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Texto de apoio ao curso de Especializaccedilatildeo Atividade Fiacutesica Adaptada e Sauacutede
Prof Dr Luzimar Teixeira
ENVELHECIMENTO SAUDAacuteVEL - O CANTAR E A GERONTOLOGIA SOCIAL
Claudia Regina de Oliveira Zanini1
RESUMO Introduz-se um novo conceito Coro Terapecircutico conduzido por um
musicoterapeuta Apresentam-se alguns dados de uma pesquisa qualitativa envolvendo
Musicoterapia e Gerontologia A coleta de dados baseou-se em fichas musicoteraacutepicas
relatoacuterios gravaccedilotildees filmagens depoimentos por escrito e entrevistas filmadas todos
devidamente autorizados A anaacutelise dos dados baseou-se no paradigma fenomenoloacutegico
Concluiu-se apoacutes anaacutelise do fenocircmeno pesquisado que trecircs essecircncias se revelaram
depreendidas do fenocircmeno pesquisado o ldquocantarrdquo eacute meio para auto-expressatildeo e auto-
realizaccedilatildeo as canccedilotildees revelam a ldquosubjetividade existencialidade interna do serrdquo e a
auto-confianccedila do ldquoserrdquo participante do Coro Terapecircutico faz com que ele tenha
expectativas para o futuro Finalmente considerou-se que o musicoterapeuta para atuar
em Gerontologia deve repensar ldquosuardquo relaccedilatildeo com as muacuteltiplas faces do tempo
PALAVRAS-CHAVE Coro Terapecircutico Musicoterapia Gerontologia e Fenomenologia
INTRODUCcedilAtildeO
Quem natildeo se lembra de receber agrados de seus avoacutes Quem pode afirmar que nunca
imaginou acompanhar o processo de envelhecimento de seus pais Quem jaacute observou
suas mudanccedilas corporais atraveacutes dos anos e se imaginou com os cabelos prateados
Aqueles que respondem negativamente a estas questotildees provavelmente devem se
preparar para o processo inevitaacutevel que eacute o amadurecimento do ser humano - o
envelhecimento as perdas fiacutesicas os ganhos de experiecircncias a sabedoria e muitas outras
caracteriacutesticas positivas eou negativas
Estes conhecimentos esta experiecircncia de vida precisa ser valorizada A velhice deve ser
entendida como uma etapa da vida da mesma forma que temos a infacircncia a adolescecircncia
e a maturidade Satildeo fases etapas da vida nas quais acontecem modificaccedilotildees que afetam
a relaccedilatildeo do indiviacuteduo com o meio com o outro e com ele mesmo dentro de um
determinado ou geralmente indeterminado tempo Por que indeterminado Na verdade
quais satildeo esses tempos Existem muacuteltiplas dimensotildees do tempo para todo ser humano e
a relaccedilatildeo de cada indiviacuteduo com estas dimensotildees leva a histoacuterias diferenciadas de vida
Pode-se indagar Como um indiviacuteduo chega agrave velhice a uma idade mais avanccedilada Quais
as suas caracteriacutesticas pessoais Haacute alguma patologia instalada Tem uma vida social
ativa Alguma habilidade foi perdida ou estaacute em processo de degeneraccedilatildeo E a memoacuteria
como estaacute Eacute uma velhice bem sucedida
Segundo Neri (1995 p 34) velhice bem-sucedida eacute ldquouma condiccedilatildeo individual e grupal de
bem-estar fiacutesico e social referenciada aos ideais da sociedade agraves condiccedilotildees e aos
valores existentes no ambiente em que o indiviacuteduo envelhece e agraves circunstacircncias de sua
histoacuteria pessoal e de seu grupo etaacuteriordquo
Na busca por algumas destas respostas acima e priorizando a melhoria da qualidade de
vida do idoso frente ao meio em que vive e aos desafios que encontra na sociedade
brasileira criou-se o Coro Terapecircutico uma atividade que vem sendo desenvolvida haacute
cerca de oito anos sendo conduzida por uma musicoterapeuta autora deste trabalho
A aacuterea do Envelhecimento e Sauacutede Mental eacute um dos campos de estudos e debates mais
relevantes no campo da Epidemiologia nela a Siacutendrome Cerebral Orgacircnica (SCO) e a
depressatildeo satildeo dois dos mais importantes distuacuterbios observados na comunidade entre os
indiviacuteduos da Terceira Idade
Veras (1997) alerta para o fato de que estas doenccedilas repercutem natildeo soacute no campo da
sauacutede mas tecircm importantes consequumlecircncias de ordem social num sentido amplo Tambeacutem
repercutem na vida de cada indiviacuteduo e de sua famiacutelia O autor explica ldquoCompreende-se
por SCO o comprometimento das funccedilotildees corticais incluindo memoacuteria da capacidade de
solucionar problemas cotidianos da habilidade motora da linguagem e comunicaccedilatildeo e do
controle das reaccedilotildees emocionais Natildeo haacute turvaccedilatildeo da consciecircncia [] A depressatildeo inclui
as categorias nosoloacutegicas depressatildeo maior e distimiardquo (p 17-18)
Observa-se uma crescente necessidade de atenccedilatildeo a esta faixa etaacuteria Neste acircmbito tecircm
surgido accedilotildees numa perspectiva de criar condiccedilotildees para o resgate da cidadania Esta
coexistecircncia voluntaacuteria jaacute eacute fundamentada por Augras que em 1994 afirmava que ldquoo
mundo humano eacute essencialmente de coexistecircncia O homem define-se como ser social e o
crescimento individual depende em todos os aspectos do encontro com os demaisrdquo(p
55) Tambeacutem Zanini (2000 p 3) ressalta que ldquoo cantar na Terceira Idade pode
proporcionar a descoberta de novas possibilidades para o indiviacuteduo pois existem
atividades que deixamos de vivenciar no decorrer de nossas vidas por falta de tempo pelo
acuacutemulo de stress aliado agrave necessidade de sobrevivecircncia e ateacute mesmo por natildeo termos
acesso ou oportunidaderdquo
O Coro Terapecircutico eacute portanto uma nova atividade que se propotildee baseada num conceito
novo de coro Daacute ao coro - atividade que com o passar dos seacuteculos tem tido funccedilotildees
diferenciadas (artiacutestica educacional empresarial) - uma funccedilatildeo terapecircutica com objetivos
terapecircuticos Envolve uma promissora aacuterea de atuaccedilatildeo profissional para o
musicoterapeuta
Pensando na utilizaccedilatildeo da muacutesica com objetivos terapecircuticos o tema em estudo envolve
um assunto nas uacuteltimas deacutecadas bastante abordado o envelhecimento da populaccedilatildeo
mundial principalmente em nosso paiacutes que segundo declaraccedilotildees da Organizaccedilatildeo
Mundial de Sauacutede teraacute na segunda deacutecada deste milecircnio a sexta populaccedilatildeo mais idosa
do mundo e a maior da Ameacuterica Latina Este dado decorre do aumento na expectativa de
vida pois com os grandes avanccedilos nas aacutereas da sauacutede o ser humano passa a ter cada
vez mais possibilidade de estender sua longevidade
Moreno (1993) citado por Rodrigues (1999 p113) afirma em consonacircncia aos trabalhos
realizados com grupos de idosos que ldquoa criatividade e produtividade crescem com mais
intensidade em grupos baseados em auxiacutelio muacutetuo do que em grupos reunidos por acaso
ou em grupos cujos membros satildeo mutuamente hostis No universo social haacute uma
produtividade autecircnticardquo
Atualmente sabe-se que quanto mais uma pessoa exercita sua mente maiores
possibilidades teraacute de mantecirc-la aacutegil e receptiva portanto ainda suscetiacutevel ao
desenvolvimento
Idosos tocando na SBPC - Goiacircnia 2002
GERONTOLOGIA SOCIAL - UMA AacuteREA EM EXPANSAtildeO
A palavra Gerontologia vem do grego geron que significa ldquovelho velhicerdquo Fraiman (1995
p 26) afirma que ldquoGerontologia eacute uma macrociecircncia que estuda o envelhecimento nos
seus muacuteltiplos aspectos biopsicossociais enfocando tanto os grupos de idades quanto as
fases ou ciclos do desenvolvimento humanordquoEla acredita que esta eacute uma proposiccedilatildeo
bem mais abrangente e integradora pois convergem para a Gerontologia estudiosos de
vaacuterias aacutereas que se inter-relacionam necessariamente
Martins De Saacute (1999 p 225) refere-se agrave criaccedilatildeo da Gerontologia ressaltando
Quando mergulhamos na dimensatildeo histoacuterico-social dessa ciecircncia originaacuteria do iniacutecio do
seacuteculo XX com desenvolvimento crescente no poacutes-guerra verificamos de maneira mais
clara sua finalidade voltada para o alcance da longevidade e da qualidade de vida no
periacuteodo denominado de lsquovelhicersquo Essa qualidade eacute traduzida por sauacutede independecircncia
condiccedilotildees de vida do idoso do ponto de vista fiacutesico psicoloacutegico social cultural
Segundo Neri (1995 p16) tambeacutem comentando a origem da gerontologia
na primeira deacutecada do seacuteculo XX dois cientistas propuseram a criaccedilatildeo de disciplinas
voltadas para o estudo do envelhecimento Em 1903 Metchnicoff defendeu a ideacuteia da
necessidade de uma nova disciplina cientiacutefica a gerontologia nome cunhado com base
em gero (velho) e logia (estudo ou conhecimento) Em 1909 o meacutedico Nascher
introduziu na literatura o termo geriatria neologismo cunhado para denotar o estudo cliacutenico
da velhice assim como pediatria significa o estudo cliacutenico da infacircncia
As questotildees bio-psico-sociais tecircm sido pontos de constantes estudos na aacuterea da
gerontologia pois tecircm reflexo direto na vivecircncia de cada ser humano Para Carstensen
(Apud NERI 1995) trecircs teorias explicam a reduccedilatildeo das interaccedilotildees sociais na velhice a
teoria do afastamento a teoria da atividade e a de trocas sociais A primeira sustenta que
a reduccedilatildeo do contato social representa um mecanismo adaptativo por meio do qual a
pessoa dissocia-se da sociedade e a sociedade dissocia-se da pessoa o afastamento
social eacute muacutetuo e adaptativo do qual faz parte o distanciamento emocional A segunda
teoria da atividade contrasta com a primeira pois presume que os idosos desejam manter
contatos sociais mas que satildeo prejudicados pelas barreiras fiacutesicas e sociais impostas pela
idade A teoria das trocas sociais sustenta que os limitados recursos da velhice causam
uma diminuiccedilatildeo na amplitude das relaccedilotildees sociais
Com relaccedilatildeo agraves teorias psicoloacutegicas claacutessicas de estaacutegios Neri (1995) assinala que natildeo
haacute lugar para uma concepccedilatildeo evolutiva sobre a velhice pois estatildeo imbricadas com as
concepccedilotildees tradicionais da gerontologia segundo as quais a velhice eacute sinocircnimo de
doenccedila incapacidade e perdas
Correcirca (1996) evidencia um processo de envelhecimento integrado em que os fatores
bioloacutegicos se somam aos ambientais e aos psicoloacutegicos numa visatildeo biopsicossocial do
envelhecimento
Acredita-se que natildeo haacute apenas uma mas vaacuterias dimensotildees da idade a serem
consideradas por todo indiviacuteduo pois de acordo com a maneira com que cada indiviacuteduo se
situa frente agraves dimensotildees do tempo ele conduziraacute o seu viver Fraiman (1995) comenta a
idade cronoloacutegica a bioloacutegica a social e a existencial
Em concordacircncia com a autora considera-se que a idade cronoloacutegica somente nada nos
revela sobre a existecircncia a personalidade a intelectualidade a produtividade e a energia
vital ldquoA pessoa eacute muito mais do que a simples expressatildeo de suas atuais condiccedilotildees fiacutesicas
e de sauacutede uma vez que a dimensatildeo mental e experiencial tambeacutem agem e se modificam
a cada instanterdquo (FRAIMAN 1995 p 21)
Para Rodrigues (1999 p 22) ldquoUrgem maiores estudos que analisem a vivecircncia da
subjetividade na velhice estimulando um questionamento profundo que se expresse nas
relaccedilotildees entre as pessoas e nos programas governamentaisrdquo
O CANTAR O CORO TERAPEcircUTICO E O ENVELHECIMENTO SAUDAacuteVEL
O ato de cantar contribui para a estruturaccedilatildeo do ser humano colabora na
construccedilatildeo cultural e desenvolve habilidades aprendidas Para cantar a sauacutede e o
equiliacutebrio psicoloacutegico satildeo fundamentais O exerciacutecio do canto eacute a praacutetica da expressatildeo da
memoacuteria e estes entre outros levam agrave espontaneidade Fechando este ciacuterculo de
argumentaccedilotildees vecirc-se que o canto eacute terapecircutico pois ningueacutem canta ao acaso Como o
ser humano usa a voz Por que o faz O que acontece com o ser humano ao utilizar seu
proacuteprio instrumento aparelho fonador
Cantar eacute entre as atividades a serem desenvolvidas no setting musicoteraacutepico
considerada por muitos profissionais como rica fonte para possibilitar o desenvolvimento
das mais diversas habilidades humanas No livro Eacute Preciso Cantar Millecco Filho Brandatildeo
E Millecco (2001) vecircm compartilhar suas importantes experiecircncias na utilizaccedilatildeo de
canccedilotildees em Musicoterapia Afirmam
O canto eacute um elemento estruturante para o ser humano [] O homem vem entatildeo
expressando-se musicalmente atraveacutes da voz nos cantos de trabalho nos cacircnticos
guerreiros nos cantos religiosos ou sacros nos acalantos de matildees ou pais embalando
filhos nas festas nos jogos na crocircnica social de eacutepoca nas oacuteperas associando dramas e
mitos ao canto nas canccedilotildees populares Enfim em suas atividades talvez as mais
significativas o ser humano lanccedila matildeo do cantar (p 109)
Para que o musicoterapeuta trabalhe com a voz com o cantar aleacutem de procurar pesquisar
as significaccedilotildees desta expressatildeo vocal no processo musicoteraacutepico considera-se
imprescindiacutevel que obtenha maiores conhecimentos a respeito deste instrumento natural
do aparelho fonador e do respiratoacuterio para que seja possiacutevel evitar maiores esforccedilos e se
necessaacuterio deveraacute sugerir ao pacientecliente a busca de um outro profissional
especializado seja na fisiologia ou no funcionamento um otorrinolaringologista eou
fonoaudioacutelogo
Brack (2000 p 198) afirma que cantar eacute diferente de falar e comenta ldquoa comeccedilar pelo
ceacuterebro cujas camadas corticais satildeo diferenciadas nas duas funccedilotildees A fala e tudo mais
que eacute automatizado estaacute armazenado em camadas mais profundas do coacutertex cerebral O
que eacute mais elaborado como tocar piano e cantar por exemplo estaacute armazenado nas
camadas mais superficiaisrdquo Coelho (1999 p 11) destaca que ldquoa voz eacute o resultado sonoro
de um instrumento que exige cuidados Antes de tudo uma voz soacute eacute boa se proveacutem de um
organismo sadio[] Tambeacutem a sauacutede e o equiliacutebrio psicoloacutegico satildeo fundamentaisrdquo
Segundo Cerqueira (1996 4) ldquoo corpo e a voz satildeo instrumentos dos seres humanos e
assim como os instrumentos musicais eles precisam ser afinados para transmitir ao mundo
tudo o que tem a expressarrdquo A autora propotildee o termo ldquoafinaccedilatildeo global do serrdquo um trabalho
apoiado em teacutecnicas vocais e corporais como meio de quebrar resistecircncias orgacircnicas e
emocionais para facilitar a entrada e culminar no musicoterapecircutico indo ao encontro das
necessidades objetivas e subjetivas de crescimento do ser humano
Dinville (1993 4) acredita que a voz e a personalidade estatildeo estreitamente relacionadas e
satildeo inseparaacuteveis pois traduzem o ser humano na sua totalidade ldquoEntre o corpo e a voz
existe uma iacutentima relaccedilatildeo Eacute com eles que o cantor exterioriza sua afetividade e
desempenha o papel intermediaacuterio entre o puacuteblico e a obra musicalrdquo
A voz como importante elemento da comunicaccedilatildeo humana e reflexo do estado psiacutequico e
emocional tem sido utilizada no setting musicoteraacutepico em vaacuterias teacutecnicas desenvolvidas
por diversos musicoterapeutas no atendimento a aacutereas de atuaccedilatildeo profissional
diferenciadas Bruscia (2000 68) comentando as possibilidades de auto-expressatildeo no
processo musicoteraacutepico afirma que ao cantarmos ou tocarmos instrumentos ldquoliberamos
nossa energia interna para o mundo externo fazemos nosso corpo soar damos formas a
nossos impulsos vocalizamos o natildeo-diziacutevel ou as ideacuteias natildeo pronunciaacuteveis e destilamos
nossas emoccedilotildees em formas sonoras descritivasrdquo
Apoacutes evidenciarmos a importacircncia do cantar das canccedilotildees e da utilizaccedilatildeo da voz
consideramos ser oportuno discutir as relaccedilotildees entre este importante instrumento de
comunicaccedilatildeo e o papel do tempo ou seja as transformaccedilotildees decorrentes do passar dos
anos
Brack (2000 p 202) afirma que ldquoA voz tambeacutem envelhece poreacutem se a pessoa tratou-a
com atenccedilatildeo a qualidade vocal permaneceraacute por mais tempordquo Dinville (1993 p 121) faz
referecircncias ao aparelho respiratoacuterio e agraves mudanccedilas no aparelho fonador ldquo os esforccedilos
impostos aos oacutergatildeos da respiraccedilatildeo ou da fonaccedilatildeo podem com o passar do tempo ou
bruscamente ocasionar problemas orgacircnicosrdquo
Costa e Silva (1998 p 113) comentam que vaacuterios fatores influenciam no envelhecimento
da voz ldquoHaacute os psicoloacutegicos e neuroloacutegicos como queda de motivaccedilatildeo surgimento de
novos medos e dificuldade de controle neural e endocrinoloacutegicos associados agrave diminuiccedilatildeo
de produccedilatildeo de hormocircnios modificaccedilotildees na qualidade do epiteacutelio de revestimento da
laringe e queda da capacidade pulmonarrdquo Para Behlau e Pontes (1995) o iniacutecio e o grau
da deterioraccedilatildeo dependem particularmente de cada indiviacuteduo de sua histoacuteria de vida
aleacutem de fatores constitucionais raciais hereditaacuterios sociais e ambientais Quando a voz eacute
utilizada na relaccedilatildeo terapecircutica o contato com o paciente se intensifica por gerar maior
proximidade entre ambos
Cabe ressaltar que quando haacute a possibilidade de unir os trecircs tempos - passado presente
e futuro alcanccedila-se a integralizaccedilatildeo do ser Esta uniatildeo pode ser proporcionada propiciada
e facilitada pela muacutesica levando o musicoterapeuta a ver natildeo o ldquoserrdquo que eacute velho mas o
ldquoser que eacuterdquo a sua essecircncia Tem-se aleacutem disso a consciecircncia de que quanto mais uma
pessoa exercita sua mente maiores possibilidades teraacute de mantecirc-la aacutegil e receptiva
portanto ainda suscetiacutevel ao desenvolvimento o que pode ser objetivado pelo profissional
em questatildeo ao trabalhar com o idoso
Em se tratando do cantar em grupo observa-se que haacute um significado muito especial para
a maioria dos idosos pois a possibilidade de reconhecer suas potencialidades faz com que
este ldquocantordquo traga a auto-expressatildeo o auto-conhecimento e a auto-realizaccedilatildeo pontos que
passam a ser fortalecidos pelas relaccedilotildees inter-pessoais estabelecidas no Coro
Terapecircutico
Pode-se enumerar accedilotildees como exerciacutecios vocaacutelicos cantar muacutesicas escolhidas pelo
grupo exerciacutecios para relaxamento e de respiraccedilatildeo jogos de memoacuteria e outras que satildeo
desenvolvidas neste trabalho - Coro Terapecircutico objetivando os seguintes pontos
valorizaccedilatildeo da identidade valorizaccedilatildeo da auto-expressatildeo estiacutemulo ao conhecimento do
corpo (por meio dos exerciacutecios de relaxamento e de respiraccedilatildeo) relaccedilatildeo corpo - voz ndash
emoccedilatildeo melhora das relaccedilotildees intra e inter-pessoais amplificaccedilatildeo da voz revigorizaccedilatildeo
do aparelho fonador e prevenccedilatildeo de problemas de sauacutede mental demecircncias e perdas de
memoacuteria
Quanto agrave postura utilizada de terapeuta humanista observa-se o respeito que se deve ter
ao tempo de cada participante considerando as dimensotildees da idade cronoloacutegica da
bioloacutegica da existencial e as demais As experiecircncias vividas e o modo de ver o mundo
trazem subjetividade e complexidade ao ser humano O seu cantar eacute um reflexo deste todo
existencial Na conduccedilatildeo do grupo a musicoterapeuta propotildee ideacuteias (jogos atividades)
ouve opiniotildees (como se vestir para a apresentaccedilatildeo como subir ao palco o que acharam
do encontroaula do dia) acata ideacuteias (sugestatildeo de repertoacuterio muacutesicas a recordar) e daacute
opiniotildees (comenta por exemplo a importacircncia de cantar em grupo) Musicoterapeuta
(condutora da atividade) e grupo (participantes do Coro) traccedilam objetivos comuns e
planejam momentos futuros a partir da realidade presente Observa-se durante todo o
processo confianccedila e respeito pelo grupo com relaccedilatildeo agrave tomada de decisotildees sobre o
mesmo (por exemplo ao decidir aceitar ou natildeo um convite para apresentaccedilatildeo)
Para Ribeiro (1988 p 17) o ldquoencontro cliente-terapeutardquo seraacute sempre um encontro de
pessoas O terapeuta deve sentir afetiva e emocionalmente o cliente percebendo-o como
um todo integrado ldquoA relaccedilatildeo eacute sempre um encontro de totalidaderdquo
Este encontro esta compreensatildeo no Coro Terapecircutico satildeo viabilizados principalmente
na ldquoescutardquo da musicoterapeutacondutora ao valorizar as diferentes formas de expressatildeo
(o cantar as mensagens os textos de autoria proacutepria fatos do cotidiano queixas piadas
memoacuterias e opiniotildees) trazidas pelos participantes do grupo Apresenta-se a seguir
recortes de entrevistas e depoimentos de idosos transcritos no decorrer de uma pesquisa
fenomenoloacutegica sobre o Coro Terapecircutico
- ldquoMinha voz parece que melhorou melhorou a minha mente tudo eu acho que melhorou
com a Oficina a memoacuteria a dicccedilatildeo melhorou muitordquo (A) ldquoSe natildeo tivesse que vir ficava
