o Cataclismo Mundial Em 2012 Patrick Geryl

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Sumrio

O Cataclismo Mundial em 2012

A Contagem Regressiva Maia para o Fim do Mundo

Patrick Geryl

Sumrio

PrefcioIntroduoParte I - A Terra sujeita a catstrofes

1. A Catstrofe da Inverso Polar em Atlntida 2. Os Sobreviventes de Atlntida 3. Inverses Polares Catastrficas e Eras Glaciais

4. O Programa de Computador do Desastre Precedente

5. O Cdigo Secreto no Intervalo entre as Catstrofes6. O Nascer do SolParte 11 - Cdigos atlantes, egpcios e maias

7. A Teoria dos Ciclos das Manchas Solares8. Catstrofes, Tempestades Solares e a Precesso do Zodaco9. Ordem no Caos dos Campos Magnticos do Sol10. A Decifrao do Cdice de Dresden e do Zodaco Egpcio11. Caractersticas Comuns ao Cdice de Dresden e ao Zodaco Egpcio12. 666 - O Nmero da BestaParte III - Nmeros mticos e o desastre iminente

13. A Inverso do Magnetismo Solar14. Nmeros Astronmicos Incrivelmente Exatos15. As Origens de Nossa Cronologia16. O Desastre se Aproxima com RapidezParte IV - Prova astronmica e matemtica

17. Vnus, a Chave de Todos os Mistrios18. Novas Decifraes do Nmero 57619. O Cdigo Venusiano do Zodaco20. O Ciclo Stico, o Zodaco e a Nossa CronologiaParte V - A decifrao do Cdice de Dresden

21. A Revelao dos Calendrios Maias22. Cdigos Convertidos em Sries Infinitas

23. Clculos do Ciclo de Manchas Solares24. A Decifrao do Cdice de Dresden25. 666 - O Nmero da BestaApndice

Clculos do Captulo 4Clculos do Captulo 5Clculos do Captulo 10

Clculos do Captulo 12Clculos do Captulo 13Clculos do Captulo 14O Labirinto: EntrevistaINTERNET: www.howtosurvive2012.comPrefcio

2012 e as supergalxias

Em meu livro The Orion Prophecy, cheguei espantosa concluso de que, em 2012 d.C., a Terra sofrer um tremendo desastre. Causa: o campo magntico do planeta se inverter de sbito, da resultando uma enorme mudana na crosta terrestre. Praticamente ningum sobreviver catstrofe e todo o conhecimento que adquirimos desaparecer. Essas predies cientficas se originam dos maias e dos antigos egpcios, duas civilizaes descendentes dos lendrios atlantes, que possuam um saber astronmico de altssimo nvel. Na mais remota antiguidade eles foram capazes de prever acuradamente o maremoto que iria apressar o fim da sua civilizao. Isso me induziu a estudar as bases de seus clculos. Aps anos de pesquisas contnuas, consegui por fim decifrar os cdigos milenares dos maias e dos antigos egpcios. Meus achados constituram uma impressionante expedio exploratria dos segredos de um passado longnquo. O que descobri foi assombroso e do interesse de todos. Ao mesmo tempo, a descoberta explica por que os egpcios construram as pirmides de Giz segundo o sistema estelar de rion.

Em 2.012 d.C., tal como em 9.792 a.C., ano da ltima inverso polar, Vnus descrever um crculo volta da constelao de rion. No Livro dos Mortos dos egpcios, isso tido como o principal sinal da inverso dos plos, depois do que a Terra comear a voltar-se na direo oposta. A descrio astronmica desse fenmeno, deixada pelos egpcios, das mais engenhosas e ultrapassa todo o nosso conhecimento cientfico. Descobri tambm que o Cdice de Dresden, dos maias, fala do ciclo de manchas solares (sobre o qual nossos modernos astrnomos ainda no sabem nada!). A determinada altura, quando o magnetismo solar atingir um nvel crucial, uma gigantesca catstrofe destruir a Terra. O zodaco astronmico dos egpcios menciona as eras em que cataclismos semelhantes ocorreram, alm de conter os cdigos do ciclo de manchas solares e do movimento de rion: o prximo desastre ocorrer quando Vnus descrever uma rbita reversa acima dessa constelao. A combinao desses fatos prova a origem do nmero 666 - conhecido, na Bblia, como a data do Apocalipse. Esse nmero aponta para uma aberrao no ciclo de manchas solares, responsveis em grande parte pelo futuro cataclismo mundial.

Os maias e os antigos egpcios tambm fizeram clculos incrivelmente exatos da rbita da Terra em redor do Sol. Em termos de exatido, alis, eles superam nossos valores atuais. Absolutamente perplexo com minhas descobertas, nada me restou seno concluir que esses clculos antigos estavam corretos. Agora, a pergunta crucial : minhas descobertas devem ou no ser levadas a srio? Meu trabalho tem o necessrio rigor cientfico? Disponho de provas para fundament-lo? Meus conhecimentos de astronomia so suficientes? Tudo isso importante porque os clculos dos maias e dos antigos egpcios se baseiam inteiramente nessa cincia.

Acredito que meu conhecimento baste. J fiz previses astronmicas que se realizaram nos mnimos detalhes. E no foram previses insignificantes! Eis por que minhas descobertas relativas aos maias e antigos egpcios devem ser levadas a srio.

Dou um exemplo: h mais de vinte anos, fui a nica pessoa no mundo a prever a descoberta de bilhes de quasares no espectro infravermelho, bem como a expanso cada vez mais acelerada do universo. Expliquei isso de maneira bem simples em meu livro A New Space-Time Dimension (ainda indito em ingls). Na poca, nenhum astrnomo achou que tal fenmeno fosse possvel; na verdade, muitos riram da idia. No entanto, decorridos alguns anos, eles tiveram de baixar a cabea. Artigos na imprensa holandesa e uma entrevista para a televiso belga, em 1990, provaram saciedade que eu estava certo. Mas o que significa tudo isso?

O satlite holands IRAS foi lanado em 26 de janeiro de 1983. Poucas semanas depois, no dia 11 de fevereiro, apareceu um artigo meu no jornal em lngua flamenga Het Laatste Nieuws, explicando em detalhe que o IRAS revelaria ser falsa a teoria da relatividade. O jornal comentou: "Segundo Geryl, o IRAS ser capaz de provar que seus clculos so corretos e rastrear bilhes de supergalxias que emitem energias de altssima intensidade ao mesmo tempo que se afastam rapidamente de ns, quase velocidade da luz. Portanto, esses sistemas no podem ser vistos da Terra com telescpios luminosos comuns, apenas com lentes infravermelhas do tipo que o IRAS leva a bordo. Se o satlite holands descobrir mesmo esses sistemas, a teoria da relatividade de Einstein ser descartada e teremos uma dimenso espao-tempo inteiramente nova, garante Geryl."

Outro artigo, publicado no jornal De Gazet van Antwerpen, esclarece: "Segundo a teoria da relatividade, as galxias mais velozes do universo, os sistemas quasar, deveriam envelhecer mais lentamente. Alm disso, no se poderia detectar nenhuma mudana rpida em sua estrutura e fora gravitacional. Mais: os quasares emitiriam menos energia por causa de sua dilatao do tempo. Todavia, segundo o homem de Deurne, no observamos realmente essa dilatao, mas algo muito diferente e que subverte pela base a teoria de Einstein.

Figura 1. Satlites em rbita ao redor da Terra descobriram, com luz infravermelha, bilhes de constelaes normalmente invisveis ao olho humano.

"Os quasares esto entrando em colapso! Sucumbem mais depressa que quaisquer outras galxias. De fato, as superexploses ocorrem a altssima velocidade. Isso significa que os quasares no so nada sensveis dilatao do tempo, ao contrrio, parecem at mais instveis e se destroem provocando um colapso gravitacional catastrfico. Chegam a acelerar a prpria runa graas coagulao da massa (pois esta aumenta com a velocidade) e acabam por morrer em meio s mais violentas exploses do universo."

No dia 23 de novembro de 1990, expliquei tudo de novo na revista de divulgao cientfica Modem, que na poca pertencia televiso flamenga. Ali, enfatizei que o cosmo pode expandir-se em conseqncia da acelerao.

No incio dos anos 1990, bilhes de quasares foram descobertos no espectro infravermelho. Em 1998, soube-se que o universo est mesmo se expandindo por causa da acelerao. Fiz muitas outras previses em minha obra, que precisam ser provadas pelos astrnomos e fsicos. Isso nos traz de volta ao presente livro e ao que descobri a respeito de 2012.

Introduo

Um mundo perdido

Imagine-se s voltas com este que seria sem dvida o maior dilema de todos os tempos: voc sabe como salvar o planeta, mas ningum lhe d crdito. Trata-se da busca de uma civilizao perdida que s voc pode empreender. Os cientistas e artistas dessa civilizao se foram, mas deixaram para o mundo uma mensagem importante sobre a iminente catstrofe que destruir a Terra inteira em poucos anos. Voc est absolutamente certo disso porque conseguiu decifrar os cdigos bsicos - cdigos onde h fatos que eles no poderiam conhecer, exceto se possussem um conhecimento bastante avanado de astronomia.

E se de fato possuam tal conhecimento e voc pudesse prov-lo? Mesmo assim s algumas pessoas acreditariam em suas palavras, pois a histria realmente inacreditvel. E ento, que far voc? Quais so as suas chances de convencer os semelhantes de que est certo? Note que no dispe de muito tempo, pois o desastre fatal ocorrer daqui a poucos anos. Esse o dilema com que me defrontei e que me deixa desesperado, sem nenhuma soluo vista. Talvez voc, leitor, queira ajudar-me a sair da enrascada, financeiramente ou de outra maneira qualquer. Ento poderemos escavar o lendrio Labirinto do Egito, o qual, conforme provei em livro anterior, encerra todas as informaes sobre o futuro desastre. Da por diante tomaremos as devidas precaues para, ao menos em parte, preservar nosso conhecimento. Mas serei capaz disso? Conseguirei induzir o mundo a escavar e decifrar o conhecimento escondido no Labirinto? Terei foras para semelhante tarefa? Sim, acho que sim. Por isso escrevi este livro. Quero convencer o mximo de pessoas possvel a ajudar na escavao do maior edifcio jamais construdo. A onda de choque provocada por essa faanha no ter paralelo.

Para aqueles que no leram meu livro anterior, dou agora uma breve descrio do local onde a maior das descobertas arqueolgicas espera para vir luz. Depois de estudar a obra de Albert Slosman, Le Livre de l'Au-del de la Vie, e ficar sabendo que todo o conhecimento dos egpcios est escondido no Labirinto, fiquei imediatamente alerta. Slosman menciona tambm que Herdoto, o maior historiador da antiguidade, visitou esse edifcio h 2.500 anos. Aps alguma pesquisa, deparei com o relato de Herdoto. O que se segue uma citao de seu livro Histrias:

A descrio do Labirinto por Herdoto

"Estive ali e o lugar supera qualquer descrio. Se fizssemos um estudo de todas as paredes, de todos os muros e de todos os edifcios pblicos da Grcia, veramos que todos juntos no exigiram tanto esforo nem tanto dinheiro quanto esse labirinto: e veja que os templos de feso e Samos no so exatamente obras pequenas! verdade que as pirmides deixam sem fala o observador e que cada uma delas equivale a muitos dos edifcios gregos, mas nenhuma se compara ao Labirinto.

"Para comear, h uma dzia de jardins interiores: seis alinhados do lado norte e seis do lado sul. Esto construdos de um modo tal que seus portais ficam frente a frente. Uma parede externa sem aberturas rodeia todo o complexo. O edifcio em si compreende dois pisos e 3.000 cmaras, das quais a metade fica no subsolo e a outra metade ao rs-do-cho. Visitei e vi pessoalmente as mil e quinhentas cmaras situadas ao rs-do-cho e, portanto, falo com base na minha experincia. Mas, quanto s cmaras do subsolo, tenho que confiar na autoridade dos outros, j que nelas os egpcios no me permitiram entrar. L esto as tumbas dos reis que construram o labirinto e dos crocodilos sagrados. No entanto, nunca estive nesse lugar e tudo o que sei de ouvir falar. Mas me mostraram as cmaras construdas acima dessas e foi difcil acreditar que tinham sido construdas por mos humanas. Os passadios que ligavam as cmaras e as passagens ziguezagueantes que iam de uma antecmara para outra me deixaram sem flego por sua colorida variedade.

