociação com os pares, participar de práticas culturais e desenvolver atitudes, modos de pensamentos,crenças e valores construídos a partir da interação com os outros por meio das tecnologias.
A tecnologia...
Área do conhecimento que refere-se à criação, uso e conhecimento de ferramentas, técnicas, métodos e sistemas de organização ou
Aplica-se à toda atividade humana
As tecnologias são..
Parte dos contextos de interação;
Os contextos são elementos importantes e não somente o pano de fundo ... atores centrais na constituição do sujeito
A relação pessoa - contexto é mutuamente constitutiva
A tecnologia ...
Permite desenvolver as habilidades de cada pessoa visando sua autonomia;
Não deve ser considerada objeto neutro e nem “propriedade” de um indivíduo, pois sua ação é social;
Proporcionar condições para que o
sujeito possa participar, construir
significados e relações pessoais;
Não ser permanente;
Preferivelmente ser invisível ou
sendo visível acrescentar valor
ao sujeito;
A tecnologia deve ...
Tecnologias
As tecnologias :
Mediam toda ação humana;
São signos na medida que permitem
estruturar e organizar a ação humana;
são produtos e produtores de cultura;
Não se pode pensar a tecnologia
para uma pessoa, senão para
construir lugares;
Tecnologia Social
As tecnologias são representações do pensamento
humano corporificado na máquina;
Podem ser concebidas como instrumentos culturais
de adaptação de sistemas sociais
A visão sócio-histórica rompe com a concepção de
“meros recursos” de tecnologia. Passam a ser signos
por meio dos quais os sujeitos se relacionam consigo
mesmo e com o mundo;
Tecnologia Social
Pensar as tecnologias não do ponto de vista da individualidade do sujeito e sim do contexto de participação e das práticas culturais vivenciadas com a intervenção da tecnologia potencializa a tecnologia como elemento de mudança.
Tecnologia Social
As tecnologias atuariam como mediadores em dois níveis:
a) no nível das relações do sujeito com ele mesmo, considerando os aspectos estruturais e funcionais e
b) no nível das relações com outros, considerando os aspectos culturais e sociais.
Qualquer ferramenta, recurso ou
processo utilizado com a finalidade
de proporcionar uma maior
independência e autonomia à
pessoa com deficiência ou
dificuldades. É considerada
Tecnologia Assistiva, [...] (ITS,
2008, p. 26).
Tecnologias Assistivas como instrumentos de mediação
Diversificar serviços e recursos;
Atender necessidades específicas;
Permitir Acesso;Proporcionar Igualdade;Construir significados e sentidos;
Da tecnologia à construção de lugares
Na medida que as tecnologias possibilitam construir espaços de negociação e participação em práticas culturais identifica-se um processo de inclusão possível, interdisciplinar e multidimensionalno qual desenvolvimento tecnológico, intervenções e mediações pedagógicas, práticas e contextos culturais, assim como formações específicas precisam estar imbricadas num jogo de ações e reflexões que permitam que se “inventem” novas possibilidades de apropriação de tecnologias na busca de construção de lugares que propiciem a inclusão revisitando conceitos e ousando no campo teórico-metodológico.
Contextos
Contexto sempre situado, não ideal
Sócio-Histórico
Cenas, Propósito, Agência, Agentes, Ato
O contexto não é o espaço físico, mas também o
espaço histórico, social, psicológico e cultural de
construção de identidade e subjetivação
A relação pessoa-contexto é mutuamente
constitutiva
Análise de fenômenos
complexosUm processo longo, dinâmico e participativo;
Diferentes elementos participando
AsTecnologias são ...
Como “atores” entrelaçadas nos contextos interagindo com outros elementos
Nem centro do contextoNem apêndice da pessoa
Tecnologias e Soluções Assistivas
Solução Assistiva é o processo que
se estabelece, no qual os atores
modificam as condições do ambiente
visando compensar limitações
presentes para propiciar as ações
dos participantes no contexto;
A solução não é apenas um produto
resultante de um processo de
inclusão que coloca em interação um
conjunto de elementos interligados,
mas também como produtor deste
movimento.
TEIAS- Tecnologias na Educação para Inclusão e Aprendizagem em Sociedade
Grupo de Pesquisa TEIAS/CNPq:
http://www.ufrgs.br/teias
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TEIAS- Tecnologias na Educação para Inclusão e Aprendizagem em Sociedade
Grupo de Pesquisa TEIAS/CNPq:
http://www.ufrgs.br/teias