em casa quieta Assim vocecirc eacute obrigada a agir se aprontar tomar o carro e seguir natildeo eacuterdquo
(AV) ldquoem casa eu me reservo muito mas aqui me realizordquo ldquoEacute terapia porque aquele eacute
o momento esperado por mim aquele eacute o momento que eu me realizordquo (I) ldquoO coral eacute
uma coisa maravilhosa para a terceira idade pelo menos na minha concepccedilatildeordquo ldquoEacute
maravilhoso e belo cantar parece que nos transportamos para o infinitordquo (A) ldquoTodo o
sentimento que o ser humano carrega em si principalmente noacutes da 3ordf idade que jaacute
passamos por todos os sentimentos e agora descobrimos com a experiecircncia que o mais
valioso na vida eacute realmente o sentimentordquo [] ldquonos conduziu a momentos muito alegres
e por incriacutevel que pareccedila nos fez cantarE acreditamos na nossa possibilidade E
acreditamos em noacutes E transbordamos de alegria ao trazer do passado muacutesicas ateacute
esquecidas mas cheias de poesia e beleza E rejuvenescemosrdquo (H)
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Alguns elementos observados no decorrer do processo terapecircutico com o grupo (Coro
Terapecircutico) foram a socializaccedilatildeo a solidariedade entre os participantes a
respeitabilidade que fortaleceu a uniatildeo do grupo e a sensaccedilatildeo de auto-realizacatildeo
advinda da construccedilatildeo conjunta em torno de um ideal comum a todos que eacute a expressatildeo
atraveacutes do cantar
Acredita-se que as relaccedilotildees sociais que se estabeleceram no grupo satildeo aspectos
relevantes para a subjetividade do ser humano o mundo interno que possui e suas
expressotildees O homem eacute um ser social e como um ser de relaccedilotildees sociais estaacute em
permanente movimento
Segundo Bock Furtado e Teixeira (1999) a Psicologia Social como aacuterea de conhecimento
passa a estudar o psiquismo humano ldquobuscando compreender como se daacute a construccedilatildeo
desse mundo interno a partir das relaccedilotildees sociais vividas pelo homem O mundo objetivo
passa a ser visto natildeo como fator de influecircncia para o desenvolvimento da subjetividade
mas como fator constitutivordquo (p 141)
Este fator constitutivo estaacute relacionado ao ldquocantarrdquo como meio para a auto-expressatildeo e a
auto-realizaccedilatildeo - o que implica no ldquofazerrdquo na ldquoatividaderdquo e na realizaccedilatildeo do homem A
atividade humana eacute a base do conhecimento e do pensamento do homem que constroacutei o
seu mundo interno na medida em que atua e transforma o mundo externo
Outro ponto depreendido das falas dos participantes eacute que as canccedilotildees revelam a
ldquosubjetividadeexistencialidade interna do serrdquo Este se relaciona agrave consciecircncia ao pensar
humano A consciecircncia natildeo se limita ao saber loacutegico incluindo tambeacutem o saber das
emoccedilotildees e sentimentos do homem o saber dos desejos e o saber do inconsciente O
ldquopensarrdquo transpareceu nas canccedilotildees e nos conteuacutedos destas que trouxeram os
sentimentos a subjetividade e o universo afetivo dos participantes
Rodrigues (1999) acredita que eacute fundamental para o idoso utilizar suas memoacuterias suas
ricas lembranccedilas e aprendizados mas que eacute imprescindiacutevel que adicionem novos
conhecimentos que soacute eacute possiacutevel para quem se abre ao eterno aprender
Finalmente observou-se nos depoimentos e entrevistas que a auto-confianccedila do ldquoserrdquo
participante do Coro Terapecircutico faz com que ele tenha expectativas para o futuro
Ressalta-se assim a identidade Bock Furtado e Teixeira (1999) comentam que a
identidade eacute a siacutentese pessoal sobre si mesmo eacute a denominaccedilatildeo dada agraves representaccedilotildees
e sentimentos que o indiviacuteduo desenvolve a respeito de si proacuteprio a partir do conjunto de
suas vivecircncias
Objetivou-se com o Coro Terapecircutico para a Terceira Idade proporcionar aos participantes
do grupo a auto-realizaccedilatildeo a motivaccedilatildeo para o viver a satisfaccedilatildeoprazer a prevenccedilatildeo da
Sauacutede Mental a melhoria da qualidade de vida melhorar as relaccedilotildees intra e inter-pessoais
e a interaccedilatildeo social estimular o resgate de memoacuteria e valorizar a dignidade de toda e
qualquer lembranccedila a percepccedilatildeo do outro e do universo sonoro do outro e a
compreensatildeo da subjetividade da existencialidade interna de cada um
Cabe ressaltar que o novo conceito de Coro Terapecircutico consiste num grupo conduzido
por um musicoterapeuta com objetivos terapecircuticos em que a voz eacute utilizada como
recurso para a comunicaccedilatildeo expressatildeo satisfaccedilatildeo e interaccedilatildeo social Os participantes
atraveacutes do cantar veiculam sua subjetividade externando sua existencialidade interna
Acredita-se que eacute possiacutevel proporcionar ao idoso uma sensaccedilatildeo diferente daquela em que
eacute somente um sobrevivente para ser tambeacutem um agente capaz de inuacutemeras
accedilotildeesrelaccedilotildees sociais e emocionais A construccedilatildeo do ser eacute um processo contiacutenuo que se
daacute em todas as etapas da vida Estar consciente deste processo desta continuidade pode
ser um grande diferencial para a qualidade de vida de todo e qualquer indiviacuteduo
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-
quais satildeo esses tempos Existem muacuteltiplas dimensotildees do tempo para todo ser humano e
a relaccedilatildeo de cada indiviacuteduo com estas dimensotildees leva a histoacuterias diferenciadas de vida
Pode-se indagar Como um indiviacuteduo chega agrave velhice a uma idade mais avanccedilada Quais
as suas caracteriacutesticas pessoais Haacute alguma patologia instalada Tem uma vida social
ativa Alguma habilidade foi perdida ou estaacute em processo de degeneraccedilatildeo E a memoacuteria
como estaacute Eacute uma velhice bem sucedida
Segundo Neri (1995 p 34) velhice bem-sucedida eacute ldquouma condiccedilatildeo individual e grupal de
bem-estar fiacutesico e social referenciada aos ideais da sociedade agraves condiccedilotildees e aos
valores existentes no ambiente em que o indiviacuteduo envelhece e agraves circunstacircncias de sua
histoacuteria pessoal e de seu grupo etaacuteriordquo
Na busca por algumas destas respostas acima e priorizando a melhoria da qualidade de
vida do idoso frente ao meio em que vive e aos desafios que encontra na sociedade
brasileira criou-se o Coro Terapecircutico uma atividade que vem sendo desenvolvida haacute
cerca de oito anos sendo conduzida por uma musicoterapeuta autora deste trabalho
A aacuterea do Envelhecimento e Sauacutede Mental eacute um dos campos de estudos e debates mais
relevantes no campo da Epidemiologia nela a Siacutendrome Cerebral Orgacircnica (SCO) e a
depressatildeo satildeo dois dos mais importantes distuacuterbios observados na comunidade entre os
indiviacuteduos da Terceira Idade
Veras (1997) alerta para o fato de que estas doenccedilas repercutem natildeo soacute no campo da
sauacutede mas tecircm importantes consequumlecircncias de ordem social num sentido amplo Tambeacutem
repercutem na vida de cada indiviacuteduo e de sua famiacutelia O autor explica ldquoCompreende-se
por SCO o comprometimento das funccedilotildees corticais incluindo memoacuteria da capacidade de
solucionar problemas cotidianos da habilidade motora da linguagem e comunicaccedilatildeo e do
controle das reaccedilotildees emocionais Natildeo haacute turvaccedilatildeo da consciecircncia [] A depressatildeo inclui
as categorias nosoloacutegicas depressatildeo maior e distimiardquo (p 17-18)
Observa-se uma crescente necessidade de atenccedilatildeo a esta faixa etaacuteria Neste acircmbito tecircm
surgido accedilotildees numa perspectiva de criar condiccedilotildees para o resgate da cidadania Esta
coexistecircncia voluntaacuteria jaacute eacute fundamentada por Augras que em 1994 afirmava que ldquoo
mundo humano eacute essencialmente de coexistecircncia O homem define-se como ser social e o
crescimento individual depende em todos os aspectos do encontro com os demaisrdquo(p
55) Tambeacutem Zanini (2000 p 3) ressalta que ldquoo cantar na Terceira Idade pode
proporcionar a descoberta de novas possibilidades para o indiviacuteduo pois existem
atividades que deixamos de vivenciar no decorrer de nossas vidas por falta de tempo pelo
acuacutemulo de stress aliado agrave necessidade de sobrevivecircncia e ateacute mesmo por natildeo termos
acesso ou oportunidaderdquo
O Coro Terapecircutico eacute portanto uma nova atividade que se propotildee baseada num conceito
novo de coro Daacute ao coro - atividade que com o passar dos seacuteculos tem tido funccedilotildees
diferenciadas (artiacutestica educacional empresarial) - uma funccedilatildeo terapecircutica com objetivos
terapecircuticos Envolve uma promissora aacuterea de atuaccedilatildeo profissional para o
musicoterapeuta
Pensando na utilizaccedilatildeo da muacutesica com objetivos terapecircuticos o tema em estudo envolve
um assunto nas uacuteltimas deacutecadas bastante abordado o envelhecimento da populaccedilatildeo
mundial principalmente em nosso paiacutes que segundo declaraccedilotildees da Organizaccedilatildeo
Mundial de Sauacutede teraacute na segunda deacutecada deste milecircnio a sexta populaccedilatildeo mais idosa
do mundo e a maior da Ameacuterica Latina Este dado decorre do aumento na expectativa de
vida pois com os grandes avanccedilos nas aacutereas da sauacutede o ser humano passa a ter cada
vez mais possibilidade de estender sua longevidade
Moreno (1993) citado por Rodrigues (1999 p113) afirma em consonacircncia aos trabalhos
realizados com grupos de idosos que ldquoa criatividade e produtividade crescem com mais
intensidade em grupos baseados em auxiacutelio muacutetuo do que em grupos reunidos por acaso
ou em grupos cujos membros satildeo mutuamente hostis No universo social haacute uma
produtividade autecircnticardquo
Atualmente sabe-se que quanto mais uma pessoa exercita sua mente maiores
possibilidades teraacute de mantecirc-la aacutegil e receptiva portanto ainda suscetiacutevel ao
desenvolvimento
Idosos tocando na SBPC - Goiacircnia 2002
GERONTOLOGIA SOCIAL - UMA AacuteREA EM EXPANSAtildeO
A palavra Gerontologia vem do grego geron que significa ldquovelho velhicerdquo Fraiman (1995
p 26) afirma que ldquoGerontologia eacute uma macrociecircncia que estuda o envelhecimento nos
seus muacuteltiplos aspectos biopsicossociais enfocando tanto os grupos de idades quanto as
fases ou ciclos do desenvolvimento humanordquoEla acredita que esta eacute uma proposiccedilatildeo
bem mais abrangente e integradora pois convergem para a Gerontologia estudiosos de
vaacuterias aacutereas que se inter-relacionam necessariamente
Martins De Saacute (1999 p 225) refere-se agrave criaccedilatildeo da Gerontologia ressaltando
Quando mergulhamos na dimensatildeo histoacuterico-social dessa ciecircncia originaacuteria do iniacutecio do
seacuteculo XX com desenvolvimento crescente no poacutes-guerra verificamos de maneira mais
clara sua finalidade voltada para o alcance da longevidade e da qualidade de vida no
periacuteodo denominado de lsquovelhicersquo Essa qualidade eacute traduzida por sauacutede independecircncia
condiccedilotildees de vida do idoso do ponto de vista fiacutesico psicoloacutegico social cultural
Segundo Neri (1995 p16) tambeacutem comentando a origem da gerontologia
na primeira deacutecada do seacuteculo XX dois cientistas propuseram a criaccedilatildeo de disciplinas
voltadas para o estudo do envelhecimento Em 1903 Metchnicoff defendeu a ideacuteia da
necessidade de uma nova disciplina cientiacutefica a gerontologia nome cunhado com base
em gero (velho) e logia (estudo ou conhecimento) Em 1909 o meacutedico Nascher
introduziu na literatura o termo geriatria neologismo cunhado para denotar o estudo cliacutenico
da velhice assim como pediatria significa o estudo cliacutenico da infacircncia
As questotildees bio-psico-sociais tecircm sido pontos de constantes estudos na aacuterea da
gerontologia pois tecircm reflexo direto na vivecircncia de cada ser humano Para Carstensen
(Apud NERI 1995) trecircs teorias explicam a reduccedilatildeo das interaccedilotildees sociais na velhice a
teoria do afastamento a teoria da atividade e a de trocas sociais A primeira sustenta que
a reduccedilatildeo do contato social representa um mecanismo adaptativo por meio do qual a
pessoa dissocia-se da sociedade e a sociedade dissocia-se da pessoa o afastamento
social eacute muacutetuo e adaptativo do qual faz parte o distanciamento emocional A segunda
teoria da atividade contrasta com a primeira pois presume que os idosos desejam manter
contatos sociais mas que satildeo prejudicados pelas barreiras fiacutesicas e sociais impostas pela
idade A teoria das trocas sociais sustenta que os limitados recursos da velhice causam
uma diminuiccedilatildeo na amplitude das relaccedilotildees sociais
Com relaccedilatildeo agraves teorias psicoloacutegicas claacutessicas de estaacutegios Neri (1995) assinala que natildeo
haacute lugar para uma concepccedilatildeo evolutiva sobre a velhice pois estatildeo imbricadas com as
concepccedilotildees tradicionais da gerontologia segundo as quais a velhice eacute sinocircnimo de
doenccedila incapacidade e perdas
Correcirca (1996) evidencia um processo de envelhecimento integrado em que os fatores
bioloacutegicos se somam aos ambientais e aos psicoloacutegicos numa visatildeo biopsicossocial do
envelhecimento
Acredita-se que natildeo haacute apenas uma mas vaacuterias dimensotildees da idade a serem
consideradas por todo indiviacuteduo pois de acordo com a maneira com que cada indiviacuteduo se
situa frente agraves dimensotildees do tempo ele conduziraacute o seu viver Fraiman (1995) comenta a
idade cronoloacutegica a bioloacutegica a social e a existencial
Em concordacircncia com a autora considera-se que a idade cronoloacutegica somente nada nos
revela sobre a existecircncia a personalidade a intelectualidade a produtividade e a energia
vital ldquoA pessoa eacute muito mais do que a simples expressatildeo de suas atuais condiccedilotildees fiacutesicas
e de sauacutede uma vez que a dimensatildeo mental e experiencial tambeacutem agem e se modificam
a cada instanterdquo (FRAIMAN 1995 p 21)
Para Rodrigues (1999 p 22) ldquoUrgem maiores estudos que analisem a vivecircncia da
subjetividade na velhice estimulando um questionamento profundo que se expresse nas
relaccedilotildees entre as pessoas e nos programas governamentaisrdquo
O CANTAR O CORO TERAPEcircUTICO E O ENVELHECIMENTO SAUDAacuteVEL
O ato de cantar contribui para a estruturaccedilatildeo do ser humano colabora na
construccedilatildeo cultural e desenvolve habilidades aprendidas Para cantar a sauacutede e o
equiliacutebrio psicoloacutegico satildeo fundamentais O exerciacutecio do canto eacute a praacutetica da expressatildeo da
memoacuteria e estes entre outros levam agrave espontaneidade Fechando este ciacuterculo de
argumentaccedilotildees vecirc-se que o canto eacute terapecircutico pois ningueacutem canta ao acaso Como o
ser humano usa a voz Por que o faz O que acontece com o ser humano ao utilizar seu
proacuteprio instrumento aparelho fonador
Cantar eacute entre as atividades a serem desenvolvidas no setting musicoteraacutepico
considerada por muitos profissionais como rica fonte para possibilitar o desenvolvimento
das mais diversas habilidades humanas No livro Eacute Preciso Cantar Millecco Filho Brandatildeo
E Millecco (2001) vecircm compartilhar suas importantes experiecircncias na utilizaccedilatildeo de
canccedilotildees em Musicoterapia Afirmam
O canto eacute um elemento estruturante para o ser humano [] O homem vem entatildeo
expressando-se musicalmente atraveacutes da voz nos cantos de trabalho nos cacircnticos
guerreiros nos cantos religiosos ou sacros nos acalantos de matildees ou pais embalando
filhos nas festas nos jogos na crocircnica social de eacutepoca nas oacuteperas associando dramas e
mitos ao canto nas canccedilotildees populares Enfim em suas atividades talvez as mais
significativas o ser humano lanccedila matildeo do cantar (p 109)
Para que o musicoterapeuta trabalhe com a voz com o cantar aleacutem de procurar pesquisar
as significaccedilotildees desta expressatildeo vocal no processo musicoteraacutepico considera-se
imprescindiacutevel que obtenha maiores conhecimentos a respeito deste instrumento natural
do aparelho fonador e do respiratoacuterio para que seja possiacutevel evitar maiores esforccedilos e se
necessaacuterio deveraacute sugerir ao pacientecliente a busca de um outro profissional
especializado seja na fisiologia ou no funcionamento um otorrinolaringologista eou
fonoaudioacutelogo
Brack (2000 p 198) afirma que cantar eacute diferente de falar e comenta ldquoa comeccedilar pelo
ceacuterebro cujas camadas corticais satildeo diferenciadas nas duas funccedilotildees A fala e tudo mais
que eacute automatizado estaacute armazenado em camadas mais profundas do coacutertex cerebral O
que eacute mais elaborado como tocar piano e cantar por exemplo estaacute armazenado nas
camadas mais superficiaisrdquo Coelho (1999 p 11) destaca que ldquoa voz eacute o resultado sonoro
de um instrumento que exige cuidados Antes de tudo uma voz soacute eacute boa se proveacutem de um
organismo sadio[] Tambeacutem a sauacutede e o equiliacutebrio psicoloacutegico satildeo fundamentaisrdquo
Segundo Cerqueira (1996 4) ldquoo corpo e a voz satildeo instrumentos dos seres humanos e
assim como os instrumentos musicais eles precisam ser afinados para transmitir ao mundo
tudo o que tem a expressarrdquo A autora propotildee o termo ldquoafinaccedilatildeo global do serrdquo um trabalho
apoiado em teacutecnicas vocais e corporais como meio de quebrar resistecircncias orgacircnicas e
emocionais para facilitar a entrada e culminar no musicoterapecircutico indo ao encontro das
necessidades objetivas e subjetivas de crescimento do ser humano
Dinville (1993 4) acredita que a voz e a personalidade estatildeo estreitamente relacionadas e
satildeo inseparaacuteveis pois traduzem o ser humano na sua totalidade ldquoEntre o corpo e a voz
existe uma iacutentima relaccedilatildeo Eacute com eles que o cantor exterioriza sua afetividade e
desempenha o papel intermediaacuterio entre o puacuteblico e a obra musicalrdquo
A voz como importante elemento da comunicaccedilatildeo humana e reflexo do estado psiacutequico e
emocional tem sido utilizada no setting musicoteraacutepico em vaacuterias teacutecnicas desenvolvidas
por diversos musicoterapeutas no atendimento a aacutereas de atuaccedilatildeo profissional
diferenciadas Bruscia (2000 68) comentando as possibilidades de auto-expressatildeo no
processo musicoteraacutepico afirma que ao cantarmos ou tocarmos instrumentos ldquoliberamos
nossa energia interna para o mundo externo fazemos nosso corpo soar damos formas a
nossos impulsos vocalizamos o natildeo-diziacutevel ou as ideacuteias natildeo pronunciaacuteveis e destilamos
nossas emoccedilotildees em formas sonoras descritivasrdquo
Apoacutes evidenciarmos a importacircncia do cantar das canccedilotildees e da utilizaccedilatildeo da voz
consideramos ser oportuno discutir as relaccedilotildees entre este importante instrumento de
comunicaccedilatildeo e o papel do tempo ou seja as transformaccedilotildees decorrentes do passar dos
anos
Brack (2000 p 202) afirma que ldquoA voz tambeacutem envelhece poreacutem se a pessoa tratou-a
com atenccedilatildeo a qualidade vocal permaneceraacute por mais tempordquo Dinville (1993 p 121) faz
referecircncias ao aparelho respiratoacuterio e agraves mudanccedilas no aparelho fonador ldquo os esforccedilos
impostos aos oacutergatildeos da respiraccedilatildeo ou da fonaccedilatildeo podem com o passar do tempo ou
bruscamente ocasionar problemas orgacircnicosrdquo
Costa e Silva (1998 p 113) comentam que vaacuterios fatores influenciam no envelhecimento
da voz ldquoHaacute os psicoloacutegicos e neuroloacutegicos como queda de motivaccedilatildeo surgimento de
novos medos e dificuldade de controle neural e endocrinoloacutegicos associados agrave diminuiccedilatildeo
de produccedilatildeo de hormocircnios modificaccedilotildees na qualidade do epiteacutelio de revestimento da
laringe e queda da capacidade pulmonarrdquo Para Behlau e Pontes (1995) o iniacutecio e o grau
da deterioraccedilatildeo dependem particularmente de cada indiviacuteduo de sua histoacuteria de vida
aleacutem de fatores constitucionais raciais hereditaacuterios sociais e ambientais Quando a voz eacute
utilizada na relaccedilatildeo terapecircutica o contato com o paciente se intensifica por gerar maior
proximidade entre ambos
Cabe ressaltar que quando haacute a possibilidade de unir os trecircs tempos - passado presente
e futuro alcanccedila-se a integralizaccedilatildeo do ser Esta uniatildeo pode ser proporcionada propiciada
e facilitada pela muacutesica levando o musicoterapeuta a ver natildeo o ldquoserrdquo que eacute velho mas o
ldquoser que eacuterdquo a sua essecircncia Tem-se aleacutem disso a consciecircncia de que quanto mais uma
pessoa exercita sua mente maiores possibilidades teraacute de mantecirc-la aacutegil e receptiva
portanto ainda suscetiacutevel ao desenvolvimento o que pode ser objetivado pelo profissional
em questatildeo ao trabalhar com o idoso
Em se tratando do cantar em grupo observa-se que haacute um significado muito especial para
a maioria dos idosos pois a possibilidade de reconhecer suas potencialidades faz com que