"Foi com total admirao que caminhei do ptio para as cmaras, das cmaras para os peristilos e dos peristilos novamente para outras cmaras, e dali para outros ptios. A cobertura de todos esses lugares de pedra, assim como as paredes, cheias de figuras em relevo. Cada ptio rodeado por uma fileira de colunas de mrmore branco sem emendas. Bem na esquina onde o Labirinto termina, ergue-se uma pirmide com pelo menos setenta e cinco metros de altura, decorada com figuras em relevo de grandes animais. O labirinto localiza-se nas imediaes do lago Moeris [atual lago Karum] , que no tira suas guas de fontes naturais. Liga-se por um canal ao rio Nilo, que corre bem perto da pirmide."

Nossa busca do Labirinto

Estimulado por essa descrio, pus-me a pesquisar com o auxlio de meu amigo e astrnomo-arquelogo Gino Ratinckx. Depois de algumas semanas, Gino descobriu o local. Estudara minuciosamente o mapa do Egito. Segundo uma antiga tradio, o Nilo reproduz a Via Lctea na Terra. Isso, em termos visuais, parecia bastante correto. Ento Gino se perguntou: o mesmo princpio no se aplicar aos templos e edifcios mais importantes da regio? Bauval j demonstrara que as trs pirmides de Giz coincidiam com o cinto da constelao de rion. De acordo com esse princpio, o templo de Dendera deveria alinhar-se com a estrela Deneb, e o templo de Esna com Altair. Na seqncia do raciocnio, o Labirinto reproduziria as Hades, que formam um verdadeiro ddalo de estrelas nos cus. De modo que o lugar s podia ser Hawara, onde h uma pirmide coincidente com a estrela Aldebar, do signo zodiacal de Touro. Partimos, pois, para o Egito, munidos de um GPS (Global Positioning System), instrumento graas ao qual possvel determinar com exatido as coordenadas geogrficas. Com a ajuda do GPS, pudemos calcular projees estelares na Terra. E no comeo isso nem sequer pareceu necessrio!

Figura 2. Segundo Herdoto, o lago Moeris um reservatrio artificial: "Pois duas pirmides se alteiam bem no meio dele, com altura de 90 m acima da gua e outros tantos na parte submersa. V-se no topo de cada uma a figura de um homem sentado num trono."

Descobrimos, surpresos, que os egpcios haviam associado o templo de Dendera com a estrela Deneb! O fato confirmava nossa recente teoria. E o que nos surpreendeu mais ainda foi saber que em 1843 um clebre arquelogo alemo, Richard Lepsius, tentara escavar o Labirinto em Hawara. Para tanto, ele recorreu s instrues de Herdoto e Estrabo (gegrafo grego que visitou o edifcio em 25 a.C.). Mas Lepsius, aps abrir alguns buracos rasos, declarou que o Labirinto desmoronara. Desde ento no se fez mais nenhuma tentativa de trazer a lume o gigantesco edifcio. Indagaes feitas a egiptlogos e grandes autoridades no assunto terminavam sempre com a mesma resposta: o Labirinto est em Hawara, mas em runas! Tambm no h planos para futuras escavaes. Ouvir isso , sem dvida, frustrante; contudo, sei de um caso parecido. H poucos anos, todos os egiptlogos sustentavam que o palcio de Clepatra se abismara no mar durante um abalo da crosta terrestre. Apontava-se o local, mas ningum movia um dedo para realizar novos achados - at que um mergulhador o descobriu, mais ou menos por acaso. Ele jaz a pouca profundidade, s a alguns metros da superfcie. Fenmeno semelhante ocorreu com o Labirinto e nenhum esforo se faz para traz-lo luz! Incrvel!

Segredos de mundos perdidos

Nada to excitante quanto procurar e decifrar velhos enigmas ocultos nas brumas do tempo - esclarecer segredos aps uma srie trepidante de descobertas. Embora os tesouros da civilizao anterior ao maremoto ainda estejam em Hawara, consegui decifrar os cdigos de inmeras mensagens. Ainda me surpreendo quando um cdigo novo me revelado. Esses cdigos foram mantidos por milnios longe dos olhos do mundo. Graas ao esquema exclusivo dos egpcios e maias, pude encontrar neles um padro avanado. Formam um canal de comunicao de mo nica com meu pensamento. Inscries matemticas e pictogramas desempenham um papel-chave no fluxo infindvel de descobertas. Nmeros mgicos giram num torvelinho de clculos. So as mensagens de uma civilizao extica, h muito perdida.

Os antigos egpcios acreditavam que iriam reencarnar para alm do sistema estelar de rion. Os astrnomos modernos pensam ser ali que nascem incontveis novos sis. Talvez os antigos egpcios supusessem que a alma dos faras despertaria em rion sob a forma de estrela. Haver qualquer outra evidncia fsica para sua religio estelar? Seja como for, rion tem papel de destaque em suas previses apocalpticas. Muitas de suas expresses devem ser tomadas ao p da letra, no metaforicamente. A teoria do ciclo das manchas solares, que eles estabeleceram em termos matemticos, pode ser novamente desvelada, se ns descobrirmos logo como eles conseguiram fazer suas observaes e, com base nelas, calcular a data final fatdica. O princpio fundamental desse clculo deve ser fcil de decifrar, especialmente se considerarmos que a sua era uma civilizao avanadssima. Por meio de sries numricas, estabeleceremos comunicao com suas mentes brilhantes. Ainda que no nos seja dado decifrar o contedo dos hierglifos, a mensagem numrica fala por si. No passado remoto, os sumos sacerdotes tinham conscincia desse problema. Sabiam o segredo dos cdigos, que s se destinavam aos seus olhos. Ningum mais conseguiria traduzi-los. Mas se algo lhes acontecesse, as geraes futuras poderiam tirar suas prprias concluses a partir dos nmeros. Portanto, a chave de seu conhecimento fundamentava-se em clculos matemticos. Em meu livro anterior, dei alguns bons exemplos disso.

Agora, pretendo ir mais alm! Consegui decifrar o Cdice de Dresden. Decifrar como pousar num planeta estranho e sair em busca dos construtores dos edifcios que restaram. Felizmente, tenho ao meu dispor certas fontes comuns de conhecimento que facilitaro a tarefa. Descobri, por exemplo, que partilhamos a mesma escala decimal, a mesma cronologia e a mesma diviso do crculo em 360. Todos esses dados ajudam a decifrar e a entender melhor suas "Combinaes Matemticas Celestes". O trabalho se resume, pois, em decifrar sua mensagem o mais depressa possvel, verific-la e anunciar ao mundo que aquelas previses eram corretas. A cincia contempornea no se ocupa disso e limita-se a atestar a exatido dos clculos... reconhecendo que dizem respeito ao fim do mundo.

Parte I

A Terra sujeita Catstrofes

1

A CATSTROFE DA INVERSO

POLAR EM ATLNTIDA

A histria de Atlntida que vou contar nos prximos captulos foi traduzida de velhos manuscritos pelo egiptlogo Albert Slosman, que recorreu tambm s suas decifraes exclusivas de hierglifos gravados em templos. Sua obra to assombrosamente meticulosa que devo considerar verdadeiro o texto a seguir.

Agora voc recuar a 21.312 a.C., ano que presenciou um acontecimento chocante. Naqueles tempos, Aha-Men-Ptah (Atlntida) tinha um clima ameno. Vastas florestas cobriam o norte do pas. S de vez em quando nevava e o gelo era um fenmeno quase desconhecido. No sul, uma vegetao exuberante predominava o ano inteiro. Muitas espcies de animais hoje extintas viviam ali, como gorilas sem nariz chato, mamutes enormes, mas pacficos, rinocerontes com quatro metros de altura e quatro dedos, tigres-dentes-de-sabre. Na extremidade meridional desse pas imenso, viam-se, sobretudo, montanhas e plancies, cheias de tesouros inestimveis: terras frteis que produziam frutos quase sem ajuda humana. O horizonte era dominado por cadeias de montanhas. Tambm se viam cones em forma de pirmide, restos de antigos vulces. Estes ficaram inativos por tanto tempo que ningum se lembrava de suas ltimas erupes. Para os habitantes, pouco mais havia que rvores viosas, muitas delas a produzir frutos saborosos em todas as estaes. Em suma, era ali o lendrio paraso descrito pela Bblia. Essas informaes foram extradas da histria egpcia.

Um paraso sujeito a violentos terremotos

Os habitantes sabiam do movimento da Terra em volta do Sol e das mudanas zodiacais. Por isso puderam nos transmitir o que aconteceu naqueles dias. A catstrofe sobreveio em menos de uma hora. No ocorreu, porm, uma inverso polar total como a de 9.792 a.C.; foi uma inverso parcial. A Terra inteira, e no apenas o continente, tremeu em conseqncia de fortes abalos ssmicos. Em seguida, o eixo terrestre comeou a pender. Edifcios ruram, cadeias de montanhas vieram abaixo, parecendo que o mundo se consumia. Antes do acontecimento, o Sol se erguera no 15 de Sagitrio. E depois que os elementos se confundiram, o eixo terrestre avanou para a extremidade de Aqurio! O movimento do planeta injetou nos mares uma quantidade gigantesca de energia cintica. A irrupo incontrolvel das guas varreu extenses considerveis de terra. A Atlntida se afundou no oceano e, em conseqncia da inverso polar, assentou-se em parte sob o que era, na poca, o Plo Norte, ficando coberta por uma espessa camada de gelo.

A partir desse dia, comea a verdadeira histria da Atlntida. Os poucos sobreviventes se reagruparam no sul, pois o norte se tornara inspito. (Ainda que o Grande Norte houvesse desaparecido, a Atlntida ainda era, vrias vezes, maior que a Europa.) Profundamente chocados, eles decidiram estudar o cu com mais empenho at do que antes. Registraram, em detalhe, intervalos especficos de tempo. Todos os movimentos e combinaes do Sol, da Lua e dos planetas foram anotados com cuidado e reproduzidos graficamente nos rolos de pergaminho. No havia na poca televiso, rdio, cinema e outras diverses. Assim, as pessoas tinham tempo bastante para observar as estrelas volta de fogueiras ao ar livre. Muito tempo antes, seus ancestrais haviam descoberto figuras no firmamento. Algumas lembravam animais como o urso, o touro, o cavalo, o leo, etc. A esse respeito discutiam longamente, at concordar num nome apropriado.

Agora se dava muita ateno ao movimento do zodaco. O mnimo detalhe era estudado a fundo e descrito em mincia. As pessoas achavam que a causa da catstrofe talvez estivesse oculta nesse movimento. Notavam que o Sol e as estrelas sempre se erguiam no ocidente (hoje, no oriente), de modo que as estrelas precisavam de uma noite inteira para cruzar o cu. Alm disso, observaram que diferentes signos estelares eram vistos em diferentes estaes. Jamais sucedia que um novo signo estelar aparecesse de repente a oeste. Tudo evidenciava uma ordem e uma regularidade previsveis, o que consolava aquelas pessoas da perda conseqente catstrofe. Com o passar do tempo, os atlantes descobriram outros fenmenos estelares. Algumas estrelas surgiam ou se punham pouco antes do nascer do Sol, com pocas e lugares variando conforme as estaes. Isso foi na verdade mera redescoberta do que os ancestrais j conheciam. No entanto, graas sua dedicao e habilidade, os atlantes puderam explorar em profundidade inmeros cdigos celestes.

Fizeram mais: pesquisaram a constelao de rion e a estrela Srius com enorme curiosidade. Se voc abrir, na tela de seu computador, a imagem do cu estrelado aps a catstrofe, ver que isso bastante lgico. Na poca, rion dominava as pores norte e sul do firmamento, sendo a constelao mais brilhante. Srius, estrela grande e luminosa, alinhava-se com rion e o zodaco. Por isso recebia tamanha ateno.

Aps o desastre, a vida foi voltando ao normal naquele vasto continente. As pessoas descobriram metais como o ferro, o cobre e o chumbo, logo aprendendo a utiliz-los. Confeccionavam belos ornamentos de ouro e prata, e atribuam valor teraputica a pedras "preciosas", originrias da essncia dos doze signos do zodaco. Avanando em conhecimento e uso racional das matrias-primas, decidiram construir edifcios religiosos, como, por exemplo, uma imensa estrutura de oito quilmetros de dimetro, que lhes exigiu sculos de trabalho: o "Crculo de Ouro". Nesse edifcio inacreditavelmente grande, as "Combinaes Matemticas Celestes" eram estudadas pelos "especialistas dos nmeros", nunca se deixando de registrar as observaes astronmicas ou de outra natureza qualquer. Ali as pessoas estudavam o Sol, os planetas e as estrelas. Descobriram as leis do movimento, gravidade, cartografia e muitas outras cincias. H mais de quinze mil anos, j o famoso teorema de Pitgoras era formulado e a matemtica progredia quase at ao nvel de hoje. Por fim, esses estudos levaram ao desvendamento do maior dos segredos cientficos: a teoria do ciclo das manchas solares. Por meio de acurada deduo, os atlantes conseguiram prever os ciclos. A questo crucial eram os campos magnticos do Sol. Quando eles atingem um ponto crtico, provocam gigantescas exploses e emitem clares capazes de inverter o campo magntico da Terra. Munidos desse conhecimento, calcularam a data exata do "Grande Cataclismo" que iria destruir por completo seu pas. Em que pese ao fato de isso s ter sido divulgado no palcio real, a notcia se espalhou como um incndio. Os habitantes entraram em pnico, obrigando o sumo sacerdote a anunciar que a catstrofe s ocorreria dali a dois mil anos.

No ano 10.000 a.C., um sumo sacerdote ordenou o xodo geral porque o desastre era ento iminente. Essa histria, porm, est em meu livro anterior, O Cdigo de rion.

O Labirinto egpcio

Se voc soubesse que uma cpia idntica do "Crculo de Ouro" est hoje sob as areias do Egito, teria todos os motivos para alertar os mais ferrenhos escavadores de tesouros do mundo. Entretanto, eles no precisam procurar mais porque Gino e eu descobrimos sua localizao. S aguardamos patrocnio para trazer luz esse monumento perdido, onde segredos importantssimos esto guardados.

Tambm j se sabe o que encontraremos l: papiros egpcios anunciando coisas inacreditveis que ainda esto por vir. H, em alguns livros de Slosman, vrias informaes sobre o Labirinto. Segundo sua decifrao dos hierglifos, os arquivos falam de uma civilizao idntica em cultura e formao dos egpcios, tanto quanto em leis, arte e diplomacia. O conhecimento secreto que aqueles homens possuam, oculto em textos sagrados, de modo algum podia ser perdido. Os aspirantes a sacerdote absorviam-no a fundo. Num perodo de quatro anos, deviam estudar criteriosamente 42 manuais, preparados no prprio Labirinto. Os dois primeiros contm hinos em louvor de Pt e R. Os dois seguintes, crnicas dos faras, que remontam a trinta mil anos!

Figura 4. Trecho do "Livro dos Mortos", que traz um poema pico sobre os "Sobreviventes" e a ressurreio de Osris (ver Captulo 3). O original dever ser encontrado no Labirinto.

Os textos so exatos porque coincidem com as combinaes matemticas astrais do zodaco. Existem tambm os "Livros das Quatro Eras" sobre astronomia, cuja primeira verso remonta ptria original dos egpcios: Aha-Men-Ptah, nome mais tarde transcrito foneticamente para "Atlntida". O primeiro desses escritos discute o passado astronmico; o segundo, a poca na qual foram redigidos e o futuro; o quarto dedicado exclusivamente a Pt. Dez escritos explicam em detalhe a religio tradicional com seus cultos e cerimnias. Quatro abordam o saber mdico, a estrutura do esqueleto, os instrumentos cirrgicos e as plantas de propriedades curativas. Dez livros contm leis, um tesouro inestimvel repleto de segredos. Outros textos falam do modo como os habitantes escaparam catstrofe anterior e de sua fuga para Ath-Ka-Ptah (Egito). Que mais se poder encontrar no "Crculo de Ouro"? Mais do que possvel imaginar!

Em seu centro v-se um crculo com a imagem do zodaco de Dendera onde os doze signos estelares aparecem em escala ampliada. Pt est de p no ponto central e deve ter tido uma esttua para alm de qualquer descrio. Nut, me de Osris, posta-se ao lado. No segundo crculo h coisas mais complicadas para contemplar. Elas ilustram, aqui, os 36 elementos que permitiram aos atlantes calcular com boa antecedncia a primeira catstrofe. Isso foi da mxima importncia: sem os clculos, ningum teria sobrevivido ao cataclismo, bem mais terrvel que o de 21.312 a.C.! Alm disso, seu pas desaparecera completamente sob o Plo Sul (aps a inverso polar). Geb, ltimo governante de Aha-Men-Ptah morto na primeira catstrofe, tambm aparece na imagem. Traz cabea o peso da Terra, que deveria ser ressuscitada por intermdio de sua esposa Nut. Ela escaparia e, junto com os outros sobreviventes, lanaria as bases da nova ptria.

Sem um bom conhecimento dessa mescla de fatos histricos e espirituais, no se pode fazer uma reconstituio confivel da histria do Egito. A Grande Esfinge, por exemplo, tem forma de leo porque a catstrofe anterior ocorreu na Era de Leo. No zodaco de Dendera, existem linhas quebradas embaixo do leo, simbolizando as ondas do gigantesco maremoto.

O Labirinto contm ainda sries de hierglifos que narram o xodo para o Egito e ilustraes que antecipam uma nova Era, como Touro e ries. Alm disso, mostram um impressionante planisfrio (mapa do cu com dois hemisfrios) que inclui uma enorme quantidade de estrelas. E, mais importante que tudo: podemos aprender ali como calcular uma inverso polar! Em suma, o conhecimento a ser encontrado no Labirinto supera qualquer outra descoberta arqueolgica. Tomara que no precisemos esperar tanto por esse momento.

Figura 5. O Labirinto contm um impressionante planisfrio onde est gravada a data exata da inverso polar anterior. Temos de encontrar esse edifcio o mais breve possvel.

Conseqncias para o mundo

Nunca a escavao do Labirinto foi to urgente como agora; a no ser assim, a humanidade correr grande perigo. H doze mil anos, uma civilizao altamente desenvolvida governava o planeta. Naquela poca, as pessoas tinham conhecimentos sobre geometria espacial, geologia, matemtica e geografia. Navegavam pelos oceanos e possuam calendrios incrivelmente precisos - a prova disso se acha guardada no Labirinto. A descoberta deles, por si s, mudar para sempre a histria da Terra. Ademais, estaro ao nosso dispor a prova de onde extraram seu conhecimento e a sabedoria para predizer a destruio da Terra. A princpio, causar pnico a idia de que nossa civilizao logo ser arrasada por um formidvel desastre geolgico. Mas, logo depois, no mundo inteiro se tomaro precaues a fim de preservar o saber mais importante e precioso para os sobreviventes da tragdia.

Durante minha pesquisa, vrias vezes fiquei impressionado com a cincia avanada desses gnios antigos. Em muitos pontos, ela atingiu um nvel bem mais elevado que o da nossa. As pessoas conseguiam calcular de antemo rbitas exatas de mais de quatro milhes de dias, coisa que ainda no sabemos fazer perfeitamente. Com base em numerosos fatos, deduziram a destruio final da Terra. Sabiam que um acontecimento desses se repete ciclicamente e transformaram-no no elemento fundamental de sua religio. Espero que, j agora, todos reconheam a extraordinria urgncia da descoberta desse centro astronmico. Se no comearmos a escavar logo, a grave misso de informar as geraes posteriores sobre a catstrofe iminente ter falhado. Como j se mencionou diversas vezes neste livro, tal desastre poder significar o fim da humanidade. Penso que, no mundo, existem seres humanos de bom senso em nmero suficiente para conduzir a bom termo a tarefa de trazer luz o Labirinto. De outro modo, a mais formidvel catstrofe da histria apagar para sempre as pegadas do homem.

Fatos sobre o Labirinto

Embora poucas pessoas hajam ouvido falar dele, o Labirinto mesmo o maior edifcio jamais construdo por mo humana. No h superlativos para descrev-lo, de sorte que apenas darei um exemplo: ele encerra o "Crculo de Ouro", o lendrio recinto a que se refere o Livro dos Mortos dos egpcios. Ele feito de granito e coberto de ouro. Dentro esto armazenados documentos sobre a histria do Egito e o saber astronmico de sua civilizao. O prdio tem dimenses gigantescas, motivo pelo qual sua construo levou anos. Os operrios trabalharam com afinco na "Casa Dupla" das "Combinaes Matemticas Celestes" durante 365 anos (de 4.608 a 4.243 a.C.). Comparao: a maior das pirmides foi construda em cerca de vinte anos! Por isso, no causa espanto que o comprimento total seja de 48.000 cvados egpcios (1 cvado egpcio = 0,524 metros) ou 48.000 x 0,524 = 25.152 km!

Se voc se perdesse no Labirinto, certamente morreria porque muitas das paredes eram movedias - um dos aspectos que fazia dele, de fato, um Labirinto! Antigas escrituras falam de pessoas que ali penetraram e, desnorteadas, morreram de cansao. Ningum sabe como est hoje o edifcio, mas, considerando-se a tcnica superior de construo dos egpcios, ns certamente ficaremos espantados ao v-lo. Alguns cmodos so certamente vastos, com constelaes inteiras gravadas no teto ou nas paredes. Alm disso, o conhecimento astronmico prtico dos egpcios ilustrado em compridas paredes e pode ser lido nos hierglifos - como, por exemplo, a contagem regressiva da catstrofe antiga at a de 2012.

2

OS SOBREVIVENTES DE ATLNTIDADepois de ler em Le Grand Cataclysme (e transcrev-la em O Cdigo de rion) a narrao do que aconteceu em Atlntida, eu certamente fiquei ansioso para saber o resto da histria. Sa sem demora cata do outro livro de Slosman, Les Survivants de l'Atlantide, mas ele estava esgotado h anos e no fora reeditado. Era difcil encontr-lo. Por isso resolvi ir at a Biblioteca Nacional de Paris, onde certamente haveria um exemplar. A 3 de janeiro de 1998, dia de meu 43. aniversrio, tomei o TGV na estao ferroviria de Anturpia. Horas depois descia na Gare du Nord, a enorme estao em que trens chegam e partem um atrs do outro. Bem em frente, peguei o metr at o famosssimo museu do Louvre, onde se exibem antigas pinturas e obras de arte. A venervel biblioteca, fundada por ningum menos que Napoleo, fica perto dali. Quinze minutos depois cheguei e pedi um bilhete de entrada para o dia inteiro.