este ldquocantordquo traga a auto-expressatildeo o auto-conhecimento e a auto-realizaccedilatildeo pontos que
passam a ser fortalecidos pelas relaccedilotildees inter-pessoais estabelecidas no Coro
Terapecircutico
Pode-se enumerar accedilotildees como exerciacutecios vocaacutelicos cantar muacutesicas escolhidas pelo
grupo exerciacutecios para relaxamento e de respiraccedilatildeo jogos de memoacuteria e outras que satildeo
desenvolvidas neste trabalho - Coro Terapecircutico objetivando os seguintes pontos
valorizaccedilatildeo da identidade valorizaccedilatildeo da auto-expressatildeo estiacutemulo ao conhecimento do
corpo (por meio dos exerciacutecios de relaxamento e de respiraccedilatildeo) relaccedilatildeo corpo - voz ndash
emoccedilatildeo melhora das relaccedilotildees intra e inter-pessoais amplificaccedilatildeo da voz revigorizaccedilatildeo
do aparelho fonador e prevenccedilatildeo de problemas de sauacutede mental demecircncias e perdas de
memoacuteria
Quanto agrave postura utilizada de terapeuta humanista observa-se o respeito que se deve ter
ao tempo de cada participante considerando as dimensotildees da idade cronoloacutegica da
bioloacutegica da existencial e as demais As experiecircncias vividas e o modo de ver o mundo
trazem subjetividade e complexidade ao ser humano O seu cantar eacute um reflexo deste todo
existencial Na conduccedilatildeo do grupo a musicoterapeuta propotildee ideacuteias (jogos atividades)
ouve opiniotildees (como se vestir para a apresentaccedilatildeo como subir ao palco o que acharam
do encontroaula do dia) acata ideacuteias (sugestatildeo de repertoacuterio muacutesicas a recordar) e daacute
opiniotildees (comenta por exemplo a importacircncia de cantar em grupo) Musicoterapeuta
(condutora da atividade) e grupo (participantes do Coro) traccedilam objetivos comuns e
planejam momentos futuros a partir da realidade presente Observa-se durante todo o
processo confianccedila e respeito pelo grupo com relaccedilatildeo agrave tomada de decisotildees sobre o
mesmo (por exemplo ao decidir aceitar ou natildeo um convite para apresentaccedilatildeo)
Para Ribeiro (1988 p 17) o ldquoencontro cliente-terapeutardquo seraacute sempre um encontro de
pessoas O terapeuta deve sentir afetiva e emocionalmente o cliente percebendo-o como
um todo integrado ldquoA relaccedilatildeo eacute sempre um encontro de totalidaderdquo
Este encontro esta compreensatildeo no Coro Terapecircutico satildeo viabilizados principalmente
na ldquoescutardquo da musicoterapeutacondutora ao valorizar as diferentes formas de expressatildeo
(o cantar as mensagens os textos de autoria proacutepria fatos do cotidiano queixas piadas
memoacuterias e opiniotildees) trazidas pelos participantes do grupo Apresenta-se a seguir
recortes de entrevistas e depoimentos de idosos transcritos no decorrer de uma pesquisa
fenomenoloacutegica sobre o Coro Terapecircutico
- ldquoMinha voz parece que melhorou melhorou a minha mente tudo eu acho que melhorou
com a Oficina a memoacuteria a dicccedilatildeo melhorou muitordquo (A) ldquoSe natildeo tivesse que vir ficava
em casa quieta Assim vocecirc eacute obrigada a agir se aprontar tomar o carro e seguir natildeo eacuterdquo
(AV) ldquoem casa eu me reservo muito mas aqui me realizordquo ldquoEacute terapia porque aquele eacute
o momento esperado por mim aquele eacute o momento que eu me realizordquo (I) ldquoO coral eacute
uma coisa maravilhosa para a terceira idade pelo menos na minha concepccedilatildeordquo ldquoEacute
maravilhoso e belo cantar parece que nos transportamos para o infinitordquo (A) ldquoTodo o
sentimento que o ser humano carrega em si principalmente noacutes da 3ordf idade que jaacute
passamos por todos os sentimentos e agora descobrimos com a experiecircncia que o mais
valioso na vida eacute realmente o sentimentordquo [] ldquonos conduziu a momentos muito alegres
e por incriacutevel que pareccedila nos fez cantarE acreditamos na nossa possibilidade E
acreditamos em noacutes E transbordamos de alegria ao trazer do passado muacutesicas ateacute
esquecidas mas cheias de poesia e beleza E rejuvenescemosrdquo (H)
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Alguns elementos observados no decorrer do processo terapecircutico com o grupo (Coro
Terapecircutico) foram a socializaccedilatildeo a solidariedade entre os participantes a
respeitabilidade que fortaleceu a uniatildeo do grupo e a sensaccedilatildeo de auto-realizacatildeo
advinda da construccedilatildeo conjunta em torno de um ideal comum a todos que eacute a expressatildeo
atraveacutes do cantar
Acredita-se que as relaccedilotildees sociais que se estabeleceram no grupo satildeo aspectos
relevantes para a subjetividade do ser humano o mundo interno que possui e suas
expressotildees O homem eacute um ser social e como um ser de relaccedilotildees sociais estaacute em
permanente movimento
Segundo Bock Furtado e Teixeira (1999) a Psicologia Social como aacuterea de conhecimento
passa a estudar o psiquismo humano ldquobuscando compreender como se daacute a construccedilatildeo
desse mundo interno a partir das relaccedilotildees sociais vividas pelo homem O mundo objetivo
passa a ser visto natildeo como fator de influecircncia para o desenvolvimento da subjetividade
mas como fator constitutivordquo (p 141)
Este fator constitutivo estaacute relacionado ao ldquocantarrdquo como meio para a auto-expressatildeo e a
auto-realizaccedilatildeo - o que implica no ldquofazerrdquo na ldquoatividaderdquo e na realizaccedilatildeo do homem A
atividade humana eacute a base do conhecimento e do pensamento do homem que constroacutei o
seu mundo interno na medida em que atua e transforma o mundo externo
Outro ponto depreendido das falas dos participantes eacute que as canccedilotildees revelam a
ldquosubjetividadeexistencialidade interna do serrdquo Este se relaciona agrave consciecircncia ao pensar
humano A consciecircncia natildeo se limita ao saber loacutegico incluindo tambeacutem o saber das
emoccedilotildees e sentimentos do homem o saber dos desejos e o saber do inconsciente O
ldquopensarrdquo transpareceu nas canccedilotildees e nos conteuacutedos destas que trouxeram os
sentimentos a subjetividade e o universo afetivo dos participantes
Rodrigues (1999) acredita que eacute fundamental para o idoso utilizar suas memoacuterias suas
ricas lembranccedilas e aprendizados mas que eacute imprescindiacutevel que adicionem novos
conhecimentos que soacute eacute possiacutevel para quem se abre ao eterno aprender
Finalmente observou-se nos depoimentos e entrevistas que a auto-confianccedila do ldquoserrdquo
participante do Coro Terapecircutico faz com que ele tenha expectativas para o futuro
Ressalta-se assim a identidade Bock Furtado e Teixeira (1999) comentam que a
identidade eacute a siacutentese pessoal sobre si mesmo eacute a denominaccedilatildeo dada agraves representaccedilotildees
e sentimentos que o indiviacuteduo desenvolve a respeito de si proacuteprio a partir do conjunto de
suas vivecircncias
Objetivou-se com o Coro Terapecircutico para a Terceira Idade proporcionar aos participantes
do grupo a auto-realizaccedilatildeo a motivaccedilatildeo para o viver a satisfaccedilatildeoprazer a prevenccedilatildeo da
Sauacutede Mental a melhoria da qualidade de vida melhorar as relaccedilotildees intra e inter-pessoais
e a interaccedilatildeo social estimular o resgate de memoacuteria e valorizar a dignidade de toda e
qualquer lembranccedila a percepccedilatildeo do outro e do universo sonoro do outro e a
compreensatildeo da subjetividade da existencialidade interna de cada um
Cabe ressaltar que o novo conceito de Coro Terapecircutico consiste num grupo conduzido
por um musicoterapeuta com objetivos terapecircuticos em que a voz eacute utilizada como
recurso para a comunicaccedilatildeo expressatildeo satisfaccedilatildeo e interaccedilatildeo social Os participantes
atraveacutes do cantar veiculam sua subjetividade externando sua existencialidade interna
Acredita-se que eacute possiacutevel proporcionar ao idoso uma sensaccedilatildeo diferente daquela em que
eacute somente um sobrevivente para ser tambeacutem um agente capaz de inuacutemeras
accedilotildeesrelaccedilotildees sociais e emocionais A construccedilatildeo do ser eacute um processo contiacutenuo que se
daacute em todas as etapas da vida Estar consciente deste processo desta continuidade pode
ser um grande diferencial para a qualidade de vida de todo e qualquer indiviacuteduo
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- INTRODUCcedilAtildeO
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acuacutemulo de stress aliado agrave necessidade de sobrevivecircncia e ateacute mesmo por natildeo termos
acesso ou oportunidaderdquo
O Coro Terapecircutico eacute portanto uma nova atividade que se propotildee baseada num conceito
novo de coro Daacute ao coro - atividade que com o passar dos seacuteculos tem tido funccedilotildees
diferenciadas (artiacutestica educacional empresarial) - uma funccedilatildeo terapecircutica com objetivos
terapecircuticos Envolve uma promissora aacuterea de atuaccedilatildeo profissional para o
musicoterapeuta
Pensando na utilizaccedilatildeo da muacutesica com objetivos terapecircuticos o tema em estudo envolve
um assunto nas uacuteltimas deacutecadas bastante abordado o envelhecimento da populaccedilatildeo
mundial principalmente em nosso paiacutes que segundo declaraccedilotildees da Organizaccedilatildeo
Mundial de Sauacutede teraacute na segunda deacutecada deste milecircnio a sexta populaccedilatildeo mais idosa
do mundo e a maior da Ameacuterica Latina Este dado decorre do aumento na expectativa de
vida pois com os grandes avanccedilos nas aacutereas da sauacutede o ser humano passa a ter cada
vez mais possibilidade de estender sua longevidade
Moreno (1993) citado por Rodrigues (1999 p113) afirma em consonacircncia aos trabalhos
realizados com grupos de idosos que ldquoa criatividade e produtividade crescem com mais
intensidade em grupos baseados em auxiacutelio muacutetuo do que em grupos reunidos por acaso
ou em grupos cujos membros satildeo mutuamente hostis No universo social haacute uma
produtividade autecircnticardquo
Atualmente sabe-se que quanto mais uma pessoa exercita sua mente maiores
possibilidades teraacute de mantecirc-la aacutegil e receptiva portanto ainda suscetiacutevel ao
desenvolvimento
Idosos tocando na SBPC - Goiacircnia 2002
GERONTOLOGIA SOCIAL - UMA AacuteREA EM EXPANSAtildeO
A palavra Gerontologia vem do grego geron que significa ldquovelho velhicerdquo Fraiman (1995
p 26) afirma que ldquoGerontologia eacute uma macrociecircncia que estuda o envelhecimento nos
seus muacuteltiplos aspectos biopsicossociais enfocando tanto os grupos de idades quanto as
fases ou ciclos do desenvolvimento humanordquoEla acredita que esta eacute uma proposiccedilatildeo
bem mais abrangente e integradora pois convergem para a Gerontologia estudiosos de
vaacuterias aacutereas que se inter-relacionam necessariamente
Martins De Saacute (1999 p 225) refere-se agrave criaccedilatildeo da Gerontologia ressaltando
Quando mergulhamos na dimensatildeo histoacuterico-social dessa ciecircncia originaacuteria do iniacutecio do
seacuteculo XX com desenvolvimento crescente no poacutes-guerra verificamos de maneira mais
clara sua finalidade voltada para o alcance da longevidade e da qualidade de vida no
periacuteodo denominado de lsquovelhicersquo Essa qualidade eacute traduzida por sauacutede independecircncia
condiccedilotildees de vida do idoso do ponto de vista fiacutesico psicoloacutegico social cultural
Segundo Neri (1995 p16) tambeacutem comentando a origem da gerontologia
na primeira deacutecada do seacuteculo XX dois cientistas propuseram a criaccedilatildeo de disciplinas
voltadas para o estudo do envelhecimento Em 1903 Metchnicoff defendeu a ideacuteia da
necessidade de uma nova disciplina cientiacutefica a gerontologia nome cunhado com base
em gero (velho) e logia (estudo ou conhecimento) Em 1909 o meacutedico Nascher
introduziu na literatura o termo geriatria neologismo cunhado para denotar o estudo cliacutenico
da velhice assim como pediatria significa o estudo cliacutenico da infacircncia
As questotildees bio-psico-sociais tecircm sido pontos de constantes estudos na aacuterea da
gerontologia pois tecircm reflexo direto na vivecircncia de cada ser humano Para Carstensen
(Apud NERI 1995) trecircs teorias explicam a reduccedilatildeo das interaccedilotildees sociais na velhice a
teoria do afastamento a teoria da atividade e a de trocas sociais A primeira sustenta que
a reduccedilatildeo do contato social representa um mecanismo adaptativo por meio do qual a
pessoa dissocia-se da sociedade e a sociedade dissocia-se da pessoa o afastamento
social eacute muacutetuo e adaptativo do qual faz parte o distanciamento emocional A segunda
teoria da atividade contrasta com a primeira pois presume que os idosos desejam manter
contatos sociais mas que satildeo prejudicados pelas barreiras fiacutesicas e sociais impostas pela
idade A teoria das trocas sociais sustenta que os limitados recursos da velhice causam
uma diminuiccedilatildeo na amplitude das relaccedilotildees sociais
Com relaccedilatildeo agraves teorias psicoloacutegicas claacutessicas de estaacutegios Neri (1995) assinala que natildeo
haacute lugar para uma concepccedilatildeo evolutiva sobre a velhice pois estatildeo imbricadas com as
concepccedilotildees tradicionais da gerontologia segundo as quais a velhice eacute sinocircnimo de
doenccedila incapacidade e perdas
Correcirca (1996) evidencia um processo de envelhecimento integrado em que os fatores
bioloacutegicos se somam aos ambientais e aos psicoloacutegicos numa visatildeo biopsicossocial do
envelhecimento
Acredita-se que natildeo haacute apenas uma mas vaacuterias dimensotildees da idade a serem
consideradas por todo indiviacuteduo pois de acordo com a maneira com que cada indiviacuteduo se
situa frente agraves dimensotildees do tempo ele conduziraacute o seu viver Fraiman (1995) comenta a
idade cronoloacutegica a bioloacutegica a social e a existencial
Em concordacircncia com a autora considera-se que a idade cronoloacutegica somente nada nos
revela sobre a existecircncia a personalidade a intelectualidade a produtividade e a energia
vital ldquoA pessoa eacute muito mais do que a simples expressatildeo de suas atuais condiccedilotildees fiacutesicas
e de sauacutede uma vez que a dimensatildeo mental e experiencial tambeacutem agem e se modificam
a cada instanterdquo (FRAIMAN 1995 p 21)
Para Rodrigues (1999 p 22) ldquoUrgem maiores estudos que analisem a vivecircncia da
subjetividade na velhice estimulando um questionamento profundo que se expresse nas
relaccedilotildees entre as pessoas e nos programas governamentaisrdquo
O CANTAR O CORO TERAPEcircUTICO E O ENVELHECIMENTO SAUDAacuteVEL
O ato de cantar contribui para a estruturaccedilatildeo do ser humano colabora na
construccedilatildeo cultural e desenvolve habilidades aprendidas Para cantar a sauacutede e o
equiliacutebrio psicoloacutegico satildeo fundamentais O exerciacutecio do canto eacute a praacutetica da expressatildeo da
memoacuteria e estes entre outros levam agrave espontaneidade Fechando este ciacuterculo de
argumentaccedilotildees vecirc-se que o canto eacute terapecircutico pois ningueacutem canta ao acaso Como o
ser humano usa a voz Por que o faz O que acontece com o ser humano ao utilizar seu
proacuteprio instrumento aparelho fonador
Cantar eacute entre as atividades a serem desenvolvidas no setting musicoteraacutepico
considerada por muitos profissionais como rica fonte para possibilitar o desenvolvimento
das mais diversas habilidades humanas No livro Eacute Preciso Cantar Millecco Filho Brandatildeo
E Millecco (2001) vecircm compartilhar suas importantes experiecircncias na utilizaccedilatildeo de
canccedilotildees em Musicoterapia Afirmam
O canto eacute um elemento estruturante para o ser humano [] O homem vem entatildeo
expressando-se musicalmente atraveacutes da voz nos cantos de trabalho nos cacircnticos
guerreiros nos cantos religiosos ou sacros nos acalantos de matildees ou pais embalando
filhos nas festas nos jogos na crocircnica social de eacutepoca nas oacuteperas associando dramas e
mitos ao canto nas canccedilotildees populares Enfim em suas atividades talvez as mais
significativas o ser humano lanccedila matildeo do cantar (p 109)
Para que o musicoterapeuta trabalhe com a voz com o cantar aleacutem de procurar pesquisar
as significaccedilotildees desta expressatildeo vocal no processo musicoteraacutepico considera-se
imprescindiacutevel que obtenha maiores conhecimentos a respeito deste instrumento natural
do aparelho fonador e do respiratoacuterio para que seja possiacutevel evitar maiores esforccedilos e se
necessaacuterio deveraacute sugerir ao pacientecliente a busca de um outro profissional
especializado seja na fisiologia ou no funcionamento um otorrinolaringologista eou
fonoaudioacutelogo
Brack (2000 p 198) afirma que cantar eacute diferente de falar e comenta ldquoa comeccedilar pelo
ceacuterebro cujas camadas corticais satildeo diferenciadas nas duas funccedilotildees A fala e tudo mais
que eacute automatizado estaacute armazenado em camadas mais profundas do coacutertex cerebral O
que eacute mais elaborado como tocar piano e cantar por exemplo estaacute armazenado nas
camadas mais superficiaisrdquo Coelho (1999 p 11) destaca que ldquoa voz eacute o resultado sonoro
de um instrumento que exige cuidados Antes de tudo uma voz soacute eacute boa se proveacutem de um
organismo sadio[] Tambeacutem a sauacutede e o equiliacutebrio psicoloacutegico satildeo fundamentaisrdquo
Segundo Cerqueira (1996 4) ldquoo corpo e a voz satildeo instrumentos dos seres humanos e
assim como os instrumentos musicais eles precisam ser afinados para transmitir ao mundo
tudo o que tem a expressarrdquo A autora propotildee o termo ldquoafinaccedilatildeo global do serrdquo um trabalho
apoiado em teacutecnicas vocais e corporais como meio de quebrar resistecircncias orgacircnicas e
emocionais para facilitar a entrada e culminar no musicoterapecircutico indo ao encontro das
necessidades objetivas e subjetivas de crescimento do ser humano
Dinville (1993 4) acredita que a voz e a personalidade estatildeo estreitamente relacionadas e
satildeo inseparaacuteveis pois traduzem o ser humano na sua totalidade ldquoEntre o corpo e a voz
existe uma iacutentima relaccedilatildeo Eacute com eles que o cantor exterioriza sua afetividade e
desempenha o papel intermediaacuterio entre o puacuteblico e a obra musicalrdquo
A voz como importante elemento da comunicaccedilatildeo humana e reflexo do estado psiacutequico e
emocional tem sido utilizada no setting musicoteraacutepico em vaacuterias teacutecnicas desenvolvidas
por diversos musicoterapeutas no atendimento a aacutereas de atuaccedilatildeo profissional
diferenciadas Bruscia (2000 68) comentando as possibilidades de auto-expressatildeo no
processo musicoteraacutepico afirma que ao cantarmos ou tocarmos instrumentos ldquoliberamos
nossa energia interna para o mundo externo fazemos nosso corpo soar damos formas a
nossos impulsos vocalizamos o natildeo-diziacutevel ou as ideacuteias natildeo pronunciaacuteveis e destilamos
nossas emoccedilotildees em formas sonoras descritivasrdquo
Apoacutes evidenciarmos a importacircncia do cantar das canccedilotildees e da utilizaccedilatildeo da voz
consideramos ser oportuno discutir as relaccedilotildees entre este importante instrumento de
comunicaccedilatildeo e o papel do tempo ou seja as transformaccedilotildees decorrentes do passar dos
anos
Brack (2000 p 202) afirma que ldquoA voz tambeacutem envelhece poreacutem se a pessoa tratou-a
com atenccedilatildeo a qualidade vocal permaneceraacute por mais tempordquo Dinville (1993 p 121) faz
referecircncias ao aparelho respiratoacuterio e agraves mudanccedilas no aparelho fonador ldquo os esforccedilos
impostos aos oacutergatildeos da respiraccedilatildeo ou da fonaccedilatildeo podem com o passar do tempo ou
bruscamente ocasionar problemas orgacircnicosrdquo
Costa e Silva (1998 p 113) comentam que vaacuterios fatores influenciam no envelhecimento
da voz ldquoHaacute os psicoloacutegicos e neuroloacutegicos como queda de motivaccedilatildeo surgimento de
novos medos e dificuldade de controle neural e endocrinoloacutegicos associados agrave diminuiccedilatildeo
de produccedilatildeo de hormocircnios modificaccedilotildees na qualidade do epiteacutelio de revestimento da
laringe e queda da capacidade pulmonarrdquo Para Behlau e Pontes (1995) o iniacutecio e o grau
da deterioraccedilatildeo dependem particularmente de cada indiviacuteduo de sua histoacuteria de vida
aleacutem de fatores constitucionais raciais hereditaacuterios sociais e ambientais Quando a voz eacute
utilizada na relaccedilatildeo terapecircutica o contato com o paciente se intensifica por gerar maior
proximidade entre ambos
Cabe ressaltar que quando haacute a possibilidade de unir os trecircs tempos - passado presente
e futuro alcanccedila-se a integralizaccedilatildeo do ser Esta uniatildeo pode ser proporcionada propiciada
e facilitada pela muacutesica levando o musicoterapeuta a ver natildeo o ldquoserrdquo que eacute velho mas o
ldquoser que eacuterdquo a sua essecircncia Tem-se aleacutem disso a consciecircncia de que quanto mais uma
pessoa exercita sua mente maiores possibilidades teraacute de mantecirc-la aacutegil e receptiva
portanto ainda suscetiacutevel ao desenvolvimento o que pode ser objetivado pelo profissional
em questatildeo ao trabalhar com o idoso
Em se tratando do cantar em grupo observa-se que haacute um significado muito especial para
a maioria dos idosos pois a possibilidade de reconhecer suas potencialidades faz com que
este ldquocantordquo traga a auto-expressatildeo o auto-conhecimento e a auto-realizaccedilatildeo pontos que
passam a ser fortalecidos pelas relaccedilotildees inter-pessoais estabelecidas no Coro
Terapecircutico
Pode-se enumerar accedilotildees como exerciacutecios vocaacutelicos cantar muacutesicas escolhidas pelo
grupo exerciacutecios para relaxamento e de respiraccedilatildeo jogos de memoacuteria e outras que satildeo
desenvolvidas neste trabalho - Coro Terapecircutico objetivando os seguintes pontos
valorizaccedilatildeo da identidade valorizaccedilatildeo da auto-expressatildeo estiacutemulo ao conhecimento do
corpo (por meio dos exerciacutecios de relaxamento e de respiraccedilatildeo) relaccedilatildeo corpo - voz ndash
emoccedilatildeo melhora das relaccedilotildees intra e inter-pessoais amplificaccedilatildeo da voz revigorizaccedilatildeo
do aparelho fonador e prevenccedilatildeo de problemas de sauacutede mental demecircncias e perdas de
memoacuteria
Quanto agrave postura utilizada de terapeuta humanista observa-se o respeito que se deve ter
ao tempo de cada participante considerando as dimensotildees da idade cronoloacutegica da
bioloacutegica da existencial e as demais As experiecircncias vividas e o modo de ver o mundo
trazem subjetividade e complexidade ao ser humano O seu cantar eacute um reflexo deste todo
existencial Na conduccedilatildeo do grupo a musicoterapeuta propotildee ideacuteias (jogos atividades)
ouve opiniotildees (como se vestir para a apresentaccedilatildeo como subir ao palco o que acharam
do encontroaula do dia) acata ideacuteias (sugestatildeo de repertoacuterio muacutesicas a recordar) e daacute
opiniotildees (comenta por exemplo a importacircncia de cantar em grupo) Musicoterapeuta
(condutora da atividade) e grupo (participantes do Coro) traccedilam objetivos comuns e
planejam momentos futuros a partir da realidade presente Observa-se durante todo o
processo confianccedila e respeito pelo grupo com relaccedilatildeo agrave tomada de decisotildees sobre o
mesmo (por exemplo ao decidir aceitar ou natildeo um convite para apresentaccedilatildeo)
Para Ribeiro (1988 p 17) o ldquoencontro cliente-terapeutardquo seraacute sempre um encontro de
pessoas O terapeuta deve sentir afetiva e emocionalmente o cliente percebendo-o como
um todo integrado ldquoA relaccedilatildeo eacute sempre um encontro de totalidaderdquo
Este encontro esta compreensatildeo no Coro Terapecircutico satildeo viabilizados principalmente
na ldquoescutardquo da musicoterapeutacondutora ao valorizar as diferentes formas de expressatildeo
(o cantar as mensagens os textos de autoria proacutepria fatos do cotidiano queixas piadas
memoacuterias e opiniotildees) trazidas pelos participantes do grupo Apresenta-se a seguir
recortes de entrevistas e depoimentos de idosos transcritos no decorrer de uma pesquisa
fenomenoloacutegica sobre o Coro Terapecircutico
- ldquoMinha voz parece que melhorou melhorou a minha mente tudo eu acho que melhorou
com a Oficina a memoacuteria a dicccedilatildeo melhorou muitordquo (A) ldquoSe natildeo tivesse que vir ficava
em casa quieta Assim vocecirc eacute obrigada a agir se aprontar tomar o carro e seguir natildeo eacuterdquo
(AV) ldquoem casa eu me reservo muito mas aqui me realizordquo ldquoEacute terapia porque aquele eacute
o momento esperado por mim aquele eacute o momento que eu me realizordquo (I) ldquoO coral eacute
uma coisa maravilhosa para a terceira idade pelo menos na minha concepccedilatildeordquo ldquoEacute
maravilhoso e belo cantar parece que nos transportamos para o infinitordquo (A) ldquoTodo o
sentimento que o ser humano carrega em si principalmente noacutes da 3ordf idade que jaacute
passamos por todos os sentimentos e agora descobrimos com a experiecircncia que o mais
valioso na vida eacute realmente o sentimentordquo [] ldquonos conduziu a momentos muito alegres
e por incriacutevel que pareccedila nos fez cantarE acreditamos na nossa possibilidade E
acreditamos em noacutes E transbordamos de alegria ao trazer do passado muacutesicas ateacute
esquecidas mas cheias de poesia e beleza E rejuvenescemosrdquo (H)
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Alguns elementos observados no decorrer do processo terapecircutico com o grupo (Coro
Terapecircutico) foram a socializaccedilatildeo a solidariedade entre os participantes a
respeitabilidade que fortaleceu a uniatildeo do grupo e a sensaccedilatildeo de auto-realizacatildeo
advinda da construccedilatildeo conjunta em torno de um ideal comum a todos que eacute a expressatildeo
atraveacutes do cantar
Acredita-se que as relaccedilotildees sociais que se estabeleceram no grupo satildeo aspectos
relevantes para a subjetividade do ser humano o mundo interno que possui e suas
expressotildees O homem eacute um ser social e como um ser de relaccedilotildees sociais estaacute em
permanente movimento
Segundo Bock Furtado e Teixeira (1999) a Psicologia Social como aacuterea de conhecimento
passa a estudar o psiquismo humano ldquobuscando compreender como se daacute a construccedilatildeo
desse mundo interno a partir das relaccedilotildees sociais vividas pelo homem O mundo objetivo
passa a ser visto natildeo como fator de influecircncia para o desenvolvimento da subjetividade
mas como fator constitutivordquo (p 141)
Este fator constitutivo estaacute relacionado ao ldquocantarrdquo como meio para a auto-expressatildeo e a
auto-realizaccedilatildeo - o que implica no ldquofazerrdquo na ldquoatividaderdquo e na realizaccedilatildeo do homem A
atividade humana eacute a base do conhecimento e do pensamento do homem que constroacutei o
seu mundo interno na medida em que atua e transforma o mundo externo
Outro ponto depreendido das falas dos participantes eacute que as canccedilotildees revelam a
ldquosubjetividadeexistencialidade interna do serrdquo Este se relaciona agrave consciecircncia ao pensar
humano A consciecircncia natildeo se limita ao saber loacutegico incluindo tambeacutem o saber das
emoccedilotildees e sentimentos do homem o saber dos desejos e o saber do inconsciente O
ldquopensarrdquo transpareceu nas canccedilotildees e nos conteuacutedos destas que trouxeram os
sentimentos a subjetividade e o universo afetivo dos participantes
Rodrigues (1999) acredita que eacute fundamental para o idoso utilizar suas memoacuterias suas
ricas lembranccedilas e aprendizados mas que eacute imprescindiacutevel que adicionem novos
conhecimentos que soacute eacute possiacutevel para quem se abre ao eterno aprender
Finalmente observou-se nos depoimentos e entrevistas que a auto-confianccedila do ldquoserrdquo
participante do Coro Terapecircutico faz com que ele tenha expectativas para o futuro
Ressalta-se assim a identidade Bock Furtado e Teixeira (1999) comentam que a
identidade eacute a siacutentese pessoal sobre si mesmo eacute a denominaccedilatildeo dada agraves representaccedilotildees
e sentimentos que o indiviacuteduo desenvolve a respeito de si proacuteprio a partir do conjunto de
suas vivecircncias
Objetivou-se com o Coro Terapecircutico para a Terceira Idade proporcionar aos participantes
do grupo a auto-realizaccedilatildeo a motivaccedilatildeo para o viver a satisfaccedilatildeoprazer a prevenccedilatildeo da
Sauacutede Mental a melhoria da qualidade de vida melhorar as relaccedilotildees intra e inter-pessoais
e a interaccedilatildeo social estimular o resgate de memoacuteria e valorizar a dignidade de toda e
qualquer lembranccedila a percepccedilatildeo do outro e do universo sonoro do outro e a
compreensatildeo da subjetividade da existencialidade interna de cada um
Cabe ressaltar que o novo conceito de Coro Terapecircutico consiste num grupo conduzido
por um musicoterapeuta com objetivos terapecircuticos em que a voz eacute utilizada como
recurso para a comunicaccedilatildeo expressatildeo satisfaccedilatildeo e interaccedilatildeo social Os participantes
atraveacutes do cantar veiculam sua subjetividade externando sua existencialidade interna
Acredita-se que eacute possiacutevel proporcionar ao idoso uma sensaccedilatildeo diferente daquela em que
eacute somente um sobrevivente para ser tambeacutem um agente capaz de inuacutemeras
accedilotildeesrelaccedilotildees sociais e emocionais A construccedilatildeo do ser eacute um processo contiacutenuo que se
daacute em todas as etapas da vida Estar consciente deste processo desta continuidade pode
ser um grande diferencial para a qualidade de vida de todo e qualquer indiviacuteduo
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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4ed Rio de Janeiro Petroacutepolis1994
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princiacutepios baacutesicos Curitiba Dom Bosco 2000 p197-206
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Dumaraacute UnATI UERJ 1997 192 p
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julho 2000
___________________ Coro Terapecircutico ndash um olhar do musicoterapeuta para o idoso no
novo milecircnio Dissertaccedilatildeo apresentada ao Mestrado em Muacutesica Universidade Federal de
Goiaacutes Goiacircnia 2002 142p
- INTRODUCcedilAtildeO
-
Idosos tocando na SBPC - Goiacircnia 2002
GERONTOLOGIA SOCIAL - UMA AacuteREA EM EXPANSAtildeO
A palavra Gerontologia vem do grego geron que significa ldquovelho velhicerdquo Fraiman (1995
p 26) afirma que ldquoGerontologia eacute uma macrociecircncia que estuda o envelhecimento nos
seus muacuteltiplos aspectos biopsicossociais enfocando tanto os grupos de idades quanto as
fases ou ciclos do desenvolvimento humanordquoEla acredita que esta eacute uma proposiccedilatildeo
bem mais abrangente e integradora pois convergem para a Gerontologia estudiosos de
vaacuterias aacutereas que se inter-relacionam necessariamente
Martins De Saacute (1999 p 225) refere-se agrave criaccedilatildeo da Gerontologia ressaltando
Quando mergulhamos na dimensatildeo histoacuterico-social dessa ciecircncia originaacuteria do iniacutecio do
seacuteculo XX com desenvolvimento crescente no poacutes-guerra verificamos de maneira mais
clara sua finalidade voltada para o alcance da longevidade e da qualidade de vida no
periacuteodo denominado de lsquovelhicersquo Essa qualidade eacute traduzida por sauacutede independecircncia
condiccedilotildees de vida do idoso do ponto de vista fiacutesico psicoloacutegico social cultural
Segundo Neri (1995 p16) tambeacutem comentando a origem da gerontologia
na primeira deacutecada do seacuteculo XX dois cientistas propuseram a criaccedilatildeo de disciplinas
voltadas para o estudo do envelhecimento Em 1903 Metchnicoff defendeu a ideacuteia da
necessidade de uma nova disciplina cientiacutefica a gerontologia nome cunhado com base
em gero (velho) e logia (estudo ou conhecimento) Em 1909 o meacutedico Nascher
introduziu na literatura o termo geriatria neologismo cunhado para denotar o estudo cliacutenico
da velhice assim como pediatria significa o estudo cliacutenico da infacircncia
As questotildees bio-psico-sociais tecircm sido pontos de constantes estudos na aacuterea da
gerontologia pois tecircm reflexo direto na vivecircncia de cada ser humano Para Carstensen
(Apud NERI 1995) trecircs teorias explicam a reduccedilatildeo das interaccedilotildees sociais na velhice a
teoria do afastamento a teoria da atividade e a de trocas sociais A primeira sustenta que
a reduccedilatildeo do contato social representa um mecanismo adaptativo por meio do qual a
pessoa dissocia-se da sociedade e a sociedade dissocia-se da pessoa o afastamento
social eacute muacutetuo e adaptativo do qual faz parte o distanciamento emocional A segunda
teoria da atividade contrasta com a primeira pois presume que os idosos desejam manter
contatos sociais mas que satildeo prejudicados pelas barreiras fiacutesicas e sociais impostas pela
idade A teoria das trocas sociais sustenta que os limitados recursos da velhice causam
uma diminuiccedilatildeo na amplitude das relaccedilotildees sociais
Com relaccedilatildeo agraves teorias psicoloacutegicas claacutessicas de estaacutegios Neri (1995) assinala que natildeo
haacute lugar para uma concepccedilatildeo evolutiva sobre a velhice pois estatildeo imbricadas com as
concepccedilotildees tradicionais da gerontologia segundo as quais a velhice eacute sinocircnimo de
doenccedila incapacidade e perdas
Correcirca (1996) evidencia um processo de envelhecimento integrado em que os fatores
bioloacutegicos se somam aos ambientais e aos psicoloacutegicos numa visatildeo biopsicossocial do
envelhecimento
Acredita-se que natildeo haacute apenas uma mas vaacuterias dimensotildees da idade a serem
consideradas por todo indiviacuteduo pois de acordo com a maneira com que cada indiviacuteduo se
situa frente agraves dimensotildees do tempo ele conduziraacute o seu viver Fraiman (1995) comenta a
idade cronoloacutegica a bioloacutegica a social e a existencial
Em concordacircncia com a autora considera-se que a idade cronoloacutegica somente nada nos
revela sobre a existecircncia a personalidade a intelectualidade a produtividade e a energia
vital ldquoA pessoa eacute muito mais do que a simples expressatildeo de suas atuais condiccedilotildees fiacutesicas
e de sauacutede uma vez que a dimensatildeo mental e experiencial tambeacutem agem e se modificam
a cada instanterdquo (FRAIMAN 1995 p 21)
Para Rodrigues (1999 p 22) ldquoUrgem maiores estudos que analisem a vivecircncia da
subjetividade na velhice estimulando um questionamento profundo que se expresse nas
relaccedilotildees entre as pessoas e nos programas governamentaisrdquo
O CANTAR O CORO TERAPEcircUTICO E O ENVELHECIMENTO SAUDAacuteVEL
O ato de cantar contribui para a estruturaccedilatildeo do ser humano colabora na
construccedilatildeo cultural e desenvolve habilidades aprendidas Para cantar a sauacutede e o
equiliacutebrio psicoloacutegico satildeo fundamentais O exerciacutecio do canto eacute a praacutetica da expressatildeo da
memoacuteria e estes entre outros levam agrave espontaneidade Fechando este ciacuterculo de
argumentaccedilotildees vecirc-se que o canto eacute terapecircutico pois ningueacutem canta ao acaso Como o
ser humano usa a voz Por que o faz O que acontece com o ser humano ao utilizar seu
proacuteprio instrumento aparelho fonador
Cantar eacute entre as atividades a serem desenvolvidas no setting musicoteraacutepico
considerada por muitos profissionais como rica fonte para possibilitar o desenvolvimento
das mais diversas habilidades humanas No livro Eacute Preciso Cantar Millecco Filho Brandatildeo
E Millecco (2001) vecircm compartilhar suas importantes experiecircncias na utilizaccedilatildeo de
canccedilotildees em Musicoterapia Afirmam
O canto eacute um elemento estruturante para o ser humano [] O homem vem entatildeo
expressando-se musicalmente atraveacutes da voz nos cantos de trabalho nos cacircnticos
guerreiros nos cantos religiosos ou sacros nos acalantos de matildees ou pais embalando
filhos nas festas nos jogos na crocircnica social de eacutepoca nas oacuteperas associando dramas e
mitos ao canto nas canccedilotildees populares Enfim em suas atividades talvez as mais
significativas o ser humano lanccedila matildeo do cantar (p 109)
Para que o musicoterapeuta trabalhe com a voz com o cantar aleacutem de procurar pesquisar
as significaccedilotildees desta expressatildeo vocal no processo musicoteraacutepico considera-se
imprescindiacutevel que obtenha maiores conhecimentos a respeito deste instrumento natural
do aparelho fonador e do respiratoacuterio para que seja possiacutevel evitar maiores esforccedilos e se
necessaacuterio deveraacute sugerir ao pacientecliente a busca de um outro profissional
especializado seja na fisiologia ou no funcionamento um otorrinolaringologista eou
fonoaudioacutelogo
Brack (2000 p 198) afirma que cantar eacute diferente de falar e comenta ldquoa comeccedilar pelo
ceacuterebro cujas camadas corticais satildeo diferenciadas nas duas funccedilotildees A fala e tudo mais
que eacute automatizado estaacute armazenado em camadas mais profundas do coacutertex cerebral O
que eacute mais elaborado como tocar piano e cantar por exemplo estaacute armazenado nas
camadas mais superficiaisrdquo Coelho (1999 p 11) destaca que ldquoa voz eacute o resultado sonoro
de um instrumento que exige cuidados Antes de tudo uma voz soacute eacute boa se proveacutem de um
organismo sadio[] Tambeacutem a sauacutede e o equiliacutebrio psicoloacutegico satildeo fundamentaisrdquo
Segundo Cerqueira (1996 4) ldquoo corpo e a voz satildeo instrumentos dos seres humanos e
assim como os instrumentos musicais eles precisam ser afinados para transmitir ao mundo
tudo o que tem a expressarrdquo A autora propotildee o termo ldquoafinaccedilatildeo global do serrdquo um trabalho
apoiado em teacutecnicas vocais e corporais como meio de quebrar resistecircncias orgacircnicas e
emocionais para facilitar a entrada e culminar no musicoterapecircutico indo ao encontro das
necessidades objetivas e subjetivas de crescimento do ser humano
Dinville (1993 4) acredita que a voz e a personalidade estatildeo estreitamente relacionadas e
satildeo inseparaacuteveis pois traduzem o ser humano na sua totalidade ldquoEntre o corpo e a voz
existe uma iacutentima relaccedilatildeo Eacute com eles que o cantor exterioriza sua afetividade e
desempenha o papel intermediaacuterio entre o puacuteblico e a obra musicalrdquo
A voz como importante elemento da comunicaccedilatildeo humana e reflexo do estado psiacutequico e
emocional tem sido utilizada no setting musicoteraacutepico em vaacuterias teacutecnicas desenvolvidas
por diversos musicoterapeutas no atendimento a aacutereas de atuaccedilatildeo profissional
diferenciadas Bruscia (2000 68) comentando as possibilidades de auto-expressatildeo no
processo musicoteraacutepico afirma que ao cantarmos ou tocarmos instrumentos ldquoliberamos
nossa energia interna para o mundo externo fazemos nosso corpo soar damos formas a
nossos impulsos vocalizamos o natildeo-diziacutevel ou as ideacuteias natildeo pronunciaacuteveis e destilamos
nossas emoccedilotildees em formas sonoras descritivasrdquo
Apoacutes evidenciarmos a importacircncia do cantar das canccedilotildees e da utilizaccedilatildeo da voz
consideramos ser oportuno discutir as relaccedilotildees entre este importante instrumento de
comunicaccedilatildeo e o papel do tempo ou seja as transformaccedilotildees decorrentes do passar dos
anos
Brack (2000 p 202) afirma que ldquoA voz tambeacutem envelhece poreacutem se a pessoa tratou-a
com atenccedilatildeo a qualidade vocal permaneceraacute por mais tempordquo Dinville (1993 p 121) faz
referecircncias ao aparelho respiratoacuterio e agraves mudanccedilas no aparelho fonador ldquo os esforccedilos
impostos aos oacutergatildeos da respiraccedilatildeo ou da fonaccedilatildeo podem com o passar do tempo ou
bruscamente ocasionar problemas orgacircnicosrdquo
Costa e Silva (1998 p 113) comentam que vaacuterios fatores influenciam no envelhecimento
da voz ldquoHaacute os psicoloacutegicos e neuroloacutegicos como queda de motivaccedilatildeo surgimento de
novos medos e dificuldade de controle neural e endocrinoloacutegicos associados agrave diminuiccedilatildeo
de produccedilatildeo de hormocircnios modificaccedilotildees na qualidade do epiteacutelio de revestimento da
laringe e queda da capacidade pulmonarrdquo Para Behlau e Pontes (1995) o iniacutecio e o grau
da deterioraccedilatildeo dependem particularmente de cada indiviacuteduo de sua histoacuteria de vida
aleacutem de fatores constitucionais raciais hereditaacuterios sociais e ambientais Quando a voz eacute
utilizada na relaccedilatildeo terapecircutica o contato com o paciente se intensifica por gerar maior
proximidade entre ambos
Cabe ressaltar que quando haacute a possibilidade de unir os trecircs tempos - passado presente
e futuro alcanccedila-se a integralizaccedilatildeo do ser Esta uniatildeo pode ser proporcionada propiciada
e facilitada pela muacutesica levando o musicoterapeuta a ver natildeo o ldquoserrdquo que eacute velho mas o
ldquoser que eacuterdquo a sua essecircncia Tem-se aleacutem disso a consciecircncia de que quanto mais uma
pessoa exercita sua mente maiores possibilidades teraacute de mantecirc-la aacutegil e receptiva
portanto ainda suscetiacutevel ao desenvolvimento o que pode ser objetivado pelo profissional
em questatildeo ao trabalhar com o idoso
Em se tratando do cantar em grupo observa-se que haacute um significado muito especial para
a maioria dos idosos pois a possibilidade de reconhecer suas potencialidades faz com que
este ldquocantordquo traga a auto-expressatildeo o auto-conhecimento e a auto-realizaccedilatildeo pontos que
passam a ser fortalecidos pelas relaccedilotildees inter-pessoais estabelecidas no Coro
Terapecircutico
Pode-se enumerar accedilotildees como exerciacutecios vocaacutelicos cantar muacutesicas escolhidas pelo
grupo exerciacutecios para relaxamento e de respiraccedilatildeo jogos de memoacuteria e outras que satildeo
desenvolvidas neste trabalho - Coro Terapecircutico objetivando os seguintes pontos
valorizaccedilatildeo da identidade valorizaccedilatildeo da auto-expressatildeo estiacutemulo ao conhecimento do
corpo (por meio dos exerciacutecios de relaxamento e de respiraccedilatildeo) relaccedilatildeo corpo - voz ndash
emoccedilatildeo melhora das relaccedilotildees intra e inter-pessoais amplificaccedilatildeo da voz revigorizaccedilatildeo
do aparelho fonador e prevenccedilatildeo de problemas de sauacutede mental demecircncias e perdas de
memoacuteria
Quanto agrave postura utilizada de terapeuta humanista observa-se o respeito que se deve ter