Passando pela porta bem guardada, mergulhei no corao do edifcio, imponente e de vasta cpula, belamente decorada com uma profuso de imagens coloridas, gravadas a ouro. Recorri ao meu melhor francs para pedir instrues e uma funcionria atenciosa mostrou-me como inserir no computador o carto que apanhara na entrada. Assim, poderia solicitar eletronicamente qualquer livro. Decorridos alguns minutos, obtive o nmero correspondente. Ao ouvi-lo, a funcionria sorriu. Acompanhou-me, apertou um boto e mostrou-me a cadeira que me fora reservada. Em meia hora o livro estaria em minhas mos! Enquanto isso, olhei volta, curioso c admirado. O lugar estava cheio. Muitos visitantes registravam informaes em seus laptops. Quinze minutos depois o livro chegou. Com um fundo suspiro de alvio, abri-o e vi que tinha quase trezentas pginas! No seria possvel l-lo em duas horas, por isso me dirigi ao setor de cpias. Mas tive uma surpresa desagradvel: no era possvel copiar livros nem lev-los para casa. Por isso que eu vira tantos laptops. Acontece, porm, que no me dou por vencido com tanta facilidade. Fui diretamente ao escritrio da administrao. Depois de muita conversa e muito ir-e-vir de sala em sala, fiz alguns progressos. Teria de preencher um requerimento em vrias vias dizendo como e por que precisava de uma cpia. Mais tarde, me informariam se ele fora ou no deferido. Deixei a biblioteca resmungando e voltei estao.

Figura 6.

Duas semanas depois, recebi uma nota esclarecendo que o livro no estava totalmente esgotado e eu poderia pedi-lo ao editor, o que fiz logo em seguida. Mas o editor respondeu que a edio estava de fato esgotada. Quase em desespero, enviei uma cpia da resposta do editor biblioteca, acompanhada de uma carta pormenorizada. Nela, expliquei que precisava de uma cpia do livro para empreender algumas escavaes no Egito. Os funcionrios sem dvida se mostrariam receptivos a semelhante apelo, pois h pouco fora aberto um grande departamento egpcio no Louvre.

Passadas trs semanas, recebi uma fatura de quinhentos francos franceses, quase cinco vezes o preo do livro. Mas que poderia eu fazer? Mandei-lhes um cheque imediatamente... e uma semana depois recebi outra fatura no mesmo valor! Fiquei semanas tentando resolver esse mistrio, mas por fim soube que um pacote registrado me esperava no correio. Apanhei-o, impaciente, e comecei a ler o livro.

O que se segue um resumo da histria. Albert Slosman traduziu o material das Sagradas Escrituras, gravadas em hierglifos.Aha: o PrimognitoNa aurora da era dos "Eleitos", nasceu um "Primognito" cumulado de dons especiais: seu nome era Aha. Ele ensinou a Lei Divina da Criao e, por esse motivo, milhares de anos depois todos os reis das dinastias egpcias eram chamados de Per-Aha (descendentes do Primognito), termo que os gregos verteram foneticamente para pharaon, fara. Esses descendentes do Primognito sabiam ter sido feitos a imagem e semelhana do Criador. Assim, era de vital importncia para eles cumprir as Leis Celestes. Uma Aliana consagraria a Harmonia.

No obstante, com o passar do tempo, parte do conhecimento se perdeu. O homem se julgou Deus, o que provocou a enorme catstrofe de 9.792 a.C. Uma onda gigantesca varreu dezenas de milhes de Eleitos do Criador. Da por diante, aquela terra mirrada de A-Men-Ta passou a ser chamada O Imprio dos Mortos. Profundamente abalados, os sobreviventes decidiram fazer uma nova Aliana com seu Criador. Deram-Lhe graas por ter escapado e pediram-Lhe perdo por suas faltas. Para que se instaurasse a Paz Eterna na Terra, dessa vez o tratado devia ser indestrutvel. Registraram tudo meticulosamente, a fim de forjar cadeias inquebrantveis para todo o sempre. por esse motivo que seu xodo pode ser retraado. Da costa do Marrocos, onde desembarcaram de seus mandjits (barcos insubmersveis), seguiram uma rota previamente escolhida para o Egito, numa jornada que durou milhares de anos, sempre no mesmo grau de latitude. Isso foi empreendido pelos seguidores de Hrus e pelos Rebeldes de Seth. Seus sumos sacerdotes tinham a mesma origem tnica e, aps estudar o firmamento, chegaram a concluses semelhantes, porquanto as Leis Celestes no podiam ser infringidas.

No entanto, medida que os anos se passavam, surgiam rupturas na Aliana e o povo esqueceu seu compromisso. Esse perodo atormentado e trgico foi mais selvagem do que se possa imaginar: por mais de cinco mil anos, os cls de Seth e Hrus se digladiaram em guerras espantosas, que s cessaram quando eles alcanaram a Terra Prometida. As crnicas antigas falam com entusiasmo da chegada a Ath-Ka-Ptah (Egito), o "Segundo Corao de Deus". Os cls se uniam s vezes, quando estrelas e planetas estavam em posio favorvel. Uma nova era podia comear.

A influncia da terrvel catstrofe visvel em todos os edifcios construdos aps esse acontecimento, como a imagem dos dois lees no sarcfago de Ramss II, olhando para direes opostas. Significam que, aps o desastre, e, portanto, aps a inverso polar, a era de Leo terminou. Entre os dois animais, um Sol repousa sobre um cu invertido, ao qual se prende a Cruz da Vida. Trata-se de um smbolo do pleno renascimento da vida na Terra, mas adianta tambm a horrvel possibilidade de uma nova catstrofe - se as Leis Celestiais no forem respeitadas.

Essa constatao profundamente arraigada nos coraes foi a fora que inspirou a criao dos enormes monumentos dedicados a Pt. Constituam o cerne da nova Aliana com o Criador no "Segundo Corao de Deus". O vastssimo Labirinto, com seus trs mil compartimentos, no o nico exemplo disso. Monlitos impressionantes foram empregados em sua construo, que exigiu 365 anos. Afora ele, o templo de Karnak e as pirmides de Giz constituem pontos altos no culto a Pt. Em todas as paredes de templos possvel encontrar hinos e textos gravados em honra do Criador. A f intensa desse povo originou-se de sua ressurreio numa nova ptria. Ainda que, no correr dos anos, a fantasia tenha se mesclado aos fatos, isso no faz diferena alguma. Os antigos egpcios estavam absolutamente convictos de que suas crenas herdadas eram pura realidade, de modo que conformavam por elas todos os seus atos. Vale notar que a histria dos antigos egpcios lembra muito a da religio catlica, inclusive a ressurreio de Osris.

Figura 8. Os dois lees, olhando para direes opostas, indicam que a Terra, aps a catstrofe prvia, comeara a assumir a posio inversa.

Depois da catstrofe

Naquela noite, os sobreviventes assistiram aos derradeiros espasmos de Aha-Men-Ptah. Aps violentos terremotos, a capital do pas desapareceu sob as guas que subiam cada vez mais; uma aura avermelhada, irreal, envolvia o continente que se abismava. De seus barcos, os fugitivos viam os vulces expelir lava para os cus, enquanto sua ptria mergulhava no oceano. Ela fora sua morada por sculos sem fim e agora praticamente desaparecera. O sofrimento deles, porm, no terminara. Raios de luz macabros, imensos, danavam volta dos mandjits enquanto os tripulantes forcejavam por vencer o mpeto do furaco. Ningum sabia se iria escapar. A noite parecia durar uma eternidade; a Lua e as estrelas faziam movimentos abruptos. De novo os vulces explodiram, lanando seus destroos mortais at junto dos barcos. Um forte cheiro de enxofre contaminava o ar enquanto, ao mesmo tempo, uma coluna de luz gigantesca, apocalptica, erguia-se para o alto. A noite findara; no era iluso e sim uma realidade matemtica, pois a crosta terrestre agora se deslocava por milhares de quilmetros. No apenas os sobreviventes, mas tudo na Terra fora engolfado no desastre. Civilizaes florescentes, sem saber o que estava acontecendo, desapareceram. Dezenas de espcies animais encontraram seu fim inapelvel. E a aparncia da Terra ia mudando a olhos vistos. Montanhas surgiam do nada, depresses se formavam. Por toda parte a gua subia a nveis catastrficos, enquanto os furaces varriam a superfcie terrestre. Os sobreviventes tinham de ficar de p, tarefa difcil num mundo que deslizava. s vezes o cu parecia clarear; mas era simples iluso. Por fim, um milagre: um novo dia comeou a nascer. Os aflitos sobreviventes gritaram, jubilosos - mas logo uma grande surpresa se tornou visvel no cu.

Aquilo era realidade ou miragem? Talvez um fenmeno celeste ainda mais difcil de entender que o anterior os estivesse enganando. Mas, e se fosse real? Quem poderia dizer? A nvoa onipresente e ftida ainda os rodeava, impedindo-os de avistar nitidamente os raios difusos. Estes, em seguida, ganharam mais brilho: anunciavam o nascer do Sol no leste! Gritos de espanto ergueram-se dos frgeis barcos. No podiam acreditar no que viam. O Sol se levantava no lugar onde se pusera! Tomados de surpresa, os sobreviventes apontaram para o movimento invertido do astro. Isso, para a maioria deles, era um enigma indecifrvel. No entanto, alguns sacerdotes conseguiram compreender por que a noite fora to horrivelmente longa. A Terra, antes, se movia de leste para oeste, mas por causa da catstrofe invertera o curso, tornando a noite mais longa. A crosta terrestre se modificara, acrescentando ainda mais horas escurido.

Uma onda gigantesca, provocada por abalos no fundo do mar, avanou contra eles. Isso fez com que desviassem a ateno do milagre e se concentrassem no perigo iminente. Sobreviver, eis o que importava! Os mandjits se sacudiam na gua. "Conseguiremos superar isso?", perguntavam-se os exaustos passageiros. Mal conseguiam agentar-se. Em condies normais, os barcos podiam resistir s ondas mais impetuosas do oceano; mas aquela era uma seqncia de todos os acidentes naturais possveis, que ningum jamais enfrentara antes. Amarras se desfaziam, velas se esfarrapavam, lemes se quebravam, apareciam rombos nos costados. J muitos dos barcos no conseguiam flutuar. No momento, os homens no percebiam que uma nova lei Celestial Harmnica entrara em vigor. O Criador lhes dera a possibilidade de iniciar uma nova existncia. Para mostrar isso, o tempo comeara a correr num novo ano solar, com tudo o que havia no cu movendo-se na direo oposta do ano solar anterior. Vrias horas depois, naquele dia inesquecvel, ficou claro que a Harmonia se tornara cclica novamente. Os elementos se acalmaram.

Figura 9. chegada a hora! Osris assume o fardo dos erros humanos coroando-se a si prprio com o Sol Morto para que um Novo Sol nasa no leste e se torne um instrumento de Deus.

Nos dias seguintes, uma gente plida, ensandecida, foi lanada s costas do sul do Marrocos, numa extenso de centenas de quilmetros, pelo mpeto das ondas. Isso s fora possvel graas construo frgil, mas impecvel, dos mandjits sabidamente insubmersveis. Grande nmero de cadveres juncou as praias da nova linha costeira, aumentando o risco de epidemias. E seu sofrimento ainda no acabara. Noite aps noite viam em sonhos imagens de corpos despedaados, com faces retorcidas e olhos esgazeados de horror. S alguns daqueles infelizes puderem ser sepultados. Os outros foram devolvidos ao mar, onde as vagas os empurraram para o fundo, transformando-os em alimento para peixes e crustceos.

Afora o lenol imenso do mar, alguns picos e vulces que escaparam ao dilvio ainda podiam ser vistos. Voluntrios saram procura de sobreviventes e depararam com alguns habitantes primitivos da terra, que teriam vindo das "Ilhas Afortunadas", nome utilizado at o sculo XVI, quando o local passou a ser conhecido como "Ilhas Canrias".

No lugar onde os sobreviventes se reagruparam, fundou-se uma cidade que recebeu o nome de Nut, a "Senhora do Cu", me de Osris e derradeira rainha de Aha-Men-Ptah. Ainda hoje o local chamado de cabo Nut. As crnicas falam em 144 mil pessoas que escaparam ao desastre. Coisa estranha, esse nmero coincide com a pregao das Testemunhas de Jeov, segundo as quais, aps o "Fim dos Tempos", somente 144 mil eleitos sero recebidos no Paraso. Isso se baseia, sem dvida, na histria egpcia (se as Testemunhas de Jeov quiserem sobreviver ao prximo maremoto, aconselho-as a que construam urgentemente uma nova Arca).