ao tempo de cada participante considerando as dimensotildees da idade cronoloacutegica da
bioloacutegica da existencial e as demais As experiecircncias vividas e o modo de ver o mundo
trazem subjetividade e complexidade ao ser humano O seu cantar eacute um reflexo deste todo
existencial Na conduccedilatildeo do grupo a musicoterapeuta propotildee ideacuteias (jogos atividades)
ouve opiniotildees (como se vestir para a apresentaccedilatildeo como subir ao palco o que acharam
do encontroaula do dia) acata ideacuteias (sugestatildeo de repertoacuterio muacutesicas a recordar) e daacute
opiniotildees (comenta por exemplo a importacircncia de cantar em grupo) Musicoterapeuta
(condutora da atividade) e grupo (participantes do Coro) traccedilam objetivos comuns e
planejam momentos futuros a partir da realidade presente Observa-se durante todo o
processo confianccedila e respeito pelo grupo com relaccedilatildeo agrave tomada de decisotildees sobre o
mesmo (por exemplo ao decidir aceitar ou natildeo um convite para apresentaccedilatildeo)
Para Ribeiro (1988 p 17) o ldquoencontro cliente-terapeutardquo seraacute sempre um encontro de
pessoas O terapeuta deve sentir afetiva e emocionalmente o cliente percebendo-o como
um todo integrado ldquoA relaccedilatildeo eacute sempre um encontro de totalidaderdquo
Este encontro esta compreensatildeo no Coro Terapecircutico satildeo viabilizados principalmente
na ldquoescutardquo da musicoterapeutacondutora ao valorizar as diferentes formas de expressatildeo
(o cantar as mensagens os textos de autoria proacutepria fatos do cotidiano queixas piadas
memoacuterias e opiniotildees) trazidas pelos participantes do grupo Apresenta-se a seguir
recortes de entrevistas e depoimentos de idosos transcritos no decorrer de uma pesquisa
fenomenoloacutegica sobre o Coro Terapecircutico
- ldquoMinha voz parece que melhorou melhorou a minha mente tudo eu acho que melhorou
com a Oficina a memoacuteria a dicccedilatildeo melhorou muitordquo (A) ldquoSe natildeo tivesse que vir ficava
em casa quieta Assim vocecirc eacute obrigada a agir se aprontar tomar o carro e seguir natildeo eacuterdquo
(AV) ldquoem casa eu me reservo muito mas aqui me realizordquo ldquoEacute terapia porque aquele eacute
o momento esperado por mim aquele eacute o momento que eu me realizordquo (I) ldquoO coral eacute
uma coisa maravilhosa para a terceira idade pelo menos na minha concepccedilatildeordquo ldquoEacute
maravilhoso e belo cantar parece que nos transportamos para o infinitordquo (A) ldquoTodo o
sentimento que o ser humano carrega em si principalmente noacutes da 3ordf idade que jaacute
passamos por todos os sentimentos e agora descobrimos com a experiecircncia que o mais
valioso na vida eacute realmente o sentimentordquo [] ldquonos conduziu a momentos muito alegres
e por incriacutevel que pareccedila nos fez cantarE acreditamos na nossa possibilidade E
acreditamos em noacutes E transbordamos de alegria ao trazer do passado muacutesicas ateacute
esquecidas mas cheias de poesia e beleza E rejuvenescemosrdquo (H)
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Alguns elementos observados no decorrer do processo terapecircutico com o grupo (Coro
Terapecircutico) foram a socializaccedilatildeo a solidariedade entre os participantes a
respeitabilidade que fortaleceu a uniatildeo do grupo e a sensaccedilatildeo de auto-realizacatildeo
advinda da construccedilatildeo conjunta em torno de um ideal comum a todos que eacute a expressatildeo
atraveacutes do cantar
Acredita-se que as relaccedilotildees sociais que se estabeleceram no grupo satildeo aspectos
relevantes para a subjetividade do ser humano o mundo interno que possui e suas
expressotildees O homem eacute um ser social e como um ser de relaccedilotildees sociais estaacute em
permanente movimento
Segundo Bock Furtado e Teixeira (1999) a Psicologia Social como aacuterea de conhecimento
passa a estudar o psiquismo humano ldquobuscando compreender como se daacute a construccedilatildeo
desse mundo interno a partir das relaccedilotildees sociais vividas pelo homem O mundo objetivo
passa a ser visto natildeo como fator de influecircncia para o desenvolvimento da subjetividade
mas como fator constitutivordquo (p 141)
Este fator constitutivo estaacute relacionado ao ldquocantarrdquo como meio para a auto-expressatildeo e a
auto-realizaccedilatildeo - o que implica no ldquofazerrdquo na ldquoatividaderdquo e na realizaccedilatildeo do homem A
atividade humana eacute a base do conhecimento e do pensamento do homem que constroacutei o
seu mundo interno na medida em que atua e transforma o mundo externo
Outro ponto depreendido das falas dos participantes eacute que as canccedilotildees revelam a
ldquosubjetividadeexistencialidade interna do serrdquo Este se relaciona agrave consciecircncia ao pensar
humano A consciecircncia natildeo se limita ao saber loacutegico incluindo tambeacutem o saber das
emoccedilotildees e sentimentos do homem o saber dos desejos e o saber do inconsciente O
ldquopensarrdquo transpareceu nas canccedilotildees e nos conteuacutedos destas que trouxeram os
sentimentos a subjetividade e o universo afetivo dos participantes
Rodrigues (1999) acredita que eacute fundamental para o idoso utilizar suas memoacuterias suas
ricas lembranccedilas e aprendizados mas que eacute imprescindiacutevel que adicionem novos
conhecimentos que soacute eacute possiacutevel para quem se abre ao eterno aprender
Finalmente observou-se nos depoimentos e entrevistas que a auto-confianccedila do ldquoserrdquo
participante do Coro Terapecircutico faz com que ele tenha expectativas para o futuro
Ressalta-se assim a identidade Bock Furtado e Teixeira (1999) comentam que a
identidade eacute a siacutentese pessoal sobre si mesmo eacute a denominaccedilatildeo dada agraves representaccedilotildees
e sentimentos que o indiviacuteduo desenvolve a respeito de si proacuteprio a partir do conjunto de
suas vivecircncias
Objetivou-se com o Coro Terapecircutico para a Terceira Idade proporcionar aos participantes
do grupo a auto-realizaccedilatildeo a motivaccedilatildeo para o viver a satisfaccedilatildeoprazer a prevenccedilatildeo da
Sauacutede Mental a melhoria da qualidade de vida melhorar as relaccedilotildees intra e inter-pessoais
e a interaccedilatildeo social estimular o resgate de memoacuteria e valorizar a dignidade de toda e
qualquer lembranccedila a percepccedilatildeo do outro e do universo sonoro do outro e a
compreensatildeo da subjetividade da existencialidade interna de cada um
Cabe ressaltar que o novo conceito de Coro Terapecircutico consiste num grupo conduzido
por um musicoterapeuta com objetivos terapecircuticos em que a voz eacute utilizada como
recurso para a comunicaccedilatildeo expressatildeo satisfaccedilatildeo e interaccedilatildeo social Os participantes
atraveacutes do cantar veiculam sua subjetividade externando sua existencialidade interna
Acredita-se que eacute possiacutevel proporcionar ao idoso uma sensaccedilatildeo diferente daquela em que
eacute somente um sobrevivente para ser tambeacutem um agente capaz de inuacutemeras
accedilotildeesrelaccedilotildees sociais e emocionais A construccedilatildeo do ser eacute um processo contiacutenuo que se
daacute em todas as etapas da vida Estar consciente deste processo desta continuidade pode
ser um grande diferencial para a qualidade de vida de todo e qualquer indiviacuteduo
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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4ed Rio de Janeiro Petroacutepolis1994
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1995 312 p
BOCK A B FURTADO O TEIXEIRA M T Psicologias - uma introduccedilatildeo ao estudo de
psicologia 13ed Satildeo Paulo Saraiva 1999 368 p
BRACK R M O cantor e sua preciosa voz In MARTINEZ E et al Regecircncia coral -
princiacutepios baacutesicos Curitiba Dom Bosco 2000 p197-206
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Janeiro Enelivros 2000
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fonoaudioloacutegica Satildeo Paulo Ed Lovise 1998 181 p
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MARTINS DE SAacute J L Gerontologia e interdisciplinaridade fundamentos epistemoloacutegicos
In NERI A L DEBERT G (orgs) Velhice e sociedade Campinas SP Papirus 1999 p
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Dumaraacute UnATI UERJ 1997 192 p
ZANINI C R de O O cantar e a terceira idade Nova Geraccedilatildeo Goiacircnia Ano III n12 p3
julho 2000
___________________ Coro Terapecircutico ndash um olhar do musicoterapeuta para o idoso no
novo milecircnio Dissertaccedilatildeo apresentada ao Mestrado em Muacutesica Universidade Federal de
Goiaacutes Goiacircnia 2002 142p
- INTRODUCcedilAtildeO
-
em gero (velho) e logia (estudo ou conhecimento) Em 1909 o meacutedico Nascher
introduziu na literatura o termo geriatria neologismo cunhado para denotar o estudo cliacutenico
da velhice assim como pediatria significa o estudo cliacutenico da infacircncia
As questotildees bio-psico-sociais tecircm sido pontos de constantes estudos na aacuterea da
gerontologia pois tecircm reflexo direto na vivecircncia de cada ser humano Para Carstensen
(Apud NERI 1995) trecircs teorias explicam a reduccedilatildeo das interaccedilotildees sociais na velhice a
teoria do afastamento a teoria da atividade e a de trocas sociais A primeira sustenta que
a reduccedilatildeo do contato social representa um mecanismo adaptativo por meio do qual a
pessoa dissocia-se da sociedade e a sociedade dissocia-se da pessoa o afastamento
social eacute muacutetuo e adaptativo do qual faz parte o distanciamento emocional A segunda
teoria da atividade contrasta com a primeira pois presume que os idosos desejam manter
contatos sociais mas que satildeo prejudicados pelas barreiras fiacutesicas e sociais impostas pela
idade A teoria das trocas sociais sustenta que os limitados recursos da velhice causam
uma diminuiccedilatildeo na amplitude das relaccedilotildees sociais
Com relaccedilatildeo agraves teorias psicoloacutegicas claacutessicas de estaacutegios Neri (1995) assinala que natildeo
haacute lugar para uma concepccedilatildeo evolutiva sobre a velhice pois estatildeo imbricadas com as
concepccedilotildees tradicionais da gerontologia segundo as quais a velhice eacute sinocircnimo de
doenccedila incapacidade e perdas
Correcirca (1996) evidencia um processo de envelhecimento integrado em que os fatores
bioloacutegicos se somam aos ambientais e aos psicoloacutegicos numa visatildeo biopsicossocial do
envelhecimento
Acredita-se que natildeo haacute apenas uma mas vaacuterias dimensotildees da idade a serem
consideradas por todo indiviacuteduo pois de acordo com a maneira com que cada indiviacuteduo se
situa frente agraves dimensotildees do tempo ele conduziraacute o seu viver Fraiman (1995) comenta a
idade cronoloacutegica a bioloacutegica a social e a existencial
Em concordacircncia com a autora considera-se que a idade cronoloacutegica somente nada nos
revela sobre a existecircncia a personalidade a intelectualidade a produtividade e a energia
vital ldquoA pessoa eacute muito mais do que a simples expressatildeo de suas atuais condiccedilotildees fiacutesicas
e de sauacutede uma vez que a dimensatildeo mental e experiencial tambeacutem agem e se modificam
a cada instanterdquo (FRAIMAN 1995 p 21)
Para Rodrigues (1999 p 22) ldquoUrgem maiores estudos que analisem a vivecircncia da
subjetividade na velhice estimulando um questionamento profundo que se expresse nas
relaccedilotildees entre as pessoas e nos programas governamentaisrdquo
O CANTAR O CORO TERAPEcircUTICO E O ENVELHECIMENTO SAUDAacuteVEL
O ato de cantar contribui para a estruturaccedilatildeo do ser humano colabora na
construccedilatildeo cultural e desenvolve habilidades aprendidas Para cantar a sauacutede e o
equiliacutebrio psicoloacutegico satildeo fundamentais O exerciacutecio do canto eacute a praacutetica da expressatildeo da
memoacuteria e estes entre outros levam agrave espontaneidade Fechando este ciacuterculo de
argumentaccedilotildees vecirc-se que o canto eacute terapecircutico pois ningueacutem canta ao acaso Como o
ser humano usa a voz Por que o faz O que acontece com o ser humano ao utilizar seu
proacuteprio instrumento aparelho fonador
Cantar eacute entre as atividades a serem desenvolvidas no setting musicoteraacutepico
considerada por muitos profissionais como rica fonte para possibilitar o desenvolvimento
das mais diversas habilidades humanas No livro Eacute Preciso Cantar Millecco Filho Brandatildeo
E Millecco (2001) vecircm compartilhar suas importantes experiecircncias na utilizaccedilatildeo de
canccedilotildees em Musicoterapia Afirmam
O canto eacute um elemento estruturante para o ser humano [] O homem vem entatildeo
expressando-se musicalmente atraveacutes da voz nos cantos de trabalho nos cacircnticos
guerreiros nos cantos religiosos ou sacros nos acalantos de matildees ou pais embalando
filhos nas festas nos jogos na crocircnica social de eacutepoca nas oacuteperas associando dramas e
mitos ao canto nas canccedilotildees populares Enfim em suas atividades talvez as mais
significativas o ser humano lanccedila matildeo do cantar (p 109)
Para que o musicoterapeuta trabalhe com a voz com o cantar aleacutem de procurar pesquisar
as significaccedilotildees desta expressatildeo vocal no processo musicoteraacutepico considera-se
imprescindiacutevel que obtenha maiores conhecimentos a respeito deste instrumento natural
do aparelho fonador e do respiratoacuterio para que seja possiacutevel evitar maiores esforccedilos e se
necessaacuterio deveraacute sugerir ao pacientecliente a busca de um outro profissional
especializado seja na fisiologia ou no funcionamento um otorrinolaringologista eou
fonoaudioacutelogo
Brack (2000 p 198) afirma que cantar eacute diferente de falar e comenta ldquoa comeccedilar pelo
ceacuterebro cujas camadas corticais satildeo diferenciadas nas duas funccedilotildees A fala e tudo mais
que eacute automatizado estaacute armazenado em camadas mais profundas do coacutertex cerebral O
que eacute mais elaborado como tocar piano e cantar por exemplo estaacute armazenado nas
camadas mais superficiaisrdquo Coelho (1999 p 11) destaca que ldquoa voz eacute o resultado sonoro
de um instrumento que exige cuidados Antes de tudo uma voz soacute eacute boa se proveacutem de um
organismo sadio[] Tambeacutem a sauacutede e o equiliacutebrio psicoloacutegico satildeo fundamentaisrdquo
Segundo Cerqueira (1996 4) ldquoo corpo e a voz satildeo instrumentos dos seres humanos e
assim como os instrumentos musicais eles precisam ser afinados para transmitir ao mundo
tudo o que tem a expressarrdquo A autora propotildee o termo ldquoafinaccedilatildeo global do serrdquo um trabalho
apoiado em teacutecnicas vocais e corporais como meio de quebrar resistecircncias orgacircnicas e
emocionais para facilitar a entrada e culminar no musicoterapecircutico indo ao encontro das
necessidades objetivas e subjetivas de crescimento do ser humano
Dinville (1993 4) acredita que a voz e a personalidade estatildeo estreitamente relacionadas e
satildeo inseparaacuteveis pois traduzem o ser humano na sua totalidade ldquoEntre o corpo e a voz
existe uma iacutentima relaccedilatildeo Eacute com eles que o cantor exterioriza sua afetividade e
desempenha o papel intermediaacuterio entre o puacuteblico e a obra musicalrdquo
A voz como importante elemento da comunicaccedilatildeo humana e reflexo do estado psiacutequico e
emocional tem sido utilizada no setting musicoteraacutepico em vaacuterias teacutecnicas desenvolvidas
por diversos musicoterapeutas no atendimento a aacutereas de atuaccedilatildeo profissional
diferenciadas Bruscia (2000 68) comentando as possibilidades de auto-expressatildeo no
processo musicoteraacutepico afirma que ao cantarmos ou tocarmos instrumentos ldquoliberamos
nossa energia interna para o mundo externo fazemos nosso corpo soar damos formas a
nossos impulsos vocalizamos o natildeo-diziacutevel ou as ideacuteias natildeo pronunciaacuteveis e destilamos
nossas emoccedilotildees em formas sonoras descritivasrdquo
Apoacutes evidenciarmos a importacircncia do cantar das canccedilotildees e da utilizaccedilatildeo da voz
consideramos ser oportuno discutir as relaccedilotildees entre este importante instrumento de
comunicaccedilatildeo e o papel do tempo ou seja as transformaccedilotildees decorrentes do passar dos
anos
Brack (2000 p 202) afirma que ldquoA voz tambeacutem envelhece poreacutem se a pessoa tratou-a
com atenccedilatildeo a qualidade vocal permaneceraacute por mais tempordquo Dinville (1993 p 121) faz
referecircncias ao aparelho respiratoacuterio e agraves mudanccedilas no aparelho fonador ldquo os esforccedilos
impostos aos oacutergatildeos da respiraccedilatildeo ou da fonaccedilatildeo podem com o passar do tempo ou
bruscamente ocasionar problemas orgacircnicosrdquo
Costa e Silva (1998 p 113) comentam que vaacuterios fatores influenciam no envelhecimento
da voz ldquoHaacute os psicoloacutegicos e neuroloacutegicos como queda de motivaccedilatildeo surgimento de
novos medos e dificuldade de controle neural e endocrinoloacutegicos associados agrave diminuiccedilatildeo
de produccedilatildeo de hormocircnios modificaccedilotildees na qualidade do epiteacutelio de revestimento da
laringe e queda da capacidade pulmonarrdquo Para Behlau e Pontes (1995) o iniacutecio e o grau
da deterioraccedilatildeo dependem particularmente de cada indiviacuteduo de sua histoacuteria de vida
aleacutem de fatores constitucionais raciais hereditaacuterios sociais e ambientais Quando a voz eacute
utilizada na relaccedilatildeo terapecircutica o contato com o paciente se intensifica por gerar maior
proximidade entre ambos
Cabe ressaltar que quando haacute a possibilidade de unir os trecircs tempos - passado presente
e futuro alcanccedila-se a integralizaccedilatildeo do ser Esta uniatildeo pode ser proporcionada propiciada
e facilitada pela muacutesica levando o musicoterapeuta a ver natildeo o ldquoserrdquo que eacute velho mas o
ldquoser que eacuterdquo a sua essecircncia Tem-se aleacutem disso a consciecircncia de que quanto mais uma
pessoa exercita sua mente maiores possibilidades teraacute de mantecirc-la aacutegil e receptiva
portanto ainda suscetiacutevel ao desenvolvimento o que pode ser objetivado pelo profissional
em questatildeo ao trabalhar com o idoso
Em se tratando do cantar em grupo observa-se que haacute um significado muito especial para
a maioria dos idosos pois a possibilidade de reconhecer suas potencialidades faz com que
este ldquocantordquo traga a auto-expressatildeo o auto-conhecimento e a auto-realizaccedilatildeo pontos que
passam a ser fortalecidos pelas relaccedilotildees inter-pessoais estabelecidas no Coro
Terapecircutico
Pode-se enumerar accedilotildees como exerciacutecios vocaacutelicos cantar muacutesicas escolhidas pelo
grupo exerciacutecios para relaxamento e de respiraccedilatildeo jogos de memoacuteria e outras que satildeo
desenvolvidas neste trabalho - Coro Terapecircutico objetivando os seguintes pontos
valorizaccedilatildeo da identidade valorizaccedilatildeo da auto-expressatildeo estiacutemulo ao conhecimento do
corpo (por meio dos exerciacutecios de relaxamento e de respiraccedilatildeo) relaccedilatildeo corpo - voz ndash
emoccedilatildeo melhora das relaccedilotildees intra e inter-pessoais amplificaccedilatildeo da voz revigorizaccedilatildeo
do aparelho fonador e prevenccedilatildeo de problemas de sauacutede mental demecircncias e perdas de
memoacuteria
Quanto agrave postura utilizada de terapeuta humanista observa-se o respeito que se deve ter
ao tempo de cada participante considerando as dimensotildees da idade cronoloacutegica da
bioloacutegica da existencial e as demais As experiecircncias vividas e o modo de ver o mundo
trazem subjetividade e complexidade ao ser humano O seu cantar eacute um reflexo deste todo
existencial Na conduccedilatildeo do grupo a musicoterapeuta propotildee ideacuteias (jogos atividades)
ouve opiniotildees (como se vestir para a apresentaccedilatildeo como subir ao palco o que acharam
do encontroaula do dia) acata ideacuteias (sugestatildeo de repertoacuterio muacutesicas a recordar) e daacute
opiniotildees (comenta por exemplo a importacircncia de cantar em grupo) Musicoterapeuta
(condutora da atividade) e grupo (participantes do Coro) traccedilam objetivos comuns e
planejam momentos futuros a partir da realidade presente Observa-se durante todo o
processo confianccedila e respeito pelo grupo com relaccedilatildeo agrave tomada de decisotildees sobre o
mesmo (por exemplo ao decidir aceitar ou natildeo um convite para apresentaccedilatildeo)
Para Ribeiro (1988 p 17) o ldquoencontro cliente-terapeutardquo seraacute sempre um encontro de
pessoas O terapeuta deve sentir afetiva e emocionalmente o cliente percebendo-o como
um todo integrado ldquoA relaccedilatildeo eacute sempre um encontro de totalidaderdquo
Este encontro esta compreensatildeo no Coro Terapecircutico satildeo viabilizados principalmente
na ldquoescutardquo da musicoterapeutacondutora ao valorizar as diferentes formas de expressatildeo
(o cantar as mensagens os textos de autoria proacutepria fatos do cotidiano queixas piadas
memoacuterias e opiniotildees) trazidas pelos participantes do grupo Apresenta-se a seguir
recortes de entrevistas e depoimentos de idosos transcritos no decorrer de uma pesquisa
fenomenoloacutegica sobre o Coro Terapecircutico
- ldquoMinha voz parece que melhorou melhorou a minha mente tudo eu acho que melhorou
com a Oficina a memoacuteria a dicccedilatildeo melhorou muitordquo (A) ldquoSe natildeo tivesse que vir ficava
em casa quieta Assim vocecirc eacute obrigada a agir se aprontar tomar o carro e seguir natildeo eacuterdquo
(AV) ldquoem casa eu me reservo muito mas aqui me realizordquo ldquoEacute terapia porque aquele eacute
o momento esperado por mim aquele eacute o momento que eu me realizordquo (I) ldquoO coral eacute
uma coisa maravilhosa para a terceira idade pelo menos na minha concepccedilatildeordquo ldquoEacute
maravilhoso e belo cantar parece que nos transportamos para o infinitordquo (A) ldquoTodo o
sentimento que o ser humano carrega em si principalmente noacutes da 3ordf idade que jaacute
passamos por todos os sentimentos e agora descobrimos com a experiecircncia que o mais
valioso na vida eacute realmente o sentimentordquo [] ldquonos conduziu a momentos muito alegres
e por incriacutevel que pareccedila nos fez cantarE acreditamos na nossa possibilidade E
acreditamos em noacutes E transbordamos de alegria ao trazer do passado muacutesicas ateacute
esquecidas mas cheias de poesia e beleza E rejuvenescemosrdquo (H)
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Alguns elementos observados no decorrer do processo terapecircutico com o grupo (Coro
Terapecircutico) foram a socializaccedilatildeo a solidariedade entre os participantes a
respeitabilidade que fortaleceu a uniatildeo do grupo e a sensaccedilatildeo de auto-realizacatildeo
advinda da construccedilatildeo conjunta em torno de um ideal comum a todos que eacute a expressatildeo
atraveacutes do cantar
Acredita-se que as relaccedilotildees sociais que se estabeleceram no grupo satildeo aspectos
relevantes para a subjetividade do ser humano o mundo interno que possui e suas
expressotildees O homem eacute um ser social e como um ser de relaccedilotildees sociais estaacute em
permanente movimento
Segundo Bock Furtado e Teixeira (1999) a Psicologia Social como aacuterea de conhecimento
passa a estudar o psiquismo humano ldquobuscando compreender como se daacute a construccedilatildeo
desse mundo interno a partir das relaccedilotildees sociais vividas pelo homem O mundo objetivo
passa a ser visto natildeo como fator de influecircncia para o desenvolvimento da subjetividade
mas como fator constitutivordquo (p 141)
Este fator constitutivo estaacute relacionado ao ldquocantarrdquo como meio para a auto-expressatildeo e a
auto-realizaccedilatildeo - o que implica no ldquofazerrdquo na ldquoatividaderdquo e na realizaccedilatildeo do homem A
atividade humana eacute a base do conhecimento e do pensamento do homem que constroacutei o
seu mundo interno na medida em que atua e transforma o mundo externo
Outro ponto depreendido das falas dos participantes eacute que as canccedilotildees revelam a
ldquosubjetividadeexistencialidade interna do serrdquo Este se relaciona agrave consciecircncia ao pensar
humano A consciecircncia natildeo se limita ao saber loacutegico incluindo tambeacutem o saber das
emoccedilotildees e sentimentos do homem o saber dos desejos e o saber do inconsciente O
ldquopensarrdquo transpareceu nas canccedilotildees e nos conteuacutedos destas que trouxeram os
sentimentos a subjetividade e o universo afetivo dos participantes
Rodrigues (1999) acredita que eacute fundamental para o idoso utilizar suas memoacuterias suas
ricas lembranccedilas e aprendizados mas que eacute imprescindiacutevel que adicionem novos
conhecimentos que soacute eacute possiacutevel para quem se abre ao eterno aprender
Finalmente observou-se nos depoimentos e entrevistas que a auto-confianccedila do ldquoserrdquo
participante do Coro Terapecircutico faz com que ele tenha expectativas para o futuro
Ressalta-se assim a identidade Bock Furtado e Teixeira (1999) comentam que a
identidade eacute a siacutentese pessoal sobre si mesmo eacute a denominaccedilatildeo dada agraves representaccedilotildees
e sentimentos que o indiviacuteduo desenvolve a respeito de si proacuteprio a partir do conjunto de
suas vivecircncias
Objetivou-se com o Coro Terapecircutico para a Terceira Idade proporcionar aos participantes
do grupo a auto-realizaccedilatildeo a motivaccedilatildeo para o viver a satisfaccedilatildeoprazer a prevenccedilatildeo da
Sauacutede Mental a melhoria da qualidade de vida melhorar as relaccedilotildees intra e inter-pessoais
e a interaccedilatildeo social estimular o resgate de memoacuteria e valorizar a dignidade de toda e
qualquer lembranccedila a percepccedilatildeo do outro e do universo sonoro do outro e a
compreensatildeo da subjetividade da existencialidade interna de cada um
Cabe ressaltar que o novo conceito de Coro Terapecircutico consiste num grupo conduzido
por um musicoterapeuta com objetivos terapecircuticos em que a voz eacute utilizada como
recurso para a comunicaccedilatildeo expressatildeo satisfaccedilatildeo e interaccedilatildeo social Os participantes
atraveacutes do cantar veiculam sua subjetividade externando sua existencialidade interna
Acredita-se que eacute possiacutevel proporcionar ao idoso uma sensaccedilatildeo diferente daquela em que
eacute somente um sobrevivente para ser tambeacutem um agente capaz de inuacutemeras
accedilotildeesrelaccedilotildees sociais e emocionais A construccedilatildeo do ser eacute um processo contiacutenuo que se
daacute em todas as etapas da vida Estar consciente deste processo desta continuidade pode
ser um grande diferencial para a qualidade de vida de todo e qualquer indiviacuteduo
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
AUGRAS M O ser da compreensatildeo - fenomenologia da situaccedilatildeo de psicodiagnoacutestico
4ed Rio de Janeiro Petroacutepolis1994
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psicologia 13ed Satildeo Paulo Saraiva 1999 368 p
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BRUSCIA K E Definindo Musicoterapia Traduccedilatildeo por Mariza V F Conde 2edRio de
Janeiro Enelivros 2000
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musicoteraacutepica Monografia apresentada ao Curso de Especializaccedilatildeo em Musicoterapia
Conservatoacuterio Brasileiro de Musicoterapia Rio de Janeiro 1996 70 p
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CORREcircA A C de O Envelhecimento depressatildeo e doenccedila de Alzheimer Belo Horizonte
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fonoaudioloacutegica Satildeo Paulo Ed Lovise 1998 181 p
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Janeiro Enelivros 1993 160 p
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ZANINI C R de O O cantar e a terceira idade Nova Geraccedilatildeo Goiacircnia Ano III n12 p3
julho 2000
___________________ Coro Terapecircutico ndash um olhar do musicoterapeuta para o idoso no
novo milecircnio Dissertaccedilatildeo apresentada ao Mestrado em Muacutesica Universidade Federal de
Goiaacutes Goiacircnia 2002 142p
- INTRODUCcedilAtildeO
-
O CANTAR O CORO TERAPEcircUTICO E O ENVELHECIMENTO SAUDAacuteVEL
O ato de cantar contribui para a estruturaccedilatildeo do ser humano colabora na
construccedilatildeo cultural e desenvolve habilidades aprendidas Para cantar a sauacutede e o
equiliacutebrio psicoloacutegico satildeo fundamentais O exerciacutecio do canto eacute a praacutetica da expressatildeo da
memoacuteria e estes entre outros levam agrave espontaneidade Fechando este ciacuterculo de
argumentaccedilotildees vecirc-se que o canto eacute terapecircutico pois ningueacutem canta ao acaso Como o
ser humano usa a voz Por que o faz O que acontece com o ser humano ao utilizar seu
proacuteprio instrumento aparelho fonador
Cantar eacute entre as atividades a serem desenvolvidas no setting musicoteraacutepico
considerada por muitos profissionais como rica fonte para possibilitar o desenvolvimento
das mais diversas habilidades humanas No livro Eacute Preciso Cantar Millecco Filho Brandatildeo
E Millecco (2001) vecircm compartilhar suas importantes experiecircncias na utilizaccedilatildeo de
canccedilotildees em Musicoterapia Afirmam
O canto eacute um elemento estruturante para o ser humano [] O homem vem entatildeo
expressando-se musicalmente atraveacutes da voz nos cantos de trabalho nos cacircnticos
guerreiros nos cantos religiosos ou sacros nos acalantos de matildees ou pais embalando
filhos nas festas nos jogos na crocircnica social de eacutepoca nas oacuteperas associando dramas e
mitos ao canto nas canccedilotildees populares Enfim em suas atividades talvez as mais
significativas o ser humano lanccedila matildeo do cantar (p 109)
Para que o musicoterapeuta trabalhe com a voz com o cantar aleacutem de procurar pesquisar
as significaccedilotildees desta expressatildeo vocal no processo musicoteraacutepico considera-se
imprescindiacutevel que obtenha maiores conhecimentos a respeito deste instrumento natural
do aparelho fonador e do respiratoacuterio para que seja possiacutevel evitar maiores esforccedilos e se
necessaacuterio deveraacute sugerir ao pacientecliente a busca de um outro profissional
especializado seja na fisiologia ou no funcionamento um otorrinolaringologista eou
fonoaudioacutelogo
Brack (2000 p 198) afirma que cantar eacute diferente de falar e comenta ldquoa comeccedilar pelo
ceacuterebro cujas camadas corticais satildeo diferenciadas nas duas funccedilotildees A fala e tudo mais
que eacute automatizado estaacute armazenado em camadas mais profundas do coacutertex cerebral O
que eacute mais elaborado como tocar piano e cantar por exemplo estaacute armazenado nas
camadas mais superficiaisrdquo Coelho (1999 p 11) destaca que ldquoa voz eacute o resultado sonoro
de um instrumento que exige cuidados Antes de tudo uma voz soacute eacute boa se proveacutem de um
organismo sadio[] Tambeacutem a sauacutede e o equiliacutebrio psicoloacutegico satildeo fundamentaisrdquo
Segundo Cerqueira (1996 4) ldquoo corpo e a voz satildeo instrumentos dos seres humanos e
assim como os instrumentos musicais eles precisam ser afinados para transmitir ao mundo
tudo o que tem a expressarrdquo A autora propotildee o termo ldquoafinaccedilatildeo global do serrdquo um trabalho
apoiado em teacutecnicas vocais e corporais como meio de quebrar resistecircncias orgacircnicas e
emocionais para facilitar a entrada e culminar no musicoterapecircutico indo ao encontro das
necessidades objetivas e subjetivas de crescimento do ser humano
Dinville (1993 4) acredita que a voz e a personalidade estatildeo estreitamente relacionadas e
satildeo inseparaacuteveis pois traduzem o ser humano na sua totalidade ldquoEntre o corpo e a voz
existe uma iacutentima relaccedilatildeo Eacute com eles que o cantor exterioriza sua afetividade e
desempenha o papel intermediaacuterio entre o puacuteblico e a obra musicalrdquo
A voz como importante elemento da comunicaccedilatildeo humana e reflexo do estado psiacutequico e
emocional tem sido utilizada no setting musicoteraacutepico em vaacuterias teacutecnicas desenvolvidas
por diversos musicoterapeutas no atendimento a aacutereas de atuaccedilatildeo profissional
diferenciadas Bruscia (2000 68) comentando as possibilidades de auto-expressatildeo no
processo musicoteraacutepico afirma que ao cantarmos ou tocarmos instrumentos ldquoliberamos
nossa energia interna para o mundo externo fazemos nosso corpo soar damos formas a
nossos impulsos vocalizamos o natildeo-diziacutevel ou as ideacuteias natildeo pronunciaacuteveis e destilamos
nossas emoccedilotildees em formas sonoras descritivasrdquo
Apoacutes evidenciarmos a importacircncia do cantar das canccedilotildees e da utilizaccedilatildeo da voz
consideramos ser oportuno discutir as relaccedilotildees entre este importante instrumento de
comunicaccedilatildeo e o papel do tempo ou seja as transformaccedilotildees decorrentes do passar dos
anos
Brack (2000 p 202) afirma que ldquoA voz tambeacutem envelhece poreacutem se a pessoa tratou-a
com atenccedilatildeo a qualidade vocal permaneceraacute por mais tempordquo Dinville (1993 p 121) faz
referecircncias ao aparelho respiratoacuterio e agraves mudanccedilas no aparelho fonador ldquo os esforccedilos
impostos aos oacutergatildeos da respiraccedilatildeo ou da fonaccedilatildeo podem com o passar do tempo ou
bruscamente ocasionar problemas orgacircnicosrdquo
Costa e Silva (1998 p 113) comentam que vaacuterios fatores influenciam no envelhecimento
da voz ldquoHaacute os psicoloacutegicos e neuroloacutegicos como queda de motivaccedilatildeo surgimento de
novos medos e dificuldade de controle neural e endocrinoloacutegicos associados agrave diminuiccedilatildeo
de produccedilatildeo de hormocircnios modificaccedilotildees na qualidade do epiteacutelio de revestimento da
laringe e queda da capacidade pulmonarrdquo Para Behlau e Pontes (1995) o iniacutecio e o grau
da deterioraccedilatildeo dependem particularmente de cada indiviacuteduo de sua histoacuteria de vida
aleacutem de fatores constitucionais raciais hereditaacuterios sociais e ambientais Quando a voz eacute
utilizada na relaccedilatildeo terapecircutica o contato com o paciente se intensifica por gerar maior
proximidade entre ambos
Cabe ressaltar que quando haacute a possibilidade de unir os trecircs tempos - passado presente
e futuro alcanccedila-se a integralizaccedilatildeo do ser Esta uniatildeo pode ser proporcionada propiciada
e facilitada pela muacutesica levando o musicoterapeuta a ver natildeo o ldquoserrdquo que eacute velho mas o
ldquoser que eacuterdquo a sua essecircncia Tem-se aleacutem disso a consciecircncia de que quanto mais uma
pessoa exercita sua mente maiores possibilidades teraacute de mantecirc-la aacutegil e receptiva
portanto ainda suscetiacutevel ao desenvolvimento o que pode ser objetivado pelo profissional
em questatildeo ao trabalhar com o idoso
Em se tratando do cantar em grupo observa-se que haacute um significado muito especial para
a maioria dos idosos pois a possibilidade de reconhecer suas potencialidades faz com que
este ldquocantordquo traga a auto-expressatildeo o auto-conhecimento e a auto-realizaccedilatildeo pontos que
passam a ser fortalecidos pelas relaccedilotildees inter-pessoais estabelecidas no Coro
Terapecircutico
Pode-se enumerar accedilotildees como exerciacutecios vocaacutelicos cantar muacutesicas escolhidas pelo
grupo exerciacutecios para relaxamento e de respiraccedilatildeo jogos de memoacuteria e outras que satildeo
desenvolvidas neste trabalho - Coro Terapecircutico objetivando os seguintes pontos
valorizaccedilatildeo da identidade valorizaccedilatildeo da auto-expressatildeo estiacutemulo ao conhecimento do
corpo (por meio dos exerciacutecios de relaxamento e de respiraccedilatildeo) relaccedilatildeo corpo - voz ndash
emoccedilatildeo melhora das relaccedilotildees intra e inter-pessoais amplificaccedilatildeo da voz revigorizaccedilatildeo
do aparelho fonador e prevenccedilatildeo de problemas de sauacutede mental demecircncias e perdas de
memoacuteria
Quanto agrave postura utilizada de terapeuta humanista observa-se o respeito que se deve ter
ao tempo de cada participante considerando as dimensotildees da idade cronoloacutegica da
bioloacutegica da existencial e as demais As experiecircncias vividas e o modo de ver o mundo
trazem subjetividade e complexidade ao ser humano O seu cantar eacute um reflexo deste todo
existencial Na conduccedilatildeo do grupo a musicoterapeuta propotildee ideacuteias (jogos atividades)
ouve opiniotildees (como se vestir para a apresentaccedilatildeo como subir ao palco o que acharam
do encontroaula do dia) acata ideacuteias (sugestatildeo de repertoacuterio muacutesicas a recordar) e daacute
opiniotildees (comenta por exemplo a importacircncia de cantar em grupo) Musicoterapeuta
(condutora da atividade) e grupo (participantes do Coro) traccedilam objetivos comuns e
planejam momentos futuros a partir da realidade presente Observa-se durante todo o
processo confianccedila e respeito pelo grupo com relaccedilatildeo agrave tomada de decisotildees sobre o
mesmo (por exemplo ao decidir aceitar ou natildeo um convite para apresentaccedilatildeo)
Para Ribeiro (1988 p 17) o ldquoencontro cliente-terapeutardquo seraacute sempre um encontro de
pessoas O terapeuta deve sentir afetiva e emocionalmente o cliente percebendo-o como
um todo integrado ldquoA relaccedilatildeo eacute sempre um encontro de totalidaderdquo
Este encontro esta compreensatildeo no Coro Terapecircutico satildeo viabilizados principalmente
na ldquoescutardquo da musicoterapeutacondutora ao valorizar as diferentes formas de expressatildeo
(o cantar as mensagens os textos de autoria proacutepria fatos do cotidiano queixas piadas
memoacuterias e opiniotildees) trazidas pelos participantes do grupo Apresenta-se a seguir
recortes de entrevistas e depoimentos de idosos transcritos no decorrer de uma pesquisa
fenomenoloacutegica sobre o Coro Terapecircutico
- ldquoMinha voz parece que melhorou melhorou a minha mente tudo eu acho que melhorou
com a Oficina a memoacuteria a dicccedilatildeo melhorou muitordquo (A) ldquoSe natildeo tivesse que vir ficava
em casa quieta Assim vocecirc eacute obrigada a agir se aprontar tomar o carro e seguir natildeo eacuterdquo
(AV) ldquoem casa eu me reservo muito mas aqui me realizordquo ldquoEacute terapia porque aquele eacute
o momento esperado por mim aquele eacute o momento que eu me realizordquo (I) ldquoO coral eacute
uma coisa maravilhosa para a terceira idade pelo menos na minha concepccedilatildeordquo ldquoEacute
maravilhoso e belo cantar parece que nos transportamos para o infinitordquo (A) ldquoTodo o
sentimento que o ser humano carrega em si principalmente noacutes da 3ordf idade que jaacute
passamos por todos os sentimentos e agora descobrimos com a experiecircncia que o mais
valioso na vida eacute realmente o sentimentordquo [] ldquonos conduziu a momentos muito alegres
e por incriacutevel que pareccedila nos fez cantarE acreditamos na nossa possibilidade E
acreditamos em noacutes E transbordamos de alegria ao trazer do passado muacutesicas ateacute
esquecidas mas cheias de poesia e beleza E rejuvenescemosrdquo (H)
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Alguns elementos observados no decorrer do processo terapecircutico com o grupo (Coro
Terapecircutico) foram a socializaccedilatildeo a solidariedade entre os participantes a
respeitabilidade que fortaleceu a uniatildeo do grupo e a sensaccedilatildeo de auto-realizacatildeo
advinda da construccedilatildeo conjunta em torno de um ideal comum a todos que eacute a expressatildeo
atraveacutes do cantar
Acredita-se que as relaccedilotildees sociais que se estabeleceram no grupo satildeo aspectos
relevantes para a subjetividade do ser humano o mundo interno que possui e suas
expressotildees O homem eacute um ser social e como um ser de relaccedilotildees sociais estaacute em
permanente movimento
Segundo Bock Furtado e Teixeira (1999) a Psicologia Social como aacuterea de conhecimento
passa a estudar o psiquismo humano ldquobuscando compreender como se daacute a construccedilatildeo
desse mundo interno a partir das relaccedilotildees sociais vividas pelo homem O mundo objetivo
passa a ser visto natildeo como fator de influecircncia para o desenvolvimento da subjetividade
mas como fator constitutivordquo (p 141)
Este fator constitutivo estaacute relacionado ao ldquocantarrdquo como meio para a auto-expressatildeo e a
auto-realizaccedilatildeo - o que implica no ldquofazerrdquo na ldquoatividaderdquo e na realizaccedilatildeo do homem A
atividade humana eacute a base do conhecimento e do pensamento do homem que constroacutei o
seu mundo interno na medida em que atua e transforma o mundo externo
Outro ponto depreendido das falas dos participantes eacute que as canccedilotildees revelam a
ldquosubjetividadeexistencialidade interna do serrdquo Este se relaciona agrave consciecircncia ao pensar
humano A consciecircncia natildeo se limita ao saber loacutegico incluindo tambeacutem o saber das
emoccedilotildees e sentimentos do homem o saber dos desejos e o saber do inconsciente O
ldquopensarrdquo transpareceu nas canccedilotildees e nos conteuacutedos destas que trouxeram os
sentimentos a subjetividade e o universo afetivo dos participantes
Rodrigues (1999) acredita que eacute fundamental para o idoso utilizar suas memoacuterias suas
ricas lembranccedilas e aprendizados mas que eacute imprescindiacutevel que adicionem novos
conhecimentos que soacute eacute possiacutevel para quem se abre ao eterno aprender
Finalmente observou-se nos depoimentos e entrevistas que a auto-confianccedila do ldquoserrdquo
participante do Coro Terapecircutico faz com que ele tenha expectativas para o futuro
Ressalta-se assim a identidade Bock Furtado e Teixeira (1999) comentam que a
identidade eacute a siacutentese pessoal sobre si mesmo eacute a denominaccedilatildeo dada agraves representaccedilotildees
e sentimentos que o indiviacuteduo desenvolve a respeito de si proacuteprio a partir do conjunto de
suas vivecircncias
Objetivou-se com o Coro Terapecircutico para a Terceira Idade proporcionar aos participantes
do grupo a auto-realizaccedilatildeo a motivaccedilatildeo para o viver a satisfaccedilatildeoprazer a prevenccedilatildeo da
Sauacutede Mental a melhoria da qualidade de vida melhorar as relaccedilotildees intra e inter-pessoais
e a interaccedilatildeo social estimular o resgate de memoacuteria e valorizar a dignidade de toda e
qualquer lembranccedila a percepccedilatildeo do outro e do universo sonoro do outro e a
compreensatildeo da subjetividade da existencialidade interna de cada um
Cabe ressaltar que o novo conceito de Coro Terapecircutico consiste num grupo conduzido
por um musicoterapeuta com objetivos terapecircuticos em que a voz eacute utilizada como
recurso para a comunicaccedilatildeo expressatildeo satisfaccedilatildeo e interaccedilatildeo social Os participantes