Nos primeiros dias aps a catstrofe, os sobreviventes mal sabiam o que fazer. A enorme tristeza pela magnitude da desgraa roubara-lhes o impulso vital. Alguns estavam desesperados, lamentando a perda dos entes queridos. Outros refletiam sobre a situao e outros ainda se sentiam to desesperados que pareciam em transe, olhando para o nada. As coisas nunca mais seriam como antes, disso todos estavam absolutamente certos. Haviam por ora conseguido abrigo numa nova terra, nada mais. No voltariam a ver sua antiga ptria. Por oito longos dias, o Sol se levantou no leste; e, de sbito, gritos de alegria partiram da multido. Nftis e Osris haviam desembarcado! Apesar de viver no Alm, Osris continuava a ser o Primognito de Deus. Sem saber muito bem por que, todos logo se sentiram reanimados, mais fortes e confiantes. A irm gmea de sis, com seus quatro filhos, juntou-se ao marido, o Sumo Sacerdote. Nunca duvidara de que devia cumprir uma misso sagrada. Na manh seguinte apareceu um mensageiro dando a boa notcia de que Nut, a Rainha-Me, estava a caminho. A multido saudou entusiasticamente sua chegada. Ela deu ordem para se edificar sem demora uma aldeia. Todos trabalharam juntos e isso foi feito. Em seguida, Nut instruiu os trabalhadores a erguer uma alta muralha de terra volta da povoao. Nada ali lembrava seu palcio Ath-Mer, mas ela no se importou. Resignara-se ao fato de que a aldeia lembrava as que existiam antes da catstrofe. Ironicamente, milhares de anos haviam se passado e ei-los de volta ao comeo!

Nessa fase de ajustamentos, um aspecto permaneceu quase ignorado. Depois de ter uma viso, Nftis e outras mulheres construram um pouso definitivo para Osris. Na viso, fora-lhe dito que no sepultasse o corpo do Primognito nem o retirasse do couro de boi onde estava envolto. O marido de Nftis, o Sumo Sacerdote, chegou a protestar contra isso, mas, sabendo-a uma Vidente, no insistiu em outras medidas. Nut, me de Nftis, s com dificuldade aceitou o adiamento do funeral.

Os "Anais das Quatro Eras" contam assim a histria:

"S sis pode tomar sobre isso uma deciso, mas no temos nenhuma notcia dela...

"Me extremosa que , est cuidando de seu filho gravemente ferido. Logo chegaro aqui.

"Que boas notcias! Andvamos to preocupados! Dizei-me, no seria conveniente que alguns homens os fossem buscar? Onde est ela?

"Me, eles no precisam de ajuda porque logo os encontraremos. Convm preparar cabanas suficientes para aqueles que os acompanham."

Enquanto essas palavras eram proferidas, sis, esposa de Osris, ainda labutava no mar, indagando-se desesperadamente sobre seu futuro. Na qualidade de viva e ex-rainha de um pas destrudo, seu futuro parecia dos mais sombrios. S seu filho Hrus a encorajava a viver. Ento, de sbito, ela ouviu vozes. sis, apesar de exausta, abriu os olhos e olhou em derredor. A costa estava bem prxima e no tardou que o mandjit encalhasse com um rudo spero. Num ltimo esforo, ela pousou o filho na praia, o mais longe possvel da gua, sob a sombra de umas rvores desenraizadas. Logo um pequeno grupo de sobreviventes a cercava. Haviam se embrenhado terra adentro e deparado com uma barreira de montanhas, de modo que voltavam de mos vazias. Embora sis estivesse muito fraca, as pessoas prontamente a reconheceram. Homens e mulheres caram de joelhos. Em seguida, apressaram-se a confeccionar duas camas para a famlia real e, noite, todos dormiram junto dela. Logo ao amanhecer iniciaram a jornada; dois homens carregavam Hrus. Com imensa alegria encontraram um grupo de vinte pessoas; elas disseram a Hrus que a Rainha-Me procurava reunir os sobreviventes desejosos de fundar um "Segundo Corao de Deus". Hrus ento resolveu caminhar pelos prprios ps, o que retardou muito a marcha. Aps uma jornada de vinte dias, chegaram aldeia primitiva. O encontro fez com que a alegria a todos dominasse.

Enquanto isso, Seth conseguira juntar parte de suas tropas num local situado a dois dias de marcha para o sul, perto de um poo chamado E-Lou-Na ou "Os Fugitivos do Cu". Ficou extremamente irritado ao saber que sua famlia colaborava na fundao de uma vida nova. Como podiam sua me e suas irms fazer aquilo com ele? Ps-se a urdir uma vingana e logo seu crebro se inflamava com os novos planos. Cheio de clera, ordenou s tropas que tomassem a cidade. Mas os soldados se rebelaram, pois ningum queria continuar a guerra. E o tirano, baixando a cabea, teve de reconhecer por ora sua derrota.

Enquanto isso, Nftis ensinava irm gmea: "Os sinais celestes nos serviro de guia, dando-nos a conhecer de que modo pecamos contra as Leis de Deus. O Grande Poder, o Leo, nos dominava e por isso ocorreu a destruio. H muito, muito tempo, um desastre semelhante pesou sobre ns, sob as mesmas circunstncias. Deus queria que entendssemos. Por isso Ele se manifestou ao nosso povo por intermdio do Sol, fazendo do Leo o executor de suas leis. Conexes harmnicas agora nos possibilitam estabelecer uma nova Aliana com o Leo e seu duplo. por isso que o Sol passou a mover-se em sentido inverso, na constelao de Leo. S um Descendente poder formar esse vnculo entre o povo e o Pai, Deus. To logo o teu filho se recupere, ser iniciado como Per-Aha. Essa iniciao restaurar a Aliana com os Doze. O vnculo une a Terra aos Cus e proteger nosso povo para todo o sempre. No dia em que esse vnculo for rompido, uma catstrofe ainda pior destruir nossa civilizao. S o que restar sero pedras a simbolizar um passado glorioso."

Figura 11. A imagem esotrica do mandjit de Hrus.

Essas ltimas palavras ficaram ecoando de maneira sinistra nos pensamentos de sis. Ela jamais as esqueceria. Algum tempo depois, Nftis concluiu que os tempos estavam maduros para o projeto de Deus. Ela teve ento a honra de executar aquilo que Ele escrevera. Na presena de seu amado Sumo Sacerdote, sis e seus aclitos iniciaram a cerimnia.

"Que nosso ilustre Sumo Sacerdote pronuncie as frmulas purificadoras para acordar Osris de seu longo sono. Que comece o antigo ritual para a Proteo dos Vivos. Que o Filho do Primognito seja devolvido aos que o amam e a todos os seus descendentes!"

Os servos de Deus adiantaram-se para o corpo envolto no couro de boi. Os assistentes se ajoelharam e, em voz lmpida e bela, o Sumo Sacerdote conclamou: "Reverenciai o Senhor neste momento especial para que Ele nos ajude com sua infinita misericrdia."

E prosseguiu em palavras igualmente edificantes, que seriam conservadas para sempre, como o "Hino a Osris", no futuro "Livro dos Mortos".

Honra a Ti, Pai de quantos aqui se acham, por tudo o que nos deste aps nossa chegada a esta terra. Vem a ns, Pai Sapiente, para que Te devolvamos ao final desta cerimnia Osris, Teu filho e pai de Hrus. Ele nasceu de Ti e para Ti voltou, Pai dos bem-aventurados no Alm. Mas pedimos que no-lo devolvas em forma humana...

A ressurreio de Osris

Aps orar por algum tempo, o Sumo Sacerdote e seus aclitos empunharam um escalpelo e, com cuidado, puseram-se a cortar o couro de boi. Sbito, um milagre aconteceu. Osris surgiu diante deles tal como era antes, parecendo que apenas adormecera durante algumas horas. S sua barba crescera; o resto do corpo estava perfeito e intacto, sem sinais de decadncia. Ouviram-se gritos de jbilo e admirao. Naquele momento, nada soava impossvel para sis. Somente Deus poderia ter operado o milagre. Ela o sabia. E ento uma fora espiritual, mais forte que a causa do Grande Cataclismo, dominou-a.

Correu para seu bem-amado, cujo corpo parecia vivo embora at o momento no mostrasse nenhum sinal de vida! sis iniciou uma litania, invocando a ressurreio do marido. Passaram-se mais de doze mil anos, mas a invocao ainda pode ser lida em diversas tumbas de Tebas e Sacara: " Senhor dos Espritos, este apelo tambm Teu! Tu que no tens inimigos, so os Teus filhos que Te imploram! Ouve as preces de Tua filha, que no podes repelir, pois a deixaste nascer em meu corao! Minha alma caminha para Ti, a Quem pertencem os meus olhos. Peo-te o retorno de Osris. Vem, contempla aquela que ama Teu filho e sua alma. Senhor, atende ao anseio de Tua filha!"

Figura 12. O mandjit que transportou o corpo de Osris, sem sinais de decadncia, para Ta-Mana aps o Grande Cataclismo.

De sbito, todos os presentes sentiram em si uma fora espiritual estranha, intensa. Tremeram de emoo, enquanto Nut e sis deixavam correr livremente as lgrimas. Naquele exato instante, Osris despertou como se jamais houvesse morrido. O milagre pelo qual todos haviam orado fervorosamente materializava-se diante de seus olhos. Sem poder conter a alegria, sis foi a primeira a beijar o marido. Em seguida, todos cumprimentaram Osris e recolheram um fragmento do couro de boi que to miraculosamente o preservara. Mais tarde, o objeto seria descrito como a "Fora Celestial" que, com seu "Sopro de Vida", restaura as energias vitais. Milhares de anos depois, o acontecimento constituiria a base de um culto, o compromisso entre os "Seguidores de Hrus" e o "Touro Celeste".

Entrementes, no havia limites para o entusiasmo que o povo sentia ante a ressurreio de seu rei. sis ainda no sabia, porm, que o marido regressara para cumprir uma tarefa especial: preparar seu filho Hrus a fim de que ele governasse o povo eleito de Deus. S assim as Leis e os Mandamentos divinos seriam compreendidos e acatados. No dia seguinte, Osris comeou a ministrar suas lies.

"Tu logo estars recuperado, filho meu. Teus olhos simbolizaro o despertar da nova Histria. Amanh te tomars o protetor das gentes em virtude da acuidade de teu olhar. O smbolo do dia ser teu olho esquerdo, a quem o Sol presidir quando navegar pelo Grande Rio Celeste. Teu outro olho fechado h de ser o Defensor da noite, durante a qual o tempo hesita em fluir. Sers, at o fim, o Guia de teu povo."

"Mas, Pai, ainda te encontras entre ns! teu dever conduzir o povo."

"Filho, os meus dias esto contados. Vim aqui para te ensinar os smbolos sagrados e sua significao. Olha o mar, Hrus: acalmou-se, mas no o mesmo de antes porque o Sol se levanta do outro lado. Um novo ciclo se iniciou...

"Lembro-me muito bem das profecias de teu pai, Geb", replicou Hrus. "Todas eram verdadeiras... Por que aquelas coisas aconteceram conosco?"

"Para que o povo compreendesse. Elas aconteceram porque nossos compromissos com Deus eram muito frgeis e provocaram este drama."

"Que queres dizer, querido Pai?"

"Para de novo nos ligarmos por completo ao Criador, preciso de novo respeitarmos os seus mandamentos. As nossas fontes de saber espiritual tero de tornar-se uma s. Por isso, respeitemos as novas 'Combinaes Matemticas Celestes', que nos devolvero a Harmonia com o movimento do cu."

"Mas, Pai, no Deus o responsvel por tudo isso?"

"Decerto que no, Hrus! Nossos ancestrais, os Eleitos, fizeram em tempos idos um tratado com Deus, que seus descendentes no respeitaram. Sem dvida, isso atraiu sobre nossas cabeas a clera divina. Muito antes de Geb, as foras da destruio iniciaram sua obra malfica. Egosmo, dio, inveja e muitos outros vcios iam minando a aliana. Se todos tivessem permanecido fiis e orassem, Deus se mostraria bondoso para conosco, pois o Pai de Todos. Mas os templos foram abandonados e quase caram em runas. Em conseqncia dessa impiedade que o horror do Grande Cataclismo desceu sobre ns.""Tens razo, Pai. Enquanto no olvidarem suas sagradas tarefas, os sacerdotes sero a garantia de nossa Ressurreio."

"Sim, filho. Por isso convm repetir sempre os fatos mais importantes para as geraes vindouras. Somente o ensinamento oral contnuo poder transferir nosso saber, de modo que no haja separao entre Deus e Ka, criador de suas imagens fsicas. Se assim se fizer, adquiriremos o direito a uma Segunda Ptria. O Segundo Corao de Deus chamar-se- ento Ath-Ka-Ptah em honra de nossa ptria-me e como mostra de gratido Harmonia Celestial que nos permitiu escapar para uma nova terra."

Fez-se um longo silncio antes que Osris prosseguisse: "O mar ainda est vermelho, raiado de sangue, mas logo ficar azul de novo e tudo se esquecer. Cabe a ti imprimir de vez tais fatos na memria do povo, pois, se ele os esquecer, as cadeias se rompero novamente. E ento, Hrus, eu te asseguro: ser o fim definitivo."

"Cuidarei para que a Aliana com o nosso Criador no se quebre jamais. Tambm sero de grande valia para o povo as Ordens rigorosas dos sumos sacerdotes."

"Enquanto nossa gente permanecer unida, isso ser possvel. Mas j existem dois grupos hostis. Ah, tua tarefa no ser nada fcil!"

"Que me aconselhas?"

"Tua nica misso consiste em evitar que a desavena recomece. Cada qual deve sentir que goza da proteo eterna de Deus. Alm disso, a grande prioridade at a noite dos tempos doutrinar a todos, no importa sob que governo estejam vivendo. Para tanto, grava as leis divinas nestas pedras indestrutveis, lado a lado com a histria do Grande Cataclismo, realando as datas exatas e as conseqncias do acontecimento. Os dois lees, olhando para pontos diferentes do horizonte e com o Sol no meio deles, sero o smbolo que as geraes mais jovens devero compreender."

"Sem dvida, meu Pai. Ainda preciso aprender muito. Em primeiro lugar, teremos de estudar outra vez as 'Combinaes Matemticas Celestes', aps o que nos ser possvel restaurar a harmonia perdida com o Paraso."

"Isso no ser muito difcil, filho. Acredita em mim, o Criador deixou os movimentos do Universo tais quais sempre foram: s a Terra passou a girar na direo oposta, sem deixar de percorrer seu caminho ao redor do Sol."

"Ento o Sol continua no mesmo lugar?"

Figura 15. Aqui o Sol, guiado pelo Olho Sagrado, navega em sentido diferente num cu invertido, aps o Grande Cataclismo.

"Sim. A Terra, porm, alterou seu curso e por isso agora vemos as coisas ao contrrio. Logo esse Conhecimento Matemtico ficar claro para ti. As outras lies que irs ouvir, por seu turno, faro com que concluas teus estudos por meio da meditao. Em dois meses ters ao teu dispor um saber sem paralelo. Para tanto, vou te transmitir a Palavra baseada em vinte e dois versos fonticos. Adquirirs ento um conhecimento superior. Graas ao teu nome, sers tu mesmo e ningum mais."

"Levarei a cabo a tarefa, meu Pai."

"No deixes de levar tudo isso muito a srio, filho. Os clculos dos Mestres sobre 'Medidas e Nmeros' so os nicos que contam. No permitas nunca que as pessoas brinquem com eles. Alis, deves tomar as Combinaes Matemticas ainda mais difceis de entender em sua totalidade; de outro modo, podero transformar-se em objeto de zombaria."

"Bem o sei, meu Pai. Os sumos sacerdotes foram humilhados por suas profecias, baseadas em clculos. Ainda posso ouvir palavras de sarcasmo dos

cticos, que eram muitos. Pobre Geb, o que no suportou ele para salvar os filhos da Luz nascidos em sua Terra!"

"Por isso o Senhor Geb ser chamado nos Anais de Pai da Terra: foi graas sua perseverana que os mandjits nos arrancaram quele horror indescritvel. Tu s o neto dele, Hrus, e tambm um Primognito que servir de vnculo com as prximas geraes. Graas a ti, as Leis Divinas sero restauradas."

"Compreendo, Pai."

J ento o Sumo Sacerdote voltara a examinar cuidadosamente as novas combinaes. As antigas, ele as sabia de cor. Estavam nas Sagradas Escrituras, que todos os sacerdotes ensinavam a seu Primognito, e aprendera as Combinaes Matemticas Celestes na infncia. Conhecia, pois, o mecanismo que lhes possibilitaria estabelecer uma Nova Aliana com Deus e seu Segundo Corao. Espiritualmente, preparava-se para a jornada rumo nova ptria, a qual, entretanto, no seria nada fcil. Numerosos reflexos de sis provocavam efeitos tanto positivos quanto negativos, de sorte que os reflexos aproveitveis deviam ser meticulosamente selecionados. S o que podia fazer era prescrever a rota certa a seu sucessor e a ningum mais. A jornada para Ath-Ka-Ptah (Egito) seria longa e cansativa, disso ele tinha certeza. Sabia com preciso o ponto de partida e o destino final; de permeio, havia a estrada a seguir, que no podia ser nem muito longa nem muito curta e, mais importante ainda, devia ser inspirada pela Divindade. A senda que as estrelas fixas estavam seguindo era idntica rota contrria que o Sol palmilhara em configuraes mais vastas como a de Leo. Um exame acurado de rion e Srius mostrou-lhe o rumo a tomar para o Segundo Corao. Bem mais tarde, escrituras confirmariam isto: o leste e o oeste se juntaram, com o olho vigilante do Corao do Leo apontando o caminho.

Uma gigantesca tarefa os esperava. Todos os meninos e meninas tinham de ser instrudos, conforme ordenara Hrus. No entanto, dada a falta de conhecimento, s uns poucos deles poderiam levar a bom termo o trabalho. Alm disso, a Tradio e as Fontes do Conhecimento no deviam cair nas mos de qualquer um. Para coroar tudo, as lies precisavam ser repetidas incansavelmente aos jovens, sem nenhuma falha. Estes, por seu turno, passariam o conhecimento a seus prprios filhos, gerao aps gerao, at que a Palavra se transformasse em Escritura e a civilizao fosse restaurada. Isso s aconteceria no dia marcado por Deus e no antes, pois de outro modo as Leis Divinas seriam violadas. Assim os descendentes, num futuro distante, dali a sculos ou mesmo milnios, poderiam recomear na nova ptria o aprendizado e o ensino de todas as cincias. Era um empreendimento arriscado, mas o nico possvel, se quisessem resgatar a Harmonia com as Leis Celestiais. O Sumo Sacerdote reviu pacientemente seus clculos. O tempo fluiria devagar em sua marcha oposta ao Grande Rio Celeste, que corre junto s doze constelaes.

Alm disso, o ciclo solar permaneceria em Leo por muito tempo ainda, tornando a viagem mais longa. No entanto, mesmo quando o Sol sasse de Leo, o momento no seria favorvel o bastante e conviria esperar pela era de Touro. No futuro remoto, e no antes, seria dado ao povo edificar o Segundo Corao.

Enquanto o Sumo Sacerdote examinava as diversas possibilidades, sua esposa Nftis se encontrava com Hrus, seu sobrinho. Onisciente que era, fez logo a pergunta certa: "Ests aborrecido por que, filho de minha irm adorada?"

"Meu Pai sugeriu uma Aliana com Deus por meio da F incondicional em nosso Criador."

"E no concordas com isso?"

"Aceito sem problemas a Aliana. Mas a F no ser eterna e, assim, a continuidade da Aliana talvez se revele impossvel."

"Hrus, entendo bem tuas dvidas, mas a F a nica base de que dispomos. Tem de ser passada s futuras geraes, do contrrio tudo se perder. A catstrofe tambm foi provocada pelo atesmo absoluto, que, se reaparecer, levar ao fim da humanidade."

"Queres dizer que um cataclismo destruir nossa nova ptria?" Nftis silenciou e olhou intrigada para Hrus. Depois, prosseguiu: "Por favor, no tornes a Lei Celestial mais difcil do que j . A F bastar para explicar as 'Combinaes Matemticas Celestes. Nos anos vindouros, sacerdotes e 'Mestres', dos quais s o primeiro, precisaro cooperar uns com os outros para professar o dogma de Deus, tanto quanto Seu poder sobre todas as coisas e seres, sob quaisquer circunstncias."

Figura 16. O Leo olha para a direita, enquanto todos os rostos dos hierglifos se voltam para a esquerda. O Olho Sagrado aparece em suas duas posies: a antiga, esquerda, e a nova (Criao), direita.

"No ser essa tarefa pesada demais para mim?"

"No, certamente: s a imagem do Criador. Esse conhecimento proteger nosso povo. Tens capacidade para garantir que todas as crianas e seus descendentes se convenam desse fato. E, o que mais, deves ensinar a Lei Celestial em toda a sua glria, sem nada mudar nela. A F ter de ser parte integral da vida. Tu procedes do Primognito e sers o guia do qual ningum duvidar. Assim, o acordo se transmitir de gerao em gerao, de forma natural. Deus ento nos recompensar com um longo perodo sem ameaas do Cu, perodo cuja durao Ele prprio prescrever."

Enquanto isso, Osris visitava o Sumo Sacerdote e perguntava-lhe: "Os novos clculos so difceis?"

"Deus foi bom para conosco, Osris. Tudo permanece o mesmo, apenas ao contrrio. Amanh ministrarei minha primeira lio, fornecendo as bases que determinaro a rota para nossa Segunda Ptria. H indcios de que, sob uma estrela favorvel, num futuro distante poderemos elaborar um novo calendrio, ao qual precisaremos nos adaptar."

"Pensas em Srius para estabelecer o Ano Divino?"

"Sim, essa estrela o centro de nossa nova Aliana com Deus." "Quando se iniciar o novo calendrio?"

"As observaes que fizemos nos ltimos dez dias so muito interessantes. Os clculos mostram que o Sol permanecer em Leo por quase todo o seu ciclo."

"So boas notcias. Nosso conhecimento permitir aos nossos descendentes manter a Aliana at o final dos tempos."

Essa conversa, ocorrida no muito depois do Grande Cataclismo, haveria de ser decisiva para o futuro do Egito. Porm, a profecia de Osris se dissolveria na nvoa dos milnios, sobretudo por influncia das invases dos persas, gregos, romanos e rabes. O conhecimento da ascenso e queda cclicas das civilizaes, bem como o das inverses polares, perderam-se por completo juntamente com a profecia.

A vida prosseguiu e Seth tinha de novo a obedincia de seus soldados. Declarou que o Sol os criara e, portanto, eles deveriam reverenciar R. Deulhes tambm um novo nome, "Ra-Seth-Ou", ou seja, os "Soldados do Sol". E, para ter o Sol completamente de seu lado, dirigiu as seguintes palavras a R: "Inunda-me com teus raios benfazejos, Sagrado Criador! Possa o meu cetro, com tua aquiescncia, dar a ordem de destruio de todos os meus inimigos!"

No bastasse isso, um exrcito, levando na retaguarda mulheres e crianas, pe-se em movimento. Pouco depois, encontraram as tropas de Hrus. Seth no podia acreditar que o primo ainda estivesse vivo. Hrus bradou: "Parai, soldados! Sou eu quem vo-lo ordena. Deus permitiu que escapsseis, mas, se nos chocarmos, Ele enviar vossas almas diretamente para o Alm!"

Seth, contudo, no lhe deu crdito. "Sentirei imenso prazer em matar-te, coisa que muito lamento no ter feito por ocasio de nosso ltimo encontro! Na qualidade de Senhor de um novo pas, esse o meu dever, tanto mais que no te assiste direito algum ao trono."