atraveacutes do cantar veiculam sua subjetividade externando sua existencialidade interna
Acredita-se que eacute possiacutevel proporcionar ao idoso uma sensaccedilatildeo diferente daquela em que
eacute somente um sobrevivente para ser tambeacutem um agente capaz de inuacutemeras
accedilotildeesrelaccedilotildees sociais e emocionais A construccedilatildeo do ser eacute um processo contiacutenuo que se
daacute em todas as etapas da vida Estar consciente deste processo desta continuidade pode
ser um grande diferencial para a qualidade de vida de todo e qualquer indiviacuteduo
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Dumaraacute UnATI UERJ 1997 192 p
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julho 2000
___________________ Coro Terapecircutico ndash um olhar do musicoterapeuta para o idoso no
novo milecircnio Dissertaccedilatildeo apresentada ao Mestrado em Muacutesica Universidade Federal de
Goiaacutes Goiacircnia 2002 142p
- INTRODUCcedilAtildeO
-
Segundo Cerqueira (1996 4) ldquoo corpo e a voz satildeo instrumentos dos seres humanos e
assim como os instrumentos musicais eles precisam ser afinados para transmitir ao mundo
tudo o que tem a expressarrdquo A autora propotildee o termo ldquoafinaccedilatildeo global do serrdquo um trabalho
apoiado em teacutecnicas vocais e corporais como meio de quebrar resistecircncias orgacircnicas e
emocionais para facilitar a entrada e culminar no musicoterapecircutico indo ao encontro das
necessidades objetivas e subjetivas de crescimento do ser humano
Dinville (1993 4) acredita que a voz e a personalidade estatildeo estreitamente relacionadas e
satildeo inseparaacuteveis pois traduzem o ser humano na sua totalidade ldquoEntre o corpo e a voz
existe uma iacutentima relaccedilatildeo Eacute com eles que o cantor exterioriza sua afetividade e
desempenha o papel intermediaacuterio entre o puacuteblico e a obra musicalrdquo
A voz como importante elemento da comunicaccedilatildeo humana e reflexo do estado psiacutequico e
emocional tem sido utilizada no setting musicoteraacutepico em vaacuterias teacutecnicas desenvolvidas
por diversos musicoterapeutas no atendimento a aacutereas de atuaccedilatildeo profissional
diferenciadas Bruscia (2000 68) comentando as possibilidades de auto-expressatildeo no
processo musicoteraacutepico afirma que ao cantarmos ou tocarmos instrumentos ldquoliberamos
nossa energia interna para o mundo externo fazemos nosso corpo soar damos formas a
nossos impulsos vocalizamos o natildeo-diziacutevel ou as ideacuteias natildeo pronunciaacuteveis e destilamos
nossas emoccedilotildees em formas sonoras descritivasrdquo
Apoacutes evidenciarmos a importacircncia do cantar das canccedilotildees e da utilizaccedilatildeo da voz
consideramos ser oportuno discutir as relaccedilotildees entre este importante instrumento de
comunicaccedilatildeo e o papel do tempo ou seja as transformaccedilotildees decorrentes do passar dos
anos
Brack (2000 p 202) afirma que ldquoA voz tambeacutem envelhece poreacutem se a pessoa tratou-a
com atenccedilatildeo a qualidade vocal permaneceraacute por mais tempordquo Dinville (1993 p 121) faz
referecircncias ao aparelho respiratoacuterio e agraves mudanccedilas no aparelho fonador ldquo os esforccedilos
impostos aos oacutergatildeos da respiraccedilatildeo ou da fonaccedilatildeo podem com o passar do tempo ou
bruscamente ocasionar problemas orgacircnicosrdquo
Costa e Silva (1998 p 113) comentam que vaacuterios fatores influenciam no envelhecimento
da voz ldquoHaacute os psicoloacutegicos e neuroloacutegicos como queda de motivaccedilatildeo surgimento de
novos medos e dificuldade de controle neural e endocrinoloacutegicos associados agrave diminuiccedilatildeo
de produccedilatildeo de hormocircnios modificaccedilotildees na qualidade do epiteacutelio de revestimento da
laringe e queda da capacidade pulmonarrdquo Para Behlau e Pontes (1995) o iniacutecio e o grau
da deterioraccedilatildeo dependem particularmente de cada indiviacuteduo de sua histoacuteria de vida
aleacutem de fatores constitucionais raciais hereditaacuterios sociais e ambientais Quando a voz eacute
utilizada na relaccedilatildeo terapecircutica o contato com o paciente se intensifica por gerar maior
proximidade entre ambos
Cabe ressaltar que quando haacute a possibilidade de unir os trecircs tempos - passado presente
e futuro alcanccedila-se a integralizaccedilatildeo do ser Esta uniatildeo pode ser proporcionada propiciada
e facilitada pela muacutesica levando o musicoterapeuta a ver natildeo o ldquoserrdquo que eacute velho mas o
ldquoser que eacuterdquo a sua essecircncia Tem-se aleacutem disso a consciecircncia de que quanto mais uma
pessoa exercita sua mente maiores possibilidades teraacute de mantecirc-la aacutegil e receptiva
portanto ainda suscetiacutevel ao desenvolvimento o que pode ser objetivado pelo profissional
em questatildeo ao trabalhar com o idoso
Em se tratando do cantar em grupo observa-se que haacute um significado muito especial para
a maioria dos idosos pois a possibilidade de reconhecer suas potencialidades faz com que
este ldquocantordquo traga a auto-expressatildeo o auto-conhecimento e a auto-realizaccedilatildeo pontos que
passam a ser fortalecidos pelas relaccedilotildees inter-pessoais estabelecidas no Coro
Terapecircutico
Pode-se enumerar accedilotildees como exerciacutecios vocaacutelicos cantar muacutesicas escolhidas pelo
grupo exerciacutecios para relaxamento e de respiraccedilatildeo jogos de memoacuteria e outras que satildeo
desenvolvidas neste trabalho - Coro Terapecircutico objetivando os seguintes pontos
valorizaccedilatildeo da identidade valorizaccedilatildeo da auto-expressatildeo estiacutemulo ao conhecimento do
corpo (por meio dos exerciacutecios de relaxamento e de respiraccedilatildeo) relaccedilatildeo corpo - voz ndash
emoccedilatildeo melhora das relaccedilotildees intra e inter-pessoais amplificaccedilatildeo da voz revigorizaccedilatildeo
do aparelho fonador e prevenccedilatildeo de problemas de sauacutede mental demecircncias e perdas de
memoacuteria
Quanto agrave postura utilizada de terapeuta humanista observa-se o respeito que se deve ter
ao tempo de cada participante considerando as dimensotildees da idade cronoloacutegica da
bioloacutegica da existencial e as demais As experiecircncias vividas e o modo de ver o mundo
trazem subjetividade e complexidade ao ser humano O seu cantar eacute um reflexo deste todo
existencial Na conduccedilatildeo do grupo a musicoterapeuta propotildee ideacuteias (jogos atividades)
ouve opiniotildees (como se vestir para a apresentaccedilatildeo como subir ao palco o que acharam
do encontroaula do dia) acata ideacuteias (sugestatildeo de repertoacuterio muacutesicas a recordar) e daacute
opiniotildees (comenta por exemplo a importacircncia de cantar em grupo) Musicoterapeuta
(condutora da atividade) e grupo (participantes do Coro) traccedilam objetivos comuns e
planejam momentos futuros a partir da realidade presente Observa-se durante todo o
processo confianccedila e respeito pelo grupo com relaccedilatildeo agrave tomada de decisotildees sobre o
mesmo (por exemplo ao decidir aceitar ou natildeo um convite para apresentaccedilatildeo)
Para Ribeiro (1988 p 17) o ldquoencontro cliente-terapeutardquo seraacute sempre um encontro de
pessoas O terapeuta deve sentir afetiva e emocionalmente o cliente percebendo-o como
um todo integrado ldquoA relaccedilatildeo eacute sempre um encontro de totalidaderdquo
Este encontro esta compreensatildeo no Coro Terapecircutico satildeo viabilizados principalmente
na ldquoescutardquo da musicoterapeutacondutora ao valorizar as diferentes formas de expressatildeo
(o cantar as mensagens os textos de autoria proacutepria fatos do cotidiano queixas piadas
memoacuterias e opiniotildees) trazidas pelos participantes do grupo Apresenta-se a seguir
recortes de entrevistas e depoimentos de idosos transcritos no decorrer de uma pesquisa
fenomenoloacutegica sobre o Coro Terapecircutico
- ldquoMinha voz parece que melhorou melhorou a minha mente tudo eu acho que melhorou
com a Oficina a memoacuteria a dicccedilatildeo melhorou muitordquo (A) ldquoSe natildeo tivesse que vir ficava
em casa quieta Assim vocecirc eacute obrigada a agir se aprontar tomar o carro e seguir natildeo eacuterdquo
(AV) ldquoem casa eu me reservo muito mas aqui me realizordquo ldquoEacute terapia porque aquele eacute
o momento esperado por mim aquele eacute o momento que eu me realizordquo (I) ldquoO coral eacute
uma coisa maravilhosa para a terceira idade pelo menos na minha concepccedilatildeordquo ldquoEacute
maravilhoso e belo cantar parece que nos transportamos para o infinitordquo (A) ldquoTodo o
sentimento que o ser humano carrega em si principalmente noacutes da 3ordf idade que jaacute
passamos por todos os sentimentos e agora descobrimos com a experiecircncia que o mais
valioso na vida eacute realmente o sentimentordquo [] ldquonos conduziu a momentos muito alegres
e por incriacutevel que pareccedila nos fez cantarE acreditamos na nossa possibilidade E
acreditamos em noacutes E transbordamos de alegria ao trazer do passado muacutesicas ateacute
esquecidas mas cheias de poesia e beleza E rejuvenescemosrdquo (H)
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Alguns elementos observados no decorrer do processo terapecircutico com o grupo (Coro
Terapecircutico) foram a socializaccedilatildeo a solidariedade entre os participantes a
respeitabilidade que fortaleceu a uniatildeo do grupo e a sensaccedilatildeo de auto-realizacatildeo
advinda da construccedilatildeo conjunta em torno de um ideal comum a todos que eacute a expressatildeo
atraveacutes do cantar
Acredita-se que as relaccedilotildees sociais que se estabeleceram no grupo satildeo aspectos
relevantes para a subjetividade do ser humano o mundo interno que possui e suas
expressotildees O homem eacute um ser social e como um ser de relaccedilotildees sociais estaacute em
permanente movimento
Segundo Bock Furtado e Teixeira (1999) a Psicologia Social como aacuterea de conhecimento
passa a estudar o psiquismo humano ldquobuscando compreender como se daacute a construccedilatildeo
desse mundo interno a partir das relaccedilotildees sociais vividas pelo homem O mundo objetivo
passa a ser visto natildeo como fator de influecircncia para o desenvolvimento da subjetividade
mas como fator constitutivordquo (p 141)
Este fator constitutivo estaacute relacionado ao ldquocantarrdquo como meio para a auto-expressatildeo e a
auto-realizaccedilatildeo - o que implica no ldquofazerrdquo na ldquoatividaderdquo e na realizaccedilatildeo do homem A
atividade humana eacute a base do conhecimento e do pensamento do homem que constroacutei o
seu mundo interno na medida em que atua e transforma o mundo externo
Outro ponto depreendido das falas dos participantes eacute que as canccedilotildees revelam a
ldquosubjetividadeexistencialidade interna do serrdquo Este se relaciona agrave consciecircncia ao pensar
humano A consciecircncia natildeo se limita ao saber loacutegico incluindo tambeacutem o saber das
emoccedilotildees e sentimentos do homem o saber dos desejos e o saber do inconsciente O
ldquopensarrdquo transpareceu nas canccedilotildees e nos conteuacutedos destas que trouxeram os
sentimentos a subjetividade e o universo afetivo dos participantes
Rodrigues (1999) acredita que eacute fundamental para o idoso utilizar suas memoacuterias suas
ricas lembranccedilas e aprendizados mas que eacute imprescindiacutevel que adicionem novos
conhecimentos que soacute eacute possiacutevel para quem se abre ao eterno aprender
Finalmente observou-se nos depoimentos e entrevistas que a auto-confianccedila do ldquoserrdquo
participante do Coro Terapecircutico faz com que ele tenha expectativas para o futuro
Ressalta-se assim a identidade Bock Furtado e Teixeira (1999) comentam que a
identidade eacute a siacutentese pessoal sobre si mesmo eacute a denominaccedilatildeo dada agraves representaccedilotildees
e sentimentos que o indiviacuteduo desenvolve a respeito de si proacuteprio a partir do conjunto de
suas vivecircncias
Objetivou-se com o Coro Terapecircutico para a Terceira Idade proporcionar aos participantes
do grupo a auto-realizaccedilatildeo a motivaccedilatildeo para o viver a satisfaccedilatildeoprazer a prevenccedilatildeo da
Sauacutede Mental a melhoria da qualidade de vida melhorar as relaccedilotildees intra e inter-pessoais
e a interaccedilatildeo social estimular o resgate de memoacuteria e valorizar a dignidade de toda e
qualquer lembranccedila a percepccedilatildeo do outro e do universo sonoro do outro e a
compreensatildeo da subjetividade da existencialidade interna de cada um
Cabe ressaltar que o novo conceito de Coro Terapecircutico consiste num grupo conduzido
por um musicoterapeuta com objetivos terapecircuticos em que a voz eacute utilizada como
recurso para a comunicaccedilatildeo expressatildeo satisfaccedilatildeo e interaccedilatildeo social Os participantes
atraveacutes do cantar veiculam sua subjetividade externando sua existencialidade interna
Acredita-se que eacute possiacutevel proporcionar ao idoso uma sensaccedilatildeo diferente daquela em que
eacute somente um sobrevivente para ser tambeacutem um agente capaz de inuacutemeras
accedilotildeesrelaccedilotildees sociais e emocionais A construccedilatildeo do ser eacute um processo contiacutenuo que se
daacute em todas as etapas da vida Estar consciente deste processo desta continuidade pode
ser um grande diferencial para a qualidade de vida de todo e qualquer indiviacuteduo
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
AUGRAS M O ser da compreensatildeo - fenomenologia da situaccedilatildeo de psicodiagnoacutestico
4ed Rio de Janeiro Petroacutepolis1994
BEHLAU M PONTES P Avaliaccedilatildeo e tratamento das disfonias Satildeo Paulo Ed Lovise
1995 312 p
BOCK A B FURTADO O TEIXEIRA M T Psicologias - uma introduccedilatildeo ao estudo de
psicologia 13ed Satildeo Paulo Saraiva 1999 368 p
BRACK R M O cantor e sua preciosa voz In MARTINEZ E et al Regecircncia coral -
princiacutepios baacutesicos Curitiba Dom Bosco 2000 p197-206
BRUSCIA K E Definindo Musicoterapia Traduccedilatildeo por Mariza V F Conde 2edRio de
Janeiro Enelivros 2000
CERQUEIRA C M Afinaccedilatildeo global - corpo voz e emoccedilatildeo ndash uma proposta
musicoteraacutepica Monografia apresentada ao Curso de Especializaccedilatildeo em Musicoterapia
Conservatoacuterio Brasileiro de Musicoterapia Rio de Janeiro 1996 70 p
COELHO H de S NW Teacutecnica vocal para coros 4ed Satildeo Leopoldo RS Sinodal 1999
76 p
CORREcircA A C de O Envelhecimento depressatildeo e doenccedila de Alzheimer Belo Horizonte
Health 1996 227 p
COSTA H O SILVA M de A Voz cantada - evoluccedilatildeo avaliaccedilatildeo e terapia
fonoaudioloacutegica Satildeo Paulo Ed Lovise 1998 181 p
DINVILLE C A teacutecnica da voz cantada 2ed Traduccedilatildeo por Marjorie B C Hasson Rio de
Janeiro Enelivros 1993 160 p
FRAIMAN A P Coisas da idade Satildeo Paulo Gente 1995 143 p
MARTINS DE SAacute J L Gerontologia e interdisciplinaridade fundamentos epistemoloacutegicos
In NERI A L DEBERT G (orgs) Velhice e sociedade Campinas SP Papirus 1999 p
223-232
MILLECCO FILHO L A BRANDAtildeO Mordf R MILLECCO R P Eacute preciso cantar Rio de
Janeiro Enelivros 2001 136 p
NERI A(org) Psicologia do envelhecimento Campinas SP Papirus 1995 276p
RIBEIRO J P Teorias e teacutecnicas psicoteraacutepicas 2ed Petroacutepolis Vozes 1988
RODRIGUES A de M Construindo o envelhecimento 2ed Pelotas Educat 1999 127p
VERAS R (org) Terceira idade desafios para o terceiro milecircnio Rio de Janeiro Relume-
Dumaraacute UnATI UERJ 1997 192 p
ZANINI C R de O O cantar e a terceira idade Nova Geraccedilatildeo Goiacircnia Ano III n12 p3
julho 2000
___________________ Coro Terapecircutico ndash um olhar do musicoterapeuta para o idoso no
novo milecircnio Dissertaccedilatildeo apresentada ao Mestrado em Muacutesica Universidade Federal de
Goiaacutes Goiacircnia 2002 142p
- INTRODUCcedilAtildeO
-
aleacutem de fatores constitucionais raciais hereditaacuterios sociais e ambientais Quando a voz eacute
utilizada na relaccedilatildeo terapecircutica o contato com o paciente se intensifica por gerar maior
proximidade entre ambos
Cabe ressaltar que quando haacute a possibilidade de unir os trecircs tempos - passado presente
e futuro alcanccedila-se a integralizaccedilatildeo do ser Esta uniatildeo pode ser proporcionada propiciada
e facilitada pela muacutesica levando o musicoterapeuta a ver natildeo o ldquoserrdquo que eacute velho mas o
ldquoser que eacuterdquo a sua essecircncia Tem-se aleacutem disso a consciecircncia de que quanto mais uma
pessoa exercita sua mente maiores possibilidades teraacute de mantecirc-la aacutegil e receptiva
portanto ainda suscetiacutevel ao desenvolvimento o que pode ser objetivado pelo profissional
em questatildeo ao trabalhar com o idoso
Em se tratando do cantar em grupo observa-se que haacute um significado muito especial para
a maioria dos idosos pois a possibilidade de reconhecer suas potencialidades faz com que
este ldquocantordquo traga a auto-expressatildeo o auto-conhecimento e a auto-realizaccedilatildeo pontos que
passam a ser fortalecidos pelas relaccedilotildees inter-pessoais estabelecidas no Coro
Terapecircutico
Pode-se enumerar accedilotildees como exerciacutecios vocaacutelicos cantar muacutesicas escolhidas pelo
grupo exerciacutecios para relaxamento e de respiraccedilatildeo jogos de memoacuteria e outras que satildeo
desenvolvidas neste trabalho - Coro Terapecircutico objetivando os seguintes pontos
valorizaccedilatildeo da identidade valorizaccedilatildeo da auto-expressatildeo estiacutemulo ao conhecimento do
corpo (por meio dos exerciacutecios de relaxamento e de respiraccedilatildeo) relaccedilatildeo corpo - voz ndash
emoccedilatildeo melhora das relaccedilotildees intra e inter-pessoais amplificaccedilatildeo da voz revigorizaccedilatildeo
do aparelho fonador e prevenccedilatildeo de problemas de sauacutede mental demecircncias e perdas de
memoacuteria
Quanto agrave postura utilizada de terapeuta humanista observa-se o respeito que se deve ter
ao tempo de cada participante considerando as dimensotildees da idade cronoloacutegica da
bioloacutegica da existencial e as demais As experiecircncias vividas e o modo de ver o mundo
trazem subjetividade e complexidade ao ser humano O seu cantar eacute um reflexo deste todo
existencial Na conduccedilatildeo do grupo a musicoterapeuta propotildee ideacuteias (jogos atividades)
ouve opiniotildees (como se vestir para a apresentaccedilatildeo como subir ao palco o que acharam
do encontroaula do dia) acata ideacuteias (sugestatildeo de repertoacuterio muacutesicas a recordar) e daacute
opiniotildees (comenta por exemplo a importacircncia de cantar em grupo) Musicoterapeuta
(condutora da atividade) e grupo (participantes do Coro) traccedilam objetivos comuns e
planejam momentos futuros a partir da realidade presente Observa-se durante todo o
processo confianccedila e respeito pelo grupo com relaccedilatildeo agrave tomada de decisotildees sobre o
mesmo (por exemplo ao decidir aceitar ou natildeo um convite para apresentaccedilatildeo)
Para Ribeiro (1988 p 17) o ldquoencontro cliente-terapeutardquo seraacute sempre um encontro de
pessoas O terapeuta deve sentir afetiva e emocionalmente o cliente percebendo-o como
um todo integrado ldquoA relaccedilatildeo eacute sempre um encontro de totalidaderdquo
Este encontro esta compreensatildeo no Coro Terapecircutico satildeo viabilizados principalmente
na ldquoescutardquo da musicoterapeutacondutora ao valorizar as diferentes formas de expressatildeo
(o cantar as mensagens os textos de autoria proacutepria fatos do cotidiano queixas piadas
memoacuterias e opiniotildees) trazidas pelos participantes do grupo Apresenta-se a seguir
recortes de entrevistas e depoimentos de idosos transcritos no decorrer de uma pesquisa
fenomenoloacutegica sobre o Coro Terapecircutico
- ldquoMinha voz parece que melhorou melhorou a minha mente tudo eu acho que melhorou
com a Oficina a memoacuteria a dicccedilatildeo melhorou muitordquo (A) ldquoSe natildeo tivesse que vir ficava
em casa quieta Assim vocecirc eacute obrigada a agir se aprontar tomar o carro e seguir natildeo eacuterdquo
(AV) ldquoem casa eu me reservo muito mas aqui me realizordquo ldquoEacute terapia porque aquele eacute
o momento esperado por mim aquele eacute o momento que eu me realizordquo (I) ldquoO coral eacute
uma coisa maravilhosa para a terceira idade pelo menos na minha concepccedilatildeordquo ldquoEacute
maravilhoso e belo cantar parece que nos transportamos para o infinitordquo (A) ldquoTodo o
sentimento que o ser humano carrega em si principalmente noacutes da 3ordf idade que jaacute
passamos por todos os sentimentos e agora descobrimos com a experiecircncia que o mais
valioso na vida eacute realmente o sentimentordquo [] ldquonos conduziu a momentos muito alegres
e por incriacutevel que pareccedila nos fez cantarE acreditamos na nossa possibilidade E
acreditamos em noacutes E transbordamos de alegria ao trazer do passado muacutesicas ateacute
esquecidas mas cheias de poesia e beleza E rejuvenescemosrdquo (H)
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Alguns elementos observados no decorrer do processo terapecircutico com o grupo (Coro
Terapecircutico) foram a socializaccedilatildeo a solidariedade entre os participantes a
respeitabilidade que fortaleceu a uniatildeo do grupo e a sensaccedilatildeo de auto-realizacatildeo
advinda da construccedilatildeo conjunta em torno de um ideal comum a todos que eacute a expressatildeo
atraveacutes do cantar