"Tens certeza de que s o novo Senhor?"

Sem perceber exatamente o significado dessas palavras, Seth olhou volta, perplexo. Uma voz sonora quebrou o silncio:

"Deveis todos vos envergonhar de vs mesmos! Quanto oprbrio! Haveis esquecido que sois filhos de Deus?"

Seth reconheceu imediatamente a voz e sentiu-se abalado. As seguintes palavras pioraram ainda mais as coisas para ele: "Sim, sou eu, Osris! Voltei para dizer-te que Hrus o nico e verdadeiro sucessor. Hrus, descendente do Sol, o Touro Celeste que regressou Terra. S ele dispe da autoridade divina para conduzir o povo ao 'Segundo Corao de Deus', onde o espera a fortuna e a felicidade."

Cheio de clera, Seth respondeu: "Tu no passas de uma rplica, sem corpo e sem alma. Vai-te, fantasma das trevas!"

"No, sou eu mesmo! E por isso transfiro a Hrus minha autoridade celeste. Digo a todos com clareza: eu, Osris, coloco Hrus no trono desta Segunda Terra. Ele ser o Senhor incontestvel e o primeiro Per-Aha de uma srie de descendentes celestes. Aqueles que no concordarem com isso que falem agora! E partam logo, para no sofrer nenhum dano. Mas tomem cuidado aqueles que aqui permanecerem com corao impuro!"

Essas palavras hipnotizaram as mulheres e crianas que acompanhavam Seth. Elas recuaram, inquietas. Seth devia ir adiante com suas tropas. Milhares de anos depois essa antiga conversa ficaria gravada em inmeros templos como a Luta dos Gigantes, os "Seguidores de Hrus" contra os "Rebeldes de Seth". E, de novo, a vida prosseguiu.

Os "Seguidores de Hrus" perceberam que necessitavam de certos materiais essenciais para reconstruir a nao. Um desses materiais era o ferro. Osris decidiu encabear, ele prprio, uma expedio. Hrus reuniu quarenta de seus melhores e mais leais soldados. Nftis provocou certo mal-estar ao insistir para que seu Primognito, Anbis, fosse com eles. Sem pedir explicaes, o Sumo Sacerdote, marido dela, concordou. Nftis teria certamente boas razes para fazer a exigncia, dada a pouca idade de seu filho. Anbis, em companhia de seu enorme co, seguiu fielmente o grupo. Dois dias depois, a expedio passou a avanar a passo mais lento. Osris sabia onde encontrar uma mina de ferro. Uns velhos marinheiros, antes do Grande Cataclismo, lhe haviam descrito a rota para o lugar. Infelizmente, a conflagrao modificara-o muito, a ponto de no mais condizer com as lembranas de Osris. Nos dias que precederam o desastre, havia por ali um rio selvagem correndo por uma rea de vegetao luxuriante. Agora o que se via era uma montanha extremamente alta, situada numa paisagem devastada. Osris no conseguiria abrir caminho para o norte, em tal situao.

Uma serpente enorme e faminta enroscou-se de sbito em tomo de Anbis. O vigoroso co correu em seu auxlio e, por esse simples ato, tornou-se da por diante o mascote do grupo. Os dias fluam lentamente at que uma cadeia de montanhas alteou-se no horizonte, coberta de neves eternas. Osris sabia que aquela era a direo certa e, com redobrada coragem, o grupo se ps novamente em marcha. medida que avanavam, a temperatura baixava rapidamente; mas, antes que os primeiros flocos de neve cassem, encontraram uma passagem entre duas montanhas, e o caminho comeou a descer. O aspecto fsico do terreno mudara por completo. Visto de cima, o que antes parecia um lago transformara-se numa imensa plancie de areia. Quando eles se aproximaram, era como se andassem sobre um mar extinto. Paredes a pique erguiam-se onde antes havia, sem dvida, uma torrente caudalosa. Com cautela, s vezes tropeando, pisaram o areal circundado por dunas de diferentes alturas. Um vento quente torturava os outeiros arenosos, outrora batidos pelas ondas de um mar desaparecido. Grandes quantidades de conchas, ainda no fossilizadas, confirmavam que aquela espcie de alucinao era mesmo o resultado do desastre que abalara o mundo.

Naquela noite, Anbis no conseguiu dormir. Muito admirado, contemplava o firmamento e seus olhos passeavam principalmente pela nvoa clara e leitosa que parecia um rio: Hapy. Jovem demais para entender em mincia o que via, continuava a observar, fascinado. Osris veio para junto dele e falou: "Nossos Mestres das Medidas e Nmeros desceram ao mago de muitas coisas - s vezes, at os mnimos detalhes - que agora te parecem inexplicveis. Mas superars essa fase, Anbis, e sers o executor dos Decretos Celestes, o mediador entre a morte e o alm. Alm disso, conduzirs nosso povo nova ptria, porm no mais depressa que o movimento tardo do Sol." Cheio de orgulho, Anbis continuou a contemplar o cu e avistou uma estrela cadente, interpretando o fato como um pressgio de que tudo acabaria bem. Na noite seguinte, pareceu ao grupo que chegava a um mundo diferente. Tudo fora como que sacudido por um torvelinho, ostentando uma viso apocalptica do desastre; isso se podia ver at mesmo nas montanhas, rasgadas por imensas fendas recentes. Havia incontveis rvores chamuscadas, carbonizadas, e tufos de grama que comeavam a brotar dos remanescentes de razes ressequidas. Ali encontraram os primeiros fragmentos de ferro. Osris, ento, apartou-se do grupo e saiu cata de novos recursos, enquanto Anbis e seu co iam explorar algumas cavernas. Estando a meditar numa delas, uma voz celeste lhe falou, transformando-se em sua mente em imagens que lhe mostravam um acontecimento terrvel.

Por acaso, Seth apareceu tambm no local, acompanhado por vinte de seus Rebeldes do Sol. Ao ver o irmo, inflamou-se de ira: "Olhai para ele! Desta vez seu falso deus no o salvar. O disco brilhante que cruza o cu ser minha testemunha. Na qualidade de criador, justificar a morte de Osris."

O Primognito olhou calmamente para o irmo e respondeu com voz poderosa: "Sim, tu me matars, mas apenas porque a divindade assim o decidiu. Ele quem conduzir teu brao, para mostrar aos nossos descendentes que s o filho desleal do Deus nico e verdadeiro, Pt."

Rubro de clera e agarrando a lana de um de seus homens, Seth bradou: "Eu sou o filho do Sol! Tu no s meu irmo e morrers!"

"Ests completamente enganado. O castigo por este assassinato ser que no reinars sequer por um dia em nenhum de meus territrios."

Apoiando-se numa das pernas, Seth arremessou a lana, que atravessou o peito de Osris com um forte zumbido. Ele tombou, e a ponta da arma encravou-se na terra. Rugindo de alegria, o vencedor ps-se a danar freneticamente.

Figura 18. Em sua nova navegao celeste, o leo conduz Osris sentado no dorso do Touro, rumo ao local de repouso eterno.

"Osris morreu! E agora para todo o sempre! Nada o trar de volta vida! R, a ti ofereo essa vitria!" Depois de assim falar, Seth achou mais prudente desaparecer. Tamanha sorte num nico dia era bom demais para ser verdade e o exrcito inimigo, que se aproximava, certamente iria persegui-lo. Portanto, melhor no tardar e fugir sem demora.

O co foi o primeiro a descobrir o corpo. Lambeu-lhe o rosto com devoo. Pouco depois chegava Anbis para ouvir o derradeiro grito de Osris: "Sepulta-me junto ao local onde descobrimos o ferro... Meu esprito proteger nossos descendentes por muitos sculos... Deus, volto para ti!"

Hoje possvel reconstituir a rota que eles seguiram. Comeou em Ta Mana, situada a aproximadamente 100 km de Agadir. Em Ta Ouz, perto da fronteira entre o Marrocos e a Arglia, existem tumbas que l esto desde os tempos mais recuados. Junto de Osris, foram sepultadas Nut, Nftis e sis, alm de vrios sumos sacerdotes e conselheiros de Hrus. Os visitantes sentem que penetram num mundo diferente quando percorrem esses restos da nvoa da histria.

Sculos fluram sob o signo estelar de Leo. Hor-Ou-Tir, o fara da poca, descendente tardio de Osris, reuniu seu conselho. Aquele seria um dia importante para os habitantes de Ta Mana. O fara comeou a falar num tom agitado: "Honorveis membros do conselho, convoquei esta reunio extraordinria porque j se aproxima o dia da Grande Partida. Precisamos encetar a marcha, todos juntos, no dia previsto pelas 'Combinaes Matemticas Celestes', a fim de aproveitar suas influncias benficas. Mas, primeiro, necessrio resolver alguns problemas." Com um gesto majestoso, lanou o manto aos ombros e sentou-se no trono.

O Sumo Sacerdote tomou a palavra: "Que Pt d ao nosso fara uma vida longa e a Grande Fora para destruir quem quer que se oponha s Leis de Deus! Somos todos da linhagem de Osris. Nossa vitria est prxima. Por isso, precisamos solucionar um dilema: a eliminao de nossos semelhantes, os Ra-Seth-Ou, descendentes do apstata Seth. S ento conseguiremos partir para a Segunda Ptria em paz e segurana. Este conselho ter, pois, de escolher os homens mais aptos a cumprir devidamente a misso. Possa a presena de Deus nos ajudar nestes tempos memorveis!"

O Sumo Sacerdote curvou-se dignamente diante do fara. O presidente do conselho, levantando-se, comeou a falar com voz vibrante: J falamos demais. Que um exrcito seja recrutado imediatamente. H tempos, o Sol entrou na era de Leo. Agora est prestes a sair dela e, como urge que venamos nossos inimigos, devemos partir sem demora. Todos os nossos atos sero registrados nos Anais. No vos esqueais de que uma longa jornada nos espera; teremos no apenas de nos defender como de contra-atacar para proteger nossas famlias."

Em seguida o fara convocou o comandante das tropas, Mash-Akher, que externou seu ponto de vista: "Para vencer os Rebeldes, descendente de Osris, ponho desde j meus homens tua disposio. Estou inteiramente ao teu servio, Mestre que representas a Eternidade na Terra! S no temos armas; mas, se o conselho concordar com meus planos, poderemos obt-las prontamente."

Figura 19. Osris est de fato sepultado em Ta Ouz (seu santurio). A chama eterna que conduziu os "Sobreviventes" ao seu "Segundo Corao", Ath-Ka-Ptah ou Egito, foi acendida em seu corpo.

Com olhos faiscantes, o fara ergueu-se do trono: "Discutiremos tua proposta num minuto. Enquanto isso, nomeio-te capito de minha guarda pessoal. "

Mash-Akher fez uma profunda reverncia e aguardou novas instrues. O Primognito falou novamente: "Ordeno a todos que sigam as instrues dele. No dia em que o Sol se erguer pela quarta vez, tudo dever estar preparado, pois ento iniciaremos nossa Grande Partida. Eu prprio comandarei o exrcito. Aquele ser o dia dos 'Seguidores de Hrus'. Por Decreto Celestial, determino que isso seja registrado em nossos Anais."

Na manh do quarto dia, o Sumo Sacerdote avistou um enorme contingente de soldados. Milhares de lanas, feitas com o ferro descoberto por Osris, faiscavam luz do Sol. Catorze sculos aps o combate singular entre seus lderes lendrios, um novo confronto os aguardava. Certos da vitria, os "Seguidores de Hrus" lanaram-se batalha - que foi curta, acirrada e sangrenta. S uns poucos caram prisioneiros. Com voz retumbante, o fara ordenou: "Dizei a vosso lder que j no faz sentido ameaar-nos mais. Eu, Hor-Ou-Tir, descendente em linha direta de Osris, sou o Filho de Deus. Foi Ele quem me garantiu a vitria. Deixaremos esta terra, que no se destina a ser vossa e nunca o ser. Se encontrarmos alguns de vossos irmos em caminho, no teremos piedade e os mataremos. Ide e dizei isso ao vosso chefe!"