Acredita-se que as relaccedilotildees sociais que se estabeleceram no grupo satildeo aspectos
relevantes para a subjetividade do ser humano o mundo interno que possui e suas
expressotildees O homem eacute um ser social e como um ser de relaccedilotildees sociais estaacute em
permanente movimento
Segundo Bock Furtado e Teixeira (1999) a Psicologia Social como aacuterea de conhecimento
passa a estudar o psiquismo humano ldquobuscando compreender como se daacute a construccedilatildeo
desse mundo interno a partir das relaccedilotildees sociais vividas pelo homem O mundo objetivo
passa a ser visto natildeo como fator de influecircncia para o desenvolvimento da subjetividade
mas como fator constitutivordquo (p 141)
Este fator constitutivo estaacute relacionado ao ldquocantarrdquo como meio para a auto-expressatildeo e a
auto-realizaccedilatildeo - o que implica no ldquofazerrdquo na ldquoatividaderdquo e na realizaccedilatildeo do homem A
atividade humana eacute a base do conhecimento e do pensamento do homem que constroacutei o
seu mundo interno na medida em que atua e transforma o mundo externo
Outro ponto depreendido das falas dos participantes eacute que as canccedilotildees revelam a
ldquosubjetividadeexistencialidade interna do serrdquo Este se relaciona agrave consciecircncia ao pensar
humano A consciecircncia natildeo se limita ao saber loacutegico incluindo tambeacutem o saber das
emoccedilotildees e sentimentos do homem o saber dos desejos e o saber do inconsciente O
ldquopensarrdquo transpareceu nas canccedilotildees e nos conteuacutedos destas que trouxeram os
sentimentos a subjetividade e o universo afetivo dos participantes
Rodrigues (1999) acredita que eacute fundamental para o idoso utilizar suas memoacuterias suas
ricas lembranccedilas e aprendizados mas que eacute imprescindiacutevel que adicionem novos
conhecimentos que soacute eacute possiacutevel para quem se abre ao eterno aprender
Finalmente observou-se nos depoimentos e entrevistas que a auto-confianccedila do ldquoserrdquo
participante do Coro Terapecircutico faz com que ele tenha expectativas para o futuro
Ressalta-se assim a identidade Bock Furtado e Teixeira (1999) comentam que a
identidade eacute a siacutentese pessoal sobre si mesmo eacute a denominaccedilatildeo dada agraves representaccedilotildees
e sentimentos que o indiviacuteduo desenvolve a respeito de si proacuteprio a partir do conjunto de
suas vivecircncias
Objetivou-se com o Coro Terapecircutico para a Terceira Idade proporcionar aos participantes
do grupo a auto-realizaccedilatildeo a motivaccedilatildeo para o viver a satisfaccedilatildeoprazer a prevenccedilatildeo da
Sauacutede Mental a melhoria da qualidade de vida melhorar as relaccedilotildees intra e inter-pessoais
e a interaccedilatildeo social estimular o resgate de memoacuteria e valorizar a dignidade de toda e
qualquer lembranccedila a percepccedilatildeo do outro e do universo sonoro do outro e a
compreensatildeo da subjetividade da existencialidade interna de cada um
Cabe ressaltar que o novo conceito de Coro Terapecircutico consiste num grupo conduzido
por um musicoterapeuta com objetivos terapecircuticos em que a voz eacute utilizada como
recurso para a comunicaccedilatildeo expressatildeo satisfaccedilatildeo e interaccedilatildeo social Os participantes
atraveacutes do cantar veiculam sua subjetividade externando sua existencialidade interna
Acredita-se que eacute possiacutevel proporcionar ao idoso uma sensaccedilatildeo diferente daquela em que
eacute somente um sobrevivente para ser tambeacutem um agente capaz de inuacutemeras
accedilotildeesrelaccedilotildees sociais e emocionais A construccedilatildeo do ser eacute um processo contiacutenuo que se
daacute em todas as etapas da vida Estar consciente deste processo desta continuidade pode
ser um grande diferencial para a qualidade de vida de todo e qualquer indiviacuteduo
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
AUGRAS M O ser da compreensatildeo - fenomenologia da situaccedilatildeo de psicodiagnoacutestico
4ed Rio de Janeiro Petroacutepolis1994
BEHLAU M PONTES P Avaliaccedilatildeo e tratamento das disfonias Satildeo Paulo Ed Lovise
1995 312 p
BOCK A B FURTADO O TEIXEIRA M T Psicologias - uma introduccedilatildeo ao estudo de
psicologia 13ed Satildeo Paulo Saraiva 1999 368 p
BRACK R M O cantor e sua preciosa voz In MARTINEZ E et al Regecircncia coral -
princiacutepios baacutesicos Curitiba Dom Bosco 2000 p197-206
BRUSCIA K E Definindo Musicoterapia Traduccedilatildeo por Mariza V F Conde 2edRio de
Janeiro Enelivros 2000
CERQUEIRA C M Afinaccedilatildeo global - corpo voz e emoccedilatildeo ndash uma proposta
musicoteraacutepica Monografia apresentada ao Curso de Especializaccedilatildeo em Musicoterapia
Conservatoacuterio Brasileiro de Musicoterapia Rio de Janeiro 1996 70 p
COELHO H de S NW Teacutecnica vocal para coros 4ed Satildeo Leopoldo RS Sinodal 1999
76 p
CORREcircA A C de O Envelhecimento depressatildeo e doenccedila de Alzheimer Belo Horizonte
Health 1996 227 p
COSTA H O SILVA M de A Voz cantada - evoluccedilatildeo avaliaccedilatildeo e terapia
fonoaudioloacutegica Satildeo Paulo Ed Lovise 1998 181 p
DINVILLE C A teacutecnica da voz cantada 2ed Traduccedilatildeo por Marjorie B C Hasson Rio de
Janeiro Enelivros 1993 160 p
FRAIMAN A P Coisas da idade Satildeo Paulo Gente 1995 143 p
MARTINS DE SAacute J L Gerontologia e interdisciplinaridade fundamentos epistemoloacutegicos
In NERI A L DEBERT G (orgs) Velhice e sociedade Campinas SP Papirus 1999 p
223-232
MILLECCO FILHO L A BRANDAtildeO Mordf R MILLECCO R P Eacute preciso cantar Rio de
Janeiro Enelivros 2001 136 p
NERI A(org) Psicologia do envelhecimento Campinas SP Papirus 1995 276p
RIBEIRO J P Teorias e teacutecnicas psicoteraacutepicas 2ed Petroacutepolis Vozes 1988
RODRIGUES A de M Construindo o envelhecimento 2ed Pelotas Educat 1999 127p
VERAS R (org) Terceira idade desafios para o terceiro milecircnio Rio de Janeiro Relume-
Dumaraacute UnATI UERJ 1997 192 p
ZANINI C R de O O cantar e a terceira idade Nova Geraccedilatildeo Goiacircnia Ano III n12 p3
julho 2000
___________________ Coro Terapecircutico ndash um olhar do musicoterapeuta para o idoso no
novo milecircnio Dissertaccedilatildeo apresentada ao Mestrado em Muacutesica Universidade Federal de
Goiaacutes Goiacircnia 2002 142p
- INTRODUCcedilAtildeO
-
processo confianccedila e respeito pelo grupo com relaccedilatildeo agrave tomada de decisotildees sobre o
mesmo (por exemplo ao decidir aceitar ou natildeo um convite para apresentaccedilatildeo)
Para Ribeiro (1988 p 17) o ldquoencontro cliente-terapeutardquo seraacute sempre um encontro de
pessoas O terapeuta deve sentir afetiva e emocionalmente o cliente percebendo-o como
um todo integrado ldquoA relaccedilatildeo eacute sempre um encontro de totalidaderdquo
Este encontro esta compreensatildeo no Coro Terapecircutico satildeo viabilizados principalmente
na ldquoescutardquo da musicoterapeutacondutora ao valorizar as diferentes formas de expressatildeo
(o cantar as mensagens os textos de autoria proacutepria fatos do cotidiano queixas piadas
memoacuterias e opiniotildees) trazidas pelos participantes do grupo Apresenta-se a seguir
recortes de entrevistas e depoimentos de idosos transcritos no decorrer de uma pesquisa
fenomenoloacutegica sobre o Coro Terapecircutico
- ldquoMinha voz parece que melhorou melhorou a minha mente tudo eu acho que melhorou
com a Oficina a memoacuteria a dicccedilatildeo melhorou muitordquo (A) ldquoSe natildeo tivesse que vir ficava
em casa quieta Assim vocecirc eacute obrigada a agir se aprontar tomar o carro e seguir natildeo eacuterdquo
(AV) ldquoem casa eu me reservo muito mas aqui me realizordquo ldquoEacute terapia porque aquele eacute
o momento esperado por mim aquele eacute o momento que eu me realizordquo (I) ldquoO coral eacute
uma coisa maravilhosa para a terceira idade pelo menos na minha concepccedilatildeordquo ldquoEacute
maravilhoso e belo cantar parece que nos transportamos para o infinitordquo (A) ldquoTodo o
sentimento que o ser humano carrega em si principalmente noacutes da 3ordf idade que jaacute
passamos por todos os sentimentos e agora descobrimos com a experiecircncia que o mais
valioso na vida eacute realmente o sentimentordquo [] ldquonos conduziu a momentos muito alegres
e por incriacutevel que pareccedila nos fez cantarE acreditamos na nossa possibilidade E
acreditamos em noacutes E transbordamos de alegria ao trazer do passado muacutesicas ateacute
esquecidas mas cheias de poesia e beleza E rejuvenescemosrdquo (H)
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Alguns elementos observados no decorrer do processo terapecircutico com o grupo (Coro
Terapecircutico) foram a socializaccedilatildeo a solidariedade entre os participantes a
respeitabilidade que fortaleceu a uniatildeo do grupo e a sensaccedilatildeo de auto-realizacatildeo
advinda da construccedilatildeo conjunta em torno de um ideal comum a todos que eacute a expressatildeo
atraveacutes do cantar
Acredita-se que as relaccedilotildees sociais que se estabeleceram no grupo satildeo aspectos
relevantes para a subjetividade do ser humano o mundo interno que possui e suas
expressotildees O homem eacute um ser social e como um ser de relaccedilotildees sociais estaacute em
permanente movimento
Segundo Bock Furtado e Teixeira (1999) a Psicologia Social como aacuterea de conhecimento
passa a estudar o psiquismo humano ldquobuscando compreender como se daacute a construccedilatildeo
desse mundo interno a partir das relaccedilotildees sociais vividas pelo homem O mundo objetivo
passa a ser visto natildeo como fator de influecircncia para o desenvolvimento da subjetividade
mas como fator constitutivordquo (p 141)
Este fator constitutivo estaacute relacionado ao ldquocantarrdquo como meio para a auto-expressatildeo e a
auto-realizaccedilatildeo - o que implica no ldquofazerrdquo na ldquoatividaderdquo e na realizaccedilatildeo do homem A
atividade humana eacute a base do conhecimento e do pensamento do homem que constroacutei o
seu mundo interno na medida em que atua e transforma o mundo externo
Outro ponto depreendido das falas dos participantes eacute que as canccedilotildees revelam a
ldquosubjetividadeexistencialidade interna do serrdquo Este se relaciona agrave consciecircncia ao pensar
humano A consciecircncia natildeo se limita ao saber loacutegico incluindo tambeacutem o saber das
emoccedilotildees e sentimentos do homem o saber dos desejos e o saber do inconsciente O
ldquopensarrdquo transpareceu nas canccedilotildees e nos conteuacutedos destas que trouxeram os
sentimentos a subjetividade e o universo afetivo dos participantes
Rodrigues (1999) acredita que eacute fundamental para o idoso utilizar suas memoacuterias suas
ricas lembranccedilas e aprendizados mas que eacute imprescindiacutevel que adicionem novos
conhecimentos que soacute eacute possiacutevel para quem se abre ao eterno aprender
Finalmente observou-se nos depoimentos e entrevistas que a auto-confianccedila do ldquoserrdquo
participante do Coro Terapecircutico faz com que ele tenha expectativas para o futuro
Ressalta-se assim a identidade Bock Furtado e Teixeira (1999) comentam que a
identidade eacute a siacutentese pessoal sobre si mesmo eacute a denominaccedilatildeo dada agraves representaccedilotildees
e sentimentos que o indiviacuteduo desenvolve a respeito de si proacuteprio a partir do conjunto de
suas vivecircncias
Objetivou-se com o Coro Terapecircutico para a Terceira Idade proporcionar aos participantes
do grupo a auto-realizaccedilatildeo a motivaccedilatildeo para o viver a satisfaccedilatildeoprazer a prevenccedilatildeo da
Sauacutede Mental a melhoria da qualidade de vida melhorar as relaccedilotildees intra e inter-pessoais
e a interaccedilatildeo social estimular o resgate de memoacuteria e valorizar a dignidade de toda e
qualquer lembranccedila a percepccedilatildeo do outro e do universo sonoro do outro e a
compreensatildeo da subjetividade da existencialidade interna de cada um
Cabe ressaltar que o novo conceito de Coro Terapecircutico consiste num grupo conduzido
por um musicoterapeuta com objetivos terapecircuticos em que a voz eacute utilizada como
recurso para a comunicaccedilatildeo expressatildeo satisfaccedilatildeo e interaccedilatildeo social Os participantes
atraveacutes do cantar veiculam sua subjetividade externando sua existencialidade interna
Acredita-se que eacute possiacutevel proporcionar ao idoso uma sensaccedilatildeo diferente daquela em que
eacute somente um sobrevivente para ser tambeacutem um agente capaz de inuacutemeras
accedilotildeesrelaccedilotildees sociais e emocionais A construccedilatildeo do ser eacute um processo contiacutenuo que se
daacute em todas as etapas da vida Estar consciente deste processo desta continuidade pode
ser um grande diferencial para a qualidade de vida de todo e qualquer indiviacuteduo
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
AUGRAS M O ser da compreensatildeo - fenomenologia da situaccedilatildeo de psicodiagnoacutestico
4ed Rio de Janeiro Petroacutepolis1994
BEHLAU M PONTES P Avaliaccedilatildeo e tratamento das disfonias Satildeo Paulo Ed Lovise
1995 312 p
BOCK A B FURTADO O TEIXEIRA M T Psicologias - uma introduccedilatildeo ao estudo de
psicologia 13ed Satildeo Paulo Saraiva 1999 368 p
BRACK R M O cantor e sua preciosa voz In MARTINEZ E et al Regecircncia coral -
princiacutepios baacutesicos Curitiba Dom Bosco 2000 p197-206
BRUSCIA K E Definindo Musicoterapia Traduccedilatildeo por Mariza V F Conde 2edRio de
Janeiro Enelivros 2000
CERQUEIRA C M Afinaccedilatildeo global - corpo voz e emoccedilatildeo ndash uma proposta
musicoteraacutepica Monografia apresentada ao Curso de Especializaccedilatildeo em Musicoterapia
Conservatoacuterio Brasileiro de Musicoterapia Rio de Janeiro 1996 70 p
COELHO H de S NW Teacutecnica vocal para coros 4ed Satildeo Leopoldo RS Sinodal 1999
76 p
CORREcircA A C de O Envelhecimento depressatildeo e doenccedila de Alzheimer Belo Horizonte
Health 1996 227 p
COSTA H O SILVA M de A Voz cantada - evoluccedilatildeo avaliaccedilatildeo e terapia
fonoaudioloacutegica Satildeo Paulo Ed Lovise 1998 181 p
DINVILLE C A teacutecnica da voz cantada 2ed Traduccedilatildeo por Marjorie B C Hasson Rio de
Janeiro Enelivros 1993 160 p
FRAIMAN A P Coisas da idade Satildeo Paulo Gente 1995 143 p
MARTINS DE SAacute J L Gerontologia e interdisciplinaridade fundamentos epistemoloacutegicos
In NERI A L DEBERT G (orgs) Velhice e sociedade Campinas SP Papirus 1999 p
223-232
MILLECCO FILHO L A BRANDAtildeO Mordf R MILLECCO R P Eacute preciso cantar Rio de
Janeiro Enelivros 2001 136 p
NERI A(org) Psicologia do envelhecimento Campinas SP Papirus 1995 276p
RIBEIRO J P Teorias e teacutecnicas psicoteraacutepicas 2ed Petroacutepolis Vozes 1988
RODRIGUES A de M Construindo o envelhecimento 2ed Pelotas Educat 1999 127p
VERAS R (org) Terceira idade desafios para o terceiro milecircnio Rio de Janeiro Relume-
Dumaraacute UnATI UERJ 1997 192 p
ZANINI C R de O O cantar e a terceira idade Nova Geraccedilatildeo Goiacircnia Ano III n12 p3
julho 2000
___________________ Coro Terapecircutico ndash um olhar do musicoterapeuta para o idoso no
novo milecircnio Dissertaccedilatildeo apresentada ao Mestrado em Muacutesica Universidade Federal de
Goiaacutes Goiacircnia 2002 142p
- INTRODUCcedilAtildeO
-
expressotildees O homem eacute um ser social e como um ser de relaccedilotildees sociais estaacute em
permanente movimento
Segundo Bock Furtado e Teixeira (1999) a Psicologia Social como aacuterea de conhecimento
passa a estudar o psiquismo humano ldquobuscando compreender como se daacute a construccedilatildeo
desse mundo interno a partir das relaccedilotildees sociais vividas pelo homem O mundo objetivo
passa a ser visto natildeo como fator de influecircncia para o desenvolvimento da subjetividade
mas como fator constitutivordquo (p 141)
Este fator constitutivo estaacute relacionado ao ldquocantarrdquo como meio para a auto-expressatildeo e a
auto-realizaccedilatildeo - o que implica no ldquofazerrdquo na ldquoatividaderdquo e na realizaccedilatildeo do homem A
atividade humana eacute a base do conhecimento e do pensamento do homem que constroacutei o
seu mundo interno na medida em que atua e transforma o mundo externo
Outro ponto depreendido das falas dos participantes eacute que as canccedilotildees revelam a
ldquosubjetividadeexistencialidade interna do serrdquo Este se relaciona agrave consciecircncia ao pensar
humano A consciecircncia natildeo se limita ao saber loacutegico incluindo tambeacutem o saber das
emoccedilotildees e sentimentos do homem o saber dos desejos e o saber do inconsciente O
ldquopensarrdquo transpareceu nas canccedilotildees e nos conteuacutedos destas que trouxeram os
sentimentos a subjetividade e o universo afetivo dos participantes
Rodrigues (1999) acredita que eacute fundamental para o idoso utilizar suas memoacuterias suas
ricas lembranccedilas e aprendizados mas que eacute imprescindiacutevel que adicionem novos
conhecimentos que soacute eacute possiacutevel para quem se abre ao eterno aprender
Finalmente observou-se nos depoimentos e entrevistas que a auto-confianccedila do ldquoserrdquo
participante do Coro Terapecircutico faz com que ele tenha expectativas para o futuro
Ressalta-se assim a identidade Bock Furtado e Teixeira (1999) comentam que a
identidade eacute a siacutentese pessoal sobre si mesmo eacute a denominaccedilatildeo dada agraves representaccedilotildees
e sentimentos que o indiviacuteduo desenvolve a respeito de si proacuteprio a partir do conjunto de
suas vivecircncias
Objetivou-se com o Coro Terapecircutico para a Terceira Idade proporcionar aos participantes
do grupo a auto-realizaccedilatildeo a motivaccedilatildeo para o viver a satisfaccedilatildeoprazer a prevenccedilatildeo da
Sauacutede Mental a melhoria da qualidade de vida melhorar as relaccedilotildees intra e inter-pessoais
e a interaccedilatildeo social estimular o resgate de memoacuteria e valorizar a dignidade de toda e
qualquer lembranccedila a percepccedilatildeo do outro e do universo sonoro do outro e a
compreensatildeo da subjetividade da existencialidade interna de cada um
Cabe ressaltar que o novo conceito de Coro Terapecircutico consiste num grupo conduzido
por um musicoterapeuta com objetivos terapecircuticos em que a voz eacute utilizada como
recurso para a comunicaccedilatildeo expressatildeo satisfaccedilatildeo e interaccedilatildeo social Os participantes
atraveacutes do cantar veiculam sua subjetividade externando sua existencialidade interna
Acredita-se que eacute possiacutevel proporcionar ao idoso uma sensaccedilatildeo diferente daquela em que
eacute somente um sobrevivente para ser tambeacutem um agente capaz de inuacutemeras
accedilotildeesrelaccedilotildees sociais e emocionais A construccedilatildeo do ser eacute um processo contiacutenuo que se
daacute em todas as etapas da vida Estar consciente deste processo desta continuidade pode
ser um grande diferencial para a qualidade de vida de todo e qualquer indiviacuteduo
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
AUGRAS M O ser da compreensatildeo - fenomenologia da situaccedilatildeo de psicodiagnoacutestico
4ed Rio de Janeiro Petroacutepolis1994
BEHLAU M PONTES P Avaliaccedilatildeo e tratamento das disfonias Satildeo Paulo Ed Lovise
1995 312 p
BOCK A B FURTADO O TEIXEIRA M T Psicologias - uma introduccedilatildeo ao estudo de
psicologia 13ed Satildeo Paulo Saraiva 1999 368 p
BRACK R M O cantor e sua preciosa voz In MARTINEZ E et al Regecircncia coral -
princiacutepios baacutesicos Curitiba Dom Bosco 2000 p197-206
BRUSCIA K E Definindo Musicoterapia Traduccedilatildeo por Mariza V F Conde 2edRio de
Janeiro Enelivros 2000
CERQUEIRA C M Afinaccedilatildeo global - corpo voz e emoccedilatildeo ndash uma proposta
musicoteraacutepica Monografia apresentada ao Curso de Especializaccedilatildeo em Musicoterapia
Conservatoacuterio Brasileiro de Musicoterapia Rio de Janeiro 1996 70 p
COELHO H de S NW Teacutecnica vocal para coros 4ed Satildeo Leopoldo RS Sinodal 1999
76 p
CORREcircA A C de O Envelhecimento depressatildeo e doenccedila de Alzheimer Belo Horizonte
Health 1996 227 p
COSTA H O SILVA M de A Voz cantada - evoluccedilatildeo avaliaccedilatildeo e terapia
fonoaudioloacutegica Satildeo Paulo Ed Lovise 1998 181 p
DINVILLE C A teacutecnica da voz cantada 2ed Traduccedilatildeo por Marjorie B C Hasson Rio de
Janeiro Enelivros 1993 160 p
FRAIMAN A P Coisas da idade Satildeo Paulo Gente 1995 143 p
MARTINS DE SAacute J L Gerontologia e interdisciplinaridade fundamentos epistemoloacutegicos
In NERI A L DEBERT G (orgs) Velhice e sociedade Campinas SP Papirus 1999 p
223-232
MILLECCO FILHO L A BRANDAtildeO Mordf R MILLECCO R P Eacute preciso cantar Rio de
Janeiro Enelivros 2001 136 p
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-
Cabe ressaltar que o novo conceito de Coro Terapecircutico consiste num grupo conduzido
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recurso para a comunicaccedilatildeo expressatildeo satisfaccedilatildeo e interaccedilatildeo social Os participantes
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Acredita-se que eacute possiacutevel proporcionar ao idoso uma sensaccedilatildeo diferente daquela em que
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RIBEIRO J P Teorias e teacutecnicas psicoteraacutepicas 2ed Petroacutepolis Vozes 1988
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___________________ Coro Terapecircutico ndash um olhar do musicoterapeuta para o idoso no
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Goiaacutes Goiacircnia 2002 142p
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