O Sol estava prestes a deixar a era de Leo. Sob esse sinal auspicioso, o povo partiu para Ath-Ka-Ptah, o Segundo Corao de Deus. Nessa mesma manh, Srius erguera-se pouco antes do Sol. No dia 22 de julho de 8.352 a.C., iniciou-se uma nova era com a longa marcha para a Luz.

Figura 20.

3INVERSES POLARES CATASTRFICAS E ERAS GLACIAISOs acontecimentos que narramos nos permitem agora explicar uma srie de mistrios geolgicos. H mais de doze mil anos, pores considerveis da Europa e da Amrica do Norte estavam cobertas de geleiras, numa sucesso infindvel de montanhas de gelo. Nessa poca a Dinamarca no existia, vendo-se em seu lugar uma horrenda paisagem de quase um quilmetro de altitude. A maior parte das Ilhas Britnicas jazia sob o gelo, que cobria tambm muitos outros lugares. A atual baa de Hudson no passava de um cenrio congelado, de brancura fantasmagrica. Gelo por toda parte. As camadas eram to profundas que sepultavam mesmo o cume do monte Washington no atual New Hampshire, com seus quase dois mil metros de altura. No oeste outro lenol de gelo se estendia da extremidade setentrional das Montanhas Rochosas at as Aleutas. No hemisfrio Sul, geleiras desciam dos Andes e das montanhas da Nova Zelndia. Como sabemos disso com tanta certeza? A explicao fcil: camadas de gelo e geleiras deixam traos ntidos de sua configurao passada. Uma vez atingido o ponto de fuso, o gelo desliza centenas de metros sob seu prprio peso. Arranha a superfcie do solo e envolve detritos em seu abrao gelado. Rochas do tamanho de caminhes so assim fragmentadas e arrastadas por quilmetros. Os pedaos rolam para os vales fluviais, dando por eroso a estes, em lugar da forma em V, a forma em U; e se esses vales cobertos de gelo esto perto do mar, cavam-se fiordes profundos.

Nenhum gelogo pode explicar logicamente por que havia tanto gelo na Europa e na Amrica. Aventaram-se inmeras hipteses. Os astrnomos presumem que a rbita da Terra talvez tenha sido responsvel por essa massa de gelo. Uma explicao possvel seria que ela se afastou um pouco do Sol, numa posio ligeiramente oblqua. Outros, entretanto, conseguiram provar que a diferena na radiao solar no foi suficientemente grande. Incontveis teorias circularam pelo mundo, mas no se firmaram por causa da falta de evidncias conclusivas. A nica coisa que os cientistas sabem ao certo que existe uma relao entre a precesso (do zodaco) e a existncia de eras glaciais. Afora isso, tudo o mais so conjecturas. Agora, porm, o leitor pode pr um fim s suas dvidas. J sabe o que aconteceu em Aha-MenPtah, o paraso perdido. Em 21.312 a.C., o eixo da Terra se inclinou; em 9.792 a.C., o planeta comeou a girar na direo oposta e a crosta terrestre se alterou numa extenso de milhares de quilmetros. Cada catstrofe mudou a posio dos plos. Desse modo, esto presentes todas as condies que explicam a alternncia entre eras glaciais e climas temperados. Em primeiro lugar, deve ter havido um volume crescente de precipitaes, de outro modo as massas de gelo no se formariam. Mas de onde veio a gua? Nada mais simples: as massas de gelo, deslocadas dos plos, derreteram-se e se evaporaram na atmosfera. Essa evaporao cada vez mais forte aumentou a quantidade de chuva em toda a Terra. Nos locais onde se situam hoje os plos, gotas de gua sob a forma de neve e granizo se acumulam formando blocos de grande altura. Bilhes de toneladas de gelo esmagam hoje cidades mortas e o centro astronmico da Atlntida. Dentro de poucos anos, neve e gelo cobriro boa parte da paisagem europia e norte-americana. No se pode evitar isso.

Para escapar a semelhante catstrofe, precisamos fixar urgentemente prioridades. S uma pequena frao da populao mundial conseguir sobreviver inverso polar e aos maremotos, terremotos e erupes vulcnicas resultantes. E depois, quando as pessoas tiverem de suportar temperaturas de 50 abaixo de zero, o cenrio mudar. isso que nos espera. Um conhecimento assim to amedrontador e paralisante lembra o que j aconteceu muitas vezes no passado. E deslinda vrios enigmas geolgicos. Por que as geleiras cobriram a maior parte da Europa em tempos remotos, enquanto a regio nordeste da Sibria, hoje localizada acima do Crculo Polar, ficou livre delas? A resposta dos cientistas ortodoxos : "Diabos, no sei... No fao idia..." Essa gente nos deve uma explicao satisfatria. No significa, porm, que voc no possa obter agora mesmo a resposta certa, pois ela se encontra nestas pginas. Em conseqencia das alteraes na crosta

terrestre, a Sibria mudou subitamente de latitude e transformou-se no lugar mais frio do mundo - passando de um clima temperado para um clima glacial, e num s dia. Provas disso no faltam.

Figura 21. Em 21.312 a.C., a Terra deslocou-se 72 no zodaco. No mesmo instante, ela se inclinou, de modo que o norte da Atlntida, na poca, desceu para baixo do Crculo Polar num nico movimento. O crculo da figura define o Crculo Polar.

Antes das alteraes da crosta terrestre, muitos dos animais hoje extintos viviam nessa rea, como os mamutes herbvoros. Ao fim da ltima era glacial, eles desapareceram. No nordeste da Sibria, foram encontrados inmeros esqueletos desses mastodontes. Nada de mais, dir voc; acontece, porm, que logo depois se acharam cadveres de mamutes perfeitamente preservados! Essa descoberta espantou o mundo. At agora, mais de cinqenta cadveres intactos foram exumados, alguns ainda com fragmentos de plantas nos dentes e bocados de alimento no-digeridos no estmago. Os corpos estavam em to boas condies que ces lhes comeram a carne sem adoecer. Segundo testemunhas, ela parece carne bovina congelada. O fim dos mamutes ocorreu de sbito; no h dvida quanto a isso. Anlises mostraram que provavelmente morreram afogados. Se no se congelassem imediatamente, teriam apodrecido. S uma catstrofe como a inverso polar explica convenientemente o enigma. Num frio to intenso, os animais decerto no conseguiriam sobreviver. Sucumbiram de um golpe, sem aviso; com alimento ainda na boca e no estmago, foram arrastados por quilmetros e depois cobertos de gelo.

Um cenrio idntico para ns

O mesmo fenmeno ameaa a maior parte da populao atual do mundo. Regies hoje de clima temperado eram geladas h alguns milhares de anos. Uma vez que se espera uma nova inverso polar, a Terra passar a girar ao contrrio. Haver verdadeiro morticnio nas partes mais baixas e populosas do planeta. Praticamente ningum sobreviver ao desastre. Seja como for, sem barcos as chances sero nulas. Aps a inverso, milhes de corpos perfeitamente preservados ficaro escondidos por massas de gelo durante milnios - at serem desalojados violentamente por outro fenmeno semelhante. Perspectiva das mais horrveis, que me perturbou dias a fio... ou melhor, meses. Eu acordava com essa idia na cabea e ia dormir sem esquec-la. Meus sonhos se tornaram pesadelos em que bilhes de pessoas morriam e a Terra se sacudia toda. Repetidamente, surgiam imagens fantasmagricas de um gigantesco incndio que assolava o mundo inteiro. Eu acordava suado e trmulo. No conseguia me acalmar; na verdade, no podia. Pensava nas vtimas anteriores, no apenas humanas, mas tambm animais como o assustador tigre-dentes-de-sabre e o enorme canguru que alcanava 3,5 m de altura, todos mortos pela violncia da natureza. E l vinha de novo a imagem fantasmagrica de um gigantesco incndio que assolava o mundo inteiro.

Formidveis castores de quase trs metros de comprimento, bichos-preguia que devoravam rvores apoiados em suas grossas caudas, pesando mais de trs toneladas e com seis metros de altura ao erguer-se sobre as patas traseiras - todos desapareceram durante aqueles inexorveis acontecimentos. As palavras de R. Dale Guthrie, do Instituto de Biologia rtica ("Grandes Desastres", Readers Digest), continuaram vibrando em meus pesadelos. Ele descobriu que, h doze mil anos, a flora e a fauna do Alasca eram completamente diferentes das de hoje: "Esses animais devem ter morrido de maneira trgica. Viviam num ambiente muito diverso. S assim se explica a imensa variedade de hienas, mamutes, tigres-dentes-de-sabre, camelos, rinocerontes, alces de galhada imponente e antlopes saigas. Com a chegada do gelo, houve a extino em massa." O destino coletivo dessas criaturas bizarras lana-nos uma sria advertncia: aconteceu antes e acontecer de novo, muitas vezes. S nos restam alguns anos at a prxima catstrofe. E o que nos espera desafia quaisquer vos de imaginao. Tudo aponta para o aniquilamento completo da humanidade, tal qual sucedeu no passado maioria dos grandes animais. H mais de cem anos, o conhecido zologo Alfred Wallace (Big Disasters) escreveu: "Do ponto de vista da zoologia, vivemos num mundo empobrecido de onde os mais formidveis, selvagens e estranhos animais desapareceram h pouco."

Exatamente da mesma maneira um morticnio geral logo ocorrer. Dessa vez a maior vtima ser a humanidade, pois ela quem governa hoje a Terra inteira. No haver escapatria possvel. Meus achados, de evidncia devastadora, no levam a menos que isso. Estamos caminhando para o grande acontecimento e no podemos det-lo. Tal conhecimento arruna minha constituio e minha mente, pois de fato no h nada a fazer - exceto, talvez, avisar as pessoas. Espero que, aps ler este livro, um nmero suficiente delas se sinta motivado a tomar as medidas necessrias de sobrevivncia e a capacitar-se para iniciar depois uma nova cultura. Nunca se sabe - meus pesadelos, assim, seguramente perdero algo de sua dramaticidade.

A citao seguinte lembra-nos dolorosamente a ltima catstrofe (Atlantis, Berlitz, 1984): "A face dos cus cobriu-se de trevas. Ningum sabia o que iria acontecer. Sbito, chamas voaram para o ar enquanto uma chuva de fogo e cinzas caa, arrastando rochedos e rvores. Corpos em pedaos ficaram sepultados na areia e no mar. Num nico dilvio gigantesco, repentino e violento, a Grande Serpente Celestial foi raptada do Cu. O Cu ruiu e a Terra se abismou; e os quatro deuses, os Bacabs, adiantaram-se para comandar a destruio do mundo." No sculo XVI, Diego de Landa assim escreveu sobre o acontecimento: "Entre os incontveis deuses que os maias cultuavam, havia quatro chamados Bacabs. Seriam quatro irmos que Deus, aps criar o mundo, instalou em seus quatro cantos a fim de sustentar o cu e impedi-lo de cair. Os maias dizem tambm que os Bacabs fugiram quando um dilvio destruiu o mundo."

Relatos semelhantes so encontrados por toda parte. Os escritos avsticos falam sobre uma catstrofe que desabou sobre seu paraso, Airyana Vaejo, mudando-lhe os ares tpidos num clima gelado (The Arctic Home in the Vedas, Tilak, p. 340): "Eis que Angra Mainyu, trazendo em si a morte, engendrou um inimigo... A neve cai em todos os lugares, formando grossas camadas; esta a mais horripilante de todas as pragas..." Alm disso, lemos em suas escrituras que o frio terrvel fora predito e o povo recebera instrues para proteger-se do desastre: "Constru, pois, um abrigo e levai para ele representantes de cada espcie. Ponde l dentro todos os tipos de plantas e de frutos sumarentos, os mais belos e aromticos. Essas coisas e criaturas no morrero enquanto permanecerem no abrigo."

As escrituras d